ORGANIZAÇÃO DO LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA NA EEPMS Silvana Aparecida Teixeira Universidade Federal de Pernambuco [email protected] Luan Danilo Silva dos Santos Universidade Federal de Pernambuco [email protected] José Dilson Beserra Cavalcanti1 Universidade Federal de Pernambuco [email protected] Resumo O presente trabalho tem por finalidade apresentar um relato do processo de instalação do Laboratório de Ensino de Matemática (LEM) na Escola Estadual Professor Mário Sette (EEPMS). Esta atividade por sua vez, faz parte dos trabalhos desenvolvidos no âmbito do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE-CAA), particularmente do subprojeto de matemática na referida escola. Dessa maneira, abordaremos em linhas gerais, a importância do LEM numa escola pública, e de maneira mais específica, a instalação, considerando o processo de institucionalização, a descrição do local, dos materiais, das atividades e desenvolvimento da organização. Além dessa parte descritiva, apresentaremos uma breve análise que irá apontar as dificuldades bem como as perspectivas para/com o projeto detalhando como foi dado cada processo. Palavras-chave: Laboratório; Instalação; PIBID. 1. Introdução Buscando melhores maneiras de intervir nas aulas de Matemática sendo que a mesma enfatize e, ao mesmo tempo, promova aos discentes enquanto bolsistas do PIBID, assim como aos professores e alunos da Escola Estadual Professor Mário Sette, uma relação mais próxima no processo de ensino-aprendizagem, a equipe do programa, sendo este, subprojeto-Matemática da UFPE-CAA, buscou promover na EEPMS, a abertura de um Laboratório de Ensino de Matemática (LEM). Este processo teria o intuito de institucionalizar o local na referida escola assim como estabelecer um ambiente de estudo, pesquisa e desenvolvimento de ações que contribuam para a 1 Professor orientador melhoria do ensino-aprendizagem de Matemática dos mais diversos conteúdos, presentes ou não, do currículo escolar, pois como destaca Lorenzato (2006, p.7), O LEM deve ser o centro da vida matemática da escola; Mais que um depósito de materiais, sala de aula, ou museu de Matemática, o LEM é o lugar onde os professores estão Empenhados em tornar a matemática mais compreensível aos alunos. Ainda nesta linha de pensamento, Franzoni e Panossian (1999, p.114) enfatizam que o LEM “é um ambiente que propicia aos alunos a possibilidade de construção de conceitos matemáticos, além da análise e nova interpretação do mundo em que vivem”. Logo, com base nos teóricos que defendem a implantação de um espaço dessa importância para o ensino-aprendizagem de todos envolvidos nele e nas próprias concepções do que um LEM pode promover na escola, os “Pibidianos” inseridos na instituição pública de ensino, após uma breve convivência na mesma, decidem, juntos com o coordenador do subprojeto-Matemática, implantar um LEM nesta escola a fim de ajudar a aproximação dos alunos com a matemática de uma forma nada usual (para eles) e ao mesmo tempo promover uma boa iniciação à docência aos discentes para atuar na educação básica, além de promover, às professoras orientadoras, um novo espaço de trabalho que possibilite ir além do contexto da sala de aula. Com isso, ao longo do texto inserem-se seções referentes às informações necessárias para um maior entendimento, sendo iniciada no tópico referente à importância do LEM para a EEPMS, seguido das dificuldades encontradas por parte de toda a equipe para a ativação do espaço na escola supracitada. É importante ressaltar que o presente trabalho ainda está em fase de andamento. 2. Importância do Laboratório de Matemática para a EEPMS Segundo Lorenzato (2006), muitos educadores ressaltam a importância do apoio visual e do visual-tátil como facilitador para a aprendizagem. Assim podemos perceber que o material didático manipulável é um recurso metodológico importante para o desenvolvimento do raciocínio lógico, da criatividade e da compreensão dos conteúdos. Entretanto, os materiais têm um caráter motivador o que impulsiona os alunos a comprometerem-se mais com as atividades que estão sendo desenvolvidas. É de suma importância a participação do professor para a elaboração de atividades que envolva os materiais que estão no laboratório, pois para sua efetivação é necessário o empenho de cada um, e de todos. Trabalhar em um Laboratório de Ensino de Matemática desenvolve uma prática de