Publicação de Distribuição Gratuita | N.º 56 3.º Trimestre de 2012 Prenda Amiga Dar mais sentido ao Natal Entrevista Leonor Nobre Impresso em papel 100% reciclado 02 | Editorial O Fim de um Ciclo Um apelo veemente a favor do Humanismo e da Cidadania activa, responsável, global e solidária Estamos à beira do precipício. Se nada for feito já, imediatamente, daqui a cinco, dez anos no máximo, estaremos no caos social e de regresso às guerras e às ditaduras na Europa. Não se trata de pessimismo, é antes um sentimento profundo alicerçado na minha observação do Mundo das últimas décadas. As causas são infelizmente sobejamente conhecidas e até históricas: irresponsabilidade, insensibilidade humana e social, ausência ou esquecimento e abandono dos valores essenciais e norteadores, corrupção e ganância doentias e desenfreadas, políticas e políticos sem estratégias nem rumos, a não ser a subjugação aos mercenários económicos e financeiros que não olham para o outro como um irmão e um ser humano. Enfim, sempre o mesmo cavalgar frenético e descontrolado do egoísmo, indiferença, intolerância e ganância. O que já, por vezes cansado, vou repetindo há décadas em conferências, artigos e livros e que para mim é uma gritante evidência. E relembro apenas três dos muitos apelos que fui fazendo: "Apelo ao surgimento e fortalecimento de um Novo Paradigma de Sociedade Global Solidária e Tolerante só possível com um novo ímpeto espiritual. Dar-se-ia um claro sinal motivador à Humanidade desalentada, desmotivada, inquieta, angustiada, humilhada e revoltada com tantos e tamanhos desmandos!" "É chegado o tempo das grandes opções de fundo, das decisões e acções estruturais corajosas, que permitam reequilibrar as forças das três componentes essenciais da Sociedade Humana (Estado/Mercado/Sociedade Civil) a fim de que o Ser Humano e a sobrevivência do NOSSO Planeta sejam sempre o Alpha e o Omega de todas as preocupações como Patrimónios Essenciais da Humanidade que verdadeiramente são." "O Futuro da Humanidade pertence-nos. Cabe-nos a nós, Cidadãos e Cidadãs, se determinados e porventura motivados, imprimir um decisivo salto qualitativo no nosso destino colectivo, fazendo que as nossas utopias de hoje sejam as realidades de amanhã. Acredito decisivamente, eu, o por vezes céptico e pessimista de cicatrizes físicas e psíquicas adquiridas ao longo de toda a minha caminhada humanitária global esperançosa mas também sofrida, que o Optimismo da Vontade se há-de sobrepor sempre ao Pessimismo, quantas vezes compreensível, da Razão. Os desafios que a nossa Humanidade já enfrenta devem imediatamente implicar Mudanças radicais de percepções e comportamentos." Sumário 02Editorial 04 Ajuda ao Desenvolvimento Como evitar as ora inevitáveis explosões sociais de povos levados à miséria, à exaustão e à indignação por décadas de governações incapazes, injustas e nalguns casos até verdadeiramente irresponsáveis e corruptas levadas a cabo por verdadeiros delinquentes políticos? O fosso entre os 10% mais ricos e os 10% mais pobres de entre os Estados e de entre as pessoas nunca foi tão abismal! Com a agravante da franja dos mais pobres estar a crescer. A responsabilização dos causadores desse desmando global continua a não importar que seja feita! Os vendedores da banha da cobra, os ilusionistas e os demagogos pululam! Em nome dos sem voz e dos sem rosto, dos miseráveis com quem me cruzo no Mundo, e no meu País também, sinto-me obrigado a gritar: Basta! Falem verdade! Cumpram as promessas! Expliquem os verdadeiros porquês deste lamaçal olhando-os bem nos olhos, em linguagem entendível e falem às mentes e aos corações com extrema sensibilidade e justiça social. Só assim encontraremos caminhos de esperança e uma réstia de optimismo. Sem essa inteligência e humanismo, saltaremos todos para o abismo, para a total insegurança, feita de anarquias e guerras. A Humanidade não precisa disso, não merece isso! Será que só o perceberemos irremediavelmente tarde? Ponhamos fim à geopolítica do caos, da fome, das guerras, da irresponsabilidade! Reforcemos o novo paradigma da cidadania global solidária e responsável que lute e alcance maior equidade e justiça social. Mudemos as mentalidades. Por favor, não há mais tempo a perder! Esgotou