Reintrodução como Ferramenta para Conservação Emiliano Monteiro Carneiro José Manoel Pires Iglesias Pedro Ribeiro Piffer Vanessa Romero Definição de termos (IUCN) Reintrodução – tentativa de restabelecer uma espécie numa área na qual ela já foi comum, mas encontra-se extinta atualmente Restabelecimento – quando há sucesso na reintrodução Translocação – mudança de animais de um determinado local da sua área de ocorrência para outro local dessa área Revigoramento (Suplementação/Reforço) – adição de animais de uma determinada espécie a uma população já existente dessa mesma espécie Introdução de Conservação ou Introdução Benigna – tentativa de manter uma espécie fora de seu habitat natural para sua conservação, mas numa área parecida com a da área natural de ocorrência dessa espécie Propósito: Estabelecer uma população selvagem de uma determinada espécie, subespécie ou raça que tenha se tornado extinta local ou globalmente A reintrodução deve ser feita numa área que faz parte da sua área natural de ocorrência e requer um mínimo manejamento de longo prazo Objetivos: Aumentar o tempo de sobrevivência das espécies Restabelecer espécies-chaves no ecossistema Manter e/ou restaurar a biodiversidade Prover benefícios de longo prazo para as economias locais e nacionais Promover a consciência da importância da conservação Espécies “Bandeira” e “Guarda-Chuva” Espécie Bandeira: espécie carismática que serve como símbolo para estimular a conservação de uma área. Ex: panda gigante, tartarugas marinhas, mico leão dourado. Espécie “Guarda-Chuva”: espécie que requer uma grande área protegida para sua sobrevivência e que ao serem protegidas, consequentemente, outras espécies também são. Panorama Internacional de Programas de Reintrodução Porcentagem de espécies conhecidas Porcentagem de projetos de reintrodução 9% 19% 30% 4% 77% Plantas Vertebrados Fonte: Seddon et al. 61% Invertebrados Plantas Vertebrados Invertebrados Panorama Internacional de Programas de Reintrodução Plantas: 19% das espécies; 30% dos projetos Invertebrados: 77% das espécies; 9% dos projetos Vertebrados: 4% das espécies; 61% dos projetos - mamíferos: 8% das espécies; 41% dos projetos - aves: 18% das espécies; 33% dos projetos - répteis: 14% das espécies; 17% dos projetos - anfíbios: 10% das espécies; 5% dos projetos - peixes: 50% das espécies; 4% dos projetos Panorama Mundial de Projetos de Reintrodução de Aves Número de espécies descritas % de espécies descritas Número de projetos de reintrodução Anseriformes 167 1,7 14 Apodiformes 433 4,4 0 4 0,04 4 1,2 0 6 0,06 0 Charadriiformes 342 3,5 4 Ciconiiformes 130 1,3 8 6 0,06 0 Columbiformes 335 3,4 5 Coraciiformes 221 2,2 0 Cuculiformes 164 1,7 0 Falconiformes 304 3,1 22 Galiiformes 285 2,9 15 Gaviiformes 5 0,05 0 Apterygiformes Caprimugiformes Casuariformes Coliiformes 121 Gruiformes 223 2,3 14 5813 58,96 30 64 0,6 1 406 4,1 1 Podicipediformes 22 0,2 0 Procellariformes 133 1,3 4 Psittaciformes 372 3,8 10 2 0,02 0 17 0,2 0 195 2 5 1 0,01 1 Tinamiformes 49 0,5 0 Trogoniformes 39 0,4 0 9859 100 138 Passeriformes Pelecaniformes Piciformes Rheiformes Sphenisciformes Strigiformes Struthioniformes Total Fonte: Seddon et al. Ordens com um maior número de projetos de Reintrodução Anseriformes: 14 projetos – 167 espécies Falconiformes: 22 projetos – 304 espécies Galliformes: 15 projetos – 285 espécies Gruiformes: 14 projetos – 223 espécies Passeriformes: 30 projetos – 5813 espécies Psittaciformes: 10 projetos – 372 espécies Diretrizes para Reintrodução de Animais da IUCN/SSC Diretrizes feitas devido ao crescimento da prática de reintrodução de animais Necessidade para garantir o sucesso da prática Não representa um código obrigatório de ação Muitas das ações de reintrodução de espécies de animais e plantas falham, poucas dão resultado positivo Atividades Pré-Projeto - Biológicas Estudo da possibilidade de reintrodução de espécies numa determinada área e do histórico dessa área Reintrodução Prévia Escolha do ponto e tipo de Soltura Avaliação da área de reintrodução Viabilidade para soltura do estoque (indivíduos) apropriado Soltura de indivíduos de cativeiro Atividades Pré-Projeto – Requerimentos legais e sócio-econômicos Requer financiamentos e suporte políticos de longo prazo Estudo do impacto para a população humana local Conscientização da população humana local para a importância da preservação Analisar impactos