LABORÁTORIO: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE MATEMÁTICA NA ESCOLA
PÚBLICA DE CONTAGEM
Renata Rodrigues de Matos Oliveira
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GD 7 : Formação de Professores que Ensinam Matemática
Este projeto apresenta inicialmente a experiência de implantação de um Laboratório de
Ensino de Matemática (LEM) em duas escolas públicas do Município de Contagem. A partir
dessa experiência se fez o seguinte questionamento: Quais são as contribuições do LEM para
os processos de ensino na escola pública de Ensino Fundamental? Assim, apresentamos este
projeto que tem por finalidade estudar e pesquisar sobre o LEM e suas possibilidades, ampliar
a discussão sobre a concepção do laboratório de matemática para o ensino fundamental,
traçando objetivos que norteiem a sua funcionalidade e aplicabilidade. Para tal, pretende-se
levantar trabalhos na área que tratem da questão para melhor entendimento do LEM.
Pretende-se abordar o tema na ótica do docente, então será organizada uma reunião com
professores de Matemática e também de outras áreas diferentes que atuam no LEM de uma
escola publica, para discutir as contribuições e possibilidades de trabalho nesse espaço e
realizar entrevistas com os mesmos para aprofundar as questões abordadas nesse sentido no
grupo. Após esses levantamentos, serão elaboradas e aplicadas pela própria pesquisadora
atividades especificas para o ensino de Matemática a fim de explorar possibilidades. Nossa
análise pretende contemplar os aspectos conceituais e práticos para, ao final, elaborar um
material didático que auxilie na formação docente, visando orientar a montagem e uso de
laboratório de matemática no ensino fundamental.
Palavras chave: laboratório de matemática, ensino de matemática, educação matemática.
Introdução
Para que se possa conhecer e entender o meu interesse em pesquisar o tema proposto,
exponho um pouco da minha trajetória acadêmica e profissional. Essas trajetórias caminham
entrelaçadas, pois enquanto estudante sempre busquei o aprimoramento e remodelagem de
minhas concepções para que, profissionalmente, minha prática pudesse contribuir
significativamente com o processo de ensino aprendizagem e com a dinâmica da escola.
Assim, a opção por desenvolver uma pesquisa que possa vir a contribuir com a reflexão da
pratica e auxiliar na ampliação de possibilidades para o processo de ensino e aprendizagem de
matemática, vem ao encontro das minhas convicções e buscas profissionais.
Sou licenciada em Matemática e Física – pela Pontifícia Universidade Católica-PUC-Minas,
curso esse que conclui em 2004. No processo de formação da licenciatura desenvolvi o
Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected], orientadora: Dra. Samira Zaidan
projeto “Explorando o Cabri-geometre” com a orientação do professor, mestre e doutor
Lamounier Josino de Assis. Este tinha como objetivo demonstrar que o software de
construções geométricas poderia ser uma ferramenta facilitadora para o estudo do cálculo
diferencial e integral. A pesquisa foi apresentada no Congresso Mineiro de Matemática.
Cursei uma pós-graduação em Ciências por Investigação pela Universidade Federal de Minas
Gerais (ENCI-Cecimig-FAE UFMG) e outra em Matemática Aplicada pela Ferlagos-RJ.
Desde 2009, componho o quadro de profissionais efetivos da Educação do Município de
Contagem. Atualmente, segundo o site oficial da Prefeitura2, a Rede é constituída de 70
escolas que atendem 23.315 estudantes matriculados nos anos iniciais e 19.752 nos anos
finais do ensino fundamental. A organização do ensino fundamental nessa rede de ensino se
dá por ciclos de formação humana com a seguinte estrutura: 1º Ciclo (6, 7 e 8 anos), 2º Ciclo
(9, 10 e 11 anos) e 3º Ciclo (12, 13 e 14 anos).
