IMPLANTAÇÃO COLABORATIVA DE LABORATÓRIO DE ENSINO DE
MATEMÁTICA EM ESCOLA PÚBLICA
ANDRÉ FERREIRA DE ALMEIDA (FE/UNICAMP).
Resumo
O artigo delineia uma pesquisa em fase inicial sobre a criação e implantação de um
Laboratório de Ensino de Matemática (doravante LEM) de forma colaborativa e
participativa, entre o professor e os alunos de uma escola pública do Estado de São
Paulo. Sou professor da Rede Pública do Estado de São Paulo há 17 anos e aluno
ingressante no Programa de Pós–Graduação em Educação, da FE (Faculdade de
Educação) da Unicamp, em 2009, linha de pesquisa em Educação Matemática, sob
a orientação do Prof. Dr. Sergio Lorenzato. Procura–se apresentar um panorama
geral dos elementos que fundamentam a pesquisa na qual pretende–se investigar
sob a forma de Pesquisa–Ação. A dinâmica da pesquisa será concebida e alicerçada
na bibliografia de Sergio Lorenzato, com o auxílio de materiais diferenciados criados
e construídos pelos próprios alunos. A intenção deste artigo é auxiliar os
professores que sentem–se angustiados em sua prática diária escolar, devido ao
baixo desempenho e a uma crise no Ensino de Matemática nas escolas públicas. E
que, de forma diferenciada, tentam inovar e modernizar suas aulas com materias
pedagógicos, jogos e atividades que enriqueçam e contextualizem suas aulas,
aumentando o interesse e motivando o aluno; desta forma, tentando diminuir as
lacunas deixadas pelas séries anteriores e também na apresentação de novos
conteúdos.
Palavras-chave:
investigação matemática, materiais manipulativos, educação matemáica.
Implantação de um Laboratório de Ensino de Matemática em Escola Pública
André
Ferreira
de
Almeida
[email protected]
Apresentação
Este artigo busca delinear um trabalho de uma pesquisa em sua fase inicial. Sou
professor da Rede Pública do Estado de São Paulo há 17 anos e aluno ingressante
no Programa de Pós-Graduação em Educação, da FE (Faculdade de Educação) da
Unicamp, em 2009, linha de pesquisa em Educação Matemática, sob a orientação
do
Prof.
Dr.
Sergio
Lorenzato.
Procuramos apresentar neste artigo, a um panorama geral dos fundamentos do
projeto de pesquisa, alguns dos elementos que fundamentam a pesquisa a partir de
revisão bibliográfica em que se procura desenvolver o estudo, que pretende
investigar a dinâmica do precesso de ensino-aprendizagem na disciplina de
Matemática no Ensino Fundamental II. Pretendemos utilizar materiais diferenciados
e confeccionados pelos alunos na criação de um Laboratório de Ensino de
Matemática (doravante LEM), concebido e alicerçado na bibliografia de Sergio
Lorenzato
(2006).
A proposta da pesquisa é investigar as possibilidades de criação de um LEM, e de
trabalhar com diferentes materiais didáticos, referentes a disciplina de Matemática,
tais como jogos, videos, livros infanto-juvenis e utilizando novas tecnologias
disponíveis
em
um
LEM.
De
acordo
com
(Fiorentini,
1995),
"O papel da pesquisa no seio desse ideário, portanto, consistiria, de um lado, em
investigar o que a criança pensa, gosta, faz e pode fazer (suas potencialidades e
diferenças) e, de outro, em desenvolver atividades ou materiais potencialmente
ricos que levem os alunos a aprender ludicamente a descobrir a Matemática a partir
de atividades experimentais ou de problemas, possibilitando o desenvolvimento da
criatividade."
(p.
12)
Consideramos que a pesquisa sobre a construção de um LEM será de forma
colaborativa e participativa entre alunos e o professor de Matemática. Trata-se,
ainda, de um caminho desconhecido no ambiente escolar, ao mesmo tempo
desafiador. Entretanto, acreditamos que a realização de atividades de investigação
na aula de Matemática é sempre inovadora na perspectiva curricular e pode gerar
múltiplas situações inesperadas no processo de ensino-aprendizagem.
