IMPLANTAÇÃO COLABORATIVA DE LABORATÓRIO DE ENSINO DE MATEMÁTICA EM ESCOLA PÚBLICA ANDRÉ FERREIRA DE ALMEIDA (FE/UNICAMP). Resumo O artigo delineia uma pesquisa em fase inicial sobre a criação e implantação de um Laboratório de Ensino de Matemática (doravante LEM) de forma colaborativa e participativa, entre o professor e os alunos de uma escola pública do Estado de São Paulo. Sou professor da Rede Pública do Estado de São Paulo há 17 anos e aluno ingressante no Programa de Pós–Graduação em Educação, da FE (Faculdade de Educação) da Unicamp, em 2009, linha de pesquisa em Educação Matemática, sob a orientação do Prof. Dr. Sergio Lorenzato. Procura–se apresentar um panorama geral dos elementos que fundamentam a pesquisa na qual pretende–se investigar sob a forma de Pesquisa–Ação. A dinâmica da pesquisa será concebida e alicerçada na bibliografia de Sergio Lorenzato, com o auxílio de materiais diferenciados criados e construídos pelos próprios alunos. A intenção deste artigo é auxiliar os professores que sentem–se angustiados em sua prática diária escolar, devido ao baixo desempenho e a uma crise no Ensino de Matemática nas escolas públicas. E que, de forma diferenciada, tentam inovar e modernizar suas aulas com materias pedagógicos, jogos e atividades que enriqueçam e contextualizem suas aulas, aumentando o interesse e motivando o aluno; desta forma, tentando diminuir as lacunas deixadas pelas séries anteriores e também na apresentação de novos conteúdos. Palavras-chave: investigação matemática, materiais manipulativos, educação matemáica. Implantação de um Laboratório de Ensino de Matemática em Escola Pública André Ferreira de Almeida [email protected] Apresentação Este artigo busca delinear um trabalho de uma pesquisa em sua fase inicial. Sou professor da Rede Pública do Estado de São Paulo há 17 anos e aluno ingressante no Programa de Pós-Graduação em Educação, da FE (Faculdade de Educação) da Unicamp, em 2009, linha de pesquisa em Educação Matemática, sob a orientação do Prof. Dr. Sergio Lorenzato. Procuramos apresentar neste artigo, a um panorama geral dos fundamentos do projeto de pesquisa, alguns dos elementos que fundamentam a pesquisa a partir de revisão bibliográfica em que se procura desenvolver o estudo, que pretende investigar a dinâmica do precesso de ensino-aprendizagem na disciplina de Matemática no Ensino Fundamental II. Pretendemos utilizar materiais diferenciados e confeccionados pelos alunos na criação de um Laboratório de Ensino de Matemática (doravante LEM), concebido e alicerçado na bibliografia de Sergio Lorenzato (2006). A proposta da pesquisa é investigar as possibilidades de criação de um LEM, e de trabalhar com diferentes materiais didáticos, referentes a disciplina de Matemática, tais como jogos, videos, livros infanto-juvenis e utilizando novas tecnologias disponíveis em um LEM. De acordo com (Fiorentini, 1995), "O papel da pesquisa no seio desse ideário, portanto, consistiria, de um lado, em investigar o que a criança pensa, gosta, faz e pode fazer (suas potencialidades e diferenças) e, de outro, em desenvolver atividades ou materiais potencialmente ricos que levem os alunos a aprender ludicamente a descobrir a Matemática a partir de atividades experimentais ou de problemas, possibilitando o desenvolvimento da criatividade." (p. 12) Consideramos que a pesquisa sobre a construção de um LEM será de forma colaborativa e participativa entre alunos e o professor de Matemática. Trata-se, ainda, de um caminho desconhecido no ambiente escolar, ao mesmo tempo desafiador. Entretanto, acreditamos que a realização de atividades de investigação na aula de Matemática é sempre inovadora na perspectiva curricular e pode gerar múltiplas situações inesperadas no processo de ensino-aprendizagem. As atividades investigativas constituem uma potencial oportunidade de promover, junto aos alunos, várias formas de desenvolver uma matemática inovadora, sobre