Nessa rede de ensino leciono a disciplina Matemática para estudantes do terceiro ano do
segundo ciclo e no terceiro ciclo (6º. ao 9º. anos do ensino fundamental). Essa inserção e a
participação em cursos ofertados pelo Município com o propósito de formação de professores
possibilitaram a observação das necessidades apresentadas pelos estudantes do ensino
fundamental, atrelado às tendências educacionais sugeridas nos PCN3 e baseado em obras de
autores como João Pedro Ponte, Sergio Lorenzato, Kátia Smole, que discutem o ensino da
matemática.
No período de 2007 a 2009, os profissionais da Escola Vereador José Ferreira de Aguiar, no
Município de Contagem, quadro o qual eu fazia parte, elaboraram uma avaliação diagnóstica4,
com a finalidade de reconhecer as potencialidades e dificuldades dos estudantes, devido ao
cenário atual dos estudantes no que se refere à aprendizagem e requisitos básicos da
matemática para inserção no terceiro ciclo. Baseados nos resultados dessa avaliação
desenvolveram várias discussões e propostas de trabalho que possibilitaram a reflexão sobre a
h p://www.contagem.mg.gov.br/
PCN – Segundo o Inep Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) são a referência básica para a elaboração das matrizes
de referências. Os PCNs foram elaborados para difundir os princípios da reforma curricular e orientar os professores na busca
de novas abordagens e metodologias.
nossa própria prática, Segundo Costa e Oliveira (2011, pg.2), após analisar os resultados desse
diagnostico, verificou-se:
A dificuldade dos estudantes em ler, escrever, ordenar e operar números da classe dos
milhares ou superior, interpretar o enunciado de situações problemas, selecionar
informações e elaborar hipóteses para resolução destes. Observamos, também,
dificuldade dos educandos em lidar com a geometria e utilizar a linguagem e simbologia
própria da matemática. Acreditamos que os fatores supracitados justificavam o
desinteresse e indisciplina dos estudantes durante as aulas de matemática. Somado a esta
situação, o baixo índice da escola nas avaliações sistêmicas municipal (APROVA
CONTAGEM) e nacional (SAEB - Prova Brasil) levaram o coletivo de professores a
repensar a proposta de ensino de matemática adotada na escola.
Diante dessa situação, com intuito de minimizar as dificuldades e potencializar as habilidades
dos discentes, o coletivo de professores adotou metodologias de ensino diversificadas que
incentivavam a interação e a cooperação entre os estudantes no processo de construção do
conhecimento.
Essa proposta culminou em 2010 na implantação, a qual participei, do primeiro Laboratório
de Ensino de Matemática – LEM - nessa escola pública de ensino fundamental, que foi
patrocinado pela empresa privada Arcor através do Programa Minha escola Cresce5.
Os resultados e a proposta de trabalho abordada no Laboratório de Ensino de Matemática
dessa unidade escolar foram apresentados como comunicação científica no III Colóquio de
Educação Matemática. Alguns pontos de desenvolvimento das atividades neste espaço e a
proposta foram respectivamente abordados em uma entrevista na Revista Presença
Pedagógica (Ed.102/Nov.dez/2011) e
[email protected] (Ed.71 na seção
espaço do professor).
A proposta de trabalho Laboratório de Ensino de Matemática e metodologias adotadas nesse
espaço foram também apresentadas no Ciclo de debates do Nalc6 proposto pelo município de
Contagem em 2011. Esse ciclo de debate também contou com a participação do professor
A empresa O Programa Minha Escola Cresce tem como objetivo colaborar com a ampliação e inovação das ferramentas
pedagógicas existentes nas comunidades escolares de ensino fundamental, preferencialmente nas regiões onde se localizam as
fábricas da Arcor no Brasil. (fonte: http://www.institutoarcor.org.br/minhaescolacresce/)
Luís Roberto Dante7.
