5380 FORPRED: FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DOS SÓCIOS INSTITUCIONAIS DA ANPED Bruno Pucci Universidade Metodista de Piracicaba RESUMO Introdução: A Associação Nacional de Pesquisa e de Pós-graduação em Educação (ANPEd) é uma associação de pesquisadores que reúne em si duas categorias de sócios: os institucionais (coordenadores dos Programas de Pós-graduação em Educação) e os individuais (pesquisadores em educação). Foi criada em 1978 e, desde o início, os representantes de Programas de Pós-graduação tiveram participação intensa e específica em suas reuniões anuais, por iniciativas deles mesmos e/ou por iniciativa da Diretoria da ANPEd. Com o decorrer das reuniões anuais da Associação, os coordenadores de Pós-graduação fizeram desse espaço momentos ímpares para discutir, coletivamente, problemas comuns relacionados aos interesses de seus cursos, como por exemplo: a criação da ANPEd (1976, 1977, 1978); a questão do doutorado em educação (1983); a função dos comitês de docentes junto à CAPES e ao CNPq (1989); avaliação dos Programas de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (1991); a política de expansão e avaliação dos PPGEs (1992). Em 1993, após um longo período de experiências e de maturidade, foi constituído, no interior da ANPEd, o Fórum dos Coordenadores de Pós-graduação em Educação (FORPREd) com o intuito de discutir as políticas e as questões relacionadas aos programas de pós-graduação em educação. Assim, a ANPEd, se constituiu historicamente através de duas instâncias complementares: os Coordenadores de Grupos de Trabalhos e de Pesquisas (GTs), que criavam condições para que os sócios individuais apresentassem e debatessem sua produção científica em seus diferentes GTs; e o FORPREd, que reunia os sócios institucionais, representados pelos coordenadores de Programa de Pós-graduação em Educação, que se preocupavam principalmente com as políticas referentes aos cursos de mestrado e doutorado em educação. Objetivos: a) Este trabalho propõe-se a levantar e discutir as principais temáticas e problemas enfrentados pelos coordenadores de Pós-graduação, desde o início da ANPEd, 1978, até o final dos anos 1990, com ênfase em três momentos específicos: 1. Na fundação da ANPEd; 2. Nas reuniões que antecederam a criação do Fórum, 1993; 3. Os anos 1990; b) refletir sobre as questões mais importantes que fecundaram o debate e a atuação naqueles anos e compreender os caminhos que estão sendo construídos na atualidade por esse coletivo no interior de sua associação. Fontes: Para tanto utilizaremos principalmente os seguintes documentos: Livro de Calazans, ANPEd – Trajetória da Pós-graduação e Pesquisa em Educação no Brasil (Editora Santa Edwiges, 1995) que é um primeiro esboço de história do fórum; Boletins e Relatórios das reuniões anuais da ANPEd; relatórios das reuniões do Fórum de coordenadores; bem como de entrevistas com pesquisadores que participaram de perto na criação do Fórum e/ou que dirigiram o Fórum nesse período em análise. Metodologia: Os dados são analisados em seu momento histórico (condições econômicas, sociais e políticas; políticas de pós-graduação; relação universidade-pósgraduação e demanda social etc) e na abrangência da expansão dos Programas de Pós-graduação em Educação (perfis e modelos de Pós-graduação diferenciados inter-programas; distorção regional dos programas de pós-graduação; problemas comuns enfrentados pelos Programas; relação tensa com a CAPES, CNPq etc). A História Oral será utilizada como técnica de levantamento de dados e informações junto aos coordenadores do referido fórum. Roteiro das entrevistas: Algumas questõeschave a serem examinadas no trabalho: 1) O Fórum enquanto instância da ANPEd e sua relação com a Diretoria da Associação: autonomia ou extensão da Diretoria?; 2) A principal tarefa do Fórum: discutir e interferir na política de pós-graduação: as maneiras do Fórum desenvolver essa função; 3) A rotatividade dos coordenadores de PPGE, a dificuldade de constituição de uma memória do Fórum e as conseqüências disso na atuação política educacional; 4) A difícil relação do Fórum com as Agências Financiadoras e/ou avaliadoras dos PPGEs e de pesquisas: CAPES, 5381 FINEP, CNPq; 5) A política e a prática de avaliação dos PPGEs: tensões e reações; 6) As principais bandeiras de lutas levadas pelo Fórum no período em análise. Resultados esperados: Espera-se com este trabalho trazer contribuições para que se compreenda a constituição histórica do FORPREd e sua participação decisiva na constituição da ANPEd; bem como apresentar elementos históricos para que os atuais membros do FORPREd, bem como seus futuros participantes, se inspirem na história e na atuação política e acadêmica de seus antecessores. Pretende-se, ainda, com esta pesquisa trazer subsídios para o entendimento e constituição de uma parte da história da ANPEd. TRABALHO COMPLETO 5382 A Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) reúne em si duas categorias de sócios: os institucionais (representados pelos coordenadores dos Programas de Pós-graduação em Educação) e os individuais (pesquisadores em educação). Foi criada em 1978 e, desde o início, os coordenadores de Programas de Pós-graduação em Educação tiveram participação intensa e específica em suas reuniões anuais, por iniciativas deles mesmos e/ou por iniciativa da Diretoria da ANPEd. Com o decorrer das reuniões anuais (RA) da Associação, os coordenadores de Pós-graduação fizeram desse espaço momentos ímpares para discutir, coletivamente, problemas comuns relacionados aos interesses de seus cursos, como por exemplo: a criação da ANPEd (1975, 1976, 1977, 1978); a questão do doutorado em educação (1979, 1983); a função dos comitês de docentes junto à CAPES e ao CNPq (1990, 