Uma grande área, com terras de propriedade do sertanista Brás Cubas, deu origem a um dos mais antigos e tradicionais bairros de São Paulo: o Brás. O nome do bairro é uma homenagem ao antigo proprietário. Suas terras se estendiam desde o Convento do Carmo até a Freguesia de Nossa Senhora da Penha, atravessando os locais onde se encontram os bairros do Pari, Brás, Belém, Belenzinho e parte do Tatuapé. As avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia constituem o antigo caminho que levava até a Penha. A imigração européia do século XIX, predominantemente de italianos, consolidou a formação do bairro. O Brás se firmava como um bairro de indústrias e lojas. Criou-se uma tradição estrangeira no bairro, que ficou conhecido como o "bairro dos italianos". Após a Segunda Guerra Mundial, migrantes nordestinos também escolheram o Brás como local preferido de moradia, em razão da proximidade do centro da cidade. No bairro, entretanto, continuou predominando a força da tradição italiana. O evento da expansão da rede ferroviária, principal meio de transporte de passageiros e mercadorias até o meio do século XX, teve grande importância para o desenvolvimento histórico do bairro e a valorização das propriedades lá existentes. E foi no bairro do Brás que se fixaram as instalações da São Paulo Railway, o que gerou muitos empregos. A estação do Norte, atual Estação Roosevelt, gerou um expressivo crescimento para o comércio regional, por receber um grande fluxo de pessoas de vários pontos do estado e do país. O Largo da Concórdia é o grande centro do comércio que se expande até as ruas Oriente, Maria Marcolina e Silva Teles, onde se encontram lojas atacadistas de tecidos. Já a rua do Gasômetro transformou-se, ao longo do tempo, em centro de empresas madeireiras e fabricantes de portas e esquadrias. Uma das características que entravou por muito tempo o crescimento do bairro foi a existência de porteiras, localizadas nos cruzamentos em nível das ruas com a linha férrea. Grandes congestionamentos aconteciam enquanto se aguardava a passagem dos comboios. Somente na década de 60, construíram-se viadutos e passagens de nível para atender a demanda do tráfego rodoviário. Outra área de comércio que se destaca na história do bairro é a das cantinas italianas. Ainda hoje se encontram bons e tradicionais restaurantes com farta comida italiana, para a alegria dos gastrônomos. Valdir Antonelli