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Hermetismo | Filosofia | Cultura
PHILOSOPHORUM
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201 RÇO
3
1º Trimestre - 2013
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Nº 1
philosophorum.net
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A Montanha dos Filósofos
Capa: A Montanha
dos Filósofos.
Geheime Figuren
der Rosenkreuzer,
Altona, 1785
NESTA EDIÇÃO
APRESENTAÇÃO
Página 03
PENSANDO EM SÍMBOLOS
Página 04
A TURBA PHILOSOPHORUM
Página 06
HÁ UM MAGO DENTRO DE CADA UM DE NÓS
Página 08
O YOGA APONTA O CAMINHO PARA O BEM ESTAR
Página 09
UMA NAÇÃO SOB O GRANDE ARQUITETO
Página 10
ESPIONAGEM E ORDENS INICIÁTICAS
Página 11
DUBAI E O SANGUE NEGRO
Página 14
SOBRE A ALQUIMIA
Página 15
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Grande Oriente Alquímico
A Revista
Philosophorum é
uma publicação
trimestral do
Grande Oriente
Alquímico.
Artigos não
assinados são
frutos de
pesquisas
realizadas pela
nossa equipe
editorial
Organização Hermetista cuja finalidade é o progresso do Ser Humano, nos planos material e espiritual
www.grandeorientealquimico.org.br
PHILOSOPHORUM
É
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iç ão de st a
R ev is ta
28 de Março 2013
Edição Nº 1 - A Montanha dos Filósofos
PHILOSOPHORUM Nº 1:
GRANDE ORIENTE ALQUÍMICO:
Título: A Montanha dos Filósofos
Colaboração: Membros e não membros do G::O::A::
Formato: PDF
Juventude Hermetista
Collegium Trimegistus
Cavalaria Hermética de Yeshua
PHILOSOPHORUM!
PÁG.
3
Apresentação
A audácia é a marca do Adepto. O adeptado implica
no rompimento com as estruturas atuais de pensamento,
no modo de encarar e reagir aos estímulos (internos e
externos). Neste embate, entre o que a sociedade tenta
nos impor e os princípios que tomamos como desejáveis
de vivenciar, a audácia é um ingrediente imprescindível.
Através dela, seguimos em frente. Mesmo quando tudo e
todos, conscientes ou não, conspiram contra nós. Mas
não me refiro à audácia das atitudes levianas,
inconsequentes. Mas àquela que sobrepuja os obstáculos,
à ousadia de enfrentar as forças contrárias. É com este
impulso que oferecemos esta primeira edição da revista
philosophorum.
De caráter eclético e aberta a todos que desejam
colaborar, oferecemos este trabalho aos interessados pelo
Conhecimento, aos amantes da Sabedoria. E que
estejam com um coração e uma mente aberta para novas
possibilidades de entendimento e realização.
DFN
SOBRE O TÍTULO DESTA EDIÇÃO
O acesso à montanha dos filósofos está vedado por uma muralha de doutrinas falsas e sofísticas. O velho junto à entrada
é o Antimónio saturnino, aqui chamado “o pai dos metais”. Os alquimistas identificaram este “velho guardião” com o
proprietário de Bethlehem, Boas, antepassado de David. Por cima dele, o alquimista árabe, Senior Zadith planta a
árvore do Sol e da Lua, de onde emerge o lapis. Na Aurora consurgens existe também uma passagem que remete para
Senior Zadith, em que o lapis é comparado a uma casa construída numa rocha forte. Aquele que a abrir encontrará lá
dentro a fonte da eterna juventude.
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4
Miniatura otomana, do Zubdat al-Tawarikh (A Fina Flor das Histórias), de 1583
PENSANDO EM SÍMBOLOS
O ser humano tem a habilidade inata de
pensar em símbolos, que deriva,
fundamentalmente, da tendência à
representação. Por exemplo, ao ver uma
fotografia, a imagem nos remete a uma
paisagem ou a um rosto; quando lemos
palavras, entendemos conceitos. Sem essa
aptidão, não teríamos criado a linguagem
nem a matemática. Os números expressam
quantidade, um conceito filosoficamente
sofisticado (pois é uma abstração, como a
idéia de covardia, ou a cor vermelha), mas
na prática são usados sem dificuldade pelo
caráter “exato” das contas. No entanto, essa
relação é mais complexa quando se trata de
palavras. Os vocábulos se propagam com o
som da voz e se fixam no papel ou na tela
do computador, mas aludem a objetos,
acontecimentos, emoções, etc, que não
estão necessariamente presentes quando
falamos ou escrevemos. Por exemplo, uma
simples palavra como “casa” pode despertar
em alguém uma infinidade de conceitos
relacionados a edifícios, a interiores, a
apartamentos, a segurança e, quem sabe,
até a hipotecas e a outros problemas. Dito
de outra forma, uma palavra pode gerar
associações inúmeras e complexas, mesmo
que seu significado básico seja claro. Essa é
a essência do simbolismo.
Os seres humanos são únicos na habilidade
de simbolizar o mundo. A ausência dessa
capacidade em outros primatas parece ser a
razão pela qual não desenvolveram aptidões
linguísticas comparáveis às humanas. Em
geral, não damos muita importância à
linguagem, mas, se pararmos um momento
p a r a p e n s a r, r e c o n h e c e r e m o s o
extraordinário feito que ela significa. A
mente permite que palavras específicas
suscitem uma gama enorme de significados.
A construção dos símbolos tem algo de
misterioso, e até mágico. Sem essa aura
quase fantástica em torno da representação
simbólica, a paisagem interior da mente se
simplifica. As associações ligadas aos
símbolos mais corriqueiros – como casa,
cachorro, cabelo, mar ou Lua – são as
fontes geradoras de valores em nossa vida.
Ou seja, essas palavras produzem densidade
semântica e emocional pelo simbolismo que
carregam. Sem precisar de muita leitura ou
experiência, sabemos, por exemplo, que a
Lua não é apenas um disco brilhante no
céu.
