Trabalho de Psicologia da Educação III Pedagogia – 2º ano, Diurno Alunas: Carina Teles de Souza, Glaucia Marina Brumati, Liege Borges da Silva e Mayara Dias dos Santos Fernandes. Relatório sobre o tema: O desenvolvimento do desenho infantil – Jean Piaget Consideramos o entendimento do contexto desse tema importante para a melhor compreensão do mesmo. Partindo desse conceito estabelecido levantamos questões sobre como o desenho poderia ajudar a criança, e qual o olhar sobre esse processo atualmente, além de analisar também outras situações de desenvolvimento criativo da criança. Fizemos algumas questões a pais, professores e gestores sobre o uso de desenhos estereotipados com as crianças, se concordavam ou não com esse uso. De modo geral, foram 19 entrevistados, contando com participação de 12 pais ou responsáveis, 4 professores e 3 gestores educacionais. As questões eram dissertativas, mas para a melhor compreensão e elaboração dos gráficos classificamos e simplificamos as respostas para constituição das legendas. Os resultados sobre a questão de o desenho xerocado ser um bom instrumento ou não foram assim classificados: 26% ficaram com outros tipos de opiniões (nem sim e nem não) 16% acham que o desenho xerocado é bom e faz com que a criança aprenda mais, 26% acham que limitam o desenvolvimento das crianças e 32% acham que depende do contexto usado em sala de aula. Em relação a postura dos entrevistados em disponibilizar o desenho xerocado ou a livre expressão, 53% consideram melhor o desenho xerocado, 5% deixam as crianças desenharem por conta própria, 42% acredita que depende do contexto. Em relação as datas comemorativas, 21% acreditam que com o desenho xerocado a criança possa aprender mais sobre as datas, 16% fazendo com a que a criança aprenda com facilidade sobre a data a comemorar, 21% acreditam que com passeios, conversas em rodas as crianças possam aprender rapidamente, pois os passeios e as conversas são de fáceis entendimento à elas e 16% tem outras opiniões, como cartazes e teatros ajudam mais no desempenho com as crianças. Para Piaget, a imagem não vem da percepção porque a criança desenha o que sabe. Em suas palavras: a criança desenha mais o que sabe do que realmente consegue ver. Ao desenhar ela elabora conceitualmente objetos e eventos. Daí a importância de se estudar o processo de construção do desenho junto ao enunciado verbal que nos é dado pelo indivíduo. (Piaget, acesso em 2015). Perguntamos também sobre o que mais poderia contribuir para o desenvolvimento da criatividade nas crianças. As respostas podem ser vistas no gráfico a seguir: A livre expressão pode ser proporcionada e estimulada através de quais atividades? Como a maior parte com 32%, partindo de pinturas, desenhos livres direcionados e desenhos livres, trabalhos com massa de modelar, a montagem de artefatos, dobraduras e com material reciclável. Logo após com 31%, a contação de histórias entrou a partir de uma análise da criança, leituras exploradas e em livros. Além disso, o uso de filmes, da dança e de brincadeiras e jogos. Obtendo até uma sugestão de incluir brincadeiras como parte das próprias atividades da escola. 16% das respostas utilizam como recursos para o trabalho da livre expressão o contato com o meio ambiente, com passeios ao ar livre e com o trabalho da coordenação motora, da inteligência, da força e da habilidade tendo em mente que cada criança terá um potencial específico em cada uma delas. Apenas 5% dos entrevistados utilizam como recurso passeios culturais, porém bem desenvolvidos, com discussão a partir das perguntas das crianças. 16% ainda utilizam de outras opiniões, como recorte, trabalhos em grupos por proporcionar melhor a expressão de cada criança, rodas de conversa, diálogos tudo envolvendo perguntas, dúvidas e a expressão dos alunos em temas diversos, atividades desenvolvidas a partir do interesse de cada integrante da sala e o uso de teatro também foi citado. Sendo assim, é possível notar que muitos professores, pais e gestores tentam trabalhar a livre expressão da criança da melhor forma possível. E utilizam recursos como rodas de conversa através de perguntas e dúvidas dos próprios alunos, como um momento no qual eles próprios podem chegar a conclusões de determinado assunto, isso também é notado quando citado passeios culturais com discussão das perguntas dos alunos do local visitado. A utilização de histórias a partir da visão das crianças, desenhos livres direcionados sem que seja somente um desenho aleatório nem um desenho imposto, mas algo que tenha um propósito para o desenvolvimento da criança. O trabalho em grupo que possibilita a maior interação das crianças permite a ajuda mútua. O uso das sete artes tradicionais também é observado, como o teatro, a escultura através da modelagem e dobraduras, a pintura, o uso de filmes, dança e literatura. A única delas não citada foi à música, mesmo esta estando inclusa na dança, ela não foi citada como trabalhada individualmente para a livre expressão. Levando em consideração as respostas dadas nos questionários, é possível a compreensão maior sobre como