Realização: Avaliação dos ativos das marcas de Parques Tecnológicos em operação no Estado do Rio Grande do Sul Juliana PANOSSO1 RESUMO Este trabalho tem por objetivo analisar o comportamento dos indicadores de BrandAsset® Valuator das marcas de Parques Tecnológicos em operação no Estado do Rio Grande do Sul, bem como mensurar os atributos da reputação de acordo com as sete dimensões propostas pelo RepTrak™, tendo como público-alvo da pesquisa empresários com negócios nos parques (Valetec, Tecnosinos e Tecnopuc). Os procedimentos metodológicos utilizados caracterizam-se como pesquisa exploratória e conclusiva, realizada com abordagem quantitativa e análise estatística, de natureza descritiva. O referencial teórico baseou-se em autores especialistas nos modelos de avaliação de marcas, como Aaker (1998 e 2001), Gerzema e Lebar (2009), e no modelo RepTrak™ do Reputation Institute. Os resultados apontaram que em todos os quesitos estudados a marca TECNOPUC obteve melhor posicionamento em relação às marcas TECNOSINOS e VALETEC. PALAVRAS-CHAVE: Inovação; Parques Tecnológicos; Branding; Avaliação de Marcas; BrandAsset® Valuator. 1 Especialista em Comunicação Estratégica e Branding pós-graduada pela Universidade Feevale. Relações Públicas graduada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS. Atualmente, é Analista Administrativa no Escritório de Transferência de Tecnologia da PUCRS. Contatos: [email protected] e [email protected] ou endereço para acessar CV lattes: http://lattes.cnpq.br/7802972947459175. 1 Asset Evaluation of the Brands of Technology Parks operating in the State of State of Rio Grande do Sul, Brazil Juliana PANOSSO2 ABSTRACT The objective of this study is to analyze the behavior of BrandAsset® Valuator indicators for brands of Technology Parks operating in the State of Rio Grande do Sul, as well as to measure the reputation attributes according to the seven dimensions proposed by RepTrak™, with the survey target public being entrepreneurs with businesses in the parks (Valetec, Tecnosinos and Tecnopuc). The methodological procedures used are characterized as exploratory and conclusive research carried out with a quantitative approach and statistical analysis of a descriptive nature. The theoretical framework was based on authors who are specialists in brand evaluation models, such as Aaker (1998 and 2001), Gerzema and Lebar (2009), and the Reputation Institute’s RepTrak™ model. The results indicated that in all of the variables studied, the TECNOPUC brand rated better than the TECNOSINOS and VALETEC brands KEYWORDS: Innovation, Technology Parks, Branding, Brand Evaluation, BrandAsset® Valuator. 2 Postgraduate in Strategic Communication and Branding by University Feevale. Graduate in Public Relations by Catholic University of Rio Grande do Sul - PUCRS. Today is Administrative Analyst in the Office of Technology Transfer PUCRS. Contact: [email protected] and [email protected] or address to access CV lattes: http://lattes.cnpq.br/7802972947459175. 2 1 INTRODUÇÃO Vivemos a Sociedade do Conhecimento e da Informação, caracterizada por uma nova fonte de riqueza econômica: a inovação. Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico3 (OCDE), inovação é a implantação de um produto, bem ou serviço novo ou substancialmente melhorado, ou ainda, um novo processo, método de marketing ou método organizacional nas práticas de negócios, na organização ou nas relações externas. Seguindo essa mesma linha, inovação, para Plonski (2005), é o processo de colocar em prática uma nova ideia, de esta ser bem sucedida e produzir, assim, efeitos econômicos ou sociais. Para Zen e Hauser (2005), esse novo paradigma, intitulado Sociedade do Conhecimento, torna a inovação e a difusão tecnológica elementos fundamentais para o desenvolvimento e traz às regiões a necessidade de se prepararem para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades de inserção competitiva. De acordo com Plonski (2005), “a inovação tecnológica vem sendo crescentemente invocada como estratégia para redimir empresas, regiões e nações de suas crônicas aflições econômicas e para promover o seu desenvolvimento”. Ainda segundo o autor, é por isso que, a partir dos anos 90, a implementação de políticas eficazes de estímulo a inovação tecnológica tornou-se um dos eixos estruturantes da atuação da OCDE (que atualmente integra 34 países comprometidos com a democracia pluralista e a economia de mercado). Buscando o desenvolvimento regional, os agentes públicos adotaram como estratégia estimular a construção de habitats de inovação, definidos como ambientes propícios para prática da inovação e do desenvolvimento tecnológico por oferecerem infraestrutura apropriada e sinergia entre poder público, meio empresarial e meio acadêmico. Os habitats de inovação podem ser compostos por incubadoras de base tecnológicas, condomínio de empresas, parques e polos tecnológicos e programas tecnópoles (ZEN e HAUSER, 2005). Portanto, no presente trabalho pretende-se analisar o comportamento dos indicadores de BrandAsset® Valuator das marcas de Parques Tecnológicos em operação no Estado do Rio Grande do Sul, bem como mensurar os atributos da reputação de acordo com as sete dimensões propostas pelo RepTrak™, tendo como público-alvo da pesquisa empresários com negócios nos parques (Valetec, Tecnosinos e Tecnopuc). Assim sendo, a pesquisa foi estruturada em três seções. Na primeira parte, revisou-se a literatura pertinente à parques tecnológicos no Estado do Rio Grande do Sul, suas marcas e os modelos de avaliação da marca aplicados neste trabalho. Seguida pelos procedimentos metodológicos e, por fim, os resultados aferidos foram analisados. 