Além disso, foram realizadas técnicas de identificação dos componentes químicos majoritários presentes nos extratos, de modo a indicar quais as possíveis classes de compostos estariam envolvidas com a atividade antibacteriana observada. Foram encontradas nos resíduos quantidades relevantes de compostos fenólicos, que podem inibir o crescimento de bactérias, leveduras e mofos. Esses componentes podem atuar em diferentes regiões da célula da bactéria, como a membrana, a parede celular e até mesmo inativar enzimas, proteínas envolvidas em reações químicas importantes para a sobrevivência da bactéria. Resultados Dentre os resultados obtidos, o biólogo conseguiu descobrir que talos de beterraba, película de amendoim, bagaço de uva da variedade Pinot Noir, bagaço e sementes de uva da variedade Petit Verdot, borra de fermentação de uvas tintas e bagaço de goiaba apresentaram atividade antibacteriana contra Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus. Em relação à erva-mate, os resultados foram de que esse produto natural é capaz de combater não só as duas bactérias citadas, mas também a bactéria Salmonella enteritidis. Nenhum dos produtos avaliados, no entanto, foi capaz de inibir o crescimento da bactéria Escherichia coli, um micro-organismo contaminante bastante comum em alimentos. O biólogo reforça a ideia de que “resíduos agroindustriais apresentam componentes bioativos com potencial de aplicação pela indústria alimentícia, representando um valioso material a ser explorado, em dois sentidos: a diminuição dos riscos de veiculação de microorganismos patogênicos em alimentos e o atendimento à crescente procura dos consumidores por alimentos livres de conservantes sintéticos, hoje, as principais substâncias inibidoras de microorganismos em alimentos”. Outra vantagem da utilização de resíduos agroindustriais é o auxílio à preservação ambiental, pois muitos deles são descartados de maneira inadequada, causando danos ao meio ambiente. Para ele, “sua reutilização, além de possibilitar a redução no descarte de resíduos na natureza, atribui valor a um resíduo que até então não era reaproveitado.” Imagem: sxc.hu Mais informações: email [email protected] , com José Guilherme Prado Martin Agência USP Sandra O. Monteiro