As atividades investigativas constituem uma potencial oportunidade de promover,
junto aos alunos, várias formas de desenvolver uma matemática inovadora, sobre
cada assunto a ser estudado, fazendo nescessário aos alunos uma experiência
escolar viva e gratificante nesta disciplina. Na visão tradicional do ensino,
(Lorenzato,
2006,)
o
autor
afirma
que:
"um professor [tradicional] deveria conceber a Matemática como um conjunto de
proposições dedutíveis, auxiliadas por definições, cujos resultados são regras ou
fórmulas que servem para resolver exercícios em exames ou avaliações." (p. 25)
Pode-se dizer que a Matemática, via de regra, no ensino das escolas de educação
fundamental, ainda seja vista como uma ciência com práticas cristalizadas, ou seja,
com conteúdos e procedimentos canonizados, privilegiando o conhecimento
adquirido cumulativamente, sem permitir margem para erros, fazendo dessa
dsiciplina uma matéria “para poucos”, “apenas para inteligentes”, “só nerds que
entendem”, segundo opinião dos próprios alunos. Muitas vezes, o senso comum
acerca da disciplina acaba por desmerecer os estudos do desenvolvimento da
sabedoria humana, das tecnologias e dos problemas do cotidiano em suas relações
sociais.
Segundo
os
autores
(Fiorentini
e
Lorenzato,
2007):
"Estudos mais recentes, partindo do pressuposto que os professores produzem, na
prática, saberes práticos sobre a Matemática escolar, currículo, atividade, ensino,
aprendizagem, mostram que esses saberes práticos transformam-se continuamente
sobretudo quando realizam uma prática reflexiva ou investigativa." (p. 47)
O que não se pretende ver futuramente é a Matemática sendo ensinada sem a
preocupação com a realidade e o cotidiano do aluno, mas, ao contrário, com sua
participação em experiências matemáticas e na manipulação de materiais que
enriqueçam as aulas, tornando-as mais prazeirosas e motivantes em uma proposta
de melhoria nos mecanismos de aprendizagem. Conforme Polya (1957, : 7) “a
Matemática tem duas faces; é a ciência rigorosa de Euclides, mas é também algo
mais (...) a Matemática em construção aparece como uma ciência experimental,
indutiva”.
Para
Reys,
(apud
Passos,
2006)
"Materiais manipuláveis podem ser entendidos como “objetos ou coisas que o
aluno é capaz de sentir, tocar, manipular e movimentar. Podem ser objetos reais
que têm aplicação no dia-a-dia ou podem ser objetos que são usados para
representar
uma
idéia”
(p.
78)
Além disso, para a realização de um ensino da Matemática com auxílio de materiais
diferenciados confeccionados (ou não) pelos próprios alunos durante a constituição
de um LEM, devemos ter sempre em mente qual pode ser o alcance educativo na
exploração de situações que poderíamos chamar de matematicamente mais
interessantes, ou seja, que permitam aos alunos o gosto de conhecer novas
estratégias de aprendizado, valendo-se de enriquecedoras experimentações
matemáticas. Entre as atividades possíveis, (Guzmán ,1990) acredita que:
"Onde acaba o jogo e começa a matemática séria? Uma pergunta capciosa que
admite muitas respostas. Para muitos dos que a vêem de fora, a matemática,
mortalmente aborrecida, não tem nada a ver com o jogo. Ao contrário, para a
maioria dos matemáticos, a matemática nunca deixa completamente de ser um
jogo, embora, para além disso, possa ser muitas outras coisas." (p. 39)
Pesquisas atuais apontam que um dos motivos do fracasso do ensino de
Matemática está na transmissão de conteúdos sem significados para o aluno e na
forma tradicional da aula expositiva. Dessa maneira, as aulas teóricas dificilmente
poderiam ter utilidade na resolução dos problemas cotidianos, ou seja, o modelo de
aulas repletas de fórmulas e regras, diante do qual o professor se resume a
reproduzir conteúdos formalizados nos livros didáticos e a apresentar exercícios de
treinamento, pouco contribuem para a compreensão do mundo a partir de meras
formas mecânicas de resolução de exercícios que privilegiam técnicas operatórias.