cada assunto a ser estudado, fazendo nescessário aos alunos uma experiência escolar viva e gratificante nesta disciplina. Na visão tradicional do ensino, (Lorenzato, 2006,) o autor afirma que: "um professor [tradicional] deveria conceber a Matemática como um conjunto de proposições dedutíveis, auxiliadas por definições, cujos resultados são regras ou fórmulas que servem para resolver exercícios em exames ou avaliações." (p. 25) Pode-se dizer que a Matemática, via de regra, no ensino das escolas de educação fundamental, ainda seja vista como uma ciência com práticas cristalizadas, ou seja, com conteúdos e procedimentos canonizados, privilegiando o conhecimento adquirido cumulativamente, sem permitir margem para erros, fazendo dessa dsiciplina uma matéria “para poucos”, “apenas para inteligentes”, “só nerds que entendem”, segundo opinião dos próprios alunos. Muitas vezes, o senso comum acerca da disciplina acaba por desmerecer os estudos do desenvolvimento da sabedoria humana, das tecnologias e dos problemas do cotidiano em suas relações sociais. Segundo os autores (Fiorentini e Lorenzato, 2007): "Estudos mais recentes, partindo do pressuposto que os professores produzem, na prática, saberes práticos sobre a Matemática escolar, currículo, atividade, ensino, aprendizagem, mostram que esses saberes práticos transformam-se continuamente sobretudo quando realizam uma prática reflexiva ou investigativa." (p. 47) O que não se pretende ver futuramente é a Matemática sendo ensinada sem a preocupação com a realidade e o cotidiano do aluno, mas, ao contrário, com sua participação em experiências matemáticas e na manipulação de materiais que enriqueçam as aulas, tornando-as mais prazeirosas e motivantes em uma proposta de melhoria nos mecanismos de aprendizagem. Conforme Polya (1957, : 7) “a Matemática tem duas faces; é a ciência rigorosa de Euclides, mas é também algo mais (...) a Matemática em construção aparece como uma ciência experimental, indutiva”. Para Reys, (apud Passos, 2006) "Materiais manipuláveis podem ser entendidos como “objetos ou coisas que o aluno é capaz de sentir, tocar, manipular e movimentar. Podem ser objetos reais que têm aplicação no dia-a-dia ou podem ser objetos que são usados para representar uma idéia” (p. 78) Além disso, para a realização de um ensino da Matemática com auxílio de materiais diferenciados confeccionados (ou não) pelos próprios alunos durante a constituição de um LEM, devemos ter sempre em mente qual pode ser o alcance educativo na exploração de situações que poderíamos chamar de matematicamente mais interessantes, ou seja, que permitam aos alunos o gosto de conhecer novas estratégias de aprendizado, valendo-se de enriquecedoras experimentações matemáticas. Entre as atividades possíveis, (Guzmán ,1990) acredita que: "Onde acaba o jogo e começa a matemática séria? Uma pergunta capciosa que admite muitas respostas. Para muitos dos que a vêem de fora, a matemática, mortalmente aborrecida, não tem nada a ver com o jogo. Ao contrário, para a maioria dos matemáticos, a matemática nunca deixa completamente de ser um jogo, embora, para além disso, possa ser muitas outras coisas." (p. 39) Pesquisas atuais apontam que um dos motivos do fracasso do ensino de Matemática está na transmissão de conteúdos sem significados para o aluno e na forma tradicional da aula expositiva. Dessa maneira, as aulas teóricas dificilmente poderiam ter utilidade na resolução dos problemas cotidianos, ou seja, o modelo de aulas repletas de fórmulas e regras, diante do qual o professor se resume a reproduzir conteúdos formalizados nos livros didáticos e a apresentar exercícios de treinamento, pouco contribuem para a compreensão do mundo a partir de meras formas mecânicas de resolução de exercícios que privilegiam técnicas operatórias. Por outro lado, o trabalho com o LEM pode oferecer, ao mesmo tempo, um dos caminhos possíveis para enriquecer a prática docente e, além