TRABALHO DE CONDICIONAMENTO SETEMBRO/2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ ENGENHARIA ELÉTRICA SUPORTABILIDADE DE ELETRODOMÉSTICOS FRENTE A DISTÚRBIOS DE QUALIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA Gabriel Henrique de Faria, Davi Marcelo Soares, Marcos Costa, Tiago Lino, Thiago José Dias, Lucas Gabriel Músico, Luana Batista, Guilherme Pereira Prof. Dr. José Maria de Carvalho Filho Centro de Excelência em Redes Elétricas Inteligentes (CERIn) que podem ser determinantes na operação dos mais diversos equipamentos que compõem os seguimentos industriais, comerciais e residenciais de consumidores [10]. Sob a ação destes fenômenos, os aparelhos elétricos podem vir a operar de maneira inadequada ou, em casos extremos, podem até mesmo sofrer danos que exijam reposição [13]. Diante deste quadro podem surgir grandes contendas entre as partes envolvidas no processo. Resumo - Este artigo apresenta uma discussão a respeito dos danos causados por distúrbios na Qualidade de Energia Elétrica em eletrodomésticos. Para tanto, foi feita uma revisão bibliográfica a fim de obter diversos parâmetros capazes de indicar a suportabilidade de equipamentos como Televisores, DVD’s, Microcomputadores, Aparelhos de Som, Refrigeradores e Micro-ondas frente a distúrbios como sobretensões e subtensões de curta e longa duração, harmônicos e surtos transitórios de frente rápida, ocasionadas por descargas atmosféricas que incidem diretamente na rede ou próxima a elas induzindo sobretensões na mesma. Os parâmetros obtidos são curvas de suportabilidade e resultados de ensaios e simulações nos equipamentos citados. Os pedidos de ressarcimento por danos em equipamentos elétricos e eletrônicos têm aumentado significantemente e têm merecido a atenção das concessionárias de energia, agências de regulação, consumidores e outros órgãos governamentais. O tema, como um todo, vem motivando investigações direcionadas à melhoria do processo de análise das questões em foco, domínio e difusão do conhecimento da correlação entre os distúrbios e efeitos, assim como o fornecimento de diretrizes para o oferecimento de produtos que possuam uma maior suportabilidade diante dos distúrbios relacionados com a QEE [10]. Palavras-Chave: Qualidade de Energia Elétrica, Distúrbios, Eletrodomésticos, Suportabilidade Dielétrica, Suportabilidade Térmica. I – INTRODUÇÃO I.1 – Considerações iniciais I.II – Objetivo Há algumas décadas não se dava importância à qualidade da energia elétrica (QEE), visto que os equipamentos eram mais robustos e suportavam as perturbações no fornecimento de energia. Hoje, com o avanço da eletrônica de potência, a natureza das cargas mudou e, além disso, os equipamentos tornaram-se mais sensíveis a oscilações na QEE [9]. Os eletrodomésticos estão sujeitos aos distúrbios que por ventura podem ocorrer e se propagar na rede elétrica. Tais distúrbios são capazes de provocar danos nestes equipamentos, sendo assim, é de extrema importância estudos referentes ao assunto a fim de indicar a suportabilidade dos equipamentos, analisar possíveis melhorias na rede e melhorias no projeto dos próprios eletrodomésticos de modo a reduzir a taxa de consumidores prejudicados por eventos indesejados na rede. A ocorrência de fenômenos advindos da natureza e outros relacionados com dinâmica operacional de um sistema elétrico, bem como atuações dos dispositivos de proteção, entrada e saída de cargas de elevadas potências, partida de grandes motores, ocorrência de curtos-circuitos e forte presença de cargas não-lineares, tem ocasionado impactos Dentro deste contexto se estabelece o objetivo desse trabalho, o qual é avaliar a suportabilidade dos equipamentos frente aos distúrbios que podem ocorrer na 1 As publicações e informações que correlacionam os níveis de suportabilidade dielétrica e a duração