6 Brasil Econômico Quarta-feira, 20 de maio, 2015
PROJETOS DE MARKETING
ESPECIAL MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
Brechó para
classe A
Força total na
marca própria
Não tem crise no mercado brasileiro de
produtos de higiene pessoal, perfumaria e
cosméticos, que cresce a taxas médias
anuais próximas a 10% há quase 20 anos.
Somente a indústria faturou R$ 43,2 bilhões em 2014, alta de 13% ante o ano anterior. E quando se investe em nichos desse mercado as chances de sucesso podem
ser ainda maiores, como mostram os números da Mercearia do Banho, varejista
que atua no Distrito Federal. Rodrigo Naves de Oliveira, seu fundador, diz que a expectativa é crescer entre 20% e 25% este
ano. Em 2014, o faturamento não revelado evoluiu 38% e no ano anterior, 78%.
Além de estar num ramo que não para
de crescer, o diferencial da Mercearia do
Banho, explica Oliveira, é a linha de produtos de higiene pessoal, cosméticos e para a casa, como essências e velas aromatizadas, com pegada natural: alguns são totalmente orgânicos; outros contêm menos corantes, conservantes, sem derivados de petróleo e isentos de testes com ani-
“
Com a marca própria, meu
custo é menor e tenho maior
controle de preços na ponta.
Revendo produtos de outros
cinco fabricantes, que
aumentaram os valores e não
tenho como absorver tudo”
Rodrigo Naves de Oliveira
Fundador da Mercearia do Banho
mais, entre as principais características.
Oliveira diz que o negócio não está alheio
às oscilações da economia, mas ele tem
conquistado bons índices de crescimento
investindo em expansão orgânica e produtos com marca própria.
Desde 2014, trabalha no desenvolvimento da marca e já tem quatro produtos
na prateleira, dois lançados este ano, entre os dez que pretende colocar no mercado ainda em 2015. O investimento previsto é de R$ 2 milhões somente no desenvolvimento dos produtos. “Com a marca própria, meu custo é menor e tenho maior
controle de preços na ponta. Revendo produtos de outros cinco fabricantes, que aumentaram os preços e não tenho como absorver tudo. Assim como a qualidade, preço é importante para os negócios.”
A produção, diz o empresário, é terceirizada no momento. Entretanto, já planeja construir uma fábrica própria, em
dois a três anos, com investimento estimado entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões.
A ideia é abastecer as próprias lojas com
a verticalização, além dos planos de crescimento por meio do sistema de franchising. Oliveira afirma que o projeto de tornar a Mercearia do Banho em franquia já
está em fase adiantada, de formatação
de contratos e modelos de negócios, e deverá ser lançado no começo de 2016. A
empresa tem investido no comércio online também, há um ano. Mês passado,
revigorou o site e espera que o comércio
eletrônico acrescente até 25% a mais no
faturamento. "Girava em torno de 8%,
mas era de difícil navegação e sei que a
procura é grande, pois em Brasília recebemos muitos consumidores de fora."
Ex-proprietário de salão de beleza, Oliveira abriu a primeira loja em 2011, num
shopping brasiliense. Hoje, já são duas,
além de um quiosque, e uma terceira unidade está prevista para ser inaugurada em
agosto, todas em shoppings no Distrito Federal. “Ainda cogitamos a oportunidade
de abrir mais uma loja neste ano.” A segunda unidade foi criada como um ambiente de experimentação também, onde
a decoração e os aromas propiciam aos
clientes uma sensação de bem-estar. “Este é outro diferencial. Não queremos vender apenas produtos, mas também induzir a uma experiência de bem-estar e melhor qualidade de vida”, observa.
Se as projeções para o segmento
de tecidos, vestuário e calçados
não são muito boas, não se pode
afirmar o mesmo para alguns nichos desse mercado, especialmente os vinculados à moda. Segundo estudos do Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), há cerca de 800
mil pequenos varejistas de moda e apostar em nichos pode ser
uma boa estratégia para esses
empreendedores ou uma oportunidade para quem quer abrir
um negócio. Entre os nichos
com boas perspectivas, estão os
de moda plus size, gestante, sustentável, gospel, streetwear,
country e brechó.
A engenheira mecânica Patrícia Taboada seguiu por esse
caminho quando decidiu investir em um negócio próprio
há exatos dois anos e hoje não
tem do que reclamar. Dona da
Cabideria Brechó, uma boutique especializada em roupas
femininas seminovas para a
classe A, Patrícia diz que o faturamento cresceu 90% no segundo de fundação e que a crise de 2015 passa bem longe: a
receita mensal tem crescido
70% em média, quando comparada a dos primeiros meses de 2014.
“Mesmo em tempos de crise toda mulher gosta de comprar e na minha loja
elas encontram peças que custam entre
10% e 25% dos preços praticados em
pontos nos shoppings.”
Localizada na capital paulista, além
de ser um negócio de nicho, a Cabideria
tem outros diferenciais que influenciam
nos resultados, diz Patrícia. “As peças
são únicas, todas de marca e em perfeito
estado, pois não compro roupas reformadas ou com pequenos defeitos, e a proposta é ser uma opção às lojas multimarcas dos shoppings.” Um ambiente aconchegante, com café e aromas desenvolvidos especialmente para a Cabideria,
além do bom atendimento, também são
diferenciais competitivos que têm ajudado a engordar os números, diz a empresária, que ainda se divide na função de ge-
“
As peças são únicas, todas
de marca e em perfeito
estado, pois não compro
roupas reformadas ou com
pequenos defeitos. Tenho
custo baixo e uma margem
bruta em torno de 200%”
Patrícia Taboada
Proprietária da Cabideria Brechó
rente comercial de uma multinacional
alemã instalada no Brasil.
Patrícia afirma que considera o negócio como a sua previdência e, por
isso, todo o esforço é pouco.
“Tem que se dedicar e muito.” Para empreender, ficou um ano garimpando peças em bazares beneficentes de igrejas,onde investiu
perto de R$ 15 mil nas cerca de
800 peças iniciais do estoque da
Cabideria. No total, injetou perto
de R$ 200 mil no empreendimento desde o início, incluindo a reforma do ponto, diz, observando
que o retorno virá em três anos
de funcionamento. Com a experiência e ênfase na divulgação,
criou uma rede de fornecedores
que, como afirma, são pessoas como ela: gostam de se vestir bem,
investem sempre em roupas de
marca e as usam muito pouco.
“Tenho custo baixo e uma margem bruta em torno de 200%.”
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Força total na classe A