Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL COMPLEMENTAR DA IMPLANTAÇÃO DO CENTRO METROPOLITANO DO GUARÁ Fonte: Plano de Ocupação Interbairros Dezembro de 2008 1 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Governo do Distrito Federal José Roberto Arruda Governador Cássio Taniguchi Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente SEDUMA Companhia Imobiliária de Brasília TERRACAP Antônio Raimundo Gomes da Silva Diretor Presidente Luiz Antônio Almeida Reis Diretor Técnico e de Fiscalização Elme Teresinha Ribeiro Tanus Diretora de Recursos Humanos, Administração e Finanças Marcus Vinicius Souza Viana Diretor de Prospecção e Formatação de Novos Empreendimentos Anselmo Rodrigues Ferreira Leite Diretor de Desenvolvimento e Comercialização Magno Augusto Machado Técnico Especialista - Geólogo Executor do Contrato 2 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Equipe Técnica Eduardo Ribeiro Felizola – Eng. Florestal Coordenação Técnica – CREA / DF – 8.763/D Márcio Villas Boas – Arquiteto Urbanista Meio Urbano – CREA/DF – 2.517/D Maria Rita Souza Fonseca – Geógrafa Meio Socioeconômico – CREA/DF – 12.869/D Francisco Javier Fernandez Fawaz – Geógrafo Sistema de Informações Geográficas – CREA/DF 13.010/D Ayrton Klier Péres Júnior – Biólogo Meio Biótico Fauna - CRBio 4ª Região 30.247/4 - D Rodrigo Luiz Gomes Pieruccetti – Eng. Florestal Meio Biótico Flora – CREA/DF 11.875/D José Elói Guimarães Campos - Geólogo Meio Físico – CREA/DF Nº 7.896/D 3 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará ÍNDICE 1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 09 2 – APRESENTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO .................................................................. 10 2.1 – Identificação do empreendimento ................................................................................. 10 2.2 – Dados da instituição responsável pelo empreendimento. .............................................. 10 2.3 – Instituições responsáveis pela elaboração do Plano de Ocupação. ............................... 10 2.4 – Localização .................................................................................................................... 11 2.5 – Objetivos e justificativas da criação do empreendimento ............................................. 13 2.6 – Situação fundiária e possíveis conflitos de uso. ............................................................ 13 2.7 – Histórico do Plano de Ocupação do Centro Metropolitano do Guará ........................... 15 2.8 – Caracterização do Empreendimento .............................................................................. 17 3 – DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA .................................................................. 20 4 – DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS AO EMPREENDIMENTO ....................... 23 5 – DIAGNOSTICO AMBIENTAL .......................................................................................... 25 5.1 – Diagnóstico do Meio Físico ........................................................................................... 25 5.1.1 – Geologia ................................................................................................................. 25 5.1.2 – Geomorfologia ........................................................................................................ 26 5.1.3 – Solos ....................................................................................................................... 27 5.1.4 – Hidrogeologia ......................................................................................................... 35 5.1.5 – Hidrologia Superficial ............................................................................................ 40 5.2 – Diagnóstico da Flora ...................................................................................................... 45 5.2.1 – Metodologia de Amostragem ................................................................................. 45 5.2.2 – Resultados Obtidos ................................................................................................. 46 5.2.3 – Discussão sobre a Cobertura Vegetal ..................................................................... 50 5.2.4 – Áreas Legalmente Protegidas ................................................................................. 56 5.3 – Diagnóstico de Fauna .................................................................................................... 61 5.3.1 – Caracterização da Área de Estudo .......................................................................... 61 5.3.2 – Metodologia de Amostragem ................................................................................. 64 5.3.3 – Resultados Obtidos ................................................................................................. 65 5.4 – Diagnóstico Socioeconômico ........................................................................................ 86 5.4.1 – Aspectos Socioambientais da cidade do Guará ...................................................... 87 5.5 – Diagnóstico dos Aspectos Urbanísticos ...................................................................... 101 5.5.1 - Legislação aplicável – PDOT e PDL do Guará .................................................... 101 5.5.2 – Estudo Preliminar elaborado pela Metroquattro / TERRACAP........................... 105 5.5.3 – Projeto de Via Interbairros elaborado pelo DER/DF ........................................... 109 5.5.4 – Projeto Interbairros, de autoria de Jaime Lerner Arquitetos Associados ............. 110 4 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 5.5.5 – Análise dos Planos de Ocupação Propostos ......................................................... 116 5.6 – Diagnóstico de Infra-Estrutura Básica ......................................................................... 119 5.6.1 – Sistema de Abastecimento de Água ..................................................................... 121 5.6.2 – Sistema de Esgotamento Sanitário ....................................................................... 127 5.6.3 – Sistema de Drenagem Pluvial ............................................................................... 134 5.6.4 – Resíduos Sólidos .................................................................................................. 141 5.6.5 – Energia Elétrica .................................................................................................... 142 5.6.6 – Telefonia Fixa ....................................................................................................... 144 5.6.7 – Metrô .................................................................................................................... 144 5.6.8 – DER ...................................................................................................................... 145 6 - AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ............................................................. 149 6.1 - Caracterização dos Impactos Ambientais sobre o Meio Físico.................................... 152 6.2 - Caracterização dos Impactos Ambientais sobre o Meio Biótico.................................. 157 6.3 - Caracterização dos Impactos Ambientais sobre o Meio Socioeconômico ................... 160 7 - MEDIDAS MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS E POTENCIALIZADORAS ........ 164 8 - PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL ............................................................ 169 8.1 - Monitoramento de Processos Erosivos e Assoreamentos ............................................ 171 8.2 - Monitoramento da Qualidade e Quantidade dos Recursos Hídricos............................ 172 8.3 - Monitoramento da Recuperação de Áreas Degradadas................................................ 173 8.4 - Monitoramento do Uso e Ocupação do Solo ............................................................... 173 9 - ASPECTOS CONCLUSIVOS E RECOMENDAÇÕES .................................................... 175 10 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 180 5 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Índice de Figuras Figura 1 – Localização da via Interbairros ................................................................................. 17 Figura 2 – Perspectiva da ocupação prevista para a via Interbairros e para o Centro Metropolitano do Guará.............................................................................................................. 19 Figura 3 – Representação da Área de Influência Indireta – Sub-bacia do Riacho Fundo .......... 20 Figura 4 – Representação da Área de Influência Direta do Centro Metropolitano do Guará .... 21 Figura 5 – Representação da Área Diretamente Afetada do Centro Metropolitano do Guará ... 22 Figura 6 – Exposição de ardósias de cor roxa pertencente a Unidade A.................................... 26 Figura 7 – Vista panorâmica da área mostrando ao padrão plano da área com a presença de três linhas paralelas de transmissão de alta tensão. ........................................................................... 27 Figura 8 – Cupinzeiro desenvolvido sobre Latossolo Vermelho ............................................... 29 Figura 9 – Cupinzeiro desenvolvido sobre Latossolo Vermelho-Amarelo. A avaliação tátilvisual do material indica textura muito argilosa. ........................................................................ 30 Figura 10 – Termiteiro desenvolvido de Gleissolo Háplico, ...................................................... 31 Figura 11 – Entulhos contendo restos de obras, material vegetal e demais resíduos sólidos de natureza urbana. .......................................................................................................................... 32 Figura 12 – Lixo doméstico que se associa às coberturas do tipo Aterros e Entulho. ............... 32 Figura 13 – Representação esquemática da distribuição vertical da água no subsolo ............... 36 Figura 14 – Vista do curso médio do córrego Guará dentro do Parque do Guará...................... 44 Figura 15 – Predominância de grama batatais no estrato rasteiro na AID. ................................ 51 Figura 16 – Indivíduos de mamona, leucena e solo exposto. ..................................................... 51 Figura 17 – Leucaena entremeada a depósito de entulho sobre braquiara na AID. ................... 52 Figura 18 – Regeneração e remanescentes de grande porte de cerrado sentido restrito situados fora da área de estudo (área inventariada). ................................................................................. 52 Figura 19 – Vegetação exótica utilizada nos estacionamentos e calçadas do Centro Metropolitano do Guará.............................................................................................................. 53 Figura 20 – Vista parcial da mata de galeria do córrego Guará situada no interior do Parque do Guará .......................................................................................................................................... 54 Figura 21 – Exemplo de murundum existente na área vizinha ao Centro Metropolitano do Guará .......................................................................................................................................... 55 Figura 22 – Afloramento do lençol freático na área ocupada por campo de murundum ao lado do Centro Metropolitano do Guará. ............................................................................................ 56 Figura 23 – Zoneamento Ambiental estabelecido pelo Plano Diretor do Parque do Guará em 1993. ........................................................................................................................................... 58 Figura 24 – Área degradada e antropizada na área do futuro Centro Metropolitano do Guará. 62 Figura 25 – Área de campo de murundum no Parque do Guará. ............................................... 63 Figura 26 – Área de campo úmido no Parque do Guará. ........................................................... 63 Figura 27 – Área de Mata de Galeria no Parque do Guará (Córrego do Guará). ....................... 64 Figura 28 – Estudos de fauna utilizados como referência para o diagnóstico de fauna. ............ 65 Figura 29 – Dinâmica da ocupação do solo na bacia do Riacho Fundo período 1984 a 2006 ... 94 Figura 30 – Área ocupada pelo ginásio coberto do CAVE no trecho 3 do Centro Metropolitano do Guará ..................................................................................................................................... 97 Figura 31 – Ocupação por barracas comerciais próximo à Feira do Guará. .............................. 97 Figura 32 – Ocupação irregular por moradias existente na estrutura do cartódromo................. 98 Figura 33 – Área ociosa existente no Centro Metropolitano do Guará próximo ao SESI ......... 98 Figura 34 – Área urbana consolidada situada nas imediações do Centro Metropolitano do Guará ocupada por residências e comércio local. ................................................................................. 98 Figura 35 – Área do trecho 01 do Centro Metropolitano do Guará situada ao longo da linha do metrô e das linhas de transmissão de FURNAS destinada à construção da via Interbairros. .... 99 6 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 36 – Acesso à EPTG, local de congestionamentos de veículos nos horários de maior fluxo de veículos......................................................................................................................... 99 Figura 37 – Representação dos Projetos Especiais previstos no PDL do Guará para a região do Centro Metropolitano ............................................................................................................... 105 Figura 38 – Plano de ocupação elaborado pela empresa Metroquattro / TERRACAP para os trechos: 1, 2, 3 e 4 do Centro Metropolitano do Guará ............................................................ 109 Figura 39 – Plano de Ocupação do Centro Metropolitano do Guará incorporando as diretrizes de uso e ocupação proposto para a via Interbairros nos trechos 1 e 2 do Centro Metropolitano do Guará ................................................................................................................................... 115 Figura 40 – Sistema de Esgotamento Sanitário do Guará - Fonte: SIESG/CAESB ................ 132 Figura 41 - Areas de contribuição e pontos de lançamento para a área do Centro Metropolitano do Guará. .................................................................................................................................. 139 7 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Índice de Tabelas Tabela 1 – Classificação geotécnica universal simplificada dos solos de Casagrande. ............. 35 Tabela 2 – Resumo da classificação dos Domínios, Sistemas e Subsistemas aqüíferos ........... 37 Tabela 3 – Valor médio de vazões mensais registrado pela CAESB para o córrego Guará no período entre 1978 a 1989 .......................................................................................................... 41 Tabela 4 – Parâmetros de qualidade de água obtidos para o córrego Guará no período entre 1995 e 1996 ................................................................................................................................ 43 Tabela 5 – Nome científico das espécies arbóreas encontradas no Centro Metropolitano do Guará – DF, ................................................................................................................................ 47 Tabela 6 – Valores absolutos e relativos de abundância, dominância, freqüência e índice de valor de importância das espécies da Mata do Córrego Guará................................................... 50 Tabela 7 – Espécies de anfíbios de provável ocorrência na área de influência .......................... 68 Tabela 8 – Espécies de lagartos e anfisbenas de provável ocorrência na área ........................... 69 Tabela 9 – Espécies de serpentes de provável ocorrência na área do empreendimento ............. 70 Tabela 10 – Lista filogenética de aves de provável ocorrência da área de influência do Centro Metropolitano do Guará; e dados referentes............................................................................... 73 Tabela 11 – Espécies de mamíferos com provável ocorrência na área de estudo. ..................... 84 Tabela 12 – Espécies de pequenos mamíferos com provável ocorrência na área de estudo. ..... 85 Tabela 13 – Indicadores Socioeconômicos da População Urbana Residente no Guará ............. 88 Tabela 14 – Parâmetros urbanísticos para os lotes existentes na via Interbairros na área do Centro Metropolitano do Guará ................................................................................................ 114 Tabela 15 – Evolução da População do Guará ......................................................................... 120 Tabela 16 – Previsão Populacional para a Área de Projeto ...................................................... 120 Tabela 17 – Subsistema Rio Descoberto - RA Guará - Adutoras e Subadutoras de Distribuição .................................................................................................................................................. 126 Tabela 18 – Dados Básicos do Sistema de Esgotamento Sanitário da RA X........................... 127 Tabela 19 – Evolução da População para Áreas de Expansão da Bacia do Lago Paranoá ...... 128 Tabela 20 – Vazões de Projeto de Drenagem Pluvial para a Situações Atual e Final.............. 140 Tabela 20 – Matriz de impacto ambiental referente ao meio físico ......................................... 156 Tabela 21 – Matriz de impacto ambiental referente ao meio biótico ....................................... 159 Tabela 22 – Matriz de impacto ambiental referente ao meio socioeconômico ........................ 163 Tabela 23 – Limites máximos de tolerância a ruídos contínuos e intermitentes ...................... 165 Tabela 24 – Cronograma de implantação do plano de monitoramento relativo às obras do Centro Metropolitano do Guará ................................................................................................ 171 8 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 1 – INTRODUÇÃO O presente Relatório de Impacto Ambiental Complementar – RIAC atende as diretrizes estabelecidas no processo de licenciamento ambiental n 191.000.032/2000 referente à obtenção da licença prévia para a implantação do Centro Metropolitano do Guará, atendendo assim à Lei Orgânica do Distrito Federal, a Lei Distrital 41/89, que trata da Política Ambiental do DF e a Lei Distrital 1.869/98 e seu Decreto regulamentador, que tratam da elaboração de estudos ambientais decorrentes do licenciamento ambiental. Este estudo objetiva avaliar os diferentes aspectos ambientais envolvidos com a implantação e operação do Centro Metropolitano do Guará, de modo a subsidiar o parecer do órgão responsável pelo licenciamento do empreendimento, em específico o Instituto Brasília Ambiental – IBRAM ligado a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente - SEDUMA, com relação a sua viabilidade ambiental. O estudo foi elaborado em conformidade com o termo de referência emitido, em dezembro de 2006, pela Gerencia de Meio Ambiente da TERRACAP, dentre os documentos de referencia utilizados para a elaboração do presente estudo merece destaque o EIA/RIMA da Área de Expansão do Guará, o RIAC das etapas I e II do Centro Metropolitano do Guará, o Plano Diretor Local do Guará e o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do DF (PDOT). Os resultados técnicos deste RIAC estão expressos na forma de um relatório descritivo contendo texto, tabelas, figuras e mapas nas escalas compatíveis com os temas em análise; a fim de que as informações geradas possam ser avaliadas pelo corpo técnico do IBRAM, como também, pelo público em geral. O Relatório é composto por 9 capítulos, além desta introdução. O Capítulo 2 apresenta o empreendimento, descrevendo sua localização, seus objetivos, as justificativas de sua implantação entre outros aspectos relevantes. As áreas de influência do empreendimento são devidamente caracterizadas no Capitulo 3; o Capítulo 4 trata dos dispositivos legais afetos ao empreendimento; o diagnóstico ambiental, contemplando as dimensões socioeconômica, física, biótica, urbanística e de infra-estrutura, é apresentado no Capítulo 5. O Capítulo 6 apresenta uma avaliação dos impactos ambientais gerados na etapa de implantação e operação do empreendimento, o Capítulo 7 relaciona as principais medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras dos impactos ambientais diagnosticados, o Capitulo 8 apresenta o plano de controle e monitoramento ambiental que deverá ser adotado em função do empreendimento, o Capítulo 9 contém os aspectos conclusivos e as principais recomendações a serem seguidas; e por fim o Capítulo 10 Referências Bibliográficas. 9 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 2 – APRESENTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 2.1 – Identificação do empreendimento O Centro Metropolitano do Guará, processo de licenciamento ambiental n° 191.000.032/2000, é um projeto de parcelamento do solo urbano cujo plano de ocupação está subdividido em quatro trechos, totalizando uma área aproximada de 143 hectares situados na área central da cidade do Guará / DF. 2.2 – Dados da instituição responsável pelo empreendimento. Interessado: Companhia Imobiliária de Brasília (TERRACAP). Endereço: SAM Bloco F – Edifício Sede. Brasília-DF, CEP 70.620-000. CNPJ: 00.359.870/0001-73. Composição da Diretoria: Antônio Raimundo Gomes S. Filho Presidente da TERRACAP Luiz Antonio Almeida Reis Diretor Técnico e de Fiscalização Anselmo Leite Diretor de Des. Econômico e Comercialização Elme Terezinha Ribeiro Tanus Diretora de Recursos Humanos, Adm. e Finanças Marcus Vinicius Souza Viana Diretor de Prospecção e Formatação de Novos Empreendimentos Executores de Contrato: Magno Augusto Machado – Técnico Especialista - Geólogo / Executor do Contrato Altamiro Freire Pavaneli – Técnico Especialista - Biólogo / Executor Substituto Fone de contato: 3342.1994 2.3 – Instituições responsáveis pela elaboração do Plano de Ocupação. Metroquatro Arquitetura e Tecnologia S/C Ltda - Coordenação Geral do Estudo Preliminar do Centro Metropolitano do Guará – RT Arquiteto Paulo Coelho Avila – CREA DF 8079/D Jaime Lerner Arquitetos Associados - Coordenação Geral do Plano de Ocupação da Via Interbairros 10 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 2.4 – Localização O empreendimento em estudo localiza-se, segundo o Mapa de Unidades Hidrográficas do DF elaborado pela antiga SEMATEC em 1994, na unidade hidrográfica do Riacho Fundo pertencente à bacia do Lago Paranoá, que integra a região hidrográfica do Paraná. A área do Centro Metropolitano do Guará situa-se na RA X e limita-se a norte e a nordeste com as quadras QI 18, QI 22, QE 20, QI 11 e QI 09 do Guará I, a oeste e ao sul com a avenida contorno do Guará 2 e a leste com o Parque do Guará. Os principais acessos a área são a DF 051 (Estrada Parque Guará – EPGU), Avenida Contorno do Guará II e via RI-1 Central do Guará I. Além disso, a área é servida por duas estações do Metrô; uma implantada – a Estação Feira (13), e outra projetada, a Estação Guará (14). Para efeito deste estudo a área do centro Metropolitano do Guará foi subdividida em quatro trechos, onde se situam atualmente a rede de alta tensão de FURNAS, a linha do Metrô, o Centro Administrativo, Vivencial e Esportivo – CAVE, a Feira do Guará e uma área contígua situada nas proximidades do Parque do Guará. 11 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Mapa de Situação 12 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 2.5 – Objetivos e justificativas da criação do empreendimento A área do Centro Metropolitano do Guará pode ser considerada uma das últimas glebas destinadas à expansão urbana do Guará e constitui-se de um importante espaço urbano dotado de infra-estrutura e com muitas áreas que, atualmente, se encontram ociosas ou subaproveitadas. Diversos aspectos contribuem para a ocupação da área de estudo, dentre eles podemos destacar: a necessidade de integração entre o Guará I e II por meio da criação de um centro metropolitano, o funcionamento da linha e das estações do metrô, a possibilidade de remanejamento das linhas de alta tensão de Furnas e a necessidade de ocupação de áreas degradadas e / ou passiveis de degradação ambiental. Segundo o PDOT a área de estudo encontra-se em uma Zona Urbana de Dinamização, cujas diretrizes de ordenamento territorial visam promover a ocupação das áreas ociosas, otimizar o uso da infra-estrutura já implantada, reforçar a autonomia e a vitalidade dos núcleos urbanos e, ainda, adensar o uso e a ocupação das terras ao longo da linha do metrô. Neste sentido a implantação do Centro Metropolitano do Guará deverá integrar o eixo de consolidação urbana formado por Taguatinga/Samambaia/Santa Maria/Gama, de modo a ofertar novas áreas para usos diversificados, proporcionar a tendência de conurbação da cidade do Guará, atender a demanda da comunidade local por serviços, equipamentos institucionais e atividades comerciais. Desta forma o Centro Metropolitano do Guará representa a possibilidade da implantação de atividades e usos de caráter central, assim como a consolidação da estrutura urbana da cidade do Guará, promovendo uma maior articulação entre os dois núcleos e proporcionando coesão a sua malha urbana. 2.6 – Situação fundiária e possíveis conflitos de uso. De acordo com informação oficial obtida junto ao Núcleo de Topografia (NUTOP) da TERRACAP a área do Centro Metropolitano do Guará localiza-se parcialmente no remanescente do Imóvel Bananal, em terras desapropriadas, desmembrado do município de Planaltina de Goiás e incorporado ao território do Distrito Federal, de acordo com os números de ordem 1875 e 1876, livro 2 do 4º Oficio do Registro de Imóveis do DF. As demais áreas do Centro Metropolitano do Guará situam-se em áreas urbanizadas e já registradas em cartório, conforme informações contidas no despacho nº 943/2008 – NUTOP, apresentada em anexo. 13 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Em relação à questão dominial, a área destinada à implantação do Centro Metropolitano do Guará não apresenta feitos judiciais envolvendo a área em apreço, de acordo com a resposta fornecida pela NUJUR/TERRACAP. Sua localização central e a grande acessibilidade proporcionada pela linha do metrô e pelo sistema viário estruturador já implantado faz com que o Centro Metropolitano do Guará represente um importante vetor relacionado à consolidação da mancha urbana do Guará, por meio da indução e compatibilização de diversos tipos de uso, dentre eles: o comercial, de serviços, o institucional (equipamentos públicos e comunitários) e o residencial. Apesar da grande valorização imobiliária percebe-se que atualmente a área do empreendimento possui várias localidades que se encontram ociosas ou mesmo subutilizadas, o que pode induzir a um processo indevido de ocupação do território e o surgimento de áreas marginais destinadas ao depósito irregular de resíduos sólidos (áreas de bota fora). A fim de harmonizar o processo de ocupação e minimizar os possíveis conflitos de uso na área do Centro Metropolitano do Guará deverão ser observadas as diretrizes urbanísticas preconizadas, em escala regional, pelo PDOT e, em escala local, pelo Plano Diretor Local do Guará. Desta forma espera-se que os possíveis problemas relacionados à mudança de destinação de uso, mudança de gabaritos e o incremento no volume de tráfego sejam minimizados, de modo a reduzir os impactos a serem desencadeados com o aumento do nível do ruído urbano e da emissão de gases poluentes provenientes das fontes automotivas. As transformações a serem desencadeadas com a implantação do Centro Metropolitano do Guará deverão dinamizar, integrar e revitalizar a porção central do Guará I e II, acompanhando a acelerada transformação experimentada por outras áreas existentes dentro da própria cidade, como por exemplo as quadras QE 38, QE 42, QE 44, QE 46 já implantadas e as quadras QE 48, QE 50, QE 52, QE 54, QE 56, QE 58 e QE 60 em fase de licenciamento para implantação. Em consulta realizada, a TERRACAP informa que a área do Centro Metropolitano do Guará apresenta as seguintes interferências urbanísticas: Faixa de domínio de alta tensão e área pública, de acordo com a planta SRIA-PR-1/5, registrada em cartório Área do CAVE, consubstanciada no Projeto de Urbanismo Parcelamento URB–121/89, registrada em cartório Área 28 do SAI/SO, destinada ao Parque do Guará, consubstanciado nas plantas SAISO PR-228/1 a PR-240/1, registradas em cartório Área Pública e com lotes A, C e E da QE–23, definidos na planta SRIA PR10/1 e com o lote B da QE 23 definido pela planta SRIA PR-118/1, ambas registradas em cartório 14 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 2.7 – Histórico do Plano de Ocupação do Centro Metropolitano do Guará A idéia de estabelecer uma ocupação para a área do Centro Metropolitano do Guará data da elaboração do Plano Urbanístico Águas Claras (GDF/SEPLAN, 1983), que já previa a idéia de se constituir uma estrutura urbana que fosse estruturada pelo projeto de transporte de massa que ligasse o Plano Piloto à Taguatinga. A seguir, o EIA/RIMA da Expansão do Guará (Hidrogeo, 1991), confirmou a vocação de ocupação da área em função da sua posição estratégica entre as manchas urbanas do Guará 1 e 2. Em 1992, o projeto do metrô previu a implantação de duas estações na área situada entre os Guarás I e II, no intuito de consolidar a formação de um centro urbano, todavia a existência das redes de alta tensão de energia que cortam a área e suas faixas de servidão representa um fator limitante significativo com relação à questão de ocupação desta área, tendo em vista o alto custo associado ao aterramento dessas redes, bem como em decorrência dos riscos á saúde publica em função da emissão de energia eletromagnética. Apesar destas limitações, a TERRACAP e a Companhia do Metrô, desenvolveram em conjunto, a análise das possibilidades de ocupação das áreas lindeiras às estações do metrô, este processo resultou em duas ações distintas: a primeira procurou analisar a possibilidade jurídica de se realizar operações urbanas, em parceria com a iniciativa privada, de modo a estabelecer empreendimentos imobiliários que dinamizassem as estações e, ao mesmo tempo, arrecadasse recursos de investimento para a construção do metrô; e, a segunda que analisou as possibilidades morfológicas relacionadas a um possível adensamento urbano ao longo das estações. Em 1995, a Companhia Energética de Brasília (CEB) avaliou a possibilidade de remanejamento das redes de alta tensão existentes, o que possibilitou que o Instituto de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal - IPDF (antecessor da Subsecretaria de Urbanismo e Preservação ligado a ex Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação do Distrito Federal - SUDUR/SEDUH e representado atualmente pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente) elaborasse um conjunto de diretrizes urbanísticas relacionadas à ocupação e o parcelamento do solo do Centro Metropolitano do Guará. Essa proposta, que integra o processo 111.000.424/2000, avaliou a possibilidade de ocupação de três áreas situadas entre o Guará 1, o Guará 2 e o Parque do Guará. Em 2000, a pedido da extinta Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SEDUH), a TERRACAP contratou os serviços de levantamento topográfico cadastral para a área do Centro Metropolitano do Guará. 15 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará No ano de 2001 foi elaborado, pela empresa TECHNUM Consultoria Ltda., um Relatório de Impacto Ambiental Complementar – RIAC para a área do Centro Metropolitano do Guará, a fim de viabilizar o processo de licenciamento ambiental do empreendimento, tal estudo levou em consideração em sua avaliação o documento “Diretrizes Urbanísticas para o Parcelamento do Solo do Centro Metropolitano do Guará”, elaborado exclusivamente para o trecho 1 pela extinta Subsecretaria de Urbanismo e Preservação – SUDUR/SEDUH. Em 2003 foram contratados os serviços de elaboração do Estudo Preliminar e do Projeto Urbanístico para a Área do Centro Metropolitano do Guará, executado pela empresa Metroquattro Ltda. (Contrato TERRACAP n.º 922/2000-SETRA/DIJUR). Neste estudo manteve-se a possibilidade de se remanejar as redes de alta tensão existentes no trecho 1, além de se vislumbrar a ocupação das áreas situadas nos trechos 2, 3 e 4 do Centro Metropolitano do Guará; trechos que correspondem à atual área do CAVE e da área contigua ao Parque do Guará, neste estudo foram propostas áreas destinadas ao uso residencial, comercial e institucional. No ano de 2006 foi publicada a Lei Complementar nº 733, que dispõe sobre o Plano Diretor Local da Região Administrativa do Guará - RA X, este diploma legal estabeleceu as diretrizes e estratégias para desenvolvimento sustentável e integrado desta região administrativa, incluindo aí as diretrizes especificas com relação à ocupação da área do Centro Metropolitano do Guará. No inicio de 2008 o Governo do Distrito Federal contratou, junto à empresa Jaime Lerner Arquitetos Associados, o Plano de Ocupação da Via Interbairros, que deverá representar um importante eixo de estruturação que liga o Plano Piloto à região oeste de Brasília e que possui rebatimentos diretos com relação à ocupação prevista para o trecho 1 da área do Centro Metropolitano do Guará, onde existem as redes de alta tensão de FURNAS e a linha do metrô, conforme pode ser observado na figura a seguir. 16 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 1 – Localização da via Interbairros (Fonte: Plano de Ocupação Interbairros elaborado pela empresa Jaime Lerner Arquitetos Associados) 2.8 – Caracterização do Empreendimento O plano de ocupação atual para a área do Centro Metropolitano do Guará objetiva complementar o mosaico da estrutura urbana da cidade do Guará procurando favorecer os atributos relacionados tradicionalmente aos centros urbanos das cidades brasileiras, dentre eles: a franca acessibilidade, a diversidade de usos e funções e a vitalidade das áreas centrais. Neste sentido o plano de ocupação do Centro Metropolitano do Guará prevê a possibilidade de proporcionar moradias, equipamentos públicos, espaços comerciais e de prestação de serviços que deverão estar integrados diariamente com a comunidade dos arredores através de fortes conexões de pedestres. Assegura-se desta maneira, a continuidade da cidade ao nível da escala do cidadão que usa os espaços, reforçando o senso de lugar e aumentando as chances de interação social. A proposta de uso e ocupação do solo levou em consideração os quatro trechos que compõem a área do Centro Metropolitano do Guará, procurando consolidar e reforçar a vocação do Guará como o subcentro mais próximo do conjunto urbano de Brasília. A proposta para o Trecho 1, que corresponde à área que atualmente divide o Guará 1 e 2 pela faixa de domínio das linhas de transmissão das Centrais Elétricas de Furnas e da Companhia de Eletricidade de Brasília, levou em consideração a necessidade de promover a 17 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará efetiva integração urbana por meio da união dos dois núcleos urbanos (Guará 1 e Guará 2), efetivando a sua vocação como pólo de comércio, serviços e oportunidade de empregos. Tal convicção partiu do pressuposto de que a presença da linha do metrô associada à passagem da Via Interbairros integra a área de projeto no eixo de maior concentração demográfica e crescimento econômico do Distrito Federal. A via Interbairros é uma via projetada para ser um importante eixo de ligação do Plano Piloto com diversas áreas urbanas ao longo do seu percurso, dentre elas: o Guará, Águas Claras, Taguatinga e Samambaia; promovendo a criação de pólos, a diversificação de usos e a implantação de atividades geradoras de emprego em seu entorno. Às áreas dos Trechos 2 e 3, correspondentes ao Centro Administrativo, Vivencial e Esportivo – CAVE, procurou-se ajustar a ocupação já consolidada com a proposta para o Centro Metropolitano, de modo que os espaços subutilizados ou desocupados fossem ocupados por equipamentos públicos e comunitários já previstos para o próprio CAVE. Finalmente, o Trecho 4, apresenta um uso do solo rarefeito e extensa área desocupada exposta à degradação ambiental e à invasões, nesta localidade foi proposta a ocupação por um uso misto e residencial coletivo, criando-se uma solução de continuidade entre os espaços evitando-se que a região se configure como um espaço ocioso, sem uso ou ocupação definida, desarticulando e fragmentando o espaço urbano, conforme previsto no plano de ocupação proposto pela TERRACAP. A proposta de ocupação do Trecho 4 visou proporcionar um elo de integração entre as áreas recreativas do CAVE e do Parque do Guará, com as áreas residenciais existentes no Guará 2. Desta forma a ocupação do Centro Metropolitano do Guará objetiva completar o mosaico da estrutura dessa cidade, promovendo a dinamização do espaço urbano, a potencialização das áreas subaproveitadas e a ocupação daquelas ociosas, de modo a atender os objetivos e as diretrizes setoriais definidas pelo Plano Diretor Local do Guará (PDL) e pelo PDOT. 18 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Trecho 2 Trecho 3 Trecho 1 Trecho 4 Figura 2 – Perspectiva da ocupação prevista para a via Interbairros e para o Centro Metropolitano do Guará (Fonte: Plano de Ocupação Interbairros elaborado pela empresa Jaime Lerner Arquitetos Associados). A descrição detalhada dos Planos de Ocupação propostos para o Centro Metropolitano do Guará será apresentada mais especificamente no capítulo que trata do diagnóstico dos aspectos urbanísticos. 19 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 3 – DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA A definição das áreas de influência do empreendimento levou em consideração a natureza dos diferentes aspectos e impactos ambientais envolvidos com a implantação e operação da área do Centro Metropolitano do Guará. Neste sentido optou-se por adotar diferentes áreas de influência para tratar das questões específicas relacionadas aos meios físico, biótico, socioeconômico, urbanístico e de infra-estrutura. A primeira janela de estudo, considerada área de influência indireta, corresponde à unidade hidrográfica do Riacho Fundo, que integra a Bacia do Lago Paranoá, nesta área foram caracterizadas as particularidades relacionadas ao meio físico, a dinâmica de ocupação das terras e a presença de áreas legalmente protegidas. Figura 3 – Representação da Área de Influência Indireta – Sub-bacia do Riacho Fundo A segunda área de influência englobou a região circunvizinha ao empreendimento, correspondendo à área de influência direta, incluindo-se aí as quadras 9, 11,18, 20 e 22 do Guará 1 e as quadras 13, 23 e 24 do Guará 2, assim como parte do Parque do Guará e da Reserva Ecológica. Esta área de influência foi representada por uma janela retangular, onde se 20 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará discutiu as informações relacionadas ao uso da terra, cobertura de vegetação, os acessos viários, aspectos socioambientais e a caracterização urbanística da vizinhança. Guará I Trecho 1 Trecho 2 Trecho 3 Guará II Trecho 4 Figura 4 – Representação da Área de Influência Direta do Centro Metropolitano do Guará A terceira janela representa a abordagem de maior detalhamento e compreende a área específica de intervenção, ou seja, corresponde à área a ser ocupada pelo empreendimento, onde foram particularizadas as questões relacionadas sistemas de infra-estrutura e a implantação do plano de ocupação. 