Por outro lado, o trabalho com o LEM pode oferecer, ao mesmo tempo, um dos
caminhos possíveis para enriquecer a prática docente e, além disso, proporcionar
mais um auxílio aos desafios enfrentados no cotidiano dos professores de escola
pública, desafios estes que tornam visíveis tanto as limitações em sua formação
docente quanto a necessidade de aperfeiçoamento do ensino de Matemática com
inovações e adaptações na sua estratégia de ensino. Para isso, é preciso que haja
coragem, ousadia e, sobretudo, comprometimento em buscar permanentemente
sentido para o que estamos fazendo. Conforme afirma Valente (2003): "[...]cada
docente é forçado a se lançar por sua própria conta em caminhos ainda não
trilhados, ou a experimentar as soluções que lhe são aconselhadas."( p.153)
Cabe ao professor, dessa forma, uma alternativa: auxiliar e oferecer oportunidade
aos seus alunos de construírem materiais didáticos e de utilizarem modelos
concretos, por meio da manipulação de materias diferentes dos comumente
encontrados em aulas de Matemática para que seja possível desenvolver uma nova
dinâmica de ensino-aprendizagem, tendo em vista uma melhor interação entre
professor
e
aluno
na
apropriação
do
conhecimento.
Acreditamos que os elementos pedagógicos utilizados na construção de um LEM em
escola pública devam ser confeccionados pelos próprios alunos com auxílio do
professor a partir de materiais de fácil acesso, tais como, recicláveis, e de uso
cotidiano no contexto da vida do aluno e de seu ambiente escolar. Isso se deve por
duas razões principais: a limitação de recursos financeiros, que impossibilita a
compra de materias prontos (industrializados) e a possibilidade de oferecer aos
alunos sua identificação com os materiais produzidos. Dessa forma, seria possível
oportunizar aos alunos o exercício da criatividade como atuantes na construção dos
objetos que compõem o LEM e de se reconhecerem com esses materiais de
aprendizagem
construídos
por
eles
mesmos.
Entretanto, o ensino de Matemática nesses moldes não acontece de maneira
simples e trivial. Na escola, a implantação de um LEM pode ser oprimida por
diversos fatores. O primeiro está ligado ao setor administrativo/pedagógico da
escola, que rejeita sua implementação, principalmente em razão da crença de uma
possível perda de controle sobre os alunos, da preocupação em cumprir o conteúdo
obrigatório e pelo medo de mudar métodos já consagrados e também antiquados.
Uma vez que as investigações matemáticas se mostram como instrumentos
valiosos e inovadores, tais práticas, que desestabilizam o sistema de crenças. A
postura administrativa da escola parece ser uma atitude contraditória, já que
muitas vezes usam de um discurso pedagógico moderno e, ao mesmo tempo,
dificultam a criação de atividades diferenciadas, reforçando um discurso vazio.
O segundo fator dificultador reside em situações a serem superadas com os alunos,
pois as aulas diferenciadas geram muitas inseguranças, desinteresse ou
indiferença, causadas por lacunas de conhecimentos elementares importantes. Os
alunos, nas aulas com materias diferenciados no momento da atividade mostramse muitas vezes despreparados, pois não querem assumir sua defasagem no
aprendizado, dificultando sua participação efetiva na atividade. Muitos deles temem
e negam os desafios presentes nas atividades que são propostas, pelo medo da
auto-exposição e de correr o risco de dizerem coisas erradas em público.
O terceiro fator dificultador está relacionado aos materiais pedagógicos
diferenciados disponíveis nas escolas e adquiridos pelos governos Estaduais ou
Federal, que não são utilizados pelos professores. Parece não haver formação dos
professores ou incentivos do governo na utilização e no manuseio desses materiais,
revelando, em alguns casos, o desconhecimento de suas potencialidades, já que os
professores não dominam a manipulação desses materias. Os cursos de formação
continuada poderiam colaborar na resolução dessas dificuldades enfrentadas pelos
professores
de
Matemática.
Nessa proposta sugere-se que o LEM seja instalado numa sala ampla (ambiente
prórpio), onde possam ser realizadas as atividades Matemáticas, de forma que, que
se organize e produzam materiais pedagógicos de apoio e de fácil transporte para a
sala de aula. No programa é sugerido uma lista de equipamentos e materiais que
fazem parte do LEM português como material fixo e permanente independente da
existência
desses
materias
em
outras
salas
da
escola
secundária.
Pelas normas do programa português, a avaliação do projeto deve ser feita
continuamente e revisto periodicamente por toda a comunidade escolar que tem,
como meta, atender às necessidades específicas do ensino Matemática. O objetivo
do LEM é auxiliar em cada momento do processo de ensino-aprendizagem, com a
atribuição e a gestão de verbas destinadas ao seu funcionamento, manutenção e
ampliação
e
com
o
apoio
de
toda
comunidade
escolar.
