Tanto Platão quanto Aristóteles viam, na mimesis, a
representação da natureza. Contudo, para Platão toda
a criação era uma imitação, até mesmo a criação do
mundo era uma imitação da natureza verdadeira (o
mundo das ideias). Sendo assim, a representação
artística do mundo físico seria uma imitação de
segunda mão.
Já Aristóteles via o drama como sendo a “imitação de
uma ação”, que na tragédia teria o efeito catártico.
Como rejeita o mundo das ideias, ele valoriza a arte
como representação do mundo.
Platão nasceu em Atenas, provavelmente em 427 a.C.
e morreu em 347 a.C.
Aristóteles nasceu em Estagira, 384 a.C. — Atenas,
322 a.C.) foi um filósofo grego, aluno de Platão e
professor de Alexandre, o Grande.
Para Platão, a arte, sob o prisma mimético, dizia
respeito às opiniões e às aparências representadoras
do mundo dito real. Segundo esta concepção,
portanto, a mimese representa a imitação das
aparências (da realidade).
Pensando desta forma, a arte se configuraria como
uma espécie de espectro da realidade, um simulacro
que não mostraria reconhecimento verdadeiro em um
plano de realidade.
Por outro lado, Aristóteles relaciona o conceito de
mimese à imitação das essências do mundo. Desta
maneira, o imitar não estaria sujeito à mera
duplicação de uma imagem referente, por exemplo. A
configuração mimética, de acordo com o ensinamento
aristotélico, implicaria em um profundo
conhecimento da natureza humana. Atrelada ao
conceito de mimese de Aristóteles, o objeto da arte
se tornaria real na medida em que se dirigisse
purificação que liberta os seres: a catarse.
Aristóteles tomou o vocábulo “catarse” da linguagem
médica, onde designava um processo purificador que
limpa o corpo de elementos nocivos. O filósofo ao
caracterizar o efeito catártico da tragédia, não tem em
mente um processo de depuração terapêutica ou
mística, mas um processo purificador de natureza
psicológico-intelectual.
Aristóteles não advoga a extirpação dos impulsos
irracionais, mas sim a sua clarificação racional, a sua
purgação dos elementos excessivos e viciosos:
“Assistir a dor fictícia de outra pessoa leva a um
desafogo inócuo de paixões como o medo e a
piedade”. E desta higiene homeopática da alma
humana resulta um prazer superior e de bem estar.
Catarse (do grego Κάθαρσις "kátharsis") é uma
palavra utilizada em diversos contextos, como a
tragédia, a medicina ou a psicanálise, que significa
"purificação", "evacuação" ou "purgação". Segundo
Aristóteles, a catarse refere-se à purificação das almas
por meio de uma descarga emocional provocada por
um drama.
Édipo Rei é uma peça de teatro grega, em particular
uma tragédia, escrita por Sófocles por volta de 427
a.C.. Aristóteles, na sua Poética, considerou esta obra
o mais perfeito exemplo de tragédia grega.
09/11/2012 - Atualizado em 12/11/2012
Édipo Rei
Eduardo Wotzik dirige clássico de Sófocles
Considerada por Aristóteles o exemplo mais perfeito de tragédia grega,
a peça “Édipo Rei”, escrita por Sófocles em 427 a.C., ganha uma versão
atual e popular no Espaço SESC. Com direção de Eduardo Wotzik, Eliane
Giardini, Gustavo Gasparani, César Augusto, Fabianna de Mello e Souza,
Pietro Mario Bogianchini, Thiago Magalhães, Nina Malm e Louise Marrie
sobem ao palco ao lado de Amir Haddad e Rogério Fróes, em
participações especiais. Atores de diferentes gerações e estilos teatrais
marcam a nova montagem do clássico.
https://www.youtube.com/watch?v=h92C4YF3CDs
http://www.youtube.com/watch?v=f3ejajL6CE4
Mimese, em síntese, pode ser considerada
atualmente como imitação, tal como os gregos
proferiram. Mas, reprodução de sua capacidade de
gerar, de criar. Além disso, antes da imitação da força
natural, da realidade, da materialidade, da
substancialidade, enfim… Pode-se entender que, hoje,
a arte, por meio da mimese, recria a realidade,
absorvendo sua essência revigorando-a. Criando seu
próprio universo.
Pensando propriamente em literatura, percebe-se
que a linguagem – convencional e arbitrária –
configura uma realidade mais essencial que virtual. A
realidade é transmutada em simbologia de essências
universais, pois imitar não é copiar. A arte
complementa a natureza sem, necessariamente,
confundir-se com ela.
Em sentido genérico e comum, verossimilhança é a
qualidade ou o caráter do que é verossímil ou
verossimilhante; e verossímil, o que é semelhante à
verdade, que tem a aparência de verdadeiro, que não
repugna à verdade provável. Como se sabe, o
entendimento do que seja verossimilhança é
fundamental para o estudo da literatura e das artes
em geral desde a Poética de Aristóteles, que entendia
que "pelas precedentes considerações se manifesta
que não é ofício do poeta narrar o que aconteceu; é,
sim, o de representar o que poderia acontecer, quer
dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a
necessidade” (Aristóteles, Poética, Abril Cultural,
1984).
A arte é a linguagem universal do sentimento…
“A arte é a linguagem universal do sentimento, é um atalho preciso
que fala direto ao coração…
Sem perceber, fazendo e apreciando a arte, ela nos convida para um
mergulho em nós mesmos.
Revela nossos mistérios profundos e nossa comunhão com a criação,
em todos os sentidos.
O artista que brota em nós tem a tarefa de polir um espelho
cristalino para revelar a beleza que nos rodeia, que, quase sempre, já
está na natureza; a tarefa de recriá-la vem do refinamento do
sensível em nós, eis o atalho, o sensível não se define, o indefinido
não se apalpa com as mãos da ciência, só se vê seus efeitos.
Estão no choro e no riso, na explosão das emoções, na sensação de
vitalidade e vontade de fazer aquelas coisas bonitas, como quando a
gente sai de um espetáculo que realmente nos toca, da cabeça aos
pés e, principalmente, nos toca lá dentro, onde moram os nossos
mistérios…”
João Mendes Rio
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