I Rafael Vidal Mérula ESTUDO COMPARATIVO DA MORFOMETRIA OCULAR ENTRE OLHOS CONTRALATERAIS DE PACIENTES COM FECHAMENTO ANGULAR PRIMÁRIO AGUDO E OLHOS COM DIAGNÓSTICO ÂNGULO ABERTO ATRAVÉS DA DE E GLAUCOMA SEIO PRIMÁRIO CAMERULAR BIOMICROSCOPIA ESTREITO ULTRA-SÔNICA, PAQUIMETRIA, ECOBIOMETRIA E CERATOMETRIA Belo Horizonte Faculdade de Medicina da UFMG 2008 DE 2II Rafael Vidal Mérula ESTUDO COMPARATIVO DA MORFOMETRIA OCULAR ENTRE OLHOS CONTRALATERAIS DE PACIENTES COM FECHAMENTO ANGULAR PRIMÁRIO AGUDO E OLHOS COM DIAGNÓSTICO ÂNGULO ABERTO ATRAVÉS DA DE E GLAUCOMA SEIO PRIMÁRIO CAMERULAR BIOMICROSCOPIA DE ESTREITO ULTRA-SÔNICA, PAQUIMETRIA, ECOBIOMETRIA E CERATOMETRIA Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Medicina, área de Oftalmologia, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Medicina. Área de concentração: Oftalmologia Orientador: Prof. Dr. Sebastião Cronemberger Belo Horizonte 2008 III 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Reitor Prof. Ronaldo Tadêu Pena Pró-Reitor de Pós-Graduação Prof. Jaime Arturo Ramirez Pró-Reitor de Pesquisa Prof. Carlos Alberto Pereira Tavares Diretor da Faculdade de Medicina Prof. Francisco José Penna Diretora do Hospital das Clínicas Profª. Tânia Mara Assis Lima Coordenador do Centro de Pós-Graduação da Faculdade de Medicina Prof. Carlos Faria Santos Amaral Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Oftalmologia Prof. Joel Edmur Boteon Chefe do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia Profª. Ana Rosa Pimentel de Figueiredo Membros do Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Medicina, área de Oftalmologia Prof. Fernando Oréfice Prof. Henderson Celestino de Almeida Prof. Homero Gusmão de Almeida Prof. Joel Edmur Boteon Prof. Márcio Bittar Nehemy Prof. Marco Aurélio Lana Peixoto Prof. Sebastião Cronemberger Representante discente: Leonardo Rodrigues Pereira 4IV A Comissão Examinadora que assina abaixo _______________________a tese intitulada “ESTUDO COMPARATIVO DA MORFOMETRIA OCULAR ENTRE OLHOS CONTRALATERAIS DE PACIENTES COM FECHAMENTO ANGULAR PRIMÁRIO AGUDO E OLHOS COM DIAGNÓSTICO DE GLAUCOMA PRIMÁRIO DE ÂNGULO ABERTO E SEIO CAMERULAR ESTREITO ATRAVÉS DA BIOMICROSCOPIA ULTRA-SÔNICA, PAQUIMETRIA, ECOBIOMETRIA E CERATOMETRIA”, apresentada e defendida, em sessão pública, por RAFAEL VIDAL MÉRULA, para a obtenção do grau de Doutor em Medicina, pelo programa de Pós-Graduação em Medicina, área de Oftalmologia, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais.Universidade Federal de Minas Gera P___________________________________ Prof. Dr. Sebasião Cronemberger Orientador Universidade Federal de Minas Gerais P___________________________________ Prof. Dr. Nassim Calixto Universidade Federal de Minas Gerais ___________________________________ Prof. Dr. Homero Gusmão de Almeida Universidade Federal de Minas Gerais ___________________________________ Prof. Dr. Marcelo Pallis Ventura Universidade Federal Fluminense ___________________________________ Prof. Dr. Roberto Freire Santiago Malta Universidade de São Paulo Universidade Federal Fluminense Suplentes: ___________________________________ Prof. Dr. Joel Edmur Boteon Universidade Federal de Minas Gerais Minas Gerais ___________________________________ Dr. Lisandro Sakata Prof. Voluntário Universidade Federal do Paraná Universidade Federal do Rio Grande do Sul Belo Horizonte, de de 2008. 5V A Deus, Fonte de fé e perseverança. Aos meus pais Sinval e Marília, esteio e exemplo. À minha irmã Cyntia, incentivadora e amiga. À minha esposa Ana Paula, inspiração, amor e companheirismo em todos os momentos. À minha filha Laura, razão da minha vida. VI6 AGRADECIMENTOS À minha esposa Ana Paula pela compreensão, incentivo e apoio a esse sonho, e ao longo de toda a caminhada discente, do ensino médio à pós-graduação. Ao meu pai Sinval, pelo apoio incondicional, pelo exemplo de vida honesta e de médico dedicado. À minha mãe Marília, que nunca mediu esforços para deixar seus afazeres e estar ao meu lado em todos os momentos da minha vida. Ao professor Sebastião Cronemberger, pelo incentivo, pela dedicação, pela amizade e por ter contribuído tanto para o meu aprimoramento científico com sua orientação precisa e integral. Ao professor Nassim Calixto, cientista de admirável dedicação, pelos ensinamentos e apoio constantes, por mostrar amor e devoção à Oftalmologia e especialmente à Glaucomatologia. Ao colega Dr. Alberto Diniz Filho, por ter compartilhado esse sonho comigo, pelo incentivo constante, e pela amizade (“meu irmão”) que foi sendo construída ao longo da residência e do curso de pós-graduação. Ao Dr. Márcio José Martins Alves, professor adjunto do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora, pela dedicação e pela disponibilidade em ajudar na realização da análise estatística desse estudo. Ao Professor Dr. Márcio Bittar Nehemy, pelos incentivos no curso de pós-graduação e por ter disponibilizado o aparelho de biomocroscopia ultra-sônica do Instituto da Visão para a concretização dessa tese. À Dra. Marta Halfeld Ferrari Alves Lacordia, pelo apoio, pela amizade e pelos estímulos constantes durante a realização desse estudo. Aos funcionários da Universidade Federal de Minas Gerais, especialmente ao Sr. José Francisco do Nascimento, Sra. Maria Lúcia dos Santos e Sra. Maria dos Anjos pela disponibilidade e amizade no Serviço de Glaucoma. Às secretárias do departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Fonoaudiologia da FM-UFMG, especialmente à Sra. Rosemary Rodrigues Silva e Maria do Rosário Pompéia de Aquino, por terem sempre sido prestativas e acolhedoras. Aos amigos Fabio Malmagrin, Felipe Pereira, Patrick Reis, Leonardo Torqueti, Samuel Accioly, Gustavo Mendonça, Max Morales, Márcio Eulálio, Salvador Chacur, Bianca Kneipp, Cristiana Ramalho, Monica Chagas, Beatriz Hollanda pela confiança e companheirismo. A todos aqueles não mencionados aqui, que colaboraram de alguma forma para a concretização dessa tese. VII 7 “Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... Lembre-se. Se escolher o mundo ficará sem o amor, mas se escolher o amor com ele você conquistará o mundo.” Albert Einstein VIII 8 RESUMO Estudo comparativo da morfometria ocular entre olhos contralaterais de pacientes com fechamento angular primário agudo e olhos com diagnóstico de glaucoma primário de ângulo aberto e seio camerular estreito através da biomicroscopia ultrasônica, paquimetria, ecobiometria e ceratometria. Tese [Doutorado]. Belo Horizonte: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais; 2008. Introdução: O fechamento angular primário agudo (FAPA) é uma emergência oftalmológica. Ainda não temos dados concretos sobre possíveis parâmetros morfológicos oculares que possam predizer a ocorrência de uma crise. Objetivo: Comparar olhos com uma característica anatômica semelhante (seio camerular estreito/fechado): olhos com diagnóstico de glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) com seio camerular estreito e olhos contralaterais de FAPA, através da biometria, biomicroscopia ultra-sônica (UBM), ceratometria média (Km) e paquimetria (espessura corneana central - ECC). Pacientes e métodos: Vinte e sete olhos de 27 pacientes com diagnóstico de GPAA com seio camerular estreito e 30 olhos contralaterais de pacientes portadores de FAPA foram selecionados no Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo / HC-UFMG, entre setembro/2005 e junho/2007. Dados biométricos (profundidade central de câmara anterior (PCA), espessura do cristalino (CR), diâmetro axial ântero-posterior (AXL), relação espessura do cristalino e diâmetro axial ânteroposterior (CR/AXL), posição do cristalino, posição relativa do cristalino), Km, ECC e de UBM (PCA, distância de abertura do ângulo a 250 e 500µm do esporão escleral (AOD250 e AOD500), distância da malha trabecular ao processo ciliar (TCPD), distância entre a íris e o processo ciliar, espessura da íris a 500µm do esporão IX9 escleral, espessura da íris a 2mm da inserção da íris no corpo ciliar, espessura máxima da íris próxima a borda pupilar (ID3), espessura escleral a 2mm do esporão escleral, espessura do corpo ciliar a 2mm do esporão escleral, extensão do contato iridolenticular (ILCD)) analisados comparativamente. Na análise estatística, utilizouse nível de significância de 5%. Um modelo de regressão logística foi construído com a finalidade de predizer o risco de FAPA, dentre os olhos estudados. Ceratometria média, ECC e CR/AXL foram utilizados para construir o modelo. Resultados: A comparação biométrica mostrou que o grupo FAPA contralateral apresentou, de modo estatisticamente significativo, menor PCA (2,48 ± 0,31 vs. 2,71 ± 0,32; p = 0,009), menor AXL (21,83 ± 0,87 vs. 22,44 ± 0,87; p = 0,010), e maior CR/AXL (2,24 ± 0,18 vs. 2,11 ± 0,14 ; p = 0,005). Olhos com seio estreito apresentaram menores valores de Km (p = 0,034), e ECC menor (p = 0,023) que olhos contralaterais de FAPA. Valores acima de 0,334 do modelo de regressão logística apresentaram 83,3% de sensibilidade e 70,4% de especificidade para diferençar olhos contralaterais de FAPA dentre os olhos avaliados nesse estudo. A comparação dos parâmetros de UBM mostrou que o grupo FAPA contralateral apresentou, de modo estatisticamente significativo, menor PCA no claro (p < 0,001) e no escuro (p < 0,001); menor AOD250 no quadrante superior no claro (p = 0,002) e no escuro (p = 0,015), e no quadrante inferior no claro (p < 0,001) e no escuro (p < 0,001); menor AOD500 no quadrante superior no claro (p < 0,001) e no escuro (p < 0,001), e no quadrante inferior no claro (p < 0.001) e no escuro (p < 0,001); menor TCPD no quadrante superior no claro (p = 0,017) e no escuro (p = 0,044), e no quadrante inferior no claro (p = 0,047); e menor ID3 no quadrante superior no claro (0,042) e no escuro (p = 0,021), e no quadrante inferior no escuro (p = 0,016). 10X Conclusão: Olhos contralaterais de FAPA apresentaram menor PCA, menor AXL e maior CR/AXL. Olhos com GPAA e seio estreito apresentaram menor Km e menor ECC. Com a utilização da UBM verificou-se que os olhos contralaterais com FAPA apresentaram um segmento anterior mais aglomerado. O modelo de regressão logística mostrou resultados promissores para diferençar olhos contralaterais de FAPA de olhos com GPAA e seio estreito. Palavras-chave: Glaucoma de Ângulo Aberto. Microscopia. Biometria. Dissertações Acadêmicas. XI 11 ABSTRACT Ocular morphometric comparative study between fellow eyes of patients with acute primary angle-closure and eyes of patients with diagnosis of primary open-angle glaucoma and narrow angle using ultrasound biomicroscopy, pachymetry, biometry, and keratometry. Thesis [Doctorate]. Belo Horizonte: Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais; 2008. Introduction: The acute primary angle-closure (APAC) is an ophthalmologic emergency. We still do not have substantial data about the possible parameters that could predict the occurrence of an attack. Objective: To compare eyes that present a similar anatomic feature (narrow or closed angle), such as eyes with the diagnosis of primary open-angle glaucoma (POAG) with narrow angle and fellow APAC eyes, using biometric and ultrasound biomicroscopic (UBM) parameters, average keratometry (K) and pachymetry (central corneal thickness - CCT). Patients and Methods: Twenty seven eyes of 27 patients with the diagnosis of POAG with narrow angle and 30 fellow eyes of APAC patients were recruited from the Glaucoma Service of Hospital São Geraldo Hospital/HC-UFMG from September 2005 to June 2007. These eyes were comparatively assessed using biometric data (anterior central chamber depth (ACD), lens thickness (LT), ocular axial length (AL), lens thickness and ocular axial length ratio (LT/AL), lens position, relative lens position), K, ECC and UBM (ACD, angle opening distance 250 and 500 µm from the scleral spur (AOD 250 and AOD 500), distance from trabecular meshwork to ciliary process (TCPD), the distance measured from the posterior iris surface (iris pigmented epithelium) to the ciliary process along the same line as the TCPD, iris XII 12 thickness 500 µm from the scleral spur, iris thickness 2 mm from the iris insertion on ciliary body, maximum iris thickness near the pupillary edge (ID3), the scleral thickness measured at 2 mm from scleral spur, ciliary body thickness measured at 2 mm from the scleral spur, iris-lens contact distance (ILCD)). Statistical analysis considered a level of significance of 5%. A logistic regression model was built with the aim to predict the risk of APAC among the eyes analysed. Keratometry, CCT and LT/AL were used to build the model. Results: The biometric comparison demonstrated that contralateral APAC eyes showed, with statistical significance, lower ACD (2.48 ± 0.31 vs. 2.71 ± 0.32; P = 0.009), lower AL (21.83 ± 0.87 vs. 22.44 ± 0.87; P = 0.010) and higher LT/AL (2.24 ± 0.18 vs. 2.11 ± 0.14; P = 0.005). Narrow angle eyes showed lower K (P = 0.034), and lower CCT (P = 0.023) than fellow eyes of APAC. Values higher than 0.334 of the logistic regression model showed 83.3% of sensitivity and 70.4% of specificity to separate fellow eyes with APAC among the eyes assessed in this study. The UBM comparison demonstrated that contralateral APAC eyes showed, with statistical significance, lower ACD in light (P < 0.001) and dark (P < 0.001), lower AOD250 superior quadrant in light (P = 0.002) and dark (P = 0.015), lower AOD500 superior quadrant in light (P < 0.001) and dark (P < 0.001), lower TCPD superior quadrant in light (P = 0.017) and dark (P = 0.044), lower ID3 superior quadrant in light (P = 0.042) and dark (P = 0.021), lower AOD250 inferior quadrant in light (P < 0.001) and dark (P < 0.001), lower AOD500 inferior quadrant in light (P < 0.001) and dark (P < 0.001), lower TCPD inferior quadrant in light (P = 0.047), and lower ID3 inferior quadrant in dark (P = 0.016). Conclusion: Fellow eyes of APAC demonstrated lower ACD, lower AL and higher LT/AL. Eyes with narrow angle demonstrated lower K and CCT. Using UBM, it was XIII 13 verified that fellow eyes of APAC showed a more crowded anterior segment. The logistic regression model showed promising results in distinguishing fellow eyes of APAC from eyes with POAG and narrow angle. Keywords: Open-angle glaucoma. Microscopy. Biometry. Academic Dissertations. XIV 14 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Desenho esquemático dos parâmetros da UBM analisados no presente estudo. A. AOD500, AOD250, ST2, CBT2. B. TCPD, ICPD, ID1, ID2, ID3, ILCD..............................................................................................62 Gráfico 1 – Curva ROC do modelo de regressão logística (MRL = ceratometria, espessura corneana central e razão espessura do cristalino/diâmetro axial ântero-posterior)...........................................................................73 Gráfico 2 – Curva ROC da ceratometria média (K).................................................73 Gráfico 3 – Curva ROC da profundidade central da câmara anterior (PCA)..........74 