das atividades humanas locais para a espécie a ser reintroduzida Seguir as leis dos países/estados/municípios onde a reintrodução ocorrerá Buscar assistência e permissão para o governo local Atenção especial para espécies “perigosas” e migratórias Planejamento, Preparação e Soltura Autorização do governo local e dos proprietários da terra onde será feito o projeto Coordenação com organizações conservacionistas nacionais e internacionais Formação de uma equipe multidisciplinar para por em prática o projeto nas suas diferentes fases Assegurar fundo adequado para todas a fases do projeto Desenvolver projetos de monitoramento pré e pós-soltura Analisar saúde dos indivíduos a serem soltos e de animais de espécies próximas presentes no local Planejamento do transporte necessário dos indivíduos para o país e local onde se dará o projeto Determinação da estratégia de soltura Estabelecimento de normas ou intervenções Desenvolvimento de projetos de educação ambiental, treinamento profissional e envolvimento da população local no programa Manter o bem-estar dos animais a serem soltos com tratamento e cuidados necessários Atividades Pós-Soltura Monitoramento de todos os indivíduos (ou uma amostra deles) após a soltura Promover estudos demográficos, ecológicos e comportamentais da espécie reintroduzida Investigação das mortalidades e coleta dos indivíduos mortos para estudo Intervenções, se necessárias Decisões para revisão, reprogramação ou descontinuação do projeto, se necessárias Proteção do habitat ou recuperação de áreas, se necessárias Manutenção de projetos de educação ambiental ligados a população local e a mídia Avaliação do sucesso do projeto e da técnica utilizada Publicar artigos em revistas científicas ou populares com os resultados Situação das Aves no Brasil Brasil – uma das maiores riquezas de avifauna do mundo Importância em relação a investimentos para conservação Pressão do tráfico de animais silvestres Diretrizes da Sociedade Brasileira de Ornitologia Passo 1 Flagrante – animais soltos onde é feita a apreensão Em outros casos de apreensão – animais encaminhados ao CETAS (Centro de Triagem de Animais Silvestres) ou outros órgãos receptores, como zoológicos Divisão dos animais em: Animais com problemas de conservação (ameaçados) Outros: Excedentes Animais menos comuns de interesse para cativeiro Animais acidentados/debilitados Passo 2 Lei n° 5197/67: “animais de quaisquer espécies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais são propriedades do Estado” Portaria n° 230/02: determina que o IBAMA é o órgão responsável pela destinação da fauna apreendida no Brasil Aves encaminhadas ao CETAS mais próximo Realização de procedimentos básicos Destinação da ave o mais rápido possível No CETAS o animal deve receber uma marcação individualizada e ser cadastrado (formando um banco de dados do IBAMA) Importância de guias de identificação com base na plumagem da ave Atenção especial a animais da fauna incluídas em lista de espécies ameaçadas nacionais ou regionais Passo 3 e 4 Passo 3 – espécie que se encontra em alguma lista de espécies em extinção seguem o passo 4 Passo 4: CERAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) – reabilitação das aves com intuito de retorná-las à natureza; encaminhamento para programas de conservação específicos ou criadores científicos e/ou conservacionistas Passos 5 e 6 Passo 5: Programa de conservação da espécie: Recomposição do status populacional da espécie Servir como matriz Encaminhamento para soltura Tem que ter um quadro técnico de ornitólogos Passo 6: Quando não há nenhum programa de conservação os animais são enviados a criadores científicos e/ou conservacionistas Animais ficam a espera de futuros programas de conservação para sua espécie Passo 7 Soltura de aves sadias seguindo as previsões do programa de conservação Indivíduo será monitorado junto com a população na qual foi inserido Algumas ações que podem estimular a implantação de programas de conservação: Estimular criadores a participarem de programas de conservação Solicitar aos órgãos de fomento da pesquisa que sejam abertos editais para financiar a implantação e o funcionamento destes programas Realizar conversão de multas ambientais para financiar os programas Usando marionetes na criação de corvos para reintrodução Introdução Uso de marionetes parecidas com os adultos da espécie para criar os