Interpretação de Textos – 02
Prof. Rafael Cardoso Ferreira e Profª. Isabella Farina
Graduado em Letras e Graduanda em Medicina
e-mail: [email protected]
1. (Fuvest 2013) São Paulo gigante, torrão adorado
Estou abraçado com meu violão
Feito de pinheiro da mata selvagem
Que enfeita a paisagem lá do meu sertão
Tonico e Tinoco, São Paulo Gigante.
Nos versos da canção dos paulistas Tonico e Tinoco, o termo “sertão”
deve ser compreendido como:
a) descritivo da paisagem e da vegetação típicas do sertão existente na
região Nordeste do país.
b) contraposição ao litoral, na concepção dada pelos caiçaras, que
identificam o sertão com a presença dos pinheiros.
c) analogia à paisagem predominante no Centro-Oeste brasileiro, tal
como foi encontrada pelos bandeirantes no século XVII.
d) metáfora da cidade-metrópole, referindo-se à aridez do concreto e
das construções.
e) generalização do ambiente rural, independentemente das
características de sua vegetação.
2. (Fuvest 2015) Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos
os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito muito afamado
em todas as quatro partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja
e com tantas diligências e por qualquer via se procura. Há pouco mais
de cem anos que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia
[...] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase desconhecida
tem dado e dá atualmente grandes cabedais aos moradores do Brasil e
incríveis emolumentos aos Erários dos príncipes.
ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e
minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado.
O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, revela que:
a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do ouro, sucedeu o
da cana-de-açúcar.
b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que ocorria com outros
produtos, era direcionado à metrópole.
c) não se pode exagerar quanto à lucratividade propiciada pela canade-açúcar, já que a do tabaco, desde seu início, era maior.
d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o potencial
econômico de suas colônias americanas.
e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade de produtos,
cuja lucratividade se relacionava com sua inserção em mercados
internacionais.
3. (Enem PPL 2012) Quando a propaganda é decisiva na troca de
marcas
Todo supermercadista sabe que, quando um produto está na
mídia, a procura pelos consumidores aumenta. Mas, em algumas
categorias, a influência da propaganda é maior, de acordo com
pesquisa feita com 400 pessoas pela consultoria YYY e com
exclusividade para o supermercado XXX.
O levantamento mostrou que, mesmo não sendo a razão o
fator mais apontado para trocar de marca, não se pode ignorar a força
das campanhas publicitárias. Em algumas categorias, um terço dos
respondentes atribuem a mudança à publicidade. Para Nicanor
Guerreiro, a propaganda estabelece uma relação mais “emocional” da
marca com o público. “Todos sentimos necessidade de consumir
produtos que sejam ‘aceitos’ pelas outras pessoas. Por isso, a
comunicação faz o papel de endosso das marcas”, afirma. O executivo
ressalta, no entanto, que nada disso adianta se o produto não cumprir
as promessas transmitidas nas ações de comunicação. Um dos
objetivos da propaganda é tornar o produto aspiracional, despertando o
desejo de experimentá-lo. O que o consumidor deseja é o que a loja
vende. E é isso o que o supermercadista precisa ter sempre em mente.
Veja o gráfico:
De acordo com o texto e com as informações fornecidas pelo gráfico,
para aumentar as vendas de produtos, é necessário que:
a) a campanha seja centrada em produtos alimentícios, a fim de
aumentar o percentual de troca atual que se apresenta como o mais
baixo.
b) a preferência de um produto ocorra por influência da propaganda
devido à necessidade emocional das marcas.
c) a propaganda influencie na troca de marca e que o consumidor
valorize a qualidade do produto.
d) os produtos mais vendidos pelo comércio não sejam divulgados para
o público como tal.
e) as marcas de qualidade inferior constituam o foco da publicidade por
serem mais econômicas.