disso, proporcionar mais um auxílio aos desafios enfrentados no cotidiano dos professores de escola pública, desafios estes que tornam visíveis tanto as limitações em sua formação docente quanto a necessidade de aperfeiçoamento do ensino de Matemática com inovações e adaptações na sua estratégia de ensino. Para isso, é preciso que haja coragem, ousadia e, sobretudo, comprometimento em buscar permanentemente sentido para o que estamos fazendo. Conforme afirma Valente (2003): "[...]cada docente é forçado a se lançar por sua própria conta em caminhos ainda não trilhados, ou a experimentar as soluções que lhe são aconselhadas."( p.153) Cabe ao professor, dessa forma, uma alternativa: auxiliar e oferecer oportunidade aos seus alunos de construírem materiais didáticos e de utilizarem modelos concretos, por meio da manipulação de materias diferentes dos comumente encontrados em aulas de Matemática para que seja possível desenvolver uma nova dinâmica de ensino-aprendizagem, tendo em vista uma melhor interação entre professor e aluno na apropriação do conhecimento. Acreditamos que os elementos pedagógicos utilizados na construção de um LEM em escola pública devam ser confeccionados pelos próprios alunos com auxílio do professor a partir de materiais de fácil acesso, tais como, recicláveis, e de uso cotidiano no contexto da vida do aluno e de seu ambiente escolar. Isso se deve por duas razões principais: a limitação de recursos financeiros, que impossibilita a compra de materias prontos (industrializados) e a possibilidade de oferecer aos alunos sua identificação com os materiais produzidos. Dessa forma, seria possível oportunizar aos alunos o exercício da criatividade como atuantes na construção dos objetos que compõem o LEM e de se reconhecerem com esses materiais de aprendizagem construídos por eles mesmos. Entretanto, o ensino de Matemática nesses moldes não acontece de maneira simples e trivial. Na escola, a implantação de um LEM pode ser oprimida por diversos fatores. O primeiro está ligado ao setor administrativo/pedagógico da escola, que rejeita sua implementação, principalmente em razão da crença de uma possível perda de controle sobre os alunos, da preocupação em cumprir o conteúdo obrigatório e pelo medo de mudar métodos já consagrados e também antiquados. Uma vez que as investigações matemáticas se mostram como instrumentos valiosos e inovadores, tais práticas, que desestabilizam o sistema de crenças. A postura administrativa da escola parece ser uma atitude contraditória, já que muitas vezes usam de um discurso pedagógico moderno e, ao mesmo tempo, dificultam a criação de atividades diferenciadas, reforçando um discurso vazio. O segundo fator dificultador reside em situações a serem superadas com os alunos, pois as aulas diferenciadas geram muitas inseguranças, desinteresse ou indiferença, causadas por lacunas de conhecimentos elementares importantes. Os alunos, nas aulas com materias diferenciados no momento da atividade mostramse muitas vezes despreparados, pois não querem assumir sua defasagem no aprendizado, dificultando sua participação efetiva na atividade. Muitos deles temem e negam os desafios presentes nas atividades que são propostas, pelo medo da auto-exposição e de correr o risco de dizerem coisas erradas em público. O terceiro fator dificultador está relacionado aos materiais pedagógicos diferenciados disponíveis nas escolas e adquiridos pelos governos Estaduais ou Federal, que não são utilizados pelos professores. Parece não haver formação dos professores ou incentivos do governo na utilização e no manuseio desses materiais, revelando, em alguns casos, o desconhecimento de suas potencialidades, já que os professores não dominam a manipulação desses materias. Os cursos de formação continuada poderiam colaborar na resolução dessas dificuldades enfrentadas pelos professores de Matemática. Nessa proposta sugere-se que o LEM seja instalado numa sala