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A construção dos
símbolos tem algo
de misterioso, e
até mágico. Sem
essa aura quase
fantástica em
torno da
representação
simbólica, a
paisagem interior
da mente se
simplifica
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Podemos lembrar a característica romântica
há muito associada à Lua (o cinema
reforçou muito essa idéia, embora ela seja
muito mais antiga que a câmera de filmar);
ou pensar num diferente tipo de emoção –
mais especificamente, na aventura
maravilhosa do homem na Lua, e, 1969.
Quando a olhamos, lemos sobre ela ou
simplesmente a mencionamos vez por
outra, diferentes associações podem estar
presentes em nossa mente ao mesmo
tempo, ainda que não se manifestem no
plano da consciência.
Existe uma diferença importante entre, de
um lado, os símbolos que com o tempo
acumularam significados organicamente,
numa complexa interação de respostas
conscientes e inconscientes e, de outro,
a q u e l e s e s c o l h i d o s o u i nve n t a d o s
deliberadamente. Os símbolos desta última
categoria são chamados de signos e possuem
função simbólica unicamente porque
decidimos usá-los de determinada maneira.
Por contraste, um círculo, por exemplo,
carrega um significado intrínseco à própria
figura: é uma linha que não possui início
nem fim, sugerindo a idéia de completude,
totalidade e talvez até de eternidade. Não
precisamos de algum saber especial sobre o
PÁG.
5
círculo para pensá-lo desta forma: o
significado está contido na própria figura e
é captado por intuição. Entre a nossa mente
e o círculo, se estabelece uma comunicação
imediata, espontânea – como se fosse uma
afinidade intelectual. Haveria mais a dizer
sobre o círculo, mas por agora esse exemplo
nos ajuda a compreender a idéia de que
alguns símbolos possuem o poder universal
e intrínseco de comunicar algo para além
de si mesmos – algo, porém, contido na
própria figura.
Até agora, falamos da construção dos
símbolos de uma perspectiva moderna e
ocidental, partindo do princípio de sua
universalidade. Contudo, nossos horizontes
intelectuais são culturalmente
determinados. Diferentes crenças e práticas
sociais, assim como ambientes distintos
(entre eles o clima, a paisagem, a flora e a
fauna) podem levar à construção de
conscientes e subconscientes próprios a
cada lugar e cultura. Para complicar mais o
cenário, sistemas de crenças e culturas estão
relacionados o tempo todo. Assim, quando
ampliamos o foco para outros séculos e
outras culturas, o estudo dos símbolos
torna-se ainda mais fascinante.
A Linguagem dos Símbolos
Existe uma
diferença
importante entre,
de um lado, os
símbolos que com
o tempo
acumularam
significados
organicamente,
numa complexa
interação de
respostas
conscientes e
inconscientes e,
de outro, aqueles
escolhidos ou
inventados
deliberadamente
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A Turba Philosophorum
ALQUIMIA
Pode-se ler num dos livros de Jabir que muitos dos antigos
filósofos, incluindo Hermes, Pitágoras, Sócrates,
Aristóteles e Demócrito, se reuniram em assembléia para
discutir assuntos de alquimia. Esta é, possivelmente, a
primeira referência a um célebre trabalho alquímico
denominado Turba Philosophorum (onde colhemos o nome
de nossa Revista Philosophorum), ou Convenção de Filósofos,
cuja origem intrigou os sábios durante muitos séculos. A
Turba aparece primeiro em manuscritos latinos do século
XIII, tendo sido a primeira edição impressa publicada em
Basel em 1572. Apresenta o aspecto de um debate entre
grande número de filósofos e foi tida em grande respeito
por gerações e gerações de alquimistas.
A versão latina mostra sinais iniludíveis de ter sido
traduzida do árabe e o conteúdo dos discursos revela
também de forma clara que pelo menos parte daqueles
elementos provém do grego. Os problemas apresentados
pela Turba atraíram a atenção de muitos historiadores de
alquimia e, em 1931, Ruska publicou uma monografia na
qual provava definitivamente a origem islâmica da obra e
tentava fixar a sua data por comparação com outros
trabalhos árabes. Neste ponto, contudo, não foi
absolutamente concreto, hesitando entre os séculos IX, X
e XI. Sugeriu que a Turba era um ataque aos alquimistas
gregos e pretendeu libertar a arte da praga de
pseudónimos que a infesta, baseando-a, além disso, numa
filosofia natural universalmente reconhecida. A origem
árabe da Turba foi confirmada por completo em 1933,
quando Stapleton pôde mostrar que um trabalho de um
alquimista do século X, Ibn Umail, continha passagens
extraídas daquela obra.
Assim ficou o problema até 1954, data em que uma luz
inteiramente nova aclarou o problema, por parte de
Martin Plessner, cujo trabalho pode considerar-se o mais
brilhante contributo dado à história da alquimia nos
últimos cinquenta anos. Plessner, em primeiro lugar,
confirmou que a análise da Turba prova, fora de dúvida, a
unidade da obra; portanto, um trabalho que contenha
extratos ou referências suas deve ser considerado mais
recente. Ibn Umail morreu por volta de 960 e daí a Turba
não pode ter sido escrita depois de 900. Mas a Turba
contém uma referência a um veneno mortal existente no
corpo de uma mulher, e embora a expressão aqui oculte
um significado alquímico, Plessner vê nela uma filiação no
mito hindu da virgem-venenosa, que matava os homens
com os seus beijos. Este mito foi introduzido na literatura
islâmica através da tradução árabe do Livro dos Venenos,
atribuído ao autor indiano Kautilya, tradução esta que se
sabe ter sido feita na primeira metade do século IX. Por
esta altura viveu em Akhmim (Panópolis), no Egito, um
autor alquímico chamado Uthman ibn Suwaid, a quem
foi atribuída a autoria de muitos livros, entre os quais O
Livro das Controvérsias e Conferências de Filósofos. Plessner
sugere que este título pode significar que o livro era, de
fato, a Turba - sugestão esta que conduz novamente a uma
data de composição por volta de 900. Akhmim era uma
cidade cristã com uma notável tradição científica, onde
muita gente sabia grego revelada pelo autor da Turba com
a cosmologia grega e a forma como se criaram os
fundamentos da alquimia, de modo a aparecer sob uma
feição cosmológica.