21 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 5 – Representação da Área Diretamente Afetada do Centro Metropolitano do Guará Especificamente a avaliação socioeconômica levou em consideração a Região Administrativa do Guará, como área de influência indireta e as quadras circunvizinhas ao empreendimento situadas no Guará I e II como área de influência direta. A espacialização das áreas de influência utilizou como referência as bases cartográficas digitais do SICAD nas escalas 1: 2.000 e 1: 10.000, o mosaico de fotografias aéreas obtidas em 1997, a série multitemporal de imagens Landsat TM, imagens de alta resolução obtidas pelo satélite Quick-bird obtida no ano de 2007 e os arquivos temáticos elaborados pela CODEPLAN, que, em conjunto, possibilitaram espacializar os diferentes planos de informação relacionados a este estudo. 22 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 4 – DISPOSITIVOS LEGAIS RELACIONADOS AO EMPREENDIMENTO A seguir são elencados os principais dispositivos legais de cunho urbanístico que regulam a ocupação da área de projeto: - Lei Federal nº 6.766, de 19 de novembro de 1979 (alterada e complementada pela Lei nº 9.785, de 29 de janeiro de 1999) - rege o parcelamento do solo urbano. - Decreto nº 7.558 de 20/06/1983 – aprova o Estudo Preliminar das Áreas Rurais e de Interesse Ambiental – Projeto Águas Claras (PAC) como parte integrante do Plano Estrutural de Organização Territorial do Distrito Federal. - Decreto nº 15.289/93 - Dispõe sobre instrução prévia de assuntos relacionados com o planejamento territorial e urbano do Distrito Federal. Em seu Art. 1º atribui às Administrações Regionais a competência para a instrução prévia, através de órgão específico, de toda e qualquer solicitação, de interesse da comunidade, relacionada com o planejamento territorial e urbano, para fins de encaminhamento e decisão do Instituto de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal – IPDF. - Decreto nº 16.242/94 - estabelece os índices e indicadores urbanísticos mínimos para as áreas públicas destinadas ao sistema de circulação, à implantação de equipamentos urbanos e comunitários e aos espaços livres de uso público. - Lei Orgânica do DF - Trata, no Título VII, da política urbana e rural, estabelecendo, em seu Art. 314, o objetivo de ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade de forma a garantir o bem estar de seus habitantes, a melhoria da qualidade de vida, a ocupação ordenada do território, o uso dos bens e distribuição adequada de serviços e equipamentos públicos para a população. - Lei Complementar nº 17/97, de 28 de janeiro de 1997 - aprova o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT, e, além de definir as estratégias de ordenamento territorial e as diretrizes setoriais relacionadas aos transportes e à malha viária, ao saneamento básico e ambiental, aos assentamentos humanos e à habitação e ao desenvolvimento econômico; institui o Macrozoneamento do Distrito Federal. - Lei Complementar nº 733/2006 - dispõe sobre o Plano Diretor Local da Região Administrativa do Guará - RA X, este diploma legal estabeleceu as diretrizes e estratégias para desenvolvimento sustentável e integrado desta região administrativa, incluindo aí as diretrizes especificas com relação à ocupação da área do Centro Metropolitano do Guará - Lei nº 1.826, de 13 de janeiro de 1998 - cria o Parque Ecológico Ezechias Heringer 23 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará - Decreto nº 19.071, de 06 de março de 1998 - define a nomenclatura e a classificação de usos e atividades urbanas - Decreto n 19.045, de 20 de fevereiro de 1998 – dispõe sobre a forma de apresentação e sobre o conteúdo dos documentos componentes dos projetos de urbanismo. - Decreto nº 19.577, de 08 de setembro de 1998 fixa as faixas de domínio do Sistema Rodoviário do Distrito Federal 24 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 5 – DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 5.1 – Diagnóstico do Meio Físico O presente diagnóstico foi desenvolvido a partir da metodologia clássica de integração de dados secundários (publicados ou não) com dados primários obtidos a partir do desenvolvimento de trabalhos de campo. Ressalta-se que o presente diagnóstico do meio físico complementa as informações anteriormente apresentadas por ocasião da elaboração do primeiro Relatório de Impacto Ambiental Complementar (RIAC) para a área do Centro Metropolitano do Guará. A seguir apresenta-se a caracterização dos aspectos ambientais relacionados ao meio físico. 5.1.1 – Geologia A geologia da Área de Influência Direta é exclusivamente representada por ardósias da Unidade A do Grupo Paranoá. Não foi observada qualquer exposição rochosa na área de estudo, entretanto, observações realizadas na trincheira de instalação da linha do metrô, à época de sua construção (Carvalho 1995 e Blanco 1995) mostraram, em vários pontos de escavação, a presença de ardósias roxas, homogêneas, com duas clivagens ardosianas bem evidente, com freqüente presença de veios de quartzo leitoso e apenas localmente com bandamento síltico marcando o plano de acamamento (que se encontra intensamente dobrado). As ardósias são plásticas de forma que o intenso fraturamento liso e de alta densidade (observado em muitas áreas de exposição no Distrito Federal) tende ao fechamento com aumento de algumas dezenas de metros de profundidade. A Figura 6 mostra uma fotografia de um típico afloramento de ardósias da Unidade A. Essas rochas apresentam cor de alteração caracteristicamente roxa, sendo que as informações oriundas de poços tubulares (para exploração de água subterrânea) indicam que as profundidades de alteração podem alcançar mais de 200 metros de profundidade. Até os 80 metros pode-se afirmar que se trata de saprólitos de ardósia pouco coesa (Faria 1995, FreitasSilva & Campos 1998). Geotecnicamente, as ardósias são consideradas como de boa qualidade para a fundação de qualquer tipo de obra. Para os diversos tipos de edificações que serão implantadas na área (casas de um ou dois pavimentos, prédios de mais de 10 pavimentos, prédios com dois ou mais pavimentos subterrâneos de garagens, etc.), essas ardósias não deverão apresentar qualquer tipo de problema geotécnico. O conjunto superior das ardósias não é esperado a presença de matacões, vazios cársticos ou zonas de cisalhamento de alta permoporosidade. 25 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará – Exposição de ardósias de cor roxa pertencente à Unidade A Figura 6 (Grupo Paranoá, com típicas clivagens ardosianas e denso padrão de fraturamento que representa o substrato de toda a área do Centro Metropolitano do Guará.) 5.1.2 – Geomorfologia Os estudos de geomorfologia da região do Distrito Federal contam com um importante acervo de trabalhos, entre os quais merecem destaque Maio (1986), Novaes Pinto (1986ab, 1987 e 1994ab), Novaes Pinto & Carneiro (1984) e Martins & Baptista (1998). A compartimentação geomorfológica do território do Distrito Federal (Novaes Pinto 1986ab, 1987 e 1994ab), inclui as Regiões de Chapadas, Regiões de Dissecação Intermediária, Regiões Dissecadas de Vales acrescidas das regiões de Rebordos e de Escarpas definidas por Martins (1998) e Martins & Baptista (1998). Neste contexto, a área do Centro Metropolitano do Guará encontra-se totalmente inserida na Área de Dissecação Intermediária (Novaes Pinto 1986ab, 1987 e 1994ab) ou dos Planos Intermediários (Martins 1998 e Martins & Baptista 1998). Trata-se de uma área com relevo plano a suave ondulado (Figura 7), com baixas declividades e recoberta essencialmente por latossolos. Este fato, associado ao comprimento das rampas, inexistência de drenagens superficiais e, conferem ao terreno condições geomorfológicas bastante favoráveis à ocupação urbana. 26 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 7 – Vista panorâmica da área mostrando ao padrão plano da área com a presença de três linhas paralelas de transmissão de alta tensão. 5.1.3 – Solos O estudo dos solos foi realizado a partir da observação de cortes de taludes e da avaliação tátil-visual dos materiais. Para a classificação dos solos, como não foram abertas trincheiras profundas, utilizou-se a metodologia da observação de termiteiros (cupinzeiros), uma vez que a construção dessas estruturas orgânicas requer a retirada de materiais em profundidades maiores que 2 metros que possibilita a amostragem do horizonte B latossólico. A área foi percorrida com observação de detalhe de superfície e em busca de qualquer movimento de terra para amostragem dos horizontes diagnósticos de subsuperfície. As seguintes classes de materiais foram identificadas na área de estudo: Latossolo Vermelho distrófico, Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, Gleissolo Háplico e coberturas antrópicas denominadas genericamente de aterros e entulhos. A seguir são apresentadas as descrições sumárias dos materiais encontrados: Latossolos Os Latossolos são solos minerais, não hidromórficos, que se caracterizam por possuírem horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, caso o horizonte A apresente mais que 150 cm de espessura (EMBRAPA 2006). Os Latossolos apresentam avançado grau intempérico, são extremamente evoluídos, sendo praticamente destituídos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo. São solos que variam de fortemente a bem drenados, 27 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará normalmente muito profundos, com espessura do solum raramente inferior a um metro, e em geral, são fortemente ácidos, com baixa saturação por bases, distróficos ou álicos. Apresentam seqüência de horizontes do tipo A, Bw, C, com reduzido incremento de argila em profundidade. Caracterizam-se pela ausência de minerais primários de fácil intemperização, predominando argilo-minerais do tipo 1:1 (caulinita), óxidos de alumínio e ferro. A maioria das bases (Ca, Mg, K, Na) e sílica (SiO2) do perfil do solo foram lixiviados, restando apenas materiais em estado avançado de intemperismo. A capacidade de troca de cátions é bastante reduzida e dependente do pH. A presença de óxidos de ferro e alumínio promove a formação de uma estrutura forte granular de tamanho aproximado de grãos de areia, que conferem a estes solos, apesar da grande quantidade de argila, elevada porosidade e um comportamento em termos de infiltração de água no solo similar aos solos de textura mais leve. Para a área em estudo foram individualizadas 2 classes de Latossolos, denominadas de Latossolo Vermelho distrófico e Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico. Esta individualização foi proposta devido às variações de cores do horizonte B destas coberturas. Estes solos foram individualizados mesmo tendo como o mesmo material parental representado pelas ardósias do Grupo Paranoá. Latossolo Vermelho Estes solos apresentam grande espessura, coloração vermelha escura (mais vermelho que 2,5 YR) e textura variando de argilosa a muito argilosa. Os Latossolos Vermelhos recobrem ardósias proterozóicas associadas ao Grupo Paranoá (Figura 8) e em condições naturais apresentam baixa soma de bases, baixo teor de fósforo, baixa saturação de bases, elevada saturação de com alumínio e pH fortemente acido. As condições topográficas em que ocorrem aliadas à grande espessura, boa permeabilidade e ausência de impedimentos à abertura de trincheiras e instalação de tubulações conferem-lhes excelente potencial para uso intensivo, inclusive ocupação urbana. Assim, estes solos, encontram-se ocupados, tanto na cidade do Guará I como no Guará II por todo o tipo de edificação urbana (casa de um ou dois pavimentos e edifícios de mais de três pavimentos). 28 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 8 – Cupinzeiro desenvolvido sobre Latossolo Vermelho (mostrando a cor escura do horizonte subsuperficial e a textura muito argilosa típica desse tipo de cobertura desenvolvida de ardósias.) Latossolo Vermelho-Amarelo Segundo a EMBRAPA (2006), os Latossolos Vermelho-Amarelos são solos que apresentam matiz 5YR ou mais vermelhos, e mais amarelos que 2,5YR na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B. Esta classe de solo é bastante similar ao latossolo vermelho, contudo o teor em hematita é inferior, resultando em uma coloração mais clara no horizonte B. Nessa classe de solo a maior parte do ferro ocorre na forma hidratada com óxidos hidratados e hidróxidos (limonita e goethita) o que confere as cores mais claras do horizonte diagnóstico (Figura 9). Em condições naturais estes solos igualmente apresentam baixa soma de bases, baixo teor de fósforo, baixa saturação de bases, elevada saturação de alumínio e pH fortemente ácido Dentre as feições diagnósticas podem ser citadas: ampla homogeneidade entre os horizontes, fraca estruturação, grande espessura do perfil (> 5 metros), pequena variação na quantidade de argila entre os horizontes, além de ocorrerem em relevo plano a suave ondulado. 29 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 9 – Cupinzeiro desenvolvido sobre Latossolo Vermelho-Amarelo. A avaliação tátil-visual do material indica textura muito argilosa. Neossolo Flúvico Os Neossolos Flúvicos (solos aluviais) são formados principalmente nas planícies aluviais e estão associados aos processos sedimentares fluviais, não existindo relações pedogenéticas entre esses solos e o substrato rochoso subjacente. São solos derivados de sedimentos aluviais com horizonte A sobre horizonte C constituído de camadas estratificadas, com ausência de pedogênese ou com pedogênese muito restrita (EMBRAPA 2006). No caso da presença de cascalhos nos materiais aluviais não há transformação dos clastos, mas apenas pedogênese incipiente na matriz. Gleissolo Háplico distrófico São solos que apresentam drenagem imperfeita e assim permanecem permanentemente saturados. O elevado nível d’água facilita o desenvolvimento de um ambiente redutor que favorece a preservação da matéria orgânica e a redução do ferro (Figura 10). Dessa forma esses solos têm camada superficial escura e apresentam horizonte B glei, com cores cinza claro, branca ou até preta (quando rico em matéria orgânica). Este solo é formado por um horizonte superficial orgânico-mineral, constituído por elevado teor de matéria orgânica total ou parcialmente decomposta, seguido por camadas acinzentadas que indicam intensa redução de ferro em conseqüência da falta de arejamento no 30 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará solo. São pouco profundos, de textura predominantemente argilosa, pouco porosos e permeabilidade lenta, desenvolvidos a partir de sedimentos coluviais ou aluviais do Holoceno, que formam as planícies aluviais. Ocorrem como uma faixa contínua vinculada à área de transição entre latossolo vermelho amarelo e o vale imediato do Córrego do Guará, junto a zonas de exutórios de aqüíferos rasos e em áreas de nascentes. Figura 10 – Termiteiro desenvolvido de Gleissolo Háplico diretamente sobre a porção elevada de um montículo em campo de murundum drenado. Obs.: Notar a coloração cinza claro que evidencia o processo de redução do ferro no horizonte B Aterros e Entulhos Algumas áreas ocupadas por entulhos são encontradas na margem do Córrego Guará, a leste e englobando uma pequena faixa no interior do Parque Ecológico do Guará. Este tipo de material não pode ser representado como um tipo de cobertura de solos, contudo como apresenta uma situação peculiar, será tratado, como um tipo de cobertura antrópica sobre a cobertura natural dos solos. Os entulhos encontrados no interior da área do Centro Metropolitano do Guará correspondem a restos de obras de construção, contendo proporções variadas de fragmentos de concreto, tijolos, metal e madeira, além sobras de material de áreas terraplenadas, terra e cascalhos (figuras 11 e 12). Localmente se encontram restos de podas de árvores e até resíduos domésticos. 31 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 11 – Entulhos contendo restos de obras, material vegetal e demais resíduos sólidos de natureza urbana. Figura 12 – Lixo doméstico que se associa às coberturas do tipo Aterros e Entulho. A espessura das áreas ocupadas por entulhos é variável, contudo em certos locais podese constatar o acúmulo de mais de 2,0 metros do material e constituem locais de elevado risco geotécnico. Entretanto, como a área do Parque Ecológico do Guará não poderá ser ocupada, haverá a necessidade da retirada destes materiais antes do processo de ocupação do Centro Metropolitano do Guará. Todavia nas áreas do Parque do Guará onde estes materiais se encontrarem colonizados por vegetação secundária, não deverá ser promovida a retirada deste material, exceto para plantio de espécies arbóreas no intuito de acelerar seu processo de recuperação. 32 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará No processo de ocupação do Centro Metropolitano do Guará recomenda-se que não seja permitida a construção de obras, em especial aquelas de pequeno porte, em locais onde exista a presença de áreas de bota-fora e de aterro de lixo, uma vez que as fundações rasas não devem ser executadas em terrenos moles. Condições geotécnicas Em termos de risco geotécnico (Tabela 1), nos limites do Centro Metropolitano do Guará, a qual apresenta relevo plano a suave ondulado, com declividades baixas, as condições geotécnicas podem ser consideradas bastante favoráveis a ocupação. Contudo, uma atenção especial deverá ser considerada com relação às fundações rasas desenvolvidas nos latossolos (classificados como SM na classificação de Casagrande). Os projetos a serem desenvolvidos neste tipo de substrato, devem considerar a possibilidade de ocorrência de solos colapsíveis, como já constata dos, e bem caracterizados, em áreas próximas ao empreendimento considerado (Mendonça 1993, Martins 1998, Martins & Baptista 1998, Blanco 1995). A principal característica geotécnica dos latosssolos é seu elevado índice de vazios, que é resultante da agregação das partículas de argila promovida pelos óxidos hidratados de Fe e Al e que lhes conferem o comportamento mecânico do colapso, que ocorre pela destruição desses agregados quando o solo é submetido a um acréscimo do teor de umidade, geralmente associado à saturação do solo pela elevação do lençol freático ou por vazamentos nas redes de água e de esgoto. Os latosssolos apresentam elevada permeabilidade e maior profundidade do lençol freático que, em geral, fica próximo ao solo saprolítico subjacente, conferindo a estes solos baixa susceptibilidade a erosão em seu estado natural, embora sejam vulneráveis ao fluxo concentrado das águas do escoamento superficial em decorrência do enfraquecimento da sua estrutura com a saturação. Cabe ressaltar que a resistência dos solos de cobertura é melhorada com o aumento da concentração de lateritas e de fragmentos de quartzo, sendo que essas ocorrências podem servir como fonte de material granular para utilização na pavimentação das vias de circulação concebidas no projeto. Os aspectos geotécnicos de maior relevância para o projeto do Centro Metropolitano do Guará estão relacionados às características dos solos existentes com relação à capacidade de suporte para a edificação e à susceptibilidade à erosão, são eles: a profundidade do lençol freático, os fatores topográficos, a permeabilidade, a granulometria e a coesão. 33 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Os latossolos que ocorrem na área de estudo são espessos de granulometria argiloarenosa de natureza coluvionar e residual, apresentando elevada porosidade e permeabilidade superior a 10-4 cm/s, lhe conferindo uma excelente drenagem. Os dados de condutividade hidráulica foram obtidos a partir de ensaios de infiltração in situ desenvolvidos na área de estudo e em outros pontos do Distrito Federal onde ocorrem solos com feições físicas similares. A colapsividade representa um fenômeno que é caracterizado pela redução apreciável de volume que um solo apresenta quando submetido ao acréscimo do teor de umidade com ou sem carregamento adicional, ocorrendo a destruição de sua estrutura e conseqüente abatimento do terreno. Os recalques por colapso estão quase sempre associados à saturação do solo por águas de infiltração ou vazamentos da rede de água ou esgoto. Uma medida que pode ser tomada no intuito de eliminar a possibilidade de colapsividade é a compactação das camadas superficiais do solo até uma profundidade da ordem de 1m, reduzindo assim a permeabilidade e aumentando a capacidade de suporte nas porções mais superficiais. Com relação à erodibilidade, os latossolos, embora permeáveis, são bastante susceptíveis à instalação de sulcos e ravinas pela fácil desagregação quando sujeitos ao escoamento concentrado de água, com maior ênfase, nos locais em rampa mais inclinada e longa. Na área do Centro Metropolitano do Guará, o potencial erosivo desses solos é atenuado pela suavidade do relevo, embora as rampas mais longas possam provocar a instalação de sulcos de erosão. Já os gleissolos são geotecnicamente classificados como Pt, incluindo alta plasticidade, alto teor em matéria orgânica e baixa condutividade hidráulica. Em função de suas feições geotécnicas as áreas posicionadas sobre este tipo de cobertura não deverão ser ocupadas. Cabe destacar que não existe previsão de ocupação para o Centro Metropolitano do Guará em áreas ocupadas por gleissolos, que em geral estão associados às áreas de preservação permanente existentes na área do Parque do Guará. Desta forma ao avaliarmos o conjunto de fatores geotécnicos, incidentes na área a ser ocupada pelo empreendimento, percebe-se que não existem maiores restrições com relação ao plano de ocupação proposto para o Centro Metropolitano do Guará. 34 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Areia Mais de 50% da fração grossa passa na peneira no 4 e é retida na peneira 200 GW GP GM GC SW Com finos Limpa Solos Grossos Seixos 50% ou mais da fração grossa é retida na peneira no 4 Com Finos Limpos Tabela 1 – Classificação geotécnica universal simplificada dos solos de Casagrande. SP SM SC ML Silte e Argilas Com limite de liquidez CL menor ou igual a 50% Solos Finos OL MH Silte e Argilas Com limite de liquidez OH maior que 50% CH Solos com orgânica muita matéria Pt Seixos e misturas de areia-seixo, bem graduados, com pouco ou nenhum fino Seixos e misturas areia-seixo, mal graduados com pouco ou nenhum fino Seixos com silte e misturas seixo-areia, mal graduadas. Seixos com argila e misturas seixo-areiaargila, mal graduadas Areias e areia com seixo, bem graduado, com pouco ou nenhum fino. Areias e areias com seixo, mal graduadas, com pouco ou nenhum fino. Areias argilosas e misturas de areia e silte, mal graduadas Areias argilosas e misturas de areia e argila, mal graduadas Siltes inorgânicos e areias muito finas, pó de pedra, areias finas siltosas ou argilosas com baixa plasticidade. Argilas inorgânicas de baixa ou média plasticidade, argilas com seixo, argilas arenosas, siltosas e magra. Siltes orgânicos e sua mistura com argilas de baixa plasticidade. Siltes inorgânicos, areias finas ou siltes micáceos ou diatomáceos. Argilas orgânicas de média a alta plasticidade. Argilas inorgânicas de alta plasticidade, argilas gordas. Turfas e outros solos com muita matéria orgânica. Fonte: Maciel Filho (1997) e Ross (1997). 5.1.4 – Hidrogeologia Aqüífero é considerado todo o material geológico representado por solo, rocha alterada ou rocha fresca, que pode armazenar água na sua forma líquida ou no estado de vapor. Os aqüíferos são classificados em função dos tipos de espaços que podem conter água (porosidade), incluindo os tipos fundamentais: intergranular, fraturado ou cárstico e os tipos mistos ou híbridos denominados de dupla porosidade e físsuro-cársticos. Os aqüíferos intergranulares contêm água nos espaços entre os grãos constituintes, funcionando como uma esponja, onde o princípio dos vasos intercomunicantes pode ser aplicado. Os arenitos representam o melhor exemplo desse tipo de reservatório. Os sistemas fraturados são desenvolvidos em rochas que não têm espaços entre os grãos (ex. xisto, 35 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará quartzito, granito ou basalto), sendo que a água ocupa as fendas ou fissuras formadas pelos esforços tectônicos ou por contração térmica. Os aqüíferos cársticos são desenvolvidos em seqüências de rochas carbonáticas espessas e contínuas (calcários, dolomitos ou mármores), que por serem susceptíveis a dissolução formam vazios que são preenchidos por água. Os sistemas de dupla porosidade são atribuídos a presença simultânea de espaços intergranulares e fraturas. Os sistemas físsuro-cársticos são observados em rochas carbonáticas pouco espessas e pouco contínuas onde os processos de dissolução cárstica não podem ser amplamente desenvolvidos e as fraturas são apenas parcialmente ampliadas pela dissolução dos minerais carbonáticos. Portanto, a idéia de que a água subterrânea ocorre na forma de um grande lago subterrâneo ou como veias de águas (similares às artérias humanas) não é correta. Apenas nos sistemas cársticos pode-se esperar a presença de rios subterrâneos, entretanto esses sistemas representam a menor parte dos reservatórios subterrâneos. A água subterrânea deve ser entendida como o volume que ocupa os espaços infinitesimais no maciço rochoso ou nas coberturas de solos. Essas aberturas, em geral, são menores que 1 milímetro. A porção rasa do aqüífero é chamada de zona não saturada, zona vadosa ou zona de aeração (Figura 13). Nesta região a água ocorre na forma de vapor ou como água pelicular (nas bordas dos grãos), e é onde as funções filtro e reguladora do aqüífero são desempenhadas. A função filtro é referente ao papel depurador natural das águas que infiltram a partir da superfície em direção às porções mais profundas do aqüífero. A função reguladora é relacionada ao papel de transferência das águas subterrâneas para as drenagens superficiais, o que é responsável pela manutenção da perenidade das nascentes, córregos e rios mesmo no período onde não ocorrem chuvas. Figura 13 – Representação esquemática da distribuição vertical da água no subsolo mostrando as diversas formas da presença da água subterrânea Fonte: Feitosa & Filho, 2000. 36 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará O Distrito Federal está situado na Província Hidrogeológica Brasileira denominada Escudo Central, a qual inclui parcialmente a Faixa de Dobramentos Brasília e se estende para norte/noroeste ocupando a parte sul do Cráton Amazônico (Mapa Hidrogeológico do Brasil, escala 1:5. 000.000). Esta província é amplamente dominada por aqüíferos fissurais, coberta por manto de intemperismo (solos e rochas alteradas) com características e espessuras variáveis. Os principais trabalhos sobre a hidrogeologia da região são devidos à: Romano & Rosas 1970, Costa 1975, Mendonça 1993, Barros 1987 e 1994, Campos & Freitas-Silva 1998 e 1999 e Campos & Tröger 2000. Na região do Distrito Federal (Tabela 2), estão presentes dois domínios hidrogeológicos distintos, caracterizados pelos aqüíferos do domínio poroso e pelos aqüíferos do domínio fraturado. Tabela 2 – Resumo da classificação dos Domínios, Sistemas e Subsistemas aqüíferos do Distrito Federal com respectivas vazões médias (Campos & Freitas-Silva 1998). AQÜÍFERO (Sistema/Subsistema) MÉDIAS DAS VAZÕES (L/h) AQÜÍFEROS DO DOMÍNIO POROSO SISTEMAS P1, P2, P3 e P4 < 800 AQÜÍFEROS DO DOMÍNIO FRATURADO SISTEMA PARANOÁ Subsistema S/A 12.500 Subsistema A 4.000 Subsistema Q3/R3 12.000 Subsistema R4 6.000 Subsistema PPC 9.000 SISTEMA CANASTRA Subsistema F 7.500 Subsistema F/Q/M 33.000 SISTEMA BAMBUÍ 5.500 SISTEMA ARAXÁ 3.000 Aqüífero do Domínio Poroso Neste domínio aqüífero, a água subterrânea é armazenada nos espaços intersticiais dos constituintes dos solos ou das rochas alteradas, correspondendo às águas subterrâneas rasas. Na 37 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará área em estudo podem ser discriminados dois sistemas relacionados a este domínio: áreas onde ocorrem latossolos (sobre as rochas mais pelíticas do Grupo Paranoá) e áreas sobre solos hidromórficos e flúvicos ao longo do vale do córrego do Guará. O domínio poroso é representado por aqüíferos livres e contínuos lateralmente, sendo os parâmetros hidrodinâmicos (K, Te S) diretamente proporcionais à espessura dos solos e à sua porosidade/permeabilidade. No caso da área da região em estudo e suas adjacências, que apresentam solos espessos (em geral maior que 200 cm), este domínio aqüífero tem importância, principalmente como filtro das águas de recarga dos aqüíferos mais profundos. Os aqüíferos do domínio poroso são referidos aos sistemas P2 e P3 respectivamente referentes aos latossolos argilosos e aos gleissolos / neossolos litólicos. Aqüífero do Domínio Fraturado A água subterrânea, associada a este domínio aqüífero, está armazenada ao longo de descontinuidades relacionadas às falhas, fraturas, juntas e diáclases, já que as rochas dos grupos Bambuí e Canastra não apresentam porosidade primária residual. Os processos metamórficos foram responsáveis pela recristalização de minerais e cimentação, os quais obliteraram totalmente a porosidade original. Este domínio é representado por sistemas de aqüíferos livres ou confinados, de restrita extensão lateral, com forte anisotropia e heterogeneidade, sendo responsável pelo armazenamento e circulação das águas subterrâneas profundas. Os parâmetros hidráulicos são proporcionais à densidade das anisotropias nas rochas subjacentes (quanto maior a densidade de fraturas maior os valores de K e S). Os aqüíferos fraturados são geralmente aproveitados por meio de poços tubulares profundos (no Distrito Federal com profundidades entre 100 a 200 m). A recarga se faz através da percolação descendente de águas de precipitação pluviométrica, sendo, na região, favorecida pela atitude verticalizada das fraturas de rochas psamíticas. Outros fatores também são importantes no controle da recarga, tais como: o relevo, o tipo de cobertura vegetal, espessura das coberturas de solos, condições de uso do solo e porcentagem de áreas urbanizadas. Na área do Centro Metropolitano do Guará ocorre exclusivamente o Subsistema A do Sistema Paranoá (de acordo com a proposta de classificação dos aqüíferos do Distrito Federal de Campos & Freitas-Silva 1998). As vazões do Subsistema A são muito restritas, em geral menores que 4.000 l/h e esse aqüífero é aproveitado por poços tubulares mais rasos que 150 metros, não presentes na área do Centro Metropolitano do Guará, tendo em vista que o abastecimento de água realizado no local 38 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará é feito pelo sistema de distribuição de água da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal - CAESB. Apesar do amplo esforço durante três dias de campo intensivo não foi possível cadastrar nenhum poço em operação na área de estudo e suas adjacências. Esse ato foi atribuído a dois antecedentes: Receio que os usuários institucionais (escolas, postos de combustíveis e alguns condomínios) têm por operarem poços não autorizados uma vez que a legislação atual não permite que sejam construídos poços em áreas servidas pelos sistemas de distribuição da companhia de Saneamento de Brasília (CAESB); Baixo potencial dos sistemas aqüíferos locais. Neste caso, tanto o Sistema P2, quanto o Subsistema A têm baixa vazão. O Sistema P2 além da baixa vazão média apresenta alto índice de poços secos o que desfavorece ainda mais seu aproveitamento. Mesmo considerando o insucesso no cadastro dos pontos d’água, pode-se afirmar que na região a explotação dos aqüíferos é muito limitada, pois toda a área urbana é abastecida pelo sistema oficial. Áreas rurais ou peri-urbanas são os casos em que o uso das águas subterrâneas é intensivo, sendo possível observar um grande número de reservatórios elevados (do tipo taça metálica) que denunciam a presença intensiva de poços tubulares profundos. Este fato não é observado na área em estudo. Como não foram cadastrados poços tubulares na área, não é possível estimar as vazões diárias e mensais ou mesmo os tipos de usos da água. Os dados hidrogeológicos verificados para o Sistema P2, assim como para o Subsistema A, mostram claramente que a água subterrânea será insuficiente para o abastecimento dos diferentes usos previstos para o Centro Metropolitano do Guará (lotes residenciais, comerciais, institucionais e usos mistos), devendo-se prever o abastecimento por meio da rede pública. Os aqüíferos locais são insuficientes inclusive para a eventual complementação do abastecimento nas fases iniciais da ocupação ou em períodos de recessão de chuvas. Condições de Recarga A recarga dos aqüíferos intergranulares e fraturados da poligonal em estudo corresponde à própria área e suas adjacências. Como a região está inserida na Depressão do Paranoá, não existe contribuição de recarga regional a partir de áreas elevadas situadas a grandes distâncias. A recarga se dá por infiltração direta das águas de chuva que incidem na superfície do terreno. A recarga efetiva é da ordem de 10% da precipitação total, depois de descontadas as perdas por fluxo superficial, evapotranspiração e fluxo interno. 39 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Obviamente que o percentual de 10% da precipitação é um valor médio para superfícies naturais recobertas por latossolos argilosos. Com a ocupação da área por usos urbanos esse volume deverá sofrer significativa diminuição. Como a região será servida por redes de coleta de águas servidas, não se considera a possibilidade de recarga artificial. A diminuição da recarga será um dos impactos mais significativos ao meio físico com a ocupação da área, entretanto este problema é considerado de baixa magnitude uma vez que a ampliação urbana não deverá usar águas subterrâneas para o abastecimento. Vulnerabilidade e Risco a Contaminação dos Aqüíferos A avaliação da vulnerabilidade e risco a contaminação das águas subterrâneas foi realizada de forma integrada para o distrito Federal, sendo que a área em questão resulta em condições de baixa vulnerabilidade e baixo risco a contaminação, tanto das águas freáticas, quanto das águas profundas. A vulnerabilidade é restrita, pois a área é protegida por espessos latossolos argilosos, apresenta níveis freáticos profundos (com exceção da área de ocorrência de Gleissolos) e tem sistema fraturado representado pelas ardósias que tendem ao selamento das fraturas com aumento de profundidade (apresentam baixa condutividade hidráulica). O risco a contaminação também é baixo, pois sobre a matriz natural que resulta em restrita circulação de águas subterrâneas, é inserido um tipo de uso que não gera cargas significativas de efluentes. A região é servida por coleta e tratamento dos esgotos domésticos, apresenta coleta regular de lixo e não tem atividades de industriais, de forma que as eventuais cargas contaminantes são difusas e de baixa toxidez. Uma análise específica da área concorda com a avaliação regional. Apenas nas áreas de acumulação de entulho e lixo doméstico (distribuída em áreas pontuais) pode-se afirmar que o risco é mais elevado, contudo mesmo nestas áreas trata-se de risco moderado. 5.1.5 – Hidrologia Superficial O polígono do Distrito Federal está situado em uma elevação regional, que não apresenta grandes cursos de drenagens superficiais, e é um divisor natural das três maiores bacias hidrográficas brasileiras (bacias do São Francisco, Tocantins e Paraná), o empreendimento está localizada na bacia hidrográfica do rio Paraná. A área de estudo está inserida na sub-bacia do córrego Guará que é um dos principais afluentes pela margem esquerda do Córrego Riacho Fundo. Com relação ao córrego Riacho Fundo, próximo da sua confluência com o Lago Paranoá, existe uma estação fluviométrica. A 40 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará análise temporal dos dados obtidos desta estação mostra vazões para tempos de recorrência de 2, 5, 10, 25, 50 e 100 anos respectivamente de 3,962; 5,06; 5,497; 6,557; 8,323 e 11,857 m3/s e vazões mínimas de 7, 10, 15 e 30 dias respectivamente de 1,525; 1,661; 1,747 e 2,016 m3/s (Campana et al. 1998). O córrego do Guará com cerca de 6,13 km de extensão e declividade média de 0,56 m/km (EIA Metrô, 1991), possui suas nascentes na Reserva Ecológica do Guará (criada pelo Decreto 11.262 de 11/09/88) e sua porção final está compreendida entre a EPIA – Estrada Parque Indústria e Abastecimento (DF – 003) e a EPAR – Estrada Parque Aeroporto, pouco após sua confluência com o córrego Riacho Fundo. A sub-bacia do córrego Guará possui área de drenagem de 31,1 km2, o que corresponde a 13,6% da bacia do ribeirão Riacho Fundo, ao final de seu curso nas proximidades do Jardim Zoológico, a CAESB realizou medições de vazões no posto fluviométrico, no período entre 1978 a 1989. Os resultados obtidos mostram, para aquele período, que a vazão média mensal foi de 0,76 m3/s, a mínima de 0,33 m3/s, e uma vazão máxima média mensal de 1,83 m3/s, conforme dados apresentados no EIA do Metrô. Tabela 3 – Valor médio de vazões mensais registrado pela CAESB para o córrego Guará no período entre 1978 a 1989 Vazões Médias Mensais (m3 /s) Período 78/89 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA Média 1,140 1,027 1,024 0,852 0,602 0,508 0,440 0,409 0,454 0,721 0,928 0,965 0,757 Máx 1,830 1,720 1,640 1,510 0,730 0,680 0,550 0,525 0,580 0,910 1,440 1,650 1,830 Min 0,515 0,620 0,671 0,617 0,440 0,380 0,330 0,335 0,335 0,486 0,530 0,630 0,330 Desvio 0,377 0,407 0,258 0,253 0,091 0,392 0,071 0,050 0,080 0,140 0,304 0,271 0,344 Padrão Fonte: EIA Metrô, 1991 Capacidade de Suporte da Drenagem Superficial A única drenagem natural presente na área em estudo é representada pelo córrego do Guará. Esta drenagem já é comprometida em termos hidrológicos e de qualidade das águas em função das ocupações já existentes na bacia, com destaque para as cidades do Guará I e II e o Setor de Indústria e Abastecimento. Com relação à possibilidade de receber efluentes tratados ou não, pode-se afirmar que nesta drenagem não é possível realizar qualquer tipo de lançamento. Esta limitação é decorrente do fato de o córrego do Guará ser afluente do Riacho Fundo que contribui diretamente para o Lago Paranoá, que já apresenta sua capacidade de recepção de efluentes no limite. O Braço do Riacho Fundo é o segmento do Lago Paranoá que apresenta a pior qualidade da água (inclusive sem condições de balneabilidade) e maior nível de assoreamento. 