MOVIMENTO E EDUCAÇÃO INFANTIL NO PIBID MACKENZIE EDUCAÇÃO FÍSICA: O TRABALHO COM CIRCUITOS PARA CRIANÇAS DE 1 E 2 ANOS Estefani Divino de Melo Gabriela Santos Elias Isabel Porto Filgueiras RESUMO O objetivo do trabalho foi descrever uma experiência didática com crianças de 1 e 2 anos. A proposta visava proporcionar aprendizagens corporais diversificadas para as crianças por meio da exploração de circuitos com materiais disponíveis na escola como colchões, pneus, arcos, mesas, cadeiras e bancos. O trabalho aconteceu no âmbito do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) Mackenzie / Educação Física. Em parceria com as professoras pedagogas, a professora de Educação Física e os bolsistas de iniciação à docência. As atividades com as crianças foram desenvolvidos ao longo de 4 meses, totalizando 18 encontros. Participaram do trabalho aproximadamente 50 alunos que puderam explorar circuitos com acompanhamento e facilitação das professoras e alunos bolsistas. As crianças eram estimuladas a vivenciar movimentos espontaneamente, em seguida as professoras e alunos bolsistas criavam novos desafios, sempre valorizando a interpretação e criatividade de cada criança. A experiência do projeto proporcionou às crianças a vivência de movimentos como saltar, rolar de lado e de frente, equilibrar-se, locomover-se em diferentes apoios, escorregar, escalar e rastejar. A cada dia pôde-se perceber e registrar, por meio de vídeo gravação os avanços das crianças na experimentações e nas realizações dos movimentos, especialmente em relação ao rolamento. Evidenciou-se que as crianças perderam o receio e conseguiram ter prazer com o movimento sem ajuda das professoras e bolsistas. Os bolsistas compreenderam as especificidades do desenvolvimento motor, afetivo-social e cognitivo das crianças desta faixa etária e perceberam a necessidade de observar as interpretações das crianças aos desafios propostos. As professoras pedagogas ampliaram as possibilidades de trabalho com movimento nessa faixa etária. Palavras-chave: Brincar, Educação Física, Educação Infantil INTRODUÇÃO O trabalho com movimento e brincar para crianças de 1 a 2 anos é uma das áreas de intervenção com menor produção acadêmica e de boas práticas comparada aos demais períodos escolares, até porque, durante muito tempo o atendimento educacional a essa faixa etária esteve centrado em práticas assistencialistas e de cuidado higiênico e físico. Muitos educadores de crianças pequenas afirmam fragilidades na formação inicial e continuada sobre o desenvolvimento motor das crianças, assim como sobre estratégias didáticas para esse público. Por outro lado, em algumas redes de ensino em que as crianças são atendidas por professores de Educação Física, esses também relatam dificuldades com esta faixa etária, já que os cursos de licenciatura não abordam métodos de ensino para as crianças pequenas e não proporcionam aos licenciando vivencias produtivas com esta faixa etária. Para Faria e Palhares (1999), passamos atualmente por um momento favorável de mudanças nos campos educacionais, a reorganização das áreas governamentais e não-governamentais vem estimulando por meio de iniciativas efetivar o que a nova Constituição e a (LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) descrevem: que a Educação Infantil é direito das crianças, porém não é obrigatória e que a creche faz parte da educação básica, além da pré-escola, do ensino fundamental I/II e do ensino médio. Desde a publicação da (LDB) os diálogos entre Educação Física e Educação Infantil vêm se potencializando e ganhando espaço nas discussões educacionais. Pensar na integração e articulação desses dois campos de ensino se torna algo indispensável e necessário. Segundo Cavaralo e Muller (2009) os diferentes conceitos de infância que circulam na Educação indicam que a criança pode ser entendida como categoria social e cultural, sendo ativa na criação cultural e na expressão de e emoções e sentimentos . E na fase abrangente da educação infantil, a criança se manifesta por gestos sensoriais, motores e afetivos, que podemos caracterizar como linguagens. A riqueza da linguagem corporal possibilita às crianças reconhecer o mundo a ser vivenciado, conhecido e desfrutado com base em aprendizagens significativas. A contribuição da Educação Física na Educação Infantil se baseia no auxílio da leitura do mundo, na descoberta do espaço-corporal, na construção de si mesmo durante o processo de sociabilização e nas brincadeiras situacionais (AYOUB, 2001). Gallahue (2005) enfatiza que do ponto de vista motor, as crianças entre dois a sete anos encontram-se na fase da aquisição dos movimentos fundamentais. Sem a aprendizagem