1991); avaliação dos Programas de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (1986, 1991, 1992); a política de expansão dos PPGEs (1983, 1992); Diretrizes e Políticas de Pós-graduação (1990, 1991). Em 1993, após um longo período de experiências e de maturidade, foi constituído, no interior da ANPEd, o Fórum dos Coordenadores de Pós-graduação em Educação (FORPREd) com o intuito de discutir as políticas e as questões relacionadas aos programas de pós-graduação em educação. Em 1981 já tinham sido críados os Grupos de Trabalhos e de Pesquisa. Assim, a ANPEd, se constituiu historicamente de duas instâncias complementares: os Grupos de Trabalhos e de Pesquisas (GTs), que geravam condições para que os sócios individuais apresentassem e debatessem sua produção científica em suas diferentes temáticas; e o FORPREd, reunindo os sócios institucionais, representados pelos coordenadores de Programa de Pós-graduação em Educação, que se preocupavam principalmente com as políticas referentes aos cursos de mestrado e doutorado em educação. Este trabalho propõe-se a: a) levantar e discutir temáticas e problemas enfrentados pelos coordenadores de Pós-graduação, desde o início da ANPEd, 1978, até os anos de constituição e organização do FORPREd, 1993-1996, com ênfase em três momentos específicos: 1. Na fundação da ANPEd; 2. Nas reuniões que antecederam a criação do FORPREd, 1993; 3. no reconhecimento oficial do FORPREd pela ANPEd, 1996; b) refletir sobre as questões mais importantes que fecundaram o debate e a atuação naqueles anos e compreender os caminhos que estão sendo construídos na atualidade por esse coletivo no interior de sua associação. Para tanto utilizaremos principalmente os seguintes documentos: Livro de Calazans, ANPEd – Trajetória da Pósgraduação e Pesquisa em Educação no Brasil (Editora Santa Edwiges, 1995) que é um primeiro esboço de história do FORPREd; Boletins e Relatórios das reuniões anuais da ANPEd; relatórios das reuniões do Fórum de coordenadores; bem como entrevista com pesquisador que participou de perto na criação do Fórum. Algumas questões-chave serão examinadas no trabalho: 1) O Fórum enquanto instância da ANPEd e sua relação com a Diretoria da Associação: autonomia ou extensão da Diretoria?; 2) A principal tarefa do Fórum: discutir e interferir na política de pós-graduação: as maneiras do Fórum desenvolver essa função; 3) A política e a prática de avaliação dos PPGEs: tensões e reações; 4) As principais bandeiras de lutas levadas pelo Fórum no período em análise. A organização das associações científicas de Pós-graduação está estreitamente relacionada aos objetivos, implantação e consolidação institucional e financeira dos sistemas de Pós-graduação e pesquisa. Para falar da ANPEd, portanto, temos que nos reportar ao PNPG (Plano Nacional de Pós-graduação 1975-79) – que, a rigor, é a base para o surgimento das associações científicas à época (Calazans, 1995, p.08). A CAPES, já no ano de 1975, quando elaborava o “Programa de pós-graduação em educação – linhas operacionais”, tinha em mente criar uma associação de pós-graduação em educação (Cfr. MEC-CAPES, 1975). A proposta da CAPES era criar associações de programas de pós-graduação. A ANPEd é uma das poucas associações científicas que reúne sócios institucionais (programas de pós-graduação) e sócios individuais (professores, pesquisadores, pós-graduandos). E 5383 os coordenadores ou representantes de programas de pós-graduação tiveram um peso significativo no surgimento dessa nova maneira de se constituir uma associação. A ANPEd foi criada em março de 1978, no IESAE/FGV, Rio de Janeiro, com o apoio da CAPES, na época dirigida pelo prof. Darcy Closs. Estavam presentes à reunião 33 professores e alunos de Programas de Pós-graduação (representando 17 programas1) e mais representantes da CAPES, do CNPq, do INEP, da FINEP e do CNRH/IPEA, num total de 41 participantes. Nessa reunião foi eleita a primeira diretoria, para o período de um ano, em eleição na qual concorreram duas chapas, e a eleição foi disputada voto a voto, com decisão apertada (Cfr. Ferraro, 2005, p. 51). Também foi elaborada a versão preliminar do Estatuto da Associação, cujo destaque principal foi a decisão de se romper com a proposta de organização estimulada pela CAPES, congregando apenas os programas (Calazans, 1995, p. 12). Calazans afirma que houve uma discordância muito forte do grupo da UFRJ, que não aceitou a ANPEd como foi criada .... Acrescenta ela: Nos acusavam de fundar um sindicato de pós-graduação (Calazans, 2005, p. 156). E a ANPEd se constituiu como Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação. Como se vê, as tensões e os contratempos entre CAPES e coordenadores/ pesquisadores estão presentes desde as origens de nossa associação. Desde o início, os coordenadores2 e os pesquisadores em educação lutaram pela autonomia de suas organizações e pesquisa. Mas antes, a CAPES e os Coordenadores de Cursos de Pós-graduação em Educação já tinham articulado reuniões com o objetivo de organizar uma associação nacional. Fávero (2005) menciona, por exemplo, a Reunião de Coordenadores de Pós-graduação em Educação, em Brasília, em novembro de 1975; Calazans (1995, p. 11) fala da reunião da PUC/RJ, em agosto de 1976. Devem ter acontecido outras. Em maio de 1978, os sócios fundadores da ANPEd reuniram-se em Curitiba, por ocasião do “Seminário sobre a produção científica nos Programas de Pós-graduação em Educação” e chegaram à versão final do Estatuto da ANPEd. Na ocasião foi aprovado o Primeiro Plano de Trabalho, no qual se incluía a promoção da 1ª Reunião Anual Científica da ANPEd e a edição de um Boletim Informativo, como canal de comunicação entre os associados. É de se notar que de agosto de 1978, quando aconteceu a 