2 PARQUES TECNOLÓGICOS 1 Organisation for Economic Co-Operation http://www.oecd.org. Acessado em 04/09/2011. and 3 Development (OECD). Disponível em: O Parque Tecnológico é concebido pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), como um complexo industrial empresarial de base científica e tecnológica no qual toda a produção é resultado de estudos e projetos desenvolvidos em centros de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Trata-se também de um empreendimento que visa proporcionar à comunidade a promoção da cultura da inovação e da competitividade, bem como o crescimento da capacitação empresarial baseado na transferência do capital intelectual e da tecnologia, objetivando o incremento da produção de riqueza (SPOLIDORO e AUDY, 2008). 2.1 PARQUES TECNOLÓGICOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL O surgimento dos parques tecnológicos no Rio Grande do Sul deveu-se, em grande parte, ao PAT (Programa Porto Alegre Tecnópole). Lançado em 1995, o PAT foi criado com enfoque no desenvolvimento local e regional através de ações articuladas entre nove instituições representativas do Poder Público (Governo do Estado do Rio Grande do Sul e Prefeitura de Porto Alegre, que são os coordenadores do Programa), do meio acadêmico (Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS e Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS), dos trabalhadores (Central Única dos Trabalhadores – CUT), do meio empresarial (Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul – FEDERASUL e a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul – FIERGS) e da sociedade civil (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE). Com efeito, esses parceiros têm investido no desenvolvimento de uma cultura empreendedora em suas instituições e atuado fortemente para consolidar ambientes adequados para a inovação (ZEN e HAUSER, 2005). Segundo a Rede Gaúcha de Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos (REGINP)4, no ano de 2011, a região conta com quatorze parques tecnológicos, sendo três em operação, dois em implantação e nove em projeto, conforme apresentado na tabela 1. Tabela 1 – Parques Tecnológicos do Estado do Rio Grande do Sul Estágio de Instituição Nome Cidade desenvolvimento proveniente TECNOPUC – Parque Científico e Em operação PUCRS Porto Alegre Tecnológico da PUCRS TECNOSINOS – Parque Em operação UNISINOS São Leopoldo Tecnológico de São Leopoldo VALETEC – Parque Tecnológico Em operação FEEVALE Campo Bom do Vale do Sinos TRINO PARK – Parque Em implantação UCS Caxias do Sul Tecnológico do Polo de 4 A REGINP tem como principal papel promover o crescimento das Incubadoras e dos Parques Tecnológicos associados, através de ações institucionais que fomentem geração de renda, novos produtos, empregos e sustentabilidade econômico-financeira (http://www.reginp.org.br consultado em 20/08/2011). 4 Informática de Caxias do Sul CECan – Centro de Empreendedorismo e Parque Tecnológico de Canoas PTU – Parque Tecnológico da Ulbra Parque da UFRGS – Parque Científico e Tecnológico da UFRGS Parque Cientec – Fundação de Ciência e Tecnologia UPFTEC – Universidade de Passo Fundo IPTEC – Ijuí Pólo Tecnológico UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul INOVATES – Centro de Inovação Tecnológica da UNIVATES UFSM – Universidade Federal de Santa Maria Parque Tecnológico da Zona Sul Em implantação UNILASALLE Canoas Em projeto ULBRA Canoas Em projeto UFRGS Porto Alegre Em projeto SCT Porto Alegre Em projeto UPF Passo Fundo Em projeto Em projeto UNIJUÍ UNISC Em projeto UNIVATES Ijuí Santa Cruz do Sul Lajeado Em projeto UFSM Santa Maria Em projeto Informação insuficiente sobre o quesito Informação insuficiente sobre o quesito Fonte: Elaborado pela autora segundo dados disponibilizados pela REGINP, 2011. De acordo com a revista LOCUS5 de março de 2011: O Brasil está se tornando um polo de atração de centros de pesquisa de empresas globais. General Eletric (GE), Dell, HP e Schlumberger são exemplos disso. Todas essas empresas instalaram ou estão instalando escritórios de pesquisa e desenvolvimento em parques tecnológicos do país. O motivo? Oportunidades de negócios que setores importantes, como o petróleo e gás (P&G), geram para as multinacionais, a proximidade que os parques promovem entre o setor produtivo e a academia e o acesso a mão de obra qualificada (DIAS, 2011, p.22). Desta forma, as multinacionais e demais empresas nacionais apresentam-se em busca de um ambiente inovativo. No outro lado estão as universidades, que oferecem, além da atmosfera acadêmica com pesquisas de ponta, a mão de obra qualificada. Os parques 5 A revista LOCUS é uma publicação da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC. 5 tecnológicos, por sua vez, exercem a função de mediar e gerenciar a parceria universidadeempresa. O cenário regional é caracterizado pela presença de três parques em operação no Estado do Rio Grande do Sul, todos com tendência a se equipararem nos serviços ofertados em aspectos técnicos e funcionais. Por essa razão, justificamos o estudo e a avaliação dos ativos das marcas de Parque Tecnológicos em operação no Estado do Rio Grande do Sul como fator de diferenciação para a captação de empresas. 