esse tema se desenvolve no pensamento social moderno, podendo ainda observar como a criatividade é tratada atualmente. A criatividade envolvendo diferentes aspectos aborda manifestações diferenciadas, e para Piaget “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. O professor conhecendo e querendo atender as necessidades de seu aluno para que o mesmo se desenvolva conforme o esperado deve abusar de sua criatividade buscando objetos adequados para estimular o aluno respeitando sua faixa etária e seu desenvolvimento. Para Piaget (1973), os jogos e as atividades lúdicas tornara-se significativas à medida que a criança se desenvolve, com a livre manipulação de materiais variados, ela passa a reconstituir, reinventar as coisas, o que já exige uma adaptação mais completa. Essa adaptação só é possível, a partir do momento em que em que ela própria evolui internamente, transformando essas atividades lúdicas, que é o concreto da vida dela, em linguagem escrita que é o abstrato.( PIAGET ,1998). Quando a criança se diverte em fazer perguntas pelo prazer de perguntar ou em inventar uma narrativa que ela sabe ser falsa pelo prazer de contar, a pergunta ou a imaginação constituem os conteúdos do jogo e o exercício a sua forma; pode-se dizer então que a interrogação ou a imaginação são exercidas pelo jogo. Quando, pelo contrário, a criança metamorfoseia um objeto num outro ou atribui a sua boneca ações análogas às suas" - exemplo da menina com uma irmã recém nascida que brinca com duas bonecas e diz que uma deve viajar para bem longe - "a imaginação simbólica constitui o instrumento ou a forma do jogo e não mais o seu conteúdo; este é, então, o conjunto dos seres ou eventos representados pelo símbolo; por outras palavras, é o objeto das próprias atividades da criança e, em particular, da sua vida afetiva, as quais são evocadas e pensadas graças ao símbolo. (PIAGET,1978.) Desse modo, a brincadeira não deve funcionar apenas como uma forma de ocupar o sujeito, mas sim como uma forma de ensinar, ou seja, ela deve ter um objetivo. Assim como o desenho, os materiais lúdicos servem como uma das formas para desenvolver a criatividade e a imaginação das crianças. Levando em consideração as ideias de Piaget, a imaginação surge como base da atividade criadora, essa que é uma característica presente em todos, no entanto com manifestações diferenciadas. Esse fato ocorre por consequência das nossas experiências, como também dos estímulos e contatos com o meio externo, já que o nosso comportamento é resultado das nossas vivências e valores, assim como o desenho. O oferecimento de ambientes diversificados, que possibilitando a exploração e a construção da fantasia infantil garante a estimulação à imaginação e a fuga da rotina padronizada que impede o crescimento efetivo da criança. A disponibilidade de atividades artísticas também reproduz o ideal de estímulo à capacidade criadora, sendo um dos meios mais visíveis de análise do desenvolvimento humano. Considerando esse aspecto coletamos desenhos de crianças de diferentes idades em diferentes estágios do desenho infantil. Lembrando que a capacidade imaginativa e criadora é algo complexo e dependem de fatores diversos, entre as experiências dos sujeitos e seus interesses, assim como a variedade de estímulos oferecidos, resultando em uma diferenciação de estágios e não de idades específicas, uma vez que o desenvolvimento criativo não acompanha o sistema cronológico. Sendo assim, temos a diferenciação das fases do desenvolvimento do desenho: Realismo Fortuito (2 a 3 anos e meio): nesta fase a criança só desenha rabiscos. Mas já reconhece formas no que rabiscou, porém ainda sem uma intenção antes de ter iniciado o desenho. Mas a partir do momento em que o desenho está concluído ela diz representar algo, mas não é um objeto único, pois ao perguntar momentos depois a criança pode até vir a dizer que é outra coisa totalmente oposta. Realismo Gorado (3 anos e meio a 4 anos e meio): neste momento a criança já se apresenta intencionada a desenhar algo antes de iniciar seu desenho, porém ela ainda não têm coordenação para isso. As cores e formas já estão visíveis, mas sem uma forma concreta. Realismo Intelectual (4 anos e meio a 8 anos): a partir daqui os desenhos já terão uma forma, porém sem perspectivas visuais, geométricas e dimensões. Seus desenhos serão totalmente desproporcionais, sem se preocupar com o objeto em questão, por exemplo, uma flor maior que uma casa. Também terão transparência dentro de seus desenhos desenhando a raiz da árvore mesmo não dando para vê-las estará desenhado, por exemplo. Realismo Visual (8 a 9 anos): esta sendo a etapa final do desenvolvimento, a criança já desenha com perspectivas visuais, sabendo diferenciar o que dá pra ver e o que não dá representando através do desenho. Já têm a noção de realidade, de profundidade e geométrica. A partir do estudo dessas fases, analisamos desenhos diferenciados, compreendendo não apenas os desenhos em si, mas o contexto em que o sujeito que o desenhou se encontra. Assim como o conteúdo manifesto de um sonho torna-se significativo, quando