dos fenômenos para os mais distintos equipamentos recomendam o emprego de um traçado gráfico representado pela Fig.1. O eixo vertical, caracterizado pela função V(t), denota a tensão admissível pelo equipamento e o eixo horizontal está associado com o tempo de exposição do produto à sua respectiva tensão. rede, os quais levam os equipamentos a trabalharem fora das condições nominais de funcionamento o que pode provocar a queima de alguns componentes. Há dois tipos de suportabilidade ligadas ao objetivo desse trabalho, são elas: Suportabilidade Dielétrica e Suportabilidade Térmica. Desta forma, será feito um levantamento de diversos resultados de trabalhos de pesquisa já desenvolvidos nesta área. II – SUPORTABILIDADE Dentro do nosso contexto, por suportabilidade entende-se como a tolerância dos equipamentos frentes a distúrbios da qualidade da energia elétrica fornecida. A análise da suportabilidade de um equipamento fundamenta-se em duas grandezas, sendo que uma se relaciona às exigências dielétricas e, a outra, às condições térmicas impostas. Figura 1 - Formato de uma curva de suportabilidade dielétrica II.1 – Curvas de Suportabilidade A análise das formas típicas encontradas para as curvas de suportabilidade sugere a utilização de funções logarítmicas para a sua representação matemática. Desta forma, a Fig. 2 apresenta um formato típico de curva de suportabilidade dielétrica. Para se avaliar a consistência dos pedidos de ressarcimento por danos nos equipamentos, quando da ocorrência de distúrbios no sistema elétrico de distribuição, é utilizado o princípio da correlação entre causas e efeitos, isto é, avaliação da intensidade dos tais distúrbios e respectivo confronto com os padrões dielétricos e térmicos considerados como admissíveis pelos produtos[12]. Na atualidade se reconhece a existência de procedimentos de ensaios que apontam para a direção do estabelecimento destes padrões, ou seja, de curvas de suportabilidade dos mais distintos produtos empregados no mercado. No entanto há de se destacar a inexistência de normas a serem obedecidas pelos fabricantes de aparelhos eletroeletrônicos. Os levantamentos bibliográficos revelam grande carência de trabalhos que atendam a tais necessidades. Desta forma, as curvas de suportabilidade são ainda extremamente embrionárias e não oferecem, até o momento, a confiabilidade desejada. As dificuldades detectadas envolvem questões como: diversidade de fabricantes de produtos similares, inexistência de normas a serem atendidas, tempo de uso dos produtos [11]. Figura 2– Formato de uma curva típica de suportabilidade dielétrica Região 1: Transitorios rápidos, impulsivos e de alta frequência (descargas atmosféricas); Região 2: Fenômenos de menor frequência e maior duração (chaveamento de um banco de capacitores); Região 3: Representação dos fenômenos atrelados com elevação de tensão na frequência industrial. II.1.1 – Suportabilidade dielétrica [11] Suportabilidade dielétrica diz respeito ao limite máximo de tensão suportada pelo equipamento, acima do qual a capacidade de isolamento do aparelho seria violada causando danos ao mesmo. Para se analisar tal característica faz-se necessário considerar os efeitos dos distúrbios que venham a se manifestarem na tensão de suprimento, isto é: distorções harmônicas, variações de tensão de curta e longa duração, oscilações de tensão, entre outras. Para a obtenção de tal curva de suportabilidade dielétrica é realizado uma discretização do período de duração do distúrbio e calculado, para cada instante, um indicador que represente o efeito cumulativo da tensão. Tal indicador é calculado através da equação (1) a seguir. 