Gráfico 4 – Curva ROC da razão entre espessura do cristalino e diâmetro axial antero-posterior (CR/AXL)....................................................................74 Gráfico 5 – Curva ROC do diâmetro axial antero-posterior (AXL)..........................75 Gráfico 6 – Curva ROC da espessura corneana central (ECC)..............................75 XV 15 LISTA DE QUADROS E TABELAS Tabela 1 – Resultados pós “status” de fechamento angular..................................36 Tabela 2 – Características demográficas dos pacientes com FAPA e SCE..........69 Tabela 3 – Características clínicas, gonioscopia, ceratometria e paquimetria dos olhos dos grupos FAPA contralateral e SCE; e significância (valores de p) entre os grupos.................................................................................70 Tabela 4 – Características biométricas dos olhos dos grupos FAPA contralateral e SCE; e significância (valores de p) entre os grupos.............................71 Tabela 5 – As variáveis na equação do modelo de regressão logística................72 Tabela 6 – Sensibilidade, especificidade e área sob a curva ROC do modelo de regressão logística, ceratometria, dados biométricos e ECC com a finalidade de separar os olhos contralaterais de FAPA dentre os olhos estudados.............................................................................................76 Tabela 7 – Valores dos parâmetros da UBM dos olhos dos grupos FAPA contralaterais e SCE.............................................................................77 Tabela 8 – Valores dos parâmetros da UBM dos olhos dos grupos FAPA contralaterais e SCE (claro x escuro)...................................................78 Quadro 1 – Classificação do fechamento angular primário (FAP) (FOSTER et al., 2002).....................................................................................................26 Quadro 2 – Classificação Gonioscópica do Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo/HC-UFMG...............................................................................57 XVI 16 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AOD250……………………………distância de abertura do ângulo a 250 micrômetros do esporão escleral AOD500........................................distância de abertura do ângulo a 500 micrômetros do esporão escleral AXL................................................diâmetro axial ântero-posterior β.....................................................valores dos coeficientes de regressão CBT2.............................................espessura do corpo ciliar a 2,0 mm do esporão escleral CIP...............................................configuração da íris em platô CR................................................espessura do cristalino CR/AXL.........................................relação entre espessura do cristalino e diâmetro ântero-posterior dB..................................................decibel ECC...............................................espessura corneana central E/D.................................................relação escavação/disco óptico et al. ..............................................et alli ETDRS………………………………Early Treatment of Diabetic Retinopathy Study EUA................................................Estados Unidos da América FAP.................................................fechamento angular primário FAPA...............................................fechamento angular primário agudo GPAA..............................................glaucoma primário de ângulo aberto GPAF..............................................glaucoma primário de ângulo fechado HC-UFMG.......................................Hospital das Clinicas – Universidade Federal de Minas Gerais XVII 17 ICPD.................................................distância entre a íris e o processo ciliar ID1...................................................espessura iriana 1 ID2...................................................espessura iriana 2 ID3...................................................espessura iriana 3 ILCD.................................................extensão do contato iridocristaliniano IPL....................................................iridotomia periférica a laser K......................................................valor ceratométrico médio laser.................................................light amplification of stimulated emission of radiation ln.......................................................logaritmo natural LOCS...............................................Sistema de Classificação de Opacidades Cristalinianas logMar...............................................logaritmo de resolução angular mínima lux.....................................................unidade de iluminância (mede a incidência de um lúmen) mg/cc................................................miligramas por centímetro cúbico mm....................................................milímetro mmHg...............................................milímetro de mercúrio m/s....................................................metro por segundo p……………………………. ...............nível de significância estatística pe........................................................probabilidade do evento PCA....................................................profundidade central da câmara anterior PC......................................................posição do cristalino Po.......................................................pressão intra-ocular PRC....................................................posição relativa do cristalino XVIII 18 ROC...................................................Receiver Operating Characteristic Curve SCE...................................................seio camerular estreito SFAP.................................................suspeito de fechamento angular primário ST2....................................................espessura da esclera a 2mm do esporão escleral TCPD.................................................distância da faixa trabecular ao processo ciliar UBM....................................................biomicroscopia ultra-sônica µm......................................................micrômetro vs........................................................versus XIX 19 LISTA DE SÍMBOLOS >........................................ maior que <........................................ menor que ≥........................................ maior ou igual que ≤........................................ menor ou igual que =.........................................igual ±........................................ mais ou menos (introduzindo valor de desvio-padrão) %........................................porcentagem XX 20 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... .21 2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................. 24 2.1 DEFINIÇÃO/NOMENCLATURA..................................................... 25 2.2 EPIDEMIOLOGIA........................................................................... 26 2.3 ETIOPATOGENIA.......................................................................... 30 2.4 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS/BIOMÉTRICAS................... 31 2.5 OLHO CONTRALATERAL............................................................ 38 2.6 BIOMICROSCOPIA ULTRA-SÔNICA E O FECHAMENTO ANGULAR PRIMÁRIO................................................................... 39 2.7 TRATAMENTO.............................................................................. 44 3 OBJETIVOS.......................................................................................................... 47 3.1 OBJETIVOS................................................................................... 48 3.2 HIPÓTESES DE NULIDADE......................................................... 48 3.2 HIPÓTESES ALTERNATIVAS....................................................... 49 4 PACIENTES E MÉTODOS.................................................................................... 50 4.1 SELEÇÃO DOS PACIENTES........................................................ 51 4.2 ESTUDO DOS PACIENTES.......................................................... 55 4.3 EXAME OFTALMOLÓGICO.......................................................... 56 4.4 CERATOMETRIA........................................................................... 58 4.5 PAQUIMETRIA............................................................................... 58 4.6 ECOBIOMETRIA............................................................................ 58 4.7 BIOMICROSCOPIA ULTRA-SÔNICA............................................ 59 4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................ 62 4.9 MATERIAIS E MEDICAMENTOS.................................................. 64 5 RESULTADOS....................................................................................................... 67 6 DISCUSSÃO.......................................................................................................... 79 7 CONCLUSÕES...................................................................................................... 90 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 93 9 APÊNDICES......................................................................................................... 106 APÊNDICE A – Trabalho publicado nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia..................................................................................107 APÊNDICE B – Formulário utilizado para coleta dos dados........................................112 APÊNDICE C – Trabalho publicado nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia........113 21 1 INTRODUÇÃO 22 1 INTRODUÇÃO Estima-se que 66,8 milhões de pessoas são afetadas por glaucoma primário no mundo e aproximadamente metade delas são acometidas por glaucoma primário de ângulo fechado (GPAF) (QUIGLEY, 1996). Acredita-se que em torno de 79,6 milhões apresentarão glaucoma em 2020 (QUIGLEY & BROMAN, 2006). O fechamento angular primário agudo (FAPA) é uma forma da doença com risco elevado de perda visual que requer tratamento imediato e efetivo, e usualmente manifesta-se através de ataques sintomáticos agudos. A incidência do FAPA é particularmente alta em populações asiáticas (SEAH et al., 1997; LAI et al., 2001). Entretanto, há pouca informação disponível sobre a epidemiologia do FAPA na América do Sul, ressalvando-se estudo que publicamos recentemente sobre a incidência do FAPA no Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo (MÉRULA et al., 2008b) que foi de 22,7 casos por 1000 atendimentos de pacientes novos admitidos no serviço (APÊNDICE A). Estudos biométricos das dimensões oculares de olhos com fechamento angular primário (FAP) contribuíram para o esclarecimento de aspectos fisiopatológicos do bloqueio pupilar e do fechamento angular. Estes estudos verificaram que olhos com FAP, quando comparados com olhos normais, apresentaram menor diâmetro axial ântero-posterior (AXL) (LOWE, 1970; TOMLINSON & LEIGHTON, 1973; ALSBIRK, 1976; LOWE, 1977; GEORGE et al., 2003; RAMANI, et al., 2007), menor profundidade central da câmara anterior (PCA) (LOWE, 1970; TOMLINSON & LEIGHTON, 1973; ALSBIRK, 1976; LIN et al., 1997; GEORGE et al., 2003; RAMANI, et al., 2007), menor raio da curvatura corneana anterior (LOWE & CLARK, 1973b; 23 TOMLINSON & LEIGHTON, 1973), menor raio da curvatura corneana posterior (LOWE & CLARK, 1973a), menor raio da curvatura cristaliniana anterior (TORNQUIST, 1957), maior espessura do cristalino (CR) (STOREY & PHILLIPS, 1971; TOMLINSON & LEIGHTON, 1973; GEORGE et al., 2003;), posição do cristalino (PC) mais anterior (LOWE, 1969), e maiores valores da relação entre espessura do cristalino e diâmetro ântero-posterior (CR/AXL) (MARKOWITZ & MORIN, 1985; YAMANE, 1997). A biomicroscopia ultra-sônica (UBM) é um exame de imagem, não invasivo, do segmento anterior em alta resolução (40µm) (PAVLIN et al., 1990). A importância da UBM no auxílio do esclarecimento do mecanismo fisiopatológico do fechamento angular já foi demonstrada em estudo sobre o FAP (RITCH & LIEBMANN, 1998) e as mudanças morfológicas que ocorrem após a iridotomia (ANDRADE, 1999; GAZZARD et al., 2003). O conhecimento atual sobre a fisiopatologia do fechamento angular e as possíveis características anatômicas que poderiam predizer uma crise aguda não está totalmente estabelecido. Desse modo, o presente estudo tem o propósito de comparar, através da UBM, paquimetria, ecobiometria e ceratometria, olhos que apresentem uma característica anatômica similar no segmento anterior (seio camerular estreito): olhos com o diagnóstico de glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA) e seio camerular estreito (SCE), e olhos contralaterais de FAPA; com o intuito de adicionar informações às questões acima relacionadas. 24 2 REVISÃO DA LITERATURA 25 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 DEFINIÇÃO/NOMENCLATURA O mecanismo do FAP segundo Curran (1931), Barkan (1938) e Chandler (1952) ainda é aceito hoje. Ocorre devido ao bloqueio pupilar, com a dificuldade do fluxo de humor aquoso da câmara posterior para a anterior e fechamento do ângulo, mecanismo possível em olhos predispostos com câmara anterior rasa e SCE. O bloqueio aposicional da íris sobre a rede trabecular constitui um conjunto de entidades caracterizado por relações anormais entre estruturas do segmento anterior do olho e geralmente tem um ou mais fatores desencadeantes. O fechamento do seio pode ser causado pelas seguintes combinações: anormalidades no tamanho ou na posição relativa de estruturas do segmento anterior do olho; e forças anormais no segmento posterior que alteram a anatomia do segmento anterior (RITCH & LOWE, 1996). Recentemente, Foster et al. (2002) propuseram um novo esquema de classificação para pacientes com GPAF em estudos de fatores de risco, prevalência e ensaios clínicos de modo a não ocorrer interpretações inadequadas sobre a morbidade visual atribuída ao glaucoma, especialmente ao GPAF; além de permitir a comparação de resultados entre diferentes estudos (QUADRO 1). Segundo os autores, alguns pacientes com FAP foram classificados como casos estabelecidos de glaucoma (GPAF) em estudos anteriores, mesmo tendo funções visuais (campo 26 visual) normais. Desse modo, sugeriram limitar o uso do termo glaucoma para aqueles pacientes com dano funcional (alterações campimétricas) e estrutural (neuropatia óptica) estabelecidos, provendo uma definição uniforme para diferentes mecanismos causais: ângulo aberto primário, ângulo fechado primário e secundário a outras patologias. Quadro 1 – Classificação do fechamento angular primário (FAP) (FOSTER et al., 2002) Suspeito de fechamento angular Contato aposicional entre a periferia da íris e a primário malha trabecular posterior possível†. (SFAP) Campo visual e nervo óptico normais. Fechamento angular primário Características indicando que obstrução (FAP) trabecular pela periferia da íris ocorreu: sinéquia anterior periférica, pressão intraocular elevada, distorção das fibras irianas que são orientadas radialmente, opacidade do cristalino (“glaucomflecken”), ou excessivo depósito de pigmento na superfície trabecular. Campo visual e nervo óptico normais. Glaucoma primário de ângulo FAP com evidência de glaucoma (danos fechado (GPAF) funcionais (alterações no campo visual) e estruturais (sinais de neuropatia óptica glaucomatosa)) † Em estudos epidemiológicos essa condição é definida, na maioria das vezes, como um ângulo no qual 270° da malha trabecular posterior (a parte que geralmente é pigmentada e que é exatamente a região do canal de Schlemm) não pode ser visível. Essa definição é arbitrária e sua avaliação em estudo longitudinal é uma prioridade importante. 