filhotes No experimento foram usados corvos (Corvus corax) Objetivo de reduzir o imprinting filial e sexual com tratadores humanos – o boneco “cria” o filhote, sem haver contato com os humanos O imprinting sexual pode se dar no nascimento em algumas espécies Imprinting sexual correto é importantíssimo para o sucesso de programas de reintrodução Uso de Corvus corax experimentalmente para seguir com esse método, se fosse bem sucedido com duas espécies criticalmente ameaçadas de corvo: C. hawaiiensis e C. kubaryi Métodos Ovos coletados da natureza Criados todos com humanos até abrirem os olhos Quando abriram os olhos – divididos em 2 grupos: Criado com marionete (modelado com base no adulto), sem nenhum contato direto com humanos Criado com humanos Tratadores usaram a marionete imitando o comportamento dos pais na alimentação dos filhotes, inclusive com a vocalização de corvos selvagens específica na criação do filhote O grupo com marionetes só via os humanos na limpeza dos recintos, enquanto que o outro grupo via os humanos também na alimentação Após o período de criação todos os corvos foram removidos para uma grande área para voar Contato com humanos uma vez por dia para receber comida e água e uma vez por mês para cuidados médicos Antes de serem soltos foram aclimatados a área de soltura por 3 semanas Medidas usadas para quantificar o sucesso da soltura: Medo dos tratadores antes da soltura Tempo gasto com determinado comportamento durante o período de aclimatação na área de soltura (comportamento social e comportamento vigilante) Tempo para dispersar da área de soltura Taxa de sobrevivência após um ano da soltura Duas idades de soltura: Idade de formação de primárias Pós-idade de formação de primárias Comparações entre os resultados levaram em conta a idade, a criação do corvo e as medidas para quantificar o sucesso da soltura Resultados & Discussão Determinar o efeito da criação diferenciada das aves no sucesso na reintrodução Não houve diferenças com relação ao tempo de dispersar da área de soltura, nem do tempo gasto com comportamentos diferentes, nem para se integrar com indivíduos selvagens e dispersar-se para longas distâncias Porém houve diferença com relação ao medo apresentado aos tratadores humanos Corvos criados sem a marionete tendem a se dispersaram menos Criar o corvo com a marionete tende a aumentar a sobrevivência pós-dispersão Aparentemente o imprinting filial pode ser modificado nos corvos criados sem a marionete, porém isso não significa falha na reintrodução Não há interferência problemática no imprinting sexual de acordo com outros trabalhos (Hess, 1973; Cade & Fife, 1977; Powell, 1972) Conclusões O método de escolha pra criar os filhotes depende da espécie Aves precoces que dependem dos pais por um curto período podem necessitar de marionetes para evitar o imprinting errado Aves altriciais podem não requisitar um isolamento excessivo de humanos, pois demoram mais para terem seu imprinting social/sexual O interesse de manter as aves mais próximas da área de soltura pode levar a preferência por criar sem a marionete e vice-versa Sucesso na reintrodução, em ilhas, de Robins e Saddlebacks Neozelandeses Robin Saddleback Introdução Comparação entre reintroduções de mamíferos e aves mostram que, a probabilidade de sucesso está correlacionada com o número de animais soltos. Populações estabelecidas, com um pequeno número de animais encontrados, apresenta um grande risco de extinção. Fatores que podem levar a extinção: 1) Estocasticidade demográfica (se ocorre uma grande mortalidade pós soltura e se a taxa de crescimento da população é baixa) 2) “Inbreeding” (cruzamento entre parentes) que reduz a variabilidade genética 3) Efeitos aleatórios como: dispersão afetar o posterior encontro de parceiros sexuais e aumento da suscetividade a predação devido a baixas densidades. Estudos prévios mostraram que a reintrodução de aves na Nova Zelândia tem uma grande taxa de sucesso comparando com reintroduções feitas em outros lugares do mundo. Motivos de sucesso: Ilhas isoladas onde foram realizadas reflorestamento e erradicação de mamíferos predadores introduzidos. Taxas de crescimento das populações de aves reintroduzidos é grande. Devidos a esses motivos, o número de animais necessários para a reintrodução é menor. Objetivos 1) Determinar se um pequeno número de pássaros conseguem estabelecer uma população na Nova Zelândia. 