41 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Com relação à possibilidade de receber águas pluviais o córrego do Guará já apresenta efeitos do aumento do escoamento superficial com as ocupações existentes. Neste sentido já é possível se observar rebaixamento do nível de base com erosão de margens e exposição dos barrancos. Este efeito também é facilitado pela retirada da vegetação nativa. Mesmo considerando os problemas já identificados, as águas pluviais deverão ser lançadas nesta drenagem, pois este é o caminho natural do excedente do escoamento pluvial. Para ampliar a capacidade de suportar os picos de escoamento e minimizar eventuais problemas decorrentes de enchentes (que tenderão a ser mais freqüentes) deve-se implantar o sistema de drenagem pluvial desde o início das ocupações. Associada a rede pluvial deverão ser construídos sistemas de dissipação da energia das águas, incluindo baciões, gabiões, sistema de alargamento da galeria pluvial, sistemas de barreiras para minimização da velocidade das águas. Qualidade da Água Superficial Com relação à qualidade da água na sub-bacia do córrego Riacho Fundo, verificou-se, no passado, uma acentuada queda na qualidade de seus tributários, em especial os córregos Vicente Pires e Guará, tendo em vista, notadamente, a poluição por cargas orgânicas oriundas do lançamento de esgoto in natura gerado nas lagoas de estabilização situadas nas imediações do Setor de Indústrias e Abastecimento - SIA diretamente no Córrego Guará (Freitas-Silva & Campos 2000). O EIA do Metrô, elaborado pela empresa Engevix, aponta que em 1989 foi realizada uma campanha para avaliar a qualidade do córrego do Guará realizada em 11 pontos de amostragem e distribuídos da sua nascente até a sua foz. Nestes pontos foram realizadas medições dos níveis de oxigênio dissolvido (OD), demanda química de oxigênio (DQO), fósforo e nitrogênio total (NKT). Dentre as principais conclusões foram citadas: Com excessão do ponto situado a montante da EPTG (ponto 1), todos os demais apresentaram níveis característicos de ambientes poluídos; Os níveis de oxigênio dissolvido, a partir do terceiro ponto (Parque do Guará), esteve entre 0,0 e 1,0 mg/l, atingindo 4,8 mg/l junto a foz; A DQO variou de 35 mg/l (ponto 1) a 600 mg/l junto a foz O teor de fósforo total oscilou de 3,5 ug/l (ponto 1) a 2.700 µg/l e o NKT de 0,35 mg/l a 46,76 mg/l Outro trabalho que avaliou a qualidade das águas do córrego Guará foi desenvolvido pela CAESB em parceria com a UnB entre os anos de 1995 a 1996, intitulado “Acompanhamento da Recuperação do Riacho Fundo, Brasília – DF: Ênfase na Avaliação de 42 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Parâmetros Físico - Químicos e Biológicos”. Neste trabalho foram adotados 12 pontos para a coleta periódica de amostras de água nos períodos anuais de cheias e de estiagem, procedendose ‘a determinação sistemática de diversos parâmetros de qualidade, sendo que 3 destes pontos estavam situados no córrego Guará, o de nº 10 situado próximo a sua nascente, o de nº 11 próximo a ponte da EPIA por sobre o curso d’água e o de nº 12 próximo de sua foz na confluência com o córrego Riacho Fundo. A tabela a seguir apresenta alguns indicadores físico–químicos e bacteriológicos obtidos, em termos de valores amostrais médios, nos três pontos de coleta citados, fazendo-se a distinção entre o período seco e chuvoso. Tabela 4 – Parâmetros de qualidade de água obtidos para o córrego Guará no período entre 1995 e 1996 Referencia Período Ponto 10 Ponto 11 Ponto 12 Classe 3 Turbidez (UT) SECA CHUVA 2,43 1,67 5,98 4,83 10,68 8,20 ≤ 100 Oxigênio Dissolvido (mg/l) SECA CHUVA 2,8 4,7 7,1 7,1 6,6 6,5 > 4,0 P Coliformes Fecais (µg/l) (NMP/100 ml) SECA CHUVA SECA CHUVA 9,5 6,8 745 579 28,1 26,1 24.250 16.367 40,4 30,9 7.600 7.233 ≤ 25,0 ≤ 4.000 Fonte: RIAC da QE 48 do Guará, 2002 De acordo com a resolução CONAMA 357/2005 os valores apresentados acima enquadram o córrego do Guará na classe 3, considerada para usos menos nobres das águas com padrões menos exigentes de qualidade associados. A fim de avaliar a condição atual da qualidade da água no córrego Guará foi realizada uma análise de água bruta, coletada no Parque do Guará na altura do empreendimento, que chegou aos seguintes resultados (laudo em anexo). Oxigênio Dissolvido – 4,8 mg/l Fósforo Total – 32,0 µg/l Turbidez 3,1 UT DQO – 3 mg/l Óleos e Graxas – 3,8 mg/l Coliformes Totais - >2.419,2 NMP/100ml Coliformes Fecais 21,8 NMP/100ml Com relação à qualidade da água ressalta-se que atualmente o córrego do Guará não apresenta um nítido aspecto de poluição de suas águas, apresentando uma aparência translúcida e sem o odor característico de contaminação por esgotos lançados in natura, ressalta-se que na sua bacia de contribuição encontram-se situados boa parte do Guará I e Guará II, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), Setor de Oficinas Sul e a Candangolândia, ou seja, áreas tipicamente urbanas do Distrito Federal. Esta condição, de certa forma, faz com que haja uma extrema dependência do bom funcionamento dos serviços públicos, em especial aqueles relacionados à urbanização e saneamento ambiental, para a melhoria da qualidade da água. 43 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Cabe ressaltar que a CAESB coleta 100% dos esgotos sanitários proveniente das ligações regulares de água na área urbana situada na bacia do córrego Guará, sendo que as lagoas de oxidação do Guará, que apresentavam funcionamento deficitário, despejando efluentes com carga orgânica bruta diretamente no córrego do Guará, foram desativadas no início dos anos 90, o que contribuiu para a melhoria da qualidade das águas deste curso d´água. Atualmente, por meio de checagens realizadas em campo, não foram observados lançamentos de esgoto in natura no córrego Guará. Figura 14 – Vista do curso médio do córrego Guará dentro do Parque do Guará Autor: Magno A. Machado Desta forma pode-se avaliar que o córrego Guará melhorou suas condições do ponto de vista da contaminação por cargas orgânicas, o que pode refletir o resultado da desativação das lagoas de estabilização, que lançavam os efluentes do esgotamento sanitário diretamente neste curso d´água, cabe ressaltar que valor obtido revela a possibilidade de uso para recreação de contato secundário (≤ 2.500 NMP/100ml). Os demais resultados obtidos confirmam ainda o enquadramento do córrego Guará nas condições e padrões de água doce de classe 3 (usos menos nobres), de acordo com a resolução CONAMA 357/2005. Do exposto, qualquer alternativa contemplada para o empreendimento, deverá prever a pavimentação de ruas e acessos, a eficiência do sistema de limpeza pública, a coleta e condução das águas pluviais e por fim a instalação de infra-estrutura adequada de saneamento básico (abastecimento de água e esgoto sanitário) de modo a promover a melhoria da qualidade das águas do córrego Guará. 44 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 5.2 – Diagnóstico da Flora O presente diagnóstico da flora foi realizado com base na interpretação da cobertura vegetal a partir da utilização de imagens de alta resolução, na consulta a outros estudos ambientais realizados na área do empreendimento e por fim em um inventário florístico realizado na área do empreendimento para quantificar a vegetação que poderá ser suprimida em função da sua implantação. As informações relacionadas a cobertura vegetal foram cartografadas em conjunto com as informações relacionadas ao uso do solo e obtidas a partir da interpretação visual de imagens de alta resolução obtidas pelo satélite Quick Bird, com resolução de 0,6 metros, obtidas no ano de 2007. O inventário florestal foi realizado na área diretamente afetada pelo empreendimento e que era originalmente ocupada por vegetação de Cerrado Sensu Strictu, todavia a área de estudo encontra-se atualmente bastante alterada em função das atividades antrópicas desenvolvidas no passado, como por exemplo: a construção da infra-estrutura da cidade do Guará, da linha do metrô, das linhas de transmissão, entre outros. Desta forma tornou-se possível conhecer a comunidade vegetal existente com relação aos seus aspectos qualitativos e quantitativos, subsidiando assim, dados para a utilização racional dos recursos naturais e possível compensação florestal, conforme dispõe o Decreto nº 14.783, de 17 de junho de 1993. Deste modo foi possível conhecer a diversidade e riqueza das espécies vegetais encontradas na área diretamente afetada pelo empreendimento, conhecimentos necessários à conservação dos recursos genéticos. 5.2.1 – Metodologia de Amostragem O levantamento da composição florística efetuado por meio de Inventário Florestal, possui diversas técnicas de aplicação, que são variáveis em função das características do terreno estudado e das condições de cobertura vegetal. Em áreas com pequena dimensão, muito antropizadas, ou naquelas com baixa densidade arbórea, utiliza-se à metodologia do censo, isto é, identificam-se todas as árvores do terreno. Devido às características observadas na área do Centro Metropolitano, optou-se por realizar o inventário florestal tipo censo, ou seja, enumerou-se 100% (cem por cento) dos indivíduos arbóreos arbustivos passíveis de serem suprimidos. O local de levantamento da cobertura florística considerou a área diretamente afetada pelo empreendimento, perfazendo uma área aproximada de 143 hectares. 45 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Durante os dias 16,17 e 21 de Maio de 2008 toda a área foi percorrida a pé por um especialista em identificação botânica, onde foram contabilizados os indivíduos arbóreoarbustivos enquadrados nos parâmetros de amostragem (Decreto Distrital nº 14.783/93) e realizado o registro fotográfico. Os dados brutos de campo foram anotados em formulário especificamente preparados para essa finalidade. Todos os indivíduos arbóreos e arbustivos com altura superior a 2,50 m (dois metros e cinqüenta centímetros) ou circunferência superior a 0,20 m (vinte centímetros) medida a 0,30 m (trinta centímetros) do solo, foram identificados e quantificados. As árvores foram identificadas através das características dendrológicas. As espécies desconhecidas pelo especialista (dendrólogo) tiveram coletados materiais botânicos para sua comparação em herbário e discussão com especialistas em identificação de plantas. Cada indivíduo dentro dos parâmetros de amostragem foi quantificado e qualificado por espécie e família botânica. 5.2.2 – Resultados Obtidos No inventário florestal foram quantificados 1887 (mil oitocentos e oitenta e sete) indivíduos, sendo 827 (oitocentos e vinte e sete) nativos e 1060 (mil e sessenta e oitenta e sete) exóticos ao cerrado, distribuídos em 47 (quarenta e sete) famílias botânicas e 99 (noventa e nove) espécies, conforme apresentado na tabela 05. As espécies tombadas pelo Decreto nº 14.783/93, encontradas na área são: Aspidosperma tomentosum (8), Tabebua ochracea (10), Tabebuia impertiginosa (130), Caryocar brasiliense (8), Pseudobombax longiflorum (1), Dalbergia miscolobium (28) e Pterodon emarginatus (6), totalizando 191 (cento e noventa e um) indivíduos. 46 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 5 – Nome científico das espécies arbóreas encontradas no Centro Metropolitano do Guará – DF, (com família botânica, nome comum, número de indivíduos contabilizados e status (E = espécie exótica; N = nativa). * = Espécies tombadas pelo Decreto Distrital Nº 14.783/93) Nome científico Família botânica Acacia farnesiana (L.) Willd. Acosmium dasycarpum (Vogel) Yakovlev Aegiphila lhotzkiana L. Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. f. Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Annona crassiflora Mart. Artocarpus heterophyllus Lam. *Aspidosperma tomentosum Mart. Leguminosae – Mimosoideae Leguminosae – Papilionoideae Verbenaceae Opiliaceae Fabaceae – Mimosoideae Annonaceae Moraceae Apocynaceae Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. Bauhinia sp. Bougainvillea sp. Brosimum gaudichaudii Trécul Byrsonima coccolobifolia Kunth Caesalpinia sp. Caesalpinia echinata Lam. Caesalpinia ferrea Mart. Caesalpinia peltophoroides Benth. Calophyllum brasiliense Cambess. Carica papaya L. *Caryocar brasiliense Cambess. Casearia sylvestris Sw. Anacardiaceae Leguminosae – Caesalpinoideae Nyctaginaceae Moraceae Malpighiaceae Leguminosae - Caesalpinoideae Leguminosae - Caesalpinoideae Leguminosae - Caesalpinoideae Leguminosae - Caesalpinoideae Clusiaceae Caricaceae Caryocaraceae Salicaceae Cassia sp. Casuarina L. Cecropia pachystachya Trécul Citrus limon (L.) Burm. f. Clitoria L. Cocos nucifera L. Connarus suberosus Planch. Leguminosae - Caesalpinoideae Casuarinaceae Cecropiaceae Rutaceae Leguminosae – Papilionoideae Palmae Connaraceae *Dalbergia miscolobium Benth. Leguminosae – Papilionoideae Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf. Dimorphandra mollis Benth. Diospyros burchellii Hiern Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr. Leguminosae - Caesalpinoideae Leguminosae - Mimosoideae Ebenaceae Leguminosae - Mimosoideae Eremanthus goyazensis (Gardner) Sch. Bip. Compositae Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl. Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Schott & Endl. Erythrina sp. Erythroxylum deciduum A. St.-Hil. Ameixa/Nêspera Bombacaceae Leguminosae-papilionoideae Erythroxylaceae Nome comum Acácia Amargosinha Milho-de-grilo Cerveja-depobre Angico Araticum Jaca Peroba-docerrado Gonçalo-alves Pata-de-vaca Buganvile Mama-cadela Murici-rosa Pau-ferro Pau-brasil Pau-ferro Sibipiruna Landim Mamão Pequi Língua-detamanduá Fava-grande Casuarina Embaúba Limão Clitória Côco-da-bahia Araruta-docampo Jacarandá-docerrado Flamboyant Faveiro Olho-de-boi Orelha-demacaco Coração-denegro Rosaceae Paineira-docerrado Crista-de-galo Fruta-depomba 1 7 9 1 Statu s E N N N 12 12 5 8 N N E N 1 9 13 1 8 5 2 37 26 8 6 8 2 N E E N N E E E E N E N N 2 17 3 1 22 10 14 E E N E E E N 28 N 3 3 36 9 E N N N 1 N 2 26 E N 1 17 E N Nº ind. 47 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Erythroxylum suberosum A. St.-Hil. Erythroxylaceae Erythroxylum tortuosum Mart. Erythroxylaceae Eucalyptus sp. Fícus benjamina L. Ficus sp. Myrtaceae Moraceae Moraceae Himatanthus obovatus (Müll. Arg.) Woodson Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Apocynaceae Leguminosae - Caesalpinoideae Inga cylindrica (Vell.) Mart. Inga laurina (Sw.) Willd. Kielmeyera coriacea Mart. & Zucc. Lafoensia pacari A. St.-Hil. Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit Licania tomentosa (Benth.) Fritsch Machaerium opacum Vogel Leguminosae - Mimosoideae Leguminosae - Mimosoideae Guttiferae Lythraceae Leguminosae - Mimosoideae Chrysobalanaceae Leguminosae - Papilionoideae Mangifera indica L. Melia azedarach L. Michelia champaca L. Anacardiaceae Meliaceae Magnoliaceae Morus nigra L. NÃO IDENTIFICADA I NÃO IDENTIFICADA II Ouratea hexasperma (A. St.-Hil.) Baill. Moraceae Pachira aquatica Aubl. Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Persea americana Mill. Pinus sp. Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker Bombacaceae Leguminosae – Caesalpinoideae Lauraceae Pinaceae Leguminosae - Mimosoideae Compositae Plathymenia reticulata Benth. Leguminosae - Mimosoideae Pouteria ramiflora (Mart.) Radlk. Pouteria torta (Mart.) Radlk. *Pseudobombax longiflorum (Mart. & Zucc.) A. Robyns Psidium guajava L. *Pterodon pubescens (Benth.) Benth. Sapotaceae Sapotaceae Bombacaceae Pterogyne nitens Tul. Leguminosae - Qualea grandiflora Mart. Qualea parviflora Mart. Vochysiaceae Vochysiaceae Ricinus communis L. Roupala montana Aubl. Roystonea oleracea (Jacq.) O.F. Cook Euphorbiaceae Proteaceae Palmae Sapindus saponaria L. Schefflera macrocarpa (Cham. & Schltdl.) Frodin Sapindaceae Araliaceae Ochnaceae Myrtaceae Leguminosae - Papilionoideae Cabelo-denegro Cabelo-denegro Eucalipto Ficus Figueira-dafolha-larga Pau-de-leite Jatobá-docerrado Ingá Ingá-banana Pau-santo Pacari Leucena Oiti Jacarandácascudo Mangueira Saboneteira Magnóliaamarela Amora Vassoura-debruxa Monguba Pau-jacaré Abacate Pinus Coração-denegro Vinhático-docampo Curiola Curiola Mamonarana Goiaba Sucupirabranca Amendoimbravo Pau-terra Pau-terra-dafolha-miúda Mamona Carne-de-vaca Palmeira imperial Saboneteira Mandiocão 5 N 1 N 4 103 9 E E E 2 3 N N 8 73 22 2 33 3 26 N N N N E E N 67 4 5 E E E 1 3 13 27 E E E N 13 154 11 311 10 92 E E E E N N 3 N 4 17 1 N N N 6 6 E N 13 E 3 2 N N 25 1 2 E N E 15 1 E N 48 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Schizolobium parahyba (Vell.) S.F. Blake Solanum lycocarpum A. St.-Hil. Spathodea campanulata P. Beauv. Leguminosae - Caesalpinoideae Solanaceae Bignoniaceae 3 19 3 E N E 5 N 12 3 N N 20 8 1 63 2 10 E E N E E N Bignoniaceae Leguminosae - Mimosoideae Anacardiaceae Bignoniaceae Combretaceae Melastomataceae Rubiaceae Guapuruvu Lobeira Xixi-demacaco Quina-docerrado Cura-puta Laranjinha-docerrado Mogno Jerivá Côco-babão Jamelão Jambo Ipê-amarelodo-cerrado Ipê Tamarindo Pau pombo Ipê-de-jardim Sete-copas Quaresmeira Jenipapo-bravo Strychnos pseudoquina A. St.-Hil. Loganiaceae Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville Styrax ferrugineus Nees & Mart. Leguminosae - Mimosoideae Styracaceae Swietenia macrophylla King Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Syagrus sp. Syzygium jambolanum (Lam.) DC. Syzygium jambos (L.) Alston *Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Meliaceae Palmae Palmae Myrtaceae Myrtaceae Bignoniaceae *Tabebuia sp. Tamarindus indica L. Tapirira guianensis Aubl. Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth Terminalia catappa L. Tibouchina candolleana Cogn. Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K. Schum. Vernonia Schreb. 130 1 76 24 5 5 1 N E N E E N N Asteraceae Assa-peixe 16 N De modo complementar apresentam-se, a seguir, os dados de florística obtidos no inventário florestal realizado na mata do córrego Guará, por ocasião da elaboração do EIA do Sistema de Transporte de Massa do Distrito Federal (Metrô), de modo a possibilitar o conhecimento das espécies existentes e subsidiar a escolha de espécies para possíveis programas de recuperação ambiental a serem implantados na Área de Preservação Permanente situada ao longo do córrego Guará. A tabela a seguir mostra os valores absolutos e relativos de abundância, dominância, freqüência e índice de valor de importância das espécies da mata encontradas no córrego Guará. 49 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 6 – Valores absolutos e relativos de abundância, dominância, freqüência e índice de valor de importância das espécies da Mata do Córrego Guará Espécie Callophyllum brasiliense Cecropia SP Xylopia aromática Protium SP Tapirira guianensis Styrax camporum Richeria abovata Talauma ovata Gilibertia cuneata Blepharocalix suaveolens Miconia punctata Pseudolmedia laevigata Paraeuphorbia alchornioides Ocotea SP Aspisdosperma subincanun Gomidezia SP Guarea tuberculata Lamanonia brasiliensis Alchornea cordata Mataiba SP Prunus sp Abundancia (nº de ind. / ha) Abs. Rel. (%) 123,15 147,79 135,47 86,21 73,89 61,58 73,89 61,58 49,26 24,63 49,26 36,95 24,63 24,63 12,32 12,32 12,32 12,32 12,32 12,32 12,32 11,36 13,64 12,50 7,95 6,82 5,68 6,82 5,68 4,55 2,27 4,55 3,41 2,27 2,27 1,14 1,14 1,14 1,14 1,14 1,14 1,14 Dominância (área basal / ha) Abs. Rel. (%) 107694,8 27478,27 26530,81 20375,70 17315,54 21654,16 17850,88 21139,89 8625,79 19459,61 6892,84 5729,29 4235,96 2926,38 5512,70 5080,51 2164,90 1490,63 1341,67 1270,12 941,81 32,39 8,26 7,98 6,13 5,21 6,51 5,37 6,36 2,59 5,85 2,07 1,72 1,27 0,88 1,66 1,53 0,65 0,45 0,40 0,38 0,28 Freqüência Abs. 11,43 11,43 10,00 7,14 8,57 7,14 7,14 7,14 4,29 1,43 2,86 2,86 2,86 2,86 1,43 1,43 1,43 1,43 1,43 1,43 1,43 (IVI) Rel. (%) 55,18 33,33 30,48 21,23 20,60 19,34 19,33 19,18 11,43 9,55 9,48 7,99 6,40 6,01 4,22 4,09 3,22 3,01 2,97 2,95 2,85 Fonte: EIA Metro 5.2.3 – Discussão sobre a Cobertura Vegetal Na antiga paisagem da área de influência direta do empreendimento predominavam as fitofisionomias do Bioma Cerrado, mais especificamente áreas ocupadas por campo cerrado nas áreas mais altas ocupadas pelos latossolos, passando para os campos de murundum (campos úmidos), veredas, chegando a mata ciliar que acompanha o córrego Guará, representando assim um gradiente vegetacional típico do bioma Cerrado. Atualmente a área diretamente afetada pelo empreendimento possui uma paisagem natural bastante modificada, com cobertura vegetal predominantemente rasteira formada por grama batatais, braquiária e capim gordura, sendo que nas localidades ociosas encontram-se depósitos de entulho e áreas de solo exposto. 50 36 36 32 23 27 23 23 23 14 5 9 9 9 9 5 5 5 5 5 5 5 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Todavia ainda são encontrados alguns remanescentes de vegetação de Cerrado e diversos indivíduos nativos e exóticos plantados para paisagismo urbano. Figura 15 – Predominância de grama batatais no estrato rasteiro na AID. Figura 16 – Indivíduos de mamona, leucena e solo exposto. 51 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 17 – Leucena entremeada a depósito de entulho sobre braquiaria na AID. Vochysia thyrsoidea Figura 18 – Regeneração e remanescentes de grande porte de cerrado sentido restrito situados fora da área de estudo (área inventariada). 52 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 19 Guará. – Vegetação exótica utilizada nos estacionamentos e calçadas do Centro Metropolitano do Com relação à mata de galeria que acompanha o córrego do Guará percebe-se que a mesma encontra-se mais integra na região onde está localizada a Reserva Ecológica do Guará, mantendo ainda suas características gerais, com o extrato superior do dossel formado por indivíduos de 15 a 20 metros. Na área do Parque do Guará a mata de galeria apresenta um grau maior de antropismo quando comparada com a porção existente na Reserva Ecológica do Guará, esta situação ocorre principalmente em função da ocupação promovida por chacareiros que residem no interior do Parque, neste local a mata é mais estreita e vai alargando mais ao sul nas proximidades da Estrada Parque Guará – EPGU, assumindo um porte mais alto, em torno de 20 metros de altura para o dossel superior. 53 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 20 – Vista parcial da mata de galeria do córrego Guará situada no interior do Parque do Guará Autor: Magno A. Machado Nas margens do córrego do Guará, em seu médio curso e limítrofe ao Centro Metropolitano do Guará, existe uma área cuja vegetação original era coberta por um campo de murundum. O processo de urbanização ocorrido na área de influência direta do empreendimento fez com que esta fitofisionomia perdesse suas características naturais, mais especificamente o ressecamento do solo e a mudança na composição florística. O Campo de Murundum é uma fitofisionomia considerada, pela resolução CONAMA 303 de 2002, como Área de Preservação Permanente e apresenta uma cobertura arbórea que varia de 1% a 10%, situada sobre solos mal drenados, onde ocorre a presença de árvores e/ou arbustos concentrados em pequenas áreas mais drenadas, caracterizado pelo aparecimento de um microrelevo do solo, denominado de murundum, que varia, em média, de 0,50 a 1,50 m de altura e de 0,20 a mais de 20 m de diâmetro. Também pode não haver vegetação sobre os murunduns, caracterizando assim um campo limpo de murundum. Os campos de murunduns localizam-se, em geral, sobre solos onde o nível do lençol freático encontra-se próximo à sua superfície, podendo ou não aflorar sobre o mesmo. Durante os períodos chuvosos ou na ocorrência de precipitações duradouras, 54 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará em função da má drenagem dos solos, esses se mantêm encharcados. Apesar dessa saturação no solo não ser decorrente do afloramento natural da água subterrânea (nascente), essa característica confere aos campos de murunduns elevada susceptibilidade às intervenções antrópicas. Contribui para sensibilidade ecológica dessa fisionomia o fato dela ocorrer em cabeceiras de cursos d’água e em áreas de acumulação e afloramento naturais da água subterrânea, funcionando para proteger o solo e a água, além de servir como habitat para a fauna silvestre. De forma geral os campos de murunduns têm sido transformados em áreas de expansão urbana e de uso agropecuário. Por esse motivo, essa fisionomia vegetal, que já tem sua área natural de abrangência reduzida, está se tornando um ambiente raro e extremamente ameaçado. Figura 21 – Exemplo de murundum existente na área vizinha ao Centro Metropolitano do Guará 55 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 22 – Afloramento do lençol freático na área ocupada por campo de murundum ao lado do Centro Metropolitano do Guará. Autor: Magno A. Machado 5.2.4 – Áreas Legalmente Protegidas De acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT percebe-se que na área de influência direta do empreendimento existem duas localidades especialmente protegidas, são elas a Reserva Ecológica do Guará, considerada uma Zona de Conservação Ambiental e o Parque Ezechias Heringer ou Parque do Guará, considerado uma Área Especial de Proteção, mais especificamente Área de Lazer Ecológico. A Área Especial de Proteção, de acordo com o PDOT, é aquela que apresenta situações diversas de proteção e fragilidade ambientais e pode ser dividida em: I Áreas de Proteção de Mananciais; II - Áreas Rurais Remanescentes; III - Áreas com Restrições Físico-Ambientais; IV - Áreas de Lazer Ecológico. As Áreas de Lazer Ecológico são aquelas relativas às unidades de conservação de uso sustentável cuja legislação admita atividades de lazer e educação ambiental, compreendem os parques ecológicos e os monumentos naturais, exceto as cavernas, consideradas áreas de preservação permanente. Segundo o PDOT a implantação de infra-estrutura adequada ao acesso e à visitação pública deverá ser estimulada nas Áreas de Lazer Ecológico 56 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará A criação do Parque Ecológico Ezechias Heringer ou Parque do Guará se deu primeiramente através do Decreto no 3. 597 de 11/03/77. Posteriormente, pelo Decreto no 8.129 de 16/08/84, foi homologada a Decisão no 01/84, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, designando a área como Parque do Guará. O Parque do Guará possui 278 hectares e é dividido pela Estrada Parque do Guará em duas grandes parcelas. A parcela oeste, área no 27, está delimitada pela EPGU, EPIA, SPMS e área Especial 10 do SRIA II. A parcela a leste da EPGU, Área no 28, está situada entre a EPGU, QE 23 do SRIA 11, Horto do Guará, CAVE, rede de alta tensão, área dos transmissores da Rádio Nacional de Brasília, Setor de Serviços Públicos do SIA, SCEE Sul, Park Shopping e EPIA. A Comissão de Defesa do Meio Ambiente – COMDEMA do Guará em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente e Tecnologia SEMATEC, atual Secretaria de Desenvolvimento urbano e Meio Ambiente – SEDUMA, após ampla consulta a comunidade, definiu diretrizes para a elaboração de um plano ambiental a ser desenvolvido no Parque do Guará, contemplando os seguintes aspectos: - Garantir a preservação dos ecossistemas naturais existentes; - Promover a restauração das áreas que foram alteradas; - Garantir a proteção qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos; - Disciplinar a ocupação da área; - Assegurar condições para a realização de pesquisa integrada e educação ambiental; - Proporcionar lazer e recreação em contato com o meio natural; - Promover pesquisa visando a possibilidade de reintrodução da fauna. A Administração Regional do Guará já implantou uma série de equipamentos no interior do Parque, todavia a sua área vem sofrendo uma série de invasões, ocasionadas por chacareiros e por depósito irregular de entulhos, que comprometem a integridade da área e dificultam a implantação do plano, tornando-se de fundamental importância a retirada dos invasores e a recuperação das áreas degradadas. O Plano Diretor do Parque do Guará propôs um zoneamento da área, considerando os objetivos de conservação e de fomento ao lazer e previu a implantação de infra-estrutura para atendimento recreativo a uma população estimada em 4.000 pessoas. Também se imaginou a implantação de museu, escola de educação ambiental, teatros, praças, quadras, ginásio de esportes, restaurantes, trilhas, estacionamento, viveiro de mudas e módulos de apoio e segurança. Entre as medidas de recuperação da 57 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará área, é proposta a revegetação de uma faixa de cem metros ao longo de cada margem do Córrego do Guará. A figura apresentada a seguir apresenta o zoneamento ambiental proposto quando da elaboração do Plano Diretor do Parque do Guará em 1993. Figura 23 – Zoneamento Ambiental estabelecido pelo Plano Diretor do Parque do Guará em 1993. Especificamente o setor de preservação é caracterizado pelo seu caráter de intangibilidade, por encerrar ecossistemas de grande relevância ecológica e demais atributos especiais, merecendo tratamento visando à sua preservação, conservação ou recuperação. A Reserva Ecológica do Guará foi criada pelo Decreto no 11.262, de 16/09/88. Esta Reserva abriga as nascentes do córrego Guará e alguns campos de murunduns. Possui grande diversidade da flora, com a presença de espécies raras e endêmicas. Esta área, como toda Reserva Ecológica, tem acesso proibido e restrito apenas à pesquisa científica. A implantação do Centro Metropolitano do Guará poderá significar uma boa oportunidade para promover ações de preservação dos ecossistemas naturais na área do 58 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Parque do Guará, em especial a revegetação das áreas alteradas e a proteção dos recursos hídricos, por meio da aplicação dos mecanismos de compensação ambiental. Por outro lado, o adensamento populacional provocado pelo empreendimento poderá estimular a efetiva implantação das ações previstas no Plano Diretor do Parque, transformando-o num importante equipamento público voltado para o lazer e vivência. 59 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Inserir mapa de áreas protegidas 60 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 5.3 – Diagnóstico de Fauna O conhecimento sobre a fauna do Cerrado está restrito principalmente às proximidades dos grandes centros urbanos (Goiânia, Brasília, Cuiabá), nas áreas ocupadas por hidroelétricas, assim como em algumas unidades de conservação como, por exemplo, os Parques Nacionais localizados no Bioma (Chapada dos Veadeiros, Chapada dos Guimarães e Emas, dentre outros), todavia a maior parte destes dados não se encontra publicado, estando ainda na forma de relatórios técnicos específicos pouco disponíveis para consultas. Por abrigar a capital do Brasil, o Distrito Federal possui uma fauna bem conhecida, principalmente no que se refere ao conhecimento dos vertebrados. Quanto aos invertebrados, apesar do aumento de estudos na última década, o número reduzido de publicações e levantamentos ainda não representa a provável diversidade existente. Devido ao crescimento rápido da malha urbana, tanto a flora quanto a fauna nativa do Distrito Federal estão praticamente restritas às unidades de conservação locais. Apesar dessas áreas representarem uma porção significativa do território do DF, elas se transformaram em fragmentos de cerrado, praticamente isoladas umas das outras. Atualmente, muito se discute acerca da importância da conectividade entre fragmentos e da manutenção de corredores ecológicos entre ambientes para a conservação da diversidade biológica. Uma das principais ameaças à fauna do DF, além da expansão antrópica, é o isolamento das unidades de conservação. Parques urbanos como o Parque Ecológico do Guará, situado a leste do Centro Metropolitano do Guará, são pequenos fragmentos que podem funcionar como passagens ou corredores para algumas espécies da fauna e também da flora. Por isso a importância de se conservar essas áreas. O objetivo deste trabalho é apresentar um diagnóstico da fauna de mamíferos, aves, répteis e anfíbios, que servirá como subsídio para o Relatório de Impacto Ambiental Complementar (RIAC) do Centro Metropolitano do Guará, RA X. 5.3.1 – Caracterização da Área de Estudo A área de estudo situa-se na RA X e compreende uma faixa de terra residual entre os núcleos urbanos do Guará I e do Guará II, envolvendo a área ocupada pelas redes de alta tensão da CEB e de FURNAS, a área do Centro Administrativo, Vivencial e Esportivo – CAVE e uma área subutilizada situada a oeste do Parque do Guará. 61 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará O local do empreendimento é caracterizado basicamente por uma área degradada com dominância de espécies invasoras de capim e ocupações humanas (Figura 24), algumas de caráter irregular. O Parque Ecológico Ezechias Heringer (Parque do Guará) é lindeiro a área do Centro Metropolitano do Guará, e possui basicamente dois tipos de fitofisionomias: campo de murundum / campo úmido (Figuras 25 e 26) e mata de galeria (Figura 27). Figura 24 – Área degradada e antropizada na área do futuro Centro Metropolitano do Guará. 62 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 25 – Área de campo de murundum no Parque do Guará. Figura 26 – Área de campo úmido no Parque do Guará. 63 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 27 – Área de Mata de Galeria no Parque do Guará (Córrego do Guará). 5.3.2 – Metodologia de Amostragem A área de influência do empreendimento em questão não possui nenhum levantamento de dados primários de fauna. Por isso, o presente diagnóstico foi elaborado com base em dados secundários de quatro estudos realizados em áreas próximas: 1) Relatório de Impacto à Vizinhança do Residencial Monte Verde no Riacho Fundo (Péres et al., 2007); 2) estudo para o Livro Olhares Sobre o Lago Paranoá (Fonseca, 2001); 3) Programa Básico Ambiental da Construção da Segunda Pista de Pouso do Aeroporto Internacional de Brasília (INFRAERO/CDT-UnB, 2005); e 4) EIA do Metrô (Engevix, 1991) (Figura 24). Este último estudo apresenta uma breve amostragem dos Córregos Guará e Vicente Pires. 64 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 28 – Estudos de fauna utilizados como referência para o diagnóstico de fauna. Para efeito do diagnóstico da fauna do Centro Metropolitano do Guará, consideramos como de provável ocorrência para a área de influência direta do empreendimento, apenas as espécies que foram registradas nos estudos citados acima. Essas quatro áreas são próximas, possuem os mesmos tipos de fitofisionomias e apresentam impactos antrópicos semelhantes aos da área do empreendimento em questão, o que nos leva a inferir que espécies que são comuns a essas quatro áreas, possuem alta probabilidade de ocorrer nos habitats naturais da área de influência do Centro Metropolitano do Guará, em especial o Parque do Guará e a Reserva Ecológica do Guará. 5.3.3 – Resultados Obtidos HERPETOFAUNA Para o RIVI do Residencial Monte Verde (Péres et al., 2007), foram listadas 50 espécies de répteis e anfíbios, sendo 14 espécies de anfíbios, distribuídas nas famílias Bufonidae (2), Caecilidae (1), Hylidae (5), Leptodactylidae (5) e Microhylidae (1), 14 espécies de lagartos, distribuídas nas famílias Anguidae (1), Gekkonidae (1), Tropiduridae (2), Polychrotidae (3), Scincidae (1), Teiidae (3), Gymnophtalmidae (3), quatro espécies de anfisbenas, e 18 espécies de serpentes distribuídas nas famílias Anomalepedidae (1), Boidae (1), Colubridae (12), Elapidae (1) e Viperidae (3). 65 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará No livro Olhares Sobre o Lago Paranoá (Fonseca, 2001), foram registradas 74 espécies da Herpetofauna, sendo 18 espécies de anfíbios, distribuídas nas famílias Bufonidae (2), Caecilidae (1), Hylidae (9) e Leptodactylidae (6), 13 espécies de lagartos, distribuídas nas famílias Anguidae (1), Gekkonidae (1), Tropiduridae (2), Polychrotidae (2), Scincidae (2), Teiidae (3), Gymnophtalmidae (2), três espécies de anfisbenas, 33 espécies de serpentes distribuídas nas famílias Anomalepedidae (1), Boidae (3), Colubridae (24), Elapidae (1) e Viperidae (4), duas espécies de jacarés e cinco de quelônios. Durante o diagnóstico, resgate e monitoramento de fauna, trabalhos integrantes dos Planos Básicos Ambientais da Construção da Segunda Pista de Pouso do Aeroporto Internacional de Brasília (INFRAERO/CDT-UnB, 2005), foram registradas 47 espécies de répteis e anfíbios. Foram encontradas dez espécies de anfíbios, distribuídas nas famílias Bufonidae (3), Caecilidae (1), Hylidae (3), Leptodactylidae (2) e Microhylidae (1), 13 espécies de lagartos, distribuídas nas famílias Anguidae (1), Gekkonidae (1), Tropiduridae (2), Polychrotidae (2), Scincidae (2), Teiidae (2), Gymnophtalmidae (3), quatro espécies de anfisbenas, e 20 espécies de serpentes distribuídas nas famílias Anomalepedidae (1), Boidae (1), Colubridae (14), Elapidae (1) e Viperidae (3). A lista da Herpetofauna elaborada para o diagnóstico da área de influência do Centro Metropolitano do Guará apresenta 43 espécies, sendo dez espécies de anfíbios, distribuídas nas famílias Bufonidae (3), Caecilidae (1), Hylidae (3), Leptodactylidae (3) e Microhylidae (1) (Tabela 07), 13 espécies de lagartos, distribuídas nas famílias Anguidae (1), Gekkonidae (1), Tropiduridae (2), Polychrotidae (3), Scincidae (1), Teiidae (2), Gymnophtalmidae (3) (Tabela 08), três espécies de anfisbenas (Tabela 08), e 16 espécies de serpentes distribuídas nas famílias Anomalepedidae (1), Boidae (1), Colubridae (10), Elapidae (1) e Viperidae (3) (Tabela 9). É importante ressaltar que várias dessas espécies ocorrem apenas em ambientes naturais e, portanto, são encontradas apenas na área de influência indireta do empreendimento, o Parque do Guará. Observamos que entre as espécies que ocorrem na área do empreendimento, existe uma predominância de espécies comuns e resistentes à ocupação humana. Citamos como exemplos: os sapos-cururu do gênero Bufo, a perereca Scinax fuscovarius, o sapo-cachorro Physalaemus cuvieri, a rã Leptodactylus fuscus, a lagartixa Hemidactylus mabouia, o calango Tropidurus torquatus, o Calango-verde 66 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Ameiva ameiva, além das serpentes Oxyrhopus rhombifer, Tantilla melanocephala e Phyllodrias natereri. Anfíbios e répteis são organismos que respondem rapidamente a modificações no ambiente, como poluição da água, desmatamentos, variações climáticas, assoreamentos, entrada de espécies invasoras e queimadas, sendo desta forma, devido a suas características ecológicas e fisiológicas, ótimos bio-indicadores da qualidade ambiental. As espécies de anfíbios são as que respondem mais rapidamente à poluição da água, devido a sua dependência hídrica, tanto para sobrevivência como para reprodução. Os corpos d’água das nascentes e das matas devem ser protegidos para a garantia de uma boa qualidade da água dos córregos, e conseqüentemente, para a conservação da anfibiofauna. Dentre as espécies listadas como de possível ocorrência para a área de influência direta do empreendimento, não existem espécies de répteis e anfíbios presentes na lista oficial do IBAMA das espécies ameaçadas de extinção. Vale ressaltar que no Brasil existem poucas espécies da herpetofauna consideradas ameaçadas, no entanto, isso se deve principalmente ao pouco conhecimento que se tem a respeito do status de conservação desses animais, principalmente no Cerrado. Com a rápida expansão urbana, crescimento da agricultura e grandes empreendimentos como hidroelétricas, rodovias, entre outras, a tendência é que várias das espécies de répteis e anfíbios se tornem ameaçadas ou vulneráveis, principalmente porque respondem rapidamente às alterações antrópicas. Por outro lado existem várias espécies da herpetofauna que são endêmicas ao bioma cerrado ou ao Planalto Central, e outras espécies podem ser consideradas raras. Os lagartos Ophiodes striatus, Micrableharus atticulus, Enyalius spn., além das serpentes Liotyphlops ternetzii e Bothrops moojeni são espécies endêmicas do Cerrado. Algumas destas espécies podem ser consideradas raras, pois não são fáceis de serem encontradas, principalmente em áreas alteradas, como os lagartos Ophiodes striatus e a jararaca (Bothrops moojeni). Se levarmos em consideração todas as espécies listadas na área de estudo, concluímos que a área possui 20,4% das espécies de anfíbios registrados para o DF, 52% das espécies de lagartos e 34,8% das espécies de serpentes encontradas em todo o Distrito Federal. Essa representatividade da área com relação à herpetofauna do DF pode ser considerada mediana, principalmente porque 15 espécies são animais comuns 67 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará e adaptados à presença humana. Pode se concluir que a área do empreendimento apresenta média significância para a conservação da herpetofauna do DF e do Cerrado. Tabela 7 – Espécies de anfíbios de provável ocorrência na área de influência do empreendimento, com nome popular e habitat (AD = Área Degradada, MG = Mata de Galeria, CM = Campo de murundum, CU = Campo Úmido). FAMÍLIAS E ESPÉCIES BUFONIDAE Bufo granulosus Bufo schneiderii Bufo rubescens HYLIDAE Hyla albopunctata Hyla rubicundula Scinax fuscovarius LEPTODACTYLIDAE Physalaemus cuvieri Leptodactylus furnarius Leptodactylus fuscus MICROHYLIDAE Elachistocleis sp. CAECILIDAE Siphonops paulensis NOME POPULAR Sapo-cururu Sapo-cururu Sapo-cururu Perereca Perereca Perereca Sapo-cachorro Rã Rã HABITAT AD MG CM CU X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Rãzinha X X Cecília X X 68 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 8 – Espécies de lagartos e anfisbenas de provável ocorrência na área de influência do empreendimento, com nome popular e habitat (AD = Área Degradada, MG = Mata de Galeria, CM = Campo de murundum, CU = Campo Úmido). FAMÍLIAS E ESPÉCIES NOME POPULAR AD ANGUIDAE Ophiodes striatus GEKKONIDAE Hemidactylus mabouia TROPIDURIDAE Tropidurus itambere Tropidurus torquatus POLYCHROTIDAE Anolis meridionalis Enyalius spn. Polychrus acutirostris SCINCIDAE Mabuya nigropunctata TEIIDAE Ameiva ameiva Tupinambis merianae GYMNOPHTALMIDAE Cercosaura ocellata Micrablepharus atticulus Pantodactylus schereibersi AMPHISBAENIDAE Amphisbaena alba Amphisbaena anaemariae Leposternum microcephalum Cobra de vidro HABITAT MG CM CU X X X X X Papa-vento Calango-da-mata Lagarto-preguiça X X X X Calango-liso X X X X X X X X X X X Lagartixa–doméstica Calango Calango Calango-verde Teiú X X X X Calanguinho Bíblia ou briba Calanguinho Cobra de duas cabeças Cobra de duas cabeças Cobra de duas cabeças X X X X X X X X X 69 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 9 – Espécies de serpentes de provável ocorrência na área do empreendimento com nome popular e habitat (AD = Área Degradada, MG = Mata de Galeria, CM = Campo de murundum, CU = Campo Úmido). FAMÍLIAS E ESPÉCIES ANOMALEPEDIDAE Liotyphlops ternetzii BOIDAE Epicrates cenchria COLUBRIDAE Apostolepis sp. Erythrolamprus aesculapii Liophis meridionalis Oxyrhopus rhombifer Phyllodrias natereri Phyllodrias patagoniensis Sibynomorphus mikani Thaeniophalus occiptalis Tantilla melanocephala Waglerophis merremi ELAPIDAE Micrurus frontalis VIPERIDAE Bothrops moojeni Bothrops newvidi Crotalus durissus NOME POPULAR HABITAT AD MG CM CU Cobra-cega X X Jibóia arco-íris X X Coral falsa Coral falsa Corre-campo Coral falsa Corre-campo Corre-campo X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Coral verdadeira X X Jararaca; jararcuçu Jararaca-pintada Cascavel X Coral falsa Achatadeira, boipeva X X X X X X X X X X 70 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará AVIFAUNA Para o diagnóstico das aves foram considerados apenas os estudos do RIVI do Residencial Monte Verde e dos Planos Básicos Ambientais do Aeroporto Internacional de Brasília, já que o livro do Lago Paranoá só lista as espécies de aves de hábito essencialmente paludícola. Para se determinar as espécies ameaçadas, foram utilizados os estudos de Collar et al. (1992 e 1994) e a Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (Instrução Normativa N° 3, de 27 de maio de 2003, Ministério do Meio Ambiente). Outras referências foram consideradas fontes de informações secundárias relativas a distribuição das espécies (endêmicas, restritas, centros de distribuição amazônicas, visitantes ou migratórias); dieta e importância econômica das aves (Cavalcanti 1999; Forshaw & Cooper 1977; Grantsau 1988; Ridley & Tudor 1994 e 1998; Silva 1995a, 1995b, 1996 e 1997). As espécies listadas também foram classificadas quanto aos ambientes de forrageamento e reprodução (Bagno & Marinho-Filho, 2001): A - Espécies estritamente aquáticas; C1 - Espécies estritamente campestres; C2 - Espécies essencialmente campestres que utilizam também florestas; F2 - Espécies essencialmente florestais que utilizam também ambientes abertos; F1 - espécies estritamente florestais, ou T – espécie exótica associada a ambientes antrópicos. O levantamento de aves para o RIVI do Residencial Monte Verde (Péres et al., 2007), registrou 153 espécies, sendo que dentre estas, quatro estão ameaçadas de extinção em algum nível e seis são endêmicas do cerrado. Já durante os estudos realizados para os Planos Básicos Ambientais da Construção da Segunda Pista de Pouso do Aeroporto Internacional de Brasília (INFRAERO/CDT-UnB, 2005), foram registradas 219 espécies de aves, sendo 12 ameaçadas de extinção em algum nível, seis endêmicas do Brasil e 16 endêmicas do Bioma Cerrado. Para o Centro Metropolitano do Guará, foram listadas 142 espécies de aves, o que representa 33,2% do total de espécies de aves registradas no Distrito Federal (Bagno & Marinho Filho, 2001), e apenas 17% registradas para o Cerrado (Silva, 1995b). Das espécies de aves listadas, apenas o tico-tico-mascarado (Coryphaspiza melanotis) é listada como ameaçada a nível mundial (Red Data Book: Collar et al. 1992; Collar et al. 1994). Outras três são espécies tidas como próximas de serem consideradas ameaçadas (“near-dangered”): papa-moscas–do-campo Culicivora caudacuta, bandoleta Cypsnagra hirundinacea, sanhaço-do-cerrado Neothraupis fasciata. 