2.2 EPIDEMIOLOGIA 27 O GPAF apresenta uma morbidade elevada, principalmente em populações asiáticas, nas quais ocorre um elevado número de casos de cegueira em conseqüência dessa doença. Em estudo conduzido numa população urbana no sudeste da Índia, em 2000, verificou-se que 41,7% dos indivíduos com GPAF apresentaram cegueira uni ou bilateral (DANDONA et al., 2000). A prevalência do glaucoma depende de muitos fatores, incluindo, etnicidade, idade, sexo e região geográfica (YAMAMOTO et al., 2005). Além disso, diferenças nos instrumentos diagnósticos e metodológicos para detectar a doença podem influenciar os achados epidemiológicos. A prevalência do GPAF já foi analisada em alguns estudos: 0,6% no Nordeste da Itália (BONOMI et al., 2000), 1,4% na Mongólia (FOSTER et al., 1996), 1,0% em Cingapura (FOSTER et al., 2000), 0,6% no Japão (YAMAMOTO T et al., 2005), 0,5% a 1,08% na Índia (DANDONA et al., 2000; RAMAKRISHNAN et al., 2003), 0,97% em Ponza, Itália (CEDRONE et al., 1997), 0,1% em Melbourne, Austrália (WENSOR et al., 1998), e 0,7% em Curitiba, Brasil (SAKATA et al., 2007). Deve-se ter cuidado ao analisar os dados de prevalência, uma vez que diferentes definições de GPAF foram utilizadas. O Estudo Andhra Pradesh realizado no sudeste da Índia encontrou uma prevalência de 1,08% e definiu o GPAF como pressão intra-ocular (Po) maior ou igual que 22mmHg ou dano glaucomatoso no nervo óptico na presença de seio camerular oclusível (DANDONA et al., 2000). A prevalência do GPAF em chineses residentes na região urbana de Cingapura foi de 1,0%, sendo que o glaucoma foi definido como presença de neuropatia óptica glaucomatosa e seio camerular oclusível, no qual a malha trabecular pigmentada era identificada em menos de 90° de circunferência (FOSTER et al., 2000). Na 28 Mongólia, a prevalência de seio oclusível, definido como uma malha trabecular que não era visível por mais de ¾ da circunferência angular na posição primária, ou GPAF, definido como seio oclusível e aumento da Po e/ou dano óptico glaucomatoso, foram 6,4% ou 1,4%, respectivamente (FOSTER et al., 1996). A fase aguda sintomática do FAPA é, geralmente, de duração limitada, dessa forma, a prevalência (a freqüência de uma doença em tempo determinado) é pouco útil como um índice de morbidade quando comparada à incidência (novos casos que ocorrem na população previamente sem a doença) (SEAH et al., 1997). A dor ocular, a baixa acuidade visual e os outros sintomas fazem com que os pacientes procurem atendimento médico quando sofrem uma crise de FAPA. A incidência do FAPA já foi analisada em alguns estudos que encontraram os seguintes resultados: 3,8 casos/100.000, no período de 1973 a 1982, na Finlândia (TEIKARI et al., 1987); 12,2/100.000, de março/1995 a fevereiro/1996, em Cingapura (SEAH et al., 1997); 8,3/100.000 em indivíduos acima de 40 anos, no período de 1980 a 1992, Olmsted County, Minesota, EUA (sendo que neste estudo avaliou-se a incidência do GPAF) (Erie et al., 1997); 10,4/100.000, de março/1998 a fevereiro/2000, na população chinesa de Hong Kong (LAI et al., 2001); 2,9/100.000, janeiro/1995 a dezembro/2001, em Dalmácia, sudeste da Croácia (BOJIC et al., 2004); 4,1/100.000, 1985 a 1999, em Split, Croácia (IVANISEVIC et al., 2002); 3,8/100.000, em Savoie, França (Vadot et al., 1989). Nos países ocidentais, os dados disponíveis sobre a incidência do FAPA são escassos. Estudos de incidência de FAPA em serviços de referência são raros. Em estudo realizado no setor de glaucoma de um hospital terciário no norte da Índia, no período 29 de janeiro/1995 a dezembro/1999, verificou que, dentre 2425 pacientes atendidos, 888 eram pacientes com GPAF (DAS et al., 2001). A forma crônica do GPAF era responsável por 576 (64,86%) casos, 171 (19,26%) eram da forma intermitente, e 141 (15,88%) pacientes tiveram o diagnóstico de FAPA. Desse modo, a incidência de FAPA no serviço de glaucoma referido acima foi de 58,1 por 1000 atendimentos (DANDONA et al., 2000; RAMAKRISHNAN et al., 2003). Recentemente, publicamos a incidência do FAPA no Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo (MÉRULA et al., 2008b) que foi de 22,7 casos por 1000 atendimentos de pacientes novos admitidos no serviço (APÊNDICE A). Em comparação com as incidências obtidas nos estudos populacionais verificamos que o Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo apresenta uma incidência elevada de FAPA. Esse resultado justifica-se pelo fato de o Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo ser referência no tratamento do glaucoma. Em brancos, o FAPA afeta as mulheres com uma freqüência cinco vezes maior do que em homens (DUCASSE et al., 1987), enquanto que nos negros a freqüência é igual nos dois sexos (ALPER & LAUBACH, 1968). O GPAF está geralmente associado à hipermetropia, apesar de ocorrer em olhos com quaisquer erros de refração (LOWE, 1969). Ducasse et al (1987) verificaram que 68% dos olhos com FAPA apresentaram hipermetropia maior que uma dioptria. Susanna Jr et al (1981b) estudaram 47 pacientes (58 olhos) que apresentaram GAP e analisaram a freqüência quanto a idade, ao sexo e a raça dos pacientes. A freqüência no sexo feminino foi de 85,1%. A 6ª década de vida foi a mais freqüente. Quanto à raça, 32 eram brancos, seis pardos, dois negros e sete amarelos. 30 Resultados semelhantes foram encontrados por Calixto & Cronembeger (1986) quando dentre 20 pacientes portadores de GAP, 80% eram do sexo feminino e 80% eram leucodérmicos. 2.3 ETIOPATOGENIA Provavelmente, Von Graefe (1857) foi o primeiro a descrever a câmara anterior rasa no “Glaucoma Inflamatório Agudo” e a necessidade da iridectomia, tendo sido citado por Calixto & Cronemberger (1986). Smith (1883) aferiu o diâmetro equatorial e o volume de cristalinos de olhos enucleados de cadáveres e de glaucomatosos verificando que no “Glaucoma Agudo Congestivo” os cristalinos eram maiores e os olhos mais curtos quando comparados aos olhos não glaucomatosos. Raeder (1923) e Rosengren (1931) foram os primeiros a medir a PCA separando biometricamente os dois tipos polares de glaucoma. Segundo Barkan (1938), Chandler (1952) e Gorin (1971) os pacientes com GPAF tinham um maior contato iridocristaliniano. A história natural do glaucoma de ângulo fechado foi descrito por LOWE (1966). Estabeleceram-se os seguintes tipos: glaucoma de ângulo fechado intermitente, glaucoma de ângulo fechado silencioso (“creeping”), glaucoma agudo, glaucoma de ângulo fechado crônico, glaucoma de ângulo fechado absoluto, glaucoma misto, glaucoma crônico simples com ângulo estreito, glaucoma maligno. Foi descrito que um tipo pode se transformar em outro e vice-versa, e enfatizou-se a importância de se conhecer melhor os mecanismos responsáveis pelo fechamento do seio 31 (“gatilho”). Segundo Lowe (1966), o glaucoma de ângulo fechado é mais comum em olhos com PCA entre 1,5 e 2,0mm, e raro em olhos com a câmara anterior acima de 2,6mm. Mapstone (1968) estudou a mecânica do bloqueio pupilar descrevendo três forças envolvidas: a) força de contração do esfíncter da pupila; b) força do dilatador da pupila; c) força de estiramento do tecido iriano, proporcional ao grau de miose; e relatou que as duas últimas forças citadas acima são maiores quando a pupila está miótica sendo as mais importantes na gênese do bloqueio pupilar. Além disso, confirmou os achados de Barkan (1938) e Chandler (1952) de que o bloqueio pupilar é o fator de iniciação do fechamento do ângulo naqueles pacientes com o ângulo da câmara anterior estreito. Aproximadamente 90% dos pacientes com fechamento do seio camerular têm como mecanismo principal o bloqueio pupilar relativo (RITCH & LOWE, 1996). O esfíncter iriano está sobreposto à cápsula anterior do cristalino e impede o fluxo de aquoso através da pupila da câmara posterior para a anterior aumentando a pressão na câmara posterior e deslocando a íris anteriormente fechando o ângulo que já era estreito. 2.4 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS/ BIOMÉTRICAS 32 As diferenças anatômicas e biométricas mais comuns encontradas em estudos anteriores de pacientes referidos como portadores de GPAF, quando comparados com olhos normais, foram: - menor diâmetro corneano (DELMARCELLE et al., 1971); - menor raio de curvatura anterior da córnea (DELMARCELLE et al., 1971; LOWE& CLARK, 1973b; TOMLINSON & LEIGHTON, 1973); - menor raio de curvatura posterior da córnea (LOWE & CLARK, 1973a); - PCA menor (LOWE, 1970; TOMLINSON & LEIGHTON, 1973; ALSBIRK, 1976; BENTIJANE & CARVALHO, 1980; LIN et al., 1997; GEORGE et al., 2003; RAMANI, et al., 2007); - cristalino mais espesso (LOWE, 1969; STOREY & PHILLIPS, 1971; TOMLINSON & LEIGHTON, 1973; GEORGE et al., 2003) - menor raio de curvatura anterior do cristalino (LOWE & CLARK, 1973b) - cristalino em posição mais anterior (LOWE, 1969; TOMLINSON & LEIGHTON, 1973); - menor AXL (LOWE, 1970; TOMLINSON & LEIGHTON, 1973; ALSBIRK, 1976; LOWE, 1977; GEORGE et al., 2003; RAMANI, et al., 2007); - maiores valores CR/AXL (MARKOWITZ & MORIN, 1985; YAMANE, 1994). Lowe (1969), através de estudo biométrico, verificou que olhos com FAPA apresentaram maior CR (5,09mm vs 4,50mm), posição relativa do cristalino (PRC) mais anterior, e menor AXL (22,01mm vs 23,10mm) que olhos normais; além disso, o crescimento do cristalino com a idade contribuiria para a PCA menor nos olhos com FAPA. 33 Segundo Lowe (1970) o achado biométrico mais importante que predispôs ao GPAF foi a anteriorização do cristalino em relação a base da íris (câmara anterior rasa). Nesta situação, o esfíncter pupilar é posicionado sobre a superfície do cristalino e atenua o fluxo aquoso através da pupila da câmara posterior para a anterior (bloqueio pupilar relativo). Delmarcelle et al. (1971) estudaram comparativamente olhos normais e olhos com GAP e concluíram que os olhos com a crise aguda apresentavam córnea com menor diâmetro, menor raio de curvatura, menor profundidade e volume da câmara anterior, cristalino mais espesso (5,43mm vs 4,46mm) e mais anteriorizado caracterizando o glaucoma congestivo. Afirmaram que a abertura do ângulo iridocorneano resulta da espessura, do avanço e do volume relativamente maior do cristalino em um olho pequeno. Tomlinson & Leighton (1973) estudaram 16 pacientes com glaucoma de ângulo fechado e 49 normais. Encontraram os seguintes resultados respectivamente: PCA – 2,31mm vs 3,08mm; CR – 5,23mm vs 4,67mm; AXL – 22,06mm vs 22,58mm. Clemmesen & Luntz (1976) observaram que uma população negra normal apresentava cristalino menos espesso (4,16mm) que uma população branca (dinamarquesa) normal (4,72mm) e uma população negra com FAP (4,81mm), sendo que os dois últimos grupos tinham resultados similares. Os autores sugeriram que esse resultado poderia explicar a baixa incidência de GPAF na população negra. 34 Malta et al. (1983), através de biometria, estudaram comparativamente olhos portadores de glaucoma crônico de ângulo estreito e GAP. Verificaram que os grupos foram semelhantes quanto a PCA e o diâmetro do cristalino. Por outro lado, observaram que o diâmetro ântero-posterior do vítreo e o AXL do grupo com glaucoma crônico de ângulo estreito eram significativamente maiores que nos olhos com crise aguda. Os resultados encontrados no FAPA foram: PCA – 2,16mm, CR – 4,87mm, comprimento do vítreo – 15,11mm, AXL – 22,15mm; e no grupo com ângulo estreito foram: PCA – 2,19mm, CR – 5,10mm, comprimento do vítreo – 15,85mm, AXL – 23,03mm. Markowitz & Morin (1984) observaram, após análise biométrica de 89 olhos com GPAF, que entre a 4ª e 5 ª décadas o cristalino apresenta um padrão anormal de crescimento, estabilizando na década seguinte e depois acelerando anormalmente. Os autores sugeriram que o afrouxamento da zônula levaria a uma câmara anterior rasa, e que a ocorrência de FAP teria dois picos: entre 53 e 58 anos e entre 63 e 70 anos. Em 1985, Markowitz & Morin utilizaram CR/AXL como unidade representativa para avaliação biométrica do olho. Verificaram que esse parâmetro era dependente da idade e era maior no GPAF (com variação de 1,87 ± 0,11 a 2,39 ± 0,17) em relação a indivíduos normais (1,91 ± 0,44). Calixto & Cronemberger (1986) realizaram estudo biométrico comparativo entre olhos portadores de glaucoma simples e olhos com GAP em faixas etárias semelhantes. Os autores encontraram diferenças estatisticamente significativas na 35 PCA, diâmetro axial da cavidade vítrea e AXL, sendo esses parâmetros menores nos pacientes com crise aguda. Não encontraram diferenças na curvatura da córnea e na CR. Susanna Jr et al. (1988) estudaram, através da ecobiometria, 63 pacientes (93 olhos) classificados em sete grupos: olhos normais, olhos com glaucoma crônico simples, com GAP, com glaucoma maligno, com íris em “plateau”, hipermétropes maiores que 6 dioptrias. Concluíram que, embora a ecobiometria diferencie os pacientes com glaucoma de ângulo estreito dos pacientes normais e com glaucoma de ângulo aberto, é incapaz de separar as diferentes formas de glaucoma de ângulo estreito e também hipermétropes com seio camerular amplo. Resultados encontrados por Panek et al. (1990), após estudo biométrico de 54 pacientes com seios camerulares estreitos oclusíveis, sugerem que a relação CR/AXL pode ser útil como valor clínico preditivo no glaucoma de ângulo estreito, uma vez que verificaram forte correlação entre tempo até a iridotomia, que foi necessária em 20 (37%) pacientes no período médio de 16 meses do início do exame, e maior valor da relação CR/AXL. Wilensky et al. (1993) acompanharam 129 pacientes sob risco de GAP, através de exame refracional, gonioscopia, ecobiometria e teste provocativos, sem tratamento por 2,7 a 6 anos. Verificaram que 25 pacientes desenvolveram fechamento angular em pelos menos um olho durante o estudo, mas, em apenas 8 pacientes o fechamento foi agudo; e nenhum dos parâmetros estudados mostrou alta sensibilidade ou precisão preditiva positiva na detecção de olhos que desenvolverão 36 fechamento angular. Os resultados ecobiométricos encontrados nesse estudo são apresentados na tabela 1: Tabela 1. Resultados pós “status” de fechamento angular PCA (mm) Sob risco de fechamento OD 2,49 (n=100) angular OE 2,54 (n=103) CR (mm) 4,53 (n=68) 4,56 (n=68) AXL (mm) 22,01 (n=99) 21,98 (n=101) Fechamento angular agudo OD OE 2,38 (n=5) 2,28 (n=5) 4,79 (n=2) 5,34 (n=1) 21,86 (n=4) 21,58 (n=6) Fechamento agudo OD 2,40 (n=15) 3,72 (n=2) 21,79 (n=15) angular não OE 2,50 (n=15) 4,00 (n=2) 21,73 (n=12) PCA, profundidade central de câmara anterior; CR, espessura do cristalino; AXL, diâmetro ânteroposterior do olho Wilensky et al. (1993) Congdon et al. (1997) testaram hipótese de que chineses possuem menor PCA que brancos e, por conseqüência, são mais frequentemente acometidos por GPAF, comparando, através da avaliação da PCA, AXL, curvatura corneana e erro refrativo, 531 chineses, 170 brancos e 188 negros maiores que 40 anos. Entretanto, os autores não identificaram nenhum parâmetro que fosse diferente entre os grupos e que justificasse a maior prevalência do FAP entre os chineses. Lin et al. (1997) realizaram um estudo retrospectivo no qual avaliaram comparativamente, através de dados biométricos, olhos contralaterais de GAP (n = 80) e olhos normais (n = 60), e encontraram os seguintes resultados, respectivamente: AXL, 22,25 ± 0,77mm e 23,26 ± 0,76mm; PCA, 2,28 ± 0,23mm e 3,11 ± 0,25mm; CR, 4,94 ± 0,28mm e 4,48 ± 0,30mm. Os autores observaram que, dentre os parâmetros avaliados, a PCA menor que 2,70mm foi o mais sensível (94%) e específico (94%) para diferenciar olhos com GAP de olhos de pacientes normais. 