2 (1) Onde : VK - valor da solicitação dielétrica para um instante de tempo qualquer; Vi - valor instantâneo da tensão para um instante de tempo qualquer; n - número de amostras. Figura 3: Curva CBEMA [3] II.1.1.1 – Exemplos de curvas existentes: curvas CBEMA e ITIC A curva CBEMA (Fig. 3) surgiu no final da década de 70, a partir de estudos feitos por Thomas Key, sobre a confiança de suprimento de energia para as instalações militares. Ela fornece os limites de tolerância para computadores frente aos distúrbios de tensão na rede elétrica. Porém a maioria das publicações relacionadas ao tema utiliza como referência a curva ITIC, publicada pelo Comitê Técnico 3 (TC3) do Information Tecnology Industry Council, anteriormente conhecido como Computer & Business Equipment Manufacturers Association. Trata-se de uma versão modificada da curva CBEMA. Ela estabelece uma região limite dos níveis Mínimos e Máximos de tolerância física e operacional para os equipamentos. A Fig.4 apresenta a curva ITIC que pode ser dividida em 4 regioes de acordo com a duração do fenômeno: Figura 4: Curva ITIC [4] II.1.2 – Suportabilidade térmica [12] Suportabilidade térmica diz respeito ao limite máximo de corrente suportada pelo equipamento, acima do qual os limites térmicos do aparelho seriam violados causando danos ao mesmo. Região 1: Transitórios impulsivos de alta frequência que tipicamente ocorrem a partir da incidência de descargas atmosféricas; Região 2: Transitórios oscilatórios de baixa frequência, os quais possuem uma duração característica de aproximadamente ¼ ciclo; Região 3: Elevações de tensão com amplitudes de até 120% da tensão nominal RMS com duração do distúrbio de 0,5 segundos; Região 4: Regime permanente de forma a descrever uma tensão eficaz constante máxima de 10% do valor nominal por um período indefinido de tempo. A obtenção das curvas de suportabilidade térmica está ligada ao conceito da energia (I²t) dissipada e permitida pelos componentes que perfazem as partes mais sensíveis dos dispositivos. Considera-se que a curva I²t corresponde à máxima energia suportável pelo equipamento, a qual é considerada como constante para qualquer intensidade de corrente associada com o seu correspondente tempo de duração. Desta forma, segue que a equação (2) a seguir constitui-se no princípio físico para o modelo estabelecido para a curva de suportabilidade térmica. (2) 3 Os distúrbios que frequentemente são observados no sistema elétrico, principalmente na rede de média tensão, podem ser de origem transitórias ocasionadas por descargas atmosféricas e manobras na rede, podem ser sobretensões e subtensões de longa e curta duração e podem ser ocasionados por harmônicos existentes na rede, gerados por cargas não lineares como os próprios aparelhos eletrônicos. A tabela 1 indica os tipos de distúrbios apresentando sua duração e magnitude. Onde: i(t) - valor instantâneo da corrente, em ampere (A), responsável pela dissipação da energia térmica máxima admissível pelo equipamento; TD - intervalo de tempo, em segundos, durante o qual o equipamento foi submetido ao esforço de corrente supra caracterizado; J - energia máxima admitida pelo equipamento. Tabela 1 – Tipos de Distúrbios, Duração e Magnitude Uma vez conhecida à energia máxima admissível pelo equipamento, valor representado por J e que será mantido inalterado para qualquer situação operacional, torna-se factível a obtenção de sua correspondente curva de suportabilidade térmica. Para tanto, basta obter, para cada intervalo de tempo de exposição aos esforços, o correspondente valor de corrente. Assim, a partir da equação anterior podem ser escritas as expressões a seguir. (3) III – TELEVISORES (4) Um trabalho publicado no Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica realizou ensaios de sobretensão de curta e longa duração e ensaios de impulso atmosférico em algumas amostras de TV’s novas e usadas [7]. Outro trabalho [8] realizou ensaios em TV’s a fim de analisar quais as consequências causadas por