ampla (ambiente prórpio), onde possam ser realizadas as atividades Matemáticas, de forma que, que se organize e produzam materiais pedagógicos de apoio e de fácil transporte para a sala de aula. No programa é sugerido uma lista de equipamentos e materiais que fazem parte do LEM português como material fixo e permanente independente da existência desses materias em outras salas da escola secundária. Pelas normas do programa português, a avaliação do projeto deve ser feita continuamente e revisto periodicamente por toda a comunidade escolar que tem, como meta, atender às necessidades específicas do ensino Matemática. O objetivo do LEM é auxiliar em cada momento do processo de ensino-aprendizagem, com a atribuição e a gestão de verbas destinadas ao seu funcionamento, manutenção e ampliação e com o apoio de toda comunidade escolar. O ensino de Matemática ao longo de sua trajetória, segundo Gérard Emile Grimberg (s/d), foi influenciada pelos gregos, principalmente os modelos aristoteicos, dando início à elaboração do ensino formal, com suas doutrinas imutáveis, baseado no paradigma do exercício, que tem sido praticado nas escolas até os dias de hoje. Embora esta seja uma forma extremamente importante e útil para a resolução de problemas, sabemos que a Matemática não foi concebida originalmente desta forma, mas pela necessidade cotidiana, através de tentativa e erro e pela intuição, fruto de uma necessidade momentânea das questões humanas. Diante da “velocidade das mudanças sociais, tecnológicas e as exigências da sociedade” (D'Ambrosio 1999 :167), é neste contexto que se torna importante a busca de alternativas didáticas e a reformulação de modelos didáticos formais. É de extrema importância entender o conhecimento matemático, como uma atividade essencialmente humana que necessita de experimentações e investigações para a formação de um aluno integral e reflexivo, sintonizando as habilidades e competências exigidas pelo mundo moderno. É função social da escola e do professor considerar claramente qual é o tipo de aluno que se pretende formar e qual Matemática acreditamos ser importante para que o aluno construa seus conhecimentos. Para isso é preciso estimular os alunos integrando-os, cabendo ao professor facilitar o processo de aprendizagem e “interagir com o aluno na produção crítica de novos conhecimentos”. Esse ponto de vista é essencial na concepção de D’Ambrósio, (2005 :80), que acredita na não permanência de um ensino antiquado, retrógrado e dessintonizado da atualidade. Neste sentido, a construção de uma prática pedagógica dinâmica, isto é, de experiências matemáticas mais ricas e contextualizadas, poderá permitir alterações na qualidade do ensino dos alunos oportunizando, assim, a elaboração das visões formais da Matemática a partir da experimentação e que venha garantir um ensino da Matemática significativa. Para que tenhamos um aprendizado pleno de significados e para que os alunos valorizem os conhecimentos matemáticos, como uma ferramenta do conhecimento e do desnvolvimento do mundo, devemos elaborar um ensino de Matemática com base na pesquisa, na investigação, na construção de conceitos a partir da contextualização de conteúdos. Acreditamos ser importante destacar que as atividades de experimentação e investigação não correspondem a uma visão simplista da aprendizagem da Matemática. Trata-se do desenvolvimento de estratégias que permitam uma melhor qualidade do ensino/aprendizagem, por meio da incorporação do LEM e, de seus materiais. O professor de Matemática de hoje deveria ter claramente, como meta nas suas práticas diárias, não apenas os cálculos numéricos e a formalização de regras, mas inclusive o desenvolvimento do raciocínio lógico, o estímulo do pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. A partir da utilização de outros meios de aprendizagem que estão à disposição para o ensino de Matemática como mais um instrumento de aprendizagem e