1ª Reunião Anual da ANPEd, em Fortaleza, CE, até outubro de 2005, por ocasião da Reunião da ANPEd, em Caxambu, MG, foram 28 reuniões anuais ininterruptas. E os coordenadores e/ou representantes de Programas de Pós-graduação em Educação continuaram a ter um papel importante e decisivo no destino da associação, discutindo em seu interior questões relativas ao mestrado e doutorado e questões relativas às pesquisas em educação, já que a maioria das investigações em educação desenvolvidas no Brasil aconteciam, como acontecem hoje em dia, nos programas de pós-graduação. Ainda mais: a influência dos coordenadores na definição dos temas centrais das primeiras reuniões anuais é notória: 1ª RA, Fortaleza, CE, agosto/78 “Concepção de mestrado no Brasil”; 2ª RA, PUC/SP, março/79, “Doutoramento no Brasil”; 3ª RA, Rio de Janeiro, 1980, “Política Educacional”; 4ª RA, março/81, Belo Horizonte, “Núcleos Temáticos e Pesquisa Educacional”, e assim por diante. Foi a partir da 4ª RA (1981) que a ANPEd decidiu organizar os grupos de trabalhos e de pesquisa, que, no decorrer das reuniões subseqüentes, foram se caracterizando como um de seus braços fortes e produtivos. Dizia assim o novo Estatuto: Os Grupos de Trabalho têm por objetivo reunir sócios da ANPEd que estejam trabalhando em temas semelhantes ou afins e estejam interessados em debater seus trabalhos com outros colegas da Associação. Espera-se que os Grupos venham a constituir-se em fórum acadêmico importante para discussão e troca de opinião sobre: a) resultado de pesquisas realizadas; b) 1 IESAE-FGV, UFF, UFRJ, PUC/RJ, UnB, UNICAMP, PUC/SP, UFMS, UFRGS, UFPb, UFMG, UFC, UFPe, UFSC, UFPa, UFBa, PUC/RS. 2 Em 1978, ano de criação da ANPEd, a área da educação já contava com 29 programas de pós-graduação, dos quais 25 de mestrado e 04 de doutorado. Cfr. Zaia Brandão, in Ferraro, 2005, p. 51. 5384 problemas relevantes que precisam ser abordados em futuros trabalhos de pesquisa; c) experiências metodológicas; d) intercâmbios de informações bibliográficas; e) intercâmbio de estudos e trabalhos realizados (Boletim ANPEd, 1981). A criação dos GTs dinamizaram as reuniões da ANPEd e realizaram um dos objetivos fundamentais dos Programas de Pós-graduação: a valorização da pesquisa e da produção científica realizadas no interior desses mesmos programas. Além de participarem intensamente das Reuniões Anuais, os coordenadores aproveitavam seu espaço organizacional para se reunirem. Assim na 6ª RA, realizada em 1983 em Vitória, ES, cujo tema central era “A proposta pedagógica da Pós-graduação em Educação no Brasil”, os Coordenadores dos Programas reuniram-se durante duas tardes e discutiram a questão do doutorado. As conclusões a que chegaram mostram bem o grau de maturidade e de seriedade dos dirigentes da pós-graduação em educação, desde seus inícios: a) Não tomar atitude isolada e individual no encaminhamento de criação de novos Cursos de Doutorado em Educação. Fazer com que as iniciativas passem pela ANPEd, para que se promova uma discussão de possibilidades de intercâmbio entre os Programas; b) Organizar núcleos de recebimento de propostas elaboradas sobre novos Doutorados no Brasil, um na UFMG (...), outro na UFC (...) e outro no IESAE (...); c) As propostas elaboradas deverão conter: necessidades levantadas; problemas que demandam a criação de Cursos de Doutorado; o que se pretende com tais Cursos de Doutorado (Boletim ANPEd, 1983) As primeiras reuniões dos Coordenadores dos PPGEs durante as Reuniões Anuais da ANPEd aconteceram frequentemente com a presença das agências de fomento, principalmente com a CAPES, e trataram de questões referentes à avaliação, bolsas de estudo, credenciamento de cursos e outras providências afins. Segundo Calazans, a partir da 8ª RA, realizada na PUC-SP, 19853, a ANPEd e os Programas ampliaram o tempo de reuniões bem como o enriquecimento da pauta de trabalho. Foi sugerido aos programas pela ANPEd que se preparassem internamente para as discussões, elaborando documentos específicos para subsidiar as análises do tema central e dos assuntos pertinentes à área. Os trabalhos apresentados ressaltaram questões vinculadas ao cotidiano dos programas de pós-graduação nesse momento, como: os impasses metodológicos da pesquisa, a representatividade da produção de conhecimento na área da Educação, a falta de recursos financeiros, escasso apoio e incentivo à pesquisa educacional, deficiências estruturais do curso de Pós-graduação, falta de participação da comunidade educacional na definição da política de pesquisa (Cfr. Calazans, 1995, pp. 30 e 47). Inclusive programas de pós-graduação em processo de criação, como, na ocasião, o da UFMT, tiveram espaço para discutir com seus pares sua proposta, suas pesquisas e incorporar subsídios. Fávero nos lembra de outro momento importante da atuação dos coordenadores de pósgraduação. Foi durante a 9ª RA, na UERJ, maio de 1986. Os coordenadores, sob o impacto da avaliação da CAPES realizada nesse mesmo ano, discutiram os resultados e criaram um grupo de trabalho para estudar a sistemática de avaliação empregada pela CAPES e elaborar documento a ser analisado pelos coordenadores na reunião seguinte. Menga Lüdke (PUC-Rio), Ana Maria Saul (PUC-SP) e Nicanor Palhares de Sá (UFMT) compunham o GT. Daí resultou uma proposta de avaliação a ser feita pela área, coordenada por Menga Lüdke e Ana Maria Saul, que deveria ser realizada com o apoio da própria CAPES4. Tal projeto não foi pra frente por vários motivos, sobretudo burocráticos (Cfr. Fávero, 2005). 3 Tema da 8ª RA: “A Pesquisa nos cursos de Mestrado e Doutorado em Educação no Brasil”. Diretor de Avaliação da CAPES era Ricardo Antunes. Na ocasião Ana Maria Saul era 1ª Vice-Presidente da Diretoria da ANPEd, cujo presidente era Osmar Fávero. 