2.2 OS PARQUES TECNOLÓGICOS E SUAS MARCAS – A MARCA COMO ATIVO DE VALOR Os Parques Tecnológicos eleitos para realização do estudo em relação às suas marcas foram escolhidos a partir do estágio de desenvolvimento do empreendimento. Este trabalho está direcionado ao estudo das marcas dos parques TECNOSINOS, TECNOPUC e VALETEC, que se caracterizam por estarem em operação no Estado do Rio Grande do Sul e por possuírem empresas já instaladas, conforme apresentado na tabela 2. Tabela 2 – Marcas de Parques Tecnológicos em operação no RS Início das Local de MARCA Razão de Ser atividades Origem 1999 São Objetivo Geral: O Tecnosinos tem como Leopoldo objetivo criar o ambiente necessário para a implantação de empresas de base tecnológica, possibilitando seu surgimento, crescimento e geração de valor agregado e impactando no desenvolvimento socioeconômico e ambiental brasileiro. 2003 Porto Missão: Criar uma comunidade de pesquisa Alegre e inovação transdisciplinar por meio da colaboração entre academia, empresas e governo visando aumentar a competitividade dos seus atores e melhorar a qualidade de vida de suas comunidades. Visão: Em 2010 o TECNOPUC será referência nacional e internacional pela relevância das pesquisas com a marca da inovação, promovendo o desenvolvimento técnico, econômico e social da região. 2005 Campo Visão: A Valetec tem como objetivo geral Bom promover ações visando o desenvolvimento tecnológico da região na qual está inserida; buscando a integração regional, o incentivo ao empreendedorismo, a criação e o desenvolvimento de empresas e a pesquisa. 6 Fonte: Sites dos parques tecnológicos TECNOSINOS (www.tecnosinos.com.br), TECNOPUC (www.pucrs.br/agt/tecnopuc) e VALETEC (www.valetec.org.br). Acessados pela autora em 07/07/2011. Os três parques tecnológicos em operação no Rio Grande do Sul apresentados na tabela 2 se equiparam na qualidade da infraestrutura oferecida às empresas e na qualificação profissional de seus pesquisadores. A diferenciação dos parques está apoiada no branding, termo definido como o conjunto de atividades que tem por objetivo o aperfeiçoamento e efetivação da gestão de marcas com o propósito de se criar um diferencial competitivo face à concorrência, fortalecendo a marca. (KELLER e MACHADO, 2006). Para Jungmann e Bonetti (2010), branding é o trabalho de construção e gerenciamento de uma marca junto ao mercado. Sua execução é formada por ações de marketing que a posicionam e a divulgam. Dessa forma, a marca ganha status, tornando-se parte da cultura de determinado local, região, estado ou país. Se no business to consumer (B2C), termo que define a marca que se relaciona diretamente com o consumidor final, ela se torna decisiva na determinação de compra de um bem ou serviço, remetendo às informações recebidas pelas ações de marketing e às experiências de compras anteriores. Na relação business to business (B2B), conceito que define as marcas que prestam serviços ou produzem produtos para outras empresas a fim de se fortalecer com esta parceria, a associação de uma empresa a outra marca agrega status e valor (MOREIRA e NETO, 1998; HUTT e SPEH, 2002). No caso em questão as marcas são B2B por tratar-se de uma empresa em negociação com o Parque Tecnológico, ao contrário do B2C. Para Hutt e Speh (2002), afiliar-se a uma marca é um meio pelo qual se potencializa o tipo de empreendimento que se é ou que se gostaria de ser. Dessa forma, de acordo com Keller e Machado (2006), a marca é um ativo extremamente valioso também para as empresas, visto que cumpre a finalidade de identificação do produto/ serviço e oferece proteção legal à organização por meio do deferimento de seu registro. Mediante a obtenção do certificado de registro, o titular tem direito ao uso exclusivo da marca em todo território nacional e poderá impedir os concorrentes, bem como solicitar esclarecimentos judiciais de qualquer indivíduo ou empresa que utilizar sinais distintivos (tais como logotipo, marca registrada ou desenho de embalagem) semelhantes, que possam confundir o consumidor (JUNGMANN e BONETTI, 2010). Na ótica de Aaker (2001, p.27), as marcas registradas mais sólidas são aquelas gerenciadas não apenas em função da recordação, do reconhecimento e da familiaridade (o que o autor chama de conscientização geral), mas também em função da conscientização estratégica. Se gerenciada por meio de uma estratégia consistente de branding, uma marca, legalmente protegida e bem desenvolvida no mercado, passa a ser um patrimônio significativo para empresa. Cabe reforçar ainda o objetivo do marketing, que é o de: [...] criar e atrair valor para o consumidor. As empresas usam suas marcas para construir interesse, estima e respeito. Elas sabem que, quando 7 esses atributos se deterioram e os consumidores deixam de confiar nas marcas, a fidelidade diminui e as pessoas deixam de comprar ou então ficam à espera de incentivos, como descontos de preço, para voltar a ser fiéis (GERZEMA e LEBAR, 2009, p.15). A marca, estabelecendo estratégias de