Segundo o texto em latim, nove filósofos tomaram parte
na discussão preliminar, com os nomes de Iximidrus,
Exumdrus, Anaxágoras, Pandulfos, Arisleu, Lucas,
Locustor, Pitágoras e Eximenus. Anaxágoras e Pitágoras
parece indicarem que os sete restantes nomes são más
traduções de nomes gregos, e, pela sua transcrição de novo
em caracteres árabes, Plessner mostrou que a lista deveria
ler-se: Anaximander, Anaxímenes, Pitágoras e Xenófanes resolvendo assim um mistério de longa data.
Estes nove filósofos são todos pré-socráticos e Plessner
demonstra que, nos seus discursos na Turba, eles expõem
teorias de que tomaram conhecimento a partir de fontes
clássicas.
Continua na página 6
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7
Anaximander discute o Não-Limitado (Apreiron);
Anaxímenes trata do ar; Anaxágoras apresenta as
concepções de Pietas e Ratio como entidades primárias;
Empédocles expõe a dupla função do ar, separando a água
e a terra e como medianeiro entre a água e o fogo;
Arquelau trata da terra, o mais compacto, e do fogo, o
elemento mais sutil, como reguladores do Universo;
Lêucipo fala dos elementos, sem dar pormenores, mas
referindo-se, aparentemente, ao completo e ao vazio, já
esboçados por Diógenes Laércio; Ecphantus comenta a
diferença entre o mundo superior e inferior, descrevendo o
primeiro como contendo seres compostos apenas por dois
elementos raros; Pitágoras fala da simultaneidade de todos
os quatro elementos que, segundo a sua opinião, são todos
originais e a partir dos quais se compõem os seres
existentes; não prevê, contudo, a presença simultânea dos
quatro em cada ser, mas afirma que os anjos se compõem
de um só elemento, o Sol, a Lua e as estrelas de dois, as
plantas e os animais de três, e apenas o ser humano de
todos os quatro elementos. Xenófanes, finalmente, defende
a coexistência de todos os quatro elementos, em
proporções variáveis, em todos os seres do universo.
É no discurso final de Xenófanes que se torna evidente a
finalidade do autor. Este objetivo é estabelecer três teses: e
de que o criador do mundo é Alá, o deus do Islão; de que
o mundo é de natureza uniforme e de que todas as
criaturas do mundo superior e inferior são compostas dos
quatro elementos. A discussão preliminar termina neste
ponto e os sessenta e três discursos seguintes da Turba são
puramente alquímicos.
Plessner diz que, mesmo quando estas opiniões parece
contradizerem as doutrinas pré-socráticas, como são
geralmente conhecidas, é sempre possível mostrar pontos
na tradição grega a partir dos quais os dogmas acima
referidos foram desenvolvidos. O autor não interpretou
mal as suas fontes de consulta, mas, em vista da sua
finalidade de relacionar os conhecimentos cosmológicos
com as matérias alquímicas, ele próprio se confessa um
pouco tendencioso. As matérias alquímicas assim
interligadas com os ensinamentos cosmológicos são como
seguem: Anaximander faz preces ao ar como protetor
contra a combustão; Anaxímenes exalta a diluição e a
condensação do ar, de acordo com os vários graus de
calor; Anaxágoras trata da densidade da matéria, que
aumenta de cima para baixo; Empédocles fala do
significado químico do ovo; Arquelau refere a correlação
entre o fogo e a terra; Lêucipo apresenta a metáfora do
nascimento e morte, vulgarmente usada em alquimia;
Ecphantus esboça a doutrina alquímica dos dois pares de
elementos; Pitágoras comenta as relações entre números e
o símbolo alquímico do homem; Xenófanes fala do en to
pan (Um é Tudo), da putrefação e da necessidade de os
quatro elementos estarem juntos.
É o triplo resultado da discussão cosmológica - o DeusCriador do Alcorão, o Mundo Unificado e a Doutrina dos
Quatro Elementos - que a orienta, claramente, para o
principal assunto da Turba, a alquimia. Ao mesmo tempo a
alquimia é colocada no mundo do pensamento islâmico.
Para a consecução deste fim o autor dispõe de um
domínio soberbo da literatura doxográfica e, além disso,
de uma invulgar veia literária. Consegue produzir um
texto que junta alguns novos conhecimentos,
absolutamente genuínos, à doxografia pré-socrática e
representa a mais antiga prova até aí conhecida da
penetração da tradição doxográfica na literatura islâmica.
Outros pontos de interesse relevante descobertos por
Plessner foram, primeiro, que os nove pré-Sócrates
mencionados apareciam também num livro de Hipólito
(cerca de 222 a.D.), um dos primeiros Pais da Igreja,
chamado “Refutação de Todas as Heresias”, observandose uma íntima ligação textual entre este livro e a Turba.
Em segundo lugar, o fato de, num livro do alquimista
grego Olympiodorus se compararem as doutrinas dos
grandes alquimistas e as dos filósofos, com precisamente o
mesmo fim de relacionar as teorias cosmológica e
alquímica.
Em resumo, Plessner diz:
Plessner avançou assim extraordinariamente na resolução
do mais difícil enigma da alquimia, e o seu próximo
trabalho sobre o assunto é esperado com grande
curiosidade. Seria particularmente interessante saber se a
Turba foi originalmente escrita em árabe ou se foi obra de
um autor grego, devido a uma tendenciosa confusão
muçulmana existente num período mais tardio. Esta
última hipótese parece a mais viável.