4 5385 Inicialmente, os Coordenadores de Programas aproveitavam o ensejo da Reunião Anual para se encontrarem e discutirem seus problemas específicos. Eles mesmos organizavam as pautas de suas reuniões. Segundo Fávero, a primeira reunião de coordenadores, que foi convocada pela Diretoria da ANPEd, antecedeu a abertura da 8ª RA da PUC-SP, 1985, com a presença de quase cinqüenta pessoas entre coordenadores, vice-coordenadores e pesquisadores interessados na criação de novos mestrados (Cfr. Fávero, 2005). Os Programas de Pós-graduação continuaram a ser convidados pelas Diretorias da ANPEd a participar de reuniões que antecediam as RAs; e tais reuniões eram sempre dirigidas por um membro da Diretoria da Associação. As reuniões dos e com os Coordenadores de Pós-graduação foi se tornando momento específico das RAs; o documento conclusivo da 11ª RA, realizada em Porto Alegre, na UFRGS, 1988, testemunha isso: Consolidouse, assim, a estrutura das Reuniões Anuais, totalmente alicerçadas nos Grupos de Trabalho e nas reuniões de Coordenadores dos Programas de Pós-graduação em Educação (Boletim-ANPEd, 1988). E uma das três atividades da estrutura básica da 13ª RA, UFMG, 1990, é assim resumida: Espaço programado para articulação entre grupo(s) de Coordenadores e GTs, com vistas a tratar de forma mais ampla questões do interesse da Associação (Calazans, 1995, p. 34). A 13ª RA da ANPEd, realizada na UFMG, BH, em outubro de 1990, com o tema “Neoliberalismo e Educação, Ciência & Tecnologia”, se torna um momento fundamental para a criação do Fórum dos Coordenadores. Na ocasião, a pauta da Reunião dos Coordenadores de Pósgraduação, dirigida por Ozir Tesser (UFC), 2º Vice-presidente da ANPEd, continha dois tópicos: a) ANPEd como instância de Definição da Política de Pós-graduação; b) Articulação dos GTs e Coordenadores dos Programas. O debate sobre o primeiro tópico, realizado após as exposições dos representantes das agências de fomento (FINEP, CNPq, CAPES e INEP), que expunham novas orientações emanadas do Governo Federal, se mostrou complexo e prolongado. Os coordenadores julgaram os discursos das agências de fomento contraditórios em muitos pontos e levantaram diversos itens que mereciam aprofundamento, como: critérios de qualidade para a produção científica; redimensionamento de expectativas com respeito a dissertações e teses; valorização do Doutorado e da Especialização em um momento de crise financeira; ênfase em modelos de Programas recentes, originados em diferentes dinâmicas institucionais, próprias de determinados grupos de trabalho; sugestões de linha única de pesquisa; bolsas-sanduíche; autonomia dos Programas. Quatro reuniões foram reservadas aos coordenadores de Programa, mas mesmo assim foram julgadas insuficientes para avançarem na discussão. Assim, o grupo de coordenadores5 considerou que essas questões deveriam ser encaminhadas pela ANPEd aos PPGEs e que fosse programado um encontro específico para debater e subsidiar as novas diretrizes e políticas de Pósgraduação em Educação, com preparação prévia e presença de todos os programas. A Diretoria da ANPEd, ao encaminhar a proposta às agências de fomento para solicitar apoio, assim se manifesta: O evento se justifica em vista do fato de que estamos vivendo um momento de significativas e, até certos aspectos, abruptas mudanças nos rumos da política científica e tecnológica, com reflexos diretos na política de Pós-graduação e Pesquisa. Os Coordenadores de Pós-graduação em Educação em virtude da responsabilidade de que são acometidos, por estarem à testa dos cursos de formação de pesquisadores na área, não podiam se omitir diante da necessidade de efetuar um exame detido e sistemático do problema em pauta. Daí uma proposta dessa reunião técnica nacional, onde um assunto de tal magnitude poderá ser debatido coletivamente, somando-se com isso, as contribuições dos diferentes Programas de Pós-graduação em Educação no País (Boletim ANPEd, 1990). Assim, foi realizada na UNICAMP, de 10 a 12 de abril de 1991, a 1ª Reunião Técnica Nacional de Coordenadores de Programas de Pós-graduação em Educação, em seqüência ao 5 Estavam presentes na Reunião 34 Coordenadores de Programas credenciados pela CAPES e dois representantes de cursos em constituição. 5386 “Seminário sobre Concepção de Dissertação de Mestrado”, promovido pelo PPGE da UNICAMP e realizado nos dias 08 e 09 de abril de 1991. Os Coordenadores dos Programas chegaram ao final da Reunião Técnica com o documento “Política de Pós-graduação e Pesquisa em Educação”, em que apresentam “conclusões, recomendações e propostas de encaminhamentos”. Este é o primeiro documento coletivo dos Coordenadores de Pós-graduação em Educação, a partir de um encontro de dois dias de discussões intensas, solicitado e preparado por eles mesmos, com a mediação e o apoio contínuo da Diretoria da ANPEd. O texto final foi redigido por três coordenadores de PPGEs6 e publicado na íntegra no Boletim da ANPEd. No item “Quanto à Política de Pós-graduação e Pesquisa”, o Documento recomenda que: A ANPEd, em sua função dirigente, assumirá a formulação de uma proposta de política de Pós-graduação e Pesquisa em Educação, articulando os programas/cursos de Pós-graduação e outros associados, bem como mediará essa proposta junto aos órgãos governamentais e suas agências. Essa proposta será formulada a partir da avaliação e sistematização da experiência e da produção científica constituídas pela Pós-graduação e Pesquisa em Educação, ao longo do processo histórico da área, levando em consideração a análise e a crítica às políticas governamentais. E estabelece o documento a pesquisa científica, enquanto modo de produção do conhecimento, como eixo condutor dos programas/cursos de Pós-graduação stricto