branding aliadas às de marketing, torna-se um ativo valioso, capaz de influenciar o comportamento do consumidor. Além disso, se compradas ou vendidas, fornecem ao seu titular a segurança de receitas futuras constantes (KELLER e MACHADO, 2006). Keller e Machado (2006) recordam que, em 1980, houve um “frenesi” de fusões e aquisições. Esse período foi marcado pela procura dos investidores de Wall Street por empresas subvalorizadas com as quais fosse possível realizar lucros por meio de investimentos ou de aquisições do controle. Dentre os ativos primários subvalorizados destacavam-se as marcas, uma vez que não eram contabilizadas nos balanços das empresas. Em Wall Street é implícita a crença de que as marcas fortes resultam em melhor desempenho de receitas e lucros para as empresas, o que, por sua vez, cria valor para os acionistas. Tanto para Aaker (2001), como para Keller e Machado (2006), e também, para Gerzema e Lebar (2009) enfatiza-se o conceito de marca acompanhada da característica intangibilidade, com necessidade de gerenciamento, por agregar valor ao produto/serviço, embora esteja fisicamente dissociado deste. Segundo Gerzema e Lebar (2009) o valor de uma marca varia de acordo com o valor que a empresa atribui aos intangíveis. Atualmente, eles são fatores significativos no desempenho da empresa como um todo e de seu valor no mercado, colaborando muito mais do que valor das vendas e dos lucros. (GERZEMA e LEBAR, 2009). Assim como para todo bem intangível, a valoração de uma marca é um cálculo inexato, isso porque, ainda hoje, os métodos contábeis tradicionais não dispõem de uma fórmula precisa para estimar o valor agregado de intangíveis para o valor da empresa. Entretanto, a maioria dos modelos contábeis reconhece que nomes de marca, logotipos e outras propriedades intelectuais fazem parte do valor intangível geral da organização (GERZEMA e LEBAR, 2009). Ainda de acordo com esses autores, os intangíveis abrangem o valor estimado dos itens como marcas, posição de mercado, vantagens operacionais, processos proprietários, acordos de franquia, lista de clientes, patentes, direitos autorais e a reputação da empresa. Diante da importância do ativo intangível, sobretudo das marcas, para as organizações, cabe aprofundarmos nossos estudos sobre o brand equity, termo às vezes traduzido como “valor da marca”, diz respeito ao valor intangível agregado a uma empresa em consequência de seus esforços bem-sucedidos de estabelecer uma marca forte. O brand equity representa a atratividade de uma marca no mercado e permite que as empresas cobrem preços premium por seus produtos e serviços, contribuindo, assim, para aumento da margem de lucro (GERZEMA e LEBAR, 2009). Além disso, trata-se de um modelo de gerenciamento do valor da marca proposto por Aaker (1998) e utilizado universalmente até hoje. 8 O autor descreve este modelo como um conjunto de ativos e passivos vinculados a uma marca, seu nome e seu símbolo, que se adicionam ou se subtraem do valor proporcionado por um produto ou serviço para uma organização e/ou seus consumidores. Na prática, podemos resumir este enfoque em cinco categorias, conforme é definido a seguir e apresentado na figura 1: (1) lealdade à marca: trata-se da capacidade que o consumidor tem em desenvolver fidelidade à marca; (2) conhecimento do nome: refere-se ao nível de conhecimento e de familiaridade com a marca ou com aquilo que ela agrega ao consumidor; (3) qualidade percebida: quando uma marca tem associada a ela uma percepção de qualidade geral, além das especificações técnicas, que remetem às características do produto/ serviço (fator determinante para prática do sobrepreço Premium); (4) associações da marca: faz menção ao posicionamento da marca, seja através de seus slogans, personagens ou estilos de vida; e (5) outros ativos da empresa: representam os outros ativos de valor da marca, tais como patentes, marcas registradas, software, licenciamentos, franquias; tudo aquilo que cria vantagem competitiva e que não se enquadra nos itens anteriores. Figura 1 – Brand Equity. Fonte: Aaker (1998, p.18). 9 Ao cumprir seu papel em agregar valor para o consumidor, o brand equity, também acrescenta valor para a empresa, por meio da: [...] geração marginal de fluxo de caixa sob, pelo menos, seis formas: 1º) pode dar destaque a programas para atrair novos consumidores ou reconquistar antigos [...] 2º) as quatro últimas dimensões do brand equity podem ressaltar a lealdade à marca [...] 3º) o brand equity usualmente proporciona maiores margens, por permitir tanto um premium price como a menor utilização de promoções [...] 4º) o brand equity pode proporcionar uma plataforma para o crescimento via extensões da marca [...] 5º) o brand equity pode dar novo impulso ao canal de distribuição [...] 6º) os ativos do brand equity proporcionam uma vantagem competitiva que frequentemente representa uma barreira real aos concorrentes (AAKER, 1998, p.17-18-19). O conceito de brand equity proposto por Aaker (1998) foi utilizado neste trabalho, em detrimento aos demais modelos referidos por outros autores, devido a afinidade com o modelo de avaliação dos ativos intangíveis da marca BrandAsset® Valuator (BAV), uma ferramenta exclusiva de valoração de marcas utilizada pela Young & Rubicam6, há mais de 15 anos, e RepTrak™, desenvolvido pelo Reputation Institute7. 