harmônicos nestes equipamentos. Os resultados são apresentados a seguir. Uma curva de suportabilidade térmica típica é ilustrada pela Fig 5. III.1 – Sobretensões em regime permanente Realizou-se ensaios em seis amostras de TV’s de 20” (Un=220V), sendo três aparelhos novos e três usados. Aplicou-se sobretensões a 60 Hz variando a tensão de 1,05 a 1,8 pu com tempo de exposição de 30 seg, 1 min e 5 min. Para as TV’s novas, obteve-se os seguintes resultados contidos na Tabela 2. Fig.5– Formato de uma curva típica de surtabilidade térmica Tabela 2 – Suportabilidade em regime de TV’s novas II.1 – Tipos de distúrbios O conhecimento dos mais variados distúrbios que um sistema elétrico pode estar exposto é de suma importância no contexto de suportabilidade de equipamentos eletrodomésticos. Nas referências [9], [14], [15] e [16] podem ser encontrados conceitos, definições e uma extensa descrição dos distúrbios relacionados com a QEE. 3A – Operação adequada de todas as amostras; 1D – Uma das amostras apresentou disfunção; 2D – Duas amostras apresentaram disfunção; 2Q – Duas das amostras sofreram queimas; 4 Os equipamentos apresentaram distúrbios a partir de 1,6 pu de tensão, sendo que dois deles queimaram na faixa de 1,8 pu com tempo de exposição igual a 5 min. Uma avaliação feita indicou que o elemento que sofreu a primeira avaria durante o ensaio foi o capacitor de filtro de entrada de alimentadores de TV’s. III.3 – Harmônicos Foi realizado ensaios em TV’s submetendo-as sobre o efeito de harmônicos a fim de verificar quais os danos causados. Através desses ensaios foi comprovado que harmônicos na rede podem causar distorções na imagem dos aparelhos. A tabela 3 apresenta os resultados para as TV’s usadas. Nesse ensaio, ocorreu a queima de uma das amostras no momento em que esta foi submetida a uma tensão de 1,75 pu, por um intervalo de 5 minutos. Uma das amostras apresentou disfunção momentânea para a tensão de 1,7 pu em 30 seg., porem esta voltou a operar normalmente após a sequência de testes. IV. REFRIGERADORES Em uma dissertação de mestrado apresentado na Universidade Federal de Uberlândia [2], foram realizados alguns ensaios de suportabilidade com alguns equipamentos eletrodomésticos que funcionam à força eletromotriz, como refrigerador, freezer, ar-condicionado, máquina de lavar roupas e lava louças. Como todos estes aparelhos tiveram comportamentos semelhantes, será apresentado aqui os resultados apenas para o refrigerador. Tabela 3 – Suportabilidade em Regime de TV’s usadas VI.1 – Sobretensão Foi aplicada uma tensão de 1,2 pu durante 10 ciclos, na frequência de 60 Hz, sobre o aparelho. Para este caso não ocorreu nenhuma mudança significativa no funcionamento, apenas um incremento no valor de pico da corrente. 3A – Operação adequada de todas as amostras; 1D – Uma das amostras apresentou disfunção; 1Q – Uma das amostras sofreu queima; III.2 – Sobretensão de Origem Transitória VI.2 – Subtensão Realizou-se ensaios sobre tensão impulsiva em cinco TV’s de 14”, sendo duas usadas e três novas. Considerando vários fatores como resistência de aterramento do transformador de 160Ω, 500Ω e teoricamente infinito, comprimento da rede de baixa tensão igual a 30 m, impedância de surto igual a 400Ω, entre outros, chegou-se nas tensões de pico próximas a 4, 6 e 8 kV. Foi aplicada uma tensão de 0,6 pu durante 10 ciclos, na frequência de 60 Hz. Este foi o distúrbio mais prejudicial ao equipamento devido aos altos picos de correntes. Porém não houve queima do aparelho. VI.1 – Interrupção de tensão O refrigerador testado suportou até 7 ciclos de interrupção. Com interrupções maiores que a mencionada, o aparelho desligou. Os ensaios foram realizados no LAT-EFEI, utilizando a forma impulsiva padrão (1,2 x 50 µs), foi aplicado 5 impulsos para cada nível de tensão (4, 6 e 8 kV) com os equipamentos