sensu. No item “Com Relação à Avaliação dos Programas de Pós-graduação e Pesquisa em Educação”, o Documento recomenda que a ANPEd deverá coordenar uma avaliação nacional da Pós-graduação e Pesquisa em Educação, dando especial relevância, entre outros: À sistematização e/ou definição de parâmetros acadêmico-científicos, para uma avaliação processual dos programas/cursos de Pós-graduação e da produção científica em Educação, que superem os limites daqueles burocrático-administrativos. E, finalmente, no item “Quanto à Articulação entre os Programas e Cursos de Pósgraduação, Grupos de Trabalho da ANPEd e a Própria ANPEd”, o Documento faz duas recomendações importantes, que anunciam a urgência e a necessidade da criação do FORPREd: A ANPEd promoverá ou apoiará a realização de: • (...); • Reuniões nacionais de coordenadores de Pós-graduação para avaliar experiências e produção científica dos programas/cursos, com o objetivo de avançar nas propostas de política de Pós-graduação e Pesquisa; • Encontros regionais de pesquisadores e de programas/cursos de Pós-graduação, para intercâmbio e para disseminação da produção acadêmico-científica (Cadernos ANPEd Nova Fase, 1991, pp. 49-53). Estavam dadas, na prática, as coordenadas e as condições para que os coordenadores – que sentiram a necessidade de se reunirem fora da RA da ANPEd para discutir questões que repercutiam incisiva e perigosamente em seus Programas, que solicitaram a convocação da reunião técnica, que elaboraram um documento coletivo, um tipo de manifesto, que solicitaram da ANPEd apoio para a realização de outras reuniões nacionais – se organizassem enquanto um coletivo no interior de sua associação. E as coordenadas e as condições foram criadas pelas atividades dos próprios coordenadores. Fávero, na sessão de abertura da 12ª RA, em 1989, na USP, destacara como um dos pontos fortes da gestão 1985-1989, a constituição do Fórum dos Coordenadores de Programas de Pósgraduação, que tem se reunido sistematicamente no primeiro dia dos encontros anuais (Boletim ANPEd, 1989, p. 85). Na verdade o Fórum não tinha ainda sido criado formalmente, mas, na 6 Bruno Pucci (UFSCar), Lízia H. Nagel (UEM-Maringá) e Teresinha Fróes Burham (UFBa). 5387 prática, ele já vinha atuando como tal, no interior da ANPEd, desde 1985, quando, pela primeira vez a diretoria convocou os coordenadores para, sob a direção dela, se reunirem no início da RA. Os Coordenadores de Pós-graduação em Educação voltaram-se a se reunir por ocasião da 14ª RA, na USP, setembro de 1991, e, sob a coordenação de Osir Tesser, que também representava a Diretoria da ANPEd, continuaram o importante trabalho desenvolvido na 1ª Reunião Técnica da UNICAMP. Os dois temas que dominaram a reunião foram: avaliação dos programas e substituição de membros do Comitê Assessor do CNPq. Quanto à avaliação dos programas retomou-se a idéia de uma auto-avaliação e de uma avaliação inter-pares. Além disso, levantou-se a necessidade de proceder a um estudo do manual de avaliação da CAPES afim de se antecipar e influenciar, em termos de sugestões, a feitura do próximo instrumento de avaliação. Decidiu-se pela elaboração conjunta dos critérios para a avaliação e que no prazo até 29 de novembro p. f. todos os programas deverão enviar um estudo sobre o assunto aos professores Antônio Chizzotti (PUC-SP) e Lizete Arelaro (USP), que consolidarão as sugestões e as redistribuirão aos programas para apreciação. Em relação ao segundo tema, foi destacado a importância da participação da ANPEd como intermediadora na indicação de nomes ao Comitê do CNPq. Participaram da reunião coordenadores ou representantes de 42 Programas de Pós-graduação em Educação (Cfr. Boletim ANPEd, 1991). A reunião seguinte dos Coordenadores de Pós-graduação se deu, em dois períodos, durante a 15ª RA da ANPEd, em setembro de 1992, em Caxambu7, MG, sob a coordenação de Ozir Tesser, da Diretoria da ANPEd. O tema que dominou a reunião foi “a questão da avaliação interna dos programas”; ficaram prejudicados o debate sobe os temas “A ANPEd e os Comitês Assessores” e “Pós-graduação e Socialização do Conhecimento”. Estavam presentes 41 coordenadores ou representantes dos Programas de Pós-graduação. Professores Chizzotti e Lisete apresentaram o texto sobre a avaliação interna dos Programas. O texto foi elaborado a partir de apenas onze respostas recebidas das cartas enviadas a cinqüenta Programas. E o ponto consensual das sugestões era a questão da auto-avaliação, que seria associada à avaliação externa da CAPES. E a decisão tomada pelos coordenadores foi a de que todos Programas de Pós-graduação em Educação devem fazer auto-avaliação. Os que já a fizeram farão um relato escrito a ser enviado ao comitê até o final de outubro/92. E os que não a fizeram tentem fazê-la e tragam-na para a próxima reunião técnica dos coordenadores que será realizada no final do primeiro semestre de 1993. Além dos professores Chizzotti e Lisete, a professora Ana Maria Saul (PUC-SP) foi indicada para compor o Comitê de Avaliação, que deverá aprofundar a questão e apresentá-la na próxima reunião técnica. (Cfr. Boletim ANPEd, 1992). A segunda Reunião Técnica dos Coordenadores acabou se transformando em uma reunião histórica; foi convocada pela Diretoria da ANPEd para abril de 1993, no Instituto de Recursos Humanos João Pinheiro, em Belo Horizonte, para aprofundar e dar encaminhamentos às questões levantadas pelos coordenadores na 15ª RA da ANPEd, em Caxambu, notadamente as relacionadas à política de pós-graduação (sobretudo a questão da avaliação) e à produção e socialização do conhecimento. Foi durante sua realização que se deu a criação do FORPREd – o Fórum de Coordenadores de Pós-graduação em Educação. É verdade que o Presidente da ANPEd, Alceu