71 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Levando em consideração a Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (Instrução Normativa N° 3, de 27 de maio de 2003, Ministério do Meio Ambiente), os já mencionados: papa-moscas–do-campo C. caudacuta e tico-tico-docampo C. melanotis são tidas como vulneráveis. Todas estas espécies são normalmente registradas nos fragmentos naturais de campos adjacentes às áreas urbanas. Das trinta e duas endêmicas do Cerrado (Silva 1995a), seis espécies foram inventariadas neste estudo (19%): meia-lua-do-cerrado Melanopareia torquata, soldadinho Antilophia galeata, gralha-do-cerrado Cyanocorax cristatellus, sanhaço-docerrado Neothraupis fasciata, o bandoleta Cypsnagra hirundinacea e o bico-de-pimenta Saltator atricollis. Algumas espécies de aves migratórias foram listadas para a área de estudo, entre elas o gavião-peneira Elanus leucurus, a asa-branca Columba picazuro, o beija-flor-decanto Colibri serrirostris, o suiriri Suiriri suiriri, a tesourinha Tyrannus savana, entre outras, que fazem do Distrito Federal sua rota obrigatória de migração, ou mesmo, são atraídas por fenômenos fenológicos, épocas de floração e frutificação e revoada de insetos. 72 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 10 – Lista filogenética de aves de provável ocorrência da área de influência do Centro Metropolitano do Guará; e dados referentes a: Status (de Conservação): aves ameaçadas de extinção a nível nacional (I. N. n°3/2003, M.M.A) e mundial (IUCN, 2001) classificadas como: 1) Vuln – vulnerável; 2) Próx. –próxima de ser considerada ameaçada (near threatened), além de espécies de valor cinegético (cin.) ou comercial (com.). Distrib. (Distribuição): Cer. – espécie endêmica do Cerrado; Amaz. – espécie com centro de origem na Floresta Amazônica; Atlânt. – espécie com centro de origem na Floresta Atlântica; VN – espécie visitante setentrional; migr. – aves migratórias; e intr. – espécie introduzida. Sítios => 1) área de influência direta, o local propriamente dito da Cooperativa e a micro-bacia do Capão do Brejo e dos seus afluentes; 2) área de influência indireta, sub-bacia do rio Descoberto e Região Administrativa da Ceilândia. Registro => através de (V) - visualização; (Z) - zoofonia; F – registro fotográfico; D – dados pessoais repassados por Iubatâ Paula de Faria (CRBio: 30.614/4D). Ambientes => Fc – Floresta ciliar; Ce – cerrado sensu stricto; Cs - campo sujo; Br – Brejos e Veredas (buritizais) e An ambiente antrópico (pastos, plantações e urbano). Ordem/Família/Nome científico Tinamiformes Huxley, 1872 Tinamidae Gray, 1840 Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827) Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815) Nothura maculosa (Temminck, 1815) Anseriformes Linnaeus, 1758 Anatidae Leach, 1820 Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) Dendrocygna autumnalis (Linnaeus, 1758) Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) Pelecaniformes Sharpe, 1891 Phalacrocoracidae Reichenbach, 1849 Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) Ciconiiformes Bonaparte, 1854 Ardeidae Leach, 1820 Butorides striata (Linnaeus, 1758) Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) Ardea alba Linnaeus, 1758 Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) Pilherodius pileatus (Boddaert, 1783) Nome vernacular Status Distrib Registro Sítio Ambiente Inhambu-chororó Perdiz Codorna cin. cin. cin. Irerê Asa-branca Marreca-do-pé-vermelho cin. cin. cin. Biguá Socozinho garça-vaqueira Garça-branca-grande Maria-façeira Garça-real Hábito VZD ZD ZD 2 2 2 Ce, Cs, Br Ce, Cs, Br Ce, Cs, Br C2 C1 C1 migr. migr. VZD D D 2 2 2 Aq Aq Br, Aq A A A migr V 2 Aq A VD VD VDF VD V 2 2 2 2 2 Fc, Aq An Aq An Fc, Aq A C2 A C2 A migr migr 73 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Ordem/Família/Nome científico Egretta thula (Molina, 1782) Threskiornithidae Poche, 1904 Mesembrinibis cayennensis (Gmelin, 1789) Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) Cathartiformes Seebohm, 1890 Cathartidae Lafresnaye, 1839 Cathartes aura (Linnaeus, 1758) Coragyps atratus (Bechstein, 1793) Falconiformes Bonaparte, 1831 Accipitridae Vigors, 1824 Elanus leucurus (Vieillot, 1818) Heterospizias meridionalis (Latham, 1790) Nome vernacular Garça-branca-pequena Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) Buteo albicaudatus Vieillot, 1816 Falconidae Leach, 1820 Caracara plancus (Miller, 1777) Milvago chimachima (Vieillot, 1816) Falco sparverius Linnaeus, 1758 Falco femoralis Temminck, 1822 Gruiformes Bonaparte, 1854 Rallidae Rafinesque, 1815 Aramides cajanea (Statius Muller, 1776) Porzana albicollis (Vieillot, 1819) Cariamidae Bonaparte, 1850 Cariama cristata (Linnaeus, 1766) Charadriiformes Huxley, 1867 Charadriidae Leach, 1820 Vanellus chilensis (Molina, 1782) Columbiformes Latham, 1790 Columbidae Leach, 1820 Status Distrib Registro Sítio Ambiente D 2 Aq Curicaca Corocoró D VZD Urubu-de-cabeça-vermelha Urubu-preto D VD Paranoá, Gavião-peneira Gavião-caboclo migr 2 2 Fc, Br Ce, Cs F2 C2 2 Fc, Ce, Aq 1,2 Fc, Ce, Cs C2 C2 VD V 2 2 Gavião-carijó Gavião-fumaça VZD V Carcará Gavião-carrapateiro Quiriquiri Falcão-de-coleira migr Saracura-três-potes Sanã-carijó Seriema Quero-quero cin. migr. Hábito A C1 C1 2 2 Ce, Cs Ce, Cs Fc, Ce, Cs, Br, An Cs VZDF VD VD VD 2 2 1,2 2 Fc, Ce, Cs, Aq Fc, Ce, Cs, Br Ce, Cs Ce C2 C2 C1 C1 Z ZD 2 Fc 1,2 Cs F2 C1 VZDF 1,2 Ce, Cs C1 VZDF 1,2 Ce, Cs, An A F2 C2 74 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Ordem/Família/Nome científico Columbina talpacoti (Temminck, 1811) Columbina squammata (Lesson, 1831) Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) Leptotila rufaxilla (Richard & Bernard, 1792) Psittaciformes Wagler, 1830 Psittacidae Rafinesque, 1815 Ara ararauna (Linnaeus, 1758) Orthopsittaca manilata (Boddaert, 1783) Aratinga aurea (Gmelin, 1788) Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) Amazona aestiva (Linnaeus, 1758) Cuculiformes Wagler, 1830 Cuculidae Leach, 1820 Piaya cayana (Linnaeus, 1766) Crotophaga ani Linnaeus, 1758 Guira guira (Gmelin, 1788) Tapera naevia (Linnaeus, 1766) Strigiformes Wagler, 1830 Tytonidae Mathews, 1912 Tyto alba (Scopoli, 1769) Strigidae Leach, 1820 Megascops choliba (Vieillot, 1817) Glaucidium brasilianum (Gmelin, 1788) Athene cunicularia (Molina, 1782) Caprimulgiformes Ridgway, 1881 Caprimulgidae Vigors, 1825 Chordeiles pusillus Gould, 1861 Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) Apodiformes Peters, 1940 Apodidae Olphe-Galliard, 1887 Streptoprocne zonaris (Shaw, 1796) Nome vernacular Rolinha-caldo-de-feijão Fogo-apagou Asa branca Gemedeira Status Distrib Registro cin. VZDF cin. VZDF cin. migr. VZD cin. D Arara-canindé Maracanã-do-buriti Periquito-rei Periquito Papagaio-verdadeiro com. Sítio 1,2 1,2 1,2 2 Ambiente Fc, Ce, Cs, Br Fc, Ce, Cs, Br Fc, Ce, Cs, Br Fc Hábito C2 C2 C2 F2 D Amaz. VZD VZD VZDF VZD 2 2 1,2 1,2 2 Fc, Fc, Br Fc, Ce, Cs, Br Fc, Ce, Cs, Br Fc, Ce C2 F2 C2 F2 C2 Alma-de-gato Anú-preto Anú-branco Saci VZDF VZDF VZDF D 2 1,2 1,2 2 Fc Cs, Aq, An Cs, Aq, An Fc F2 C2 C2 F2 Suindara D 2 Ce, An, Aq C2 Corujinha-orelhuda Caburé Coruja-buraqueira D D VZDF 2 Fc 2 Fc, Ce 1,2 Ce, Cs, An, Aq C2 C2 C1 com. com. com. Bacurauzinho Curiango migr. migr. D D 2 2 Cs Ce, Cs C1 F2 Andorinhão-de-coleira migr. D 2 Ce C2 75 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Ordem/Família/Nome científico Trochilidae Vigors, 1825 Eupetomena macroura (Gmelin, 1788) Colibri serrirostris (Vieillot, 1816) Amazilia fimbriata (Gmelin, 1788) Heliactin bilophus (Temminck, 1820) Coraciiformes Forbes, 1844 Alcedinidae Rafinesque, 1815 Ceryle torquatus (Linnaeus, 1766) Galbuliformes Fürbringer, 1888 Galbulidae Vigors, 1825 Galbula ruficauda Cuvier, 1816 Bucconidae Horsfield, 1821 Nystalus chacuru (Vieillot, 1816) Piciformes Meyer & Wolf, 1810 Ramphastidae Vigors, 1825 Ramphastos toco Statius Muller, 1776 Picidae Leach, 1820 Picumnus albosquamatus d'Orbigny, 1840 Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) Colaptes campestris (Vieillot, 1818) Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) Passeriformes Linné, 1758 Melanopareiidae Irestedt, Fjeldså, Johansson & Ericson, 2002 Melanopareia torquata (Wied, 1831) Thamnophilidae Swainson, 1824 Thamnophilus torquatus Swainson, 1825 Herpsilochmus atricapillus Pelzeln, 1868 Dendrocolaptidae Gray, 1840 Sittasomus griseicapillus (Vieillot, 1818) Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818) Nome vernacular Status Distrib Registro Sítio Ambiente Rabo-de-tesoura Beija-flor-do-canto Beija-flor-verde Chifre-de-ouro VZDF VZD VZ VZ 1,2 1,2 1 2 Martim-pescador VZD Bico-de-agulha VZD João-bobo VZD Tucano migr. migr. migr. com. Pica-pau-anão-escamado Pica-pau-barrado Pica-pau-do-campo Pica-pau-de-sobre-branca Meia-lua-do-cerrado Cer Hábito Fc, Ce, Cs, Br Ce, Cs Fc Ce, Cs F2 F2 F2 C1 2 Fc A 2 Fc F2 1,2 Ce, Cs C1 VZD 2 VZD D VZD VZ 2 2 1,2 2 Fc, Ce C2 Fc Fc Ce, Cs, Br Fc, Ce, Cs F2 C2 C2 C2 VZ 2 Ce, Cs C1 Choca-da-asa-ruiva Chorozinho-de-chapéu-preto D D 2 2 Ce Fc C2 F2 Arapaçu-verde Arapaçu-do-cerrado D VZD 2 Fc 1,2 Ce, Cs, Br F2 C2 76 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Ordem/Família/Nome científico Furnariidae Gray, 1840 Furnarius rufus (Gmelin, 1788) Synallaxis frontalis Pelzeln, 1859 Synallaxis albescens Temminck, 1823 Phacellodomus rufifrons (Wied, 1821) Tyrannidae Vigors, 1825 Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) Elaenia cristata Pelzeln, 1868 Elaenia chiriquensis Lawrence, 1865 Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) Suiriri suiriri (Vieillot, 1818) Culicivora caudacuta (Vieillot, 1818) Tolmomyias sulphurescens (Spix, 1825) Myiophobus fasciatus (Statius Muller, 1776) Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) Xolmis cinereus (Vieillot, 1816) Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823) Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818) Colonia colonus (Vieillot, 1818) Myiozetetes cayanensis (Linnaeus, 1766) Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) Griseotyrannus aurantioatrocristatus (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) Tyrannus albogularis Burmeister, 1856 Tyrannus melancholicus Vieillot, 1819 Nome vernacular Status Distrib Registro Sítio Ambiente João-de-barro Petrim Vipi Graveteiro VZDF VZD VZ VZD 1,2 2 2 2 Teque-teque Guaracava-da-barrigaamarela Guaracava-de-topete Tchibum Risadinha Suiriri-cinzento Papa-moscas-do-campo Bico-chato Filipe Príncipe Pombinha-das-almas Maria-branca Tesoura-do-brejo Viuvinha Bem-te-vizinho-do-brejo VZD 1,2 Fc F2 VZD VZ VZD VZD VZ VZ D D D VZDF D VZ D D 1,2 2 2 1,2 2 2 2 2 2 1,2 2 2 2 2 F2 C2 C2 C2 C2 C1 F2 C2 C2 C1 C1 C2 F1 F2 Vuln. migr. Bem-te-vi Bem-te-vi-rajado Bem-te-vi-do-bico-chato migr. VZDF D VZDF Bem-te-vi-cinza Suiriri-de-garganta-branca migr. migr. VZ D Suiriri migr. VZD Ce, Cs, Br, An Fc Ce, Cs Ce, Cs Hábito Fc, Ce Ce, Cs Ce, Cs Fc, Ce, Cs, Br Ce Cs Fc Fc Cs Ce, Cs, An Ce, Cs Ce, Cs Fc Fc Fc, Ce, Cs, Br, 1,2 Aq, An 2 Fc 1,2 Fc, Ce, Cs, Br 2 2 Fc, Ce Fc Fc, Ce, Cs, Br, 1,2 Aq, An C2 F2 C2 C2 F2 F2 F2 F2 F2 C2 77 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Ordem/Família/Nome científico Tyrannus savana Vieillot, 1808 Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) Myiarchus tyrannulus (Statius Muller, 1776) Pipridae Rafinesque, 1815 Antilophia galeata (Lichtenstein, 1823) Tityridae Gray, 1840 Pachyramphus polychopterus (Vieillot, 1818) Vireonidae Swainson, 1837 Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) Vireo olivaceus (Linnaeus, 1766) Corvidae Leach, 1820 Cyanocorax cristatellus (Temminck, 1823) Hirundinidae Rafinesque, 1815 Progne tapera (Vieillot, 1817) Progne chalybea (Gmelin, 1789) Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) Troglodytidae Swainson, 1831 Thryothorus leucotis Lafresnaye, 1845 Troglodytes musculus Naumann, 1823 Donacobiidae Aleixo & Pacheco, 2006 Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) Polioptilidae Baird, 1858 Polioptila dumicola (Vieillot, 1817) Turdidae Rafinesque, 1815 Turdus rufiventris Vieillot, 1818 Turdus leucomelas Vieillot, 1818 Turdus amaurochalinus Cabanis, 1850 Mimidae Bonaparte, 1853 Nome vernacular Tesourinha Maria-cavaleira Maria-cavaleira-de-raboenferrujado Status Distrib Registro Sítio Ambiente Fc, Ce, Cs, Br, migr. VZDF 1,2 An VZD 2 Fc, Ce Hábito C2 F2 D 2 Ce, An C2 VZD 2 Fc F2 Caneleiro-preto D 2 Fc F2 Pitiguari Juruviara migr. VZD D 1,2 Fc 2 Fc F2 F2 Gralha-do-cerrado Cer VZDF 2 Andorinha-do-campo Andorinha-grande Andorinha-pequena-de-casa Andorinha-serrador migr. migr. migr. migr. VD VD VZD D 1,2 1,2 1,2 2 Garrincha Corruíra VZD VZD Japacanim D Balança-rabo Soldadinho Sabiá-laranjeira Sabiá-do-barranco Sabiá-poca Cer VN com. com. com. migr. Fc, Ce C2 Ce Cs, Br Ce, Cs, Br Fc, Ce, Cs, Br C2 C1 C1 C2 2 Fc 1,2 Ce, Cs, Br, An F2 C2 2 Br A VZD 1,2 Fc F2 VZD VZD VZD 1,2 Fc 1,2 Fc, Ce 1,2 Cs F2 F2 F2 78 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Ordem/Família/Nome científico Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) Motacillidae Horsfield, 1821 Anthus lutescens Pucheran, 1855 Coerebidae d'Orbigny & Lafresnaye, 1838 Coereba flaveola (Linnaeus, 1758) Thraupidae Cabanis, 1847 Cypsnagra hirundinacea (Lesson, 1831) Tachyphonus rufus (Boddaert, 1783) Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) Thraupis palmarum (Wied, 1823) Neothraupis fasciata (Lichtenstein, 1823) Tangara cayana (Linnaeus, 1766) Tersina viridis (Illiger, 1811) Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Hemithraupis guira (Linnaeus, 1766) Emberizidae Vigors, 1825 Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) Sicalis citrina Pelzeln, 1870 Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817) Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) Sporophila plumbea (Wied, 1830) Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823) Sporophila bouvreuil (Statius Muller, 1776) Arremon flavirostris Swainson, 1838 Coryphaspiza melanotis (Temminck, 1822) Coryphospingus pileatus (Wied, 1821) Cardinalidae Ridgway, 1901 Saltator similis d'Orbigny & Lafresnaye, 1837 Saltator atricollis Vieillot, 1817 Nome vernacular Sabiá-do-campo Status Distrib Registro Sítio Ambiente VZDF 1,2 Ce, Cs, Br, An Hábito C2 Caminheiro VZ 1,2 Cs, An C1 Sebinho, Cambacica VZD 1,2 Fc, Ce F2 Bandoleta Pipira-preta Sanhaço Sanhaço-do-coqueiro Sanhaço-do-cerrado Saíra-macaco Saí-andorinha Saí-azul Saíra-do-papo-preto Próx. Cer D D VZDF D VZD VZD D D VZD 2 2 1,2 2 2 1,2 2 2 2 Ce, Cs, Br Fc Fc, Ce Fc, Ce Ce, Cs Fc, Ce Fc Fc, Ce Fc, Ce C1 F2 C2 F2 C1 F2 F2 F2 F2 Tico-tico Tico-rato Canário-rasteiro Canário-do-campo Tiziu Patativa Baiano Caboclinho Tico-tico-da-mata Tico-tico-mascarado Tico-rei-cinza VZDF VZDF VZD VZD VZD com. VZD com. VZD com. D Atlânt. D V Vuln. D 1,2 1,2 1,2 2 1,2 1,2 2 2 2 1,2 2 Ce, Cs, Br, An Ce, Cs, Br Cs, Br Cs, Br Fc, Ce, Cs, Br Cs Fc, Ce, Cs, Br Ce, Cs, Br Fc Cs Ce, Cs C2 C1 C1 C1 C2 C2 C2 C1 F1 C1 F2 Trinca-ferro Bico-de-pimenta com. 1,2 Fc 2 Ce, Cs com. com. Próx. Cer migr. Cer VZD D F2 C1 79 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Ordem/Família/Nome científico Parulidae Wetmore, Friedmann, Lincoln, Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne & Zimmer 1947 Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) Basileuterus flaveolus (Baird, 1865) Icteridae Vigors, 1825 Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) Fringillidae Leach, 1820 Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) Passeridae Rafinesque, 1815 Passer domesticus (Linnaeus, 1758) Nome vernacular Status Distrib Registro Sítio Ambiente Mariquita Pia-cobra Pula-pula-amarelo Pássaro-preto Chupim D D D com. Vivi Pardal intr. 2 2 2 Fc Fc, Cs Fc Hábito F2 C2 F2 VZD VZDF 2 Fc 1,2 Fc, Cs, Br, An C2 C2 VZD 1,2 Fc, Ce F2 VZD 1,2 An T 80 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará MASTOFAUNA Os mamíferos do Cerrado apresentam níveis relativamente baixos de endemismo, sendo que compartilham a maior parte das espécies com os outros grandes biomas do Brasil (Marinho-Filho, Rodrigues e K.M. Juarez. 2002). Mesmo assim, existe urgência na conservação de áreas naturais, devido a rápida expansão agrícola e urbana do cerrado. Os estudos mais completos no Distrito Federal indicam que existem aproximadamente 66 espécies de mamíferos, incluindo morcegos e pequenos roedores. Brasília e seus arredores possuíam uma rica fauna de mamíferos, mas com o enchimento do Lago Paranoá, o crescimento da capital, a expansão das cidades satélites e das atividades rurais, muitas das espécies de mamíferos ficaram isoladas em remanescentes naturais. Mesmo assim em fragmentos de vegetação nativa como o Parque Nacional e a APA Gama e Cabeça de Veado podemos encontrar espécies de grandes mamíferos ameaçados de extinção, como o lobo guará (Chrysocyon brachyurus), o tatu canastra (Priodontes maximus), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), ou a onça parda (Puma concolor). Espécies extremamente raras como o cachorro vinagre (Speothos venaticus) também já foram registradas nas áreas vizinhas a Brasília (Fonseca e Redford, 1984). Existem também espécies como o veado-catingueiro (Mazama gouazoupira), tamanduámirim (Tamanduá tetradactyla), paca (Agouti paca), cutia (Dasyprocta azarae), macacoprego (Cebus apella), cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), gato-do-mato (Felis tigrina), e furão (Galictis sp), entre outros. Espécies semi-aquáticos como a lontra (Lutra longicaudis), ariranha (Pteronura brasiliensis), rato-d’água (Nectomys squamipes) e a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) também são comuns. A listagem da mastofauna apresentada no presente diagnóstico levou em consideração apenas os estudos realizados para o RIVI do Residencial Monte Verde, os Planos Básicos Ambientais do Aeroporto Internacional de Brasília e o EIA do Metrô, já que o livro do Lago Paranoá apresenta uma lista pobre em mamíferos de médio e grande porte. Isto se deve ao fato do Lago Paranoá apresentar um alto grau de uso antrópico e de degradação ambiental. A lista de mamíferos de provável ocorrência na área do empreendimento apresenta 24 espécies, sendo 17 de médios e grandes mamíferos e sete de pequenos. A 81 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará representatividade da área em relação à mastofauna do Distrito Federal pode ser considerada mediana, já que possui 37% das espécies registradas na região. Em relação ao bioma Cerrado, a área representa cerca de 10% da mastofauna, evidenciando uma razoável importância dessa área para a comunidade de mamíferos do cerrado. A área de estudo encontra-se alterada com alta pressão antrópica impossibilitando assim a presença da maioria das espécies de mamíferos de médio e grande porte encontradas no Distrito Federal. As fitofisionomias em melhor estado de conservação são o campo úmido e campo de murundum encontradas na área de influência direta (Parque do Guará). O EIA do Metrô aponta, de acordo com as entrevistas realizadas com moradores locais, que o lobo guará (Chrysocyon brachyurus), espécie ameaçada de extinção e o cachorro do mato (Cerdocyon thous) são visitantes esporádicos. O lobo guará alimenta-se principalmente da lobeira além de outros frutos, pequenos mamíferos e aves. Adapta-se bem a áreas alteradas e pode ser encontrado perto da cidade. Devido a isto, uma das principais ameaças desta espécie são os atropelamentos. Outro problema do lobo guará é a caça uma vez que invade chácaras e pequenas propriedades em busca de aves domésticas. Outra fitofisionomia encontrada na área de estudo é a mata ciliar que aparentemente está em médio estado de conservação. Existe a possibilidade da presença de algumas espécies encontradas neste tipo de vegetação, como os macacos Cebus apellla (macaco prego) e o mico-estrela (Callitrix penicillata). Provavelmente a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), extremamente comum nos arredores de Brasília, também esteja presente. Acredita-se que outras espécies comuns no Distrito Federal possam ser encontradas na área de estudo como o cachorro do mato (Cerdocyon thous), raposa (Lycalopex vetullus), mão pelada (Procyon cancrivorous), tatu peba (Euphractus sexcinctus), tatuí (Dasypus septemcinctus) e tamanduá mirim (Tamanduá tetradactyla). Espécies que precisam de grandes áreas de vida ou são muito susceptíveis a mudanças antrópicas como cervídeos e felídeos devem estar ausentes na área. Espécies cinegéticas como paca, caitetu, veados e outras devem ter sido já extintas localmente. Pequenos mamíferos como Bolomys lasiurus devem ser comuns nesta área como já constatado em outros fragmentos. Bolomys lasiurus é o principal transmissor da hantavirose que já causou mortes no Distrito Federal. Os estudos 82 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará realizados nas imediações de Brasília indicam que, mesmo em áreas pequenas, é possível encontrar várias espécies de mamíferos (Tabelas 11 e 12). 83 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 11 – Espécies de mamíferos com provável ocorrência na área de estudo. FAMILIA Posicionamento trófico Espécie (nome comum) CANIDAE Chrysocyon brachyurus (lobo guará) Carnívoro Cerdocyon thous (cachorro do mato) Carnívoro Lycalopex vetullus (raposa do campo) Carnívoro FELIDAE Herpailurus yaguaroundi Carnívoro MYRMECOPHAGIDAE Tamanduá tetradactyla (mirim) Insetívoro PROCYONIDAE Procyon cancrivorous Onívoro AGOUTIDAE Agouti paca Frugivoro ERETHIZONTIDAE Coendou prehensilis Frugivoro, Herbívoro DASYPODIDAE Cabassous unicinctus (tatu rabo mole) Insetívoro Euphractus sexcicnctus (tatu peba) Onívoro Dasypus septemcicnctus (tatuí) Insetívoro DIDELPHIDAE Didelphis albiventris (gambá) Onívoro CERVIDAE Mazama gouazoubira (catingueiro) Herbívoro HYDROCHAREIDAE Hydrochaeris hydrochaeris Herbivoro LEPORIDAE Silvilagus brasiliensis (tapeti) Herbívoro CEBIDAE Cebus apella Frugivoro, insetivoro CALLITRICHIDAE Callitrix penicillata Frugivoro, insetivoro 84 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 12 – Espécies de pequenos mamíferos com provável ocorrência na área de estudo. Espécie Posicionamento trófico Bolomys lasiurus Frugivoro, insetívoro Oligoryzomys sp. Frugivoro, insetivoro Oryzomys nigripes Frugivoro, insetivoro Gracilinanus agilis Frugivoro, insetivoro Didelphis albiventris Onivoro Nectomys squamipes Onivoro Philander opossum Onivoro 85 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 5.4 – Diagnóstico Socioeconômico O território do Distrito Federal foi delimitado em 1956 pela Lei n.º 2.874, de 19 de setembro, quando toda a área dentro dos limites adotados era ocupada por fazendas e pelos núcleos urbanos de Planaltina e Brazlândia. Assim, a implantação de Brasília só se tornou possível por meio da desapropriação dessa área territorial. Desde sua criação, Brasília vem apresentando um intenso crescimento populacional, decorrente de expressivos fluxos migratórios, que culminaram num processo dinâmico de ocupação, gerando com isso a implantação das cidades satélites a partir de 1958. O Distrito Federal sofreu sua primeira divisão em Regiões Administrativas (RA’s) em 1966. No início da década de 90 eram 12, sendo atualmente 29 RA’s. Diversos núcleos urbanos que compõem as RA’s foram criados mais recentemente, a fim de atender, mais especificamente, às necessidades habitacionais da população de baixa renda, instalada em áreas cada vez mais distantes do centro de Brasília. Verificou-se no período, a expansão e consolidação de diversos núcleos urbanos, dentre eles a cidade do Guará. A cidade do Guará é atualmente um aglomerado urbano bem consolidado pelo eixo de transporte que vem se consolidando, em especial o metrô, sendo o núcleo urbano mais próximo do Plano Piloto (11 km), constituindo-se assim, como o 2o sub-centro regional. Localiza-se próximo à Candangolândia, Parkway, Águas Claras, Núcleo Bandeirante e Taguatinga, centros que exercem influência social e econômica na cidade. É importante ressaltar que a cidade do Guará está inserida no eixo de dinamização urbana proposto pelo atual Plano Diretor de Ordenamento Territorial, eixo este que liga o Plano Piloto ao novo centro urbano na confluência das cidades de Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Neste sentido, a consolidação da sua ocupação constitui um processo definitivo, onde a otimização da infra-estrutura existente mediante o bom aproveitamento das áreas ociosas existentes na cidade é fator primordial para que possa ser atingido o desenvolvimento equilibrado da sua área urbana. Ressalte-se também a necessidade de consolidação que o projeto de ocupação da área do Centro Metropolitano do Guará seja implantado, de acordo com as diretrizes do PDOT, ou seja, em consonância com os pressupostos da flexibilização dos usos mediante a: Disponibilização de áreas para comércio e prestação de serviços, simultaneamente à oferta de unidades para uso residencial; 86 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Compatibilização não só com o sistema viário, como também com o sistema de transportes; Obediência, no dimensionamento e distribuição dos equipamentos comunitários, à disposição da legislação em vigor, bem como, os planos e diretrizes setoriais das áreas afetas. 5.4.1 – Aspectos Socioambientais da cidade do Guará A construção do Guará foi iniciada em 1967, para absorver um contingente populacional com demandas habitacionais. Em sua inauguração ocorreram invasões e a instalação de núcleos provisórios. As primeiras oitocentas residências foram construídas através do sistema de mutirão, pelos funcionários da NOVACAP. Em setembro de 1969, a NOVACAP e a SHIS prosseguiram com a urbanização do segundo trecho, o setor Guará II, para atender aos funcionários do Governo Federal, inaugurado em 02 de março de 1972. O Decreto n.º 2.356, de 31/08/73, criou a Administração Regional do SRIA, composta pelo Guará I, Guará II e o SRIA – Setor Residencial Indústria e Abastecimento. Com o advento do Decreto n.º 11.921, em 25/10/1989, o Guará, até então denominado SRIA e ocupando uma área de 8,6 Km², passou a ter uma área de 45,66 Km², sendo então criada a RA X. A região é formada predominantemente por áreas urbanas, composta do Guará I e II, Quadras Econômicas Lúcio Costa – QUELC, Setor de Clubes, Estádios Esportivos Sul e o Guarazinho (representa um programa de assentamento de casas populares que deu origem a área de expansão do Guará na QE 38). Cabe ressaltar que o Setor de Indústrias e Abastecimento – SIA foi desmembrado da área da região administrativa do Guará, constituindo-se hoje na RA-XXIX (envolve a área do setor de indústria e abastecimento, setor de garagens e concessionárias de veículos, setor de transportes coletivos, setor de inflamáveis, setor de oficinas sul e de transporte de cargas). O Governo do Distrito Federal elaborou, em 1983, segundo decreto nº 7.387/83, O Plano de Ocupação da Área de Águas Claras, com o objetivo de disciplinar a ocupação desta área que hoje integra a cidade de Águas Claras, este plano teve como metas primordiais a promoção do uso social da área e o controle dos recursos naturais existentes 87 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará na região. Posteriormente foi elaborado o Estudo Preliminar das Áreas Rurais e de Interesse Ambiental (decreto nº 7.558/83) que confirma a destinação urbana da Área de Águas Claras e que define a Área de Expansão do Guará – EXG. Em 1991 foi elaborado o EIA - Estudo de Impacto Ambiental e respectivo RIMA Relatório de Impacto Ambiental da Área de Expansão do Guará. Por não ser direcionado a um projeto específico para a área em questão, o EIA/RIMA não apresenta um caráter conclusivo, mas sim oferece hipóteses de ocupação para a EXG fundamentadas nas práticas de ocupação territorial estabelecidas pelo Governo; nas demandas emergentes; nas concepções previamente estabelecidas em outros planos de ocupação; além dos condicionantes ambientais da região. Em sua análise sobre as áreas passíveis de ocupação urbana, o EIA/RIMA da Área de Expansão do Guará previu a necessidade de criação de um Centro Regional para as áreas do Guará, Núcleo Bandeirante e Candangolândia que oferecesse equipamentos urbanos de comércio e serviços, cuja demanda já era identificada naquele momento. Demografia Brasília, como citado anteriormente, vem passando por mudanças significativas na sua dinâmica demográfica. A região de entorno do Plano Piloto abriga, segundo censo demográfico realizado em 1996, mais de 80% de sua população total. A expansão urbana do Distrito Federal ocorre segundo este processo de “periferização”, onde as famílias de menor poder aquisitivo vão sendo deslocadas do centro para a periferia. Neste contexto áreas, como a cidade do Guará, onde se verifica uma estrutura urbana já consolidada e por proximidade ao Plano Piloto vêm se constituindo em opção habitacional para segmentos da população de renda média. Tabela 13 – Indicadores Socioeconômicos da População Urbana Residente no Guará Masculino Feminino Total 50.697 – 44,9% 62.292 – 55,1% 112.989 – 100% Fonte: SEPLAN/CODEPLAN – Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios PDAD 2004 Segundo a CODEPLAN, a cidade do Guará não tem área rural, sendo que a população é 100% urbana. A pesquisa aponta também que a faixa etária com maior 88 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará percentual é entre 35 a 49 anos, ou seja, uma faixa etária economicamente ativa. Em termos de densidade demográfica, o Guará é a 2a cidade satélite mais povoada, com 2.247,5 hab/km2 (CONDEPLAN, 1996), ficando abaixo somente da Região Administrativa do Cruzeiro. Esse fenômeno explica-se pelo tamanho do seu território, aproximadamente de 45,7 km, constituindo-se a 3a menor RA do DF. Renda A Pesquisa Distrital por Amostra de Domicilias - PDAD, realizada pela CODEPLAN em 2004 aponta que o setor de atividade que mais emprega a população urbana de 10 anos e mais de idade do Guará é a Administração Pública do GDF com 10.002 pessoas, seguido pela Administração Pública Federal com 4.561. A pesquisa revela também que existem 8.491 desempregados e 41.519 sem ocupação remunerada. A mesma pesquisa apurou informações sobre a renda bruta média mensal domiciliar e per capita do Guará, e os dados apontam que 24,3% da população recebem entre 5 a 10 salários mínimos e 43,3% recebem mais que 10 salários mínimos. Em média a renda domiciliar mensal da RA Guará é de R$ 5.104,00 e a renda per capita R$ 1.369,00, considerando-se um salário mínimo de R$ 415,00. Na análise da distribuição da renda segundo as Regiões Administrativas existentes no DF, observa-se que a região administrativa do Guará está inserida no segundo grupo de renda, com renda média ainda acima da média registrada para o Distrito Federal, entre R$ 5,1 e 8,4 mil, compreende o segundo principal pólo econômico do DF, juntamente com as RA´s de Taguatinga, Cruzeiro e o Núcleo Bandeirante. Transportes Em grandes cidades o tráfego de automóveis é muito intenso. No Distrito Federal que possui 2.043.169 habitantes, há cerca de 1.000.000 de veículos (aproximadamente um veículo para cada dois habitantes). A projeção de especialistas é que, em cinco anos, seja 1,5 milhões de carros. Em dez anos esse número poderá subir para 2 milhões. Como a maioria das cidades brasileiras, o Distrito Federal não teve planejamento urbano adequado para absorver tantos carros. A cidade cresceu e não há uma política adequada para o transporte público. O resultado são os enormes congestionamentos que todos os dias afetam a cidade. 89 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Desta forma inúmeros engarrafamentos são registrados todos os dias, nos horários de pico, nas vias de acesso a cidade do Guará, em especial nas vias Estrada Parque Taguatinga e Guará (EPTG e EPGU). Neste sentido a utilização do metrô visa atender a premente necessidade de reduzir os constantes engarrafamentos e assim contribuir com a melhoria da qualidade de vida da população residente na cidade do Guará. Dentro deste contexto insere-se a proposta de implantação da via Interbairros, formatada para ser uma importante via de ligação do Plano Piloto com diversas áreas urbanas, dentre elas a cidade do Guará, prevendo o fortalecimento do papel de articulação da via proposta com esses núcleos urbanos, bem como com novas centralidades propostas, promovendo a criação de pólos, a diversificação de usos e a implantação de atividades geradoras de emprego em seu entorno. O traçado inicial da via Interbairros foi projetado para interligar o Plano Piloto a outras localidades no DF, criando alternativas para diluir o tráfego no sistema viário existente. Seguindo em direção à EPIA, principal eixo rodoviário de ligação Norte/Sul de Brasília, passando entre o Setor de Garagens e Concessionária de Veículos e o Supermercado Carrefour. Sua continuidade é em direção ao Setor de Oficinas Sul – SOF e a partir deste ponto ela está situada na faixa de domínio das torres de alta tensão da empresa Centrais Elétricas de Furnas, onde se encontram os trechos 1 e 2 do Centro Metropolitano do Guará. A partir deste ponto, o projeto da Interbairros passa a ser além de uma nova via, uma proposta de ocupação no seu eixo e áreas lindeiras, com a proposta de ocupação no seu entorno em direção ao Guará I e II, Águas Claras, Taguatinga Sul Samambaia, próximo a Estação de Furnas (Subcentro Leste de Samambaia, a ser implantado). A via Interbairros foi planejada num conjunto de ações ao longo de seu eixo, onde se destacam algumas áreas de maior adensamento composto por núcleos com serviços e comércio, que são chamados de Pólos, são eles: Guará, Águas Claras, Taguatinga Sul e Furnas. Estes pólos necessitarão de orientações específicas observando as características urbanas de cada um. Os Pólos de Guará, Taguatinga Sul e Furnas possuem mais um importante fator, estão localizados juntos às estações de metrô, fazendo a integração com o transporte coletivo proposto A operação do Metrô teve início em 2001, com a inauguração do trecho que liga Samambaia a Taguatinga, Águas Claras, Guará e Plano Piloto. Isso corresponde a quase 30 90 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará km da chamada linha prioritária. Em 2006, iniciou-se a operação branca (experimental) no trecho que liga Taguatinga a Ceilândia Sul, passando pela Estação Centro Metropolitano. Com isso o metrô atinge 42 km de linha em funcionamento. Em 2007, a operação neste trecho passou a ser comercial e recomeçam as obras para levar o metrô até a Ceilândia Norte (Estação Terminal Ceilândia). O ano de 2007 também ficou marcado pela ampliação do sistema metroviário. O horário de funcionamento das então 16 estações em operação passou das 6h às 20h para 6h às 23h30, o que provocou a ampliação do número de usuários atendidos. No início do ano, eram 45 mil/ dia. Ao final, o número tinha chegado a 100 mil/ dia, com as estações abertas também aos sábados, domingos e feriados, o que não acontecia anteriormente A fim de contribuir com o pleno desenvolvimento das funções urbanas, o Governo do Distrito Federal estabeleceu algumas medidas para administrar a questão do transporte no DF, dentre elas: - Planejar a médio e longo prazo a malha metroviária; - Promover a integração urbana de novas linhas metroviárias; - Implantar novo modelo operacional para os serviços de transporte rodoviário urbano de passageiros; - Implantar o sistema integrado metrô-ônibus; - Buscar a unificação de tarifas dos serviços de transporte público entre as cidades do DF e do Entorno; - Expandir a capacidade da malha rodoviária; - Construir o anel rodoviário do DF; - Viabilização do transporte ferroviário de passageiro nas linhas de ligação do DF com o entorno. 