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KHN
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8
Há um Mago dentro de cada um de nós
O MAGO INTERIOR SÓ VIVE NA VERDADE E NO ESPÍRITO
É preciso uma vida
inteira para aprender o
que o mago tem a
ensinar. Em primeiro
lug ar, nosso mago
interior representa a
“Sabedoria Interior” .
Sobrevivendo a ciclos,
passado por uma
infinidade de provas,
nosso “mago Interior”
reage diante da vida,
portanto ele vê.
Quando velha, uma
pessoa não pode evitar
ver em toda sua família e seus amigos como uma extensão
de sua própria pessoa, que lhe dizem muito mais a seu
respeito, e de sua realidade, começa a ver debaixo da
máscara de sua aparência física. Vê suas emoções, seus
desejos, seus temores, seus sonhos. Comece a observar a
energia de uma pessoa, como mundos dentro de mundos,
em todas as pessoas com quem nos encontramos, e então
nos damos conta, de que todo ser vivo é um universo, com
suas particularidades e diferenças, único em forma e
essência, e ao mesmo tempo movendo-se relativamente a
outros semelhantes ou não, porém como tudo se move em
relação a tudo, as energias envolvidas se moldam e
adequam conforme o estágio de atividade e avanço.
Quando começamos a observar a energia que emana das
pessoas, ou indivíduos, como mundos dentro de mundos,
de todos que encontramos durante nossa jornada na busca
da verdade, finalmente chegará o dia em que nos daremos
conta do Universo maravilhoso que vive dentro de nós
mesmos. Neste dia, seremos um Mago. Também nos
questionaremos a respeito do sofrimento, do
envelhecimento, e da morte. É possível resolver esta
questão: primeiro compreendemos que o Mago e o
indivíduo são a mesma pessoa, unidos para buscar a
solução do mesmo problema. O Mago está além dos
contrários, da Luz, da obscuridade, do Bem e do Mal, do
prazer e da Dor. Felizmente, nosso Mago interior só vive
na verdade e no espírito, sem falsidade, porque o prazer
que sentimos através de nossos sentidos, a dor que
experimentamos diante de uma perda, assim buscamos a
infinita riqueza e encontramos o outro extremo que é a
pobreza, tudo isto que conforma a nossa vida cotidiana,
nos parece “Real” basta, neste momento de aprendizado
enxergarmos com os olhos do Mago. A aparência exterior
da vida é o que cremos e somente o que podemos sentir e
ver. Mas não devemos nos esquecer de que “tudo é
possível, se assim o acreditarmos”, tudo o que o mago vê
tem suas raízes no mundo invisível. O corpo e a mente
podem descansar permitindo assim que o mago possa ver
permanentemente. Assim, o Mago passa o segredo da
imortalidade.
Em muitas ocasiões, necessitamos de sábios para
responder o porquê de certas coisas. Necessitamos
encontrar o significado para uma determinada situação, e
a resposta está em nós mesmos, em nosso interior. Sem o
silêncio, o Mago não tem espaço. Sem o Silêncio, não é
possível apreciar a vida.
Para chegarmos à Paz,
busquemos dentro de nós mesmos, onde só existe paz.
Quantas vezes nos perguntamos se existe algo mais além
do que estamos vendo, e vivendo, sem saber exatamente o
que é “esse algo”, o que pode realmente ser. Dedicarmos
tempo à reflexão, não sobre “o que vemos, e sim o porque
vemos”. Assim, poderemos ver o que se sucede, porque
nossa sabedoria interior está nos mostrando que algo
devemos aprender com esta experiência. Não veja com
olhos críticos. Dedique amor a cada situação. Cada
experiência é um canto da mesma vida, por mais dolorosa
que seja isto significa que estamos “vivos”. Sim, estamos
vivos, e porque devemos aprender então que aí está o
milagre. Tudo o que vemos em nosso mundo podemos
tornar realidade em nossa vida cotidiana. Como o
Alquimista, podemos transformar as coisas, os desejos, as
ilusões, em OURO, porque o ouro é o símbolo do espírito
perfeito, que reside em nosso interior e que nos pertence a
todos por igual.
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Davi Ribeiro
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9
O Yoga aponta o caminho para o bem estar, a
saúde física e mental. Como isso acontece?
Quando o assunto é Yoga e bem estar, saiba
que as duas coisas andam juntas. Uma leva
à outra. Para esclarecermos esta questão,
vamos aprofundar um pouco sobre o estudo
do Yoga. Aqui, especificamente, trataremos
de uma das vertentes ou sistemas
denominados Hatha Yoga. Para iniciar
nossa conversa, definiremos o significado da
palavra Yoga.
Yoga significa união da mente e do corpo,
eu inferior, com o Ser, objetivando alcançar
o nível elevado de consciência, a Cósmica.
O sábio Pantajali, que viveu por volta de
200 a.C descreveu o Yoga como um
conjunto de técnicas e condutas, que
deveriam ser seguidas pelo estudante, com o
objetivo de alcançar a meta de iluminação.
As técnicas utilizadas iniciavam com
posturas psicofísicas denominadas Asanas,
exercícios de controle respiratório
Pranayáma, Controle dos sentidos Pratyahara,
exercício de concentração Dharana,
meditação Dhyana.
Os Ásanas (posturas) tem por objetivo tratar
profundamente os corpos inferiores e seus
respectivos Chacras (vórtices de energia)
que têm ligação com as glândulas do corpo,
limpando-as, estimulando-as,
desbloqueando meridianos (canais de
energias sutis que percorrem o corpo físico).
Liberando o corpo de toxinas provenientes
de resíduos metabólicos e emoções
negativas. Além disso, estimula a liberação
de hormônios responsáveis pela sensação de
prazer como, por exemplo, serotonina,
naturalmente produzidas pelo corpo. Isso
aumenta a sensação de bem estar, alívio de
dores físicas, tensões, sensação de conforto,
leveza, melhora distúrbios do sono,
funcionamento da capacidade cardiorespiratória, aumenta a imunidade,
melhorando sensivelmente a qualidade de
vida do praticante, equilibrando a mente e
o corpo, preparando-o para as práticas
inter nas como, por exemplo, a
concentração e a meditação.