Ferraro, por ocasião da Apresentação do Relatório da 15ª RA já apontava, como uma das finalidades da 2ª Reunião Técnica, a organização da participação dos Coordenadores de Pósgraduação nas reuniões anuais da ANPEd (Boletim ANPEd, 1992, p. 06). Porém, a criação formal de um Fórum, com coordenação própria e pauta específica de trabalho, não constava da programação da Reunião Técnica, nem passava pela cabeça dos dirigentes da ANPEd. Foi obra dos próprios coordenadores. Na verdade, eram tantas e complexas as questões que desafiavam os 7 Esta foi a primeira RA da ANPEd, em Caxambu, MG. A partir daí, todas as outras 17 RAs (com exceção de 2003, realizada em Poços de Caldas, MG), aconteceram também em Caxambu, MG. 5388 programas de pós-graduação nesse momento específico, que se fazia necessário um outro tipo de organização. Como várias das questões continuaram represadas, criamos o Fórum, que passará a estimular e divulgar a discussão visando seu aprofundamento e as possibilidades de avanços do sistema como um todo e de cada Programa com suas especificidades: assim reza o Relatório da 2ª Reunião Técnica dos Coordenadores de Programas de Pós-graduação (Cfr. Boletim ANPEd, 1993, p. 08). Depois de participarem durante 15 anos no interior da ANPEd, de maneira informal (no início eles mesmos convocando reuniões para discutir questões dos PPGEs; a partir de 1985, sendo convocados pela Diretoria da ANPEd), os Coordenadores de Pós-graduação em Educação tomam a deliberação de melhor organizar suas discussões e eles mesmos, enquanto um coletivo, no interior da Associação. Sem dúvida, um momento singular de crescimento e amadurecimento da ANPEd . O objetivo é promover o contínuo processo de discussão centrado na questão de Política de Pósgraduação em Educação no Brasil. E justificam a decisão tomada: A necessidade de um Fórum específico para essa discussão foi determinada pelo fato de não se poder ignorar que, após mais de vinte anos do estabelecimento dos cursos de PG no Brasil e da sua crescente expansão e de se dimensionar a direção que a própria pressão social, os novos paradigmas emergentes e as necessidades históricas colocam como desafios para os Programas e para as Universidades Brasileiras hoje (Cfr. Boletim ANPEd, 1993, p. 09). Apresentam a seguir, no Relatório, uma série de questões que desafiam o cotidiano dos Programas de Pós-graduação e que devem ser debatidas coletivamente, entre elas: natureza da PG; grau de exigência dos cursos de Mestrado e Doutorado; relação com as agências de fomento; relações nacionais e internacionais; relações inter-programas; sistemas de informação e bibliotecas. Estabelecem uma estrutura provisória de funcionamento do Fórum até a próxima RA da ANPEd (setembro/1993), quando então o Fórum promoverá sua primeira sessão plenária e elegem como coordenadores, nessa etapa de organização, os professores Neidson Rodrigues e José André Angotti, coordenadores respectivamente dos Programas de PG da UFMG e da UFSC. Porque os Coordenadores decidiram pela estrutura de Fórum e não de grupo de trabalho? O Relatório da 2ª Reunião Técnica apresenta duas razões fundamentais: A primeira se refere a uma ordem prática: como Fórum, o encontro é aberto a todas as pessoas interessadas em participar da discussão dos rumos da Pós-graduação, independentemente de qualquer vinculação formal a um programa específico. De outro lado, como Fórum, passa a ter agenda própria no interior da reunião da ANPEd, o que não impediria aos coordenadores de Programas a participação, ainda que restrita, a Grupos de Pesquisa vinculados a seus interesses profissionais específicos (Cfr. Boletim ANPEd, 1993, p. 09). E foi elaborada pelos presentes a proposta de atividades do Fórum para a próxima ANPEd. Tema: Desafios para a Pós-graduação em Educação no Brasil. O tema seria desdobrado em três momentos: Diagnóstico (quem somos? Onde estamos?); Análise crítica (como estamos?); Expansão e tendências (para onde vamos?). As atividades de implantação do FORPREd se deram por ocasião da 16ª RA, em Caxambu, setembro de 1993, conforme programado, e intensas sessões de grupos de trabalhos e plenárias, discutindo a agenda anteriormente proposta, foram levadas a cabo. Ficou estabelecido que o próximo encontro do Fórum acontecerá apenas no próximo ano, em maio. Ele passará a substituir a Reunião Técnica, com suas reuniões específicas que poderão ser em maio, anuais ou bienais. Ficou estabelecido, ainda, que as futuras reuniões anuais da ANPEd seriam exclusivamente de pesquisa. E foram eleitos os novos coordenadores do Fórum: Miriam Warde, da PUC-SP e Robert Verhine, da UFBa. 51 coordenadores ou representantes de PPGEs, 02 membros da Diretoria da ANPEd, 14 observadores e 04 representantes de agências de fomento participaram das reuniões do Fórum por ocasião da 16ª RA da ANPEd. 5389 Lemos no Relatório das atividades de implantação: O Fórum implantado poderá/deverá catalisar os trabalhos comuns e manter relações constantes, enquanto representação institucional, com a Diretoria da ANPEd, reciprocamente, com o conjunto dos programas de Pós-graduação. E ainda: O Fórum poderá manter representação nas iniciativas de avaliação, contribuindo para a participação de pares e mesmo acompanhando a avaliação externa da CAPES. Seu papel seria contribuir para alcançarem níveis qualitativos de avaliação, apoiados na Política de Pósgraduação (Boletim ANPEd, 1993, pp. 13 e 17). Na Apresentação do Boletim ANPEd 1993, o presidente da ANPEd assim se refere ao Fórum: Por decisão dos próprios Coordenadores em sua II Reunião Técnica realizada em Belo Horizonte em abril de 1993, o Fórum dos Programas de Pós-graduação em Educação, ali constituído, voltou-se a reunir-se em Caxambu, desenvolvendo programação própria e simultânea à 16ª