desses movimentos é um tanto quanto árduo um trabalho corporal posterior. Ou seja, a primeira infância é um período crucial para promover a expressão motora do ser humano. Uma experiência motora adequada também reflete na aquisição da alfabetização e raciocínio logico-matemático, de uma forma que a noção espacial, temporal e a lateralidade fundamentam-se na constituição de pressupostos da leitura e escrita. Neste contexto deve-se salientar que há uma necessidade de proporcionar à criança na educação infantil a maior diversidade de experiências com movimentos possíveis, numa tentativa de que ela possa experimentar os diferentes sentidos e significados do movimento em atividades que visem esse desenvolvimento e aperfeiçoamento motor, como por exemplo, circuitos e dinâmicas lúdicas, onde esses movimentos darão sentido a sua vida. O PIBID do curso de licenciatura em Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie investiu em experiências didáticas com crianças dessa faixa etária em uma escola de um município da grande São Paulo, visando integrar a formação inicial e continuada dos atores envolvidos, por meio do desenvolvimento de experiências didáticas inovadoras. Esse trabalho descreve os resultados dessa experiência. OBJETIVO Descrever uma experiência didática por meio da exploração de circuitos com materiais disponíveis na escola como colchões, pneus, arcos, mesas, cadeiras e bancos com crianças de 1 e 2 anos, em uma escola da grande São Paulo, do município de Cajamar, vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. METODOLOGIA Essa pesquisa caracteriza-se pelo caráter descritivo (THOMAS E NELSON, 2002). Foi realizada por meio de registros de campo e análise de vídeos das atividades com as crianças. O trabalho aconteceu no âmbito do PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência) Mackenzie / Educação Física em uma escola de ensino infantil. Em parceria com 3 professoras pedagogas generalista, 1 professora de Educação Física e 3 bolsistas de iniciação à docência. As atividades com as crianças foram desenvolvidos ao longo de 4 meses, totalizando 18 encontros às terças-feiras todas as semanas, com aulas de duração de 30 minutos com cada fase, no qual os bolsistas desempenhavam o trabalho em 1 sala de fase I com as crianças de 1 ano e 2 salas de fases II com as crianças de 2 anos. Participaram do trabalho aproximadamente 50 alunos que puderam explorar circuitos propostos com acompanhamento e facilitação das professoras e alunos bolsistas. As crianças eram estimuladas a vivenciar movimentos espontaneamente, em seguida as professoras e alunos bolsistas criavam novos desafios, sempre valorizando a interpretação e criatividade de cada criança. Os circuitos eram divididos em certos números de estações contendo diferentes propostas de desafios corporais, envolvendo brinquedos do playground da escola como os escorregadores, no qual a proposta em cima dessa etapa do circuito era descer pelo escorregador e em seguida por uma fileira de colchonetes dispostos no chão como objetivo de rolar lateralmente até o final da fileira. Além disso, o circuito era composto por bambolês enfileirados e/ ou em zigue zague com a proposta de que os alunos passassem por todos eles pulando da forma mais confortável ou com um ou dois pés para entrar no bambolê e para sair do mesmo. Além disso, foram utilizados no circuito objetos da escola como bancos do refeitório com barbantes amarrados em cima ligando um que serviram de túnel com o objetivo de fazer as crianças rastejarem até o final do mesmo, onde foi preciso que elas tivessem a noção de que só iriam passar pelo túnel se abaixassem a cabeça, engatilhando e/ou rastejando, aos alunos que tinham um pouco mais de dificuldade foi necessário a ajuda e auxílio das professoras e dos bolsistas. O circuito também continha outras atividades em que era necessário que os alunos saltassem de um banco estando em um plano mais alto a um plano mais baixo no caso o chão, equilibrasse-se, andando por cima de uma superfície que não fossem tão ampla quanto o chão, como, se locomovessem em diferentes ambientes da escola utilizando em alguns momentos o apoio dos envolvidos e escalar. Diante dessas estações do circuito as crianças de 1 ano precisavam de um maior apoio dos bolsistas e das professoras com relação as atividades propostas e a sequência que deveriam passar, como era uma sala com número reduzido de alunos o que se explica pela faixa etária a atenção foi mais precisa com o objetivo de que eles fizessem o proposto da melhor forma possível para seu desenvolvimento. Com os alunos maiores de 2 anos a ideia de por circuitos nas aulas foi a mesma, mas com um nível de dificuldade