O ensino de Matemática ao longo de sua trajetória, segundo Gérard Emile Grimberg
(s/d), foi influenciada pelos gregos, principalmente os modelos aristoteicos, dando
início à elaboração do ensino formal, com suas doutrinas imutáveis, baseado no
paradigma do exercício, que tem sido praticado nas escolas até os dias de hoje.
Embora esta seja uma forma extremamente importante e útil para a resolução de
problemas, sabemos que a Matemática não foi concebida originalmente desta
forma, mas pela necessidade cotidiana, através de tentativa e erro e pela intuição,
fruto
de
uma
necessidade
momentânea
das
questões
humanas.
Diante da “velocidade das mudanças sociais, tecnológicas e as exigências da
sociedade” (D'Ambrosio 1999 :167), é neste contexto que se torna importante a
busca de alternativas didáticas e a reformulação de modelos didáticos formais. É de
extrema importância entender o conhecimento matemático, como uma atividade
essencialmente humana que necessita de experimentações e investigações para a
formação de um aluno integral e reflexivo, sintonizando as habilidades e
competências
exigidas
pelo
mundo
moderno.
É função social da escola e do professor considerar claramente qual é o tipo de
aluno que se pretende formar e qual Matemática acreditamos ser importante para
que o aluno construa seus conhecimentos. Para isso é preciso estimular os alunos
integrando-os, cabendo ao professor facilitar o processo de aprendizagem e
“interagir com o aluno na produção crítica de novos conhecimentos”. Esse ponto de
vista é essencial na concepção de D’Ambrósio, (2005 :80), que acredita na não
permanência de um ensino antiquado, retrógrado e dessintonizado da atualidade.
Neste sentido, a construção de uma prática pedagógica dinâmica, isto é, de
experiências matemáticas mais ricas e contextualizadas, poderá permitir alterações
na qualidade do ensino dos alunos oportunizando, assim, a elaboração das visões
formais da Matemática a partir da experimentação e que venha garantir um ensino
da
Matemática
significativa.
Para que tenhamos um aprendizado pleno de significados e para que os alunos
valorizem os conhecimentos matemáticos, como uma ferramenta do conhecimento
e do desnvolvimento do mundo, devemos elaborar um ensino de Matemática com
base na pesquisa, na investigação, na construção de conceitos a partir da
contextualização
de
conteúdos.
Acreditamos ser importante destacar que as atividades de experimentação e
investigação não correspondem a uma visão simplista da aprendizagem da
Matemática. Trata-se do desenvolvimento de estratégias que permitam uma melhor
qualidade do ensino/aprendizagem, por meio da incorporação do LEM e, de seus
materiais.
O professor de Matemática de hoje deveria ter claramente, como meta nas suas
práticas diárias, não apenas os cálculos numéricos e a formalização de regras, mas
inclusive o desenvolvimento do raciocínio lógico, o estímulo do pensamento
independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. A partir da
utilização de outros meios de aprendizagem que estão à disposição para o ensino
de Matemática como mais um instrumento de aprendizagem e como uma estratégia
de ensino inovador, seria possível desafiar, despertar o interesse dos alunos e
humanizar
o
ensino
de
Matemática.
O grande desafio é como conseguir aliar essas metas e ainda vencer os programas
curriculares obrigatórios, impostos pelas autoridades educacionais sem nenhum
conhecimento dos alunos que estarão submetidos a essas normas, como acontece
nas escolas públicas do Estado de São Paulo, que envolvem o "Caderno do Aluno",
o
bônus pelo “bom” desempenho na avaliação do trabalho docente.
Pretende-se nessa pesquisa, estudar os recursos metodológicos disponíveis de
ensino de Matemática como jogos, paradáticos, biografias, literatura infantojuvenil, uso de computador para acesso a sites especializados em ensino de
Matemática e recursos multimídias entre outros. Também faz parte do projeto de
pesquisa, o levantamento de espaços e ambientes alternativos de aprendizagem na
escola que não sejam apenas a sala de aula (laboratório de informática, biblioteca,
sala de video e outros), para desenvolver atividades de ensino de Matemática.
Os elementos que podem compor um LEM são muitos. Dentre os materias
destacamos os manipulativos mais comuns tais como: sólidos geométricos,
material dourado, cuisenaire, geoplano, entre outros. Esses materiais são alguns
dos recursos didáticos pelos quais o manuseio possibilita aos alunos uma melhor
visualização
e
abstração
durante
a
construção
do
conhecimento.