37 Sihota et al. (2000) estudaram comparativamente olhos com GAP, olhos com GPAF subagudo, olhos com GPAF crônico e olhos normais utilizando os seguintes parâmetros: ametropia, diâmetro corneano, ceratometria, espessura corneana central (ECC), CR, AXL e PRC. Os autores observaram que os três subgrupos de FAP apresentaram olhos menores, cristalinos mais espessos e maior curvatura corneana que os olhos normais; os olhos com GAP apresentaram cristalino mais espesso que os demais subgrupos (p < 0,001) e, além disso; os olhos com GAP demonstraram menores diâmetro corneano e PCA que os olhos com GPAF subagudo e olhos normais (p < 0,001). George et al. (2003) analisaram comparativamente, no Sul da Índia, através da biometria, olhos com seio camerular oclusível (definido como o olho em que foi possível identificar no exame gonioscópico, realizado na posição primária do olhar e sem indentação, a malha trabecular anterior em menos de 180° do ângulo), olhos com GPAF (definido como presença de seio oclusível e Po > 21mmHg), e olhos normais; e verificaram que os olhos com seio oclusível e os olhos com GPAF não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, porém ambos demonstraram menor AXL, menor PCA e maior CR que os olhos normais. Ramani et al. (2007) compararam a variação do sexo na biometria ocular entre pacientes suspeitos de FAP e pacientes normais, e verificaram que, nas mulheres, a CR é maior nos pacientes suspeitos de FAP que nos normais, além disso, nos homens, o cristalino localiza-se mais anteriormente nos pacientes suspeitos de FAP que nos normais. 38 2.5 OLHO CONTRALATERAL DE FECHAMENTO ANGULAR PRIMÁRIO AGUDO A ocorrência de FAPA no olho contralateral, num período de cinco a dez anos, pode ser até de 75%, mesmo com terapia miótica profilática (BAIN, 1957; LOWE, 1962; HYAMS, 1975; EDWARDS, 1982). A maior incidência de FAPA no olho adelfo ocorre no primeiro ano após a crise no primeiro olho (MAPSTONE, 1981; EDWARDS,1982). Lowe (1962) observou que, sem tratamento, 58 de 113 pacientes desenvolveram crise aguda no olho contralateral, sendo que um terço dos casos ocorreu no primeiro ano. Snow (1977) relatou que 43 dos 72 olhos contralaterais não tratados com iridotomia periférica a laser (IPL) desenvolveram alguma forma de FAP. Alguns estudos sugerem que os olhos contralaterais de pacientes afetados por FAPA apresentam características biométricas semelhantes aos que sofreram FAPA (LOWE, 1977; GEORGE et al., 2003; FRIEDMAN et al., 2003). Calixto & Cronemberger (1986) estudaram comparativamente olhos afetados e olhos contralaterais de 12 pacientes através da análise biométrica dos seguintes parâmetros: AXL, PCA, CR e diâmetro axial da cavidade vítrea, e observaram diferença estatisticamente significativa apenas na PCA que foi menor nos olhos afetados (2,33 ± 0,22mm vs 2,56 ± 0,37mm, p = 0,05). Sihota et al. (2000) estudaram pacientes com quadro de FAPA, FAP subagudo e FAP crônico; e observaram que os olhos contralaterais de cada subgrupo diferiram dos olhos afetados apenas por ter um cristalino posicionado mais posteriormente. Lim et al. (2006) compararam dados biométrios (CR, PC, PRC, PCA e AXL) e grau e tipo de 39 opacidade do cristalino entre olhos afetados e contralaterais de pacientes com FAPA, e verificaram que comparados com os olhos contralaterais, os olhos afetados apresentaram menor PCA (2,11 ± 0,35mm vs 2,18 ± 0,23mm, p = 0,02), PC mais anterior (4,61 ± 0,47 vs 4,75 ± 0,29, p = 0,02) e menor opacidade cortical (0,32 ± 0,72 vs 0,53 ± 0,95, p = 0,02). Estudos especificamente elaborados para a análise comparativa entre olhos afetados e olhos contralaterais de pacientes com FAPA são raros. Publicamos recentemente um estudo comparativo entre os olhos de 28 pacientes acometidos com FAPA unilateral (MÉRULA et al., 2008a) no qual avaliamos os seguintes parâmetros: equivalente esférico, escavação do disco óptico, ceratometria média (Km), ECC e dados ecobiométricos (PCA, AXL, CR, CR/AXL). Observamos que os olhos que sofreram crise de FAPA, quando comparados com os olhos contralaterais, apresentaram de forma estatisticamente significativa menor equivalente esférico hipermetrópico (+0,49 ± 1,98 vs +1,21 ± 2,03, p = 0,007), maior escavação do disco óptico (0,51 ± 0,28 vs 0,42 ± 0,20, p = 0,031), maior Km (45,21 ± 1,96 dioptrias vs 44,92 ± 1,86 dioptrias, p = 0,042) e menor PCA (2,43 ± 0,28 vs 2,51 ± 0,29, p = 0,013) (APÊNDICE C). A crise aguda compromete o cristalino, a íris e a córnea, seguramente alterando o equivalente esférico e os outros parâmetros. 2.6 BIOMICROSCOPIA ULTRA-SÔNICA FECHAMENTO ANGULAR PRIMÁRIO E O 40 Walsh et al. (1995) avaliaram, por meio da UBM, 15 olhos de 15 pacientes que tiveram, durante o exame, diagnóstico por imagem de ângulo estreito com bloqueio pupilar relativo e demonstraram que a extensão do contato iridocristaliniano é menor nestes pacientes quando comparados com controles normais. Os autores relatam que, anteriormente, acreditava-se que uma maior área de contato iridocristaliniano era considerada causa do bloqueio pupilar, sendo que tal afirmativa era baseada em observações presuntivas pelos métodos diagnósticos disponíveis previamente a UBM. A menor extensão do contato iridocristaliniano encontrada, segundo os autores, não pode ser relacionada isoladamente como responsável pela gênese do bloqueio pupilar. Caronia et al. (1996) observaram, após estudo de 13 olhos de 13 pacientes com fechamento do seio camerular por aposição e bloqueio pupilar relativo antes e após realização de iridotomia com Yag laser, aumento da extensão do contato iridocristaliniano, aumento da distância de abertura da câmara anterior, aumento do seio da câmara anterior e nenhuma alteração no AXL e PCA após iridotomia. Sakuma et al. (1997) realizaram UBM em 46 olhos com seio camerular estreito (igual ou mais estreito que o grau dois da classificação de Shaffer, pela gonioscopia indireta), no ambiente escuro, e observaram fechamento angular por aposição em 40 olhos. Verificaram dois tipos de fechamento angular: tipo B que se inicia na extrema periferia da íris e tipo S que se inicia nas proximidades da linha de Schwalbe. 41 Sawada et al. (1997) verificaram, através da UBM, que em olhos contralaterais de pacientes com GAP apresentaram maior incidência de fechamento angular aposicional, e olhos de pacientes com GPAF crônico apresentaram maior incidência de fechamento angular sinequial. Marchini et al. (1998) estudaram comparativamente 10 pacientes com GAP, 22 com GPAF intermitente, 22 com GPAF crônico e 42 paciente normais através da UBM e ecobiometria. Verificaram que os pacientes com GAP ou intermitente, e com GPAF crônico apresentaram processos ciliares mais anteriorizados, olhos mais curtos, cristalino relativamente mais espesso e anteriorizado, e segmento anterior do olho menor que os olhos normais. Pereira (1998) estudou, através da UBM, olhos com seio oclusível definidos como olhos que apresentavam à gonioscopia grau III pela classificação de SCHEIE, e câmara anterior rasa graus 1 e 2 pela classificação de VAN HERICK, SHAFFER, SCHWARTZ, e encontrou uma redução estatisticamente significativa na abertura do seio camerular e na profundidade câmara anterior após a prova de pronação em quarto escuro, tanto naqueles pacientes com a prova positiva, quanto negativa, e tanto antes quanto após a IPL. Nos olhos com prova de pronação em quarto escuro positiva, a redução foi maior. Gazzard et al. (2003) avaliaram 55 olhos contralaterais de pacientes asiáticos com FAPA unilateral através da UBM após IPL, e observaram que houve um significante aumento da abertura do seio camerular (aumento da distância de abertura angular a 42 250 e a 500µm do esporão escleral, e da área de recessão angular) sem ocorrer aumento da PCA. Friedman et al. (2003) estudaram comparativamente olhos contralaterais de chineses com FAP e olhos normais de chineses através dos seguintes parâmetros de UBM: a distância de abertura angular a 500µm do esporão escleral e a área de recessão angular, e verificaram que os olhos contralaterais apresentaram segmento anterior mais aglomerado. Kunimatsu et al. (2005) avaliaram 80 pacientes japoneses com câmara anterior rasa e ausência de sinéquias anteriores periféricas através da UBM, e encontraram uma prevalência de fechamento angular aposicional de 57,5% no ambiente claro e 85% no ambiente escuro. Kaushik et al. (2007) estudaram 55 olhos de 55 pacientes com diagnóstico de GPAF (dano glaucomatoso já estabelecido) após IPL através da UBM, e verificaram que o quadrante do seio camerular onde foi realizado o laser e o quadrante oposto ampliaram-se. Dada et al. (2007) avaliaram as mudanças morfológicas após IPL de 93 olhos de 93 pacientes com diagnóstico de FAP e GPAF através da UBM, e concluíram que a aplicação do laser acarreta o aumento da PCA e o aumento da abertura do seio camerular de pacientes com FAP, porém, nenhuma mudança significativa ocorreu em pacientes com GPAF. 43 Nonaka et al. (2007) analisaram quantitativamente a convexidade da íris em pacientes com FAP através da UBM, e concluíram que a idade mais avançada e uma menor PCA são importantes causas do aumento da curvatura da íris que ocorre no bloqueio pupilar. Ramani et al. (2007) compararam olhos com suspeita de FAP e olhos normais, através de parâmetros da UBM (PCA, ECC, ângulo da câmara anterior, distância de abertura angular a 500µm, distância dos processos ciliares à faixa trabecular, distância dos processos ciliares à superfície posterior da íris, ângulo entre a superfície escleral e os processos ciliares) e biométricos (PCA, CR, AXL, PRC), e analisaram a variação dos parâmetros citados acima de acordo com o sexo. Os autores observaram que a PCA, o AXL, a ECC, a distância de abertura angular a 500µm, a distância dos processos ciliares à faixa trabecular, e o ângulo da câmara anterior foram menores nos olhos com suspeita de FAP. Nas mulheres, o cristalino foi mais espesso nos olhos com suspeita de FAP que nos olhos normais. E observou-se que o cristalino foi mais deslocado anteriormente nos olhos com suspeita de FAP que nos olhos normais. Dorairaj et al. (2007) analisaram, através da UBM no claro e escuro, 18 olhos de 18 pacientes que apresentaram seios camerulares assimétricos que foram definidos como seios que apresentaram diferença de dois ou mais graus da classificação gonioscópica de Shaffer (gonioscopia realizada com o paciente sentado, no escuro e sem indentação) entre os meridianos superior e inferior; e identificaram dois tipos de fechamento angular aposicional: tipo-B - aposição iniciando na raiz da íris; tipo-S – aposição iniciando na linha de Schwalbe. Concluíram que a assimetria em olhos 44 com seio estreito é devido a diferentes posições de inserção da íris no corpo ciliar e pela assimetria da posição do corpo ciliar. 2.7 TRATAMENTO Com o objetivo de interromper a crise aguda de fechamento angular, restaurar a circulação do humor aquoso e reduzir a Po institui-se o tratamento clínico que geralmente consiste de inibidores de anidrase carbônica, agentes hiperosmóticos (manitol, glicerol) e mióticos. Assim que o processo agudo é cessado, indica-se o tratamento cirúrgico que consiste em iridectomia cirúrgica ou IPL (argônio ou Yag) com a finalidade de se prevenir o bloqueio pupilar. No início da década de 80 a IPL mostrou-se efetiva, segura e uma alternativa preferível à iridectomia cirúrgica. (KRUPIN et al., 1978; RITCH, 1982; SUSANNA Jr & TAKAHASHI, 1987). Uma situação que exige cuidados especiais é quando a Po se mantém elevada em olhos com crise aguda de fechamento angular, mesmo sob tratamento clínico. Em tais casos a intervenção cirúrgica (iridectomia cirúrgica ou IPL) deve ser feita mesmo em olho inflamado e com Po elevada, apesar de termos maiores chances de complicações per e pós-operatórias (RITCH, 1982; SHIN, 1982). Gieser & Wilensky (1984) realizaram IPL (argônio) em 19 olhos de 16 pacientes com FAP crônico, não controlado com medicação (Po maior que 25 mmHg). Após o laser, 68,4% conseguiram o controle da Po, destes, 21,1% necessitaram de uma 45 quantidade menor de medicação, 31,6% necessitaram da mesma quantidade e 15,7% necessitaram de uma quantidade maior de medicação. Malta (1989) analisou 14 olhos de 11 pacientes com FAPA e submetidos a iridectomia cirúrgica ou IPL. Verificou que 35,71% destes olhos apresentaram prova de pronação em quarto escuro positiva e que a instilação de pilocarpina a 2% tornou negativas todas as provas previamente positivas. Pacientes submetidos a iridectomia cirúrgica ou IPL devem ser acompanhados regularmente, uma vez que é possível ocorrer a elevação da Po, seja com características crônicas e não congestivas, seja por outros mecanismos de fechamento angular (KRUPIN et al., 1978; PLAFAIR & WATSON, 1979; SUSANNA Jr, 1981a). Andrade (1999) avaliou 31 olhos de 31 pacientes com glaucoma de ângulo estreito, através da UBM, antes e após a IPL; e observou que a IPL aumentou a PCA, ampliou a abertura seio camerular, a íris apresentou um aplanamento e uma redução de sua convexidade anterior. E concluiu que as alterações após a IPL se devem mais a uma diferença no gradiente de pressão nas câmaras anterior e posterior antes do laser que é atenuada após o mesmo, do que à alteração na posição do diafragma iridocristaliniano. Bochmann et al. (2008) estudaram, através da UBM, pacientes com fechamento angular que foram submetidos a IPL e que apresentavam uma iridotomia periférica de pequeno tamanho (menor que 100 µm de diâmetro) com persistência do 46 fechamento angular aposicional. Os autores realizaram nesses pacientes um aumento do tamanho da iridotomia periférica através do laser de argônio, e observaram um aumento da distância de abertura de seio camerular a 500 µm do esporão escleral e uma elevação da razão entre PCA e profundidade central da câmara posterior. Desse modo, os autores sugerem re-tratamento com IPL quando se verifica fechamento aposicional após a primeira iridotomia a laser. 