Reunião Anual. O Fórum decidiu que, no futuro, suas Reuniões não mais coincidirão com as Reuniões Anuais da ANPEd. (Boletim ANPEd, 1993, p. 04). E na Assembléia da 16ª RA, Neidson Rodrigues, então coordenador do Fórum, ao relatar as atividades dos coordenadores, afirmou categoricamente que o Fórum não mais programaria atividades simultâneas à Reunião Anual. Para uma organização que iniciava suas atividades, com autonomia e com agenda específica, era importante delimitar o espaço e o tempo próprio de suas atividades peculiares. Mas questões de ordem prática e econômicas levaram o Fórum, em reuniões subseqüentes, a manter o espaço das Reuniões Anuais da ANPEd, como momentos apropriados de encontros e de debates. Uma questão aparece o tempo todo nas entrelinhas desse processo e não quer se calar: porque os coordenadores de programas de pós-graduação, nesse momento, sentem a necessidade de criar uma instituição paralela e autônoma à ANPEd? Fazem parte (como representantes de sócios institucionais) da ANPEd e, ao mesmo tempo, buscam autonomia integral em relação à ela? A Reunião Técnica dos Coordenadores de PPGEs8, em agosto de 1994, em BH., é de fundamental importância para a organização e estruturação do Fórum. Até então ele tinha se feito presente no interior da RA da ANPEd, através de encontros próprios e paralelos, tinha sido reconhecido pelo Presidente da ANPEd e seu coordenador teve direito à voz na assembléia final da 16ª RA. Porém, ele ainda era uma organização in fieri, tentando construir sua identidade. Mirian Warde, coordenadora em exercício, falando sobre o Fórum e as Políticas de Pós-graduação, assim se expressa: O Fórum não está ocupando o seu espaço. Ele tem que ser uma força própria e não apenas repetir as funções da ANPEd. Deve ocupar espaço entre os programas e a CAPES. É importante que os Coordenadores atuem diante da CAPES. Também é necessário alargar nossas discussões, não focalizando apenas as questões relativas às bolsas (Boletim ANPEd, 1994, p. 15). Nessa reunião foram definidas pelos coordenadores a organização e a estrutura do Fórum. Vale a pena destacar o seguinte: Relação com a ANPEd: Foi determinado que o Fórum é uma parte integrante da ANPEd, sendo ele uma reunião dos membros institucionais desta associação. Assim, os Programas de Pósgraduação não formalmente afiliados à ANPEd não serão considerados membros do Fórum. Foi também determinado que o Coordenador do Fórum seja convidado para as reuniões da Diretoria da ANPEd. Pouco mais de um ano depois de sua criação, há um avanço dos coordenadores na definição do papel e da função do Fórum: é uma parte integrante da ANPEd. Porém, é de se observar, pelo teor do Relatório, que a proposta acima do Fórum gera uma impressão de ele se fechar em si mesmo. Como é que o Fórum pode determinar que ele é parte integrante da ANPEd? que seu coordenador seja convidado para as reuniões da Diretoria da ANPEd? Além do mais, a idéia inicial de se criar a organização enquanto Fórum, por essa forma ser mais aberta e permitir a participação de interessados não representando programas de 8 Reunião que contou também com a presença da Diretoria da ANPEd, com Representantes do CNPq e da CAPES 5390 pós-graduação, sofre uma profunda restrição. Agora somente programas reconhecidos pela CAPES poderão ser membros efetivos do Fórum. A integração à organização maior, ANPEd, restringe o número de seus participantes? No que diz respeito à periodicidade e época de reuniões: Foi determinado que o Fórum tivesse duas reuniões por ano: uma reunião para assuntos substanciais, durante o primeiro semestre, preferencialmente no mês de maio, e uma segunda reunião de curta duração, logo antes ou logo depois da Reunião Anual da ANPEd . Em relação ao mandato de Coordenador e Vice-Coordenador: Foi decidido que o Coordenador tivesse mandato de 1 ano, sendo que o Vice-Coordenador eleito, assumirá a posição do Coordenador no ano subseqüente a seu mandato como Vice. Assim sendo, após uma eleição para Coordenador e Vice-Coordenador, será eleito apenas um Vice-Coordenador em cada ano subseqüente (Boletim da ANPEd, 1994, pp. 31-p.32). Essa proposta, muito interessante em si, não foi levada adiante. A professora Mirian Warde e Robert Verhine ficaram na coordenação por dois anos; bem como seus sucessores, Jacques Therrien (UFC) e Elisabeth Silveira (UERJ), também permaneceram na coordenação por dois anos. Somente em 2002, por ocasião da 25ª RA da ANPEd, foi aprovado o Regimento Interno do Fórum, que assim definiu o mandado dos coordenadores: Art.4º - O Fórum terá um coordenador e um vice-coordenador, eleito dentre os coordenadores dos programas associados para um mandato de dois anos, admitida uma recondução. Na 17ª RA da ANPEd, outubro de 1994, sob a coordenação do Vice, Robert Verhine, foi realizada uma reunião informal do Fórum, com os 23 Coordenadores presentes, que discutiu a política de bolsas da CAPES, a eleição para o Comitê Científico do CNPq e a implantação da rede ANPEd. Na assembléia dessa RA, o Parecer do Conselho Fiscal faz menção a duas realizações da gestão atual. Uma delas assim se expressa: 2) a constituição do Fórum de Coordenadores de Pósgraduação em Educação, como um momento específico e independente da reunião anual da ANPEd. Ainda na Assembléia, Verhine, vice-coordenador do Fórum, apresenta as informações sobre as atividades do Fórum, a reunião técnica de agosto de 1994 e a reunião na ANPEd dos coordenadores que estavam presentes, faz menção como serão as reuniões do Fórum, a eleição dos coordenadores e diz também que o Fórum de Coordenadores é, dentro da ANPEd, uma reunião de seus sócios institucionais (Boletim ANPEd, 1994, pp. 237, 258-9); mas as determinações e decisões do Fórum em agosto de 94, fundamentais para a