91 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará INSERIR MAPA SOCIOECONOMICO 92 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Uso do Solo A área de estudo está inserida na Unidade Hidrográfica do Riacho Fundo que pertence a bacia do Lago Paranoá, essa unidade hidrográfica está circundada pela chapada da Contagem a nordeste, norte e oeste, e pela chapada de Brasília a sul e sudeste. A bacia do lago Paranoá pode ser considerada a mais representativa do ponto de vista da ocupação territorial, uma vez que deverá ser observada a capacidade suporte do Lago Paranoá com relação lançamento de efluentes tendo em vista os problemas com a eutrofização deste corpo hídrico. Nesta bacia estão situadas as cidades de Brasília, Águas Claras, Candangolândia, Cruzeiro, Guará, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Riacho Fundo, Vila Varjão, Setor Sudoeste, Setor de mansões Park Way, Setor de Indústria e Abastecimento, Setor de Indústrias Gráficas e, um grande número de condomínios regulares e irregulares, além da Vila Estrutural situada nas proximidades do Parque Nacional de Brasília. Outro importante aspecto ambiental é que a bacia do lago Paranoá abriga o Parque Nacional de Brasília, criado pelo Decreto nº 241, em 29/11/1961, onde se situa a Represa de Santa Maria que é responsável por parte do abastecimento de água dentro do DF, todavia a forte pressão de ocupação na sua área tampão já inicia um processo de degradação ambiental e de isolamento da unidade de conservação. Na Unidade Hidrográfica do Riacho Fundo localizam-se as regiões administrativas do Guará, Taguatinga, Riacho Fundo, Núcleo Bandeirante, e o Setor de Indústria e Abastecimento. Percebe-se na avaliação multitemporal do uso do solo que a área da unidade hidrográfica do Riacho Fundo apresentou, ao longo do tempo, uma redução significativa das áreas naturais de Cerrado existentes originalmente, bem como uma tendência de conversão das áreas agrícolas em áreas urbanas consolidadas, como pode ser observado na figura apresentada a seguir. 93 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará A valiaç ão Multitemporal do Us o do S olo e C obertura Veg etal na B ac ia do R iac ho F undo 12000 10000 8000 1984 1998 6000 2006 4000 2000 po st o to en at a Ex lo So re flo Re Co rp o s st am d'á M gu a o rra d Ce m po Ca rb a U Ár ea Ár ea A gr íc ol a na 0 Figura 29 – Dinâmica da ocupação do solo na bacia do Riacho Fundo período 1984 a 2006 Fonte: Vegetação no DF – Tempo e Espaço. Unesco (2002) 94 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará INSERIR MAPA MULTITEMPORAL 95 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Localmente percebe-se que a área de influência direta apresenta características essencialmente urbanas, percebendo-se a existência de áreas urbanas consolidadas das cidades do Guará I e II e de áreas verdes intra-urbanas. As áreas naturais de Cerrado ainda existentes estão localizadas na área do Parque do Guará. Os trechos 1 e 2 do Centro Metropolitano do Guará coincidem com a localização das redes de alta tensão de FURNAS e da CEB, assim como da linha do metrô, existindo uma restrição a ocupação desta área em função da existência das diferentes faixas de servidão, ou seja, qualquer plano de ocupação a ser proposto para a esta localidade, envolvendo a implantação da via Interbairros ou de lotes comerciais, institucionais ou residenciais; pressupõe a necessidade de enterramento das redes aéreas de alta tensão e a observância da faixa de servidão do metrô. O trecho 3 do Centro Metropolitano do Guará coincide com a área atualmente ocupada pelo CAVE e representa atualmente um local bastante movimentado nos fins de semana, graças à presença da Feira do Guará – que é um equipamento comercial de grande porte com abrangência regional, como também em função da proximidade com a Estação do Metrô 13 – a Estação Feira. Neste trecho também se encontra a Sede da Administração Regional do Guará, o salão de múltiplas atividades, a sede do Rotary e o conjunto comercial denominado Guará Street – constituído de bares e restaurantes. Em seu entorno está construído o ginásio coberto, algumas quadras esportivas polivalentes, o cartódromo, o estádio do Guará e uma área de ocupação provisória destinada a igreja evangélica. O trecho 4 representa uma área sub-utilizada e parcialmente ocupada onde se situam as instalações do SESI, um posto de saúde e uma garagem de veículos; percebe-se ainda uma grande mancha de solo exposto, áreas ociosas e estruturas abandonadas do canteiro de obras do metrô, tais áreas são objeto de depósito irregular de lixo e entulhos, caracterizados por resíduos da construção civil, material de áreas terraplenadas (terra e cascalhos), assim como restos de podas de árvores e resíduos domésticos. As figuras a seguir apresentam uma caracterização do uso do solo na área do Centro Metropolitano do Guará. 96 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 30 – Área ocupada pelo ginásio coberto do CAVE no trecho 3 do Centro Metropolitano do Guará Figura 31 – Ocupação por barracas comerciais próximo à Feira do Guará. 97 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 32 – Ocupação irregular por moradias existente na estrutura do cartódromo. Figura 33 – Área ociosa existente no Centro Metropolitano do Guará próximo ao SESI (ocupada por barracas) Figura 34 – Área urbana consolidada situada nas imediações do Centro Metropolitano do Guará ocupada por residências e comércio local. 98 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 35 – Área do trecho 01 do Centro Metropolitano do Guará situada ao longo da linha do metrô e das linhas de transmissão de FURNAS destinada à construção da via Interbairros. Figura 36 – Acesso à EPTG, local de congestionamentos de veículos nos horários de maior fluxo de veículos. 99 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará INSERIR MAPA DE USO DO SOLO LOCAL 100 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 5.5 – Diagnóstico dos Aspectos Urbanísticos A seguir apresenta-se uma análise dos instrumentos legais urbanísticos referentes à área de abrangência do RIAC, com destaque para os aspectos que se aplicam aos trechos 1, 2, 3 e 4 do Centro Metropolitano do Guará e das áreas limítrofes que podem ser afetadas pela implantação dos planos e projetos de uso e ocupação existentes. Os instrumentos legais considerados são o Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT, aprovado pela Lei Complementar 17, de 28 de janeiro de 1997, e o Plano Diretor Local do Guará, aprovado pela Lei Complementar No 733, de 13 de Dezembro de 2006. Os planos e projetos urbanísticos existentes para a área são: o Estudo Preliminar do Centro Metropolitano do Guará, elaborado em 2003 pela empresa METROQUATTRO ARQUITETURA, TECNOLOGIA S/C LTDA, e o Projeto Interbairros, de autoria do escritório JAIME LERNER Arquitetos Associados, elaborado em 2007/2008. Além desses planos, em julho de 2004 o DER/DF elaborou um projeto para a implantação de uma via Interbairros, entre Águas Claras e Viaduto L4/via Guará e EPIA, que será também objeto de análise, uma vez que interfere no uso e ocupação dos trechos 1 e 2 da área de abrangência deste RIAC. 5.5.1 - Legislação aplicável – PDOT e PDL do Guará O Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT, instituiu o macrozoneamento do Distrito Federal com a divisão do território em diversas zonas, dentre as quais a Zona Urbana de Dinamização, objeto do presente estudo, a ser urbanizada como uma área de expansão urbana prioritária. Conforme estabelecido no § 2º do Art.19, nessa zona deverá, dentre outros aspectos: ser reforçada a autonomia e revitalização da centralidade própria de cada cidade; ser promovido o desenvolvimento de programas habitacionais; ser priorizada a realização de investimentos públicos em infra-estrutura, equipamentos, serviços urbanos e comunitários em geral; ser promovido o adensamento do uso e da ocupação do solo ao longo da linha do metrô e nas proximidades dela; ser promovida a diversificação e flexibilização de usos; ser induzida a ocupação de áreas urbanizadas ociosas. 101 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Complementarmente à zona urbana de dinamização, insere-se no seu macrozoneamento a Reserva Ecológica do Guará como integrante da Zona de Conservação Ambiental, pelo seu caráter de intangibilidade e por encerrar ecossistemas de grande relevância ecológica e demais atributos especiais, merecendo tratamento visando à sua preservação, conservação ou recuperação (Art. 28). Essa reserva, bem como o Parque do Guará, está na área de influência direta do empreendimento, merecendo atenção especial no seu processo de ocupação do solo, a fim de minimizar os impactos incidentes nestas unidades de conservação. O PDOT, também instituiu o Plano Diretor Local – PDL como um dos instrumentos básicos de Planejamento Urbano, e estabelece diretrizes e estratégias para seu desenvolvimento sustentável e integrado. No ano de 2006 foi publicada a Lei Complementar nº 733, que dispõe sobre o Plano Diretor Local da Região Administrativa do Guará - RA X, este diploma legal estabeleceu as diretrizes e estratégias para desenvolvimento sustentável e integrado desta região administrativa, incluindo aí as diretrizes especificas com relação à ocupação da área do Centro Metropolitano do Guará. No PDL foram definidos diversos Projetos Especiais para todo o conjunto da região administrativa. São de interesse específico para o presente estudo o Anexo IV, mapa 4D, em que estão as localizações dos Projetos Especiais para o Centro Metropolitano do Guará, situado entre o Guará 1 e Guará 2 (PTC 2) e na área do CAVE (PEI 17, PEA 3 e PEC 1), descritos no anexo XI – tabela IV do PDL, como apresentado a seguir: - PEA 3, referente aos projetos do Parque Ecológico Ezechias Heringer – Parque do Guará. - PEC 1, referente ao projeto do Centro Metropolitano. - PEI 17, referente ao projeto de re-qualificação da Feira do Guará. - PTC 2, referente ao projeto do Metrô DF. Com relação ao PEC 1 – Projeto Especial da Rede de Eixos e Pólos de Centralidade, a implementação do Projeto do Centro Metropolitano tem as seguintes diretrizes (Art.26): I – implementar o Projeto do Centro Metropolitano do Guará II com a criação de novas áreas e re-parcelamento do CAVE; 102 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará II – adotar como usos exclusivos: uso comercial de bens e prestação de serviços e uso institucional; III – criar área para a feira de artesanato que funciona na QE 38; IV – prever unidades imobiliárias específicas para: hospital de abrangência regional, equipamento educacional de grande porte, biblioteca pública, mantendo as áreas de esporte, lazer e instituições de utilidade pública existentes no CAVE; V – prever a implantação de equipamentos de infra-estrutura urbana e equipamentos públicos comunitários; VI – adotar coeficiente de aproveitamento igual a 2 (dois); VII – adotar a altura máxima permitida para as edificações conforme disposto a seguir: a) nos lotes a serem criados adjacentes à Via Interbairros e ao metrô, bem como nos lotes a serem criados na área do CAVE, igual a 26m (vinte e seis metros); b) nos lotes situados na área adjacente à Área 27 do Parque do Guará, igual a 12m (doze metros). VIII – aplicar os seguintes instrumentos urbanísticos: operação urbana consorciada, outorga onerosa do direito de construir, concessão do direito real de uso, outorga onerosa da alteração de uso, IPTU progressivo e transferência do direito de construir. Dentre os Projetos Especiais Integradores – PEI - está o PEI 17 que trata da requalificação espacial da área da Feira do Guará e adjacências, de forma a garantir o correto desempenho da atividade comercial e a sua estruturação como ponto turístico, com as seguintes diretrizes: a) melhorar a acessibilidade por transporte coletivo; b) promover a articulação com ciclovias; c) incorporar o estacionamento vinculado à Estação Feira do metrô; d) aplicar os instrumentos urbanísticos da operação urbana consorciada e da concessão do direito real de uso, no que couber. Quanto aos Projetos Especiais de Transporte Coletivos – PTC está incluído na poligonal da área do Centro Metropolitano do Guará o PTC 2 (Art. 23, II), que trata da regularização da área do Metrô, mostrado na figura 51, com as seguintes diretrizes: 103 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará a) regularizar os lotes que compõem a Estação Feira (13) do metrô e demais instalações complementares contíguas: passagem pública de pedestres, para interligação com a Feira do Guará, terminal rodoviário de integração intermodal ônibus-metrô e área para estacionamento de veículos para atendimento exclusivo das operações de integração intermodal ônibus-metrô-automóvel; b) regularizar os lotes da Estação Guará (14) do metrô e demais instalações complementares contíguas: passagem pública de pedestres sob a via Contorno do Guará e área para estacionamento de veículos para atendimento exclusivo das operações de integração intermodal metrô-automóvel; c) regularizar a faixa de domínio do sistema metroviário, composta pela metrovia e correspondentes faixas de servidão, que terão largura mínima de 8m (oito metros) em cada lado, medidas a partir das cercas laterais de vedação da metrovia em toda sua extensão; d) regularizar os lotes das Subestações Retificadoras (SR) do metrô, denominadas SR 6 e SR 7; e) aplicar os instrumentos urbanísticos da operação urbana consorciada e da concessão do direito real de uso. Dos Projetos Estruturais da Rede Estrutural Ambiental – PEA estão incluídos na área de influência direta do empreendimento o PEA 1, o PEA 2 e O PEA 3 (Art. 15), indicados na figura 51, com as seguintes diretrizes: – PEA 1 – revisão da poligonal da Reserva Ecológica do Guará correspondente à Área 30, de forma a incluir em seu perímetro o campo de murunduns localizado em sua divisa norte; – PEA 2 – revisão e ampliação da poligonal da Reserva Ecológica do Guará correspondente à Área 29, de forma a garantir a preservação de áreas ambientalmente sensíveis, conforme indicado na figura 51; – PEA 3 – elaboração de estudo para a revisão das poligonais do Parque Ecológico do Guará, conforme apontado na figura 37, de forma a: a) incorporar as áreas 27 e 28 e as ambientalmente sensíveis, inclusive o campo de murunduns, próximo ao CAVE; b) corrigir a implantação do lote do SENAI; c) implantar equipamentos e atividades para usufruto da comunidade. 104 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 37 – Representação dos Projetos Especiais previstos no PDL do Guará para a região do Centro Metropolitano Fonte: PDL do Guará As diretrizes referentes ao PEA 1, PEA 2 e PEA 3 estão atendidas, em todos os seus aspectos, no Estudo Preliminar da Metroquattro, assim como todas demais diretrizes, exceto no que consta do Art. 26, itens II, VI e VII, que se referem respectivamente ao uso exclusivo comercial de bens e prestação de serviços e uso institucional, coeficiente de aproveitamento e altura máxima das edificações. Estão em parte também atendidas no Projeto Interbairros, exceto também no que consta do Art. 26, itens II, VI e VII, que se referem, respectivamente, ao uso exclusivo comercial de bens e prestação de serviços e uso institucional, coeficiente de aproveitamento e altura máxima das edificações. 5.5.2 – Estudo Preliminar elaborado pela Metroquattro / TERRACAP O Estudo Preliminar referente ao projeto urbanístico do Centro Metropolitano do Guará foi elaborado, em 2003, pela empresa METROQUATTRO ARQUITETURA, TECNOLOGIA S/C LTDA, por meio de contrato com a TERRACAP. A síntese da proposta é apresentada pela empresa, como se segue: 105 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará A proposta de uso e ocupação do solo dos quatro trechos que compõem o Centro Metropolitano do Guará procura consolidar e reforçar a vocação do Guará como o subcentro mais próximo da área de maior polarização de empregos e serviços do conjunto urbano da capital da república. Assim, a proposta para o Trecho 1, que corresponde à área que atualmente divide o SRIA 1 e 2 pela faixa de domínio das linhas de transmissão das Centrais Elétricas de Furnas e da Companhia de Eletricidade de Brasília, partiu-se da convicção de que tal área deveria se configurar como efetiva costura urbana integrando e unindo os dois núcleos urbanos, efetivando o seu caráter de pólo de comércio, serviços e oportunidade de empregos. Tal convicção parte do pressuposto de que a presença da linha do metrô associada à passagem da Via Interbairros integra a área de projeto no eixo de maior concentração demográfica e crescimento econômico do Distrito Federal. Neste sentido, a sua proposta, ao contrário de reforçar um caráter local, faz com que o Guará deixe de ser um subúrbio de reserva de mão-de-obra para se colocar como um centro de comércio e serviços incorporando-o ao sistema formado pelo Plano Piloto, Taguatinga e o bairro de Águas Claras. Às áreas dos Trechos 2 e 3, correspondentes ao CAVE, procurou-se ajustar a ocupação já consolidada com a proposta para o Centro Metropolitano. Assim, ao realizar a regularização fundiária das áreas ocupadas, propôs-se que os espaços sub-utilizados ou desocupados fossem ocupados por equipamentos de uso coletivo já previstos para o CAVE. Finalmente, para o Trecho 4, que apresenta ocupação rarefeita e extensa área desocupada exposta à degradação ambiental e à ocupação irregular, foi proposta a sua ocupação por uso misto e residencial coletivo. Entende-se que, sendo área contígua ao Parque Ezechias Heringer a leste e sul, limitada ao norte pelo CAVE e a oeste pela Via do Contorno do Guará, a ocupação mais adequada seria aquela que, ao mesmo tempo em que oferecesse menos riscos ao meio ambiente, também proporcionasse um elo de integração entre as áreas recreativas do CAVE e do Parque do Guará, com as áreas residenciais do Guará 2. Assim, cria-se uma solução de continuidade entre estes espaços evitando-se que a região se configure como um grande espaço residual, sem uso ou ocupação definida, desarticulando e fragmentando o espaço urbano. Evita-se também, que este espaço sirva como moeda de troca entre agentes cuja pequenez de seus interesses venha a destinar estas 106 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará áreas a ocupações inadequadas ao local trazendo impactos negativos ao meio ambiente e às suas vizinhanças imediatas. Como um todo, o projeto do Centro Metropolitano do Guará (CMG) procura favorecer os atributos de centralidade que caracterizam tradicionalmente os centros das cidades brasileiras, onde franca acessibilidade, diversidade de usos e funções e vitalidade deverão ser a tônica dos seus espaços. Assim, a sua área proporcionará moradias, espaços comerciais e de prestação de serviços e equipamentos públicos que estarão integrados diariamente com a comunidade dos arredores através de fortes conexões de pedestres. Assegura-se desta maneira, a continuidade da cidade ao nível da escala do cidadão que usa os espaços, reforçando o senso de lugar e aumentando as chances de interação social. Os resultados urbanísticos do estudo estão representados figura 38 contendo a espacialização da proposta urbanística de uso do solo, que além dos usos previstos para os trechos 1, 2, 3 e 4 do Centro Metropolitano do Guará, mostra: - A mudança das poligonais da área do projeto e do Parque do Guará, na altura do trecho 4, com permuta de área para resolver problemas cadastrais e ambientais, transferindo 57.688,43 m² do Parque para o trecho 4, no entorno do SESI, já ocupado e registrado, e 173.936,31 m² da área 4 para o Parque, que engloba o campo de murunduns ali existente. - Redução da área do setor saúde, na porção oeste do trecho 4, com compensação de área em outro local do Guará que será destinado à construção de hospital. - A definição de Uso Misto 1 na porção oeste do trecho 1, em frente à quadra QE-18 do Guará 1, junto á estrada de ferro, com 3 quadras, a serem ocupados por térreo e sobreloja por atividades comerciais e de serviços, sendo que a partir do segundo pavimento os usos serão exclusivamente residenciais, podendo a edificação atingir 12 (doze) pavimentos, com coeficiente de aproveitamento de 7,6. - A definição de Uso Comercial 2 (exclusivo) na parte mais central do trecho 1, com a mesma volumetria do Uso Misto 1. - A definição de Uso Comercial 1 em dois lotes próximos à faixa de domínio da ferrovia, na porção oeste da gleba, destinados a galpões e armazéns, e um lote destinado à PAC, no trecho 4, correspondente ao posto de gasolina já edificado. 107 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará - A definição de Uso Misto 2, com as mesmas características do Uso Misto 1, no entanto com até 6 pavimentos, com coeficiente de aproveitamento igual a 6, devido à proximidade das áreas residenciais existentes, construídas com habitações unifamiliares térreas. - A definição de Uso Misto 3 (comercial no térreo e sobreloja e residencial a partir do segundo andar) no trecho 4, na área meridional do CAVE, com até 8 pavimentos, com coeficiente de aproveitamento igual a 5,2. - A definição de Uso Residencial (habitações coletivas) na área do trecho 4 do CMG, com até 8 pavimentos, com altura máxima de 25 metros, sendo que no térreo é permitida a ocupação de até 70% da área do terreno. Essas deverão formar quadras e áreas centrais, formando pequenas praças, com estacionamento para visitantes e equipamentos de recreação. - A localização de Equipamentos Públicos Coletivos na área do CAVE e nos trechos 2 e 3 do CMG, não constando definições de altura e coeficiente de aproveitamento. O Estudo Preliminar contém todas as diretrizes dos projetos da rede estrutural ambiental (PEA 1, PEA 2 e PEA 3) posteriormente incluídos no PDOT e no PDL do Guará e praticamente todos os demais projetos especiais aplicáveis para a área do projeto, exceto com relação aos seguintes itens: - Item II, Art.26, que adota como uso exclusivo o uso comercial de bens e prestação de serviços, quando no estudo preliminar estão incluídas habitações coletivas. - Item VI, Art. 26, que adota o coeficiente de aproveitamento igual a 2 (dois). - Item VII, Art.26, que adota a altura máxima permitida: a) nos lotes a serem criados adjacentes à Via Interbairros e ao metrô, bem como nos lotes a serem criados na área do CAVE, igual a 26m (vinte e seis metros); nos lotes situados na área adjacente à Área 27 do Parque do Guará, igual a 12m (doze metros). 108 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 38 – Plano de ocupação elaborado pela empresa Metroquattro / TERRACAP para os trechos: 1, 2, 3 e 4 do Centro Metropolitano do Guará 5.5.3 – Projeto de Via Interbairros elaborado pelo DER/DF Por solicitação do Governador do Distrito Federal foi solicitado, ao DER/DF, projeto de via de interligação entre Águas Claras e o entrocamento com a EPIA, passando pelo Setor de Oficinas Sul, ao norte da estação do metrô. Esse projeto foi resultado de reunião, em julho de 2004, com diversos representantes de órgãos da administração do Distrito Federal, dentre os quais se fizeram representar, além do DER, a TERRACAP, a SEDUMA, a Secretaria de Transportes, a CEB e o Metrô. Trata-se apenas do projeto das vias, seus componentes e interligações, sem qualquer menção aos usos e ocupações que deverão ocorrer ao longo do seu percurso, ou mesmo relacionado a estudos de tráfego e previsão de travessias para pedestres. Todavia o Estudo Ambiental (RIAC) da Implantação da Via de Ligação Águas Claras/Guará/SOFS (Interbairros), elaborado pela CONCREMAT e contratada pelo DER-DF, apresenta 109 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará diferentes informações a respeito do estudo de tráfego para a via Interbairros, tais informações encontram-se detalhadas mais adiante neste estudo, em um tópico especifico do diagnóstico dos sistemas de infra-estrutura. O Estudo Preliminar da Metroquattro já havia sido entregue à Terracap, conforme documentos e plantas datadas de fevereiro de 2003. As vias propostas nesse estudo, na faixa correspondente ao projeto de via do DER/DF, se aplicavam apenas aos trechos 1e 2 da poligonal de referência do Centro Metropolitano do Guará, não se estendendo, pois, além desses limites. 5.5.4 – Projeto Interbairros, de autoria de Jaime Lerner Arquitetos Associados O Projeto da via Interbairros, de autoria do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados, elaborado em 2007/2008, representa uma proposta de implantação de uma via expressa que liga o Plano Piloto até Samambaia, sendo que no prolongamento do seu eixo na área do Centro Metropolitano do Guará, existe uma interferência com a faixa de domínio da CEB/FURNAS. Conforme o documento Plano de Ocupação, versão II, de janeiro de 2008, “.a Interbairros foi planejada num conjunto de ações ao longo de seu eixo, onde se destacam algumas áreas de maior adensamento composto por núcleos com serviços e comércio, que são chamados de Pólos, são eles: Guará, Águas Claras, Taguatinga Sul e Furnas (Subcentro Leste de Samambaia, a ser implantado). Estes pólos necessitam de orientações específicas observando as características urbanas de cada um, como característica comum entre eles é prevista uma torre de 30 andares marcando verticalmente a localização destes Pólos. Os Pólos de Guará, Taguatinga Sul e Furnas (Subcentro Leste de Samambaia, a ser implantado) possuem mais um importante fator, estão localizados juntos às estações de metrô, fazendo a integração com o transporte coletivo proposto”. Ainda, segundo o documento, os conceitos gerais que orientaram a formatação da proposta de ocupação ao longo da Interbairros são relacionados a: - Diversidade: Propõe-se, sempre que possível, a promoção da diversidade de funções, usos, tipologia, renda e paisagem, fomentando a proximidade entre moradia e trabalho ao longo de toda a avenida. Nesse sentido, a Interbairros caracteriza-se também 110 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará como eixo de emprego e renda, com atividades ligadas ao comércio e prestação de serviços, entre outros. - Densidade: O nível de concentração desejado também gera economia de energia, bem como de tempo nos deslocamentos. A densidade é o princípio da sustentabilidade, ao concentrar ocupações e ocupar menos território, viabilizando ao mesmo tempo usos relacionados ao comércio e prestação de serviços. - Identidade: Como sugere o seu nome, a via Interbairros atravessa vários cenários, e as soluções apresentadas procuram conversar com o entorno. Simultaneamente, procuram-se fortalecer ou criar identidades com novas construções que marcam alguns bairros e/ou áreas urbanas. - Mobilidade: Soluções de transporte coletivo, com a utilização de ônibus de boa capacidade, e de mobilidade não motorizada, através da previsão de ciclovias e áreas para pedestres, entre outros, são os grandes protagonistas e determinantes do uso do solo. As soluções devem sempre promover a facilidade de acesso das pessoas às diferentes atividades, tanto no próprio eixo como no seu entorno. - Sustentabilidade: A sustentabilidade reside, entre outros, na otimização da infra-estrutura a ser instalada, no fortalecimento do transporte coletivo e conseqüente redução do uso do transporte individual, na proposta dos “prédios verdes” ao longo da Interbairros, onde além da adoção de tecnologias apropriadas seria exigida a destinação de 1/5 de sua superfície para áreas verdes. Do documento Plano de Ocupação podem ser destacados ainda: - A via Interbairros, importante elemento de ligação do Plano Piloto com as áreas urbanos ao longo do seu percurso (Guará, Águas Claras, Taguatinga e Samambaia), foi formatada como uma via urbana, um “boulevard”. - A Interbairros poderá conciliar transporte coletivo e ocupação das áreas lindeiras com um total de lotes que chegam a 3 milhões de metros quadrados, beneficiando uma população em torno de 415.000 pessoas, mediante a criação de pólos, diversificação de usos e implantação de atividades geradoras de emprego. Na área do Centro Metropolitano do Guará o trecho previsto para a implantação da via Interbairros encontra-se situado nos espaços existentes entre Guará I e II, paralelo a 111 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará linha do metrô (com duas estações existentes: Estações Feira e Guará), com extensão estimada de 2,29 Km. Foram definidas para esse trecho as seguintes ocupações: - A. Pólo Sub-centro Misto A, com 36.120,47 m² de área para lotes. - B. Pólo Sub-centro Misto B, com 6.549,91 m² de área para lotes. - C. Eixo/Misto, com 10.773,71 m² de área para lotes. - D. Eixo/Habitacional, com 46.099,20 m² de área para lotes. - I. Institucional – Praças, com 17.526,10 m² de área e Institucional – lotes, com 18.051,27 m² de área. No seu conjunto, essas áreas correspondem a 5% do total das áreas de toda a extensão do Projeto Interbairros. Aplicando-se proporcionalmente os valores de ocupação total de todo o projeto, constantes no Projeto Interbairros e denominado População Total por Tipo de Ocupação, pode-se obter os seguintes resultados para o trecho em análise: - No Pólo Sub-centro Misto, com 100% de usos diversos, a população flutuante prevista é de 3.612 pessoas, levando em conta a ocupação de 1 pessoa para cada 10 m² para usos. - No Pólo Sub-centro Misto B, com 20% de usos diversos e 80% de uso habitacional, a população flutuante prevista é de 934 pessoas e a população residente é de 373 pessoas, levando em conta a ocupação de 1 pessoa para cada 10 m² para usos diversos e 1 pessoa para cada 100 m² para uso habitacional. - No Eixo/Misto, com 10% de usos diversos e 90% de uso habitacional, a população flutuante prevista é de 108 pessoas e a população residente é de 97pessoas, levando em conta a ocupação de 1 pessoa para cada 10 m² para usos diversos e 1 pessoa para cada 100 m² para uso habitacional. - No Eixo/Habitacional, com 100% de uso habitacional, a população residente prevista é de 148 pessoas, levando em conta a ocupação de 1 pessoa para cada 150 m² para uso habitacional. - No Eixo Institucional Praças e Serviços, com 100% de uso institucional, a população flutuante é de 3.558 pessoas, levando em conta a ocupação de 1 pessoa para cada 10 m² para usos diversos. 112 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará No total, a população flutuante para usos diversos prevista é de 8.212 pessoas e população residente é de 629 pessoas. Para toda a área de expansão do Guará (reformulação do CAVE e parcelamento da linha de furnas), segundo dados da CAESB, a população flutuante projetada é de 10.000 pessoas para os anos 2010, 2020 e 2030; para a população residente a projeção é de 4.000, 4.366 e 4.843, respectivamente, para os mesmos anos. Há indicação, no relatório, de uso e ocupação para a área do CAVE, havendo referência ao estudo preliminar do Centro Metropolitano do Guará, elaborado pela empresa METROQUATTRO, que está dentro da poligonal do Projeto Interbairros. Há indicação também do Projeto Executivo da via Interbairros, realizado pelo DER, além de outros que não afetam diretamente o trecho situado entre o Guará I e Guará II. Considerando a oportunidade de crescimento de população residente, se mantida a ocupação residencial, prevista no Trecho 2 do estudo preliminar mencionado, inclusive com a possibilidade de aumento da ocupação institucional no Trecho 4, os dados obtidos acima, referente ao Projeto Interbairros, são compatíveis com os dados da CAESB. Foram estabelecidas as seguintes diretrizes para a implantação do projeto: - Em toda a proposta da Interbairros, estão sendo admitidas alturas máximas de 30 andares nos dois maiores Pólos – Águas Claras e Furnas, que estão juntos a estações de metrô e, nas áreas lindeiras, ao longo do eixo da Interbairros, torres de 20 andares, e nas demais áreas gabaritos de dois a dez andares conforme o coeficiente e taxa de ocupação. - Todo o sistema concebido ao longo da Interbairros deverá atender a demanda local, com a integração intermodal junto ao metrô. - A Interbairros foi projetada para um novo eixo que surgirá com a implantação do sistema de transporte coletivo junto a via, somados a esta proposta com uma nova leitura deste espaço foi formatado com um extenso “boulevard” ligando o Plano Piloto a Furnas, são as chamadas “ramblas” nos canteiros centrais. Em complemento com a “rambla” o projeto prevê uma faixa exclusiva de transporte coletivo, duas pistas de rolamento, estacionamento, ciclovia e calçada para os dois sentidos. - Para a ocupação, estão previstos serviços de médio e grande porte nos dois extremos da Interbairros, assim como áreas institucionais, escolas, equipamentos, entre outros. Ao longo da via e nas áreas lindeiras, os Pólos terão uma taxa de ocupação de 70% 113 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará e coeficiente 6, permitindo gabarito de 30 e 10 andares. O eixo, propriamente, permite uma variação em relação a sua ocupação conforme o uso misto ou habitacional, que varia de 75 e 25% na taxa de ocupação, com coeficiente 1 e 4 e gabarito de 2 e 20 andares. As áreas institucionais, distribuídas em toda a proposta, possuem parâmetros de 60% de taxa de ocupação, 1,5 de coeficiente de aproveitamento e gabarito de 2 andares. Pôde-se verificar junto a equipes técnicas do Governo do Distrito Federal a existência de projeto que transforma as pistas no nível do terreno para vias enterradas em praticamente toda a extensão dos trechos 1 e 2, constituindo vias expressas que mudam significativamente os valores espaciais estabelecidos nas diretrizes acima descritas. Além desse conflito, uma via expressa no local pode representar um grande conflito com o Metrô. A tabela que se segue mostra a proposta de uso e ocupação prevista para a via Interbairros nos trechos 1 e 2 do Centro Metropolitano do Guará, situado entre o Guará I e o Guará II. Tabela 14 – Parâmetros urbanísticos para os lotes existentes na via Interbairros na área do Centro Metropolitano do Guará Tipo Coef. Pólo Sub-centro Misto A Pólo Sub-centro B Misto B A 6 Taxa de Gabarito Ocupação 10% - 30 0,70 90% - 10 Uso 100% Diversos 0% Sem Uso 20% Diversos 80% Habitacional 10% Diversos 90% Habitacional 0% Sem Uso 100% Habitacional 0% Sem Uso 6 0,70 10 C Eixo / Misto 1 0,75 2 D Eixo / Habitacional 4 0,25 20 0 0,00 0 100% Institucional 1,5 0,6 2 100% Institucional I Institucional Praças Institucional Lotes - Área Total de Lotes 36.120,47 6.549,91 10.773,71 46.099,20 17.526,10 18.051,27 Fonte: Plano de Ocupação da Via Interbairros, 2008 O Projeto Interbairros contém todas as diretrizes dos projetos da rede estrutural ambiental (PEA 1, PEA 2 e PEA 3), constantes do PDOT e no PDL do Guará e praticamente todos os demais projetos especiais aplicáveis para a área do projeto, exceto com relação aos seguintes itens: 114 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará - Item II, Art.26, que adota como uso exclusivo o uso comercial de bens e prestação de serviços, quando no Projeto Interbairros estão incluídas habitações coletivas. - Item VI, Art. 26, que adota o coeficiente de aproveitamento igual a 2 (dois). - Item VII, Art.26, que adota a altura máxima permitida: a) nos lotes a serem criados adjacentes à Via Interbairros e ao metrô, bem como nos lotes a serem criados na área do CAVE, igual a 26m (vinte e seis metros); nos lotes situados na área adjacente à Área 27 do Parque do Guará, igual a 12m (doze metros). Figura 39 – Plano de Ocupação do Centro Metropolitano do Guará incorporando as diretrizes de uso e ocupação propostas para a via Interbairros nos trechos 1 e 2 do Centro Metropolitano do Guará 115 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 5.5.5 – Análise dos Planos de Ocupação Propostos Os planos de ocupação propostos para a área do Centro Metropolitano do Guará apresentam características distintas, especialmente quanto ao conceito e posicionamento das vias nos trechos 1 e 2 do CMG, que coincidem com a linha do metrô e com a rede de alta tensão da CEB/FURNAS. Os trechos 3 e 4 do CMG fazem parte apenas no Estudo Preliminar da Metroquattro / TERRACAP e será objeto de análise em separado. Cabe ressaltar que, segundo resposta à carta consulta encaminhada a Administração Regional do Guará, foram identificadas algumas interferências com relação a ocupações provisórias existentes especificamente na área do CAVE, são elas: a Tenda da Libertação, destinada à culto religioso; quiosque destinado a comercialização de plantas e a ocupação denominada Clube dos Amigos, situado nas imediações do Parque do Guará. Desta forma tais ocupações deverão ser revistas quando do processo de implantação do Centro Metropolitano do Guará. Conceito e posicionamento das vias e tipologias de uso e ocupação nos trechos 1 e 2 a. Estudo Preliminar da Metroquattro As vias foram concebidas como um sistema binário, cada uma com 3 pistas de mão única e no mesmo nível, com passagens sob as pistas de ligação entre o Guará I e o Guará II no trecho central e na via entre a QE-9 e a área do CAVE, no trecho 2, ao lado da estação 13 do Metrô. Foi prevista uma ligação, no mesmo nível das pistas, entre o Guará I e o Guará II, entre a Subestação Metrô e a Estação 14. Entre as vias, no trecho 1, foram definidos os lotes para Uso Misto 1 (comércio e habitação, com até 12 pavimentos) e Uso Comercial 1 (com até 6 pavimentos). Os lotes voltados para o Guará 1 estão em uma distância de 35 a 40 metros das fachadas das casas em frente a eles. O limite norte da via está a uma distância em torno de 20 metros das casas. O Uso Comercial é indicado também ao lado da estação do metrô, no extremo oeste da faixa, no Guará II. Antes da passagem de nível central, as duas vias se fecham, ficando entre elas um canteiro de 2 metros, ficando as atividades de Uso Misto 2, com até 6 pavimentos, localizadas do lado do Guará I. 116 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará b. Projeto Interbairros do DER/DF Foram concebidas duas vias paralelas em trincheira, com 3 faixas de rolamento cada, com características de via expressa. As vias acompanham a linha do metrô e contêm alças de ligação entre o Guará I e o Guará II no seu trecho central, não oferecendo oportunidades de ligação com outros setores das áreas urbanas. Em frente às estações 13 e 14 do metrô estão previstas estruturas de cobertura, permitindo o cruzamento, no nível do solo, para pedestres e mesmo para cruzamento de veículos, entre o Guará I e o Guará II. O limite norte de suas pistas, no trecho 1, fica de 100 a 170 metros, aproximadamente, das fachadas das casas do Guará I, abrindo amplos espaços para ocupação com edificações comerciais e/ou mistas, conforme o que está previsto no Estudo Preliminar da Metroquattro e/ou no Projeto Interbairros de Jaime Lerner. No trecho 2 as vias têm sua implantação similar com o Estudo Preliminar da Metroquattro, exceto por ser em trincheira, oferecendo também oportunidades para a definição de uso e ocupação na área do Guará 1. c. Projeto Interbairros de Jaime Lerner Foram criadas duas pistas de 13,5 m cada, com canteiro de 15 metros, com passagem no mesmo nível entre o Guará I e o Guará II no trecho central e na via entre a QE-9, bem como passagem em desnível entre Guará I e a área do CAVE, no trecho 2, ao lado da estação 13 do Metrô. Foi prevista também uma ligação, no mesmo nível das pistas, entre o Guará 1 e o Guará II, entre a Subestação Metrô e a Estação 14. Entre as vias, a partir suas faixas de domínio, foram definidos os seguintes usos e ocupações: no final do trecho 1 e início do trecho 2, o Pólo Subcentro A, para uso misto A (com largura variável entre 68m e 41m) e Pólo Subcentro B, para uso misto B (com largura média de 62m), com espaço para Uso Institucional entre eles e no final da área para uso misto A; no lado oeste, em ambos os lados das vias, o uso misto C e o uso habitacional D, inclusive no lado norte no extremo oeste da via, com média de 40 m de largura; no extremo leste, o uso misto B, em ambos os lados da pista. As áreas a serem ocupadas deverão seguir as taxas de ocupação e os gabaritos apontados neste relatório, todavia deverão ser 117 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará discutidas as incompatibilidades com o PDL do Guará que poderá ser revisado. Foram definidos que, ao longo do eixo da Interbairros, poderão existir torres de até 20 andares, e nas demais áreas, gabaritos de dois a dez andares conforme o coeficiente e taxa de ocupação. Entre esses espaços e a linha do metrô foi inserida uma via local de 6 metros de largura, conectada até o início da área do Pólo Subcentro A, no trecho 1, e outra conectando as áreas do Pólo Subcentro A até estação 13 do metrô. A distância entre o limite norte das pistas e as residências do Guará 1 é de aproximadamente 10 metros em toda a sua extensão. Não há definição das distâncias entre as novas edificações e os limites das vias que as envolvem. Conceito e posicionamento das vias e tipologias de uso e ocupação nos trechos 3 e 4 Essa parte aplica-se apenas ao Estudo Preliminar da Metroquattro, cujas definições de uso e ocupação e a planta correspondente foram anteriormente apresentadas neste relatório. As vias de conexão com a Interbairros se dão por meio EPGU e por meio da rua Kaipy, que passa pelo centro da QE-9, do Guará I. A via que sai desta rua contorna toda a parte leste do empreendimento e acompanha a nova poligonal do Guará até a EPGU, fechando assim o entorno dos trechos 3 e 4. As vias no interior desses trechos são vias locais, com definição de acessos e estacionamentos de todas as atividades ali já existentes e aquelas previstas no estudo preliminar. 