AVALIAÇÃO SENSORIAL DE IOGURTE DE MORANGO COM ADIÇÃO DE FARINHA DE LINHAÇA Tábata Tayara Garmus (PIBIC/Fundação Araucária/UNICENTRO), Patrícia Cristina Pich (PIB/Acadêmica/UNICENTRO), Ana Maria de Oliveira Finco(PIB/Acadêmica/UNICENTRO), Mariana Alves Ângelo (PIB/Acadêmica/ UNICENTRO)José Raniere Mazile Vidal Bezerra (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual do Centro-Oeste/Setor de Ciências Exatas e Tecnologia Palavras-chave: ácidos graxos, iogurte, linhaça. Resumo: Este estudo teve como objetivo avaliar a preferência do consumidor por amostras de iogurtes enriquecidos com farelo de linhaça em diferentes concentrações, bem como avaliar suas características microbiológicas e físico-químicas. De acordo com os resultados as se mostraram viáveis no que diz respeito à aceitação. Quanto aos parâmetros físico-químicos e microbiológicos atenderam aos padrões exigidos pela legislação brasileira. Introdução Segundo a FAO/ OMS, iogurte é o produto lácteo coagulado, obtido através da fermentação lática por ação de duas espécies de bactérias lácticas: Lactobacillus delbruechii subsp. Bulgaricus e Streptococos salivarius subsp. thermophilus sobre o leite e/ou outros produtos lácteos, com ou sem aditivos opcionais (RODRIGUES, 1999). Devido ao processo fermentativo, o leite fermentado apresenta melhor digestabilidade que o leite fresco, pois seus principais constituintes foram pré-digeridos, portanto trata-se de um produto de fácil digestão além de altamente nutritivo, rico em proteínas, cálcio e fósforo (ROCHA, 2008). A semente de linhaça (linum usitatissimum L.) é um alimento originário apartir da planta linho pertencente à família Linaceae. Seu nome em Latim, linum usitatissimum, significa muito útil (MACIEL, 2006). Segundo LEE at al. (2003) citado por MACIEL (2006) a semente de linhaça é considerada hoje uma alimento funcional, depois de séculos de uso na medicina natural. Os benefícios da linhaça são atribuídos ao seu óleo rico em ômega-3 denominado ácido alfa-linolênico (ALA) lignanas e fibras. A linhaça apresenta benefícios na redução dos riscos de várias doenças, como, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, osteoporose, lupus além de prevenir alguns sintomas indesejáveis na menopausa (MACIEL, 2006). Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 O objetivo desse trabalho foi laborar iogurte enriquecido com farinha de linhaça, bem como avaliar o produto final quanto as suas características microbiológicas e físico-químicas e aceitação sensorial. Materiais e Métodos Para a elaboração das três amostras de iogurte enriquecido com 0,25%, 0,5% e 0,75% de farinha de linhaça, realizou-se o preparo a partir da mistura de leite integral homogeneizado, leite em pó desnatado (2,5%), açúcar refinado (9,0%) e blend de estabilizante e espessantes (0,65%). A mistura foi submetida a pasteurização (90°/5 minutos) e em seguida resfriada á 45°C para inoculação do fermento lácteo (Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckkii ssp. Bulgaricus) (1,5%). Após a incubação (45°C/ 4 horas), resfriou-se o iogurte a 20°C e adicionou-se aroma de morango (0,1%), polpa de morango (1,0%), ácido cítrico (0,75%) e farinha de linhaça. O produto pronto foi acondicionado em embalagens de vidro (esterilizadas) e armazenado a temperatura de 5°C, para posterior análises microbiológicas, físico-químicas e sensoriais. A caracterização microbiológica foi realizada de acordo com a metodologia descrita no Manual de Métodos e Análises Microbiológicas de Alimentos (SILVA et al., 1997). Os resultado obtidos foram confrontados com os padrões microbiológicos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento (BRASIL, 2006). O perfil sensorial das três amostras de iogurte enriquecido com farinha de linhaça foi avaliado por 30 julgadores não treinados. Realizou-se teste de preferência, utilizando uma escala hedônica. O iogurte foi avaliado quando ao pH, acidez titulável e substâncias voláteis após a evaporação. O iogurte e na farinha de linhça foram realizadas análises físico-químicas de cinzas, proteína, carboidratos, lipídeos e fibra bruta. Nas determinações físico-químicas foram utilizadas as metodologias descritas nas Normas do Instituto Adolfo Lutz (1985) e no Fundamentos Teóricos e Práticos em Análise de Alimentos (CECCHI, 2003). Resultados e Discussão Os resultados das análises microbiológicas do iogurte enriquecido com farinha de linhaça estão na Tabela 01, juntamente com os padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (2006). Tabela 