organização e estrutura do Fórum em nenhum momento vai para debate ou votação na assembléia. Ainda não era o momento para tal. A próxima Reunião do Fórum (III Reunião) se deu apenas durante a 18ª RA da ANPEd, em Caxambu, setembro de 1995, contou com a participação de 52 coordenadores ou representantes de Programas. Foi coordenada pela Mirian Warde. Um dos pontos básicos da pauta: O papel e a organização do Fórum, considerando-se seu espaço junto à ANPEd. Certamente o teor do Relatório da Reunião anterior do Fórum gerou debates e questionamentos, pois que os encaminhamentos apresentados no Relatório desta Reunião são semelhantes aos anteriores, mas em outro tom. Duas propostas foram aprovadas pelos coordenadores: 1. participação do Fórum, com direito a voz, na Diretoria da ANPEd; 2. definição do espaço do Fórum, como uma das instâncias da ANPEd, via reformulação de seus estatutos. Houve eleição da nova coordenação do Fórum: Jacques Therrien/UFCe, coordenador e Elisabeth Silveira / UERJ, vice-coordenadora. Outro ponto importante: foram instituídas as representações regionais dos coordenadores. Entre as diversas moções enviadas pelo Fórum, ressaltem-se as seguintes: 1. O Fórum, objetivando dinamizar a articulação pesquisa e pós-graduação, solicita assento, com direito a voz, nas reuniões da ANPEd; 2. O Fórum, considerando a importância da base institucional para o desenvolvimento da pesquisa, reivindica à ANPEd que, ao ser feita a reformulação de seu Estatuto, analise e defina a forma mais adequada para incluir este Fórum como uma das instâncias de seu organograma, normatizando as conseqüências decorrentes desta inclusão (Cfr. Boletim ANPEd, 1995). 5391 Na 19ª RA da ANPEd, Caxambu, setembro de 1996, acontece a 4ª reunião do Fórum, coordenada por Jacques Therrien, com 43 Programas credenciados. Assim se pronuncia a Secretária da ANPEd, na Apresentação do Boletim da Associação: A ANPEd mantém estreito contato com a coordenação do Fórum, convidando seu representante para as reuniões da Diretoria, envolvendo-o (sic!) no planejamento da Reunião Anual e nas decisões da associação. Ponto importante: Durante a reunião extraordinária convocada pela ANPEd para discussão das alterações em seu Estatuto, foram aprovadas propostas para melhor articulação do Fórum à Associação. Ei-las: Cap. VII: Do Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-graduação em Educação Art. 25 – O Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-graduação em Educação é uma instância permanente de organização dos sócios institucionais da ANPEd. 1º - O Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-graduação em Educação deve contribuir, no âmbito de sua atuação, para a consecução dos objetivos da ANPEd. 2º - A Diretoria deverá consultar o Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-graduação em Educação para elaboração do plano anual de trabalho, para nomeação de substituto para complementação de mandato de membro da Diretoria, conforme artigo 14, parágrafo único, inciso II, e, sempre que oportuno, para o desenvolvimento de suas atividades (Boletim ANPEd, 1996, pp. 10 e 45). Estava assim constituído oficialmente o FORPREd. Agora oficialmente ele se tornou, no interior da ANPEd, a instância de organização dos sócios institucionais. Sua relação com a ANPEd foi definida formalmente; mas ele não conseguiu algumas de suas reivindicações básicas, como, por exemplo, a participação do coordenador do Fórum nas Reuniões da Diretoria da ANPEd, com direito a voz. E a relação Fórum/ANPED, mesmo definida pelo Estatuto da Associação, permaneceu indefinida e tensa em diversos momentos de seu percurso historio. Para Fávero, essa relação não só não está bem definida, como bem entendida. Diz ele: O Fórum é uma instância da ANPEd e como tal, não tem poder para dirigir-se diretamente à CAPES ou às agências de fomento. Isso não significa que seja uma extensão da Diretoria que quase sempre se vê obrigada a agir como a depositária da memória referida, quando não a assumir a convocação e mesmo a coordenação das reuniões. A dificuldade para elaborar e aprovar o regimento é um exemplo dessa indefinição (Fávero, 2005). Mas isso é assunto para um outro ensaio. Referências Bibliográficas. Boletim ANPEd, Plano de trabalho da ANPED para o período 1981/1982.Belo Horizonte, v. 3, n. 1, out.1981; Boletim ANPEd, Belo Horizonte, v. 5, n. 2, maio 1983; Boletim ANPEd, Nota Editorial. Niterói, v. 10, n. 2/3, abr./set. 1988; Boletim ANPEd, Niterói (RJ), nº 1-2, jan.-jun. 1989; Boletim ANPEd, Porto Alegre, n. 1/2, jan./dez. 1990; Boletim ANPEd, Porto Alegre, n. 1/2, jan./dez. 1991; Boletim ANPEd, Porto Alegre, n. 2, out./dez. 1992; Boletim ANPEd, Belo Horizonte, n. 2, out./dez. 1993; Boletim ANPEd, Belo Horizonte, n. 2, out./dez. 1994; 5392 Boletim ANPEd, Belo Horizonte, n. 2, out./dez. 1995; Boletim ANPEd, São Paulo, 1996; Cadernos ANPEd - Nova Fase. Porto Alegre, n. 3, 1991; CALAZANS, M. J. C. ANPEd - Trajetória da Pós-graduação e Pesquisa em Educação no Brasil. Documentos da ANPEd. Belo Horizonte: Editora Santa Edwiges, 1995; CALAZANS, M. J. C. “O papel do IESAE e da ANPEd na pós-graduação em educação”. Entrevista de Lucídio Bianchetti e Osmar Fávero. In In Revista Brasileira de Educação, set/out//nov/dez 2005, nº 30 Especial sobre os 40 anos da pós-graduação em Educação, pp. 151-161; FÁVERO, O. Entrevista sobre a história do FORPREd. Rio de Janeiro, 2005 (publicação interna) FERRARO, A. R. “A ANPEd, a pós-graduação, a pesquisa e a veiculação da produção intelectual na área de educação”. In Revista Brasileira de Educação, set/out//nov/dez 2005, nº 30 Especial sobre os 40 anos da pós-graduação em Educação, pp. 47-69; MEC-CAPES. Programa de pós-graduação em educação – linhas operacionais: 1975-1976. Brasília:CAPES;