Dando continuidade à proposta do Laboratório em 2012, conseguimos mais uma vez
patrocínio da Empresa Arcor para ampliarmos o acervo de livros literários desse espaço, já
que a proposta era de ampliação das atividades realizadas no LEM, assim esse projeto visava
articular a literatura, a matemática e a arte. Esse projeto foi amplamente divulgado no
intercambio em São Paulo com escolas da região de Bragança Paulista (SP), Contagem (MG)
e Ipojuca (MA). Atualmente professores de Português e Matemática o desenvolvem em pelo
menos duas escolas diferentes do Município de Contagem. Em relação a esse projeto, alguns
professores da Rede Estadual de MG também entraram em contato para adotá-lo, mas não se
tem ainda nenhuma publicação ou pesquisa dos possíveis resultados dessa proposta.
Ainda em 2012, participei da implantação de outro Laboratório de Matemática na Escola
Municipal Professor Hilton Rocha, também no Município de Contagem, por também compor
o quadro de profissionais dessa escola. Nessa Unidade Escolar, após conhecer a estrutura
física e a proposta didática do laboratório da Escola Municipal Vereador José Ferreira de
Aguiar os professores e direção utilizaram recursos próprios para equipar e organizar o
laboratório.
Neste ano de 2015, ainda componho o quadro da educação do Município de Contagem, mas
atuo como dirigente escolar. Tal posição vem permitindo ampliar a minha visão sobre a
educação no aspecto administrativo e no processo de ensino-aprendizagem de um modo geral.
Tenho contato com toda a estrutura e o processo pedagógico, com a atuação de todos os
professores dentro da sala de aula e com suas expectativas e frustrações, visão essa que nos
faz repensar em muitas de nossas práticas e ações em sala de aula. Alem do conhecimento
mais integrado das demandas da rotina escolar, ainda tenho contato direto com a comunidade
e com os seus anseios, com as demandas dos estudantes e seus desejos. Também estou
ampliando os meus conhecimentos sobre a administração pública, lei orgânica e dinâmica do
Município no que se refere a direcionamento em relação à educação, aos programas, à
materialidade e ao relacionamento com municípios vizinhos. Essa experiência vem ampliando
minha visão sobre a educação de uma forma geral que ultrapassa a esfera da sala de aula, mas
interfere diretamente no meu trabalho como professora, principalmente na abordagem e
Luis Roberto Dante
é livre-docente em Educação Matemática pela Unesp – Rio Claro, SP; doutor em Psicologia da Educação: Ensino da
Matemática, pela PUC-SP; mestre em Matemática pela USP (fonte http://www.atica.com.br/SitePages/autores.aspx?Autor=842)
necessidades relacionadas ao funcionamento do Laboratório de Ensino de Matemática.
Para aprofundar entendimentos sobre o LEM e incentivar a ação docente nesse sentido,
estamos propondo esta pesquisa. Quero enquanto pesquiso entender, perceber e analisar a
percepção do docente em relação à contribuição do laboratório para o ensino de Matemática.
Pretendemos estudar e discutir a temática do LEM e elaborar uma proposta para os docentes
com o objetivo de orientar a montagem de laboratórios e problematizar o ensino nesse espaço.
A seguir, sistematizaremos alguns argumentos da importância da abordagem da temática
dessa pesquisa, justificando-a. Na sequência, apresentaremos uma reflexão sobre a concepção
que adotaremos para
o laboratório de matemática. Em seguida, apresentaremos a
metodologia que será abordada para o desenvolvimento da pesquisa.
Justificativa
Esse projeto de pesquisa tem como finalidade apresentar uma concepção de laboratório de
ensino de matemática para o ensino fundamental com objetivos e propostas que norteiem sua
aplicabilidade e funcionalidade, além de permitir a discussão desse espaço como possibilidade
de formação contínua para o professor. Essa proposta vem ao encontro de nossos anseios
profissionais, além de estar em consonância com apontamentos feitos por autores, entre eles
Lorezanto (2006), Ponte (2001) e D'Ambrosio (1996). Estes autores ressaltam, e com eles
concordamos, a importância de analisarmos as metodologias de ensino para fortalecer o
processo de ensino aprendizagem em matemática e a função do professor nesse processo.