118 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 5.6 – Diagnóstico de Infra-Estrutura Básica A partir do Diagnóstico dos sistemas de infra-estrutura básica do empreendimento, tem-se em vista identificar a qualidade ambiental da área de influência direta, na situação atual, conforme constatado “in loco”, observando-se as condições de: (i) abastecimento de água potável; (ii) esgotamento sanitário; (iii) drenagem pluvial; (iv) resíduos sólidos; (v) energia elétrica; (vi) telefonia fixa. Essa etapa dos trabalhos envolveu a coleta de dados de diferentes fontes de informação, realização de visitas técnicas ao local do empreendimento, bem como consultas às concessionárias prestadoras dos serviços no intuito de obter o conhecimento detalhado da área de estudo e suas respectivas implicações com o projeto. Nesse sentido, foram utilizados os seguintes instrumentos de pesquisa: • Visitas de campo: com o objetivo de complementar o diagnóstico das áreas de influência e avaliar cenários futuros de ocupação; • Pesquisa bibliográfica: com o intuito de reunir informações técnicas sobre a área de influência direta e os sistemas em operação nas regiões contíguas, como abastecimento de água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos, drenagem pluvial e energia elétrica; • Cartas Consultas: com o intuito de obter o parecer formal das concessionárias de serviços quanto à possibilidade de atendimento e possíveis interferências nos sistemas existentes com relação ao empreendimento; • Reuniões com técnicos das concessionárias: com o objetivo de obter informações e discutir alternativas tecnológicas para o empreendimento em estudo. Dentre os principais aspectos a serem analisados em um diagnóstico de sistemas de infra-estrutura verifica-se ser de fundamental importância a caracterização adequada da população de projeto, sendo que esse parâmetro é um dos condicionadores da capacidade de suporte das infra-estruturas a serem implantada, quanto ao atendimento das novas demandas. De acordo com estudos de população para a Região Administrativa onde a área de estudo está inserida (Guará), com destaque para o Plano Diretor de Águas e Esgotos – PDAE 1990 e Estudo de Demanda 2000, verificam-se os contingentes populacionais existentes à época, inclusive o valor divulgado no Censo 2000, além da população de saturação prevista para o ano 2030, como apresentado na tabela 15. 119 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 15 – Evolução da População do Guará Estudo/Ano de Referência População PDAE/90 População existente 164.276 PDAE/90 População de saturação 243.295 Censo/2000 População existente 115.192 Estudo de Demanda/2000 População existente 122.490 Estudo de Demanda/2000 População de saturação para 2030 196.428 Fonte: CAESB. Dessa forma, verifica-se que a previsão populacional do PDAE/90 para 2000 apresentou um hiato significativo em relação à ocupação contabilizada na época, indicando uma diferente tendência de adensamento da área, o que se rebateu na previsão posterior apresentada no Estudo de Demanda/2000 no que se refere à população de saturação para 2030. Na tabela 16 apresentam-se as populações residenciais e flutuantes previstas para a área de projeto, nos anos de 2010, 2020 e 2030. Tabela 16 – Previsão Populacional para a Área de Projeto Ano População Residente População Flutuante 2010 4.000 10.000 2020 4.366 10.000 2030 4.843 10.000 Fonte: CAESB. A partir das análises relacionadas aos contingentes populacionais da área de estudo e das populações de projeto, verifica-se que houve redução significativa na população de saturação prevista para a área de projeto, que passou de 243.295 habitantes (PDAE/90) para 196.428 habitantes (Estudo de Demanda CAESB 2000). Alerta-se para a situação de que os sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário do Guará foram implantados para o atendimento da população de Saturação, tendo sido reforçados no final da década de 90 e início do século, utilizando-se a população prevista no PDAE/90. Assim, pode-se inferir que o sistema de distribuição de água e o de coleta e transporte de esgotos até a ETEB/SUL apresentam capacidades para absorção da população prevista para a área de 120 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará projeto, sem que haja necessidade de reforços adicionais, mas somente ampliações das redes de distribuição de água ou coletora de água. 5.6.1 – Sistema de Abastecimento de Água a) Descrição do Sistema O Guará I e II é abastecido pelo Sistema Integrado Rio Descoberto, que é o responsável, atualmente, pelo abastecimento de cerca 70% da população do Distrito Federal, compreendendo as seguintes localidades: Gama, Santa Maria, Recanto das Emas, Riacho Fundo I e II, Núcleo Bandeirante (SMPW), Taguatinga, Ceilândia e Samambaia. Segundo a CAESB, o sistema possui uma capacidade mínima de produção de 5.348 l/s, considerando-se a limitação dos mananciais, mas as instalações físicas do sistema apresentam capacidade superior a 6.200 L/s. O sistema de abastecimento de água do Rio Descoberto, conta com uma captação no corpo da barragem que forma o Lago do Descoberto. Essa captação é interligada à ETA Descoberto (ETA-RD1) por meio de uma unidade de recalque e uma estação elevatória, sendo que essas três unidades apresentam capacidade operacional instalada de 6,0 de m3/s. Na saída da ETA/RD tem-se um centro de reservação que distribui água para diversas regiões administrativas do Distrito Federal, incluindo-se o Guará I e II. Para o atendimento do Guará tem-se uma adutora denominada reversível, pois no início de sua operação havia possibilidade de transferência de água do Sistema Produtivo do Descoberto para o Sistema Santa Maria/Torto, por gravidade, e transferência de água do Sistema Santa Maria/Torto para o Sistema Descoberto, por meio de recalque. Com a desativação da estação elevatória que recalcava água para o sistema descoberto, verifica-se que atualmente ocorre somente o fluxo por gravidade, entretanto a referida adutora ainda é denominada de Adutora Reversível. Essa Adutora Reversível apresenta diâmetro de 1.000 mm, em ferro fundido durante toda a extensão que interliga Taguatinga ao Guará e partir do Guará, apresenta diâmetro de 700, também em ferro fundido até seu trecho final, em reservatório existente no Cruzeiro, possibilitando, quando necessário, a complementação do abastecimento de Brasília e adjacências. O sistema do Descoberto é composto por quatro (4) subsistemas produtores: 121 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Subsistema Currais/Pedras, que opera em conjunto com o Subsistema Rio Descoberto; Subsistema Rio Descoberto, que abastece as RA’s Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Guará, Candangolândia, Núcleo Bandeirante, Riacho Fundo, Recanto das Emas, Gama e Santa Maria; Subsistemas Alagado, Crispim e Olho d’Água / Ponte de Terra 2 e 3, que abastecem a RA Gama; Subsistema Catetinho Baixo 1 e 2, que abastece o SMPW, antigo setor da RA Núcleo Bandeirante. Conforme descrito anteriormente, o Subsistema Rio Descoberto conta com uma Estação de Tratamento de Água denominada ETA-RD1. Destaca-se que, apesar da ETA ter sido projetada para operar com 6,0 m3/s, o processo de tratamento adotado (filtração direta) tem se apresentado insuficiente para o tratamento dessa vazão, tendo em vista problemas com a turbidez nas águas captadas no lago do Descoberto em períodos de chuva. Tal fato ocorreu no ano de 2004, quando foi necessária a redução da vazão tratada. A questão da turbidez elevada está diretamente relacionada com a ocupação da bacia, tanto na área do Distrito Federal (agricultura irrigada e pecuária), mas principalmente na área de Goiás (urbanização de áreas de montante da barragem na sede do município de Águas Lindas de Goiás e deficiência no sistema de drenagem urbana e coleta de resíduos sólidos daquele município). Entretanto, ações implementadas pela prefeitura de Águas Lindas, com Apoio da CAESB (construção de baciões na área de Águas Lindas) fizeram com que o problema não fosse observado nos anos subseqüentes, indicando que as medidas tomadas foram suficientes para minimizar o problema, considerando-se a situação atual. Contudo, a situação ocorrida deve ser monitorada continuamente, buscando-se implantar medidas que reduzam a sua causa, evitando o seu ressurgimento no futuro. Verifica-se que a adução da água tratada para o Guará é feita a partir de uma derivação na adutora que alimenta o Reservatório Apoiado RAP-TS1 (volume de 25.000 m³). Essa adutora (que interliga o RAP-MN1 ao RAP-TS1) tem sua alimentação efetuada a partir do reservatório apoiado RAP-MN1 (volume 25.000 m³) e é composta por duas linhas em paralelo, em aço, denominadas ADT-M10 e ADT-M20, com 1.200 mm de diâmetro 122 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará cada, trabalhando por gravidade e com extensões iniciais iguais a 11.000 m e 7.983 m, respectivamente. No ano de 2005, a CAESB estendeu a adutora ADT-M20, fazendo com que essa 2ª linha adutora passasse a ter extensão aproximada de 11.000 m. Essas adutoras, em seu percurso, abastecem as Unidades de Distribuição de Água UDA’s TG1 e TG2 na RA Taguatinga e AC1 em Águas Claras, também integrante da RA Taguatinga, além de alimentarem a subadutora SDT-M11 (adutora reversível). Algumas melhorias estão planejadas pela CAESB para este subsistema, tendo em vista incrementar as capacidades de adução de água tratada e a reservação. No que concerne à adução de água tratada, a adutora ADT-M20, que interliga os reservatórios apoiados RAP-MN1 e RAP-TS1 em conjunto com a ADT-M10, foi prolongada até atingir esse último reservatório. Com o objetivo de melhorar a capacidade de reservação do subsistema, a CAESB irá implantar um novo reservatório, o RAP-TS2, que irá operar conjuntamente com o reservatório RAP-TS1. Esse reservatório, que terá 6.000 m³ de capacidade, além de atender à região já servida pelo RAP-TS1, irá alimentar, por gravidade, o novo reservatório RAPAC2 a ser implantado no sistema de distribuição de Águas Claras. Nos últimos anos, muitas localidades têm sido adensadas, seja com o aumento do gabarito, seja com o parcelamento de quadras e áreas verdes. Além disso, foram criadas as Áreas de Desenvolvimento Econômico – ADE, em diversas localidades, visando incentivar a implantação de pequenas indústrias/comércios no Distrito Federal. Tais fatos devem ser considerados quando da avaliação do sistema produtor de água, uma vez que muitos desses empreendimentos serão abastecidos pelo Sistema do Rio Descoberto. A população estimada para o Guará no Estudo de Demanda, considerando a hipótese média de crescimento populacional, foi de 122.490 habitantes em 2000 e de 196.428 habitantes em 2030. Segundo o Estudo, o acréscimo populacional será decorrente do adensamento da área urbana, e deverá ocorrer somente entre os anos 2020 e 2030, uma vez que outros empreendimentos já consolidados, como a complementação do Setor Sudoeste, Asa Norte, Águas Claras, deverão ser priorizados, devido à localização dos mesmos na Bacia do Lago Paranoá. 123 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Conforme descrito anteriormente, observa-se o sistema de distribuição de água do Guará (unidades a partir do sistema de reservação), não necessitarão de reforços adicionais levando-se em consideração a área de estudo. Com relação ao sistema produtivo, verifica-se a necessidade de uma avaliação de área do Distrito Federal (toda a área de influência do Sistema de Abastecimento de Água a partir do Descoberto), entretanto, considerando apenas a área de estudo e a Região Administrativa do Guará, pode-se inferir que não há necessidade de ampliações no sistema produtivo, uma vez que a população adicional prevista para área de estudo, acrescida da população de saturação prevista pelos estudos de demanda de 2000 é inferior à população de saturação considerada quando da elaboração do projeto de abastecimento de água da cidade do Guará. Outra situação que reforça essa inferência se refere à redução do per capita de consumo de água, que vem ocorrendo sistematicamente no Distrito Federal. Segundo as informações da CAESB, repassadas ao Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, é possível constatar, por meio do Indicador I023, que o per capita de consumo médio para o Distrito Federal vem reduzindo sistematicamente, desde o ano de 1998, quando foi de 225,02 L/hab/dia, passando para 214,41 L/hab/dia em 1999, atingindo 206,21 L/hab/dia em 2000; reduzindo para 193,29 L/hab/dia em 2001, chegando a 188,15 L/hab/dia em 2002; passando para 184,69 L/hab/dia em 2003, mantendo-se estável em 2004, com valor de 185,88 L/hab/dia, recuando em 2005 para 175,82 L/hab/dia e atingindo o menor índice no ano de 2006, com valor de 166,83 L/hab/dia. No período em análise, verifica-se uma redução no per capita de consumo de água para o Distrito Federal na ordem de 26%. Com relação à rede distribuição e ligações prediais, verifica-se a necessidade de implantação dessas unidades para o atendimento da área de estudo, uma vez que essa infraestrutura não se encontra presente. Mas a implantação dessas unidades não acarreta necessidade de ampliação nas demais unidades do sistema, uma vez que a derivação para o atendimento da área de projeto pode ser efetuada a partir da adutora reversível, ou seja, não haverá qualquer impacto no sistema de abastecimento de água do Guará. Como síntese do descrito anteriormente, verifica-se que a RA X - Guará é suprida pelo Subsistema Rio Descoberto a partir da chamada adutora reversível que, alimentada a 124 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará partir da interligação RAP-MN1 / RAP-TS1, interliga o Subsistema Rio Descoberto ao sistema do Plano Piloto (RA’s Brasília e Cruzeiro). Esta subadutora SDT-M11, cujas características são apresentadas a seguir, alimenta diretamente a rede de distribuição da RA Guará correspondente às UDA’s GU 1, GU 3 e GU 4. Uma vez que esta subadutora é alimentada a partir da adutora ADT-M10 suprida pelo RAP-MN1, este reservatório é também a unidade responsável pela compensação horária requerida por este sistema de distribuição. A UDA-GU2 (SIA) é abastecida a partir do Cruzeiro Velho (UDA-CZ3) pertencente ao Sistema Integrado Santa Maria/Torto. O Reservatório Apoiado RAP-MN1 abastece por gravidade a maior parte da RA Guará a partir da subadutora SDT-M11, através das subadutoras, SDT-M17 em ferro fundido (DN 300 mm, L = 273 m) e SDT-M18 (DN 450 mm, L = 454 m; 2 x DN 450 mm, L = 462 m cada trecho) que alimentam as Unidades de Distribuição de Água UDA-GU1 e UDA-GU3, SDT-M16 em ferro fundido (DN 150 mm, L = 1.800 m; DN 200 mm, L = 1.102 m) que supre a UDA-GU4, e a SDT-M15, também em ferro fundido (DN 250 mm, L = 328 m; DN 200 mm, L = 328 m), responsável pelo abastecimento da UDA-GU5. 125 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 17 – Subsistema Rio Descoberto - RA Guará - Adutoras e Subadutoras de Distribuição Denom. da Linha Origem Destino SDT-M15 SDT-M11 Lúcio Costa SDT-M16 SDT-M11 DA U5 Expansão do Guará II SDT-M17 SDT-M11 Guará II SDT-M18 SDT-M17 Guará I U4 U3 U1 Diâmetro Comp. (mm) (m) 250/200 328/328 Material Medidor EP FºFº 150/200 1800/1102 FºFº 300 273 450/2x450 454/2x462 FºFº VZ1M15 07 GU VZ1M16 VZ1M17 03 GU 08 GU Fonte: PPAM – Dez/2006. b) Interferências com o Projeto Por meio de Carta no 151/2008-CAESB/DE, a CAESB se manifesta oficialmente em decorrência da carta consulta de 07/07/2008 enviada pela GREENTEC, que solicita, dentre outras questões, identificação de interferências relacionadas à área de estudo. Como resposta, a CAESB informa que não há interferências relevantes com redes de abastecimento de água dentro da área a ser edificada e que também não possui projetos de expansão dos sistemas que venham a interferir com a área proposta. A CAESB encaminha, ainda, plantas indicativas dos cadastros existentes. Entretanto, é possível verificar que o caminhamento da Adutora Reversível entre Taguatinga e o Plano Piloto ocorre paralelo à Estrada Parque Taguatinga (EPTG) até a entrada do Guará, próximo à QE08 e à Ferrovia. Nesse local em diante, há uma variação de 90º no sentido de do caminhamento e se verifica que a referida adutora percorre paralelamente a ferrovia até por volta da QE 18, quando há outra inflexão de 90º, e seu caminhamento passa a ser entre o Guará I e II, conforme pode ser verificado no mapa de infra-estrutura. 126 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Apesar da referida adutora apresentar diâmetro importante nesse trecho (DN 700), o seu caminhamento ocorre em área já consolidada e que não haverá interferência com a área de estudo, conforme posicionamento oficial da CAESB. Além da referida interferência, verifica-se outras com menor nível de gravidade, mas também importantes. Essas interferências se referem às derivações existentes na Adutora Reversível para o Abastecimento do Guará I e II. Todas essas interferências ocorrem perpendicularmente ao caminhamento da Adutora Reversível, como pode ser observado no mapa de infra-estrutura. Quando da definição do urbanismo, essas interferências deverão ser levadas em consideração. Com relação à possibilidade de atendimento da área de estudo com abastecimento de água a CAESB informa que já considerou essa possibilidade quando da avaliação do Plano Diretor Local de Ordenamento Territorial do Guará e a população considerada foi superior à população proposta no plano de ocupação da área de estudo. A CAESB recomenda apenas a necessidade de criação de medidas que venham limitar a ocupação da área dentro dos limites estabelecidos, tendo em vista a limitada capacidade de efluentes domésticos dentro da bacia do Lago Paranoá. 5.6.2 – Sistema de Esgotamento Sanitário a) Descrição do Sistema O Guará I e II, bem como toda a Região Administrativa X, localiza-se na Bacia do Lago Paranoá, que tem todos os seus esgotos coletados e tratados na ETEB-SUL. Os esgotos produzidos no Guará (I E II) são encaminhados a dois interceptores: o interceptor da bacia leste e o interceptor da bacia oeste. Esses interceptores se interligam, respectivamente, ao interceptor II e ao interceptor DASP, que, por sua vez se interligam ao Emissário Geral. Esse último transporta todos os esgotos gerados pelo Guará, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Sudoeste, SIA, SIN e STRC à Estação de Tratamento de Esgotos da Asa Sul – ETEB – Sul, onde são tratados em nível terciário. Na Tabela 18 são apresentados os aspectos gerais do Sistema de Esgotamento Sanitário da RA X – Guará. Tabela 18 – Dados Básicos do Sistema de Esgotamento Sanitário da RA X 127 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Vazão de Área de População Urbana População de Água Abastecida (m3/mês) (m3/mês) (hab.) 688.800 828.375 Coletado Esgotamento Atual Total Consumo Esgoto 127.567 Atendida 122.069 (95,69%) 122.069 (95,69%) Fonte: SIESG 2005. No que se refere à capacidade atual da ETE-Sul, de acordo com os dados operacionais, sabe-se que a mesma trata uma vazão média de 2.406.078 m3, resultante do atendimento de cerca de 370.000 habitantes. Esses valores correspondem a 80% da população prevista no projeto e 60% da vazão de projeto, indicando a existência de uma pequena folga hidráulica na estação. O aspecto de maior importância no sistema de esgotamento sanitário em análise é a capacidade de assimilação de nutrientes pelo corpo receptor, o Lago Paranoá. Por se tratar de um lago concebido com a finalidade de recreação e paisagismo, diversos esforços têm sido empreendidos pela CAESB, nos últimos 20 anos, no sentido de garantir a qualidade de suas águas e dar continuidade ao programa de recuperação do Lago Paranoá, incluindo ações que vão desde a implantação de sistema de esgotos com unidades de tratamento em nível terciário em toda a bacia hidrográfica, até a implementação de equipes de monitoramento de lançamentos clandestinos, dentre outros. Especificamente para o Guará foram consideradas as contribuições apresentadas na tabela 19. Tabela 19 – Evolução da População para Áreas de Expansão da Bacia do Lago Paranoá 128 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Empreendimento Ano 2000 Ano 2005 Ano 2010 Ano 2020 Ano 2030 Centro Comunal 329 1118 2228 2965 3008 Guará Street 4716 4716 4716 4716 4716 Cave 1886 5002 5002 5002 5002 Expansão da QE38 3000 3000 3000 3000 3000 SOF/SAI/STRC/SIN 28043 28043 28043 28043 28043 Fonte: Distribuição temporal da população na Bacia do Lago Paranoá, considerando os empreendimentos urbanísticos previstos, a carga de fósforo gerada e a capacidade de suporte do Lago Paranoá – CAESB, IPDF, CODEPLAN e TERRACAP. Pelo referido quadro é possível verificar que já havia previsão para a expansão da área do CAVE, que corresponde à área de estudo. Mesmo se essa consideração não existisse, é possível inferir, tendo como base as análises apresentadas no item anterior, que os interceptores existentes no sistema de esgotamento sanitário do Guará, bem como os demais interceptores localizados a jusante, são suficientes para o atendimento da área em estudo, não havendo necessidade de ampliação dessas unidades. É importante relembrar que a população de saturação do Guará considerando a situação atual é inferior à população de saturação considerada quando da elaboração dos projetos e implantação da obras. Essa situação é decorrente, principalmente, da redução do número de pessoas por domicílio, que vem ocorrendo no Guará, no Distrito Federal e em todo o Brasil. A título de ilustração, quando da elaboração dos projetos, por parte da CAESB, considerava-se uma ocupação média de 5,6 habitantes por domicílio e no censo de 2000 essa média para o Guará era inferior a 4,0 hab/dom. O consumo per capita de consumo água também vem reduzindo ano a ano, conforme descrito anteriormente, sendo que o per capita de produção de esgotos também apresenta redução proporcional. Para a área de estudo verifica-se apenas a necessidade de construção de redes coletoras de esgotos, com interligação ao Interceptor Leste. O sistema coletor do Guará (Figura 54) apresenta, em sua grande maioria, regime de escoamento por gravidade, havendo apenas duas estações elevatórias. Uma delas foi desativada, quando da conclusão das obras de trecho de interceptor que interliga o Interceptor Bacia Oeste Guará I ao Interceptor Bacia Oeste do Guará II. A partir dessa interligação o sistema coletor do Guará passou a contar com apenas uma unidade de 129 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará recalque, sendo que sua capacidade de projeto é de apenas 8,7 L/s. Assim, praticamente todo o sistema coletor do Guará opera por gravidade, excetuando uma pequena área da QE 46. O sistema coletor do Guará abrange além, da área urbana residencial, os setores denominados SIA (Setor de Indústrias e Abastecimento), Setor de Oficinas Sul (SOF Sul), SGCV (Setor de Grandes Concessionárias de Veículos), STRC (Setor de Transportes Rodoviários de Carga), SIN (Setor de Inflamáveis) e QELC (Quadras Econômicas Lúcio Costa). Observa-se que os esgotos coletados em parte do SIA, no total do SOF Sul e SGCV são lançados diretamente no interceptor denominado SMU/ETE Sul, sendo conduzidos diretamente à ETE Sul, por gravidade. Outra parte dos esgotos produzidos no SlA é conduzida, por gravidade, até o Interceptor SIN/SIA/SRTC, cujo caminhamento ocorre paralelamente ao córrego Guará, em sua margem esquerda, que também é responsável pelo transporte dos esgotos produzidos no SRTC e SIN. O referido Interceptor lança seus efluentes no Interceptor I, que tem origem em área pertencente na cidade do Cruzeiro. Os esgotos produzidos na QELC, Vila Tecnológica e maior parcela do Guará I são conduzidos, por gravidade, até o Interceptor Bacia Leste do Guará I, cujo caminhamento em grande parte de sua extensão se dá paralelamente ao córrego Guará na sua margem direita. Quando o Interceptor Bacia Leste do Guará I lança seus efluentes no Interceptor I observa-se que esse último passa a ser denominado Interceptor II. Os esgotos coletados na porção oeste do Guará pelo Interceptor Bacia Oeste Guará I eram lançados na estação elevatória QE 18, localizada próxima à linha do metrô a sudoeste da cidade, na quadra que lhe dá o nome. Os esgotos afluentes à EE QE 18 eram recalcados até o Interceptor Sul Guará I, cujo caminhamento se dá ao sul das quadras externas QE 11 e QE 09, lançando seus efluentes no Interceptor II. Com a desativação da EE QE 18, os esgotos coletados na porção oeste do Guará I foram conduzidos por gravidade até o Interceptor Bacia Oeste Guará II. O Interceptor II apresenta caminhamento paralelo ao córrego Guará, em sua margem direita, até receber os esgotos provenientes do Interceptor Leste Guará II, responsável pelo transporte dos esgotos coletados na Bacia Oeste do Guará II. O Interceptor 130 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará II continua paralelamente ao córrego Guará II até receber os esgotos oriundos do Interceptor DASP. No trecho compreendido entre as interligações dos Interceptores Leste Guará II e DASP, verifica-se que os efluentes líquidos produzidos na área de expansão do Guará (QE 42 e QE 46) são lançados diretamente no Interceptor II, por gravidade, excetuando parte dos esgotos da QE 46 que são conduzidos até a EE QE 46 e recalcados até o Interceptor II. Parte da Bacia Oeste do Guará II (área que compreende o projeto urbanístico original) tem os esgotos ali produzidos lançados no Interceptor Bacia Oeste Guará II, que lança os efluentes líquidos coletados no Interceptor DASP. As áreas de expansão do Guará II (QE 40 e QE 38) também lançam seus esgotos diretamente no Interceptor DASP, cujo caminhamento ocorre paralelamente ao córrego Vicente Pires, em sua margem esquerda. 131 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Figura 40 – Sistema de Esgotamento Sanitário do Guará - Fonte: SIESG/CAESB 132 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará No Guará verifica-se a existência do setor denominado Pólo de Modas, os setores denominados SCIA e Expansão da QE 48, sendo que esses setores são atendidos por sistema coletor de esgotos e interligados, por gravidade, ao Interceptor DASP. O Interceptor II, ao receber o Interceptor DASP passa a ser denominado Interceptor Geral, recebendo novas contribuições ao longo de sua extensão, até chegar à EE ETE Sul O Interceptor DASP recebe todos os esgotos produzidos no Núcleo Bandeirante. b) Interferências com o Projeto Por meio de Carta no 151/2008-CAESB/DE, a CAESB se manifesta oficialmente em decorrência da carta consulta de 07/04/2008 enviada pela GREENTEC, que solicita, dentre outras questões, identificação de interferências relacionadas à área de estudo. Como resposta, a CAESB informa que não há interferências relevantes com redes de esgotamento sanitário dentro da área a ser edificada e que também não possui projetos de expansão dos sistemas que venham a interferir com a área proposta. A CAESB encaminha, ainda, plantas indicativas dos cadastros existentes. Entretanto, é possível verificar que o caminhamento do Interceptor II apresenta interferência com a área de estudo, no seu limite, ao longo de todo o trecho paralelo ao córrego do Guará. Verifica-se, ainda, a existência de interligações das redes coletoras ao referido interceptor, fato esse que pode proporcionar interferências na área de estudo. Apesar do referido interceptor apresentar diâmetro importante nesses trechos (superiores a DN 600) a CAESB, na resposta a carta consulta, não impõe necessidade de faixas de domínio. Além da referida interferência, verifica-se, ainda, a existência de uma linha de recalque e outro interceptor que apresenta caminhamento paralelo ao do metrô, entretanto próximo ao Guará I. Quando da definição do urbanismo, essas interferências deverão ser levadas em consideração. Com relação à possibilidade de atendimento da área de estudo com esgotamento sanitário a CAESB informa que já considerou essa possibilidade quando da avaliação do Plano Diretor Local de Ordenamento Territorial do Guará e a população considerada foi superior à população proposta no plano de ocupação da área de estudo. 133 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará A CAESB recomenda apenas a necessidade de criação de medidas que venham limitar a ocupação da área dentro dos limites estabelecidos, tendo em vista a limitada capacidade de efluentes domésticos dentro da bacia do Lago Paranoá. Recomenda, ainda, a previsão de uma área destinada à implantação de uma estação elevatória de esgotos, entretanto, entende-se que essa área é desnecessária, pois os interceptores existentes apresentam cotas suficientes para receber os esgotos por gravidade. Apesar de dessa situação, quando da definição do urbanismo é importante uma discussão mais aprofundada com a concessionária, definindo, se necessário, a localização da área, as dimensões necessárias, dentre outras informações. 5.6.3 – Sistema de Drenagem Pluvial a) Descrição do Sistema O empreendimento em análise está inserido na área de drenagem do córrego Guará, pertencente à bacia hidrográfica do Lago Paranoá. A NOVACAP opera o sistema de drenagem urbana no Guará, sendo que toda a área atualmente urbanizada é provida por esse sistema, entretanto as instalações existentes não possuem cadastro técnico adequado, nem memória de cálculo do projeto, que permita avaliar futuras contribuições. É importante destacar que todas as unidades a serem implantadas na área de estudo podem estar inseridas em novas unidades coletoras, em nada sobrecarregando as instalações existentes, sendo que as próprias unidades de lançamento nos cursos d’água podem ser independentes. A avaliação das unidades existentes é de extrema importância, pois caso haja disponibilidade hidráulica, as mesmas poderão absorver parte das vazões adicionais a serem coletadas e conseqüentemente se terá redução de custos de implantação da infraestrutura para a área de estudo. Assim, quando da elaboração dos projetos de engenharia é recomendável contato com a concessionária no intuito de definir as melhores soluções. b) Interferências com o Projeto A NOVACAP não se manifestou oficialmente quanto ao contido na carta consulta encaminhada pela GREENTEC em 07/04/2008, mas, por meio de disponibilização de plantas originais com cadastro, informa todas as interferências existentes. 134 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Como a NOVACAP é a única concessionária responsável pelo atendimento com drenagem urbana no Distrito Federal, entende-se, com a disponibilização dos cadastros, que não há restrições ao atendimento da área de estudo, mas que as interferências deverão ser consideradas nos estudos e quando da elaboração dos projetos de urbanismo. Com as informações apresentadas pela NOVACAP é possível identificar a existência de galerias de águas pluviais interferindo com a área de estudo. As principais interferências, apresentadas no mapa de infra-estrutura, são: a) Galeria de águas pluviais ao longo das Quadras QI22 e QE18, entre o Guará I e o Guará II, com diâmetro variando entre DN 500 e DN 1000. Essa galeria de águas pluviais ainda recebe contribuições de outra galeria implantada paralelamente à ferrovia e seu início ocorre na divisa entre a QI08 e QE04 no Guará I. A partir da interligação dessas duas galerias, o interceptor de águas pluviais lança as águas captadas no ribeirão Vicente Pires; b) Galeria de águas pluviais que se inicia nas áreas especiais da QE11, com DN 400, e lança seus efluentes em outra galeria de DN 1500, sendo que essa última apresenta caminhamento paralelo à QE09 até próximo a uma escola classe. Pouco após a referida escola, a galeria de DN 1500 cruza de maneira inclinada a rede de alta tensão para transmissão de energia elétrica, apresentando lançamento final no Córrego do Guará; c) Galeria de águas pluviais que apresenta caminhamento paralelo à avenida contorno do Guará II, com DN variando em 400 e 600 mm, com lançamento final no Ribeirão Vicente Pires; d) Galeria de águas pluviais com caminhamento paralelo à avenida contorno, sentido da feira do Guará., apresentando DN variando de 400 a 1.500 mm. Essa galeria, em seus trechos finais, antes do lançamento no córrego Guará, no DN 1.500, atravessa parte da área de estudo, perpendicularmente; Apesar de algumas dessas galerias apresentarem diâmetros importantes nesses trechos (superiores a DN 1000, chegando a DN 1500 e até mesmo galerias de concreto armado com DN superiores) verifica-se que a NOVACAP, da mesma maneira que a CAESB, não definiu faixas de domínio a serem obedecidas, no intuito de se evitar interferências futuras e conseqüentes danos ao sistema de drenagem pluvial urbana. Assim, verifica-se, apenas, a necessidade de considerar as instalações existentes quando da definição do Projeto de Urbanismo. 135 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará c) Necessidades de Intervenções com a Implantação do Projeto A área do empreendimento apresenta um total de 143 ha, divididos em 4 trechos distintos. Entretanto, para se avaliar as necessidades de infra-estrutura de drenagem pluvial, optou-se por dividir a área de estudo de maneira diferenciada, respeitando-se as limitações topográficas e os tipos de ocupação. Como descrito anteriormente, a área de projeto já se encontra bastante antropizada, sendo que as intervenções previstas proporcionarão alterações na impermeabilização do solo de maneira diferenciada nas diferentes áreas de projeto, considerando a variação entre a ocupação atual e a futura. Segundo as recomendações da NOVACAP, para a elaboração de projetos de drenagem urbana, o coeficiente de escoamento superficial (c) deverá respeitar as seguintes recomendações: 0,90 para as áreas calçadas ou impermeabilizadas; 0,70 para as áreas intensamente urbanizadas e sem áreas verdes; 0,40 para as áreas residenciais com áreas ajardinadas; 0,15 para as áreas integralmente gramadas, sendo que a determinação do coeficiente de deflúvio deverá ser feita a partir da avaliação de macro áreas, não sendo necessária sua composição detalhada. No cálculo da vazão deverá ser considerada toda a área de contribuição a montante do ponto considerado. Outros valores do coeficiente de escoamento superficial, que levem em conta a sua variação com o período de recorrência, ou outras metodologias para sua fixação, deverão ser submetidos à apreciação da NOVACAP. Para efeito de avaliações preliminares de impactos, o Empreendimento foi dividido em 4 áreas distintas, apresentadas na figura 41. Nessa figura é possível verificar as seguintes situações: Para a área A-1, com 47,23 ha, tem-se atualmente uma cobertura vegetal em grama em quase sua totalidade, podendo ser considerada, como previsto nas recomendações da NOVACAP com coeficiente de escoamento superficial atual de 0,15 e com a implementação do empreendimento pode-se considerar a área como intensamente urbanizada e sem áreas verdes, com escoamento superficial final igual a 0,70; Considerando a área A-2, com 41,13 ha, verifica-se a mesma se encontra parcialmente ocupada e que parte do tipo dessa ocupação não será alterada, como por exemplo, a área onde esta inserida a que atualmente a Feira do Guará, o Teatro de Arena, a 136 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Administração, o Estádio, dentre outras. Entretanto, outras áreas que apresentam cobertura vegetal em grama, serão ocupadas. Considerando as recomendações usuais da NOVACAP, pode-se inferir que a ocupação urbana atual da área A-2 apresenta coeficiente de escoamento superficial próximo a 0,4 (correspondendo aproximadamente a áreas residenciais ajardinadas) e no futuro esse escoamento superficial ficará próximo ao correspondente a áreas intensamente urbanizadas e sem áreas verdes. Para efeitos de estimativas de impactos, considerou-se que esse coeficiente ficará na ordem de 0,60. É importante destacar que quando da elaboração dos projetos, esse coeficiente, para a situação futura, poderão apresentar valores inferior, mas optou-se por uma avaliação mais conservadora no que se refere aos impactos ambientais; Para a área A-3, com 17,67 ha, verifica-se situação atual próxima à descrita para a área A-1, entretanto apresentando uma impermeabilização um pouco superior (coeficiente de escoamento superficial atual considerado de 0,20). Para a situação final, considera-se que o coeficiente de escoamento superficial será próximo ao descrito para área A-2 (0,60); A área A-4 apresenta, tanto para as condições atual e final, situação próxima à descrita para área A-3, ou seja, coeficiente de escoamento superficial atual de 0,20 e final de 0,60; Seguindo os Termos de Referências e Especificações para Elaboração de Projetos de Sistema de Drenagem Pluvial da NOVACAP, verifica-se que para a obtenção da intensidade – Duração – Freqüência de Chuva (i) a expressão a ser adotada é: 21,7 * F 0,16 i= (tc + 11) 0,815 onde: i F tc = = = Intensidade da Chuva (mm/min) Período de Retorno (anos) Tempo de concentração (min) PERÍODO DE RECORRÊNCIA (F): deverá ser adotado o valor 5 (cinco) anos para as redes e galerias. Para a estrutura de lançamento final deverá ser feita uma análise de risco e econômica que possibilite adotar o valor mais adequado, nunca inferior ao já citado. 137 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Para a obtenção da Metodologia de Cálculo da vazão de projeto, os Termos de Referência da NOVACAP recomenda a utilização do Método Racional para áreas de contribuição de no máximo 300 ha (trezentos hectares). Para áreas maiores deverão ser utilizados outros métodos, como o do Hidrograma Unitário e de modelos de transformação de chuva em deflúvio. O referido Método deve ser aplicado utilizando-se a seguinte expressão: Q = n.c.i.a Onde: n = Coeficiente de retardamento; c = Coeficiente de escoamento superficial; i = Intensidade de chuva (mm/mm) a = Área em (ha) Para a aplicação do Método Racional o coeficiente de retardamento é definido por: A− k onde : A é a área de drenagem (ha) K = 0,00 para áreas até 10 ha K = 0,05 para áreas entre 10 e 50 ha K = 0,10 para áreas entre 50 e 150 ha K = 0,15 para áreas entre 150 e 300 ha Os Termos de Referências da NOVACAP recomenda, ainda, que o tempo de entrada na primeira boca de lobo seja de 15 minutos, para que seja possível obter os tempos de concentração. O diâmetro mínimo da Rede deverá ser de 400 mm, a declividade mínima de 0,5% para as tubulações, a velocidade máxima de 6,0 m/s e a mínima de 1,0 m/s. Para a determinação do Tempo de Concentração para a situação atual e futura, considerou-se o tempo de entrada na 1ª boca de lobo de 25 minutos (sem projeto, até que água pluvial atinja uma boca de lobo existente próxima a área projeto) e 15 minutos (seguindo recomendações dos Termos de Referências da NOVACAP) respectivamente. 138 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Para o tempo de escoamento nas tubulações considerou-se uma velocidade média de 3,00 m/s nas tubulações além de extensões médias de tubulações apresentadas a seguir: Área A-1 – Extensão máxima - 1.400 m – Tempo de Percurso – 7,78 min; Área A-2 – Extensão máxima - 500 m – Tempo de Percurso – 2,78 min; Área A-3 - Extensão máxima - 400 m – Tempo de Percurso – 2,22 min; Área A-4 - Extensão máxima - 600 m – Tempo de Percurso – 3,33 min; Figura 41 - Áreas de contribuição e pontos de lançamento para a área do Centro Metropolitano do Guará. Tendo como base as considerações apresentadas anteriormente, foi possível preparar a Tabela 20 com as vazões estimadas de projeto, para a situação atual e final. 