como uma estratégia de ensino inovador, seria possível desafiar, despertar o interesse dos alunos e humanizar o ensino de Matemática. O grande desafio é como conseguir aliar essas metas e ainda vencer os programas curriculares obrigatórios, impostos pelas autoridades educacionais sem nenhum conhecimento dos alunos que estarão submetidos a essas normas, como acontece nas escolas públicas do Estado de São Paulo, que envolvem o "Caderno do Aluno", o bônus pelo “bom” desempenho na avaliação do trabalho docente. Pretende-se nessa pesquisa, estudar os recursos metodológicos disponíveis de ensino de Matemática como jogos, paradáticos, biografias, literatura infantojuvenil, uso de computador para acesso a sites especializados em ensino de Matemática e recursos multimídias entre outros. Também faz parte do projeto de pesquisa, o levantamento de espaços e ambientes alternativos de aprendizagem na escola que não sejam apenas a sala de aula (laboratório de informática, biblioteca, sala de video e outros), para desenvolver atividades de ensino de Matemática. Os elementos que podem compor um LEM são muitos. Dentre os materias destacamos os manipulativos mais comuns tais como: sólidos geométricos, material dourado, cuisenaire, geoplano, entre outros. Esses materiais são alguns dos recursos didáticos pelos quais o manuseio possibilita aos alunos uma melhor visualização e abstração durante a construção do conhecimento. Acreditamos que os jogos didáticos são excelentes auxiliares no ensino de Matemática, pois dão um enfoque lúdico ao conteúdo da disciplina, não apenas como instrumentos recreativos, mas também como facilitadores. Podem ser úteis para aprofundar os ítens já trabalhados e para que o aluno adquira os conceitos matemáticos de relevância, ou quando o conteúdo a ser estudado for abstrato, difícil e desvinculado da prática diária, proporcionando assim, maior interesse e compreensão pelo aluno. Os materiais impressos como os livros didáticos e os paradidáticos podem também auxiliar na contextualização dos assuntos tratados. De maniera semelhante jornais e revistas parecem também importantes para a contextualização e realização de pesquisas, procurando aplicações da Matemática no dia-a-dia. O uso de multimídias, e vídeos, podem oferecer a oportunidade de conhecer diferentes formas de (re)significar os conteúdos matemáticos. As calculadoras possibilitam o conhecimento do manuseio e dos procedimentos não somente objetivando os resultados o computador e softwares podem colaborar na valorização e incentivo da pesquisa em programas pedagógicos que auxiliam no processo de aprendizagem. Com essa pesquisa, tentamos reforçar a formação de um professor comprometido com uma prática de ensino inovadora e dinâmica. Com isso, será possível discutir idéias e diminuir os problemas e as angústias dos professores que desejam trabalhar com materiais didáticos diferenciados, para superar as dificuldades de forma dinâmica, coletiva e colaborativa. A pesquisa busca rever as recentes tendências metodológicas na Educação Matemática, com práticas pedagógicas que sejam coerentes com as necessidades da sociedade contemporânea. Outro objetivo da pesquisa é de contribuir para a melhoria do processo educacional através do LEM. Proporcionando com isso, uma visão crítica e atual da metodologia do ensino de Matemática e fazer com que os professores tenham acesso a pesquisa e que sirva para futuras investigações. A possibilidade de uma maior flexibilidade em aumentar a participação do aluno, sendo um momento de aprendizagem com interação, possibilitando ao professor perceber falhas de aprendizado no momento da prática, sendo uma avaliação diagnóstica do processo e levar o aluno a confrontar suas idéias, fazendo da aprendizagem um processo reflexivo e colaborativo possibilitando o aprendizado do aluno com mais eficiência. O método para essa pesquisa está baseado na Pesquisa-Ação, a partir da qual pretende-se