mesmo! Urge reagir! Todos e cada um de nós. Planalto Tibetano 08 Prenda AMIga 12Entrevista Leonor Nobre 14 Acção Social Espaço de Prevenção à Exclusão Social (EPES) 17Ambiente Rio+20 18Breves foto: Teresa Champalimaud 22Agenda 23Informações Fernando de La Vieter Ribeiro Nobre Presidente e Fundador da AMI 03 | Editorial Impresso em papel 100% reciclado 04 | Internacional Huangna, no planalto tibetano. fotoreportagem: Isabel Nobre Após uma refeição que inclui uma tigela de legumes encharcada em molho bem picante acompanhado com um pão feito por elas, as crianças do orfanato apoiado pela AMI limpam o refeitório e a loiça e fazem do espaço, um local de estudo. Ajuda ao desenvolvimento Planalto Tibetano A Christian Action é uma organização chinesa, fundada em 1985 e sediada em Hong Kong que trabalha na província de Qinghai. Desde 2007, a AMI financiou três projectos desta organização na China. A parceria iniciou-se com o financiamento através do qual se construiu uma escola e terminou em 2009. O segundo projecto (Halal Canteen and Dormitoryat Haidong Children's Home), teve como objectivo mobilar e equipar uma cantina e um dormitório para a minoria muçulmana. Em 2010, após o terramoto na China, a AMI voltou a apoiar esta ONG. Em 2012 uma equipa da AMI deslocou-se ao terreno para efectuar uma avaliação a todos os projectos apoiados e conhecer melhor todo o trabalho desenvolvido pela Christian Action. Em Yushu ainda se vêem os vestígios do terramoto de Abril de 2010, para o qual a AMI enviou ajuda para o seu parceiro local, Christian Action. Campo de deslocados em Yushu: 90% da população deslocada (cerca de 160.000 pessoas) ainda vive em campos deste tipo dois anos após o terramoto. A perda material foi quase total. Foi dada prioridade à reconstrução de escolas, hospitais e edifícios administrativos. Centro de Saúde de Yushu apoiado no fornecimento de medicamentos pela AMI continua a servir ainda os deslocados do terramoto de Abril 2010. Quinta agrícola em Jianzha. Os produtos cultivados servem em grande parte, para alimentar as crianças nas escolas. Produzem tomate, alface, pêra, maçã, pêssego e especiarias locais. 05 | Internacional Impresso em papel 100% reciclado 06 | Internacional Mantras Budistas dedicados às vítimas do terramoto. Mantidos em pequenos templos ao ar livre, juntam-se os mantras dos sobreviventes da catástrofe com os mantras de homenagem aos que perderam a vida. Aldeia rural em Tongren. Os cuidados o mundo rural. eiros) que se d r o ri te in no Aldeias bem édicos e enferm s dos voluntários (m rio através ados. São voluntá médicos chegam caminhos acident los pe s, ciã da an a iza a, or a chegad deslocam em mot tian Action. À noss ris Ch o eir rc s. pa ra o lav ss as pa apoiados pelo no enquanto dizia um pécie de tambor es a um va . ea lar us co man e material es tribuir alimentos Hoje é dia de dis Esta Anciã cuja família foi apoiada pela AMI passa os dias em casa. Os filhos estão a trabalhar na agricultura. Saem bem cedo de manhã para só regressarem ao cair da noite. Os netos ficam em regime de internato na Escola Étnica de Tongren. Podem regressar a casa um fim-de-semana por mês. Neste dia a avó abriu as portas de sua casa para os receber da melhor forma possível. A cada aldeia que se vai, é uma ofensa não entrar na casa de cada família que se encontra. Oferecem-nos carne seca de Iaque e um banquete de alimentos cultivados por eles. Podemos não nos entender na língua, mas há um sentimento comum que nos une, a alegria de nos conhecermos e a curiosidade pela diferença. A grande hospitalidade segue-nos em todo o percurso. Por mais solitária que pareça a vida dos mais velh os e dos bem mais novos que ainda não têm idade para ir para a escola ou para os campos trabalhar, conseguem sempre ser criativos na arte de saber brincar. Como para qualquer criança, a hora de recreio é o momento mais esperado. Uma das crianças da aldeia. As faces bem rosadas são um sinal de defesa imunitária, de sobreprodução de glóbulos vermelhos. Estamos em altitudes fora do normal. Os que não estão habituados ficam facilmente cansados. Os que sempre aqui viveram, como é o caso desta menina, desenvolveram capacidades físicas para resistir à falta de oxigénio. O sorriso é uma constante. Apesar