Acreditamos que os jogos didáticos são excelentes auxiliares no ensino de
Matemática, pois dão um enfoque lúdico ao conteúdo da disciplina, não apenas
como instrumentos recreativos, mas também como facilitadores. Podem ser úteis
para aprofundar os ítens já trabalhados e para que o aluno adquira os conceitos
matemáticos de relevância, ou quando o conteúdo a ser estudado for abstrato,
difícil e desvinculado da prática diária, proporcionando assim, maior interesse e
compreensão
pelo
aluno.
Os materiais impressos como os livros didáticos e os paradidáticos podem também
auxiliar na contextualização dos assuntos tratados. De maniera semelhante jornais
e revistas parecem também importantes para a contextualização e realização de
pesquisas,
procurando
aplicações
da
Matemática
no
dia-a-dia.
O uso de multimídias, e vídeos, podem oferecer a oportunidade de conhecer
diferentes formas de (re)significar os conteúdos matemáticos. As calculadoras
possibilitam o conhecimento do manuseio e dos procedimentos não somente
objetivando os resultados o computador e softwares podem colaborar na
valorização e incentivo da pesquisa em programas pedagógicos que auxiliam no
processo
de
aprendizagem.
Com essa pesquisa, tentamos reforçar a formação de um professor comprometido
com uma prática de ensino inovadora e dinâmica. Com isso, será possível discutir
idéias e diminuir os problemas e as angústias dos professores que desejam
trabalhar com materiais didáticos diferenciados, para superar as dificuldades de
forma dinâmica, coletiva e colaborativa. A pesquisa busca rever as recentes
tendências metodológicas na Educação Matemática, com práticas pedagógicas que
sejam coerentes com as necessidades da sociedade contemporânea.
Outro objetivo da pesquisa é de contribuir para a melhoria do processo educacional
através do LEM. Proporcionando com isso, uma visão crítica e atual da metodologia
do ensino de Matemática e fazer com que os professores tenham acesso a pesquisa
e
que
sirva
para
futuras
investigações.
A possibilidade de uma maior flexibilidade em aumentar a participação do aluno,
sendo um momento de aprendizagem com interação, possibilitando ao professor
perceber falhas de aprendizado no momento da prática, sendo uma avaliação
diagnóstica do processo e levar o aluno a confrontar suas idéias, fazendo da
aprendizagem um processo reflexivo e colaborativo possibilitando o aprendizado do
aluno
com
mais
eficiência.
O método para essa pesquisa está baseado na Pesquisa-Ação, a partir da qual
pretende-se examinar a prática como docente e dela extrair reflexões que possam
contribuir para uma pesquisa teórica. Segundo (Fiorentini e Lorenzato, 2007),
"o pesquisador insere-se no ambiente educacional não só para compreendê-lo,
mas também paa mudá-lo em direções que permitam aos participantes maior
liberdade de ação e de aprendizagem. Essa aproximação crítico-sociológica
apresenta-se como transformadora, libertadora, provocando mudanças de
significados, assemelhando-se ao que entendemos por pesquisa-ação" (p.54)
Os resultados serão obtidos por meio da observação em sala de aula, da gravação
em áudio e em vídeos, da análise de entrevistas com os alunos, das avaliações de
percurso com produção de textos dos alunos, utilizados como corpus de análise
desta pesquisa, recorrendo às teorias referentes a cada etapa do processo de
maneira
a
integrar
a
teoria
e
a
prática.
O planejamento das atividades, portanto, é essencial e define todos os passos do
trabalho. Nesse contexto, em cada etapa será feita a escolha das ferramentas mais
adequadas no que diz respeito aos materiais didáticos para o LEM. O uso de
bibliografia específica de caráter pedagógico cujas bases teóricas serão discutidas e
aprimoradas junto ao orientador. Por considerar um processo dinâmico, o
planejamento das atividades pode ser alterado durante sua realização, descartando
inclusive, alternativas que não funcionaram conforme o esperado, buscando
adequar-se a partir da compreensão da complexidade do funcionamento
pedagógico. A eliminação de procedimentos e de elementos pouco dinâmicos ou
pouco eficazes será feita por meio de avaliações constantes de todo o processo de
produção do LEM, para que haja coesão das metodologias, a fim de promover um
processo
de
ensino
de
qualidade.
