Glaucoma O que é glaucoma? Glaucoma é a designação genérica de um grupo de doenças que atingem o nervo óptico (ver figura 1) e envolvem a perda de células ganglionares da retina num padrão característico de neuropatia óptica. A pressão intraocular elevada é um factor de risco significativo para o desenvolvimento de glaucoma, não existindo contudo uma relação causal directa entre um determinado valor da pressão intraocular e o aparecimento da doença. Uma pessoa pode desenvolver dano no nervo com pressões relativamente baixas, enquanto outra pessoa pode ter pressão intraocular elevada durante anos sem apresentar lesões. Figura 1. Esquema anatómico do olho. Quais as consequências do glaucoma? Se não for tratado o glaucoma leva ao dano permanente do disco óptico da retina, causando uma atrofia progressiva do campo visual, que pode progredir para cegueira. A cegueira causada pelo glaucoma é irreversível. Assim, é importante diagnosticar o glaucoma no início, antes que o nervo óptico seja muito lesado. Tipos de glaucoma O tipo mais comum é o glaucoma primário de ângulo aberto, frequentemente assintomático. Uma das causas pode ser uma obstrução do escoamento do humor aquoso do olho. O humor aquoso é produzido no corpo ciliar do olho, fluindo através da pupila para a câmara anterior. A malha trabecular então drena o líquido para o canal de Schlemm e finalmente para o sistema venoso. Todos os olhos possuem alguma pressão intraocular que é causada pela presença de alguma resistência ao fluxo do humor aquoso através da malha trabecular e do canal de Schlemm. Se a pressão intraocular for alta demais (maior do que 21,5 mm Hg), a pressão nas paredes do olho resultará na compressão das estruturas oculares (figura 2). Entretanto, outros factores, como perturbações no fluxo sanguíneo no nervo óptico podem interagir com a pressão intraocular e afectar o nervo óptico. Em um terço dos casos de glaucoma primário de ângulo aberto a pressão intraocular parece normal. Esses casos são chamados de glaucoma de pressão normal. Devido ao fato de exames do nervo óptico nem sempre serem realizados juntamente com medidas de pressão intraocular em pacientes de risco, o glaucoma de pressão normal é mais raramente diagnosticado até as condições se apresentarem adiantadas. MALHA TRABECULAR Figura 2. Esquema de como ocorre o aumento da pressão intraocular no glaucoma. Outro tipo, o glaucoma de ângulo fechado, é caracterizado por aumentos súbitos de pressão intraocular. Isto ocorre em olhos susceptíveis quando a pupila dilata e bloqueia o fluxo do fluido através dela, levando à íris bloquear a malha trabecular. Glaucoma de ângulo fechado pode causar dor e reduzir a acuidade visual (visão nublada), e pode levar à perda visual irreversível dentro de um curto período de tempo. É considerada uma situação de emergência oftalmológica e requer tratamento imediato. Muitas pessoas com esse glaucoma podem visualizar um halo em volta de pontos de luz brilhantes, além da perda de visão característica da doença. Glaucoma congénito é uma doença genética rara que atinge bebês. Recém nascidos com globos oculares aumentados e córneas embaçadas. Se considera que a causa da pressão intraocular elevada nesses casos é causada pela redução da permeabilidade trabecular. O tratamento é a cirurgia. Glaucoma secundário ocorre como uma complicação de várias condições médicas, como cirurgia ocular, catarata avançada, lesões oculares, uveítes, diabetes ou uso de corticóides. Sintomas Inicialmente, o glaucoma raramente apresenta sintomas. Na maioria dos casos, o glaucoma desenvolve-se lentamente, sem que o doente perceba. Uma complicação quase inevitável do glaucoma é a perda visual. A perda visual causada por glaucoma atinge primeiro a visão periférica. No começo a perda é sutil, e pode não ser percebida pelo doente. Perdas moderadas a severas podem ser notadas pelo doente através de exames atentos da sua visão periférica. Isso pode ser feito fechando um olho e examinando todos os quatro cantos do campo visual notando claridade e acuidade, e então repetindo o processo com o outro olho fechado. Frequentemente o paciente não nota a perda de visão até vivenciar a "visão tunelada" (figura 3). Se a doença não for tratada, o campo visual se estreita cada vez mais, obscurecendo a visão central e finalmente progredindo para a cegueira do olho afectado. A B Figura 3. Pessoa com visão normal (A), e pessoa com glaucoma (B). Factores de risco O principal fator de risco