01 - Caracterização microbiológica de iogurte enriquecido com farinha em comparação com os padrões microbiológicos estabelecidos pela legislação. Microrganismos Iogurte Enriquecido com Farinha de Linhaça Bolores e Leveduras < 10 Critérios Microbiológicos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura (2006) Mínimo 50 e Máximo Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 (UFC/g) Coliformes Totais (NMP/ g) Coliformes a 45°C (NMP/g) Bactérias Lácticas (UFC/g) < 10 200 Mínimo 10 e Máximo 100 < 10 Mínimo <3 e Máximo 10 6,2 x 107 Mínimo 107 O iogurte analisado possui qualidade sanitária adequada, já que apresentaram baixa contagem de coliformes, os quais são considerados microrganismos indicadores da qualidade sanitária dos alimentos. O iogurte apresentou também baixa contagem de bolores e leveduras, atendendo as exigências da legislação. O produto satisfaz o estabelecido pelos Padrões de Qualidade e Identidade de Leites Fermentados (BRASIL, 2006). Através da análise sensorial observou-se que as amostras com diferentes concentrações de farinha de linhaça não apresentam diferença significativa entre si (p<0,01) e foram bem aceitas pelos provadores. Tabela 02 - Caracterização Físico-Química da Farinha de Linhaça comparado com a Farinha de Aveia. Análises Físico-Químicas Farinha de Linhaça Carboidratos (%) Cinzas (%) Fibras (%) Lipídeos (%) Proteína (N x 6,25)(%) Umidade (%) 8,48 ± 0,3 3,4 ± 0,04 25,24 ± 0,75 33,13 ± 0,4 22,09 ± 0,17 7,66 ± 0,18 Aveia segundo WEBER (2002) 50,73 ± 0,42 1,95 ± 0,02 13,32 ± 0,16 7,04 ± 0,22 15,07 ± 0,43 11,89 ± 0,07 *Valores relativos à média ± desvio padrão das amostras de iogurte analisadas em triplicatas. Através da Tabela 02 é possível observar que a farinha linhaça apresenta maio quantidade de fibras e proteínas quando comparada com a aveia. O alto teor de lipídeo é devido a presença, de ácido graxo ômega-3 e ômega-6 responsáveis por grande parte dos efeitos benéficos da semente de linhaça. A linhaça também apresentou um contudo de cinzas superior ao da aveia, que corresponde ao conteúdo de sais minerais presente no alimento. Segundo o Ministério da Agricultura (2006), leites fermentados tipo integral apresentam um teor de matéria gorda láctea de 3,0 a 5,9 g/100g. O iogurte elaborado com farinha de linhaça se enquadra nessa categoria. O iogurte apresentou acidez dentro do limite permitido pela legislação, que é de, no mínimo, 0,6g de ácido láctico/100g de iogurte e, no máximo, 1,5g de ácido láctico/100g de iogurte (BRASIL, 2006). Anais da SIEPE – Semana de Integração Ensino, Pesquisa e Extensão 26 a 30 de outubro de 2009 Conclusões As análises físico-químicas e sensorial evidenciaram um produto de boa aceitação pelos julgares, além de rico em fibras, proteínas e lipídeos na forma de ácido graxos ômega-3 e ômega-6, responsáveis pelos efeitos benéficos da semente de linhaça. As características físico-químicas e microbiológicas do iogurte enriquecido com farinha de linhaça encontram-se de acordo com as normas estabelecidas pela legislação para leites fermentos destinados ao consumo. Referências 1. BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento; Secretaria da defesa agropecuária. Departamento de Isnpeção de produtos de Origem Animal. Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) de Leites Fermentados. Resolução n° 5, de 13 de novembro de 2000. 2. DUTCOSKY, S. D. Análise Sensorial de Alimentos. Curitiba: Ed. Universitária Champagnat, 123p, 1996. 3. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Determinações Gerais. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. 3ed., São Paulo, 1985, U.1. 4. MACIEL, Leda Maria Braga. Utilização de Farinha de Linhaça (linum usitatissimum) no Processamento de Biscoito Tipo “Cracker”: Características Físico-Químicas, Nutricionais e Sensoriais. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Alimentos) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza. 5. ROCHA, C. et al. Elaboração e Avaliação de Iogurte Sabor Frutos do Cerado. B. CEPPA, Curitiba v. 26, n. 2, p. 255-266, jul/dez. 2008. 6. RODRIGUES, Fernando César. Lácteos Especiais. Juiz de Fora, 151 p, 1999. 7. SILVA, Neusely da et al. Manual de Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 1997. 8. WEBER, Fernanda Hart; GUTKOSKI, Luiz Carlos; ELIAS, Moacir Cardoso. Caracterização química de cariopses de aveia (Avena sativa L) da cultivar UPF 18. Ciência Tecnologia de Alimentos, vol.22, n °.1, Campinas, Jan./Apr. 2002. 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