ARTE GÓTICA História da Arte Profª Denise Dalle Vedove Introdução A Idade Média foi um dos períodos mais longos da história : durou cerca de dez séculos.Iniciouse no ano 476, com a ocupação de Roma pelos bárbaros, e teve fim em 1453, quando ocorreram dois fatos importantes : a tomada de Constantinopla muçulmanos e o fim da Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra. Para muitos, falar em arte medieval é falar em arte gótica. Esta concepção, que ignora as artes bizantinas e românica, e é em parte justificável pelo fato de a arte gótica ser a mais espetacular da Idade Média. Do ponto de vista arquitetônico, representa a solução do problema das abóbadas em todas as naves (espaço na igreja, desde a entrada até o santuário, ou o que fica entre fileiras de colunas que sustentam a abóbada) e o aumento da luminosidade no interior do templo com a introdução de janelas. A arte gótica foi apreciada de maneiras diferentes, consoante às épocas. Durante os séculos em que foi “moderna”, era conhecida pelo nome de “ obra francesa”, termo que evoca sua principal origem. Todavia, assim que os italianos dos séculos XV e XVI se entusiasmaram pela antiguidade, consideraram a Idade Média como uma época bárbara, cuja principal criação era um estilo caracterizado pelo arco ogiva (figura formada pelo cruzamento de dois arcos iguais que se cortam superiormente, formando um ângulo agudo.) Como os godos (povo antigo da Germânia, que do séc. II ao V invadiu os impérios Romano do Ocidente e do Oriente; dividiam-se em ostrogodos ( godos do leste) e visigodos ( godos do oeste) eram os bárbaros mais conhecidos, o estilo foi chamado gótico, isto é, bárbaro por excelência. A intenção era pejorativa. Arquitetura A primeira edificação em estilo gótico foi a abadia de Saint-Denis, foi erguida na França e, 1140. A característica mais importante da arquitetura gótica é a abóbada de nervuras , muito diferente da abóbada de arestas românica porque deixa visíveis os arcos que formam sua estrutura. Esse novo tipo de abóbada foi possível graças ao arco ogival, diferente do arco pleno do estilo românico. Com ele as igrejas góticas podiam ser muito mais altas que as românicas. Além disso, as ogivas, que se alongam e apontam para o alto, acentuam a impressão de verticalidade da construção. Outro elemento muito usado nas catedrais góticas são os pilares. Dispostos em espaços bem regulares, eles dão suporte ao teto de pedra. Graças a eles as paredes não precisam ser muito grossas para sustentar o teto. As largas paredes com janelas estreitas das igrejas românicas dão lugar a paredes muito mais altas e com grandes janelas, preenchidas com belos vitrais. Esse conjunto – arcos ogivais, pilares, paredes altas e cheias de vitrais – transmite uma forte impressão de amplitude e leveza. Memorial ao rei Luís XVI e à rainha Maria Antoni esculturas de Edme Gaulle e Pierre Petitot eta, Tumba de Carlos Martel Carlos I da Sicília Henrique I ao fundo, Roberto II, João I d. 1316 e Jeanne d. 1349 Tumba de Leão V da Armênia. Catedral de Colônia Raios de Luz da Catedral de Metz Fachada da Catedral de Notre Dame, Paris Gárgulas e Quimeras da Catedral de Amiens Entre os séculos XII e XVI foi construída a Catedral de Notre-Dame de Chartres. Sua arquitetura tem muitos aspectos interessantes, dos quais se destaca o portal principal, conhecido como Portal Régio, um dos mais belos conjuntos escultóricos do mundo, Nele vemos como a escultura gótica enriquece a arquitetura Outra importante construção gótica, iniciada por volta de 1160 é a Catedral de Notre-Dame de Paris, uma das maiores igrejas góticas do mundo. Tem 150,20 metros de comprimento e suas principais abóbadas estão a 32,50 metros do chão. Nela introduziu-se um novo recurso : o arcobotante (Peça em forma de arco que, encostadas às paredes laterais das construções góticas, aliviam o peso que sobre elas exercem as abóbadas da cobertura. Com isso, essas paredes puderam receber grandes aberturas, preenchidas com belíssimos vitrais. Arcobotante Catedral de Notre-Dame de Paris Joana D’Arc Escultura No gótico, a escultura vai assumindo uma autonomia própria. Se faz vivaz e serena, livre da preocupação do monstruoso e do terrífico. As esculturas das catedrais góticas são demasiadamente numerosas para terem sido executadas por um só homem, daí o resultado diferente nas suas realizações. Como acontece na arte românica, a escultura gótica é sobretudo sacra. É regida por um código muito rígido para qualquer figura. Por exemplo, Deus, os anjos e os apóstolos estão sempre des- calços, enquanto as outras personagens estão calçadas. Teria siso não só incorreto, mas herético representá-los de outro modo. Uma haste com folhas representa uma árvore e significa que a cena desenrola-se na terra. Uma torre com uma porta indica uma cidade, mas se existe um anjo sobre a torre, trata-se de Jerusalém. Uma auréola indica santidade. Estas convenções iconográficas permitem identificar as personagens e as cenas. O lugar ocupado por cada personagem também tem um significado. Cristo encontra-se ao centro. Nossa Senhora Branca, Catedral de Leon Vitrais Na Igreja gótica, a verdadeira pintura é a dos vitrais. Eles possuem uma função arquitetônica, preenchendo os espaços vazios deixados pela estrutura de pedra. São responsáveis pela iluminação do edifício, filtrando a luz em milhares de manchas coloridas, e têm um significado espiritual, pois transformam o ambiente da igreja em um espaço místico, próprio à prece e ao recolhimento. Catedral da Sagrada Familia Barcelona Pintura A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos e XIV e início do séc. XV, quando começou a ganhar novas características que anunciavam o Renascimento. A principal delas foi e realismo : os artistas procuravam pintar as figuras da forma mais fiel possível ao que viam. O pintor mais importante do final do século XIII e início do séc. XIV foi o florentino Ambrogiotto Bondone, conhecido como Giotto (1266-1337). A maior parte de suas obras é formada por afrescos que decoravam igrejas. Além dos grandes murais de Giotto, o estilo gótico produziu quadros de proporções menores e retábulos (conjunto de painéis que podem ser fechados uns sobre os outros e abertos durante as celebrações religiosas. O nome varia segundo o número de painéis :díptico (dois painéis); tríptico (três painéis); políptico (quatro ou mais). Jan Van Eyck (1390-1141), por exemplo, pintou obras célebres pela riqueza de detalhes e pelo realismo. Considera-se seu trabalho como de transição para a fase renascentista da pintura flamenga. Giotto Jan Van Eyck Nossa Senhora do Chanceler Rolin Simone Martini Fim