Durante as práticas do Yoga, o processo do
Auto-conhecimento acontece, à medida que
o praticante avança, e se desvencilha de
todos os condicionamentos que lhe foram
impostos em sua vida, enraizados em seu
corpo e mente. Durante o processo, o
contato consigo mesmo nas práticas vai se
intensificando até que o praticante
reconheça e alcance o contato com a sua
essência, o Ser. Nessa fase o praticante
começa a desfrutar de todas as maravilhas
que o Yoga proporciona, pois a Consciência
Cósmica será alcançada. O chamado
Shamadi, estado de iluminação.
É importante salientar que essa consciência
do Ser acontece naturalmente quando as
práticas são iniciadas. Devido a isso muitos
Médicos e Terapeutas prescrevem o Yoga
nos casos de doenças crônicas e
psicossomáticas como uma Terapia
Complementar, tendo em vista que, a
doença se desenvolve a partir de
desequilíbrios emocionais. Por isso, a
prática do Yoga vem alcançando inúmeros
adeptos, sejam aqueles que a buscam como
um estilo de vida para se manter saudáveis,
aqueles que chegam em busca de sua saúde
física e mental, ou aqueles que visam
s i m p l e s m e n t e a bu s c a p e l o a u t o conhecimento. Seja lá qual for a sua meta,
tenha em mente que os resultados irão
muito além, pois no Yoga você encontrará
meios de melhorar e aumentar sua autoestima e qualidade vida, isso
inevitavelmente será o encontro definitivo
com o “Bem Estar” físico.
Yoga significa
união da mente e
do corpo, eu
inferior, com o
Ser, objetivando
alcançar o nível
elevado de
consciência, a
Cósmica.
Márcia C. Souza
Instrutora de Yoga e Terapeuta Corporal.
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Uma Nação sob o Grande Arquiteto
A NOVA ORDEM DOS SÉCULOS
Desde o início da História estava
evidente que um grupo de maçons
exerceria poderosa influência tanto
em público como em segredo. A
Declaração da Independência dos
Estados Unidos foi assinada primeiro
por John Hancock, maçom, em 1776.
49 dos que assinaram eram maçons.
Entre os maçons, 4 de Julho tornouse um dia sagrado. Marcava a
ascensão da estrela Sirius, que nas
religiões antigas era relacionada ao
deus Thoth, que trazia o
conhecimento ao homem. Esse deus
também era considerado o guardião
da deusa Ísis, por ser a mais
importante estrela do céu e pelo
menos sete dos maiores templos
egípcios eram orientados por ela. O 4
de Julho agora era sagrado também
para a nova nação. O grupo
Illuminati era o mais secreto e
possivelmente a entidade mais
conspiradora da Europa. Washington
falava contra o grupo, condenando-o
por se “autocriar” e não se relacionar
O Grande Selo dos Estados Unidos
à Maçonaria. Mas Washington tinha
condições de determinar as raízes de
sua família aristocrática e, apesar de
seus esforços em favor da
Democracia, era um elitista que viria
a criar a Sociedade de Cincinati, que
só admitia como membros quem
tivesse antecedentes aristocráticos.
Essa sociedade de elite espalhava o
temor de que uma nova aristocracia e
até o companheiro, Thomas
Jefferson, temia a instituição.
Em 30 de Abril de 1789, George
Washington tomou posse como
presidente. O juramento do cargo foi
administrado por Robert Livingston,
Grande Mestre da Grande Loja de
Nova York. O mestre de cerimônias
do dia era outro maçom, o general
Jacob Morton. Outro livre-maçom,
ainda, o General Morgan Lewis, era
da escolta de Washington. Este,
Grande Mestre da Loja de
Alexandria, prestou seu juramento
sobre a Bíblia da Loja de Saint John
de Nova York. Fez-se uma proposta
para que Benjamin Franklin, Adams
e Jefferson desenhassem o Grande
Selo dos Estados Unidos, mas suas
sugestões foram ignoradas. Após
novas propostas o selo foi finalmente
aprovado, rico de simbolismo. O
verso do selo é uma pirâmide
truncada, um símbolo maçônico. A
pirâmide tem 13 degraus, uma para
cada Colônia. Há também a
representação do olho que tudo vê,
um símbolo de culto que remonta ao
antigo Egito (o olho de Hórus). Um
lema, de 13 letras, Annuit Coeptis, para
abençoar o novo empreendimento:
“ele olhou com benevolência...”. E
Novus Ordo Seclorum “a nova ordem dos
séculos”. A nota moderna de um
dólar contém o mesmo simbolismo
maçônico de uma pirâmide
inacabada encimada por um olho
que tudo vê, assim como uma moeda
americana já em 1778.
Sociedades Secretas da Elite da América.
Washington
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Espionagem e Ordens Iniciáticas
Quais são as relações entre a espionagem e
as sociedades secretas? Elas podem ser de
simples praticidade e comodismo. Na
verdade os diversos serviços de informação
sabem bastante bem a utilidade que pode
representar a filiação a uma sociedade
iniciática. Por uma razão bem simples: a
facilidade que ela traz para estabelecer
contatos com homens pertencentes a meios
diversos, a todo um leque de
profissões e de categorias
sociais (alguns dos quais
poderão atingir os meios
influentes e dirigentes).
Mas existe também uma
categoria especial de
sociedades secretas, aquelas
que perseguem objetivos
subversivos. Observar-se-iam
nelas, então, práticas, modos
de organização, estruturas singurlamente
próximas do que se pratica nas redes de
infor mação. Um estudo atento, por
exemplo, da sociedade secreta dos
"Iluminados da Baviera", revela em seu
fundador – o professor Adam Weishaupt, no
fim do século XVIII – um verdadeiro gênio
da subversão clandestina e da espionagem.
Ele teria estado plenamente apto a dirigir os
serviços secretos de uma grande nação! Um
trabalho de espionagem (era exatamente
isto) fazia parte dos deveres inerentes ao
Noviço recém admitido à Ordem dos
Iluminados.