relacionado com as associações pessoais de quem sonha, assim também os símbolos, consciente ou inconscientemente desenhados, encontram significado apenas quando vistos no contexto da história pessoal do desenhista.” (DI, Leo, 1991, p.18) Seguem abaixo as principais considerações: Figura 1. A criança apenas realiza rabiscos, não há intenção no desenho. Esse por exemplo, foram rabiscos feitos por um menino de 1 ano e 9 meses, ele ainda não compreende os seus traços como fonte de expressão. Figura 2. Ao entrar no Realismo Fortuito a criança compreende um significado para aquilo que desenha. Por exemplo, esses foram desenhos feitos por duas crianças de 3 anos de idade. O desenho da direita o garoto diz que o traço inferior vermelho seria uma ponte e em cima uma moto. No entanto não há uma intenção inicial, e sim um reconhecimento de formas posteriores. Figura 3. A partir do Realismo Gorado a criança começa a desenhar com uma intenção inicial, porém não há perspectiva visual nesse estágio. Nesse caso a criança possui 4 anos e desenhou uma boneca. Figura 4. Os Realismos compreendem uma idade aproximada em cada estágio, no entanto é importante lembrar que essas idades nem sempre correspondem ao desenvolvimento da criança. Por exemplo, o desenho ao lado foi feito por uma menina de 6 anos, hipoteticamente ela estaria no Realismo Intelectual característico por desenhos sem preocupações visuais. Mas o seu desenvolvimento compreende o Realismo Visual onde as percepções estéticas são importantes, como também as dimensões e espaços. Ao desenhar a família, no lado esquerdo, a menina ainda mistura a fantasia com a realidade, uma vez que desenhou inicialmente apenas os pais, ela mesma e a irmã, sendo somente depois que desenhou o irmão mais novo, notando assim que ela desenhou primeiramente o que ela desejava. Podemos ainda observar que ela já possui a percepção de tamanhos, diferenciando os componentes da família de acordo com suas alturas específicas, além de saber diferenciar o tamanho das flores para a altura dos pais, por exemplo. Ela desenhou também o chão criando uma estrutura para o desenho. O desenho da direita demonstra mais uma vez a relação da fantasia com a realidade, uma vez que os objetos desenhados estão flutuando, mas ela se preocupa com os detalhes desenhados, diferenciando-os por cores e tamanhos. Figura 5. No Realismo Visual a criança compreende as dimensões, como por exemplo, o desenho de uma criança de 9 anos na parte inferior esquerda representando duas meninas deitadas na grama (em um olhar de cima), sendo o céu desenhado como visto de frente. A preocupação com o aspecto estético se torna visível nessa fase, como a utilização de formas geométricas. Podemos ainda observar a influência da Indústria Cultural no cotidiano das crianças, com o desenho da marca Apple. Figura 6. Com mais objetividade, realismo, noção de profundidade e espaço, a criança se desenvolve progressivamente. Os desenhos ao lado são de crianças de 11 e 12 anos, porém podemos notar novamente que nem sempre a idade condiz com o desenvolvimento do desenho. Figura 7. Os desenhos ao lado foram feitos por uma menina de 13 anos, podendo notar que o desenho é uma forma de constituir algo que gostaríamos de ter, e que muitas vezes não temos, já que ela desenha o pai e a mãe juntos constituindo sua família, os considerando importantes mesmo que esses não estejam presentes em sua rotina, podemos ainda notar que ela os eleva afetivamente, pois não desenha a si própria ao desenhar a família. O coração desenhado em ambos os desenhos também representa um amor que provavelmente ela não tem, mas gostaria de ter. As perspectivas visuais são visíveis nesse momento, onde ela desenha o chão e os demais itens em tamanhos relativos. Considerando a análise realizada conseguimos compreender de uma forma mais prática o material estudado, observando os estágio de desenvolvimento do desenho e suas representações na formação do sujeito. O desenho compreende fatores importantes na vida do individuo, desde suas experiências até seus estímulos. Dessa forma concluímos que para Piaget o desenho se modifica a partir do desenvolvimento, esse que se caracteriza a partir das vivências da pessoa, considerando que: “as crianças pequenas tendem a ignorar ou a transformar a realidade num mundo subjetivo, rico em fantasia. Os desenhos são representações e não reproduções.”(DI, Leo, 1991, p.45). Ou seja, o desenho pode ser uma forma de expressar sentimentos, como também de fugir da realidade, por isso devemos considera-lo por completo, envolvendo seus traços, contexto do desenhista e as falas do mesmo. Referência bibliográfica: Livros: MÈREDIEU, de Florence et al. CAP 4- Desenho, Psicologia e Psicanalise.. Ir: O desenho Infantil. São Paulo: Ed: CULTRIX, São Paulo. 1974, pag. 61 DI, Leo. A interpretação do desenho infantil. 3º edição. Porto Alegre, 1991, pag. 11-157. BENSON, Nigel; WEEKS, Marcus; COLLIN, Catherine; LAZYAN, Merrin; GINSBURG, Joannah; GRAND, Voula. O livro da psicologia. Ed. Globo Livros, 2012, pag. 264-266. 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