examinar a prática como docente e dela extrair reflexões que possam contribuir para uma pesquisa teórica. Segundo (Fiorentini e Lorenzato, 2007), "o pesquisador insere-se no ambiente educacional não só para compreendê-lo, mas também paa mudá-lo em direções que permitam aos participantes maior liberdade de ação e de aprendizagem. Essa aproximação crítico-sociológica apresenta-se como transformadora, libertadora, provocando mudanças de significados, assemelhando-se ao que entendemos por pesquisa-ação" (p.54) Os resultados serão obtidos por meio da observação em sala de aula, da gravação em áudio e em vídeos, da análise de entrevistas com os alunos, das avaliações de percurso com produção de textos dos alunos, utilizados como corpus de análise desta pesquisa, recorrendo às teorias referentes a cada etapa do processo de maneira a integrar a teoria e a prática. O planejamento das atividades, portanto, é essencial e define todos os passos do trabalho. Nesse contexto, em cada etapa será feita a escolha das ferramentas mais adequadas no que diz respeito aos materiais didáticos para o LEM. O uso de bibliografia específica de caráter pedagógico cujas bases teóricas serão discutidas e aprimoradas junto ao orientador. Por considerar um processo dinâmico, o planejamento das atividades pode ser alterado durante sua realização, descartando inclusive, alternativas que não funcionaram conforme o esperado, buscando adequar-se a partir da compreensão da complexidade do funcionamento pedagógico. A eliminação de procedimentos e de elementos pouco dinâmicos ou pouco eficazes será feita por meio de avaliações constantes de todo o processo de produção do LEM, para que haja coesão das metodologias, a fim de promover um processo de ensino de qualidade. Para a criação e implementação do LEM, propõe-se o registro sistemático das atividades desenvolvidas em diário de campo, bem como o planejamento participativo na relação entre os sujeitos de pesquisa e o pesquisador, além da discussão e reflexão do pesquisador com a orientação proporcionada pela universidade. Para o planejamento participativo das atividades, pretende-se realizar um processo de negociação com os alunos, de maneira dinâmica, de acordo com suas necessidades específicas e com os interesses particulares dos sujeitos envolvidos, fazendo com que o processo colaborativo seja valorizado. Para isso, segundo os autores (Fiorentini e Sader 1995), "As novas concepções de prática pedagógica, de formação de professores, de melhoria do ensino a partir da inovação curricular, do que é produzir conhecimento profissional relativo ao trabalho docente etc, desafiam os pesquisadores a buscar/produzir novos aportes teóricos e metodológicos, a desenvolver novos projetos de investigação, a produzir novos processos de investigação." (p. 16) Esta pesquisa justifica-se ao considerarmos que é importante contribuir para a reflexão e para a melhoria do processo educacional através do LEM, proporcionando uma visão crítica e atual da metodologia do ensino de Matemática e, com isso, fazer com que os professores tenham acesso à pesquisa, servindo inclusive para futuras investigações e que possa contribuir para a formação de um professor comprometido com uma prática de ensino inovadora e dinâmica. Com isso, será possível discutir atividades diferenciadas no contexto escolar, reconhecendo as recentes tendências metodológicas na Educação Matemática, para que a prática pedagógica de ensino seja coerente com as necessidades da sociedade contemporânea. Conforme afirmam os autores, (Lacaz e Oliveira, 2005), "as linhas de pesquisa em educação matemática como história da matemática, etnomatemática, modelagem matemática, resolução de problemas, uso de materiais concretos, montagem de laboratórios de ensino de matemática, jogos e recreações matemáticas (...) podem ser amplamente estudados e explorados por professores na sua prática em sala de aula". (p. 4, ênfase