47 3 OBJETIVOS 48 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVOS 1. avaliar comparativamente as diferenças morfométricas, através da UBM, paquimetria, ecobiometria e ceratometria, entre olhos que apresentem uma característica anatômica similar no segmento anterior (seio camerular estreito): olhos com o diagnóstico de GPAA e SCE e olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral. 2. avaliar as alterações morfométricas, através da UBM, que ocorrem no segmento anterior de olhos com o diagnóstico de GPAA e SCE e olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral após a variação das condições de iluminância do ambiente. 3. avaliar as características morfométricas que poderiam diferenciar olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral dos demais olhos estudados. 3.2 HIPÓTESES DE NULIDADE 1. As medidas das variáveis realizadas pela UBM, paquimetria, ecobiometria e ceratometria são semelhantes nos olhos com o diagnóstico de GPAA com SCE e nos olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral. 49 2. As características morfométricas do segmento anterior avaliadas através da UBM nos olhos com o diagnóstico de GPAA e SCE e nos olhos com contralaterais de pacientes com FAPA unilateral são semelhantes no claro e escuro. 3. Não é possível diferençar olhos contralaterais de FAPA unilateral dos demais pelas características morfométricas. 3.3 HIPÓTESES ALTERNATIVAS 1. As medidas das variáveis realizadas pela UBM, paquimetria, ecobiometria e ceratometria são diferentes nos olhos com o diagnóstico de GPAA e SCE e nos olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral. 2. As características morfométricas do segmento anterior avaliadas através da UBM nos olhos com o diagnóstico de GPAA e SCE e nos olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral são diferentes no claro e escuro. 3. As diferenças morfométricas dos parâmetros avaliados no estudo podem diferençar olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral dos demais olhos estudados. 50 4 PACIENTES E MÉTODOS 51 4 PACIENTES E MÉTODOS 4.1 SELEÇÃO DOS PACIENTES Os pacientes deste estudo foram selecionados no Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo, Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, no período compreendido entre setembro de 2005 e junho de 2007; e foram divididos em dois grupos: grupo FAPA contralateral (olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral) e grupo SCE (olhos com o diagnóstico de GPAA e SCE). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG (Parecer n° ETIC 032/07), atendendo aos preceitos da Declaração de Helsinki. Foram incluídos pacientes voluntários de ambos os sexos, que assinaram o termo de consentimento e que atenderam aos critérios de inclusão definidos no início do estudo. Estes critérios serão descritos a seguir. Os seguintes critérios de inclusão foram adotados para definir os casos de FAPA: 1) presença de pelo menos dois dos seguintes sintomas: dor ocular ou periocular, náuseas e/ou vômitos, história prévia de embaçamento visual intermitente com halos; 2) presença de Po>28mmHg (medida pelo tonômetro de aplanação de Goldmann) e presença de pelo menos três dos seguintes sinais: hiperemia 52 conjuntival, edema epitelial corneano, pupila não reativa ou com resposta lenta ao estímulo luminoso e com dilatação média, e câmara anterior rasa; 3) presença de seio camerular fechado no olho afetado, verificado gonioscopicamente. Os seguintes critérios de inclusão foram adotados grupo FAPA contralateral: 1) presença de FAPA no olho adelfo segundo os critérios mencionados acima. Foram excluídos do grupo FAPA contralateral os pacientes que apresentavam: 1) presença de opacidade cristaliniana definida pelo Sistema de Classificação de Opacidades Cristalinianas (LOCS) II como grau II ou maior de opalescência e cor nucleares (CHYLACK et al., 1989). 2) glaucomas secundários: traumático, pós-uveíte, afácico, neovascular, pseudofácico, facomórfico, ou facoanafilático. 3) configuração da íris em platô (CIP): o diagnóstico da CIP requer PCA média a profunda, periferia da íris angulada centralmente e anteriormente, e uma íris plana ou ligeiramente convexa verificada pela biomicroscopia convencional, seio camerular estreito observado no exame gonioscópico e o sinal da dupla corcova que significa a formação de concavidade anterior da íris no nível do equador do cristalino durante a gonioscopia de indentação. E para a confirmação do diagnóstico da CIP, o exame de UBM realizado nos quatro quadrantes (superior, inferior, nasal e temporal) do olho deve mostrar os processos ciliares anteriormente posicionados, fechando o sulco ciliar, e promovendo suporte estrutural atrás da periferia da íris); 53 4) FAPA que não responde ao tratamento clínico e requer tratamento cirúrgico como a IPL ou a trabeculectomia; 5) procedimento cirúrgico prévio em um ou ambos os olhos. Após a admissão dos pacientes com FAPA, terapia medicamentosa foi instituída imediatamente com a finalidade de reduzir a Po. Utilizou-se manitol intra-venoso, acetazolamida oral, e como medicação tópica: maleato de timolol 0,5%, dexametasona e pilocarpina 2%. Os olhos contralaterais dos pacientes com FAPA foram submetidos aos exames do estudo após pelo menos 60 horas que a crise aguda foi interrompida, pelo menos 24 horas de interrupção do uso de medicações sistêmicas, o restabelecimento completo da transparência corneana, e a ausência de sintomas. Posteriormente à realização dos exames necessários para preenchimento do protocolo da pesquisa, tanto o olho afetado quanto o contralateral foram submetidos à IPL. No grupo SCE, foram adotados os seguintes critérios de inclusão para definir os casos de GPAA e SCE: 1) Po > 21mmHg; 2) presença de neuropatia óptica glaucomatosa definida por pelo menos dois dos itens a seguir: assimetria da relação escavação/disco óptico (E/D) maior que 0,2, afinamento do anel neurorretiniano, perdas localizadas do debrum neurorretiniano, E/D ≥ 0,7, hemorragia no disco óptico ou defeito localizado na camadas de fibras nervosas; 3) defeitos glaucomatosos no campo visual detectados pela perimetria estática automatizada do Octopus 1-2-3. O teste de campo visual foi considerado 54 anormal se os seguintes critérios a seguir foram encontrados em pelo menos dois exames consecutivos e confiáveis: presença de três ou mais pontos adjacentes, cada um com baixa de sensibilidade de 5 ou mais decibéis, sendo um desses pontos com baixa de sensibilidade de pelo menos 10 decibéis; presença de dois ou mais pontos adjacentes, cada um com baixa de sensibilidade de 10 ou mais decibéis; diferença de sensibilidade de 10 ou mais decibéis entre pontos simétricos do lado nasal em pelo menos dois pontos adjacentes. O exame de campo visual foi considerado confiável quando as respostas falso-positivas e falso-negativas foram menores que 30%, e as perdas de fixação foram menores que 20% (CAPRIOLI, 1992). 4) presença de seio camerular estreito descoberto, sendo visível apenas o 1/3 anterior da faixa trabecular à gonioscopia em pelo menos 270° do seio camerular. Foram excluídos do grupo SCE os pacientes que apresentavam: 1) presença de opacidade cristaliniana definida pelo LOCS II como grau II ou maior de opalescência e cor nucleares (CHYLACK et al., 1989); 2) glaucomas secundários: traumático, pós-uveíte, afácico, neovascular, pseudofácico, facomórfico, ou facoanafilático; 3) configuração da íris em platô (diagnosticada conforme já descrito anteriormente) 4) sinais prévios de ataque de glaucoma agudo, como atrofia setorial da íris, “glaukomflecken”, ou sinéquias anteriores periféricas; 5) opacidades corneanas em ambos os olhos; 55 6) necessidade de procedimentos cirúrgicos, como a trabeculectomia, para controle da Po; 7) procedimentos cirúrgicos prévios em ambos os olhos; 8) seio camerular fechado verificado no exame gonioscópico realizado no escuro. Foi incluído no estudo apenas um olho de cada paciente do grupo SCE. Realizou-se estudo comparativo entre os dois olhos desses pacientes utilizando, para dados paramétricos (distribuição gaussiana), teste t de Student para amostras pareadas, e para dados não paramétricos, o teste de Wilcoxon; e não foi verificada nenhuma diferença estatisticamente significativa em nenhum dos parâmetros avaliados no presente trabalho entre os olhos dos pacientes do grupo SCE. Desse modo, optouse por incluir preferencialmente o olho direito quando possível a escolha, apesar de ambos os olhos estarem sendo estudados, e quando necessário, submetidos ao tratamento. Os exames do estudo foram realizados antes de início de qualquer terapêutica medicamentosa ou cirúrgica. 4.2 ESTUDO DOS PACIENTES Todos os pacientes incluídos no estudo foram avaliados segundo um protocolo previamente definido com vistas ao levantamento dos seguintes dados: 1) dados demográficos: idade, sexo, e raça do paciente; 2) antecedentes familiares: consangüinidade dos pais, fratria, filiação, casos de hipertensão arterial, diabetes mellitus, glaucoma, catarata, cegueira ou doenças hereditárias; 56 3) antecedentes pessoais: hipertensão arterial, diabetes mellitus, cardiopatias, doenças respiratórias, uso de medicamentos, alergias, internações e cirurgias prévias; 4) antecedentes oculares: história de doenças oculares, trauma, cirurgia ou inflamação; uso de medicamentos tópicos anti-inflamatórios, anti- glaucomatosos e sua posologia e período de uso. 4.3 EXAME OFTALMOLÓGICO A acuidade visual, medida em logMAR, foi determinada inicialmente sem uso de correção e em seguida, após refração sob cicloplegia utilizando-se a tabela do Early Treatment of Diabetic Retinopathy Study (ETDRS) e refratômetro modelo VT – 10 da marca Topcon. A biomicroscopia foi realizada com o biomicroscópio modelo 3E da marca Topcon, inicialmente sob pupila dinâmica e a seguir sob midríase medicamentosa. Foram examinadas as pálpebras, filme pré-ocular, conjuntiva bulbar e tarsal, córnea, câmara anterior, íris, cristalino e vítreo anterior. A tonometria foi realizada com o tonômetro de aplanação de Goldmann, da marca Haag-Streit modelo R-900 montando em braço fixo no biomicroscópio modelo 3E da marca Topcon. Foram feitas três medidas sob pupila dinâmica. A gonioscopia foi realizada por um dos pesquisadores (R.V.M) e confirmada pelo outro investigador (S.C.), utilizando-se a goniolente de três espelhos de Goldmann, e 57 a goniolente de quatro espelhos modelo Zeiss para realizar a gonioscopia de indentação. O exame gonioscópico foi realizado com a pupila dinâmica sob iluminação da sala de exame (aproximadamente 240 lux, aferido com um medidor de iluminância) e no escuro (aproximadamente 0,1 lux, aferido com um medidor de iluminância). A classificação gonioscópica adotada no presente estudo é a classificação padronizada e empregada pelo Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo/HC-UFMG (Quadro 2), e foi aplicada sob a iluminação da sala de exame. O seio camerular foi completamente avaliado (360°), e adotou-se a classificação presente em pelo menos 270° do seio camerular na posição primária do olhar com e sem indentação. Quadro 2 – Classificação Gonioscópica do Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo/HC-UFMG Grau I Seio aberto amplo todas as estruturas são visíveis (linha de Schwalbe, faixa trabecular, esporão escleral, faixa ciliar e lâmina trabéculo-conjuntival) Grau II Seio aberto intermediário identifica-se somente até o esporão escleral, porém não é possível identificar a faixa ciliar Grau III Seio aberto estreito é possível identificar somente parte anterior da faixa trabecular Grau IV Seio fechado não é possível ver nenhuma estrutura do seio camerular, formando-se um ângulo iridocorneano A fundoscopia foi realizada por meio de oftalmoscopia binocular indireta, com lente de 20 dioptrias (Volk®) e de oftalmoscópio binocular indireto, e completada pela biomicroscopia disco óptico e da mácula com a lente de 78 dioptrias (Volk ®). A escavação do disco óptico (E/D) foi medida em décimos, nos meridianos vertical e 58 horizontal, e foi calculada a média entre essas duas medidas. A E/D também foi avaliada quanto a forma, inclinação de suas bordas e profundidade. 4.4 CERATOMETRIA A ceratometria foi realizada com o ceratômetro modelo Bausch & Lomb. Foram realizadas três aferições, em dioptrias, das curvaturas anteriores vertical e horizontal dos três milímetros centrais da córnea. Após a obtenção da média das três medidas da curvatura anterior vertical e das três medidas da curvatura anterior horizontal, adotou-se a Km entre os valores das curvaturas vertical e horizontal para fins de comparação entre os grupos. 4.5 PAQUIMETRIA Foi realizada com o paquímetro ultra-sônico DGH® 5100e. Após a instilação de um colírio anestésico realizou-se o exame com o máximo de cuidado para alinhar a sonda com o eixo óptico e exercer o mínimo de pressão sobre a córnea. Medidas foram realizadas até que três leituras consecutivas fossem obtidas com desviopadrão ≤ 5µm, adotando-se então, o menor valor aferido da ECC. 4.6 ECOBIOMETRIA Foi utilizado ecobiômetro de contato modo-A DGH ® 5100e para obtenção do AXL, da PCA, e CR. Após a instilação de um colírio anestésico realizou-se o exame com o 59 máximo de cuidado para alinhar a sonda com o eixo óptico e exercer o mínimo de pressão sobre a córnea. Medidas foram realizadas até que três leituras consecutivas fossem obtidas com desvio-padrão ≤ 0,05 mm no AXL, adotando-se então, dentre as três aferições, a medida na qual se incluía o maior valor da PCA, pois se subtendia que era a medida com maior perpendicularidade e centralização do feixe de ultrasom. A razão entre a CR e o AXL foi definida como CR/AXL, PC foi definida como PCA+1/2CR, e a PRC foi definida por PC/AXL. 4.7 BIOMICROSCOPIA ULTRA-SÔNICA (UBM) Foi realizada empregando-se a versão comercial do biomicroscópio ultra-sônico instalado no Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo/HC-UFMG. O aparelho possui um transdutor que emite um feixe ultra-sônico linear de 50 megahertz, tendo resolução lateral máxima de 50 micrômetros e uma profundidade de penetração tecidual de 5,0mm. A imagem assim produzida é gerada a partir de um campo medindo 5mm x 5mm, constituída por 256 linhas a uma taxa de varredura de oito quadros por segundo. A resolução do pixel no monitor de imagens é de 11-12µm na horizontal e de 23-24µm na vertical. A sonda (transdutor) é suspensa por um braço articulado para reduzir os artefatos decorrentes de sua movimentação, enquanto que as distorções laterais são atenuadas graças ao formato do feixe ultra-sônico. O exame foi feito com o paciente em decúbito dorsal por meio de técnica de imersão com solução salina a 0,9%, após instilação de duas gotas de colírio anestésico com intervalo de um minuto, seguido de colocação do recipiente de imersão entre as pálpebras. A fixação do olhar e a acomodação foram controladas pedindo-se ao paciente que fixasse um ponto no teto da sala de exame com o olho contralateral. 