4. (Ufsc 2015) Garcia, em pé, mirava e estalava as unhas; Fortunato,
na cadeira de balanço, olhava para o teto; Maria Luísa, perto da janela,
concluía um trabalho de agulha. 1Havia já cinco minutos que nenhum
deles dizia nada. Tinham falado do dia, que estivera excelente – de
Catumbi, onde morava o casal Fortunato, e de uma casa de saúde, que
adiante se explicará. Como os três personagens aqui presentes estão
agora mortos e enterrados, tempo é de contar a história sem rebuço.
Tinham falado também de outra coisa, além daquelas três, coisa tão
feia e grave, que não lhes deixou muito gosto para tratar do dia, do
bairro e da casa de saúde. Toda a conversação a este respeito foi
constrangida. Agora mesmo, os dedos de Maria Luísa parecem ainda
trêmulos, 2ao passo que há no rosto de Garcia uma expressão de
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1
severidade, que lhe não é habitual. Em verdade, o que se passou foi de
tal natureza, que para fazê-lo entender é preciso remontar à origem da
situação.
ASSIS, Machado de. A causa secreta. In: _____. Várias histórias.
Disponível em:
<www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?id=136498> Acesso em:
20 ago. 2014.
Com base na variedade padrão escrita da língua portuguesa, na leitura
do texto, da coletânea Várias histórias, de Machado de Assis (1896), e
no contexto de produção desta obra, é CORRETO afirmar que:
01) o conto “A causa secreta” aborda o sadismo, corporificado pela
personagem Fortunato, médico que sente prazer ao torturar
animais e observar o sofrimento das pessoas. Um sentimento
semelhante, de perversidade, é observável no conto “O
enfermeiro”, no qual o coronel Felisberto inferniza a vida de seus
empregados, agredindo-os física e verbalmente.
02) no segundo parágrafo do texto, ao enunciar uma coisa feia, grave e
constrangedora que se passou, o narrador faz uso de gradação
para anunciar que contará ao leitor como Fortunato e Garcia
planejaram construir uma casa de saúde em que maltratavam
pacientes, fato já enunciado no parágrafo anterior.
04) a dúvida quanto a uma suposta traição, tema recorrente na obra
machadiana, é evocada ao final do conto “A causa secreta”,
quando Fortunato assiste surpreso ao beijo que Garcia deposita na
testa de Maria Luísa, já morta.
08) na apresentação da obra, Machado de Assis faz uma “Advertência”
ao leitor, justificando o grande número de contos reunidos como
um modo de passar o tempo. De maneira irônica, compara conto e
romance, destacando que, no caso de ambos serem medíocres, o
primeiro será sempre superior, pelo simples fato de ser curto.
16) a frase “Havia já cinco minutos que nenhum deles dizia nada.” (ref.
1) poderia ser reescrita, sem que a variedade padrão escrita da
língua portuguesa sofresse desvios, da seguinte forma: “Faziam já
cinco minutos que nenhum deles dizia nada.”.
32) na frase “[...] ao passo que há no rosto de Garcia uma expressão
de severidade, que lhe não é habitual” (ref. 2), o pronome em
destaque retoma “expressão de severidade”.
5. (G1 - cps 2015) Para responder à questão, considere a tela
Guernica, de Pablo Picasso (figura 1), pintada em protesto ao
bombardeio a cidade espanhola de mesmo nome, e a imagem criada
pelo cartunista argentino, Quino (figura 2).
Na cena criada por Quino, está presente a intertextualidade, pois:
a) o humor surge em consequência da falta de dedicação e de
empenho da faxineira no momento de realizar as tarefas da casa.
b) a dona da casa é uma pessoa que aprecia pintura e possui várias
obras de artistas cubistas em sua residência.
c) as alterações realizadas pela faxineira na pintura de Picasso
mantiveram a ideia original proposta pelo pintor para Guernica.
d) o cartunista reproduz a famosa pintura de Picasso, inserindo-a em
um novo contexto que é a sala em desordem de uma residência.
e) a faxineira irrita-se com a sujeira deixada pelos adolescentes da
casa os quais frequentemente realizam festas para os amigos.