2.3 BRANDASSET® VALUATOR E REPTRAK™: MODELOS DE AVALIAÇÃO DA MARCA APLICADOS AOS PARQUES TECNOLÓGICOS EM OPERAÇÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Neste estudo aplicou-se o modelo de avaliação de marca BrandAsset® Valuator (BAV) nos três parques tecnológicos em operação no RS. O objetivo dos modelos é identificar quanto o consumidor conhece e valoriza a marca, medindo seu valor atual e a sua potencial tendência para o futuro. O BAV® é estabelecido a partir de quatro pilares que possibilitam posicionar e interpretar o movimento e o sucesso de uma marca. São eles: diferenciação, relevância, estima e familiaridade (GERZEMA e LEBAR, 2009). Apresentamos, na Figura 2, a estrutura dos quatro pilares do BAV®; e podemos verificar que eles são agrupados em dois conjuntos para determinar a vitalidade da marca (diferenciação energizada e relevância) e a estatura da marca (estima e familiaridade). 6 Young & Rubicam (Y&R) foi criada em 1923, nos Estados Unidos. Hoje, possui 163 escritórios espalhados por 81 países dos cinco continentes. Líder do ranking de agências brasileiras, nos últimos anos, de acordo com o Instituto Ibope Monitor, a Y&R Brasil é responsável pela comunicação de alguns dos principais anunciantes do país (Fonte: http://yrbrasil.com.br). 7 Reputation Institute é a principal organização internacional dedicada ao conhecimento avançando sobre reputação corporativa e prestação de assistência profissional para empresas interessadas em medir e gerenciar suas reputações de forma proativa. Fundada em 1997, Reputation Institute foi e continua sendo uma empresa pioneira e líder mundial no desenvolvimento de ferramentas de medição e na oferta de consultoria e aconselhamento para empresas líderes em todo o mundo (Fonte: http://www.reputationinstitute.com). 10 Figura 2 – Pilares de avaliação da marca Fonte: Gerzema e Lebar (2009, p.50). Essas duas medidas cruzadas formam, respectivamente, os eixos X e Y de um gráfico: o PowerGrid, no qual posicionamos o status atual da marca no mercado (a estatura) em comparação ao seu potencial de crescimento futuro (a vitalidade). Na figura 3, mostramos os quadrantes onde cada marca está posicionada em determinado momento, comparada a outras marcas. Dessa forma, é mapeado o desempenho das marcas, plotando-as em um dos quadrantes, que determinam o posicionamento da marca de uma forma extremamente específica e precisa (GERZEMA e LEBAR, 2009). Figura 3 – O BAV® PowerGrid. Fonte: Gerzema e Lebar (2009, p.53) adaptado pela autora. O modelo BAV® visto dessa forma, nos quadrantes do PowerGrid, simboliza os movimentos, a fluidez e o dinamismo do mercado, bem como aquilo que as marcas são capazes ou não de fornecer a ele; além de permitir verificar padrões de crescimento, saúde, 11 decadência ou reputação ao longo do tempo. Gerzema e Lebar (2009, p. 55) afirmam que, ao observar as marcas ao longo do seu ciclo de vida, percebemos “a importância de se terem estratégias casadas de desenvolvimento de marca e de desenvolvimento do negócio. Quando falta alinhamento, as bolhas se formam”. A reputação, por sua vez, é um atributo valioso e frágil para a organização. A chave para o sucesso de sua obtenção está diretamente associada à capacidade organizacional em transmitir aos consumidores credibilidade e entender da melhor forma possível o lugar onde ela está depositada, levando em conta o olhar e a percepção do público (ROSA, 2006). Também utilizamos neste estudo o modelo RepTrak™ para analisar a reputação das marcas enquanto ativo mais valioso e duradouro de uma organização. Esse modelo trata-se de uma ferramenta, desenvolvida pelo Reputation Institute, para medir a reputação corporativa. Ela está baseada na teoria de que reputações são atributos e atitudes emocionais desenvolvidas pelos stakeholders (partes interessadas) em relação às organizações8. O modelo compreende a reputação através de sete dimensões, conforme podemos visualizar na figura 4; e estas são consideradas fatores-chave que mais influenciam na reputação da empresa: Figura 4 – Sete dimensões que avaliam a reputação. Fonte: Adaptado de Reputation Institute (2011). (1) Produtos/ Serviços: a organização valoriza seu produto/ serviço e representa um diferencial para o consumidor/ cliente. (2) Inovação: a organização investe esforços em inovação. (3) Lugar para trabalhar: a organização propicia um ambiente agradável e sadio de trabalho. (4) Governança corporativa: o modelo de governança é percebido pelo público. (5) Cidadania corporativa: a organização contribui com a sociedade. (6) Liderança: a organização tem liderança no mercado e no setor de atuação. (7) 8 Fonte: http://www.reputationinstitute.com/ acessada em 20/08/2011. 12 Performance/Desempenho: o desempenho da organização é percebido de forma coerente e integrada. Estabelecidas as variáveis de análise na seção seguinte serão abordados os procedimentos metodológicos que subsidiaram essa pesquisa. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente estudo baseou-se na aplicação de dois métodos: pesquisa exploratória e conclusiva. A primeira, desenvolvida mediante a técnica de levantamento bibliográfico, teve o objetivo de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato (GIL, 1999). A seguinte, realizada com abordagem quantitativa e análise estatística, de natureza descritiva, foi concebida com a finalidade de auxiliar o tomador de decisão a determinar, avaliar e selecionar o melhor curso de ação em determinada situação (MALHOTRA, 2001). Para a realização desta pesquisa, utilizou-se um questionário eletrônico formal do Google Docs9 contendo cinco perguntas estruturadas e fechadas, sendo as quatro primeiras escalares de 1 a 10 e a última contendo sete variáveis na grade com escalas de 1 a 5, adaptado para cada marca de parque tecnológico. Teve como base os indicadores de Brand Equity, segundo os modelos: BrandAsset® Valuator – diferenciação e relevância (vitalidade da marca), estima e familiaridade (estatura da marca) – e RepTrak™ – produtos/serviços, inovação, lugar para trabalhar, governança corporativa, cidadania corporativa, liderança e performance/desempenho, estes indicadores avaliam o comportamento e a reação do consumidor quanto aos atributos e à reputação da marca, conforme apresentado na tabela 3. Tabela 3 – Perguntas estruturadas e fechadas ® BRANDASSET VALUATOR Qual o grau de diferenciação da marca ..... ? 1 Grau de diferenciação: o quanto ela é distinta das demais em seu segmento de mercado. Qual o grau de relevância da marca ..... ? 2 Grau de relevância: o quanto ela é pertinente e importante para o mercado. Como consumidor ou consumidor em potencial da marca ..... , qual seu grau de estima 3 para com ela? Grau de estima: quanto carinho, consideração e respeito você tem para com ela. Como consumidor ou consumidor em potencial da marca ..... , qual seu grau de 4 familiaridade para com ela? Grau de relevância: o quanto ela é pertinente e importante para o mercado. REPTRAK™ 5 Por fim, avalie as sete dimensões a seguir considerando a marca ..... : 9 Google Docs é um pacote de aplicativos do Google baseado em AJAX. Funciona totalmente on-line diretamente no browser. Os aplicativos são compatíveis com o OpenOffice.org/BrOffice.org, KOffice e Microsoft Office, e atualmente compõe-se de um processador de texto, um editor de apresentações, um editor de planilhas e um editor de formulários (fonte: http://ogoogledocs.blogspot.com/2011/03/conceito-de-google-docs.html). 13 A B C D E F G Produtos/ serviços Inovação Lugar para trabalhar Governo corporativo Cidadania corporativa Liderança Performance/ desempenho ® Fonte: Elaborado pela autora com a adaptação das ferramentas de BrandAsset Valuator da Young & Rubicam (Y&R) e RepTrak™ da Reputation Institute. Para uma avaliação pertinente dos ativos intangíveis das três marcas, foi desenhado um plano de trabalho dividido em três fases: notificação prévia, coleta de dados e análise dos resultados. Na primeira etapa, foi enviado um ofício de notificação prévia aos empresários dos parques, no caso a população da pesquisa, onde foram informados do período de realização e esclarecidos os objetivos da pesquisa, bem como feita a solicitação de colaboração. De acordo com Malhotra (2001, p. 358) “essa notificação aumenta os índices de resposta para amostras do público em geral, porque reduz a surpresa e a incerteza e cria uma atmosfera de maior cooperação”. Na fase de coleta de dados, o questionário foi encaminhado via correio eletrônico para 205 empresários (72 Tecnopuc, 71 Tecnosinos e 62 Valetec), durante o período de 17 a 26 de agosto de 2011, desses obteve-se um retorno de 94 questionários válidos (38 Tecnopuc, 35 Tecnosinos e 21 Valetec), o que representa 46% de resposta total, considerando a média dos percentuais por parque (53% Tecnopuc, 49% Tecnosinos e 34% Valetec). Tendo em vista a necessidade de estabelecer uma amostra estatística intencional e equivalente para todos os parques, elegeu-se uma taxa de resposta de 30%, que, segundo Malhotra (2001) trata-se de um bom índice. Dessa forma, os demais questionários considerados válidos foram descartados de acordo com a ordem de retorno, do último enviado ao antepenúltimo, e assim por diante, até chegar ao número proposto pelo percentual de 30% para cada parque, conforme apresentado na tabela 4. Tabela 4 – Delimitação do número amostral por parque PARQUE TECNOLÓGICO Nº DE QUEST. ENVIADOS Nº DE QUEST. RESPONDIDOS % TOTAL DE RETORNO Nº DE QUEST. DESCARTADOS Nº DE QUEST. VÁLIDOS P/ AMOSTRA DE 30% TECNOPUC TECNOSINOS VALETEC TOTAL 72 71 62 205 38 35 21 94 53% 49% 34% 46% 16 14 2 33 22 21 19 62 Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados coletados. 4 RESULTADOS A seguir, apresentamos a análise e interpretação dos dados, considerando a metodologia exposta na seção 3 e o referencial teórico. O objetivo desta pesquisa foi 14 analisar o comportamento dos indicadores de BrandAsset® Valuator (BAV) das marcas escolhidas, bem como mensurar os atributos da reputação de acordo com as sete dimensões propostas pelo RepTrak™. Cabe salientar que as três marcas desse estudo preocupam-se com a proteção legal de seu nome e figura, uma vez que as marcas TECNOPUC e VALETEC obtiveram pedido de registro deferido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), respectivamente, em 2009 e 2010. A marca TECNOSINOS aguarda o deferimento do seu pedido junto ao órgão federal. A primeira etapa de tratamento dos dados consistiu na análise descritiva das estatísticas dos indicadores de BAV®, a fim de compreender o comportamento das marcas em