Esses apontamentos nos fazem, enquanto profissionais dessa área, refletir sobre a necessidade
do processo de ensino aprendizagem em matemática passar por reformulações, visando a
resignificação do ensino dessa disciplina para melhor aprendizagem.
Nessa perspectiva, Silva (2003) aponta que, nos últimos dez anos, pesquisadores da área da
educação matemática vêem buscando procedimentos e recursos didático-pedagógicos que
viabilizem o ensino da matemática e minimizem as dificuldades apresentadas pelos
estudantes. E para tal sugere a implantação de laboratórios de ensino de matemática (LEM).
Silva aponta que:
A busca por uma melhor qualidade de ensino tem evoluído diante de algumas
dificuldades enfrentadas por professores no ato do ensino e diante as dificuldades dos
alunos para aprenderem. Para vencer tais dificuldades, dentre outros procedimentos
pedagógicos, enquanto recursos didáticos surgem a necessidade de se implantarem
laboratórios de matemática em todos os níveis de ensino.
Em relação ao LEM, Lorenzato (2006) faz apontamentos sobre a importância da abordagem
de atividades e utilização do Laboratório, assim como faz considerações sobre a
montagem,utilização e materialidade. Nessa obra, o autor apresenta concepções que embasam
o uso metodológico do LEM e defende a constituição de uma materialidade especifica para
esse espaço, além de enfatizar a importância da formação do professor e convicção para se
utilizar e desenvolver atividades no LEM. Na perspectiva metodológica, Ponte (2009) em sua
obra propõe investigações matemáticas na sala de aula, faz considerações sobre a importância
dessa abordagem como possibilidade de reflexão, elaboração de conjecturas e formalização
gradativa do pensamento matemático. Discute ainda o papel do estudante e do professor
quando lidam com problemas que envolvem essa perspectiva de investigação. Nesse sentido
percebe-se que o professor desempenha múltiplos papeis, sendo de mediador, orientador e
desafiador. Ponte (2009, pg.47) explicita que nesse processo investigativo “o professor é
chamado a desempenhar um conjunto de papéis bem diversos no decorrer de uma
investigação: desafiar os alunos, avaliar o seu progresso, raciocinar matematicamente e apoiar
o trabalho deles.” No que se refere ao estudante, este assume o papel de construtor de seu
conhecimento a medida que reflete e redimensiona o seu conhecimento.Para Ponte (2009,
pg.23) nesse processo o estudante “ é chamado a agir como um matemático ,não só na
formulação de questões e conjecturas e na realização de provas e refutações,mas também na
apresentação de resultados e na discussão e argumentação com os seus colegas e professor.”
Ainda dentro dessa perspectiva de ensino e utilização do LEM, Gonçalves e Silva (2003)
trazem a ideia de que
“ Deve-se levar em conta que o componente experimental da
matemática é diferente do de outras ciências, e esse espaço não deve ser reduzido apenas às
atividades de laboratórios.” Esse apontamento nos faz refletir sobre a importância do
entendimento do LEM, uma vez que a idéia de laboratório vai alem da experimentação, pois a
proposta de ensino não permeia somente a manipulação do material para reconstituir leis e
fenômenos.Aqui ela vai permear a concepção mais abrangente do estudar matemática que
vem ao encontro das ponderações feitas por Ponte,perpassando pela idéia do
experimentar,investigar, refletir,argumentar e criar elos. Com esta perspectiva de
aprendizagem, acreditamos que os estudantes poderão estar mais interessados e serão mais
capazes de entender e utilizar o conhecimento matemático.
A fim de conhecermos mais abordagens teóricas sobre a proposta, a constituição e a utilização
do LEM, buscaremos outros estudos já existentes, alem dos já mencionados, sobre laboratório
de ensino de matemática. Percebemos que a maioria das pesquisas com as quais já tivemos
contato apresentam uma visão de laboratório no espaço da universidade e sugerem sua
implantação e abordagem das atividades praticas nesse espaço ao professor do ensino
fundamental. Entretanto, devemos ponderar que geralmente os professores não passam por
uma formação que os auxilie no processo de implantação ou utilização do espaço do LEM
para o ensino fundamental, o que pode ser verificado nos currículos da formação inicial.