espontaneidade, entretenimento e, acima de tudo, de autonomia intelectual do aluno. Segundo o professor de Matemática Júlio César de Mello e Souza, também ‘conhecido como Malba Tahan, refere-se em um dos seus livros: De acordo com o chamado método do Laboratório, o ensino da Matemática é apresentado ao vivo, com o auxilio de material adequado à maior eficiência da aprendizagem. (Tahan, 1965, p. 61) O professor de Matemática que dispõe de um bom Laboratório de Matemática poderá, com maior facilidade, movimentar seus alunos por meio de experiências e orientá-los, mais tarde, com maior segurança, pelo caminho das pesquisas mais abstratas. (Ibid, p.62) Nesta direção, um LEM, diferentemente do que muitos pensam, não é constituído somente de jogos ou materiais didáticos manipuláveis. Um LEM pode constituir-se de livros didáticos, artigos de jornais e revistas, quebra-cabeças, jogos, figuras, sólidos, instrumentos de medidas, entre outros; ou seja, o que compõe um LEM deve estar voltado às percepções e às particularidades de cada escola. Segundo Rêgo (2006) o laboratório de matemática tem uma função incentivadora no ensino da Matemática de tal maneira que o LEM em uma escola constitui um importante espaço de experimentação para o aluno e, em especial para o professor, que tem a oportunidade de avaliar na prática, sem as pressões do espaço formal da sala de aula, novos materiais e metodologias (p.41). Diante da experimentação o aluno cria ideias e questionamentos sobre os conteúdos o que não acontece se o professor ficar apenas falando, é claro que nem todos os conteúdos podem ficar fáceis de compreender com a utilização de materiais, no entanto, irá possibilitar um melhor entendimento sobre o mesmo. Existem vários tipos de materiais manipuláveis. Segundo Lorenzato (2006), alguns são estáticos outros são dinâmicos, o primeiro é mais observável, o segundo é mais realizável possibilitando o aluno a exercer sua criatividade. Ainda, sobre esse aspecto, Passos (2006) discute que os materiais manipuláveis são caracterizados pelo envolvimento físico dos alunos numa situação da aprendizagem ativa. [...] Os recursos didáticos nas aulas de matemática envolvem uma diversidade de elementos utilizados principalmente como suporte experimental na organização do processo de ensino aprendizagem. Entretanto, considero que esses materiais devem servir como mediadores para facilitar a relação professor/aluno/conhecimento no momento em que um saber está sendo construído (p. 78). Convém destacar que mediante o ensino e aprendizagem dos conteúdos através desses materiais é necessária uma especial atenção em como lidar com esta forma de ensino, pois requer certa maturidade em saber os conteúdos que melhor se adapte aos materiais. Para Aguiar (1999) o laboratório de Matemática, é um ambiente onde ocorrem experiências intencionalmente provocadas, com a intenção de despertar no aluno a curiosidade, a criatividade e a busca de soluções, para que ele as transforme em conhecimento e modifique a sua maneira de pensar e agir sobre o mundo. 3. Dificuldades no processo de instalação Vale salientar que o processo de implementação de um laboratório envolve múltiplas variáveis como a disponibilidade de um espaço físico, a construção de materiais que vai estar à exposição, a participação dos professores e demais profissionais que queiram trabalhar neste espaço e os alunos. Inicialmente o espaço que foi destinado para o laboratório foi uma sala emprestada cuja estava vazia, pois não tinha aula, então ficamos nela desenvolvendo atividades e os materiais. Diante da ideia de construção dos materiais didáticos ou da utilização dos mesmos que já estavam presentes na escola como (A Serpente de Hamilton, O Geoplano, O Teorema de Pitágoras, O Torre de Hanói, O Material Dourado) foram trabalhados em conjunto com os conteúdos que estavam sendo apresentados em sala de aula pela professora. Materiais manipuláveis podem ser entendidos como “objetos ou coisas que o aluno é capaz de sentir, tocar, manipular e movimentar. Podem ser objetos reais que têm aplicação no dia-a-dia ou podem ser objetos que são usados para representar uma ideia” (REYS, apud PASSOS 2006, p. 78). Cabe salientar que a organização do laboratório de Matemática na Escola Estadual Professor Mario Sette é um desafio que envolve muitas ações que foram e estão sendo planejadas para que se torne um espaço onde se desenvolvem o