estudo. Gráfico 1 – Análise estatística dos quatro pilares BrandAsset® Valuator das marcas dos Parque Tecnológicos Gaúchos. Média (%) TECNOSINOS 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0 3,0 2,0 1,0 0,0 8,5 7,7 TECNOPUC 8,0 8,4 7,7 Relevância 8,3 8,6 8,3 8,3 7,6 7,0 Diferenciação VALETEC Estima 7,7 Familiaridade Indicadores de BAV® Fonte: A autora (2011). Conforme observamos no gráfico 1, num intervalo de 0,0 a 10,0, no que tange à diferenciação, a marca TECNOPUC com média de 8,5%, é considerada distintiva em relação às demais em seu segmento de mercado, como podemos perceber em comparação o TECNOSINOS com 7,7% e a VALETEC com 7,0%. Nesse patamar, ela apresenta maior capacidade em atrair fidelidade e poder de estabelecer margens (GERZEMA e LEBAR, 2009), uma vez que, ela tem maior grau de distintividade em relação às marcas regionais existentes no seu segmento de mercado, e por isso, a diferenciação, é um fator muito importante para o futuro da marca. Dessa forma, para a marca não adianta ter uma relevância alta, a mesma ficará paralisada, e fácil de ser confundida – pelo fato de não se diferenciar – em meio aos seus concorrentes se não apresentar diferencial aos consumidores. 15 A relevância, por sua vez, indica o quanto a marca é percebida como apropriada para os clientes e ao mercado. Os índices de 8,4% e 8,0%, respectivamente, do TECNOPUC e do TECNOSINOS, demonstram que essas marcas apresentam maior potencial de penetração no mercado em relação ao índice de 7,7% da VALETEC, por apresentarem melhores resultados no indicador de relevância, pois sem pertinência e importância a marca enfraquece e torna-se sedenta por clientes no mercado onde atua. Em relação à estima, tanto as marcas TECNOSINOS e TECNOPUC, ambas com índices de 8,3%, como a VALETEC, com média de 7,6%, inferior ao das demais, revelam a consideração e o respeito que o cliente tem em relação às marcas. Portanto, quanto maior for o resultado do indicador de estima, maior será o carinho, a admiração e a qualidade percebida pelo cliente. A familiaridade indica o grau de awareness (consciência) do público em relação à marca, pressupondo que ele conheça a existência da marca e identifique o quanto ela está presente em sua vida. Por esse motivo, este se constitui no indicador com índices mais expressivos em todas as marcas: TECNOPUC (8,6%), TECNOSINOS (8,3%) e VALETEC (7,7%). Desta forma, quanto maior for a familiaridade, mais consumidores acreditarão saber o que a marca representa. Com efeito, as marcas estudadas apresentam força nas dimensões estima e familiaridade, o que, segundo Gerzema e Lebar (2009), significa que todas conseguiram se estabelecer no coração e na mente dos clientes. Na etapa seguinte, plotamos as pontuações das marcas para a medição da vitalidade, que prevê o valor do crescimento futuro da marca, e da estatura, o qual mostra o valor operacional presente na marca, com a finalidade de desenhar um quadro holístico de sua situação com os indicadores de desempenho que contemplam o futuro. Conforme afirmam Gerzema e Lebar (2009, p. 55), “à medida que plotamos os PowerGrids, podemos literalmente estudar e rastrear a evolução das marcas por meio de seus movimentos”. Figura 5 – PowerGrid dos indicadores de BrandAsset® Valuator das marcas de Parques Tecnológicos Gaúchos. 16 Fonte: A autora (2011). O eixo das ordenadas apresenta a vitalidade da marca (quanto mais acima do gráfico, maior sua vitalidade); o eixo das abscissas representa a estatura da marca (quanto mais à direita, maior sua estatura). Ambos são constituídos, concomitantemente, a partir da média entre os indicadores diferenciação e relevância e da média entre os indicadores estima e familiaridade. De acordo com Gerzema e Lebar (2009), quando posicionadas no quadrante liderança, as marcas são simplesmente irresistíveis. No estudo realizado, observa-se que as três marcas se encontram nessa posição: logo, percebemos que, ao longo do tempo, elas conseguiram construir tanto vitalidade quanto estatura da marca. No entanto, conforme é apresentado na figura 5, as marcas VALETEC e TECNOSINOS permaneceram mais próximas da linha diagonal que transpassa pelo meio quadrante liderança, o que significa que sua estatura – respectivamente 7,6 e 8,3 – se tornou maior do que a sua vitalidade – equivalente a 7,4 e 7,8. As marcas que desfrutam dessa posição geralmente mantém a liderança em sua categoria, mas sua capacidade de estabelecer uma política de preços e gerar crescimento futuro está em queda. Isto pode ser observado principalmente em relação aos resultados obtidos pela marca TECNOSINOS, que apresentam maior distanciamento entre os dois índices. Embora a marca VALETEC ainda possa apresentar vitalidade de 7,4%, com o índice de diferenciação (7,0%) menor que o de relevância (7,7%), sua singularidade está desaparecendo e o preço ou a conveniência estão tornando os principais fatores determinantes de escolha para os clientes. Nessa posição, a marca VALETEC tende a ser mais racional do que criativa (GERZEMA e LEBAR, 2009). Em relação à marca TECNOPUC, com maior vitalidade, por apresentar níveis altos de diferenciação (8,5%) e relevância (8,4%), e também com maior grau de equivalência. Eles demonstram que a marca se destaca perante aos clientes de uma forma significativa. Nessa posição ela se torna líder para estabelecer variáveis, tais como maiores margens, lealdade e volume (GERZEMA e LEBAR, 2009). Destacamos a posição ocupada pela marca TECNOPUC no que tange à estatura (8,5%) e à vitalidade (8,4%), praticamente equivalentes: podemos afirmar que as marcas que se encontram nessa posição têm lucratividade alta, alto poder de estabelecer margens e maior potencial de criar valor futuro. Por fim, realizamos a análise de dados descritiva das estatísticas obtidas por meio dos indicadores da ferramenta RepTrak™ (produtos/ serviços, inovação, lugar para trabalhar, governança corporativa, cidadania corporativa, liderança e performance/desempenho) para mensurar os atributos que mais impactam na reputação das marcas. 