6. (Ufsc 2015) Os quadrinhos a seguir são do cartunista brasileiro
Henfil, famoso por criar personagens como Fradim e, especialmente, a
ave Graúna e seus companheiros, o cangaceiro Zeferino e o Bode
Orelana.
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b) Segundo o anúncio, uma das vantagens do produto (transporte
ferroviário) nele oferecido é o fato de esse produto ser “sustentável”.
Cite um motivo que justifique tal afirmação.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
“Imprensa aceitou a censura”, diz historiadora
Em livro, pesquisadora mostra que, em vez de resistência, houve
colaboracionismo por parte dos grandes veículos durante a ditadura
Com base na leitura dos quadrinhos que compõem o texto, é
CORRETO afirmar que:
01) ao declarar que, para votar, é necessário ler os anúncios, panfletos,
cartazes e faixas de um candidato (quadrinho 03), a personagem
Bode Orelana defende que o eleitor faça sua escolha unicamente
a partir do conteúdo veiculado pela campanha publicitária.
02) o direito a voto do eleitor analfabeto é negado por Bode Orelana.
Sua justificativa é a incapacidade do eleitor de compreender o que
realmente importa sobre um candidato, ou seja, sua personalidade
e caráter.
04) na fala “Que qui custa ele votar uma vez?” (quadrinho 02), a
palavra destacada poderia ser omitida, já que se trata de um termo
expletivo, utilizado apenas para dar ênfase à pergunta feita.
08) no primeiro quadrinho, a personagem ave Graúna utiliza um
substantivo no grau diminutivo, “abatidinho”, para fazer alusão à
estatura de Zeferino.
16) no período “Tá tão abatidinho, tão jururu porque não pode votar”
(quadrinho 01), o sujeito da frase que foi omitido corresponde a
Zeferino, impedido de participar do pleito por ser analfabeto.
7. (Fuvest 2015) Leia a seguinte mensagem publicitária de uma
empresa da área de logística:
A gente anda na linha para levar sua empresa mais longe
Mudamos o jeito de transportar contêineres no Brasil e Mercosul.
Através do modal ferroviário, oferecemos soluções logísticas
econômicas, seguras e sustentáveis.
a) Visando a obter maior expressividade, recorre-se, no título da
mensagem, ao emprego de expressão com duplo sentido. Indique
essa expressão e explique sucintamente.
Muito longe de fazer frente ao regime militar, a grande
imprensa brasileira acabou por se acomodar à censura imposta pela
ditadura que vigorou de 1964 a 1985. 6A resistência, quando houve,
deu-se na imprensa 3alternativa, enquanto os grandes veículos se
adaptaram para conseguir coexistir com os censores exigidos pelos
militares. A tese é defendida pela historiadora Beatriz Kushnir, que
mergulhou em documentos do Arquivo Nacional para destrinchar a
ação dos censores nas redações dos principais jornais do país.
Kushnir, que era esperada para falar sobre a tese de doutorado que
originou o livro Cães de Guarda – Jornalistas e Censores, do AI-5 à
Constituição de 1988 (Editora Boitempo) na Comissão da Verdade do
Estado de São Paulo “Rubens Paiva” no ano passado, deve depor em
audiência pública nos próximos meses. [...]
11No livro, que é nada palatável para a imprensa brasileira e
foi pouco divulgado, a doutora em história lembra que, antes mesmo de
os militares tomarem o poder, a própria imprensa pedia o golpe em
colunas e editoriais, como o Fora!, no qual o Correio da Manhã pediu a
saída de João Goulart em 1º de abril de 1964, data em que o golpe foi
consolidado.