conhecimento. Sabemos que tudo que vivenciamos até agora é apenas um começo, que precisamos nos empenha ainda mais para percorrer este caminho do conhecimento, assim tornando o Laboratório de Ensino de Matemática melhor. Cremos que com a vivência de atividades desenvolvidas em sala de aula com os materiais concretos, os alunos aprenderam de forma mais significante. Um LEM, diferentemente do que muitos pensam, não é constituído somente de jogos ou materiais didáticos manipuláveis. Um LEM pode constituir-se de livros didáticos, artigos de jornais e revistas, quebra-cabeças, entre outros; ou seja, o que compõe um LEM deve estar voltado às concepções e às características de cada escola. De modo geral, o LEM está no rumo certo, pois nós pibidianos estamos no empenhando juntamente com as professoras e os alunos na construção dos mesmos. 4. Institucionalização do Ambiente Como ainda estamos no processo da institucionalização do Laboratório de Matemática, o espaço físico não está realmente definido. No entanto, ficamos com o compromisso da direção da instituição que haveria um espaço adequado que ficará, definitivamente, a disposição dos professores e alunos para o ensino e aprendizagem Matemática. Contudo vale ressaltar que um LEM não nasce do dia para a noite. É imprescindível um planejamento e um engajamento dos alunos e professores, como já mencionado anteriormente, na importância da construção do espaço, uma vez que possibilita várias alternativas metodológicas para o ensino e aprendizagem da Matemática. Podemos nesse momento pensar sobre o papel da escola, o papel do professor, e de todos que fazem parte da comunidade escolar e, em especial, nós pibidianos para a implementação do Laboratório de Matemática. 5. Considerações Finais Por meio deste trabalho podemos perceber que um Laboratório de Ensino de Matemática é muito importante, pois está possibilitando uma aprendizagem mais significativa, onde, através de materiais manipuláveis, é possível construir um conhecimento sólido possibilitando ao aluno mais autonomia no seu processo de aprendizagem e possibilitando aos professores novas experiências e métodos de como trabalhar cada conteúdo em específico. Com isso, a Escola Estadual Professor Mário Sette vem ganhando mais um incentivo para o ensino e aprendizagem que é o laboratório de matemática. Local este, onde pibidianos estão dispostos a ajudar a aprofundar os conhecimentos dos alunos para assim chegar a um resultado mais satisfatório. Sendo assim, o laboratório é um espaço de desafios tendo uma função motivacional e epistemológica em benefício dos alunos. Desta forma, apesar do laboratório de matemática ser uma excelente alternativa metodológica existe limites onde o professor precisa estar bem preparado das ações pedagógicas didáticas que irá exercer. Nesse sentido Lorenzato (2006) aponta que a atuação do professor é determinante para o sucesso ou fracasso escolar. Por fim, a atuação em construir um laboratório de ensino de Matemática está sendo muito gratificante, pois estamos contribuindo para formação de alunos que por estarem numa escola pública merecem uma educação com mais qualidade. 6. Referências AGUIAR, Márcia. Uma idéia para o laboratório de matemática. São Paulo – SP: USP, 1999. Dissertação de Mestrado. Orientador: Nilson José Machado. LORENZATO, S. Laboratório de Ensino de matemática e materiais manipuláveis. In: LORENZATO, S. (Org.). O Laboratório de Ensino de matemática na formação de professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. (Coleção formação de professores) FRANZONI, G.G.; PANOSSIAN, M. L. O laboratório de matemática como espaço de aprendizagem. In: MOURA, M. O. de. O estágio na formação compartilhada do professor: retratos de uma experiência. São Paulo: Feusp, 1999. TAHAN, Malba. Didática da Matemática. São Paulo: Saraiva, 1962. _______, Malba. Didática da Matemática – volumes 1 e 2. São Paulo, Saraiva Livreiros Editores. 1965. BARROSO, Mariana Moran; FRANCO, Valdeni Soliani. O laboratório de ensino de matemática e a identificação de obstáculos no conhecimento de professores de matemática. ZETETIKÉ – Cempem – FE – Unicamp – v. 18 n. 34 – jul/dez – 2010. PASSOS, C. L. B. Materiais manipuláveis como recursos didáticos na formação de professores de matemática. In: LORENZATO, S. (org): O laboratório de ensino de Matemática na Formação de Professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2006, p. 78.