Eis, na verdade, o que estabeleciam a esse
propósito os “Estatutos Reformados” de
1783:
O Noviço faz um estudo aprofundade de si mesmo e
de seus semelhantes (…) O meio mais seguro de
ascender a um grau superior é tomar numerosas
notas, multiplicar as pesquisas de caracteres,
consignar por escrito os propósitos de pessoas
surpreendidas no momento em que a paixão as fazia
falar. Ele deve manter um registro com três ou quatro
folhas reservadas a cada uma das pessoas que ele
frequenta.
Encontramo-nos, pois, em pleno trabalho de
espionagem!
Weishaupt também conhecia
bastante o sistema que consiste
– para melhor vigiar a “base”
de uma organização ou de um
partido – em nela infiltrar um
ou dois personagens, que
passarão por subalter nos
apagados aos olhos dos
militantes intermediários e
cuja real ligação só é
conhecida pelos membros que
atingiram a cúpula da
hierarquia. Essas personagens
eram, no seio da Ordem, os
Insinuantes (título revelador).
Fica-se estupefato diante da autêntica
genialidade demonstrada por Weishaupt nos
menores detalhes de seu vasto plano
subversivo, na escala européia (e não,
insistimos, apenas ao nível da Baviera ou
mesmo da Alemanha). Ele havia conseguido
inclusive estabelecer um sistema de
transmissão por mensageiros a pé, cobrindo
cada um uma distância bastante curta a
percorrer (8 km no máximo), para
“contatar” seu colega, que punha o pé na
estrada para chegar a um outro mensageiro
mais adiante, e assim sucessivamente.
Com a Ordem dos Iluminados da
Baviera, que desempenhou um papel tão
deter minante na gênese oculta da
Revolução Francesa, chegamos a um tipo de
sociedade secreta cuja ação se situa num
nível que extrapola os limites nacionais.
Weishaupt
também conhecia
bastante o sistema
que consiste para melhor
vigiar a base de
uma organização
ou partido - em
nela infiltrar um
ou dois
personagens, que
passarão por
subalternos
apagados
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Os grupamentos são pouco numerosos, bem divididos, mas às vezes,
segundo os imperativos do momento, selam entre si alianças
momentâneas. No mais das vezes entregam-se a combates
subterrâneos, encarniçados, onde todos os golpes baixos são não
somente permitidos, mas recomendados, excluindo-se, no entanto,
indiscrições mútuas que alertam os meios profanos ou os poderes
públicos. Também lá o silêncio é a lei do meio. Pierre Mariel.
Os governos, os diversos regimes, e a maioria das
Sociedades Iniciáticas têm todos seus "Sistemas de
Informação". Se, acima dos sistemas visíveis, existe aquilo
que chamamos uma hierarquia de Governantes invisíveis,
não está absolutamente excluído que exista – acima dos
serviços de informação clássicos (dos quais eles se
serviriam ocasionalmente) – o que seria uma espécie de
“super-espionagem”.
Além da ação dos Iluminados da Baviera pouco antes da
Revolução Francesa e em seu decorrer, seria necessário
proceder ao estudo
aprofundado (muitas
coisas estão ainda por
serem descobertas) de
outras misteriosas
sociedades secretas.
Especialmente a dos
Irmãos Iluminados
da Ásia. Vale a pena
assinalar um de seus
rituais: sobre o piso do
templo, vinte e nove
ir mãos e ir mãs se
colocam, como sobre
uma espécie de
tabuleiro de xadrez
vivo, de maneira a reproduzir o traçado de uma figura
bem conhecida: a suástica (cruz gamada).
O estudo da história secreta da Revolução Francesa nos
levaria, além disto, a um trabalho em profundidade que
nos reteria longamente. Parece que se confrontaram duas
tendências entre os membros das sociedades secretas
superiores: a da Montanha Vermelha e a da Montanha
Branca – que queria, ao contrário, salvaguardar ao
máximo o antigo estado de coisas. Encontraríamos aí
também o eterno problema, ao mesmo tempo fascinante e
irritante, das sobrevivências templárias… Poder-se-ia
supor, justamente, que ainda hoje – e em caso de
necessidade pela intervensão das polícias (as oficiais e as
paralelas) – forças superiores buscam impedir certas
divulgações. A propósito da obstinação com a qual se
procedeu ao sufocamento sistemático das prodigiosas
descobertas de Roger Lhomoy sob a torre principal de
Gisors, seria necessário meditar-se sobre esta afirmação de
Gérard de Sède (em seu livro Les Templiers sont parmi
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nous – Os Templários estão entre nós) a respeito da
misteriosa sala subterrânea:
(…) até uma época indeterminada, talvez bastante próxima de nós,
essa capela pôde servir de sala de iniciação aos altos graus de certas
sociedades secretas e suportar arrumações simbólicas em função deste
uso.
Acreditamos inclusive que Gérard de Séde falou além da
conta a esse respeito, e que a sala em questão encontra-se
ainda hoje em uso.
Havíamos encontrado a cruz gamada no simbolismo em
uso no seio da sociedade secreta dos Irmãos Iluminados
da Ásia. Mas isto nos levaria a voltar a abordar o imenso
tema – que mereceria por si só toda uma sequência de
exposições – dos aspectos mágicos do Nazismo,
principalmente de seus vínculos com a Sociedade Thulé.
A primeira obra a abrir o dossiê foi O despertar dos
mágicos de Pauwels e Bergier. Houve, a partir de então,
importantes obras de René Alleau, André Brissaud e
Pierre Mariel.
Sempre houve
ferrenho debate sobre
qual o grau de
envolvimento direto
de Adolf Hitler no
ocultismo. Não há
dúvida, entretanto, de
que Heinrich
Himmler, um de seus
representantes, estava
profundamente
envolvido com magia,
tanto quanto era
possível estar.