Para a criação e implementação do LEM, propõe-se o registro sistemático das
atividades desenvolvidas em diário de campo, bem como o planejamento
participativo na relação entre os sujeitos de pesquisa e o pesquisador, além da
discussão e reflexão do pesquisador com a orientação proporcionada pela
universidade. Para o planejamento participativo das atividades, pretende-se realizar
um processo de negociação com os alunos, de maneira dinâmica, de acordo com
suas necessidades específicas e com os interesses particulares dos sujeitos
envolvidos, fazendo com que o processo colaborativo seja valorizado. Para isso,
segundo
os
autores
(Fiorentini
e
Sader
1995),
"As novas concepções de prática pedagógica, de formação de professores, de
melhoria do ensino a partir da inovação curricular, do que é produzir conhecimento
profissional relativo ao trabalho docente etc, desafiam os pesquisadores a
buscar/produzir novos aportes teóricos e metodológicos, a desenvolver novos
projetos de investigação, a produzir novos processos de investigação." (p. 16)
Esta pesquisa justifica-se ao considerarmos que é importante contribuir para a
reflexão e para a melhoria do processo educacional através do LEM, proporcionando
uma visão crítica e atual da metodologia do ensino de Matemática e, com isso,
fazer com que os professores tenham acesso à pesquisa, servindo inclusive para
futuras investigações e que possa contribuir para a formação de um professor
comprometido com uma prática de ensino inovadora e dinâmica. Com isso, será
possível discutir atividades diferenciadas no contexto escolar, reconhecendo as
recentes tendências metodológicas na Educação Matemática, para que a prática
pedagógica de ensino seja coerente com as necessidades da sociedade
contemporânea. Conforme afirmam os autores, (Lacaz e Oliveira, 2005),
"as linhas de pesquisa em educação matemática como história da matemática,
etnomatemática, modelagem matemática, resolução de problemas, uso de
materiais concretos, montagem de laboratórios de ensino de matemática, jogos e
recreações matemáticas (...) podem ser amplamente estudados e explorados por
professores na sua prática em sala de aula". (p. 4, ênfase adicionada)
Sentimos a necessidade de divulgação de pesquisas sobre as práticas de utilização
de materiais diferenciados no ensino de Matemática aliados aos conteúdos
curriculares. Parece haver pouco ou nenhum incentivo das políticas públicas em
oferecer cursos que aprimorem a prática docente e metodologias em estudo
envolvendo técnicas que dão suporte ao ensino de Matemática, para auxiliar o
professor e poder compartilhar com outros professores de Matemática os resultados
desta
pesquisa.
Segundo
(Floriani
1994),
"Todo professor gostaria de transcender sua prática pedagógica pela construção
de um referencial teórico norteador de suas atividades docentes. A materialização
do desejo esbarra, entre outros óbices, na exiguidade de tempo disponível para
perseguir calmamente uma reflexão continuada. A sociedade dificulta ao professor
sua profissionalização como intelectual. Obriga-o, quase a ser um simples
repassador de conhecimentos impedindo-o de participar na construção deles pelo
exercício
da
pesquisa."
(p.13)
a Dessa forma, creditamos que, com essa pesquisa, seja possível realizarmos
discussões teóricas da importância do LEM e debates entre os docentes sobre as
tendências
da
Educação
Matemática.
Nesse contexto, o professor deve ser o primeiro a estimular a investigação
colaborativa e participativa entre os alunos (Skovsmose, 2006), com objetivo de
desenvolver a socialização dos saberes envolvidos nas aulas colaborando para
aumentar e a melhorar as interações entre os alunos e a Matemática, permitindo
assim, a criação de um ambiente mais propício à aprendizagem e às descobertas.
Espera-se que com auxílio do LEM, possam surgir grandes benefícios aos alunos e
aos professores de Matemática, favorecendo a aprendizagem de forma prazeirosa e
contextualizada para todos os atuantes da escola pública brasileira.
Referências
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FIORENTINI, D.; SADER, P. M. A. Tendências da pesquisa brasileira sobre a prática
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publicada
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disponível
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FLORIANI, J. V. Professor e pesquisador. Blumenau: FURB, 1994
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VALENTE, W. R. Controvérsias sobre educação matemática no Brasil. In: Cadernos
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Disponível
em:
www.scielo.br/pdf/cp/n120/a09n120.pdf, Acesso em julho/2008.
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