adicionada) Sentimos a necessidade de divulgação de pesquisas sobre as práticas de utilização de materiais diferenciados no ensino de Matemática aliados aos conteúdos curriculares. Parece haver pouco ou nenhum incentivo das políticas públicas em oferecer cursos que aprimorem a prática docente e metodologias em estudo envolvendo técnicas que dão suporte ao ensino de Matemática, para auxiliar o professor e poder compartilhar com outros professores de Matemática os resultados desta pesquisa. Segundo (Floriani 1994), "Todo professor gostaria de transcender sua prática pedagógica pela construção de um referencial teórico norteador de suas atividades docentes. A materialização do desejo esbarra, entre outros óbices, na exiguidade de tempo disponível para perseguir calmamente uma reflexão continuada. A sociedade dificulta ao professor sua profissionalização como intelectual. Obriga-o, quase a ser um simples repassador de conhecimentos impedindo-o de participar na construção deles pelo exercício da pesquisa." (p.13) a Dessa forma, creditamos que, com essa pesquisa, seja possível realizarmos discussões teóricas da importância do LEM e debates entre os docentes sobre as tendências da Educação Matemática. Nesse contexto, o professor deve ser o primeiro a estimular a investigação colaborativa e participativa entre os alunos (Skovsmose, 2006), com objetivo de desenvolver a socialização dos saberes envolvidos nas aulas colaborando para aumentar e a melhorar as interações entre os alunos e a Matemática, permitindo assim, a criação de um ambiente mais propício à aprendizagem e às descobertas. Espera-se que com auxílio do LEM, possam surgir grandes benefícios aos alunos e aos professores de Matemática, favorecendo a aprendizagem de forma prazeirosa e contextualizada para todos os atuantes da escola pública brasileira. Referências ALRO, H.; SKOVSMOSE, O. (2006). Diálogo e Aprendizagem em Educação Matemática. Tradução de Orlando Figueiredo. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. D’AMBROSIO, U. Educação para uma Sociedade em Transição. Campinas: Papirus Editorial, 1999 FIORENTINI, D. Alguns modos de ver e conceber o ensino da matemática no Brasil. Zetetiké, Campinas, Unicamp, Ano 3 – n°4, 1995, p. 1-37. FIORENTINI, D.; LORENZATO S. Investigação de ensino de matemática: Percursos teóricos e metodológicos. 2. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2007 FIORENTINI, D.; SADER, P. M. A. Tendências da pesquisa brasileira sobre a prática pedagógica em matemática: um estudo descritivo. Palestra proferida no EMANPED, 1995, publicada em formato digital, disponível em http://www.ufrrj.br/emanped/Textos22/fiorentini.pdf, acessado em junho/2008 FLORIANI, J. V. Professor e pesquisador. Blumenau: FURB, 1994 Grimberg, G. E. A Matemática Grega e o Ensino Atual da Matemática disponível em www.sbemrj.com.br/spemrj6/artigos/d2.pdf. Acesso em julho/2008 GUZMÁN, Miguel de. Aventuras Matemáticas. Lisboa; Gradiva, 1990 LACAZ, T. M. V. S. ; OLIVEIRA, J.C.F. Pesquisa e uso de metodologias propostas por Malba Tahan para a melhoria do Ensino. In: PINHO, S.Z.; SAGLIETTI, J. R. C. (Orgs.). Universidade Estadual Paulista - Publicações; Núcleos de Ensino. São Paulo: Editora UNESP, 2005, v. 1, p. 424-444. Disponível em: www.unesp.br/prograd/PDFNE2003/Pesquisa e uso de metodologias.pdf. Acesso em Junho/2008. LORENZATO, S. (org). O laboratório de ensino de matemática na formação de professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2006 PASSOS, C.L.B. Materiais manipuláveis como recursos didáticos na formação de professores de matemática. In: LORENZATO, S. (org): O laboratório de ensino de Matemática na Formação de Professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2006, p. 77-91. VALENTE, W. R. Controvérsias sobre educação matemática no Brasil. In: Cadernos de Pesquisa, n. 120, novembro/2003, p. 164. Disponível em: www.scielo.br/pdf/cp/n120/a09n120.pdf, Acesso em julho/2008.