desligados, sendo que estes eram ligados em cada intervalo de um impulso para o outro, a fim de verificar o funcionamento do aparelho. Posteriormente foi aplicado impulsos com os equipamentos ligados à rede. VI.1 – Flutuação de tenção e Distorção harmônica Não houve nenhuma alteração no funcionamento perante aos níveis de flutuações de tensão e distorção harmônica aplicados que foram de Pst = 5pu e DHT = 20%, respectivamente. As amostras novas apresentaram comportamentos distintos, porém, uma delas apresentou um ótimo resultado indicando um projeto adequado. Já os equipamentos usados também obtiveram desempenhos distintos durante o ensaio, mas isso não foi suficiente para comprometer seu funcionamento. V. MICROCOMPUTADORES Foi utilizando o artigo: “Electronic Equipment Dielectric and Thermal Withstand Capability Curves for Refunding Analysis Purposes” [4] para obtenção e análise dos resultados e curva de suportabilidade do eletrodoméstico microcomputador. Através dos resultados dos ensaios de impulso de tensão concluiu-se que para os níveis adotados, em nenhuma das aplicações foi observada a ocorrência de descargas internas ou externas, sendo que após todas as sequências de solicitações impulsivas, os equipamentos sob teste foram conectados a rede e operaram adequadamente, assim pode-se afirmar que os limites de suportabilidade deste equipamento é maior do que os analisados. Foram analisadas 10 amostras de microcomputadores as quais foram submetidas a três tipos de ensaios, os resultados são apresentados a seguir. 5 V.1 – Sobretensões moderadas em frequência industrial Tabela 6 – Suportabilidade em microcomputadores ensaio 3 Realizaram-se ensaios em duas amostras de microcomputadores, uma com e outra sem o uso de estabilizador de tensão. Através de um transformador de 15kVA 220/800 V foi-se elevando a tensão até a situação em que o eletrodoméstico aprensetou falha em sua isolação, obtendo-se portanto os resultados contidos na Tabela 4. PC 5 6 7 8 9 Tabela 4 – Suportabilidade em microcomputadores ensaio 1 PC 1 2 Estabilizador de tensão Não Sim Tensão (V) 396 440 Tempo de exposição (s) 4,8 0,5 Estabilizador de tensão Sim Sim Não Não Não Tensão (V) 3822,19 4055,44 3747,55 4913,8 5056,86 Tempo de exposição (s) 15,38*10-6 16,00*10-6 12,67*10-6 13,00*10-6 13,52*10-6 Com base nos valores e ensaios realizados e acima expostos foi possível o levantamento da curva de suportabilidade de um microcomputador doméstico, que é apresentada na Figura 6: V.2 – Alta tensão aplicada em frequência industrial Realizaram-se ensaios em duas amostras de microcomputadores, ambas com o uso de estabilizadores de tensão nas quais o circuito de ensaio em sua entrada utilizava um disjuntor de 40 A e um transformador com o qual era possível obtenção de níveis de tensão a níveis industriais, no circuito não havia controle na tensão aplicada no equipamento, entretanto a mesma era monitorada até detecção de falha nos microcomputadores ensaiados, os resultados do ensaio 2 são apresentados na Tabela 5: Figura 6 – Curva de suportabilidade de um microcomputador sem uso de estabilizador de tensão. Tabela 5 – Suportabilidade em microcomputadores ensaio 2 PC 3 4 Estabilizador de tensão Sim Sim Tensão (V) 2000 1600 Tempo de exposição (s) 0,12 0,25 VII. MICROONDAS VI.1 – Afundamento de tensão Foram testados 2 fornos de microondas de diferentes marcas. É interessante notar neste caso que para os dois fornos de microondas, foram obtidas correntes distintas. Sendo assim, as figuras 7 e 8 apresentam as tensões e correntes obtidas para as duas amostras, durante um dos eventos registrados no monitoramento. Fica evidente o diferente comportamento dos equipamentos, principalmente em regime permanente de operação das duas amostras de fornos de microondas avaliadas. V.3 – Impulsos transitórios Realizaram-se ensaios