8Quando o 4regime se instalou, as 5lendárias receitas de bolo
ou poemas de Camões publicados para indicar ao público que o veículo
estava sob censura revelam mais uma postura de conivência do que de
resistência, avalia Kushnir. 7Diferentemente de outras ditaduras, como
na Espanha, não houve uma só capa dizendo claramente que o jornal
estava sob censura ou mesmo espaços em branco que indicassem
isso. “Suporte e fôlego para carimbar que o veículo estava sob censura
ninguém teve. Que ideia, então, de resistência é essa? Resistir para
manter o jornal aberto, para fazer o jogo do mercado? Ou resistência
para comunicar à nação brasileira o que estava acontecendo?”.
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2No eixo Rio-São Paulo, a grande imprensa na época da
ditadura civil-militar estava concentrada em cinco grupos – O Globo,
Jornal do Brasil, Folha, Estadão e Abril –, cada um na mão de uma
família. A proximidade de cada clã com os militares é difícil de
mensurar, mas o papel jornal, lembra a historiadora, era fornecido sob
concessão do governo, o grande financiador de propaganda
mantenedora dos veículos de comunicação.
Diante desse cenário, o único protesto de fato estava na
imprensa alternativa, protagonizada por nomes como Pif Paf,
Movimento e O Pasquim, cuja 300ª edição ficou marcada pelo editorial
Sem Censura, assinado por Millôr Fernandes. A morte do militante
Carlos Marighella, da ALN (Aliança Libertadora Nacional), por exemplo,
foi um indicativo do contraste vivido pelos meios de comunicação na
época. Enquanto o jornal Venceremos, que circulou de setembro a
novembro de 1971, trazia na capa “Este jornal não é censurado pela
ditadura. Viva Marighella”, a primeira página da Folha da Tarde
estampava a manchete: 1“Metralhado Marighella, Chefe Geral do
Terror”. [...]
Nos anos da repressão chegou-se a um total de 220
censores. Um número pequeno para dar conta de todo o País, avalia a
historiadora. Para se adaptar às exigências, lembra, começa então um
processo de autocensura, no qual a própria redação se adequava às
imposições da ditadura.
10Algumas redações chegaram a ter policiais integrando sua
equipe. No livro de Kushnir, o capítulo O jornal de maior tiragem: a
trajetória da Folha da Tarde. Dos jornalistas aos policiais é dedicado
exclusivamente ao tema. Ela analisa como os policiais dentro da
redação ajudavam a moldar o conteúdo do jornal, que ficou conhecido
como o “Diário Oficial da Oban”. Além de ser uma espécie de porta-voz
dos órgãos de repressão, dirigentes da redação eram oriundos de
órgãos militares e da polícia paulista.
“Uma coisa é resistir ou não, outra coisa é não colaborar. Não
colaborar é não entregar um jornal na mão de uma equipe de policiais
para esconder as mortes decorrentes de tortura”, contesta Kushnir
sobre as versões publicadas dos assassinatos dos militantes. Uma
dinâmica, ela ressalta, que de certa forma ainda ressoa nos grandes
veículos. “Isso ficou muito claro durante os protestos de junho. As
pessoas que queriam saber o que estava acontecendo liam muito mais
os jornais online e blogs porque 9a grande imprensa tecia outras cores",
afirma.
GOMBATA, Marsílea. “Imprensa aceitou a censura”, diz historiadora.
Carta Capital. Especial – 50 anos do golpe.
Disponível em:
<http://www.cartacapital.com.br/sociedade/201cimprensa-aceitou-e-seadaptou-a-censura201d-diz-historiadora-6924.html> [Adaptado]
Publicado em: 17 jan. 2014. Acesso em: 15 ago. 2014.
8. (Ufsc 2015) Com base na leitura do texto, é CORRETO afirmar que:
01) de acordo com o texto, a dinâmica do colaboracionismo não
acontece mais na imprensa brasileira, pois a população pode
esclarecer-se nos jornais online e nos blogs, como ocorreu nos
protestos de junho de 2013.