60 Em todas as imagens o “ganho” foi constante e igual a 80 dB. A sonda foi movimentada perpendicularmente à estrutura a ser estudada para produção de imagens em corte axial e três cortes radiais, para cada um dos meridianos estudados. Foram obtidas sete imagens no ambiente claro (aproximadamente 240lux) e sete no ambiente escuro (aproximadamente 0,1 lux) nítidas e representativas de cada olho estudado, compreendendo uma imagem central (ou axial, para a medida da profundidade central da câmara anterior) e três imagens em cortes radiais dos meridianos superior (12 horas) e inferior (6 horas), de acordo com o posicionamento mais anterior (para imagens do seio camerular e íris) ou mais posterior (para imagens do corpo ciliar) da sonda em relação ao limbo, totalizando 14 imagens por olho. Após a obtenção das imagens foram feitas as medidas consideradas de importância no estudo da morfometria do segmento anterior do olho. Foram feitas duas medidas em cada imagem, em dias diferentes e pelo mesmo examinador (R.V.M.) para excluir a variabilidade intra e inter-observador (TELLO et al., 1994). O biomicroscópio ultra-sônico utilizado possui a capacidade de medir distâncias e ângulos (compassos internos), assumindo que a velocidade do som no olho é de 1530m/s para o cálculo das distâncias medidas. Esta capacidade é facilmente aplicável em imagens congeladas durante o exame ou em imagens armazenadas em disco óptico. Foram realizadas as seguintes medidas utilizando metodologia previamente descrita (PAVLIN et al., 1992; PAVLIN & FOSTER,1996): 1) PCA: medida feita entre a superfície posterior da córnea e a superfície anterior do cristalino, tomada entre os picos do modo A do aparelho; 61 2) distância de abertura do ângulo a 250 micrômetros do esporão escleral (AOD250): marca-se um ponto na parede ocular interna 250 micrômetros anterior ao esporão escleral e estende-se uma linha deste ponto e perpendicular ao plano da parede do seio camerular até a íris; a extensão desta linha pode ser então medida e corresponde a AOD250 (FIG. 1A); 3) distância de abertura do ângulo a 500 micrômetros do esporão escleral (AOD500): medida da mesma forma que o item anterior, tomada 500 micrômetros anteriormente ao esporão escleral (FIG. 1A); 4) espessura do corpo ciliar a 2,0mm do esporão escleral (CBT2): medida da espessura do corpo ciliar tomada em ponto na superfície interna da esclera, localizado 2,0mm posteriormente ao esporão escleral, em linha perpendicular ao plano da esclera (FIG. 1A); 5) espessura escleral a 2,0 mm do esporão escleral (ST2): espessura da esclera medida a 2,0mm posteriormente ao esporão escleral (FIG. 1A); 6) distância da faixa trabecular ao processo ciliar (TCPD): medida de linha que vai de um ponto na faixa trabecular 500 micrômetros anterior ao esporão escleral e perpendicular à íris até o processo ciliar (FIG. 1B); 7) distância entre a íris e o processo ciliar (ICPD): distância medida da superfície posterior da íris (epitélio pigmentar da íris) ao processo ciliar ao longo da mesma linha do TCPD (FIG. 1B); 8) espessura iriana 1 (ID1): medida em uma linha a 500 micrômetros do esporão escleral (a mesma linha da medida da TCPD) (FIGURA 1B); 9) espessura iriana 2 (ID2): espessura da íris medida a 2,0mm de distância da inserção da íris no corpo ciliar (FIG. 1B); 62 10) espessura da íris 3 (ID3): máxima espessura da íris medida próxima a borda pupilar (FIG. 1B); 11) extensão do contato iridocristaliniano (ILCD): medida da extensão do contato entre a superfície posterior da íris e a superfície anterior do cristalino (FIG. 1B). FIGURA 1 Desenho esquemático dos parâmetros da UBM analisados no presente estudo. A. AOD500, AOD250, CBT2, ST2. B. TCPD, ICPD, ID1, ID2, ID3, ILCD. 4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA 63 Os dados colhidos foram anotados em formulário padronizado (APÊNDICE B), digitados em base eletrônica e, finalmente, importados e analisados por programa estatístico (SPSS for Windows Version 13.0 Chicago: SPSS Inc.; 2004). Na análise descritiva, utilizaram-se tabelas de freqüências, gráficos e medidas de dispersão – média e desvio padrão. O valor de n refere-se ao tamanho da amostra avaliada. O teste do Qui-quadrado de Pearson para análise categórica foi utilizado para avaliar diferenças estatisticamente significativas entre proporções. Histogramas de freqüência e o teste de Kolmogorov-Smirnov foram utilizados para avaliar a distribuição dos dados numéricos (variáveis contínuas) para características paramétricas. Diferenças nos valores médios de dados paramétricos (distribuição gaussiana) entre olhos de diferentes pacientes foram examinadas utilizando o teste t de Student para amostras independentes. Mudanças nos valores médios entre os mesmos olhos de cada paciente foram analisadas pelo teste t de Student para amostras pareadas. Para dados não paramétricos (distribuição não gaussiana), o teste U de Mann-Whitney foi utilizado para comparar médias de amostras independentes (olhos de diferentes pacientes) e o teste de Wilcoxon para comparar amostras dependentes (olhos do mesmo paciente). O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Três variáveis (Km, ECC, e CR/AXL) que, após serem comparadas entre os olhos contra-laterais de FAPA e olhos com GPAA e SCE, apresentaram diferenças estatísticas pelo menos marginalmente significativas (valorp menor que 0,10) foram utilizadas para construir um modelo de regressão logística, com o objetivo de distinguir os olhos contra-laterais de FAPA dentre os olhos com seio estreito avaliados no presente estudo. Os critérios de seleção das variáveis 64 para o modelo levaram em consideração significância marginal (p<0,10) e também evitar situações de colinearidade – variáveis independentes deviam estar realmente não correlacionadas. A calibração do modelo foi procedida com a ajuda do teste de Hosmer&Lemershow, e as três variáveis (Km, ECC, e CR/AXL) permaneceram no modelo especificado abaixo: ln (pe/1 – pe) = β0 + β1Km + β2ECC + β3CR/AXL onde ln – logaritmo natural pe – probabilidade do evento β – valores dos coeficientes de regressão Km – ceratometria média ECC – espessura corneana central AXL – diâmetro ântero-posterior Curvas ROC (“Receiver Operating Characteristic Curve”) foram calculadas utilizando MedCalc Software para Windows (Medalc Software, Inc., Mariakerke, Bélgica). As curvas ROC do modelo de regressão logística, da ceratometria, da ECC e de todos os parâmetros biométricos que apresentaram diferenças estatísticas na comparação entre olhos contralaterais de FAPA e olhos com diagnóstico de GPAA e SCE foram construídas. A área sob a curva foi calculada. A melhor sensibilidade/especificidade foi avaliada pela definição dos pontos de corte. 4.9 MATERIAIS E MEDICAMENTOS relação 65 - Biomicroscópio modelo 3-E da marca Topcon ® (Topcon Medical Systems, Inc, Paramus, New Jersey, EUA); - Biomicroscópio ultra-sônico modelo 840-C com transdutor de freqüência igual a 50 MHz da Zeiss-Humphrey® (Zeiss-Humphrey Instruments Inc., San Leandro, California,USA); - Campo visual computadorizado Octopus 1-2-3 (Haag-Streit Usa Inc, Mason, Ohio, EUA) - Ceratômetro Baush & Lomb® (Bausch & Lomb Optical Co, Rochester, New York, EUA); - Oftalmoscópio binocular indireto da marca Welch Allyn® (Welch Allyn Inc, Skaneateles Falls, New York, EUA); - Lente de 20 dioptrias da Volk® (Volk Optical Inc, Mentor, Ohio, EUA); - Lente de 78 dioptrias da Volk® (Volk Optical Inc, Mentor, Ohio, EUA); - Lente de Goldmann de um espelho da Volk® (Volk Optical Inc, Mentor, Ohio, EUA); - Lente de três espelhos de Goldmann da Volk® (Volk Optical Inc, Mentor, Ohio, EUA); - Lente de quatro espelhos modelo Zeiss da Volk® (Volk Optical Inc, Mentor, Ohio, EUA); - Tonômetro de aplanação de Goldmann da marca Haag-Streit® modelo R-900 (Haag-Streit Usa Inc, Mason, Ohio, EUA); - Ecobiômetro modelo DGH® 5100e (DGH Technologies, Exton, EUA); - Medidor de iluminância modelo Minolta® T10 Illuminance Meter (Konica Minolta Sensing Inc., Osaka, Japan); - Tabela de optotipos do ETDRS - Medicamentos: - Proximetacaína 0,5% (Anestalcon® colírio, Alcon®) 66 - Fluoresceína 5% (Fluoresceína® colírio, Allergan®) - Metilcelulose 2% (Metilcelulose® colírio, Pharmacia Artesanal) - Tropicamida 1% (Mydriacyl® colírio, Alcon®) - Fenilefrina 10% (Fenilefrina colírio, Allergan ®), diluída a 2,5% na farmácia do Hospital das Clinicas/Hospital São Geraldo – UFMG. - Dexametasona 1% (Maxidex® colírio, Alcon®) - Pilocarpina 2% (Pilocarpina® colírio, Allergan®) - Maleato de timolol 0,5% (Maleato de timolol® colírio, Alcon®) 67 5 RESULTADOS 68 5 RESULTADOS Entre setembro de 2005 e junho de 2007 foram admitidos 1443 pacientes novos sendo 891 (61,8%) mulheres e 552 (38,2%) homens no Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo. Destes, 380 (26,3%) foram urgências oftalmológicas. Trinta pacientes foram diagnosticados como FAPA, desse modo, a incidência de FAPA foi de 20,8/1000 casos novos atendidos. Somente um paciente com possível diagnóstico de FAPA foi excluído devido a não resposta ao tratamento clinico; entretanto, este paciente apresentava catarata intensa (LOCS II maior que o grau II), e foi necessária a realização de cirurgia combinada: trabeculectomia e facoemulsificação. E nenhum paciente apresentou FAPA bilateral durante o período de estudo. Vinte e sete pacientes do grupo SCE foram admitidos para avaliação no presente estudo, avaliando-se o olho direito de 21 pacientes e o olho esquerdo de seis pacientes. A TAB. 2 mostra as características demográficas dos 57 indivíduos incluídos na pesquisa. Os pacientes do grupo SCE eram mais velhos que os pacientes do grupo FAPA contralateral (p=0,006), entretanto, nenhuma diferença estatística foi encontrada entre os grupos quando sexo (p = 0,820), raça (p = 0,438) e historia familiar de glaucoma (p = 0,656) foram comparados. 69 Tabela 2. Características demográficas dos pacientes com FAPA e SCE FAPA SCE Valor-p n = 30 n = 27 Idade (anos) 58,9 ± 9,3 65,9 ± 9,0 0,006a Sexo 0,820b %homens 23,3(7) 25,9(7) %mulheres 76,7(23) 74,1(20) Raça 0,438b %leucodérmicos 60,0(18) 48,1(13) %feodérmicos 36,7(11) 40,8(11) %melanodérmicos 3,3(1) 11,1(3) História Familiar de 0,656b Glaucoma %positivo 23,3(7) 18,5(5) %negativo 76,7(23) 81,5(22) FAPA, fechamento angular primário agudo; SCE, seio camerular estreito; a, test t de Student para amostras independentes; b, teste do qui-quadrado A TAB. 3 mostra as características clínicas, gonioscopia, Km e ECC dos olhos dos grupos avaliados no estudo. Somente E/D e a tonometria de aplanação (p < 0,001), dentre as características clínicas, apresentaram diferença estatística entre os grupos FAPA contralateral e SCE. Treze olhos (48,1%) do grupo SCE demonstraram E/D igual ou maior que 0,7. Gonioscopicamente, 70,4% (n = 19) dos olhos do grupo SCE foram classificados como seio camerular amplo sob indentação. Diferenças estatisticamente significativas foram evidentes quando se compararam os grupos gonioscopicamente tanto na posição primaria do olhar quanto sob indentação (p < 0,001). O valor de Km foi estatisticamente maior no grupo FAPA contralateral que no grupo SCE (p = 0,034). Os olhos com diagnóstico de GPAA e SCE apresentaram córnea mais fina que os olhos contralaterais de FAPA (p = 0,023) com diferença significativa. 70 Tabela 3. Características clínicas, gonioscopia, ceratometria e paquimetria dos olhos dos grupos FAPA contralateral e SCE; e significância (valores de p) entre os grupos Estatísticas dos Grupos FAPA SCE contralateral n = 30 n = 27 Acuidade visual não corrigida (logMar) Acuidade visual corrigida (logMar) Equivalente esférico (dioptrias) Tonometria (mmHg) E/D Gonioscopia Sem indentação %seio aberto estreito*(n) %seio fechado*(n) Sob indentação %seio aberto amplo*(n) %seio aberto intermediário*(n) %seio aberto estreito*(n) %seio fechado*(n) Km (dioptrias) ECC (µm) Valor-p FAPA contralateral vs SCE 0,37 ± 0,57 0,40 ± 0,32 0,112d 0,14 ± 0,55 0,14 ± 0,27 0,099d + 1,09 ± 1,41 + 1,28 ± 1,95 0,718d 14 ± 2,6 23 ± 3,7 <0,001e 0,37 ± 0,13 0,60 ± 0,21 <0,001e <0,001c 43,3 (13) 56,7 (17) 100 (27) 0,0 (0) <0,001c 13,3 (4) 76,7 (23) 10,0 (3) 0,0 (0) 70,4 (19) 25,9 (7) 3,7 (1) 0,0 (0) 45,05 ± 1,82 44,08 ± 1,48 0,034e 533 ± 33 514 ± 26 0,023e Valores são média±desvio padrão; FAPA contralateral, olhos contralaterais de fechamento angular primário agudo; SCE, seio camerular estreito; E/D, razão escavação disco; *, referir ao texto; Km, ceratometria média; ECC, espessura corneana central; c, teste do qui-quadrado; d, teste independente de Mann Whitney; e, teste t de Student para amostras independentes A TAB. 4 mostra os parâmetros biométricos dos olhos dos grupos FAPA contralateral e SCE, e as diferenças estatísticas entre os grupos. Diferenças estatisticamente significativas foram encontradas na PCA (2,48 ± 0,31mm vs. 2,71 ± 0,32mm; p = 0,009), AXL (21,83 ± 0,87mm vs. 22,44 ± 0,87mm; p = 0,010), e CR/AXL (2,24 ± 0,18 vs. 2,11 ± 0,15 ; p = 0,005). 71 Tabela 4. Características biométricas dos olhos dos grupos FAPA contralateral e SCE; e significância (valores de p) entre os grupos Estatísticas dos Grupos Valor-p Profundidade central de câmara anterior (mm) Espessura do cristalino (mm) Diâmetro ântero-posterior (mm) Espessura do cristalino/ Diâmetro axial antero-posterior (CR/AXL) Posição do cristalino (mm) Posição relativa do cristalino FAPA contralateral n = 30 SCE n = 27 2,48 ± 0,31 2,71 ± 0,32 (1,88; 3,25) (1,94; 3,28) 4,88 ± 0,36 4,73 ± 0,29 (4,19; 5,52) (3,84; 5,33) 21,83 ± 0,87 22,44 ± 0,87 (19,75; 23,20) (20,58; 23,85) 2,24 ± 0,18 (1,96; 2,68) 2,11 ± 0,15 (1,64; 2,45) 4,92 ± 0,30 5,07 ± 0,31 (4,24; 5,61) (4,52; 5,57) 0,22 ± 0,11 0,23 ± 0,14 (0,20; 0,25) (0,20; 0,25) FAPA contral ateral vs SCE 0,009 e 0,105 e 0,010 e 0,005 e 0,059 e 0,807 e FAPA contralateral, olhos contralaterais de fechamento angular primário agudo; SCE, seio camerular estreito; e, teste t de Student para amostras independentes; (valor mínimo; valor máximo) Um modelo de regressão logística foi criado com o objetivo de diferençar os olhos do grupo FAPA contralateral dos demais olhos estudados (TAB. 5). Ceratometria média, ECC e CR/AXL apresentaram uma diferença estatística de pelo menos p < 0,10 entre os grupos estudados e foram utilizados para construir o modelo, e os parâmetros mencionados acima apresentaram valores β de 0,335, 0,021 e 4,294, respectivamente, e valores de p de 0,080, 0,036 e 0,039, respectivamente. 