de impulsos transitórios de acordo com as normas IEEE C6241, C6234, C6245 e IEC616431, IEC61000-4 -5 em cinco microcomputadores, nos quais dois foram realizados utilizando-se estabilizadores de tensão e três sem o uso. Tais normas estabelecem dois padrões de formas de onda, na primeira o pico de tensão é alcançado em 1,2µs e 50% do valor máximo é alcançado em 50µs durante o tempo de acomodação da onda. Já a segunda forma de onda padrão possui seu valor máximo de corrente em 8µs enquanto que o valor 50% deste é obtido em 20µs durante o tempo de acomodação da onda. Os resultaos do ensaio 3 são apresentados na Tabela 6: Figura 7: Resposta de corrente frente um afundamento de tensão, aparelho 1 6 Sobretensões nas redes de BT atreladas com a ocorrência de fenômenos oriundos da queda de cabos da média sobre os condutores de baixa tensão; Transitórios impulsivos, representativos da incidência de distúrbios vinculados com descargas atmosféricas. Os valores de tensão e respectivos tempos de exposição até a manifestação de danos físicos para os aparelhos contemplados nos estudos encontram- se sintetizados na tabela 8. Figura 8: Resposta de corrente frente um afundamento de tensão, aparelho 2 Tabela 8 - Tensões Limites Para Aparelhos de Som VIII. APARELHO DE SOM Aparelho de Som 1 2 3 4 5 6 Em uma tese de doutorado apresentada à Universidade Federal de Uberlândia, avaliou-se o comportamento de eletrodomésticos frente a alguns distúrbios na QEE. Dentre os equipamentos, foram avaliados diversos aparelhos de som e obtidos resultados relacionados com suas suportabilidade térmica e dielétrica. Para isso foram reproduzidos fenômenos associados à descarga atmosférica, realizados ensaios de sobretensão a frequência industrial e ensaios de sobretensão em média tensão nos cabos de baixa tensão. Ensaio Tensão (V) Duração t(s) Ensaio 2 Ensaio 2 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 3 Ensaio 3 2399 2000 2400 3436,5 5616,7 5598,0 0,1 0,250 0,1 10,71*10-6 7,06*10-6 9,38*10-6 IX. APARELHOS DE DVD VIII.1 – Obtenção da suportabilidade térmica IX.1 – Sobretensão impulsiva A fim de traçar curvas de suportabilidade térmica, foi obtido a energia térmica máxima admissível por cada aparelho de som. Para isso, os equipamentos foram expostos à impulsos de corrente. O primeiro equipamento testado foi exposto a um impulso com valor de pico de 4,58 KA e com um tempo de exposição de 9,38 microsegundos foi constatado dano. Desta forma, a energia térmica máxima até a queima do aparelho foi de 72,59 A²s. Os resultados dos outros equipamentos testados são resumidos na tabela 7. Realizou-se ensaios em 5 aparelhos de DVD, a metodologia do ensaio foi semelhante à mencionada na seção III.2 com a diferença que foram aplicados 5 impulsos de 8 [KV] com os equipamentos à vazio (desligados) e com carga (ligados). Após cada aplicação os aparelhos foram testados para conferir sua funcionalidade e após todas as aplicações foram submetidos a 10 horas de funcionamento a fim de constatar qualquer tipo de defeito. Foram avaliados Dvd’s de três marcas diferentes, denominados de A-3, B-3, C-3, D-3 e E-3. Tabele 7 - Energia Térmica Máxima Aparelho de Som 1 2 3 Condição Novo Novo Usado Duração t(s) 10,71 9,38 7,06 Energia J(A²*s) 69,69 72,59 77,35 VIII.2 – Obtenção da suportabilidade dielétrica Para o processo de obtenção das curvas de suportabilidade dielétrica dos aparelhos de som, a estratégia empregada consistiu na realização de ensaios destrutivos, sob o ponto de vista de tensões, através da aplicação dos seguintes eventos: Figura 8: Impulso de 8KV(C-3) Sobretensões em baixa tensão (BT) e destinadas à avaliação de desempenho dos equipamentos sob condições de níveis de tensão representativos de distúrbios típicos à frequência industrial ; 7 submetidos à sobretensões, subtensões e harmônicos, os resultados