2) Determinar o impacto do cruzamento entre parentes na taxa de crescimento da população. Materiais e Métodos Animais usados: Robin (Petroica australis) e Saddleback (Philesturnus carunculatus) Vantagem do uso dessas duas espécies de pássaros: -Pássaros florestais de pequeno porte (30g Robin e 80 g Saddleback). -Territorialistas. -Sedentários. -Formam pares monogâmicos e atigem maturidade sexual com um ano de vida. -Não voam por grandes distâncias, não realizando migrações para outras ilhas. -Relativamente fáceis de se observar, cantam muito, respondem prontamente ao playback e são atraídos por humanos observadores. Robin da Nova Zelândia (Petroica australis) Saddleback da Nova Zelândia (Philesturnus carunculatus) Após soltura nenhuma das espécies tiveram cuidados dos pesquisadores. Os autores consideraram uma população quase extinta, aquela onde o número de indivíduos decaiu mais de 50% 3 anos após a soltura. Em alguns casos a mesma espécie foi translocada para uma mesma ilha mais de uma vez. Efeito do número de indivíduos soltos com a probabilidade de extinção foi testado usando regressão logística. Uso de modelos de matrizes estocásticas para testar a probabilidade de extinção. Resultados Somente 5 das 24 populações de Saddlebacks introduzidas nas ilhas foram extintas ou quase extintas. Nenhuma das 6 populações de Robins introduzidas nas ilhas foi extinta, todas tiveram sucesso. 4 das 5 populações de Saddlebacks que falharam foram reintroduzidas em ilhas com grande risco de predação. Duas solturas de Robins envolveram apenas 5 animais cada, mas conseguiram se reproduzir com sucesso, conseguindo produzir 60 pássaros em uma população e 400 na outra. Discussão -Quase metade das populações persistiram por mais de 20 anos, envolvendo 6-7 gerações, o que seria tempo o suficiente para detectar declínios no tamanho da população. - Foram poucas as populações que falharam e não conseguiram crescer. - Predadores introduzidos podem causar extinção dessas duas espécies pois são endêmicas da Nova Zelândia. - Se os predadores são removidos, as populações conseguem se recuperar. - Um número relativamente pequeno de animais soltos não impede o crescimento populacional. -Apesar das populações introduzidas nas ilhas persistirem o “inbreeding” afeta essas populações. - O maior efeito do “inbreeding” é as elevadas taxas de “egg failure” ou “egg fertility and hatchability”, ou seja, alta taxa inviabilidade e fertilidade dos ovos. - Esses efeitos negativos não causam decréscimo da população que possui uma taxa de crescimento alta e rápida. - Redução da variabilidade genética pode ter efeitos negativos como deixar os indivíduos mais suscetíveis a certas doenças, ocorrem a perda de adaptabilidade. Conclusões Um pequeno número de recapturas ou reencontros é necessário para assegurar que a reintrodução tenha tido sucesso. A translocação desses pássaros nativos para ilhas com ausência de predadores obtem sucesso com frequencia, mesmo quando o número de indivíduos reintroduzidos é pequeno. As populações conseguem crescer, independentemente dos efeitos do “inbreeding”. A perda da variabilidade genética coloca essas populações em risco perante a patógenos e perturbações ambientais ao longo do tempo. Repatriação, revigoramento e monitoramento de aves silvestres em área de soltura – Tremendal BA Metodologia A) Pré-soltura Seleção de espécies – ocorrência, condições dos animais Contatos e parcerias – instituição receptora, empresa transportadora, colaboradores para materiais Logística e materiais – equipamentos, caixas, alimentação Cuidados técnicos-operacionais – época do ano adequada – primavera-verão – época de frutificação, tempo de viagem, acondicionamento, oferta de água e alimento Animais quarentenados, exames e atestado sanitário + GTA. Após transporte, foram quarnetenados mais 60 dias em Vitória da Conquista Escolha de propriedade adequada – ocorrência de espécies, proteção, envolvimento do proprietário Envolvimento da comunidade – palestra, visita às fazendas Marcação com anilha Todos os animais foram pesados, realizou-se coleta de sangue Ambientação de 7 dias em viveiros suspensosna área de soltura Observação dos animais nos viveiros Inserção de itens alimentares da localidade Troca diária de água Suplementação – instalação de comedouros e caixas-ninho nos arredores Avaliação da população local: espécies