02) na avaliação da historiadora Kushnir, a ideia corrente de que
receitas culinárias ou poemas serviam para revelar ao público
brasileiro que um jornal ou revista estava sob censura não é prova
de resistência. Países como a Espanha expuseram o que
acontecia de modo claro, noticiando a intervenção ou mantendo
em branco o espaço reservado a textos censurados.
04) no Brasil, na época da ditadura civil-militar, o protesto se dava
apenas na imprensa alternativa, como evidencia a historiadora ao
mencionar a primeira página da Folha da Tarde. Neste exemplar,
lia-se a manchete: “Metralhado Marighella, Chefe Geral do Terror”
(ref. 1), denunciando o covarde assassinato do jornalista na
emboscada armada pela polícia.
08) no trecho: “No eixo Rio - São Paulo, a grande imprensa na época
da ditadura civil-militar estava concentrada em cinco grupos – O
Globo, Jornal do Brasil, Folha, Estadão e Abril –, cada um na mão
de uma família. A proximidade de cada clã com os militares é difícil
de mensurar [...]” (ref. 2), as palavras sublinhadas aludem ao fato
de o poder da grande imprensa da época permanecer nas mãos
de poucas pessoas, em núcleos formados por laço de parentesco.
16) o texto é acompanhado de uma ilustração. Nesta imagem, retirada
da revista Pif Paf, vemos um militar desembainhando sua espada
para apontar um lápis, o que reforça a ideia central do texto de que
os militares são os responsáveis pela censura na imprensa
brasileira pós-golpe de 1964.
32) os termos “alternativa” (ref. 3), “regime” (ref. 4) e “lendárias” (ref. 5)
poderiam ser substituídos no texto, sem que houvesse prejuízo de
sentido, pelos sinônimos “contrária”, “dieta” e “fabulosas”.
9. (Insper 2014) Observe a charge a seguir.
Assinale a alternativa que contenha um fragmento poético que
apresente o mesmo tipo de preocupação do cartunista.
a) Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza
E imprime em toda flor sua pisada.
Oh, não aguardes que a madura idade
Te converta essa flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
(Gregório de Matos)
b) Gastei uma hora pensando num verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(Carlos Drummond de Andrade)
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c) Oh, eu quero viver, beber perfumes,
Na flor silvestre que embalsama os ares,
Ver minha alma adejar pelo infinito
Qual branca vela na amplidão dos mares.
(Castro Alves)
d) Entre estas Índias de Leste
E as Índias ocidentais
Meu Deus que distância enorme
Quantos Oceanos Pacíficos
Quantos bancos de corais
Quantas frias latitudes!
Ilhas que a tormenta arrasa
Que os terremotos subvertem
Desoladas Marambaias
Sirtes sereias Medeias
Púbis a não poder mais
Altos como a estrela d’alva
Longínquos como Oceanias
(Manuel Bandeira)
e) Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
(Vinicius de Moraes)
"pendurado" no fim da frase. Isso torna ambígua a identificação do
sujeito e compromete a coerência do enunciado.”
(Chico Viana, Revista Língua Portuguesa )
c) “Todos os defensores da língua pura estão criticando uma locução
verbal supostamente nova que apareceu e se espalhou. Confesso que
não a ouvia, ou não me dava conta de que existia, até que tive minha
atenção chamada para ela pelos guardiões da língua que imaginam
que tudo aquilo de que não gostam ou for novo – o que vier antes – é
necessariamente ruim. Penso o contrário. Se não gostam, deve ser
interessante. Se acham que não serve para nada, alguma serventia
deve ter.”
(Sírio Possenti, http://vaiencarar.wordpress.com/2010/07/27/possentiem-defesa-do-gerundio/)
d)
10. (Insper 2014) Para você estar passando adiante
Este artigo foi feito especialmente para que você possa estar
recortando e possa estar deixando discretamente sobre a mesa de
alguém que não consiga estar falando sem estar espalhando essa
praga terrível da comunicação moderna, o futuro do gerúndio. Você
pode também estar passando por fax, estar mandando pelo correio ou
estar enviando pela internet.