17 Gráfico 2 – Análise estatística das sete dimensões do modelo RepTrak™ que avaliam a reputação dos Parques Tecnológicos Gaúchos. Fonte: A autora (2011). Quanto à avaliação da reputação das marcas dos Parques Tecnológicos gaúchos, considerando a média geral dos atributos avaliados, num intervalo de 0,0 a 5,0, demonstraram favorabilidade a marca TECNOPUC (3,7) com relação às demais – TECNOSINOS (3,5) e VALETEC (3,4) – conforme podemos verificar no gráfico 2. Portanto, a marca TECNOPUC destaca-se em quatro índices com resultados acima da média, sendo eles: Lugar para trabalhar (4,2), Inovação (3,8), Performance/desempenho (3,7) e Liderança (3,6). Entretanto, a marca TECNOSINOS também se mostrou forte em relação ao indicador Lugar para trabalhar, com resultado de 3,8; bem como a marca VALETEC em relação ao atributo Inovação, com índice de 3,6. Se compararmos os outros três atributos – Produtos/serviços, Governo corporativo, Cidadania coorporativa – percebemos que eles não apresentam variação relevante entre as marcas estudadas, com exceção ao resultado do indicador Governo corporativo (3,1) na marca VALETEC. 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo buscou analisar o comportamento dos indicadores de BrandAsset® Valuator (BAV) das marcas de Parques Tecnológicos em operação no Estado do Rio Grande do Sul, bem como mensurar os atributos da reputação de acordo com as sete dimensões propostas pelo RepTrak™, tendo como públicos-alvo empresários com negócios nos parques tecnológicos (VALETEC, TECNOSINOS e TECNOPUC), e os resultados demonstraram que em todos os quesitos estudados a marca TECNOPUC obteve melhor posicionamento em relação às marcas TECNOSINOS e VALETEC, há um certo equilíbrio entre o valor da marca percebido pelos entrevistados com relação aos parques, com uma pequena vantagem para o TECNOPUC. Daí, pode-se inferir que uma das razões pode ser atribuída ao ambiente dinâmico e positivo de trabalho, que reflete na imagem percebida, mensurada com destaque pelo indicador do RepTrak™ melhor lugar para trabalhar em relação os outros parques. Além disso, com menos impacto, no entanto também relevante o TECNOPUC destacou-se pelos fatores-chaves: inovação, performance/desempenho e liderança. As marcas classificadas como atuantes no mercado de massa, TECNOSINOS e VALETEC, apresentaram as seguintes características predominantes, respectivamente: lugar para trabalhar e inovação. Na finalização deste estudo, ressaltamos que, apesar dos dados utilizados terem sido originados a partir de pesquisa quantitativa realizada por meio do modelo BrandAsset® Valuator, buscou-se evitar as interpretações subjetivas. Para tanto, utilizou-se o modelo RepTrak™ para apoio das análises e interpretações. Isto ofereceu subsídios às argumentações, na medida em que a análise estatística foi repetida como meio de se confirmar os resultados obtidos. 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAKER, David A. Marcas: Brand Equity gerenciando o valor da marca. São Paulo: Elsevier, 1998. _______________. Criando e administrando marcas de sucesso. São Paulo: Futura, 2001. GERZEMA, John. LEBAR, Edward. A Bolha das Marcas: a iminente crise de valor das grandes marcas mundiais. Trad. Ricardo Bastos Vieira. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. HUTT, Michael D. SPEH, Thomas W. B2B: Gestão de Marketing em Mercados Internacionais e Organizacionais. Trad. Luciana de Oliveira Rocha. Porto Alegre: Bookman, 2002. JUNGMANN, Diana de Mello. BONETTI, Ester Aquemi. A caminho da inovação: proteção e negócios com bens de propriedade intelectual: guia para o empresário. Brasília: IEL, 2010. KELLER, Kevin Lane. MACHADO, Marcos. Gestão estratégica de marcas. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Trad. Nivaldo Montingelli Jr.; Alfredo Alves de Farias. Porto Alegre: Bookman, 2001. MOREIRA, César Tavares. NETO, Rafael Olivieri. Marketing business to business: é fazer ou morrer. São Paulo: Makron Books, 1998. PLONSKI, Guilherme Ary. Bases para um movimento pela inovação tecnológica no brasil. São Paulo: Revista São Paulo em Perspectiva, v. 19, n. 1, p. 25-33, jan./mar. 2005. ROSA, Márcio. A reputação – na velocidade do pensamento – imagem e ética na era digital. São Paulo: Geração Editorial, 2006. SPOLIDORO, Roberto. AUDY, Jorge. Parque científico e tecnológico da PUCRS: TECNOPUC. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. ZEN, Aurora Carneiro. HAUSER, Ghissia. A articulação e o desenvolvimento dos parques tecnológicos: O caso do Programa Porto Alegre Tecnópole. Bahia: ALTEC, 2005. 20 21