139 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 20 – Vazões de Projeto de Drenagem Pluvial para a Situações Atual e Final Situação Atual Denominação Área (ha) n c Tc (min) i Q (L/s) A-1 47,23 0,8247 0,15 32,78 215,08 1.256,54 A-2 41,13 0,8304 0,40 27,78 237,43 3.243,95 A-3 17,67 0,8662 0,20 27,22 240,24 735,52 A-4 36,97 0,8348 0,20 28,33 234,69 1.448,68 Total 143,00 6.684,69 Situação Final Denominação Área (ha) c Tc (min) n i Q (L/s) A-1 47,23 0,8247 0,70 22,78 265,70 7.243,88 A-2 41,13 0,8304 0,60 17,78 302,76 6.204,82 A-3 17,67 0,8662 0,60 17,22 307,61 2.825,33 A-4 36,97 0,8348 0,60 18,33 298,08 5.519,82 Total 143,00 21.793,85 Pela referida Tabela é possível observar que a vazão atual estimada de aporte no Córrego Guará devido à área de projeto foi de 6,68 m3/s e a de final de plano foi de 21,79 m3/s. Essa situação implica dizer que a implementação do empreendimento proporcionará um acréscimo de vazão no córrego Guará de 15,11 m3/s. Para que isso não ocorra verifica-se a necessidade de construção de bacias de contenção no intuito de promover a amortização da vazão. Ao verificar a área de projeto é possível vislumbrar áreas disponíveis para a construção de bacias de contenção, sendo que as mesmas deverão ser devidamente dimensionadas e implantadas juntamente com o projeto de drenagem. Tendo em vista a topografia do terreno na área de estudo verifica-se a possibilidade de conduzir todas as águas captadas a um único ponto de lançamento, entretanto essa 140 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará situação não é muito indicada ambientalmente, uma vez que implicará na ampliação significativa de vazão nesse local elevando os riscos de processos erosivos. A adoção de mais pontos de lançamento proporciona redução desses riscos. Para se garantir que não haverá surgimento de processos erosivos nos pontos de lançamento, tem-se a necessidade de implantação de dissipadores de energia em cada um a ser implantado, sendo que os mesmos deverão ser dimensionados e executados seguindo as recomendações da NOVACAP. Como a área de projeto sofrerá modificações significativas no regime de escoamento superficial, verifica-se a necessidade de implantação de sistema de drenagem independente para a mesma em quase toda a sua cobertura, entretanto, quando da elaboração dos projetos recomenda-se avaliar a capacidade das galerias que apresentam interferências com a área de estudo, avaliando a possibilidade de seu aproveitamento, e caso afirmativo, minimizando os custos de implantação das unidades adicionais. 5.6.4 – Resíduos Sólidos Os resíduos sólidos gerados no Guará são coletados sob a responsabilidade do SLU – Serviço de Limpeza Urbana do DF. A coleta dos resíduos é feita diariamente, enquanto que a varrição é feita em dias alternados. À exceção do SIA e do STRC, pertencente à RA do Guará, a tipologia dos resíduos sólidos coletada na área de entorno é tipicamente residencial, considerando a predominância desse uso urbano. Os Resíduos Sólidos gerados no Guará são coletados e levados à Usina de Tratamento de Lixo da Asa Sul que utiliza o processo de tratamento DANO e possui capacidade nominal de 250 t/dia. Atualmente, essa usina está operando com restrição de capacidade. Aproximadamente, 90% dos resíduos sólidos gerados, no Distrito Federal, têm como destino final o Aterro Controlado do Jóquei. Dentro da poligonal do empreendimento foi observada a presença de resíduos sólidos dispostos a céu aberto, principalmente de entulho de obras em diversos pontos. Os resíduos sólidos previstos para gerem gerados na área de estudo apresentarão características residenciais para a área destinada a domicílio. Para as áreas destinadas a comércio, as características de resíduos a serem produzidos apresentarão características 141 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará similares aos já coletados pela concessionária no SIA. Não estão previstos para a área de estudo destinação de lotes com características distintas da que já ocorrem na área da Região Administrativa do Guará. Assim, o SLU deverá apenas ampliar a quantidade de resíduos coletados, inserir nova área de coleta e provavelmente elevar o número de viagens. Por meio de ofício no 197/2008 de 15/05/2008 o SLU informa que se encontra estruturado para atender todo o Distrito Federal no que tange aos Serviços de Coleta, Varrição e Remoção. Enfatiza, apenas, que grandes consumidores (que geram um quantitativo superior a cem litros de lixo/dia) devem providenciar junto às empresas particulares a contratação de serviços de coleta domiciliar e dos resíduos de saúde. 5.6.5 – Energia Elétrica O empreendimento em estudo não possui, em sua área, sistema de distribuição de energia elétrica implantado. Entretanto, parte dessa mesma área é cortada por duas linhas de transmissão de energia elétrica de Furnas (230 KV) e por três linhas de energia da CEB (138 KV) que são responsáveis pelo abastecimento de aproximadamente 80% do consumo do Distrito Federal. Essas três linhas partem da Subestação Brasília Sul – Furnas, em Samambaia e interligam-se à Subestação Brasília Norte e Brasília Geral, da CEB. Tanto as linhas de energia de Furnas quanto as linhas da CEB são do tipo circuito duplo. É importante destacar que dentre todas as interferências existentes, as linhas de transmissão são as principais, tanto em função da área ocupada e da necessidade de faixas de domínio elevadas, quanto em função do porte, pois são responsáveis pelo abastecimento elétrico de boa parte do Distrito Federal. A área ocupada pela faixa de domínio das linhas de transmissão de Furnas é de 8,55 hectares e a área ocupada pelas linhas da CEB totaliza cerca de 9,11 hectares. Como resposta oficial, a CEB apresentou cópia de desenho com todas as interferências existentes de redes, incluindo as estruturas de Furnas, entretanto, como as demais concessionárias, não apresentou as necessidades de faixas de domínio, bem como à possibilidade ou não de compactação dessas linhas. O mapa de infra-estrutura apresenta as interferências anteriormente citadas. 142 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará A CEB também informou, por meio de consuta realizada por telefone, que as obras de enterramento das linhas de alta tensão de FURNAS e da CEB que atravessam o Guará I e II, já fazem parte do calendário de ações desta companhia e que este procedimento será compatibilizado com o cronograma estabelecido para a implantação da via Interbairros, com período de execução estimado em 15 meses e entrega prevista para o segundo semestre de 2010. Em consulta realizada à FURNAS com relação ao remanejamento das redes de alta tensão existentes no trecho 1, a Assessoria de Comunicação desta empresa informa ter havido várias reuniões para tratar do assunto e que já existe uma minuta de contrato a ser firmada entre o GDF, CEB e FURNAS que objetiva implantar estas ações. Também merece ser destacado que o RIAC, realizado anteriormente pela TERRACAP para o Centro Metropolitano do Guará, aponta que a Diretoria de Operações da CEB, juntamente com FURNAS estavam analisando as alternativas técnicas de remanejamento das linhas ou até mesmo desativação de algumas delas. Segundo Carta 181/2000-DO, da CEB, o remanejamento das redes de 138 Kv da CEB são passíveis de alteração de percurso, seguindo a faixa que acompanha o Pistão Sul em Taguatinga, cujo custo foi estimado na época em R$ 45.000.000,00 (quarenta e cinco milhões de reais). As principais situações constatadas com relação ao Plano de Ocupação Urbanístico da Área de Estudo se referem à necessidade de remanejamento das linhas de transmissão (seja por via subterrânea, seja por desvio de percurso) para viabilizar a ocupação da parcela da área de estudo onde essas linhas de transmissão estão inseridas (trecho 1 e 2). Para que isso aconteça verifica-se a alternativa proposta pelo GDF que se refere à compactação dessas linhas, tornando-as subterrâneas. O Relatório de Impacto Ambiental Complementar da via Interbairros, elaborado pelo DER, aponta que, para a viabilização da rodovia torna-se necessário a compactação das linhas aéreas atualmente existentes, em uma trincheira a ser situada entre a Via Interbairros e a linha do Metrô – DF, informa ainda que os projetos executivos das obras de compactação das linhas de transmissão encontram-se em estágio avançado, em processo de Licenciamento de Instalação no IBAMA-DF. É importante salientar que a Região Administrativa do Guará já é atendida regularmente com energia elétrica da CEB, em linhas de baixa tensão. Como importantes 143 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará linhas de transmissão apresentam interferência com a área de estudo pode-se inferir que não haverá problemas de alimentação por parte da CEB e que o acréscimo de consumo de energia não será significativo, em comparação com a demanda energética da capital. 5.6.6 – Telefonia Fixa Atualmente, a oferta de serviços de telefonia fixa da área de estudo é de responsabilidade da Brasil Telecom e está disponível em toda área de projeto. Para a ampliação do atendimento à referida área, por meio da CT no 159/1161/2008 de 06/05/2008, BrasilTelecom se posicionou informando que depende da conclusão das edificações, regularização da área pelos órgãos competentes, bem como planejamento técnico e orçamentário da empresa, já se colocando a disposição para esclarecimentos adicionais quanto ao projeto e implantação de rede telefônica, bem como indicando nome de contato. Ou seja, coloca a possibilidade de atendimento da referida área e não coloca obstáculos, devendo apenas ser respeitadas as instalações existentes, sendo que o Cadastro dessas unidades foi fornecido, estando apresentado no mapa de infra-estrutura. No referido cadastro é possível verificar que são poucas as interferências a serem consideradas na elaboração do Projeto de Urbanismo para a área de Estudo. 5.6.7 – Metrô A linha do metrô está localizada na divisa entre o Guará I e o Guará II, cortando a Região Administrativa do Guará por toda sua extensão. A sua faixa de domínio de 50 m, já está delimitada fisicamente por cercas. A faixa de servidão deverá ser mantida com 8 m para cada lado, a partir das cercas, de forma a manter a acessibilidade da linha. Na faixa de servidão será permitida, apenas, a implantação de vias. A área ocupada pela servidão do Metrô, totaliza cerca de 4,51 ha. O RIAC elaborado pelo DER para a implantação da via Interbairros informa que aproximadamente 85% do trecho desta via é paralela a linha do Metrô, distanciando-se deste apenas 80 metros. Informa também que a coincidência entre os traçados tem objetivo de minimizar os impactos ambientais da obra e os custos de instalação, utilizando áreas já impactadas; enquanto que a distância de 80 metros foi definida como condicionante de projeto para atender a faixa de segurança do Metrô. 144 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará A resposta da carta consulta encaminhada ao Metrô-DF aponta os seguintes aspectos (cópia em anexo): O material oriundo das escavações das obras do Metrô-DF no Guará está sendo encaminhado para área de bota-fora situado no “lixão” da estrutural. O Metrô-DF não está utilizando áreas de empréstimo no Guará. Não foram cedidas áreas para as empreiteiras envolvidas nas obras do MetrôDF nesta etapa e as áreas cedidas anteriormente já se encontram desocupadas. O canteiro para a implantação das obras da Estação Guará limita-se ao local dos serviços. Necessidade de garantir espaços para implantação de estacionamentos de apoio às estações e do Terminal Rodoviário de Interação nas áreas destinadas ao uso institucional e público situadas nas áreas lindeiras a futura via Interbairros. Os projetos executivos destes equipamentos foram concluídos e as demandas de áreas repassadas para SEDUMA e para a TERRACAP. As faixas de servidão do Metrô-DF deverão ser destinadas a implantação de espaços públicos verdes (livres) ou de vias urbanas, de modo a atender aos parâmetros de ocupação pré-estabelecidos pelo Metrô-DF. 5.6.8 – DER O DER se manifesta por meio do Ofício no 026/2008-SUENGE de 30/07/2008 apenas com relação às restrições ambientais, uma vez que na área de estudo não há estradas de rodagem sob a sua jurisdição. Com relação às questões ambientais, o DER apresenta como considerações a necessidade de apresentar estudos referentes à capacidade de atendimento da demanda do sistema viário da área do empreendimento e em seu entorno; levantar possíveis problemas; avaliar alternativas potenciais ou sugeridas para o sistema viário projetado, caracterizando o sistema da área do empreendimento e entorno; levantar restrições e/ou recomendações ambientais para a área especificada; e consulta ao RIAC para a implantação da Via de Ligação Águas Claras/Guará/SOFS (Interbairros) elaborado pela CONCREMAT, contratada pelo DER-DF, e encaminhado à TERRACAP. 145 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tendo em vista que a proposta de ocupação do Centro Metropolitano do Guará está intimamente relacionada à implantação da via Interbairros, cabe ressaltar importantes aspectos relacionados à questão do volume de tráfego que foram apresentados no RIAC da implantação da Via de Ligação Águas Claras/Guará/SOFS (Interbairros) elaborado pela CONCREMAT e contratada pelo DER-DF, onde podemos destacar os seguintes aspectos: Os dois acessos principais a Águas Claras: um localizado na Avenida das Castanheiras, no entroncamento com a DF-079; e, o outro, também na Avenida das Castanheiras, porém no entroncamento com a DF-085 apresentam volumes médios horários no período de pico matutino superiores a 700 veículos. O volume de tráfego médio horário no sábado é da ordem de 330 veículos, no período de 10:00 as 14:00 horas, correspondendo a menos da metade daquele verificado para o dia útil. Considerando-se as principais vias do sistema viário local de Águas Claras, a DF-079 é a que responde pelo maior volume de tráfego com origem/destino no Bairro de Águas Claras. Juntos, os três acessos ao bairro localizados na DF-079 somam, no período do pico matutino, de 7:00 as 10:00 horas, cerca de 4.600 veículos, ou mais de 1.500 veículos/hora. Foram registradas diferentes taxas de crescimento do tráfego na região de Águas Claras, no período entre 2001/2004, no acesso pela Av. Águas Claras o aumento de trafego registrado para o período corresponde a uma taxa geométrica de crescimento da 15,5% a.a. No acesso pela Avenida das Castanheiras, a partir da DF-079, a taxa de crescimento do tráfego no período considerado foi da ordem de 15% a.a. Para o acesso pela Avenida das Castanheiras, a partir da DF-085 (EPTG), a taxa de crescimento no período foi de mais de 30% a.a. em termos de composição do tráfego. A distribuição dos fluxos bidirecionais de veículos de passeio associado às movimentações realizadas pela população de Águas Claras aponta que os deslocamentos para as Regiões Administrativas situadas na direção do Centro Metropolitano do Guará totalizam 15.625 veículos / dia de um total geral de 23.502 para todas as regiões administrativas e que este volume de tráfego poderá ser todo absorvido pela via Interbairros. 146 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará A nova ligação colocar-se-á como alternativa aos fluxos bidirecionais para Águas Claras que se utilizam, hoje, da EPVP, da EPTG e da EPCT, alcançando a EPIA e, a partir dela, podendo atingir as seguintes RA’s: Brasília, Lago Sul, Lago Norte, Cruzeiro, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, São Sebastião, Paranoá, Planaltina e Sobradinho; além, é claro, da RA do Guará, que estará diretamente ligada a Águas Claras pela nova via. Os fluxos entre Águas Claras e as demais Regiões Administrativas do DF deverão continuar a serem feitos pelas vias hoje existentes, seja porque estas já constituem as rotas mais curtas para ligá-los aos seus pontos de destino, seja porque, como beneficio indireto proporcionado pela nova via. As vias atualmente utilizadas por tais fluxos ganharão melhores condições de trafegabilidade, pois serão aliviadas dos fluxos bidirecionais para Águas Claras, que poderão ser desviados para a nova ligação. 147 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará INSERIR MAPA DE INFRA-ESTRUTURA 148 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 6 - AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Este capítulo visa apresentar a avaliação dos principais impactos ambientais a serem desencadeados junto aos meios físico, biótico e socioeconômico durante as etapas de implantação e operação do Centro Metropolitano do Guará, de modo a possibilitar o conhecimento das principais atividades modificadoras da paisagem, as ações impactantes a serem desencadeadas, a sua amplitude e as transformações das características ambientais originalmente existentes. A avaliação dos impactos ambientais representa um instrumento de análise que contribui de maneira significativa para o processo de gestão ambiental do empreendimento e, objetiva basicamente orientar a adoção das medidas de prevenção, mitigação e / ou compensação a serem adotadas no intuito de minimizar os passivos ambientais gerados pela implantação do empreendimento. A metodologia usada para a avaliação dos impactos ambientais utilizou como referência os dados obtidos no levantamento de campo e a consulta à bibliografia especializada, o que resultou na descrição dos possíveis impactos ambientais relacionados aos meios físico, biótico e socioeconômico. Neste sentido, os impactos esperados foram listados, mesmo aqueles com menor potencial impactante, ou a eles relacionados, de forma a possibilitar uma análise integrada dos diferentes aspectos ambientais e proporcionar que as iniciativas de mitigação, compensação e potencialização possam atenuar ou mesmo neutralizar os impactos ambientais negativos. Os impactos ambientais identificados foram inicialmente descritos e posteriormente avaliados por meio de uma matriz de impacto que levou em consideração as diferentes fases e os aspectos ambientais envolvidos com a natureza do empreendimento. A matriz de impactos foi escolhida, dentre as várias técnicas disponíveis de avaliação de impactos ambientais, em função da agilidade, simplicidade e flexibilidade no levantamento e avaliação dos mesmos. A matriz utilizada neste estudo é uma variação do método proposto por Leopold (1971) e consiste no conhecimento da interação entre as ações propostas pelo empreendimento e os fatores ambientais associados, de modo a possibilitar a identificação do aspecto ambiental envolvido e a caracterização do respectivo impacto ambiental. 149 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará As variações efetivadas na matriz utilizada no presente estudo ocorreram em função das particularidades dos impactos a serem desencadeados pelo empreendimento, tais alterações dizem respeito à segmentação dos componentes ambientais avaliados, a distribuição dos impactos nas fases de implantação e operação do empreendimento e à classificação dos impactos. A análise e valoração dos impactos ambientais gerados em cada fase do empreendimento e a sistematização dos mesmos na matriz de impactos ambientais utilizaram os critérios técnicos descritos a seguir. 150 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Grau de Incerteza Legenda Descrição Pouco Provável PP Provável P Não se espera a ocorrência de determinado impacto ambiental Apresenta a ocorrência de determinado impacto ambiental Certo C Certeza de determinado impacto ambiental Abrangência Local Legenda L Bacia B Regional R Freqüência Temporário ocasional Legenda T Cíclico C Freqüente F Magnitude Fraca Legenda FR Média M Forte FO Persistência Biodegradável e não persistente Legenda B Descrição Impacto de Ação e repercussão pontual e de baixa propagação no território Impacto com repercussão ao nível da unidade hidrográfica Impactos com reflexos em diferentes regiões do DF, não estando restrito a um limite físico. Descrição Corresponde a um impacto de pequena duração geralmente associado a uma fase especifica de um determinado processo ou atividade produtiva Corresponde a um impacto que se repete em um determinado momento de um empreendimento ou sistema produtivo Corresponde a um impacto que e ocasionado continuamente em função de determinada atividade. Descrição Impacto com baixos reflexos do ponto de vista das alterações provocadas no meio ambiente e ou da degradação ambiental Impacto com relativa significância do ponto de vista das alterações provocadas no meio ambiente e ou da degradação ambiental Impacto com alta significância do ponto de vista das alterações provocadas no meio ambiente e ou da degradação ambiental Descrição Pequena duração, podendo ser fácil e rapidamente estabilizado. Reativo e ou intermitente R É estabilizado com o tempo ou possui intermitência de efeitos Inerte e ou Continuo I Apresenta efeitos de caráter permanente ou e estabilizado muito lentamente Natureza Legenda Descrição Positivo + Impactos ambientais gerados pelo empreendimento e considerados benéficos Negativo - Impactos ambientais gerados pelo empreendimento e considerados maléficos 151 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 6.1 - Caracterização dos Impactos Ambientais sobre o Meio Físico A seguir apresenta-se uma descrição dos impactos relacionados ao meio físico a que o empreendimento estará sujeito durante as diferentes fases do empreendimento. Fase de Instalação a) Erosão do solo em áreas expostas – Durante a fase de implantação do Centro Metropolitano do Guará deverão ser realizadas atividades de desmatamento para a instalação das vias locais, das edificações e sistemas de infra-estrutura, assim os terrenos desnudos apresentam um risco com relação à ocorrência de erosões, principalmente no período chuvoso. Todavia os tipos de solos existentes e as baixas declividades registradas para a área do empreendimento fazem com que a probabilidade de ocorrência deste evento seja reduzida. Este impacto pode ser potencializado pela concentração do fluxo superficial diretamente sobre o terreno em áreas desmatadas e terraplanadas. b) Assoreamento da planície de inundação – este impacto é decorrente da abertura das vias e serviços de terraplanagem, que, em conjunto, promoverão a exposição e a desagregação das camadas superficiais do solo, que com a ação da chuva promoverá o aumento do transporte de material sólido (argila, silte e areia) para a drenagem receptora das águas da chuva, em especial o córrego do Guará. c) Emissão de ruídos – A movimentação de maquinário durante a implantação das obras poderá gerar incômodo aos moradores do Guará I e II situados nas proximidades do Centro Metropolitano do Guará em função da emissão de ruídos provocando a poluição sonora. d) Aumento do volume de particulados na atmosfera – impacto relacionado com o aumento do volume de poeira em suspensão durante a fase de implantação das obras. Este problema afetará principalmente a população residente nas imediações do Centro Metropolitano do Guará e os trabalhadores envolvidos diretamente com as obras. e) Contaminação do solo por resíduos sólidos e efluentes – impacto relacionado ao acúmulo de resíduos e efluentes gerados no canteiro de obras, nas áreas de bota– fora e nas áreas a serem terraplanadas, etc. Podemos destacar os resíduos de madeira, efluentes do esgotamento sanitário, restos de vegetação, embalagens de 152 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará materiais, óleos e graxas de máquinas, entre outros materiais difíceis de serem degradados. Fase de Operação a) Aumento do escoamento superficial – Apesar de se tratar de uma região com condutividade hidráulica elevada nas porções onde o relevo é suave, as mudanças a serem desencadeadas na cobertura natural do terreno (terraplanagens, remoção da cobertura vegetal, construção de vias, edificações) impermeabilizam os níveis superiores do solo, fazendo com que a alíquota de água pluvial que deveria ser absorvida pelo solo, transforme-se em fluxo superficial. Dessa forma, haverá aumento do fluxo superficial em função do processo de ocupação das terras. O aumento do escoamento durante os picos de precipitação é diretamente proporcional ao tamanho da área impermeabilizada e/ou desmatadas. b) Modificação da qualidade química das águas – a ocupação do Centro Metropolitano do Guará poderá desencadear problemas relacionados à qualidade química das águas dos córregos receptores. Os principais parâmetros indicativos de qualidade que potencialmente poderão ser afetados são: Sólidos em suspensão – relacionado ao aumento de particulados na água, sendo sempre observado durante e logo após o evento de precipitação. Nitratos e fosfatos – são indicativos de contaminação por efluentes domésticos, sendo os principais parâmetros marcadores de lançamento de esgotos na drenagem natural, tal evento é pouco provável de ocorrer uma vez que a CAESB será responsável pela coleta e tratamento dos efluentes gerados pelo esgoto doméstico. Resíduos sólidos - são atribuídos à presença de plásticos, vidros, latas e material de origem orgânica na superfície do solo e seu posterior transporte pelo fluxo superficial até as drenagens receptoras. Este tipo de contaminação pode ser minimizado ou até evitado pelo estabelecimento de sistema de varredura e coleta de resíduos sólidos urbanos nas ruas e pela destinação final destes resíduos domésticos em áreas apropriadas. 153 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Coliformes fecais – este tipo de contaminação está relacionado ao lançamento de águas servidas do esgotamento sanitário diretamente na rede de drenagem. O risco real está associado à emissão clandestina de esgotos na rede pluvial, todavia este efeito deverá ser controlado tendo em vista que a CAESB será responsável por fazer o atendimento do sistema de esgotamento sanitário para a área do empreendimento. c) Mudança e contaminação dos sistemas aqüíferos locais – A impermeabilização das camadas superficiais do solo causará a diminuição da recarga natural dos aqüíferos, com conseqüente rebaixamento do nível freático. A contaminação das águas subterrâneas está ligada principalmente a três fatores: tipo de esgotamento das águas servidas, disposição irregular de resíduos sólidos e construção de poços tubulares fora das normas técnicas. O tratamento adequado dos efluentes sanitários e o cuidado na construção e operação de poços tubulares acompanhado por técnicos especializados que por ventura venham a ser utilizado nestes empreendimentos minimizam este impacto, todavia as baixas vazões registradas para o sistema P2 e subsistema A inviabilizam, inclusive, a complementação do abastecimento, por poços tubulares, durante as fases iniciais da ocupação. d) Alterações no microclima - A extração da cobertura vegetal paralelamente às construções e edificações nas áreas urbanizadas promove alterações no microclima, em função do aumento da insolação, da evaporação e da eliminação da evapotranspiração, causando elevação da temperatura e redução da umidade relativa do ar e provocando bolhas de calor nas áreas urbanizadas. Todavia na área de estudo essas alterações não deverão ser muito significativas uma vez que a área encontra-se bastante antropizada com remanescentes pouco significativos da vegetação do cerrado predominando espécies exóticas utilizadas em arborização urbana. e) Emissão de ruídos – com a implantação da via Interbairros e das vias locais espera-se que ocorra um aumento dos níveis de ruído e vibração ao longo destes percursos, cujos efeitos sobre e população residente nas proximidades pode ser 154 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará de maior ou menor intensidade, em função da distância entre os limites das vias e as edificações existentes e/ou projetadas. f) Poluição Atmosférica - A construção da via Interbairros, entre o Guará 1 e Guará 2, tem grande potencial de acúmulo de fumaças e partículas provenientes da circulação de veículos ao longo do corredor da Interbairros, em especial por decorrência da existência de obstáculos à circulação dos ventos entorno e entre as edificações, podendo gerar bolsões com maiores concentrações de poluentes atmosféricos nas regiões protegidas da ação dos ventos e situadas nas proximidades do conjunto edificado. Pode-se afirmar, no entanto, que a proposta urbanística para os trechos 3 e 4, poderá ter melhor condições de controle na concentração de fumaças e partículas, principalmente em função do reduzido volume de tráfego de veículos no seu interior quando comparado aos trechos a serem ocupados pela via Interbairros. 155 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 21 – Matriz de impacto ambiental referente ao meio físico Aspecto Fase de Instalação Solo Recursos Hídricos Atmosfera Atmosfera Solo Impacto G. de Incerteza Abrang. Freq. Magn. Persis Natureza Erosão de solo em áreas expostas Assoreamento da planície de inundação Emissão de ruídos Aumento do volume de particulados Contaminação do solo por resíduos sólidos e efluentes PP P C C P L B L L L T T T T T FR M M M M I R R R I - Fase de Operação Recursos Hídricos Aumento do escoamento superficial C B F M R - Recursos Hídricos Modificação da qualidade química das águas P B T M B - Recursos Hídricos Mudança e contaminação dos sistemas aqüíferos locais PP R F FR B - Atmosfera Alterações no microclima PP L F FR I - Atmosfera Emissão de ruídos C L F M I - Atmosfera Poluição Atmosférica C L F M I - LEGENDA: Grau de Incerteza PP – pouco provável P – provável C – certo Abrangência L – local B – bacia R – regional Freqüência T – temporário C – cíclico F - freqüente Magnitude FR – fraca M – média FO – forte Persistência B – biodegradável/não persistente R – reativo/intermitente I – inerte/contínuo Natureza + positivo - negativo 156 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 6.2 - Caracterização dos Impactos Ambientais sobre o Meio Biótico A seguir apresenta-se uma descrição dos impactos relacionados ao meio biótico a que o empreendimento estará sujeito durante as diferentes fases do empreendimento. Fase de Instalação a) Supressão da Cobertura Vegetal de Cerrado – para a consecução das obras de implantação do Centro Metropolitano do Guará deverá ocorrer a supressão parcial da cobertura vegetal existente ocorrendo a perda de diversidade florística. Ressaltase que a cobertura vegetal de Cerrado originalmente existente na área do empreendimento encontra-se bastante alterada em função do processo de urbanização da cidade do Guará, encontrando-se apenas alguns indivíduos isolados na paisagem. Predomina na área do empreendimento espécies exóticas utilizadas em arborização urbana. b) Destruição de Habitats – A supressão da cobertura vegetal promove a diminuição da capacidade de suporte do meio para abrigar a fauna silvestre, ocasionando, eventualmente, a redução do abrigo, da disponibilidade de alimento e das condições adequadas de reprodução. Todavia, em função do alto grau de antropização da área a ser ocupada pelo empreendimento e sua inserção dentro de uma área urbana consolidada, este impacto é pouco provável de ocorrer e caso ocorra deverá ter baixa magnitude. c) Morte e Afugentamento da Fauna Silvestre – com a supressão da vegetação e desenvolvimento das obras na área diretamente afetada pelo empreendimento poderá ocorrer a fuga e a morte de animais silvestres pelas máquinas em operação durante a fase de instalação. d) Perda de Biodiversidade – este é um impacto de segunda ordem ocasionado em função da supressão da vegetação, da perda e degradação de habitat, da morte e afugentamento de animais. Este impacto tende a ser de baixa magnitude em função da área estar parcialmente ocupada e situada em uma área urbana consolidada. 157 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Fase de Operação a) Interferência em Áreas Legalmente Protegidas – as obras de implantação e a efetiva instalação do Centro Metropolitano do Guará podem causar interferências diretas na área do Parque do Guará e Reserva Ecológica do Guará, que são as principais unidades de conservação situadas nas proximidades do empreendimento, especificamente os trechos 2 e 3 do Centro Metropolitano contíguos a Reserva Ecológica e os trechos 3 e 4 contíguos ao Parque do Guará. Todavia as possíveis interferências a serem desencadeadas são localizadas e de baixa magnitude o que não inviabiliza a implantação do empreendimento. Outro aspecto a ser destacado diz respeito à proximidade do empreendimento com relação à Área de Preservação Permanente delimitada para o campo de murundum, de modo que as ações modificadoras da paisagem sejam realizadas minimizando as possíveis interferências com esta área. Neste sentido deverão ser previstas possíveis ações compensatórias que deverão ser voltadas a recuperação ambiental destas áreas protegidas. b) Aumento da competição entre espécies exóticas e nativas – A introdução de espécies exóticas nas atividades de arborização urbana pode provocar a competição com as espécies nativas por água, luz e nutrientes; o que pode dificultar a regeneração das espécies nativas. Este impacto poderá ser mais sentido nas áreas naturais ainda existentes na circunvizinhança do Parque do Guará. c) Redução das propriedades de percolação da paisagem – A consolidação de novas áreas urbanas promove a formação de barreiras físicas na paisagem pouco permeáveis as atividades de propagação das espécies da flora e da fauna, funcionando como uma barreira seletiva à dispersão dos organismos e dificultando o fluxo gênico entre as demais áreas naturais ainda existentes na área de influência do empreendimento. 158 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 22 – Matriz de impacto ambiental referente ao meio biótico Aspecto Fase de Instalação Flora Fauna Fauna Fauna / Flora Impacto G. de Incerteza Abrang. Freq. Magn. Persis Natureza Supressão da cobertura vegetal Destruição de habitat Morte e afugentamento da fauna silvestre Perda de biodiversidade C PP P PP L L L L T T T T M FR FR FR B B B B - Fase de Operação Áreas Protegidas Flora Fauna/Flora Interferência em áreas legalmente protegidas Aumento da competição entre espécies exóticas e nativas Redução das propriedades de percolação da paisagem P P C L L L T F F FR FR M B I I - LEGENDA: Grau de Incerteza PP – pouco provável P – provável C – certo Abrangência L – local B – bacia R – regional Freqüência T – temporário C – cíclico F - freqüente Magnitude FR – fraca M – média FO – forte Persistência B – biodegradável/não persistente R – reativo/intermitente I – inerte/contínuo Natureza + positivo - negativo 159 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 6.3 - Caracterização dos Impactos Ambientais sobre o Meio Socioeconômico A seguir apresenta-se uma descrição dos impactos relacionados ao meio socioeconômico a que o empreendimento estará sujeito durante as diferentes fases do empreendimento. Fase de Instalação a) Geração de empregos na fase de planejamento – nesta fase a geração de empregos ocorre por meio da contratação de serviços técnicos relacionados a elaboração de estudos básicos, projetos executivos e consultorias especializadas b) Incômodo para a população residente – a execução das diversas obras relacionadas à instalação do Centro Metropolitano do Guará provocará possíveis interferências no sistema viário local, bem como o aumento da demanda sobre os sistemas de infra-estrutura que atendem as quadras próximas ao empreendimento, podendo ocasionar desconforto para a população residente nas proximidades do empreendimento. c) Geração de empregos na fase de construção – representa a contratação de empreiteiras que ficarão responsáveis pelas obras de implantação do Centro Metropolitano do Guará e das estruturas associadas, proporcionando o incremento na geração de empregos e na distribuição de renda durante a fase de instalação. d) Transmissão de doenças no canteiro de obra – Durante a fase de instalação os operários deverão fazer uso das instalações existentes no canteiro de obras, ressalta-se que, muitas vezes, as condições de infra-estrutura no canteiro não são as mais adequadas, fazendo com que os trabalhadores possam estar susceptíveis a transmissão de doenças infecto contagiosas em função do: • Inadequado acesso à água potável pelos trabalhadores, que podem fazer uso da água destinada a outras finalidades (compactação, uso em argamassa e concreto etc.) e que não se encontra dentro dos padrões de potabilidade, podendo apresentar sérios inconvenientes à saúde; • Inadequado destino final de esgotos sanitários dos acampamentos que poderão tornar-se fontes de propagação de doenças; e • Destinação inadequada do lixo gerado nos acampamentos, cantinas, banheiros coletivos, etc. e que poderão constituir-se, em conjunto com as 160 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará áreas de “bota-fora” em habitat e condições para o aparecimento de vetores transmissores de moléstias à saúde. e) Acidentes de trabalho – durante a fase de obras ocorre um aumento da possibilidade de riscos relacionados a acidentes de trabalho e da população residente situada nas proximidades do empreendimento, em especial pela existência de demolições, execução de obras de grande porte e trânsito de veículos pesados. Fase de Operação a) Incremento das atividades comerciais e de serviços – A instalação do Centro Metropolitano do Guará prevê a instalação de áreas destinadas às atividades comerciais e institucionais (serviços públicos), o que deverá melhorar o acesso da população aos serviços públicos e facilidades da vida cotidiana. b) Geração de emprego e renda – com a instalação das atividades comerciais e serviços deverá ocorrer à geração de mais postos de trabalho e conseqüentemente geração de renda para os trabalhadores envolvidos. c) Ocupação de espaços urbanos ociosos – a ocupação dos espaços ociosos que secionam as áreas dos Guarás I e II promoverá a integração das duas parcelas urbanas ao proporcionar a articulação viária e a coesão ao tecido urbano. d) Melhoria das condições de transporte urbano – A construção da via Interbairros deverá facilitar os deslocamentos da população do Guará, tanto no sentido Plano Piloto como no sentido da cidade de Águas Claras, além do que a ocupação das áreas lindeiras ao metrô com diferentes usos urbanos e a criação de uma nova estação, deverão proporcionar uma maior facilidade de acesso a este meio de transporte, bem como o aumento do número de usuários. e) Aquecimento do setor imobiliário – a instalação do Centro Metropolitano do Guará acarretará o aquecimento do setor imobiliário tendo em vista a ampliação da oferta de unidades imobiliárias para moradia, comércio, serviços e equipamentos institucionais. f) Aumento da arrecadação de impostos pelo GDF – prevê-se um acréscimo na receita/arrecadação do DF, em função das taxas de IPTU, e a circulação de dinheiro acarretará mais arrecadação do ICMS e do ISS. 161 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará g) Modificação das normas de gabarito - A definição de uso residencial (habitações coletivas) na área do trecho 4 do CMG, com até 8 pavimentos, com altura máxima de 25 metros, sendo que no térreo é permitida a ocupação de até 70% da área do terreno. Essas deverão formar quadras e áreas centrais, formando pequenas praças, com estacionamento para visitantes e equipamentos de recreação, solução conveniente dada a proximidade com o Parque do Guará. Tal configuração poderá gerar pressão para a alteração dos gabaritos dos lotes localizados nas imediações e conseqüente adensamento de áreas já consolidadas, modificando suas características atuais. h) Geração de doenças respiratórias - A construção da via Interbairros entre o Guará 1 e Guará 2 tem grande potencial para o acúmulo de fumaças e partículas provenientes da circulação de veículos ao longo do corredor da Interbairros, em especial nas proximidades do solo em decorrência dos obstáculos à circulação dos ventos entorno e entre as edificações, podendo gerar doenças respiratórias advindas da poluição atmosférica. 