17/03/2015
Margens da BRF devem ser mais altas que no passado
Margens da BRF devem ser mais altas que no passado
Publicado em: 17 mar 2015 | 09h 46m 47s
Categorias: Valor
"Apesar de não haver ventos favoráveis na economia, as mudanças na empresa serão positivas [para enfrentar esse
cenário]", diz Augusto Ribeiro, CFO da BRF Após atingir uma margem recorde de quase 22% no último trimestre de 2014, que superou as expectativas mais
otimistas do mercado, a meta da BRF é manter o indicador em patamares elevados, ainda que admita ser difícil repetir
número tão favorável.
Em entrevista ao Valor, o vice­presidente de finanças e relações com investidores da companhia, Augusto Ribeiro
Junior, admitiu não saber se "dá para entregar margem de 22%", mas afirmou que "a expectativa é de que [a BRF] tenha
margens melhores do que teve no passado".
No último trimestre de 2014, a empresa, maior exportadora de carnes de frango e suína do país, teve um lucro líquido de
quase R$ 1 bilhão e receita líquida de R$ 8,047 bilhões. O lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 1,762 bilhão no período, o que gerou uma margem Ebitda de 21,9%, muito acima
dos 10,4% de um ano antes. Os números excluem os resultados da divisão de lácteos, vendida para a francesa Lactalis
em setembro passado.
Ribeiro considera que é possível manter as margens em níveis mais altos porque, segundo ele, "dois terços de
resultados da empresa vêm de movimentos estruturais" recentes. Esses movimentos começaram após a chegada de
Abilio Diniz ao conselho de administração da BRF, em abril de 2013, que levou a uma reestruturação profunda da
empresa.
De acordo com o CFO, as iniciativas incluem, por exemplo, "melhora na capacidade de embarcar produtos", ou seja, não
concentrar as vendas da exportação em apenas uma época do mês. "Essa é uma medida que tem impacto no custo,
diminui perdas", afirmou. Além disso, a BRF também tem fechado contratos de exportação cada vez com maior
antecedência, o que dá mais segurança e reduz volatilidade da operação, disse.
Além de medidas relacionadas às exportações, a empresa também fez mudanças em sua estrutura de vendas no
mercado doméstico. O número de pontos de venda no Brasil subiu 22% em 2014 na comparação com o ano anterior,
para 160 mil. Afora o aumento na presença do pequeno varejo também houve melhora do nível de serviço, conforme o
executivo. "A partir de agora, vamos buscar elevar a produtividade de venda, com melhoras no mix, e buscaremos mais
expansão de pontos no futuro", observou.
Ribeiro acredita que essas iniciativas recentes serão bem­vindas num momento em que há perspectiva de
desaquecimento da economia brasileira. "Apesar de não haver ventos favoráveis na economia, as mudanças feitas na
empresa serão positivas [para enfrentar esse cenário]", avaliou.
No momento, de acordo com o vice­presidente de finanças, "não há redução de consumo" dos produtos da BRF. Ele
acrescentou que a empresa é beneficiada pelo efeito substituição por produtos mais baratos, como a carne de frango, o
que geralmente ocorre em períodos de inflação mais alta.
No entanto, o executivo admitiu que o ritmo "claudicante" da economia doméstica pode fazer com que a BRF "cresça
menos do que gostaria" no que diz respeito à melhora do mix de produtos e ao aumento do volume vendido nos cerca
de 30 mil pontos de vendas do pequeno varejo alcançados no ano passado.
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A volta da marca Perdigão ao mercado, com as categorias presunto e linguiça calabresa, a partir de junho, também é
apontada por Ribeiro como fator positivo no atual cenário, já que se trata da segunda marca da BRF, com produtos com
preços mais baixos que os da Sadia. A marca está "suspensa" desde o primeiro semestre de 2012 por conta do acordo
com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), para aprovar a fusão entre a Sadia e a Perdigão.
As duas categorias, mais a de natalinos com a marca Perdigão, voltam no segundo semestre deste ano. A partir do
primeiro semestre de 2016, volta o salame, e em 2017, os pratos prontos congelados com a marca Perdigão.
Fonte: Valor | Por Alda do Amaral Rocha e Luiz Henrique Mendes | De São Paulo
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