indicaram alguns defeitos nos equipamentos. Desse modo é de extrema importância os estudos ligados a Qualidade da Energia Elétrica a fim de mitigar os problemas relacionados ao assunto. REFERÊNCIAS Figura 9: Impulsos reduzidos (inicial e final C-3) [1] Bacca, Ivandro Antônio, Modelagem para análise de desempenho de eletrodomésticos à força motriz diante de distúrbios de qualidade da energia, 2008. [2] Power Quality In Electrical Systems, <http://www.powerqualityworld.com/2011/04/cbema -curve-power-quality-standard.htm l> Asseço em 05/09/2014. [3] Martins, Edélcio Antônio, Elaboração de Curvas de Suportabilidade para Microcomputadores e Estudo de Desempenho de Dispositivos Mitigadores para Subsidiar os PID’s, 2012. [4] Gondim, I.N. ; Tavares, C.E. ; Barbosa, J.A.F. ; Oliveira, J.C. ; Delaiba, A.C. ; Mendonca, M.V.B., “Electronic equipment dielectric and thermal withstand capability curves for refunding analysis purposes”, Electrical Power Quality and Utilisation (EPQU), 2011. [5] Koval, D.O., Computer performance degradation due to their susceptibility to power supply disturbances, Conference Record of the 1989 IEEE, 1989. [6] LAT/UNIFEI – Relatório técnico, “Suportabilidade Dielétrica de Televisores Frente a Impulso Atmosférico”, Itajubá/MG, Outubro de 2003. [7] Oliveira, H.R.P.M.; Jesus, N.C.; Viecili, G.B.; Castoldi, F.T.; Nonenmacher, C.F.B.; Avaliação do Desempenho de Equipamentos Eletrodomésticos Durante Ensaios-Resultados de Simulações. Paraná, Curitiba, 2005. [8] Gondim, I.N.; Dias, G.S.; Bacca, I.A.; Modelagem de Condicionadores UPS Estático (No Break) Sob Condições Não Ideais de Alimentação na Plataforma ATP. Minas Gerais, Uberlândia. [9] Dugan, R.C.; Mcgranaghan, M. F.; Santoso, S.; Beaty, H. W.; “Electrical Power Systems Quality”, 2nd. Ed., McGraw-Hill, 2003. [10] Mendonça, M. V. B.; “Contribuições ao processo Computacional para Análise de Pedidos de Indenização por Danos em Equipamentos Elétricos”. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,2010. [11] Tavares, C. E.; “Uma Estratégia Computacional para a Análise Técnica de Pedidos de Ressarcimento de Danos a Consumidores”. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,2008. [12] Godin, I. N.; “Contribuições para o Aplicativo APR: Novos Limites de Suportabilidade, Perturbações via Medições e Sistematização no Processo da Configuração da Rede Elétrica”. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,2012. Figura 10: Impulso de 8KV(B-3) Figura 11: Impulsos reduzidos (inicial e final B-3) Os ensaios realizados com as cinco amostras de DVD’s demonstraram que nenhuma delas apresentou “queima”. Com relação às respostas aos impulsos reduzidos inicial e final, as duas primeiras amostras (A-3 e B-3) não apresentaram diferenças que merecessem destaque. As demais amostras (C-3, D-3 e E-3) apresentaram diferenças que podem ser classificadas como média e “acentuada”, mas que não comprometeram a operação normal dos aparelhos. A tabela 9 apresenta um resumo das solicitações durante os testes impulsivos em DVD’s. Tabela 9 - Resumo dos testes em DVD’s X. CONCLUSÕES De posse de todos os parâmetros apresentados aqui neste trabalho, conclui-se que os equipamentos analisados apresentaram um ótimo resultado para os ensaios realizados frente às tensões impulsivas, porém quando 8 [15] Kennedy, B. W., "Power Qualit y Primer", McGrawHill, 2000. [16] Bollen, M. H .J., "Understanding Power Quality Problems: Voltage Sags and Interruptions", Piscataway, IEEE Press, 2000. [13] Oliveira, H. R. P. M.; JESUS N. C .; MARTINEZ M. L. B.,;"Avaliaçao do Desempenho de Equipamentos Eletrodomésticos Durante Ensaios de Sobretensões” XVIII SNPTEE, Curitiba, 2005. [14] Arrillaga, J. and ARNOLD C.P., "Power Systems Electromagnetic Transients Simulation", IEE Power & Energy Series, 39 - Institution of Electrical Engineers, 2002. 9