presentes, interação, ninhos Captura de indivíduos da população local – avaliação biométrica e sanitária Palestra na Associação de Produtores Rurais da região B) Soltura Soltura branda soft release na manhã do dia 12/12/2005 Abertura das portas e manutenção da oferta de alimento e água C) Pós-soltura Manutenção da alimentação e água nos viveiros e comedouros externos Monitoramento ativo ao longo de no mínimo 1 ano, intensivo de 6 dias seguidos à soltura, e 30, 90, 180, 270 e 360 dias após, e monitoramento passivo constante pelo retorno das informações pelo proprietário e pela comunidade local Divisão das equipes para mapeamento estratégico Contagem nos viveiros e comedouros e em círculos de raios de distância dos mesmos Visitas a fazendas vizinhas Utilização de registro visual por binóculos, fotográfico, redes e ficha de monitoramento Recaptura – pesagem e avaliação Resultados e Discussão Levantamento de aves total = 125 espécies, sendo algumas endêmicas da região nordeste (ex. Picumnus pygmaeus, Sericossypha loricata, Nothura boraquira, Furnarius figulus, Penelope jacucaca) e algumas da lista nacional de espéciesameaçadas (Crypturellus noctivagus e Penelope jacucaca). Diagnóstico por PCR para parasitas e micróbios Peso cerca de 12% a 13% maior que os animais da natureza – facilidade de alimento, sementes oleaginosas, menor atividade Caixas-ninho não foram reconhecidas como abrigo Monitoramento: Detecção nas proximidades – 30% próximos a comedouros e viveiros nos primeiros dias. O longo dos dias a taxa foi diminuindo A dispersão imediata pode ser menor se o tempo de ambientação for maior Vários animais voltavam para os viveiros durante o dia para descansar ou se alimentar Convivência junto a grupos Necessário treinamento prévio de identificação de predadores Caça e captura de animais na região praticamente acabou Conclusão ferramentas importantes: viveiros de ambientação, suplementação, marcação externa, e monitoramento póssoltura fixação de alguns individuos, e dispersão gradativa, mas efetiva estabelecimento de grupos repatriação, soltura e monitoramento – instrumentos possíveis Área de Soltura e monitoramento de animais silvestres como parte do “Plano de Manejo do Papagaio-de-peito-roxo – Amazona vinacea” – Jacupiranga – SP Local de desenvolvimento do projeto: Parque estadual de Jacupiranga – Vale do Ribeira, São Paulo Introdução Objetivo: Conservação da espécie, com a implementação do seu Plano de Manejo proposto População atual no parque: 200 indivíduos Restrita ao bioma Mata Atlântica Metodologia Identificação de áreas de uso Realização de censo populacional Identificação e manejo de ninhos Manejo e monitoramento Centro de apoio e recepção Manejo da Espécie na Natureza Número de ninhos: 43 Número de indivíduos: 200 Número de animais recebidos: 6 O caso Amazona barbadensis Introdução Amazona barbadensis: risco de extinção 5000 indivíduos distribuídos na costa norte da Venezuela e Ilhas adjacentes 1989: programa para recuperação da população da ilha Margarita Filhotes confiscados: ninhos adotivos quando viável Reintrodução em casos particulares Explorar viabilidade técnica e economica de reintrodução de A.barbadensis alem de dar informações sobre reintrodução de espécies Área de estudo Peninsula Macanao Clima tropical seco com vegetação composta por muitos cactos e legumes. Também existem florestas permanentes decíduas (importante local de nidificação) Florestas desaparecendo rapidamente Filhotes provenientes de diversas fontes com idade entre 20 e 50 dias (olhos abertos e cobertos com penas) 3 primeiras semanas: filhotes alimentados a mão com uma seringa 55 dias (período de vôo) alimentados com pedaços de frutas naturais e transferidos para pequenas gaiolas 1X1X1m 3 semanas depois, animais transferidos para aviários 5X5X5m. Pássaros alimentados com frutas sem manipulação 3 semanas antes da soltura: animais inspecionados por veterinários 4 animais foram equipados com transmissores de rádio Animais soltos foram localizados por rádio e monitorados atentamente Foram medidos: Tamanho do território, variações no território e tempo de integração e formação de pares permanentes Resultados Sucesso: sobrevivência de mais de um ano após soltura, alimentação e uso do ambiente semelhante ao de papagaios selvagens, integração social Aviarios ao ar livre: ensinaram como evitar predadores pelo menos 10 entre 12 sobreviveram