LORENZATO (2006,p.12) destaca que “na prática escolar é facilmente constatável que
muitos professores não conhecem um LEM, outros rejeitam o uso de um Laboratório sem ter
experimentado, e alguns o empregam mal”. Logo, se entendermos que esse espaço se
configura como uma metodologia e, para além dessa concepção, em uma proposta de prática
pedagógica que auxilia o processo de ensino aprendizagem, torna-se essencial delinear uma
concepção de laboratório coesa em seus objetivos e que apresente possíveis contribuições
para o processo de ensino e aprendizagem, norteando o professor do ensino fundamental a
implantar e executar suas praticas nesse espaço. Uma vez que de acordo com Lorenzato(
2006, p.10) “mais importante do que ter acesso aos materiais é saber utilizá-los corretamente
,pois estes, como outros instrumentos [...] exigem conhecimentos específicos de quem os
utiliza.”
Ainda faz-se necessário salientar que, ao longo de nossa trajetória profissional, percebemos
que o processo de ensino e aprendizagem se realiza de formas diferenciadas. Libaneo (2008,
p.65) cita que “a referência para as atividades de ensino é a aprendizagem do aluno, o como
se ensina depende de saber como os indivíduos apreendem”, perspectiva essa que permite que
nesse processo de ensino não se engesse as maneiras de ensinar e em relação a aprendizagem
define que não existe uma única forma de aprender. Dessa forma, entre as muitas maneiras de
ensinar elencamos duas maneiras que ocorrem no ambiente escolar e que nos chamam a
atenção: elas favorecem o que acreditamos ser bem significativo. Assim, apontamos as
praticas que propiciem aos estudante a possibilidade de estabelecer conexões entre os seus
conhecimentos e as diferentes matérias e, ainda, quando o estudante é incentivado a construir
o seu conhecimento. Nesse sentido Ponte (2001, pag.23) explicita que na “disciplina
Matemática, como em qualquer outra disciplina escolar, o envolvimento ativo do aluno é uma
condição fundamental de aprendizagem”.
Percebemos então que no processo de ensino e aprendizagem é relevante o papel e
envolvimento mútuo do docente-discente e nessa perspectiva reafirmamos a importância de
refletirmos, enquanto profissionais, sobre a nossa prática pedagógica, Lorenzato (2008, p.10)
nessa perspectiva cita que “os saberes da experiência podem ser melhorados em qualidade e
em quantidade, se o professor se habilitar a refletir sobre sua pratica docente”, assim como
repensarmos e aprimorarmos a forma e as condições de trabalho que são proporcionadas
dentro do espaço escolar a fim de possibilitarmos um maior envolvimento e desenvolvimento
de nossos estudantes.
Entendemos como prática pedagógica um conjunto de ações desenvolvidas pelo docente no
ambiente escolar e temos percebido a importância da forma de se ministrar conceitos teóricos,
melhor serão se adaptados para a realidade que se está atuando, considerando o estudante, o
meio social ao qual está inserida a escola ou o ambiente escolar. Segundo Vieira, Duarte e
Oliveira (verbete, 2010),“a prática pedagógica é o resultado de um processo que tem o seu
inicio na própria prática.”
A partir de nossa experiência e dos estudos iniciais, podemos perceber que a abordagem da
temática justifica-se por ser o LEM uma proposta que pode favorecer o ensino da matemática,
possibilitando a diversificação de metodologias de ensino, a realização de investigações, a
criatividade, o trabalho conjunto das equipes e dos estudantes e docentes, considerando a
realidade dos alunos, suas experiências e seus interesses. Buscamos uma compreensão dos
conceitos matemáticos, a construção da capacidade de seu uso social ao, concordarmos com
Ponte (2001, pg.19), “aprender Matemática não é simplesmente compreender a matemática já
feita, mas ser capaz de fazer investigação de natureza matemática”.