72 Tabela 5. As variáveis na equação do modelo de regressão logística Valor- 95% IC para EXP (β) β p (Inferior - Superior) Km (dioptrias) 0,335 0,080 (1,026 a 2,105) ECC (µm) 0,021 0,036 (1,001 a 1,041) Espessura do cristalino/ Diâmetro axial ocular (CR/AXL) 4,294 0,039 (1,842 a 6289,962) -35,618 0,002 Constante Km, ceratomatria média; ECC, espessura corneana central; β, coeficientes de regressão; IC, intervalo de confiança; EXP, exponencial Curvas ROC do modelo de regressão logística, da Km, da ECC e de todos os parâmetros biométricos que apresentaram diferenças estatísticas na comparação entre olhos contralaterais de FAPA e olhos com diagnóstico de GPAA e SCE foram construídas para avaliar a capacidade dessas variáveis em distinguir olhos contralaterais de FAPA dentre os olhos estudados (GRAF. 1 a 6). O maior valor da área sob a curva ROC foi encontrado no modelo de regressão logística (0,80 ± 0,06) e o menor valor foi na K (0,66 ± 0,07). Pontos de corte foram criados para melhorar a relação sensibilidade/especificidade (TAB. 6). O valor do modelo de regressão logística, calculado dos dados disponíveis no presente estudo, para obtenção de ótimo equilíbrio entre sensibilidade e especificidade mostrou-se como um guia útil na medida em que modelo de regressão logística maior que 0,334 pode ser um bom indicador de olhos contralaterais de FAPA (sensibilidade de 83,3% e especificidade de 70,4%) dentre os olhos estudados. 73 MRL 100 Se nsi bili da de (% ) 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 100-Especificidade GRÁFICO 1 Curva ROC do modelo de regressão logística (MRL = ceratometria, espessura corneana central e razão espessura do cristalino/diâmetro axial ântero-posterior). Km 100 Se nsi bili da de (% ) 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 100-Especificidade GRÁFICO 2 Curva ROC da ceratometria média (Km) 74 PCA 100 80 60 40 Sensibilidade (%) 20 0 0 20 40 60 80 100 100-Especificidade GRÁFICO 3 Curva ROC da profundidade central da câmara anterior (PCA) CR/AXL S e ns ibi lid a d e ( % ) 100 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 100-Especificidade GRÁFICO 4 Curva ROC da razão entre espessura do cristalino e diâmetro axial ântero-posterior (CR/AXL) 75 AXL 100 Se nsi bili dad e (%) 80 60 40 20 0 0 20 40 60 80 100 100-Especificidade GRÁFICO 5 Curva ROC do diâmetro axial ântero-posterior (AXL) ECC 100 80 60 Sen sibili dad e (%) 40 20 0 0 20 40 60 80 100 100-Especificidade GRÁFICO 6 Curva ROC da espessura corneana central (ECC) 76 Tabela 6. Sensibilidade, especificidade e área sob a curva ROC do modelo de regressão logística, ceratometria, dados biométricos e ECC com a finalidade de separar os olhos contra-laterais de FAPA dentre os olhos estudados MRL Km PCA CR/AXL AXL ECC > 0,334 > 44,00 ≤ 2,61 > 2,09 ≤ 22,54 > 523 Sensibilidade (%) 83,3 70,0 76,7 80,0 80,0 70,0 Especificidade (%) 70,4 55,6 63,0 55,6 59,3 70,4 Área sob curva ROC (média ± desvio 0,80±0,06 0,66±0,07 0,69±0,07 0,72±0,07 0,70±0,07 0,68±0,07 padrão) FAPA, fechamento angular primário agudo; MRL, modelo de regressão logística; Km, ceratometria média; PCA, profundidade central de câmara anterior; CR/AXL, razão espessura do cristalino/diâmetro axial ântero-posterior; AXL, diâmetro axial antero-postarior; ECC, espessura corneana central A TAB. 7 mostra os parâmetros da UBM dos olhos dos grupos FAPA contralaterais e SCE. Diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos foram encontradas na PCA no claro (p < 0,001) e no escuro (p < 0,001); AOD250 no quadrante superior no claro (p = 0,002) e no escuro (p = 0,015), e no quadrante inferior no claro (p < 0,001) e no escuro (p < 0,001); AOD500 no quadrante superior no claro (p < 0,001) e no escuro (p < 0,001), e no quadrante inferior no claro (p < 0.001) e no escuro (p < 0,001); TCPD no quadrante superior no claro (p = 0,017) e no escuro (p = 0,044), e no quadrante inferior no claro (p = 0,047); e ID3 no quadrante superior no claro (0,042) e no escuro (p = 0,021), e no quadrante inferior no escuro (p = 0,016). A TAB. 8 mostra a comparação entre as medidas da UBM dos olhos dos grupos FAPA contralateral e SCE no claro e no escuro. Diferenças estatisticamente significativas entre o claro e o escuro nos olhos contralaterais de pacientes com FAPA foram encontradas na ILCD nos quadrantes superior (p = 0,009) e inferior (p = 0,006); e nos olhos com diagnóstico de GPAA e SCE foram encontradas na ID1 no quadrante superior (p = 0,021), na ID2 no quadrante superior (p = 0,042), na ID3 no quadrante inferior (p = 0,023), e na ILCD nos quadrantes superior (p = 0,035) e inferior (p < 0,001). 77 Tabela 7. Valores dos parâmetros da UBM dos olhos dos grupos FAPA contralaterais e SCE FAPA SCE contralateral Valor-p n = 27 n = 30 PCA claro (mm) 1,851 ± 0,228 2,199 ± 0,256 < 0,001d PCA escuro (mm) 1,860 ± 0,242 2,188 ± 0,248 < 0,001e AOD250 no QS claro (mm) 0,007 ± 0,030 0,049 ± 0,064 0,002d AOD250 no QS escuro (mm) 0,003 ± 0,018 0,031 ± 0,057 0,015d AOD500 no QS claro (mm) 0,003 ± 0,014 0,070 ± 0,076 < 0,001d AOD500 no QS escuro (mm) 0,006 ± 0,028 0,050 ± 0,062 < 0,001d TCPD no QS claro (mm) 0,560 ± 0,153 0,666 ± 0,171 0,017e TCPD no QS escuro (mm) 0,565 ± 0,160 0,650 ± 0,149 0,044e ICPD no QS claro (mm) 0,226 ± 0,100 0,245 ± 0,125 0,543e ICPD no QS escuro (mm) 0,225 ± 0,100 0,223 ± 0,086 0,941e ID1 no QS claro (mm) 0,321 ± 0,076 0,327 ± 0,067 0,760e ID1 no QS escuro (mm) 0,340 ± 0,082 0,361 ± 0,076 0,317e ID2 no QS claro (mm) 0,434 ± 0,103 0,431 ± 0,063 0,896e ID2 no QS escuro (mm) 0,445 ± 0,114 0,462 ± 0,088 0,551e ST2 no QS claro (mm) 0436 ± 0,060 0,457 ± 0,081 0,256e CBT2 no QS claro (mm) 0,269 ± 0,056 0,280 ± 0,087 0,551d CBT2 no QS escuro (mm) 0,271 ± 0,045 0,294 ± 0,085 0,217d ID3 no QS claro (mm) 0,573 ± 0,113 0,631 ± 0,096 0,042e ID3 no QS escuro (mm) 0,574 ± 0,121 0,640 ± 0,084 0,021e ILCD no QS claro (mm) 0,488 ± 0,147 0,499 ± 0,137 0,772d ILCD no QS escuro (mm) 0,427 ± 0,180 0,450 ± 0,123 0,567d AOD250 no QI claro (mm) 0,014 ± 0,050 0,056 ± 0,065 0,009d AOD250 no QI escuro (mm) 0,000 ± 0,000 0,058 ± 0,065 < 0,001d AOD500 no QI claro (mm) 0,026 ± 0,053 0,081 ± 0,066 < 0,001d AOD500 no QI escuro (mm) 0,017 ± 0,046 0,089 ± 0,091 < 0,001d TCPD no QI claro (mm) 0,594 ± 0,142 0,669 ± 0,135 0,047e TCPD no QI escuro (mm) 0,626 ± 0,159 0,672 ± 0,141 0,246e ICPD no QI claro (mm) 0,215 ± 0,087 0,229 ± 0,107 0,588e ICPD no QI escuro (mm) 0,224 ± 0,101 0,220 ± 0,101 0,872e ID1 no QI claro (mm) 0,353 ± 0,085 0,356 ± 0,067 0,868e ID1 no QI escuro (mm) 0,361 ± 0,085 0,350 ± 0,052 0,575e ID2 no QI claro (mm) 0,432 ± 0,097 0,429 ± 0,069 0,850e ID2 no QI escuro (mm) 0,439 ± 0,114 0,455 ± 0,088 0,551e ST2 no QI claro (mm) 0,502 ± 0,066 0,522 ± 0,066 0,268e CBT2 no QI claro (mm) 0,283 ± 0,053 0,299 ± 0,086 0,374e CBT2 no QI escuro (mm) 0,297 ± 0,042 0,310 ± 0,072 0,395e ID3 no QI claro (mm) 0,510 ± 0,100 0,549 ± 0,117 0,176e ID3 no QI escuro (mm) 0,525 ± 0,087 0,583 ± 0,088 0,016e ILCD no QI claro (mm) 0,478 ± 0,120 0,524 ± 0,132 0,180d ILCD no QI escuro (mm) 0,416 ± 0,101 0,430 ± 0,116 0,609e Valores são média±desvio padrão; UBM, biomicroscopia ultra-sônica; FAPA contralateral, olhos contralaterais de fechamento angular primário agudo; SCE, seio camerular estreito; PCA, profundidade central da câmara anterior; QS, quadrante superior (12 horas de relógio); QI, quadrante inferior (6 horas de relógio); AOD250, distância do ângulo de abertura à 250 µm do esporão escleral; AOD500, distância do ângulo de abertura à 500 µm do esporão escleral; TCPD, distância do processo ciliar ao trabeculado; ICPD, distância entre a íris e o processo ciliar; ID1, espessura da íris 1; ID2, espessura da íris 2; ST2, espessura escleral 2; CBT2, espessura do corpo ciliar 2; ID3, espessura da íris 3; ILCD, extensão do contato iridocristaliniano; d, teste de Mann Whitney; e, teste t de Student para amostras independentes Tabela 8. Valores dos parâmetros da UBM dos olhos dos grupos FAPA contralaterais e SCE (claro x escuro) FAPA FAPA SCE SCE contra-lateral contra-lateral Valor-p (claro) (escuro) Valor-p (claro) (escuro) n = 27 n = 27 n = 30 n = 30 PCA (mm) 1,851 ± 0,228 1,860 ± 0,242 0,510c 2,199 ± 0,256 2,188 ± 0,248 0,313a c AOD250 no QS (mm) 0,007 ± 0,030 0,003 ± 0,018 0,593 0,049 ± 0,064 0,031 ± 0,057 0,233a AOD500 no QS (mm) 0,070 ± 0,076 0,050 ± 0,062 0,003 ± 0,014 0,006 ± 0,028 1,000c 0,170a d TCPD no QS (mm) 0,560 ± 0,153 0,565 ± 0,161 0,851 0,666 ± 0,171 0,650 ± 0,149 0,571b c ICPD no QS (mm) 0,226 ± 0,100 0,225 ± 0,100 0,837 0,245 ± 0,125 0,223 ± 0,086 0,226a ID1 no QS (mm) 0,327 ± 0,067 0,361 ± 0,076 0,321 ± 0,076 0,340 ± 0,082 0,166d 0,021b d ID2 no QS (mm) 0,434 ± 0,103 0,445 ± 0,114 0,424 0,431 ± 0,063 0,462 ± 0,088 0,042b CBT2 no QS (mm) 0,269 ± 0,056 0,271 ± 0,045 0,905c 0,280 ± 0,087 0,294 ± 0,085 0,249a d ID3 no QS (mm) 0,631 ± 0,096 0,640 ± 0,084 0,573 ± 0,113 0,574 ± 0,121 0,951 0,425b ILCD no QS (mm) 0,488 ± 0,147 0,427 ± 0,180 0,009c 0,499 ± 0,137 0,450 ± 0,123 0,035a c AOD250 no QI (mm) 0,014 ± 0,050 0,000 ± 0,000 0,109 0,056 ± 0,065 0,058 ± 0,065 0,760a AOD500 no QI (mm) 0,374c 0,081 ± 0,066 0,089 ± 0,091 0,837a 0,026 ± 0,053 0,017 ± 0,046 d TCPD no QI (mm) 0,594 ± 0,142 0,626 ± 0,159 0,187 0,669 ± 0,135 0,672 ± 0,141 0,878b ICPD no QI (mm) 0,224 ± 0,101 0,215 ± 0,087 0,422c 0,229 ± 0,107 0,220 ± 0,101 0,692a d ID1 no QI (mm) 0,353 ± 0,085 0,361 ± 0,085 0,592 0,356 ± 0,067 0,350 ± 0,052 0,675b ID2 no QI (mm) 0,429 ± 0,069 0,455 ± 0,088 0,432 ± 0,097 0,439 ± 0,114 0,608d 0,232b d CBT2 no QI (mm) 0,283 ± 0,053 0,297 ± 0,042 0,155 0,299 ± 0,086 0,310 ± 0,072 0,404b ID3 no QI (mm) 0,510 ± 0,100 0,525 ± 0,087 0,290d 0,549 ± 0,117 0,583 ± 0,088 0,023b c ILCD no QI (mm) 0,524 ± 0,132 0,430 ± 0,116 0,478 ± 0,120 0,416 ± 0,101 0,006 <0,001a Valores são média±desvio padrão; UBM, biomicroscopia ultra-sônica; FAPA contralateral, olhos contralaterais de fechamento angular primário agudo; SCE, seio camerular estreito; PCA, profundidade central da câmara anterior; QS, quadrante superior (12 horas de relógio); QI, quadrante inferior (6 horas de relógio); AOD250, distância do ângulo de abertura à 250 µm do esporão escleral; AOD500, distância do ângulo de abertura à 500 µm do esporão escleral; TCPD, distância do processo ciliar ao trabeculado; ICPD, distância entre a íris e o processo ciliar; ID1, espessura da íris 1; ID2, espessura da íris 2; CBT2, espessura do corpo ciliar 2; ID3, espessura da íris 3; ILCD, distância do contato íris-cristalino; a, teste de Wilcoxon; b, teste t de Student para amostras dependentes. 78 79 6 DISCUSSÃO 80 6 DISCUSSÃO A identificação de parâmetros anatômicos que caracterizam os pacientes sob risco de FAPA é de grande importância, uma vez que poderá possibilitar o melhor conhecimento dos fatores responsáveis pela eclosão de uma crise aguda de fechamento do seio camerular, e desse modo, possibilitará o tratamento precoce de alguns pacientes evitando a crise. A pesquisa de dados que possam predizer o FAPA, além do aumento do conhecimento sobre o bloqueio pupilar têm se tornado um campo de estudo de grande interesse. A incidência encontrada foi de 20,8/1000 casos novos atendidos. Ao analisarmos apenas os casos de emergência atendidos a incidência sobe para 78,9/1000. Quando comparamos as incidências obtidas nos estudos populacionais (TEIKARI et al., 1987; Vadot et al., 1989; Erie et al., 1997; SEAH et al., 1997; LAI et al., 2001; IVANISEVIC et al., 2002; BOJIC et al., 2004) com a identificada no presente trabalho, verificamos que a incidência aqui encontrada foi mais elevada. Esse resultado justifica-se pelo fato de o Serviço de Glaucoma do Hospital São Geraldo ser um serviço de referência no tratamento do glaucoma. Em estudo realizado por Das et al. (2001) no setor de glaucoma de um hospital terciário no norte da Índia, no período de janeiro/1995 a dezembro/1999, foi encontrada uma incidência de 58,1 por 1000 atendimentos; valor superior ao encontrado no presente estudo, o que pode ser justificado pela maior freqüência de pacientes com ângulo fechado na Índia (DANDONA et al., 2000; RAMAKRISHNAN et al., 2003). 81 Ambos os grupos estudados (FAPA contralateral e SCE), apresentaram características demográficas similares, exceto pela idade (TAB. 2). Os pacientes com FAPA tiveram uma média de idade de 58,9 ± 9,3 anos que foi menor que a média de idade dos pacientes com SCE (65,9 ± 9,0 anos) (p = 0,006). Essa diferença poderia ser considerada uma limitação do presente estudo uma vez que algumas mudanças na estrutura do olho ocorrem quando as pessoas envelhecem (LIM et al., 1992). As modificações nas dimensões oculares com o envelhecimento, especialmente no segmento anterior, já foram estudadas (LUTJEN & ROHEN, 1968; FONTANA & BRUBAKER, 1980; MARKOWITZ & MORIN, 1984; LIM et al., 1992). As diferenças anatômicas entre a 6ª e 7ª décadas, que são as décadas da maioria dos pacientes incluídos em nosso estudo, não são significativas (LIM et al., 1992; MARKOWITZ & MORIN, 1984). Lim et al. (1992) encontraram, em olhos normais, AXL de 22,97 ± 0,75mm na 6ª década e 22,92 ± 0,83mm na 7ª década, e PCA de 2,01 ± 0,26mm na 6ª década e 1,97 ± 0,20mm na 7ª década, e demonstraram que a PCA tem uma redução acelerada entre a 4ª e 5ª décadas nas mulheres. Markowitz & Morin (1984) relataram que a maioria dos ataques de FAPA ocorre entre as idades de 50 e 70 anos, e também, concluíram que durante a 6ª década o cristalino parece parar de crescer e quando volta a aumentar em espessura novamente, o faz de forma lenta (0,037mm/ano). Fontana & Brubaker (1980) verificaram que a profundidade e o volume da câmara anterior diminuem com a idade e estão relacionadas ao grau da ametropia, e a câmara anterior diminui 0,01mm/ano em emétropes com mais de 40 anos de idade. No presente estudo, realizamos uma série de novas observações sobre olhos com FAPA e olhos com diagnóstico de GPAA e SCE. Primeiro, os valores do equivalente 82 esférico hipermetrópico foram menores no grupo FAPA contralateral, apesar de a diferença não ter sido estatisticamente significativa (p = 0,718) (TAB.3). Essa tendência referida acima pode ser explicada pelo fato de os olhos do grupo FAPA contralateral apresentarem córneas com maior curvatura que os olhos do grupo SCE (p = 0,034). Em concordância com outros estudos (LOWE, 1969; DUCASSE et al., 1987), o equivalente esférico hipermetrópico foi a refração mais comum encontrada em pacientes com fechamento angular, entretanto, o presente estudo sugere uma correlação entre o equivalente esférico encontrado e a Km dos pacientes com seios camerulares estreitos/fechados, além da relação com o AXL que já é estabelecida. Os olhos do grupo SCE demonstraram uma maior E/D que o outro grupo com diferença estatisticamente significativa (p < 0,001) (TAB. 3). Essa situação está provavelmente relacionada com o fato de que o GPAA é uma doença crônica e assintomática, e geralmente, com diagnóstico tardio; ao contrário do FAPA que é um quadro abrupto. Além disso, a diferença da Po encontrada (p < 0,001) entre os grupos também era esperada em virtude dos critérios de inclusão e exclusão dos mesmos. Gonioscopicamente, os grupos eram estatisticamente diferentes, sendo que na posição primária do olhar o grupo FAPA contralateral apresentava maior proporção de seios camerulares fechados (43,3%) enquanto que no grupo SCE nenhum dos pacientes apresentou essa classificação (p < 0,001); já sob indentação, no grupo FAPA contralateral prevaleceu o seio camerular aberto e intermediário (76,7%), e no grupo SCE predominou o seio camerular aberto amplo (70,4%) (p < 0,001) (TAB. 3). 