O importante é estar garantindo que a pessoa em questão vá estar
recebendo esta mensagem, de modo que ela possa estar lendo e,
quem sabe, consiga até mesmo estar se dando conta da maneira como
tudo o que ela costuma estar falando deve estar soando nos ouvidos de
quem precisa estar escutando. (...)
(FREIRE, Ricardo. As cem melhores crônicas brasileiras. São Paulo:
Objetiva, 2010)
Assinale a alternativa na qual o autor emprega a mesma estratégia
discursiva usada por Ricardo Freire na defesa de seu ponto de vista
sobre o gerundismo.
a) “Do chefão ao Office-boy escuta-se o vou estar providenciando,
vamos estar mandando, vão estar telefonando. Viu? O intruso é
usurpador. Quer indicar futuro. Esquece que a nossa língua tem duas
formas pra falar no porvir. Uma: o futuro simples (mandarei, mandarás,
mandará). A outra: o composto (vou mandar, vais mandar, vai mandar).
O gerundismo pertence ao time do empurra-com-a-barriga. Finge que
faz. Mas embroma.”
(SQUARISI, Dad. www.brasiliaemdia.com.br )
b) “Nas redações de vestibulandos, o problema com o gerundismo é
mais profundo. Vai além de clichês ou modismos, (...) e afeta os
mecanismos estruturais da língua. A maior parte das falhas ocorre
quando o gerúndio aparece depois de uma ou mais orações,
e)
A TRADIÇÃO NOS TRÓPICOS
Luís de Camões, o grande poeta português, e uma operadora de
telemarketing: por que será que em Os Lusíadas o poeta disse
"cantando espalharei por toda parte", e não "a cantar espalharei por
toda parte"? Os operadores de telemarketing sabem a razão: o
gerúndio do Brasil é a forma clássica da língua; modernismo é o jeito
de falar dos portugueses.
(Disponível em http://veja.abril.com.br/311007/p_104.shtml)
11. (Ufsc 2014) As tirinhas abaixo são do quadrinista argentino
Joaquín Salvador Lavado Tejón, mais conhecido como Quino. Nelas,
vê-se sua personagem mais famosa, Mafalda (a menina de cabelos
pretos), e sua colega Susanita. Leia com atenção as tiras para
responder à questão.
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Com base na leitura das quatro tirinhas que compõem o texto, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S).
01) Na primeira tirinha, ao comparar a vida ambicionada por Susanita com um fluxograma, Mafalda refere-se ao papel reservado à mulher no
modelo tradicional de família, que se apresenta como uma espécie de planejamento fechado, sem margem a outras opções.
02) Na segunda tirinha, percebe-se como, segundo a concepção de Mafalda, a maternidade não é uma forma relevante de “contribuir para o
progresso”.
04) Na terceira tirinha, fica evidente como Susanita, por influência de Mafalda, começa a se afastar do paradigma que tem a mulher como
responsável pelos ditos “serviços domésticos”.
08) Na quarta tirinha, a afirmação final de Susanita permite supor que, na concepção da menina, as mulheres que se dedicam a profissões tidas
por ela como masculinas (arquitetura, engenharia, advocacia, medicina) são mais femininas que aquelas que realizam apenas as tarefas
domésticas.
16) Na segunda tirinha, a interjeição “Meu Deus”, no quadro final, mostra o espanto de Mafalda perante o modo como Susanita consegue, mesmo
que de forma não esperada, ir passando de uma posição mais conservadora a outra mais avançada no que se refere ao papel social da
mulher.
32) Na primeira tirinha, nota-se que, entre as concepções conservadoras de Susanita, está o consumismo, representado na meta de possuir “uma
casa bem grande”, “um carro bem bonito” e “joias”.
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