nas estações maior com relação a idade das crianças. Para essa faixa etária utilizou-se, por exemplo, os bambolês como componentes das estações, e a partir do momento que a atividade se desenrolava as crianças já sabiam o que tinham que fazer e como fazer para chegar na primeira estação novamente , com algumas crianças dessa faixa etária o auxílio também foi importante, mas sempre deixando que ela descobrisse sozinha a resolução do problema pra depois intervir na situação. Os movimentos que as crianças construíram a partir dos circuitos incorporaram-se a seu repertório motor, uma vez que nas aulas que se seguiram do semestre em que os bolsistas repetiram a atividade para maior assimilação, as crianças já tinham uma bagagem da atividade e lembravam-se como reproduzi-la em algumas vezes apenas visualizando o local onde a aula iria acontecer. Diferentes das outras aulas algumas das mesmas propostas foram desenvolvidas no exterior da escola em um parque com gramado, para uma diversificação do local de aula, onde o túnel com barbante foi reproduzido com o mesmo objetivo e que era esperado que as crianças o atravessassem rastejando ou engatinhando. Alguns desafios nessa diversificação da aula foram propostos, como diferentes formas de atravessar o túnel, de costas, de frente, rolando pelo túnel até o outro lado e vários outros desafios que em algumas vezes os próprios alunos criavam a maneira como os mesmos passaram e percebeu-se a partir daí um maior trabalho das aulas com tuneis. CONSIDERAÇÕES FINAIS A cada semana nos dias em que aconteciam as aulas pôde-se perceber e registrar, por meio de vídeo gravação e fotos os avanços das crianças nas experimentações e nas realizações dos movimentos envolvendo os circuitos, especialmente em relação ao rolamento, onde passaram a realizar um rolamento lateral continuo e no lugar destinado da forma mais adequada possivel. Evidenciou-se após algumas aulas que as crianças perderam o receio e conseguiram fazer e ter prazer com o movimento sem ajuda das professoras e bolsistas. Observou-se uma melhora no controle do andar dos alunos, ao passo que alguns já conseguiam se locomover nas aulas em que tiveram que explorar a escola em lugares não planos em alguns casos sem a ajuda das bolsistas e professoras, passando assim a ter memoria e aprimoramento no desenvolvimento de atividades que exigiam um maior controle motor. Nas aulas que se passaram com as turmas onde o tema desenvolvido foram os circuitos, os alunos, além de desenvolver e aprimorar todas as capacidades motoras que propostas, puderam desenvolver um convívio social-afetivo com os bolsistas, desenvolvendo relações de confiança, tão importantes nessa faixa etária. Os bolsistas compreenderam as especificidades do desenvolvimento motor, afetivo-social e cognitivo das crianças desta faixa etária e perceberam a necessidade de observar as interpretações das crianças aos desafios propostos, também foi percebido pelos próprios bolsistas que a relação afetiva desenvolvida com as crianças foi e é fundamental para o melhor desenvolver dessas capacidades, uma vez que a criança conhecendo quem trabalha juntamente com ela pode doar mais de si a atividade sem ter medo do que pode acontecer. As professoras pedagogas ampliaram as possibilidades de trabalho se tratando de atividades de aula, envolvendo movimento na medida em que é um conteúdo visado em todos os programas pedagógicos da educação infantil que possibilita que as crianças nessa faixa etária cresçam e se desenvolva em cima desse eixo de desenvolvimento. Passaram a ter maior confiança nas aulas dos bolsistas dado que o desenvolvimento dos alunos com as aulas foi excelente e que em seu futuro desenvolvimento os alunos vão ter um repertorio motor melhor que crianças da mesma idade. A mudança com relação a motricidade do grupo de crianças das faixas etárias descritas foram de clara visualização e ao fim do trabalho teve-se a conclusão que crianças que não participaram e não participam do projeto PIBID não tem o mesmo desempenho das crianças que passaram pelo trabalho, já que as professoras de classe relatam que alguns pais comentaram que os filhos participantes do projeto estavam bem mais participativos e independentes em atividades em casa. REFERÊNCIAS AYOUB, Eliana. Reflexões sobre a Educação Física na Educação Infantil. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, n.4, p. .53-60, 2001. Disponível em: http://citrus.uspnet.usp.br/eef/uploads/arquivo/v15%20supl4%20artigo6.pdf Acessado em: 20/10/2014. BASEI. Andréia Paula. 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TOMAZ, J.R e NELSON, J.K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3°Ed.Artmed, 2002.