De certa forma, ele hoje seria visto como uma figura New
Age: gostava de herbalismo, astrologia, ergonomia,
técnicas naturais de agricultura, energia sustentável, etc.
Mesmo assim, ele criou uma das organizações mais
brutais de todos os tempos e buscou o extermínio de toda
uma raça. Em 1929, Himmler assumiu o comando do
pequeno grupo hitleriano de guarda-costas especiais,
conhecido como Schutzstaffel, ou SS, e expandiu-o
enormemente nos anos seguintes, estabelecendo seu
quartel-general em um castelo medieval em Wewlsburg,
onde sua ordem secreta interna se reunia uma vez por
ano.
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Essa ordem – pois era o que ele
considerava – havia emprestado
certas características da lenda do Rei
Artur e da Távola Redonda. O
grande salão de jantar era adornado
com os brasões dos 12
Gruppenfuhers sênior, que se
reuniam em torno de uma mesa de
carvalho redonda, cada um em sua
prórpia cadeira com nome gravado
em placas de prata e seguindo uma
série de exercícios espirituais. Abaixo
desse salão estava o “reino dos
mortos”, um poço em que os brasões
eram queimados e as cinzas
veneradas após a “morte” do
cavaleiro. Histórias contam que
Himmler utilizava as cabeças
cortadas de oficiais da SS para se
c o mu n i c a r c o m s e u s m e s t r e s
ascensos, e dizia-se que ele
Schutzstaffel
conversava com o espírito do rei
saxão Henry, o Caçador.
E cada um desses cavaleiros nazistas,
d e v e - s e e n f a t i z a r, a c r e d i t av a
sinceramente que estava trabalhando
para a Luz, lutando contra os Magos
das Trevas que vinham de todos os
cantos da terra para tentar derrubálos.
Seria fascinante nos perguntarmos se
acima dos governos visíveis e dos
serviços que deles dependem, não
haveria – supervisionando todo o
conjunto do vasto jogo dos atores no
palco do mundo (mesmo e
principalmente se eles têm a
consciência ilusória de serem livres) –
toda uma hierarquia superior.
Recolocamos, em uma palavra, o
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problema dos Governos invisíveis. E
recordaremos as enigmáticas últimas
palavras pronunciadas por Walter
Rethenau, imediatamente antes de
expirar: a alusão aos “setenta e dois
que dirigem o mundo”:
Quem eram eles naquele momento (alguns
anos após a primeira guerra mundial)?
Quem são eles atualmente? Gostaríamos
muito de sabê-lo!
Pesquisa: S. Hutin, A. Richardson e
Fielding.
KHN
Sociedade Thulé
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Dubai e o Sangue Negro
Um paraíso em meio ao deserto, construído
por sangue e suor de dignos Indianos,
homens e mulheres de uma doçura ímpar,
pessoas amadas e cheias de gratidão,
vivendo como “escravos” em condições subhumanas, trabalham arduamente para
erguer um império fadado a se afundar em
seu próprio sangue negro, que jorra de suas
plataformas de petróleo.
Para cada magnífica obra de engenharia,
milhares de vidas são ceifadas pelo calor
desértico e por condições absurdas que em
pleno século XXI, são tratados como meros
peões em meio aos seus campos de trabalho
e a seus guetos para onde são levadas à
noite depois de doze exaustivas horas de
trabalho, em um clima que pode chegar a
50 graus Celsius.
Ruas lindas, construções faraônicas,
porém com trabalhadores miseráveis que
não vêem outra forma de levar sustento
para suas famílias, se não for em uma
submissão total ao governo dos Sheiks.
Ironicamente, nossa tão aclamada
democracia nos faz levar a cabo práticas
medievais, onde o rei se diverte em seu
palácio às custas do sangue e do suor de
gente humilde, dócil e explorada!
Em todos os povos onde já tive a
oportunidade de conhecer, esses de sobra
são os mais amáveis e gentis, pessoas
caridosas que dividem o pouco que
conseguem (quase nada) no afã de
cumprirem nessa terra seu dever de amor e
de servir.
Em seu próprio país, pelas leis de sua
casa são subjugadas ao “deus” todo
poderoso, o dinheiro. Em fim, chegamos à
grande raiz do problema, não importa sua
origem sanguínea, importa quanto “deus”
está contido em sua carteira e em sua conta
bancária, não se trata de dogmas ou
crenças, mas sim de poder de compra.
Religião, dogmas, leis canônicas, são
apenas subterfúgios para dominação em
massa, mas a que isso nos
leva? Quais são as
consequências reais de tais
fatos? A quem iremos
realmente prestar contas?
Nossa liberdade não é
nada além de nossa
capacidade de adquirir
influência, status e poder.
Crimes? Homicídios?
Dubai
Valor da vida humana?
Nada disso tem sua justiça
entre os homens. A única
justiça humana que podemos ter certeza é
da impunidade latente em todos os meios,
sejam eles religiosos ou políticos. Se trata
apenas de quanto temos e do quanto
estamos realmente dispostos a pagar por
elas, nada mais é do que condicionamento
de potencial.
Doenças e curas já existem a milênios,
porém todas subjugadas ao poder aquisitivo
do pedinte, até um espaço no céu era
possível ser comprado na idade média.
Quando mais se pagava mais alto o falecido
poderia subir ao seu criador. E hoje, alguma
coisa mudou? Reflita se realmente mudou.
Na minha humilde forma de ver, só
mudaram os nomes, mas a barganha
continua a mesma: você tem, então você é
bom e ponto!
Nossa liberdade
não é nada além
de nossa
capacidade de
adquirir
influência, status
e poder
Samuel Urbinati
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Sobre a Alquimia
UM BREVE ENSAIO
A propósito do “oleiro demiurgo” e
do alquimista, “a função soteriológica
dos mitos nasce sempre de uma
prática”. Mircea Eliade, na sua obra
capital sobre a Alquimia - “Ferreiros
e Alquimistas” - fundamenta
exaustivamente esta tese, trazendonos uma visão clara - na senda de
René Alleau, nos “Aspects de
L’Alchimie Traditionelle” - daquilo
que é a experiência alquímica: a
sacralidade da matéria e das suas
t r a n s fo r m a ç õ e s, b e m c o m o a
experiência que delas tem o operador.