é o aumento da pressão intra-ocular. Outros são: - idade acima de 40 anos - pessoas com história familiar de glaucoma têm cerca de 6% de chance de desenvolver a doença. - Diabéticos e negros são mais propensos a desenvolverem glaucoma de ângulo aberto, e asiáticos têm maior tendência a desenvolver glaucoma de ângulo fechado. - miopia elevada - fatores vasculares (hipotensão arterial noturna, diabetes, oclusão venosa prévia). - enxaqueca Que exames o oftalmologista faz para diagnosticar e controlar o glaucoma? O oftalmologista realiza uma série de exames, para diagnosticar e controlar o glaucoma: a) Medida da pressão intraocular- Através deste exame, o oftalmologista saberá se o indivíduo tem pressão intraocular normal ou alta. Em geral, são considerados normais os valores entre 10 e 20 mm Hg. b) Exame do nervo óptico- Através deste exame, o oftalmologista saberá se existe lesão do nervo óptico causada pelo glaucoma. c) Exame do campo visual- O glaucoma não controlado leva progressivamente à perda de partes do campo de visão. O exame de campo visual serve para detectar estas perdas e observar se estes defeitos progridem com o tempo. Tratamento Apesar da pressão intraocular elevada não ser a única causa do glaucoma, até o momento diminuí-la é o principal tratamento. O tratamento mais comum é feito com colírios, porém algumas vezes são necessários comprimidos. Nos casos de difícil controlo, pode ser necessária a realização de raio laser ou cirurgia. Drogas Pressão intraocular pode ser diminuída com medicamentos, em geral, colírios. Há diversas classes diferentes de medicamentos para tratar glaucoma, com diversos medicamentos em cada classe. Antagonistas adrenérgico beta de uso tópico, como o timolol e o betaxolol diminuem a produção de humor aquoso. Medicamentos simpatomiméticos menos selectivos, como a epinefrina, aumentam o fluxo do humor aquoso através da malha trabecular. Agentes mióticos para-simpatomiméticos como a pilocarpina funcionam pela contração do músculo ciliar, estreitando a malha trabecular e permitindo o aumento do fluxo através das vias tradicionais. Inibidores da anidrase carbônica, como a dorzolamida, diminuem a secreção do humor aquoso pela inibição da anidrase carbônica no corpo ciliar. O tratamento do glaucoma com colírios é longo e pode durar toda a vida. De nada adianta proteger o seu nervo óptico durante apenas alguns dias. Sempre que a pressão intraocular estiver alta, algum dano ao nervo óptico estará sendo causado. Uma vez iniciado o tratamento do glaucoma, ele só poderá ser interrompido pelo oftalmologista. Cirurgia Tanto a cirurgia a laser quanto a tradicional pode ser realizadas para o tratamento de glaucoma. A trabeculoplastia laser pode ser utilizada para tratamento de glaucoma de ângulo aberto. Um Este tratamento permite estimular a abertura da malha e permitir um aumento no escoamento do humor aquoso. A cirurgia convencional mais comum realizada para tratamento de glaucoma é a trabeculectomia. Esta intervenção permite o fluido escoar para fora do olho através desta abertura, resultando em diminuição da pressão intraocular. Bibliografia o o o o o o Deepak Gupta. Glaucoma. Diagnosis and management, 1ª Edição, Lippimcott Williams & Wilkins, 2005; Steve M Reece. Trends in Glaucoma Research, 2ª Edição, Nova Science Publishers Inc, 2006; http://pt.wikipedia.org/wiki/Glaucoma Figura1. http://images.google.com/imgres?imgurl=http://www.drvisao.com.br/imagem/conheca/globo_ocul ar.gif&imgrefurl=http://www.drvisao.com.br/conheca_olho.php&usg=__xQgoTpQerwMUUepD0JMz9kxZY=&h=300&w=500&sz=30&hl=ptPT&start=18&um=1&tbnid=f1KFimH0PcC2M:&tbnh=78&tbnw=130&prev=/images%3Fq%3Danatomia%2Bolho%26gbv%3D2% 26hl%3Dpt-PT%26sa%3DG%26um%3D1 Figura 2. http://images.google.com/imgres?imgurl=http://www.excimer.med.br/glaucoma.gif&imgrefurl=htt p://www.excimer.med.br/glaucoma.htm&usg=___d9W0CXBtQQrRqJD9K6SbTMtJRs=&h=415 &w=325&sz=11&hl=en&start=2&tbnid=09YhkRiGcpSZVM:&tbnh=125&tbnw=98&prev=/imag es%3Fq%3Dmalha%2Btrabecular%26gbv%3D2%26hl%3Den Figura3. http://images.google.com/imgres?imgurl=http://www.webbooks.com/eLibrary/Medicine/Eyes/Images/Glaucoma1.gif&imgrefurl=http://www.webbooks.com/eLibrary/Medicine/Eyes/Glaucoma.htm&usg=__84MmXIDhZXFBwhWBZmoDEuxTuM=&h=279&w=300&sz=43&hl=ptPT&start=20&tbnid=GLVbqNnJJOK_NM:&tbnh=108&tbnw=116&prev=/images%3Fq%3Dglau coma%26gbv%3D2%26ndsp%3D18%26hl%3Dpt-PT%26client%3Dfirefoxa%26rls%3Dorg.mozilla:pt-PT:official%26sa%3DN%26start%3D18 Autoria: Ermelindo Leal