162 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 23 – Matriz de impacto ambiental referente ao meio socioeconômico Aspecto Impacto G. de Incerteza Abrang. Freq. Magn. Persis Natureza Fase de Instalação Emprego Qualidade de vida Emprego Saúde Saúde Geração de empregos na fase de planejamento Incomodo para a população residente Geração de empregos na fase de construção Transmissão de doenças no canteiro de obras Acidentes de trabalho C C C PP P R L R R L T T T T T FR M M FR M B B B R B + + - Fase de Operação Economia Economia Urbanismo Transporte Economia Economia Urbanismo Saúde Incremento das atividades comerciais e de serviços Geração de emprego e renda Ocupação de espaços urbanos ociosos Melhoria das condições de transporte urbano Aquecimento do setor imobiliário Aumento da arrecadação de impostos pelo GDF Modificação das normas de gabarito Geração de doenças respiratórias C C C C P C P PP L R L R R R L L F F F F T F T C FO M FO FO M M M FR I I I I B I I R + + + + + + + - LEGENDA: Grau de Incerteza PP – pouco provável P – provável C – certo Abrangência L – local B – bacia R – regional Freqüência T – temporário C – cíclico F - freqüente Magnitude FR – fraca M – média FO – forte Persistência B – biodegradável/não persistente R – reativo/intermitente I – inerte/contínuo Natureza + positivo - negativo 163 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 7 - MEDIDAS MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS E POTENCIALIZADORAS Este capítulo visa apresentar as possíveis medidas a serem adotadas durante as fases de implantação e operação do Centro Metropolitano do Guará, objetivando controlar e mitigar os efeitos dos impactos considerados negativos e potencializar os impactos considerados positivos. As proposições elencadas neste capítulo levaram em consideração as informações coletadas nas etapas de diagnóstico ambiental e na avaliação dos impactos ambientais, onde foram consideradas as limitações do meio físico, as restrições legais, as características urbanísticas da vizinhança, a disponibilidade dos sistemas de infra-estrutura, os aspectos sócio ambientais envolvidos e a inserção do empreendimento dentro do contexto local e regional. A seguir apresentam-se as principais medidas mitigadoras, compensatórias e potencializadoras a partir dos impactos ambientais diagnosticados anteriormente. 1) Erosão do solo em áreas expostas – Para reduzir a possibilidade de ocorrência de processos erosivos durante a fase de instalação do empreendimento é importante que sejam instaladas, no canteiro de obras e nas áreas a serem movimentadas, canaletas de drenagem que façam a captação e o correto direcionamento das águas pluviais até os corpos receptores. Também é importante o uso de técnicas vegetativas de modo que as áreas desnudas deverão ser prioritariamente revegetadas por gramínias e espécies arbóreas e arbustivas, preferencialmente utilizando-se espécies nativas, frutíferas e aquelas utilizadas em arborização urbana, que deverão permitir uma maior absorção e infiltração da água pelo solo, reduzindo a porção que escoa superficialmente nas encostas 2) Assoreamento da planície de inundação - Para a minimização deste impacto sugere-se que as obras relacionadas a manobras que aumentam vulnerabilidade a erosão (movimentos de terra, remoção da vegetação), sejam realizadas na estação seca (abril a outubro) e as que forem realizadas no período chuvoso sejam planejadas medidas de contenção de sedimentos. Deve-se ainda tomar cuidado com a locação da área de bota-fora (se houver), pois representa risco iminente de transporte de materiais. O bota-fora deve ser locado em regiões planas, para minimizar o risco de transporte de massa e que este material removido seja reutilizado como material de aterro. 3) Emissão de ruídos - Segundo a Norma Regulamentadora NR 15 da Portaria n 3.214, baixada pelo Ministério do Trabalho os operários que estiverem 164 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará trabalhando na implantação do Centro Metropolitano do Guará devem estar submetidos a limites máximos de tolerância à ruídos contínuos e intermitentes, conforme apresentado na tabela abaixo. Com relação ao incômodo gerado para a população vizinha ao empreendimento recomenda-se que, durante o período de obras, as atividades que envolvam a geração de ruídos ocorram em horários pré determinados iniciando-as partir das 8:00 da manhã e terminando às 18:00 da noite, de modo a minimizar os efeitos gerados pela poluição sonora para os moradores vizinhos. Tabela 24 – Limites máximos de tolerância a ruídos contínuos e intermitentes Nível de Ruído dB (A) 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98 100 102 104 105 106 108 110 112 114 115 4) Máxima exposição diária permissível 8 horas 7 horas 6 horas 5 horas 4 horas e 30 minutos 4 horas 3 horas e 30 minutos 3 horas 2 horas e 40 minutos 2 horas e 30 minutos 2 horas 1 hora e quarenta e cinco minutos 1 hora e quinze minutos 1 hora 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 8 minutos 7 minutos Aumento do volume de particulado - Este problema pode ser minimizado a partir da aspersão de água por caminhões pipa ao longo das vias de serviço, no canteiro de obras e nos sítios a serem trabalhados durante as obras, este impacto deverá ser eliminado com a finalização das obras. 5) Contaminação do solo por resíduos sólidos e efluentes – Este impacto poderá ser minimizado com ações de sensibilização junto aos trabalhadores, assim como da implantação de um sistema de coleta seletiva de resíduos sólidos gerados na obra e da canalização e tratamento dos efluentes do esgotamento sanitário no canteiro de obras. 6) Aumento do escoamento superficial - Relacionado à impermeabilização do solo, este impacto é passível de ser minimizado através da viabilização de uma 165 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará planta urbanística que mantenha o máximo de áreas verdes entre as áreas a serem impermeabilizadas em função de edificações, áreas para estacionamentos, calçadas e vias de acessos. A utilização de pavimentos alternativos (bloquetes intertravados) em áreas de estacionamentos, também favorece a infiltração e conseqüente a diminuição do fluxo superficial. Na região onde predominam solos hidromórficos, impermeáveis, estas medidas tornam-se menos eficientes. 7) Modificação da qualidade química das águas - Esse impacto pode ser totalmente eliminado pela disposição adequada das águas pluviais, evitando a disposição clandestina de águas servidas na rede de drenagem e tratamento dos efluentes. 8) Alterações no microclima – este impacto pode ser minimizado por meio da implantação de um projeto de arborização urbana que contribua para a formação de áreas sombreadas, priorizando-se as ações nas grandes áreas asfaltadas como estacionamentos e vias urbanas. Promover a arborização urbana das áreas verdes do perímetro do parcelamento, visando elevar a produção de oxigênio, a absorção de gás carbônico, oferecer sombreamento (reduzir insolação), melhorar a sensação da umidade relativa do ar, servir como barreira quebra-vento, evitar o aumento das partículas em suspensão (poeira) no ar, objetivando melhorar o micro-clima do local 9) Emissão de ruídos durante a fase de operação - este impacto também pode ser minimizado por meio da implantação de um projeto de arborização urbana que contribua para a formação de barreiras a propagação do som ao longo das principais vias de circulação urbanas. Especial atenção deverá ser dada a definição final da volumetria dos projetos a serem construídos e no tratamento paisagístico do conjunto, de modo a permitir a ventilação cruzada nos espaços externos e no entorno imediato e a maximizar as condições de conforto térmico, acústico e de qualidade do ar dos usuários. 10) Poluição Atmosférica – este impacto poderá ser minimizado caso seja implantado um projeto urbanístico que facilite a dispersão de fumaças e partículas provenientes da circulação de veículos, evitando-se a formação de obstáculos à circulação dos ventos no entorno e entre as edificações. Assim como no item anterior especial atenção deverá ser dada a definição final da volumetria dos projetos a serem construídos e no tratamento paisagístico do conjunto, de modo a permitir a ventilação cruzada nos espaços externos e no entorno imediato e a 166 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará maximizar as condições de conforto térmico, acústico e de qualidade do ar dos usuários. 11) Supressão da cobertura vegetal - As áreas sujeitas à supressão da cobertura vegetal deverão ser delimitadas em campo a fim de demarcar os limites das áreas a serem efetivamente desmatadas, não deverão ser utilizadas queimadas controladas nem o uso de herbicidas nas atividades de desmate. Para cada indivíduo arbóreo nativo suprimido deverão ser plantadas 30 (trinta) mudas de espécies nativas e para cada individuo arbóreo exótico deverão ser plantadas 10 (dez) mudas de espécies nativas, de acordo com as diretrizes estabelecidas no Decreto 14.783 de 1993. 12) Destruição de habitats – em função da área a ser ocupada pelo empreendimento estar predominantemente antropizada, as ações de compensação ambiental deverão priorizar de recuperação ambiental nas áreas alteradas do Parque do Guará e da Reserva Ecológica do Guará, que são as Unidades de Conservação imediatamente vizinhas ao empreendimento, de modo a proporcionar a melhoria nas condições dos habitats de fauna existentes. 13) Perda de biodiversidade – as ações de compensação ambiental previstas no âmbito do Decreto nº 14.783, de 17 de junho de 1993, prevêem que sejam plantadas 30 (trinta) mudas de espécies nativas para a erradicação de cada indivíduo arbóreo nativo e 10 (dez) mudas de espécies nativas para cada indivíduo arbóreo exótico. Desta forma as ações de compensação ambiental, por meio do plantio de espécies nativas, deverão ser priorizadas nas unidades de conservação vizinhas ao empreendimento, mais especificamente: o Parque do Guará e a Reserva Ecológica do Guará, priorizando-se as áreas alteradas originalmente ocupadas pela vegetação de cerrado sentido restrito, matas ciliares e campos de murunduns. 14) Interferência com áreas legalmente protegidas - Nas áreas de preservação permanente e nas unidades de conservação vizinhas ao empreendimento deverão ser colocadas placas de advertência de proibição de corte, a fim de minimizar os problemas relacionados com o desmatamento indevido nas áreas legalmente protegidas. 15) Redução das propriedades de percolação na paisagem – deverá ser promovido um programa de recuperação de áreas degradadas na área da mata ciliar que circunda o Córrego do Guará, que serve como um importante corredor ecológico na paisagem da sub-bacia do Riacho Fundo. 167 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 16) Incômodo para a população residente – a fim de minimizar o desconforto para a população vizinha ao empreendimento, durante a implantação deverão ser fixados os horários de operação do maquinário envolvido nas obras a partir das 8:00 horas da manhã, com intervalo de, pelo menos, 1 hora durante o almoço e término das atividades às 18:00 horas. Não deverá estar previsto o desenvolvimento de atividades aos domingos e feriados. 17) Transmissão de doenças no canteiro – Este impacto poderá ser evitado promovendo-se campanhas de sensibilização dos funcionários quanto às boas praticas de saúde no trabalho com ênfase nas ações de saneamento ambiental, envolvendo o uso da água, os efluentes do esgotamento sanitário e a gestão dos resíduos sólidos e demais efluentes gerados na obra. Deverão ser disponibilizados para os funcionários das obras: locais adequados para satisfazer suas as necessidades fisiológicas, contêineres individualizados para a coleta seletiva dos resíduos sólidos. 18) Acidentes de trabalho – este impacto deverá ser minimizado por meio da disponibilização de equipamentos individuais de proteção para os trabalhadores envolvidos nas obras de implantação do Centro Metropolitano do Guará, bem como dispor de sinalização adequada nos locais onde as intervenções deverão ocorrer observando-se a presença de maquinário e de trabalhadores. 19) Geração de doenças respiratórias – Este impacto poderá ser sentido pela população que irá ocupar os lotes destinados ao uso habitacional, comercial e institucional. Tal impacto poderá ser mitigado por meio da implantação de edificações que estejam dispostas de modo a possibilitar a livre circulação dos ventos, em especial nas edificações lindeiras à via Interbairros. Cabe ressaltar que os Planos de Ocupação propostos para o Centro Metropolitano do Guará não contempla a definição da disposição das edificações dentro dos lotes a serem criados. 168 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 8 - PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL Este componente tem como objetivo implementar ações voltadas ao acompanhamento dos principais aspectos ambientais envolvidos com as obras de implantação do Centro Metropolitano do Guará. Os principais objetivos do monitoramento ambiental são detectar e sanear impactos negativos, prever eventuais alterações, fiscalizar e manter a qualidade ambiental, além de direcionar e avaliar os programas de recuperação das áreas degradadas. Em última instância este monitoramento visa manter a qualidade ambiental da área de influência do Centro Metropolitano do Guará em níveis compatíveis ou melhores daqueles existentes antes da implantação do empreendimento. A proposta de monitoramento ambiental visa realizar o controle das variáveis ambientais capazes de refletir importantes indicadores da qualidade ambiental dentro da área de influência do empreendimento. Uma das premissas do presente plano é apresentar uma proposta de atuação factível e não um programa complexo, que dificilmente sairá do âmbito da proposta, ou seja, pretende-se enumerar um conjunto de ações que sejam perfeitamente aplicáveis por parte dos agentes responsáveis. O plano aqui apresentado tem como objetivo propor ações de monitoramento dos principais recursos ambientais existentes na área de estudo, de forma permanente e integrada, dentre eles: recursos hídricos, solos (erosão), áreas degradadas, biodiversidade e aspectos de saneamento ambiental. O plano de monitoramento foi subdividido em diferentes componentes, sendo que para cada componente foram descritos os parâmetros a serem monitorados, as localidades prioritárias ao monitoramento, as instituições envolvidas e suas responsabilidades, os procedimentos a serem implementados, a periodicidade das avaliações, as tecnologias associadas e a equipe técnica envolvida. Os resultados obtidos nas atividades de monitoramento deverão ser devidamente sistematizados de forma a possibilitar a difusão das informações dentro e fora do órgão ambiental, a análise dos dados consolidados e a formatação de relatórios ambientais anuais que nortearão as ações de mitigação a serem propostas. As três etapas propostas para o desenvolvimento do presente Plano de Monitoramento são: 1a Etapa – Caracterização do quadro ambiental atual na área afetada pelo empreendimento Esta etapa constitui-se basicamente do levantamento do quadro ambiental atual existente 169 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará na área de influência do empreendimento, de modo a caracterizar as condições ambientais em que se encontra a área do empreendimento antes do início das obras. Esta caracterização será feita por meio de observações visuais e da utilização dos principais indicadores ambientais disponibilizados neste estudo, onde as informações coletadas deverão estar sistematizadas em um relatório técnico, ilustrado com gráficos, figuras, tabelas e fotografias. As informações compiladas nesta primeira fase do plano de monitoramento deverão servir como referência para as atividades de monitoramento ambiental e recuperação das áreas degradadas. 2a Etapa – Aplicação do Plano de Monitoramento Ambiental Esta etapa representa a implantação efetiva das ações previstas no plano de monitoramento ambiental, devendo ser executada, a princípio, durante o período de dois anos. Os resultados obtidos nas ações de monitoramento deverão ser relatados por meio de relatórios simplificados, com periodicidade semestral. As informações contidas nos relatórios do trabalho de monitoramento deverão utilizar como referência os indicadores ambientais sugeridos no plano de monitoramento. 3a Etapa – Avaliação Corresponde à elaboração de um relatório técnico ao final de cada ano, que deverá refletir os resultados observados no final de cada ano, neste relatório deverá ser apresentada a evolução temporal dos indicadores ambientais selecionados, as ações implantadas e os resultados obtidos. Este documento deverá definir se as informações, até então obtidas, são suficientes ou se há a necessidade de ampliar o prazo do monitoramento por outro período ou mesmo que sejam avaliados outros aspectos e indicadores ambientais. Caso seja necessária a complementação das ações de monitoramento deverão ser explicitadas as novas metodologias, indicadores, periodicidade dos levantamentos, a equipe técnica envolvida e o prazo das ações. Na tabela abaixo se encontra o cronograma proposto para a implementação das etapas previstas no Plano de Monitoramento. 170 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Tabela 25 – Cronograma de implantação do plano de monitoramento relativo às obras do Centro Metropolitano do Guará Mês de Implantação (após início das obras) Etapa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 a 1 2a 3a A seguir serão descritas as ações de monitoramento a serem implantadas por ocasião da instalação do Centro Metropolitano do Guará. 8.1 - Monitoramento de Processos Erosivos e Assoreamentos Este componente visa acompanhar a ocorrência de processos erosivos e de assoreamento dos corpos hídricos, por meio da realização de checagens de campo para coleta de observações visuais. As atividades envolvidas neste componente deverão ter uma periodicidade máxima de dois meses. Os processos erosivos deverão ser acompanhados prioritariamente nas áreas do empreendimento que tiverem os solos expostos em função das obras efetuadas por máquinas pesadas e que envolvem a supressão de vegetação, como por exemplo, no canteiro de obras e nos locais onde forem efetuadas operações de terraplanagem. Deverão ser registrados a formação de sulcos e ravinas no solo, de modo que os pontos de ocorrência deverão ser fotografados em campo e devidamente espacializados utilizando-se um GPS para a aquisição das coordenadas de campo e lançados sobre imagens de alta resolução que possibilitem a localização precisa destas áreas. Com relação ao assoreamento dos recursos hídricos deverão ser monitorados os pontos de lançamento dos efluentes da drenagem pluvial, observando-se o acúmulo de material transportado pela chuva (areia, silte ou argila), bem como o efetivo funcionamento dos dispositivos relacionados ao sistema de drenagem pluvial, dentre eles: obras de arte correntes, sarjetas, bacias de amortecimento, drenos e demais dispositivos utilizados para interceptar e captar as águas que se precipitam na área do empreendimento e conduzí-las para o local de deságüe no Córrego do Guará. As alterações significativas com relação à ocorrência de processos erosivos e de assoreamento dos corpos hídricos deverão ser comunicadas, por meio de relatórios, ao órgão ambiental responsável pelo licenciamento, bem como deverão ser fornecidas as diretrizes e ações 171 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará corretivas a serem tomadas para sanar os problemas identificados, que poderão ser acrescidas de outras medidas propostas pelos técnicos do órgão ambiental. A equipe mínima de profissionais necessária para a efetivação deste componente deve conter no mínimo um geólogo ou engenheiro civil, com experiência comprovada em análises ambientais. A responsabilidade desta atividade poderá ser compartilhada entre os técnicos da NOVACAP e da TERRACAP. 8.2 - Monitoramento da Qualidade e Quantidade dos Recursos Hídricos O monitoramento qualitativo e quantitativo das águas subterrâneas e superficiais representa uma importante ferramenta voltada para o levantamento da qualidade ambiental de todo o meio, uma vez que qualquer alteração promovida junto ao meio físico pode refletir diretamente na qualidade e quantidade dos recursos hídricos. O monitoramento dos recursos hídricos se divide em dois grupos, o primeiro referente ao monitoramento dos recursos hídricos subterrâneos e o segundo relacionado aos recursos hídricos superficiais. Nesse contexto serão monitorados diferentes pontos destinados a acompanhar a evolução das características físico-químicas e biológicas. O monitoramento proposto dos recursos hídricos subterrâneos será focado na avaliação do nível freático, de forma a apontar as oscilações do nível das águas do aqüífero, por meio da instalação de um poço de monitoramento. Como a área de estudo não possui poços tubulares em atividade deverá ser implantado um poço de monitoramento contendo os dispositivos necessários para apontar as variações ocorridas no nível freático, com uma periodicidade trimestral. O monitoramento dos recursos hídricos superficiais será focado nos aspectos qualitativos, determinando-se dois pontos para a realização da coleta de material para realização de análises físico-químicas e bacteriológicas. Estes pontos deverão estar situados no Córrego do Guará, imediatamente à montante da área a ser ocupada pelo empreendimento e outro imediatamente a jusante, de modo a possibilitar perceber modificações na qualidade da água provenientes da ação do empreendimento. A depender da solução proposta nos projetos de drenagem e de esgotamento sanitário, também podem se fazer necessários mais dois pontos de monitoramento no Córrego Vicente Pires, situados a montante e a jusante do Trecho 1 coincidindo com a via Interbairros. Os parâmetros qualitativos a serem rotineiramente analisados, com periodicidade trimestral, são: turbidez, condutividade elétrica, oxigênio dissolvido, pH, temperatura, nitrogênio amoniacal, fosfato, óleos e graxas, coliformes totais e coliformes fecais. Estes parâmetros foram selecionados, uma vez que refletem imediatamente possíveis alterações que ocorram nas águas. Além disso, para a execução desta tarefa, existem equipamentos portáteis, que permitem 172 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará que parte destas análises seja rapidamente executada in situ, de maneira automática, utilizandose um único equipamento de baixo custo e de fácil operação, podendo ser operado por qualquer técnico de nível médio. A equipe mínima de profissionais necessária para a efetivação deste componente deve conter no mínimo um geólogo ou engenheiro civil, com experiência comprovada em análises ambientais. A responsabilidade desta atividade poderá ser compartilhada entre os técnicos da CAESB e da TERRACAP. 8.3 - Monitoramento da Recuperação de Áreas Degradadas As áreas de empréstimo, de bota fora, assim como aquelas que sofrerem as ações de corte e aterro deverão ser objeto de ações específicas de recuperação ambiental, de modo a proporcionar a manutenção da qualidade ambiental na área do empreendimento. Para monitorar o processo de recuperação das áreas degradadas torna-se necessário a realização do acompanhamento mensal, em campo, das diferentes atividades que estão associadas ao projeto recuperação de áreas degradadas. Dentre as atividades que deverão ser objeto do monitoramento da recuperação das áreas degradadas podemos destacar: a estocagem prévia de solo orgânico (top soil), a conformação dos taludes e das caixas de empréstimo, a implantação de dispositivos de drenagem nas áreas alteradas, recomposição do relevo e da camada superficial do solo, revegetação com herbáceas e plantio de árvores e arbustos de preferência utilizando-se espécies nativas do bioma Cerrado. Deverão ser realizadas inspeções preliminares em campo durante as obras de implantação do empreendimento, com vista à certificação das condições encontradas e a detecção de eventuais necessidades relacionadas às soluções de engenharia da recuperação das áreas degradadas. A equipe mínima de profissionais necessária para a efetivação deste componente deve conter no mínimo um engenheiro florestal e / ou engenheiro civil, com experiência comprovada em projetos de recuperação de áreas degradadas e análises ambientais. A responsabilidade desta atividade poderá ser compartilhada entre os técnicos do Instituto Brasília Ambiental – IBRAM e da TERRACAP. 8.4 - Monitoramento do Uso e Ocupação do Solo Com a implantação do Centro Metropolitano do Guará é esperada uma consolidação da ocupação das terras, tendo em vista que o empreendimento exerce importante influência com relação à dinamização do uso do solo, bem como induz o crescimento de diferentes atividades socioeconômicas. 173 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará O monitoramento do uso e ocupação do solo tem como objetivo avaliar o processo de ocupação das terras durante e depois das obras de implantação do empreendimento, possibilitando conhecer a expansão das áreas urbanas, o surgimento de invasões, a ocupação de espaços ociosos, entre outros aspectos relacionados ao uso e ocupação das terras. A implementação deste componente permitirá impedir a ocupação indevida e o uso inadequado do solo na área de influencia do Centro Metropolitano do Guará, minimizando os riscos de ocupações indevidas, a interferência em áreas legalmente protegidas, em especial as ares de preservação permanente e unidades de conservação, entre outros aspectos relevantes. Para a realização do monitoramento do uso e ocupação do solo é recomendada a utilização e interpretação de imagens multitemporais obtidas por sensores remotos, onde podemos destacar o uso de imagens obtidas por sensores de alta resolução como fotografias aéreas e imagens orbitais de alta resolução espacial, que possuem características compatíveis com o propósito deste componente de monitoramento ambiental. O monitoramento por sensores remotos permite detectar, identificar, qualificar, quantificar e cartografar o uso das terras e da cobertura de vegetação existentes em uma determinada área em um dado momento, por meio da resposta espectral dos alvos nas imagens a serem interpretadas utilizando-se técnicas hibridas de classificação automática supervisionada e visual em tela. Neste processo de monitoramento deverão ser checados em campo, mediante a utilização de aparelhos GPS, os diferentes alvos de interesse, separando-se as áreas naturais (matas ciliares, cerrado e campo) das áreas antropizadas (área urbana, chácaras, solo exposto, etc.), de modo a possibilitar uma identificação de todos os aspectos relacionados ao uso das terras na área do empreendimento. Neste processo de monitoramento deverá ser observada a compatibilidade dos usos identificados com os diferentes instrumentos normativos voltados a regulamentação do uso e ocupação das terras, tais como: o Plano Diretor de Ordenamento Territorial – PDOT e o Plano Diretor Local do Guará - PDL e legislação ambiental. As possíveis interferências detectadas deverão ser registradas em campo e devidamente cartografadas em ambiente de sistema de informações geográficas de modo a possibilitar uma adequação com relação às restrições levantadas. A equipe mínima de profissionais necessária para a efetivação deste componente deverá conter no mínimo um profissional especialista em Sistemas de Informações Geográficas, com experiência comprovada em análises ambientais. A responsabilidade desta atividade poderá ser compartilhada entre os técnicos da Subsecretaria de Defesa do Solo e da Água (SUDESA) e da TERRACAP. 174 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 9 - ASPECTOS CONCLUSIVOS E RECOMENDAÇÕES Inicialmente cabe destacar que a proposta de ocupação do Centro Metropolitano do Guará vem sendo discutida ao longo dos anos e visa proporcionar a consolidação do espaço urbano existente entre as cidades do Guará I e II, bem como promover a dinamização dos espaços ociosos que hoje são alvo de ocupações irregulares e de processos de degradação ambiental. Os Planos de Ocupação propostos para a área do Centro Metropolitano do Guará, levando em consideração as propostas da empresa Metroquattro/TERRACAP, do DER/DF e de Jaime Lerner Arquitetos Associados, são considerados, de uma forma geral, adequados com relação a sua contextualização. Todavia especial atenção deverá ser dada a questão da produção de ruídos e vibrações, bem como da contaminação atmosférica ao longo dos trechos 1 e 2 do Centro Metropolitano, podendo ser reversíveis e /ou passíveis de controle, mitigação e monitoramento, especialmente se as medidas de controle estiverem incorporadas na definição final da volumetria dos projetos a serem construídos e no tratamento paisagístico do conjunto. Esses efeitos poderão ser menores nos trechos 3 e 4, por estarem em região com menor fluxo de veículos, levando-se em conta ainda que a ocupação proposta pela Metroquattro ser de quadras e áreas centrais, formando pequenas praças, com estacionamento para visitantes e equipamentos de recreação, adequados à sua proximidade com o Parque do Guará. Essas propostas estão em consonância com as diretrizes estabelecidas pelo PDOT e, em parte, pelo PDL do Guará. O Plano Diretor Local adota nas suas diretrizes, para o Centro Metropolitano do Guará, o uso exclusivamente comercial de bens e prestação de serviços e uso institucional, em conflito com a introdução do uso residencial nas propostas da Metroquattro e de Jaime Lerner. Há divergência também quanto ao número de pavimentos e taxa de ocupação. Parece conveniente que o impedimento do uso residencial e a definição dos parâmetros de ocupação das edificações possam ser reanalisados em futuro próximo, quando da revisão do PDL do Guará, buscando elementos que levem a um cenário de expansão condizente com os parâmetros urbanísticos do Guará, de forma que esse trecho da Interbairros não seja apenas uma reprodução dos demais trechos ao longo da via. A concentração de usos comerciais no Centro Metropolitano do Guará poderá contribuir para que se reforce a tendência atual encontrada em vários núcleos urbanos existentes no Distrito Federal, como, por exemplo, no Setor Sudoeste e na Asa Norte de Brasília, onde a proliferação de prédios comerciais com escritórios com área de até 24 metros quadrados (geralmente todos “padrão”) estão sendo transformados em kitchenettes para uso residencial, sem que existam as 175 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará condições necessárias para esse uso, com flagrante processo de deterioração social dos conjuntos. Acrescentem-se as vantagens dos usos comercial, residencial e institucional, tal como definidos nos projetos de Lerner e da Metroquattro, para garantir a ocupação continuada dos espaços, impedindo, ou reduzindo, o vazio de atividades durante a noite e nos finais de semana, como ocorre em centros urbanos de uso exclusivamente comercial. Com relação à proposta de ocupação deverá ser dado destaque para a distribuição espacial das edificações e para o tratamento paisagístico do conjunto, a fim de permitir a ventilação cruzada nos espaços externos e no entorno imediato e a maximizar as condições de conforto térmico, acústico e de qualidade do ar dos usuários. A distribuição e concepção das vias em relação às novas ocupações e às ocupações existentes, especialmente ao longo da Interbairros, deverá ser efetivada de modo a resultar em níveis de ruído e vibrações compatíveis com os usos propostos; a concepção de um Centro Metropolitano deverá permitir uma identidade própria e a continuidade espacial entre o Guará 1 e Guará 2, especialmente ao longo da via Interbairros, evitando repetir padrões de uso e ocupação pertinentes a outros núcleos urbanos. Merece ser destacado que a viabilidade de ocupação dos trechos 1 e 2 do Centro Metropolitano do Guará está condicionada a remoção / enterramento das linhas de transmissão de alta tensão de FURNAS e da CEB, que permeiam os trechos anteriormente mencionados. Neste sentido as consultas encaminhadas aos órgãos de governo apontam que os projetos de enterramento, bem como sua proposta orçamentária já existem e estão previstas no contexto da implantação da via Interbairros. Cabe ainda ressaltar que a implantação dos trechos 1 e 2 está diretamente ligada à instalação da via Interbairros, que deverá fazer a ligação entre o Plano Piloto e a cidade de Águas Claras, onde o estudo de tráfego, realizado pelo DER, aponta que a nova via poderá absorver, por completo, o movimento de veículos que hoje utilizam outras rodovias para realizar este percurso. Atenção especial deverá ser dada para a área do Parque do Guará e da Reserva Ecológica do Guará que são as unidades de conservação mais próximas do empreendimento e que poderão sofrer interferências indiretas relacionadas à ocupação do empreendimento, merecendo ser destacada a possibilidade de ocorrência de depósitos irregulares de entulhos, o lançamento de efluentes da drenagem pluvial, bem como a ocupação das unidades de conservação por invasores. Com relação às respostas recebidas nas consultas realizadas junto às concessionárias de serviços públicos percebe-se que as mesmas não apresentaram restrições à implantação do 176 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Centro Metropolitano do Guará, apontando a viabilidade de atendimento às demandas adicionais a serem criadas pelo empreendimento, todavia especial atenção deverá ser dada no período de implantação tendo em vista às possíveis interferências com as redes existentes. Especificamente no que se refere ao abastecimento de água e ao esgotamento sanitário, a CAESB informa que já considerou no planejamento dos seus sistemas a área de projeto, entretanto com uma demanda de água e/ou produção de esgotos superior ao previsto no projeto urbanístico atual, fato que permite inferir que não haverá necessidades de intervenções em unidades de produção de água (captação, tratamento e reservação) ou de transporte (interceptores), recalque e tratamento de esgotos. Assim, considerando os sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário verifica-se apenas a necessidade implantação de redes de distribuição de água (incluindo as ligações prediais) e das redes coletoras de esgotos. No que se refere ao abastecimento de água é possível construir sistema independente do restante do Guará para o atendimento da área de estudo, uma vez que há uma adutora de grande porte, a qual é utilizada para o abastecimento do Guará e outras áreas. Verifica-se, ainda, a possibilidade de utilização do sistema de distribuição existente após verificação hidráulica de sua capacidade. Essa alternativa se torna viável tendo em vista a redução na estimativa de população de saturação do Guará e as constantes reduções no consumo per capita de água que se verifica para o DF nos últimos anos. No que se refere a esgotamento sanitário verifica-se a possibilidade de interligação da área de projeto ao sistema existente da CAESB (interceptores), pelos mesmos motivos anteriormente apresentados para o sistema de abastecimento de água, ou seja, população a ser atendida quando da saturação do Guará é inferior à prevista quando da elaboração dos projetos pela CAESB, fato que também ocorre com a produção de esgotos por pessoa. Como decorrência dessa situação verifica-se a possibilidade de utilização de toda a estrutura existente de interceptores e estação de tratamento, sem que haja necessidade de novas intervenções nessas áreas. A título de ilustração, no período de 1998 a 2005 houve uma redução no per capita médio de consumo de água no DF de 26%. A taxa de ocupação domiciliar para o Guará quando da elaboração dos projetos era de 5,6 habitantes por domicílio e a verificada no Censo 2000 era inferior a 4,0 habitantes por domicílio. Esses fatos proporcionam o não atingimento da saturação da utilização das unidades existentes. É recomendável comparar os projetos de urbanismo e as interferências levantadas com os sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário no intuito de evitar custos adicionais de remanejamentos ou estimar adequadamente os valores para a implantação desses sistemas na área de projeto. 177 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará No que se refere à drenagem das águas pluviais, com a implantação do empreendimento, os estudos apontaram por uma elevação significativa de vazão de cheia no córrego do Guará, para períodos de chuvas intensas, passando de 6,68 m3/s para 21,79 m3/s. Além desse aumento de vazão, outra situação constatada é a concentração do lançamento dessas águas pluviais, que atualmente ocorre ao longo do corpo receptor e com a implantação do projeto serão concentradas nos pontos de lançamentos, fato que poderá acarretar o surgimento de processos erosivos. Para minimizar esses impactos ambientais é recomendável: A instalação de bacias de contenção para o amortecimento de vazão, sendo que essas bacias deverão ser dimensionadas no intuito de garantir a vazão afluente ao corpo receptor compatível com a situação atual; Implantação de dissipadores de energia nos pontos de lançamentos, com o intuito de reduzir os riscos de surgimento de processos erosivos; Como toda a extensão do córrego Guará apresenta condições favoráveis para o lançamento das águas pluviais recomenda-se um estudo detalhado, quando da elaboração dos projetos, definindo-se a localização dos mesmos, alertando para que se evitem pontos de lançamentos próximos uns aos outros, sendo sugerida uma distância mínima de 100 m, no intuito de reduzir os riscos de surgimento de processos erosivos. Com relação aos Resíduos Sólidos a serem produzidos na área de estudo, o SLU informou que se encontra adequadamente preparado para o atendimento do setor, mesmo sabendo que os resíduos sólidos apresentarão características diferenciadas dos resíduos domésticos, entretanto os mesmos deverão apresentar características compatíveis com os já coletados no SAI pelo SLU. A única questão apresentada pelo SLU é que os grandes geradores de resíduos sólidos (que produzem mais de 100 litros/dia) devem providenciar junto a empresas particulares a contratação de serviços de coleta. Caso existam resíduos de saúde, o mesmo procedimento deverá ser adotado. No que se refere à energia elétrica, a CEB informou não apresenta restrições ao seu atendimento e que o empreendimento poderá ser atendido por meio de nova interligação às linhas de alta tensão que cruzam sua área, não acarretando qualquer impacto ao sistema existente. Considerando a possibilidade de remanejamento das linhas de transmissão de FURNAS existentes na área de projeto, verifica-se que os entendimentos para a sua viabilização já vem sendo realizados entre o GDF e a Estatal Federal, existindo, inclusive, minuta de contrato a ser firmado entre GDF, CEB e FURNAS, não havendo óbices técnicos para esse remanejamento. Para a infra-estrutura de telefonia fixa, a Brasil Telecom informou que se encontra ápita a atender a nova área, sem que haja qualquer impacto negativo nas instalações existentes no 178 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará Guará, alertando apenas para a necessidade de regularização das edificações e do empreendimento. Com a implementação do empreendimento, ter-se-á ampliado a utilização do metrô, entretanto não haverá impactos considerados quanto à capacidade de suas instalações, sendo que o empreendimento se constitui em mais uma ação do GDF para que o metrô se torne autosustentável. Do exposto conclui-se que os impactos ambientais diagnosticados para as fases de implantação e operação do empreendimento são considerados, de uma forma geral, localizados e de baixa magnitude, podendo ser reversíveis e /ou passíveis de controle, mitigação e monitoramento. A viabilização do empreendimento poderá atender a real necessidade de se implantar o Centro Metropolitano do Guará, de modo a organizar as atividades necessárias ao funcionamento de uma cidade do seu porte. A não implantação do empreendimento poderá incentivar o aparecimento de ocupações irregulares dentro de localidades atualmente ociosas que, ao longo do tempo, poderão comprometer a valorização imobiliária da região e o bom funcionamento dos sistemas de infra-estrutura e de serviços na cidade. Desta forma o presente estudo, após a avaliação de todos os aspectos ambientais envolvidos com a implantação do Centro Metropolitano do Guará, aponta que o empreendimento em tela apresenta viabilidade técnica e ambiental para a sua efetiva implantação. Todavia deve ser ressaltado que as proposições contidas neste estudo deverão ser atendidas, como também, as condicionantes e diretrizes estabelecidas pelo órgão responsável durante o processo de licenciamento ambiental. 179 Relatório de Impacto Ambiental Complementar Implantação do Centro Metropolitano do Guará 10 - REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAGNO, M. A. & MARINHO-FILHO, J. (2001). 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