Também se justifica este estudo por apresentar o LEM como um espaço diferenciado e com
condições especiais, podendo se constituir como um local apropriado e essencial para auxiliar
o desenvolvimento de práticas pedagógicas relevantes para o ensino de matemática. Também
concordamos com Lorenzato que “O bom desempenho de todo profissional depende também
dos ambientes e instrumentos disponíveis” (2006, pg.5) e acreditamos ser o LEM uma
importante possibilidade para isto.
Assim para que possamos entender melhor as ponderações dos autores supracitados é
necessário ampliar a nossa discussão sobre a concepção do que vem a ser o LEM, sua
organização e dinamismo, assim como abordar as contribuições do laboratório no ensino
fundamental implantado em uma escola pública.
Entendimentos sobre o LEM
O Laboratório de Ensino de Matemática pode parecer, à primeira vista, como análogo ao
laboratório de Física e Química, onde se realizam experimentos e se justificam teorias. Ocorre
que o LEM tem suas especificidades e elas podem ir ao encontro da ideia trivial de laboratório
como experimentação, mas pode ir além, como espaço apropriado para práticas mais
contextualizadas e diferenciadas. Para Romero (2002, p. 03 apud Gonçalves), existem alguns
tipos de laboratórios no ensino de matemática:
O Laboratório com material concreto: consiste na elaboração dos conteúdos da classe
por meio de manipulações de materiais tais como: metros, esquadro, sólidos
geométricos e outros.
- O Laboratório livre: consiste na apresentação de conteúdos anteriores de maneira livre
por parte dos alunos e para cada caso busca-se relacionar as
idéias com conhecimentos novos.
- O Laboratório experimental: consiste em que cada aluno, a partir de seus
conhecimentos prévios e com ajuda de novos materiais, busca obter resultados de
qualquer tipo sem seguir um relatório.
- O Laboratório com Computador: consiste em utilizar algum tipo de software ,especial
para que os alunos experimentem, descubram e explorem alguns conteúdos
matemáticos.
Ainda para Lorenzato (2006), muitos laboratórios possuem diferentes propostas de utilização,
umas mais teóricas, outras mais práticas, algumas em tecnologia da informação e
comunicação e outras não. Entretanto pondera que, independente da vertente que seja
direcionado o LEM, esse deve ser um espaço que permita a reflexão da pratica e “que facilite
o aprimoramento da prática pedagógica”.
Analisando o proposto pelos autores, consideramos que o LEM é um espaço único que pode
abranger todas as características apontadas por Romero e Lorenzato. Nesse aspecto,
ressaltamos que entendemos que o LEM pode se constituir como um espaço com recursos
didáticos adequados que em consonância com a ação do professor de planejar, intermediar e
organizar o antes o durante e fim das atividades proporcione um ambiente que permita ao
discente ampliar suas idéias e conhecimentos. Com isto, acreditamos que sua finalidade vai
alem da concepção de sua materialidade e de um espaço para guardar materiais. Nesse sentido
Lorenzato, define que
O LEM é uma sala-ambiente para estruturar, organizar, planejar e fazer acontecer o
pensar matemático, é um espaço para facilitar, tanto ao aluno como o professor,
questionar, conjecturar, procurar, experimentar, analisar e concluir, por fim, aprender a
aprender. (LORENZATO, 2006, p.7).
Assim consideramos, embasados nos autores já mencionados, que o LEM é um espaço que
permite ao professor explorar as potencialidades de seus estudantes para o ensino da
matemática, podendo ser uma oportunidade ao docente de repensar o seu fazer profissional
no que se refere a redimensionar a sua visão sobre a matemática e suas perspectivas de
ensino.
Objetivo
Analisar experiências de laboratório de ensino de matemática no ensino fundamental visando
elaborar um material didático que auxilie sua montagem e que seja base para a formação
docente.