A natureza profunda da Arte de
Hermes é a vibração, em uníssono,
da matéria, do operador e do
Cosmos; esta é uma visão tradicional
- melhor, primordial - que apenas
parecerá estranha à nossa
mentalidade analítica e separadora,
oposta à das correspondências, das
analogias e das sínteses.
Analogamente, quer o discurso
alquímico se situe ao nível simbólico,
quer a nível operativo ou
especulativo, permanecerá sempre
como o reflexo da unidade intrínseca
da alquimia.
Portanto, a alquimia é, desde logo,
a experiência da unidade. Mas essa
experiência é feita, dramaticamente,
através da manifestação dual da
realidade no nosso “mundo
sublunar”. O caminho alquímico é
aquele que vai do “1” ao “2” e do
“2” ao “3”; não se trata, pois, de um
dualismo (maniqueísta, cartesiano ou
estruturalista), mas de uma
“dualidade” que se supera a si
própria por meio de um mediador: o
“3”.
A mediação alquímica - o “sal”
que permite a conjunção das duas
naturezas contrárias, o “enxofre” e o
“mercúrio” - é dupla: horizontal,
unindo o “masculino” e o “feminino”
a fim de obter o andrógino, e vertical,
unindo “o que está em cima” (o
Logos, o espírito Universal) com “o
que está embaixo”, para espiritualizar
a “matéria” e, concomitantemente,
corporificar o “espírito”. Forma-se
assim, em consequência desta dupla
“hierogamia”, uma cruz (o “4”), no
centro da qual se encontra o coração
- o “5” do microcosmos ou a “quinta
essência” - que constitui o retorno à
unidade (5 + 1 = 6, o “6” do
macrocosmos).
Esta concepção operativa de
caráter ternário parece começar a ter
eco nas ciências humanas dos nossos
dias, com as contribuições de Leach
(A diversidade da Antropologia) e mesmo,
em alguma medida, de Levi-Strauss
(em Le cru et le cuit); mas a de Edgar
Morin e, sobretudo, a de Gilbert
Durand, em cuja obra “o regime
sintético” do imaginário realiza a
“coincidência oppositorum” (Jung)
dos regimes “diurnos” e “noturnos”,
presente na maior parte dos mitos.
O processo iniciático alquímico
desenrola-se também em termos
daquilo que Jung denominou da
“individuação” - processo de
crescimento e har monização
psíquicos - mas é Henry Corbin, no
decorrer da sua extensa obra sobre o
esoterismo islâmico, que desenvolve
um conceito que tem muitíssimo a
ver com a iniciação alquímica: o
“imaginal” (o qual transcende a mera
imaginação psíquica). O correlativo
“mundus imaginalis” é o mundo
inter mediário entre o sensível
(“physys”) e o inteligível (“noos”,
“pneuma”), entre o “imaginário” e o
“simbólico”, mundo intermediário
das imagens arquetípicas - da
“imaginação creadora” - mundo da
Alma (individual ou do Mundo,
“Anima Mundi”), ao mesmo tempo
“Ter ra celeste” e “Cor po de
Ressurreição”.
Mas, como se desenvolverá o
processo alquímico, de modo a
per mitir a dupla operação de
“transformar em idéias as coisas
exteriores e as coisas exteriores em
idéias”, de acordo com o axioma
expresso por R. Alleau: “tudo o que é
observável é simbólico e tudo o que é
simbólico é observável”? Desde logo,
como em todo o processo iniciático, é
preciso passar pela fase da “morte”,
da “abertura” - o “caos alquímico”,
em que se dá a “separatio” dos
elementos, o “solve”, ou “nigredo” - à
qual se sucede a, agora possível,
“infor mação” (“consciênciaconhecimento”) da “matéria” pelo
L o g o s - a “ p u r i fi c a ç ã o ” , a
“sublimação”, o “albedo” - e que
permitirá
uma
nova
“estruturação” (“consciênciaorganização”) - o “rubedo”,
“conjuntio”, ou “coagula”, a qual
conduzirá à “Pedra Filosofal”.
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Curiosamente, segundo a ciência atual - por
intermédio dos trabalhos de um dos seus
maiores expoentes, Ilia Prigoggine - a
criação físico-química de estruturas dá-se
através das seguintes etapas, cuja analogia
com as do processo alquímico é notável:
a) O sistema deve estar “aberto” (o
“solve”);
b) Deve verificar-se uma “flutuação” de
algum parâmetro (o que corresponde à
etapa da “informação” pelo Logos ou
pelo Espírito Universal);
c) É necessário que a flutuação se
amplifique para dar origem à criação
(“poiesis”) de uma nova forma de
organização ou de estrutura (o
“coagula”).
Esta analogia não deixa de surpreender
pela constatação do acordo entre a
PÁG.
Tradição e os dados da ciência moderna,
mas o “escândalo” é atenuado se nos
lembrarmos de que a alquimia é, no fundo,
uma “química poética” (creadora).
Ora as reações estudadas por Prigogine
- e que seguem o “percurso” atrás descrito são criadoras (poéticas), não só no sentido
em que geram estruturas espaço-temporais
- de grande beleza! - mas também porque
servem de modelo para as reações prébióticas; o que tem muito a ver com o nosso
tema, uma vez que o objetivo da alquimia uma “química sagrada” que pretende
transformar, transmutar, o operador, a
matéria e o cosmos - é (re)despertar a Vida
na matéria e, ao mesmo tempo, (re)criar a
Vida dentro do operador...
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O objetivo da
alquimia é
transformar,
transmutar, o
operador, a
matéria e o
cosmos - é (re)
despertar a Vida
na matéria e, ao
mesmo tempo,
(re)criar a Vida
dentro do
operador
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