83 Os olhos do grupo FAPA contralateral apresentaram maior ECC que os olhos do grupo SCE de forma estatisticamente significativa. Sihota et al. (2000) encontraram ECC significativamente maior em olhos com FAPA em comparação a olhos com FAP crônico e olhos normais; além disso, observaram que em comparação com olhos contralaterais, os olhos acometidos por FAPA apresentaram maior ECC. Quando comparamos biometricamente olhos do grupo FAPA contralateral com os olhos do grupo SCE, verificamos diferenças estatisticamente significativas somente em três parâmetros: PCA, AXL e CR/AXL (TAB. 4). Demonstramos que olhos contralaterais de FAPA mostraram menor PCA, menor AXL e maiores valores CR/AXL que olhos com diagnóstico de GPAA e SCE (TAB. 4). Apesar de os pacientes do grupo FAPA contralateral terem menor idade média que os pacientes do grupo SCE, nenhuma diferença foi encontrada na CR. Entretanto, o menor AXL e os maiores valores CR/AXL nos olhos do grupo FAPA contralateral comparados com o grupo SCE poderiam explicar a menor PCA nos olhos contralaterais, e também, ser importantes indicadores de quais olhos estariam sob risco de um ataque agudo. Sihota et al. (2000) encontraram que olhos com FAPA mostraram maior CR, cristalino mais anteriorizado, e menor PCA comparados com outros subgrupos de FAP: crônico e subagudo. George et al. (2003) demonstraram que olhos com GPAF não apresentaram menor PCA ou maior CR que olhos com seios camerulares oclusíveis. Acreditamos que o presente estudo é um dos primeiros trabalhos a realizar uma comparação biométrica entre olhos contralaterais de FAPA e olhos com diagnóstico de GPAA e SCE. Essa comparação nos deu informações novas que podem ser úteis na separação de pacientes que possuem seios camerulares 84 estreitos e são mais susceptíveis à crise de FAPA de pacientes com seios camerulares estreitos e são menos susceptíveis a sofrer ataque agudo. É notório que os olhos contralaterais de pacientes com FAPA devem ser tratados com IPL para evitar uma crise aguda de fechamento angular (BAIN, 1957; LOWE, 1962; HYAMS, 1975; SNOW, 1977; MAPSTONE, 1981; EDWARDS, 1982). Entretanto, o tratamento referido acima não está isento de complicações e efeitos colaterais, e assim, deve ser utilizado somente quando os benefícios são maiores que os riscos. Vários testes provocativos têm sido empregados para avaliar pacientes sob risco de fechamento angular agudo e como indicadores de iridotomia profilática, porém a maioria deles não é muito sensível ou consome muito tempo na sua execução, e assim, esses testes não são adequados como procedimentos de “screening” (triagem) na prática diária (HYAMS et al., 1968; HARRIS & GALIN, 1972; HUNG & CHOU, 1979; HUNG, 1990). Panek et al. (1990) sugeriram que o aumento de um único parâmetro (CR/AXL) pode estar correlacionado com a redução da duração do tempo para ser necessária a indicação da IPL (PANEK et al., 1990). Desse modo, decidimos utilizar três parâmetros (Km, ECC e CR/AXL) para construir um modelo de regressão logística, com o objetivo de separar os pacientes do grupo FAPA contralateral dos demais pacientes com seio camerular estreito estudados, ou seja, pacientes com maior risco de FAPA e possível indicação de IPL (TAB. 5). Valores do modelo de regressão logística acima de 0,334 podem diferençar olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral de olhos com diagnóstico de GPAA e SCE com 83,3% de sensibilidade e 70,4% de especificidade, e pode ser um bom indicador de IPL dentre os olhos estudados no presente trabalho (TAB. 6). Lin et al. (1997) relataram que os valores biométricos calculados para ótima sensibilidade e 85 especificidade após uma análise comparativa entre pacientes com GPAF e pacientes não glaucomatosos podem ser um guia útil para a indicação de IPL: AXL menor que 22,80mm (76%-sensibilidade, 80%-especificidade), PCA menor que 2,70mm (94%-sensibilidade, 94%-especificidade) ou razão PCA/AXL menor que 0,12 (94%-sensibilidade, 89%-especificidade); entretanto, o grupo de não glaucomatosos referido acima não apresentava SCE. Em nosso estudo, após a avaliação das curvas ROC (GRAF. 1 a 6) e o melhor balanço entre sensibilidade e especificidade, encontramos que o modelo de regressão logística acima de 0,334 pode ser um bom indicador para olhos contralaterais de FAPA dentre os olhos analisados, e o AXL menor especificidade) e CR/AXL que maior 22,54mm que 2,09 (80,0%-sensibilidade, 59,3%- (80,0%-sensibilidade, 55,6%- especificidade) podem ser parâmetros pelo menos razoáveis para esse fim (TABELA 6). Após a análise da área sob a curva ROC concluímos que, como o modelo de regressão logística (GRAF. 1) e CR/AXL (GRAF. 4) mostraram os maiores valores, esses dois parâmetros podem ser úteis para separar o grupo FAPA contralateral do grupo SCE (TAB. 6). Sawada et al. (1997) demonstraram que olhos contralaterais de pacientes com FAPA têm diferentes características topológicas e u’a maior incidência de fechamento angular aposicional quando comparados com olhos normotensivos e com SCE, e essas características podem predispor os olhos contralaterais a uma crise aguda iminente. Os resultados encontrados no presente estudo referentes aos dados de UBM mostram claramente que os olhos contralaterais de FAPA são caracterizados por um segmento anterior mais estreito e uma PCA (medida sem a espessura da córnea) menor, que os olhos do grupo SCE (TAB. 7). Uma câmara 86 anterior mais rasa em olhos com fechamento angular foi relatada previamente, não somente em estudos biométricos que compararam esses olhos com indivíduos normais (SAXENA et al., 1993; SIHOTA et al., 2000), ou seios camerulares estreitos (LEE et al., 1984), ou seios oclusíveis (GEORGE et al., 2003), ou GPAA (CALIXTO & CRONEMBERGER, 1986), mas também em estudos de UBM que compararam olhos que apresentavam fechamento angular com olhos normais (MARCHINI et al., 1998; GARUDADRI et al., 2002). Subgrupos de GPAF foram estudados por Marchini et al. (1998) através da UBM, e a forma aguda/intermitente demonstrou uma PCA menor que a forma crônica. Assim como Pavlin et al. (1992) descreveram anteriormente, o TCPD é um parâmetro de primeira importância uma vez que indica o espaço disponível para a íris entre a malha trabecular e os processos ciliares, e é uma característica típica de cada olho. No presente estudo, os valores do TCPD foram maiores em olhos do grupo SCE que os olhos do grupo FAPA contralateral, tanto no ambiente claro quanto no escuro (TAB. 7). Entretanto, nenhuma diferença significativa foi encontrada na ICPD e na ID1 (TAB. 7). As diferenças verificadas no TCPD tem efeito no AOD250 e AOD500, que foram particularmente menores nos olhos do grupo FAPA contralateral (TAB. 7). Alguns estudos avaliaram a diferença no parâmetro TCPD entre olhos com GPAF e olhos normais na população do Sul da Índia (GARUDADRI et al., 2002), após IPL em pacientes com GPAF (GARUDADRI et al., 2002), entre olhos com FAP agudo/intermitente e olhos com FAP crônico (MARCHINI et al., 1998), entre olhos suspeitos de FAP e olhos normais (RAMANI et al., 2007), e os menores valores fora encontrados em olhos com GPAF, GPAF anterior a IPL, FAP agudo/intermitente e suspeita de FAP, respectivamente. Alguns 87 estudos verificaram que olhos contralaterais de FAP e olhos suspeitos de FAP apresentaram valores menores de AOD500 quando comparados com controles normais (RAMANI et al., 2007; FRIEDMAN et al., 2003). Marchini et al. (1998) verificaram diferença estatisticamente significativa no AOD500 entre olhos FAP agudo/intermitente e olhos com FAP crônico. A presença de uma diferença no TCPD entre olhos contralaterais do grupo FAPA contralateral e olhos do grupo SCE pode nos dar uma indicação da patogênese da crise aguda de fechamento angular na ausência de uma opacidade cristaliniana considerável (MARCHINI et al., 1998). A espessura da íris (ID1, ID2 e ID3) não apresentou diferença estatisticamente significativa entre os grupos estudados, exceto pela ID3, no quadrante superior no claro (0,042) e no escuro (p = 0,021), e no quadrante inferior no escuro (p = 0,016). Provavelmente, de acordo com os resultados encontrados, a espessura da íris não foi responsável pelo estreitamento do seio camerular; somente verificou-se que a íris apresentou menor espessura próxima à borda pupilar (ID3) nos pacientes do grupo FAPA. No bloqueio pupilar, o aumento da curvatura da íris parece ser de grande importância (Nonaka et al., 2007). Diferenças na ID1 entre pacientes com GPAF e indivíduos normais não foram encontradas no trabalho de Marchini et al. (1998), entretanto, Garudadri et al. (2002) encontraram pequena diferença. O achado de uma íris mais espessa já foi descrito em esquimós, e esse espessamento contribui para um risco aumentado de fechamento angular (ALSBIRK, 1976). No presente estudo, achados inesperados foram verificados quando comparação entre exames no claro e no escuro da espessura da íris do grupo SCE foram realizados; ID1 quadrante superior (p = 0,021), ID2 quadrante superior (p = 0,042) e ID3 no quadrante inferior (p = 0,023) foram mais espessas no escuro (TAB. 8), esses 88 resultados não foram encontrados no grupo FAPA contralateral. Lutjen & Rohen (1968) verificaram que olhos com FAPA típico apresentaram raiz da íris menor (ou ausente) e mais espessa que outros olhos portadores de glaucoma. Ao analisarmos a ST2 e a CBT2, o presente estudo não observou nenhuma diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, ou dentro dos dois grupos entre o claro e o escuro. Gohdo et al. (2000) encontraram um corpo ciliar menos espesso em olhos com SCE em comparação com olhos normais, e sugeriram que esse afinamento poderia ser uma mudança do envelhecimento associado com modificações biométricas do segmento anterior relacionadas com a idade como o posicionamento anterior do cristalino, o aumento da CR, e a redução da PCA. O grupo FAPA contralateral em comparação ao grupo SCE não mostrou nenhuma diferença estatisticamente significativa na ILCD. Entretanto, quando esse parâmetro foi analisado modificando as condições do ambiente de claro para escuro, verificaram-se valores maiores no claro (TABELA 8). Provavelmente, quando ocorre dilatação média resultando no bloqueio pupilar (situação simulada pelo escuro), a convexidade da íris aumenta em concordância com uma PCA menor e maior idade do paciente (NONAKA et al., 2007), e consequentemente, a ILCD parece diminuir. No presente estudo, nenhuma diferença foi encontrada na espessura da íris nos pacientes do grupo FAPA contralateral nas medidas realizadas entre o claro e o escuro (TAB. 3). 89 É importante ressaltar que o presente estudo tem limitações, como o não pareamento por idade; além disso, acreditamos que amostras maiores, tempo de seguimento prolongado e comparação dos achados verificados no presente trabalho com outro grupos específicos de pacientes como os portadores de íris em platô ou pacientes com SCE sem a presença de diagnóstico de glaucoma poderão nos auxiliar na compreensão e confirmação dos resultados encontrados, no entendimento da fisiopatologia do fechamento angular, e na identificação de outros parâmetros que possam predizer de modo eficiente quais são os pacientes sob maior risco de FAPA. Em síntese, olhos contralaterais de pacientes com FAPA apresentaram córneas com maior espessura, córneas com curvaturas médias maiores, menor PCA, menor AXL, maiores valores CR/AXL que os olhos com diagnóstico ou suspeita de GPAA e SCE. O modelo de regressão logística construído com três variáveis (Km, ECC e CR/AXL) com o objetivo de diferenciar os olhos do grupo FAPA contralateral dos demais olhos estudados mostrou resultados promissores. Além disso, a UBM demonstrou que os olhos do grupo FAPA contralateral apresentaram um segmento anterior mais aglomerado, especialmente a entrada do seio camerular, e, quando as condições de iluminação foram modificadas do claro para o escuro, a ILCD reduziu. 90 7 CONCLUSÕES 91 7 CONCLUSÕES 1) Olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral apresentaram córneas com maior espessura que os olhos com diagnóstico de GPAA e SCE. 2) Olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral apresentaram córneas com curvaturas maiores que os olhos com diagnóstico de GPAA e SCE. 3) Na análise ecobiométrica, olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral demonstraram menor PCA, menor AXL, maiores valores de CR/AXL que os olhos com diagnóstico de GPAA e SCE. 4) Não houve diferença estatisticamente significativa entre os olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral e os olhos com diagnóstico de GPAA e SCE nos seguintes parâmetros biométricos: CR, PC e PRC. 5) O modelo de regressão logística construído com três variáveis (Km, ECC e CR/AXL) apresentou 83,3% de sensibilidade e 70,4% de especificidade para diferençar olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral dos demais olhos com SCE avaliados no presente estudo, para valores acima de 0,334 (ponto de corte adotado após o balanceamento entre especificidade e sensibilidade). 6) Na análise da UBM, olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral demonstraram PCA, AOD250, AOD500, e TCPD com valores menores que os olhos com diagnóstico de GPAA e SCE, nos quadrantes superior e inferior, tanto no 92 ambiente claro quanto no ambiente escuro, exceto a TCPD no quadrante inferior e no escuro. E os olhos com diagnóstico de GPAA e SCE apresentaram maior ID3 no quadrante superior no claro e no escuro, e no quadrante inferior no escuro que os contralaterais de pacientes com FAPA unilateral. 7) Não houve diferença estatisticamente significativa entre os olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral e os olhos com diagnóstico de GPAA e SCE nos seguintes parâmetros da UBM, nos quadrantes superior e inferior, tanto no ambiente claro quanto no ambiente escuro: ICPD, ID1, ID2, ST2, CBT2, ILCD; e na ID3 no quadrante inferior e no claro. 8) Quando se variaram as condições de iluminação do ambiente do claro para o escuro, a ILCD reduziu nos dois grupos estudados. Nos olhos com diagnóstico de GPAA e SCE a espessura da íris foi maior na ID1 e na ID2 no quadrante superior e no ambiente escuro, e na ID3 no quadrante inferior e no ambiente escuro. 9) Não houve diferença estatisticamente significativa nos olhos contralaterais de pacientes com FAPA unilateral e nos olhos com diagnóstico de GPAA e SCE nos seguintes parâmetros da UBM, nos quadrantes superior e inferior, quando se variaram as condições de iluminação do ambiente do claro para o escuro: PCA, AOD250, AOD500, ICPD, TCPD, CBT2; além de ID1, ID2, ID3 nos olhos contralaterais; e nos olhos com diagnóstico de GPAA e SCE na ID1 e ID2 no quadrante inferior , e ID3 no quadrante superior. 93 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 94 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Alper MG, Laubach JL. Primary angle-closure glaucoma in the American Negro. Arch Ophthalmol 1968,79:663-8. 2. Alsbirk PH. Primary angle-closure glaucoma: oculometry, epidemiology, and genetics in a high risk population. 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