Metodologia
Com o intuito de ampliar e valorizar a discussão a que se propõe na pesquisa, entendemos que
a metodologia adotada se apresenta como qualitativa. Nesse sentido, Bento (2012) nos
apresenta a base da pesquisa qualitativa como uma busca pela compreensão das percepções
individuais do mundo, proposta essa que dialoga com a finalidade do projeto.
Ponderamos ainda que a pesquisa qualitativa adotará a característica de investigação
explicativa, que de acordo com Fiorentini e Lorenzato (2009, pag.70) é uma metodologia
onde o pesquisador “procura explicitar as causas dos problemas ou fenômenos, isto é, busca
o porque das coisas. É comum a pesquisa explicativa apoiar-se numa investigação
exploratória ou descritiva”.Ainda segundo esses autores, as pesquisas descritivas e
explicativas podem envolver: “Levantamento bibliográfico, realização de entrevistas,
aplicação de questionários ou testes, ou ate mesmo estudo de casos”.Tais ideias reforçam,
dessa maneira, a relevância de se utilizar a entrevista como aporte para escutar as propostas e
experiências dos sujeitos de nossa pesquisa. Assim para delimitar a pesquisa será utilizada
como metodologia a pesquisa qualitativa sendo uma investigação explicativa apoiando nos
recursos metodológicos da entrevista e levantamento bibliográfico.
Assim para o desenvolvimento de nossa pesquisa adotaremos como metodologia a entrevista
por acreditarmos que esta possibilita reconhecer as experiências dos sujeitos. Nessa
perspectiva Teixeira (2006, pag.3) cita que a entrevista “pode ser um importante recurso
metodológico na análise destas dinâmicas interculturais e movimentos de subjetivação”,
proposição essa que vem ao encontro da proposta do nosso projeto, pois as subjetividades e
particularidades de nossos sujeitos poderá ampliar o âmbito de compreensão e uso do LEM.
Nessa perspectiva
as abordagens serão divididas em três momentos.Assim no primeiro
momento será realizada uma reunião com os profissionais licenciados em matemática e com
professores de áreas diferenciadas que atuam no Laboratório de ensino de matemática (LEM)
em uma escola pública no Município de Contagem, a fim de ouvirmos as considerações sobre
o LEM. Esses serão os sujeitos de nossa pesquisa por uma questão de proximidade e
conhecimento de algumas peculiaridades dessa Rede de Ensino. Entendemos que abranger
esses dois grupos diferenciados para a pesquisa poderá ampliar nossas discussões, uma vez
que os professores de áreas diferenciadas poderão ter objetivos e ações também diferenciadas
neste espaço.
No segundo momento serão realizadas entrevistas apenas com os professores licenciados em
Matemática por ser a nossa área de interesse especifico. A entrevista abordará questões sobre
o fazer do professor nesse espaço do LEM, sobre a sua perspectiva e dificuldades de atuar no
laboratório. As entrevistas serão gravadas e transcritas, assim como a reunião com os
docentes.
E em um terceiro momento, elaboraremos e desenvolveremos uma proposta de ensino no
Laboratório de uma escola municipal da cidade de Contagem, de modo que possamos
experienciar essa prática diretamente. Para isto, elaboraremos uma proposta e buscaremos
apoio de pelo menos um colega no sentido de nos observar e anotar os desdobramentos da
proposta.
Dessa maneira acreditamos ser possível produzir um manual de uso e implantação do LEM
para o professor do ensino fundamental.
Referências
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2012. ISSN: 1647-8975
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FIORENTINI, D., LORENZATO. S.Investigação em educação matemática percursos teóricos
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LIBÂNEO, J. C. Didática e epistemologia: para além do embate entre a didática e as didáticas
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PONTE, J. P., BROCARDO,J., OLIVEIRA H. Investigações matemáticas na sala de aula.
Vol. 7. Autêntica Editora, 2001.
TEIXEIRA, I. CASTRO.A., CUNHA K. virtualidades e alcances da entrevista narrativa
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