Tentativas previas de reintroduzir papagaios tiveram sucesso reduzido: Alta taxa de predação, pouca habilidade de processamento de alimentos, comportamento aberrante Reintrodução possível em areas com populaçoes selvagens residentes Viabilidade e Valor da Conservação Reintrodução: usualmente mencionado como parte integral de programa de conservação ex-situ. No entanto há pouca implementação e não discute-se fatores sociais, econômicos ou políticos Custo sub-estimado Sucesso: 5 anos de trabalho prévio, educação ambiental. A. barbarensis foi declarado pássaro símbolo do estado US$ 2827,00 por pássaro Cada caso é um caso: Trabalho voluntário, recusa a pagar por consultores terceirizados e baixo custo da gasolina (Venezuela) Nem todos os animais confiscados puderam ser libertados (critérios utilizados são conservacionistas) evitar dano maior Resultados podem ser utilizados com diversas populações de papagaios ameaçadas Re-introdução aumenta o pool de genes da espécie Re-introdução: Parte de uma pesquisa ecologica e de educação ambiental Deve-se saber de onde procedem os animais (evita hibridização) Animais originários de comercio ilegal internacional devem ser considerados com cuidado (doenças exóticas). Realizado em áreas com algum grau de proteção (analise das causas do declínio populacional) Contribui com educação ambiental Esse trabalho abre um precedente no sucesso em re introdução de papagaios. 20% das 330 sp. de psitacídeos do mundo estão em risco Problemas críticos: predação, existência de uma população selvagem e doenças exóticas Reintrodução de Otis tarda na Grã Bretanha Introdução A abetarda (Otis tarda) é uma ave estepária da ordem gruiformes. Decréscimo acelerado da sua população. (previsão de mais de 30% nos proximos 10 anos) Na Europa a sua presença encontra-se limitada à Rússia e à Península Ibérica, em habitats relacionados com a prática de agricultura cerealífera extensiva. Declínio: perda de habitat, destruição de ninhos, uso de pesticidas, caça e colisão com linhas elétricas única especie que se reproduzia regularmente na Gra-bretanha nos ultimos 200 anos e não o faz mais História e motivos da extinção espécie nativa (ossos de 12.300 anos atras) Evidencia do inicio do declínio 1700. último ano de procriação: 1832 Não há evidencia de: doenças, poluição, competição ou predação Causas possíveis: mecanização da agricultura, caçadores e mudança de clima Agricultura mecanizada: ninhos eram expostos e destruidos clima mais frio entre 1550-1700 Fatores não operam mais hoje Hoje animais com populações pequenas e poucas visitas a Ingleterra Habitat estepes e pseudo-estepes. Regiões com habitat propicio ainda existem Expansão demorada da população Salisbury Plain:Área protegida para utilização militar Areas com vegetação rasteira comparadas com o habitat do animal em Portugal e Rússia Areas adjacentes: plantações de cevada pobres em insetos invertebrados: essenciais para filhotes Areas próximas não cultivadas ricas em artrópodes = solução 1)Terra arável sem manejamento especifico 2)Areas sem agrotoxicos 3)Locais especificos para abetarda Salisburry Plains: nunca foi a melhor área para procriação. Devem ser consideradas outras areas População Doadora Pop. Bretã: parte da população do leste europeu 11 haplotipos diferentes. E a população da Espanha não compartilhava nenhum com o resto da Europa 2 clusters geográficos de populações Só Rússia tem grande numero de aves. Grande numero de ninhos destruídos: praticas de agricultura ovos recuperados podem ser utilizados para reintrodução Dano 0 a pop. doadora Conclusões Re-introdução da abetarda e possível sem detrimento a população doadora ou ao ecossistema Ave também e uma espécie bandeira Experimento importante em termos de estudos de conservação Referências Bibliográficas SANZ, V. & GRAJAL, A. 1998. Successful reintroduction of captive raised Yellow-Shouldered Amazon Parrots on Margarita Island, Venezuela. Conservation Biology, 12(2). 430-441 OSBORNE, P. E. 2005. Key issues in assessing the feasibility of reintroduction on the great bustard Otis tarda to Britain. Oryx, 39(1). 22-29. VALUTIS, L. L. & MARZLUFF, J. M. 1999. The appropriateness of puppet-rearing birds for reintroduction. Conservation Biology, 13(3). 584-591. EFE, M. A., MARTINS-FERREIRA, C., OLMOS, F., MOHR, L. V. & SILVEIRA, L. F. 2006. 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