das difíceis condições, a união e ajuda entre todos é uma realidade. Como se tratasse de uma família gigante dispersa pelas montanhas. As crianças desconfiadas mostram medo ao ver-nos chegar. Com os mais velhos há algo inexplicável que acontece: a comunicação faz-se através do olhar e transmite empatia e segurança. Acampamento no Planalto tibetano (a 4.600 m de altitude). Crianças apoiadas com produtos escolares e alimentares. Em todas as famílias o filho/a mais velho/a segue a vida de monge. É uma tradição, mas sobretudo uma forma de conseguirem continuar os estudos para um dia poderem ajudar os pais. Agradecimento do monge do mosteiro budista ao Presidente da AMI pela ajuda que a instituição levou após o terramoto, através da Christian Action, e que permitiu apoiar muitas famílias. 07 | Internacional Impresso em papel 100% reciclado 08 | Nacional Em que consiste: Pretende-se sensibilizar e incentivar o espírito solidário, aliando o desejo de surpreender amigos, familiares ou parceiros e colaboradores na época natalícia. Como? Basta optar por um dos seis projectos da AMI a financiar e efectuar um donativo para receber um postal digital personalizado de Boas Festas, ilustrativo do projecto escolhido, além de um recibo de donativo, dedutível nos impostos. Como funciona: • Escolha o projecto que quer ajudar a financiar • Decida o montante com que quer contribuir. Pode fazê-lo a partir de 5 euros… • Personalize o postal correspondente ao projecto que escolheu • Envie a quem mais gosta! Para financiar o Projecto da AMI que escolheu, basta efectuar a transferência bancária no valor que pretende doar. Em seguida, deverá enviar para o endereço [email protected] o comprovativo de transferência, juntamente com os seus dados pessoais (nome, morada e NIF para emissão de recibo, dedutível nos impostos em 2013) e a frase para o seu postal e personalizar a sua mensagem. NIB: 0007 0015 00458750008 36 Conta BES n.º: 015/45875/000.8 Mais informações acerca da Prenda Amiga em www.ami.org.pt ou pelo telefone 21 836 2100 Projecto 1 Fontanários GB GUINÉ BISSAU Região Sanitária de Bolama: Cidade de Bolama Objectivo GESTÃO COMUNITÁRIA DE ÁGUA POTÁVEL na região de Bolama. Desenvolver um sistema de gestão comunitária da rede de fontanários existente em Bolama contribuindo para a REDUÇÃO DA INCIDÊNCIA DE DOENÇAS HIDRÍCAS na população de Bolama através do aumento do acesso a água potável. Impacto 4.000 HABITANTES (450 famílias, beneficiários da escola, hospital e mercado de Bolama) têm ACESSO A ÁGUA POTÁVEL, DIMINUINDO O RISCO DE DOENÇAS COMO A CÓLERA (apenas 40% da população guineense tem acesso a água potável, arriscando-se a contrair doenças associadas à falta de qualidade da água, como a cólera e diarreias). Projecto 2 De mãos dadas por C aué SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE Distrito de Caué Objectivo Impacto 6.400 HABITANTES do Distrito de Caué recebem apoio através de: CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS LOCAIS (can- • Estruturas de Saúde: 14 técnicos de saúde; 13 agentes de saúde comunitários tineiras, professores, profissionais de saúde, agentes de saúde comunitária e activistas comunitários), em projectos de saúde, • Escolas: 13 professores; 12 cantineiras; (547 alunos) • Comunidades: 20 activistas comunitários; 2 grupos nutrição e associativismo. e/ou associações do Distrito de Caué. Projecto 3 Acompanhamento Social PORTUGAL 9 centros Porta Amiga (Grande Lisboa, Coimbra, Gaia, Porto, Açores e Madeira) | 2 Abrigos Nocturnos (Lisboa e Porto) Residência Social (Açores) | 2 Equipas de Rua (Lisboa e Porto/Gaia) |1 Apoio Domiciliário (Lisboa) Objectivo PRESTAR APOIO A MAIS DE 15.000 PESSOAS que procuram ajuda nos equipamentos sociais da AMI. O trabalho da AMI em Portugal, para além do acompanhamento social (diagnóstico e avaliação social contínua) passa por prestar outros serviços complementares como: lavandaria, refeitório, apoio médico, formação... Impacto REINSERÇÃO SOCIAL de pessoas sem-abrigo, mulheres, crianças e jovens em risco, desempregados, imigrantes, idosos e pessoas com dependências (15.000 pessoas receberam apoio sociai em 2011 nos 12 equipamentos da AMI em Portugal). 09 | Nacional Impresso em papel 100% reciclado 10 | Nacional Projecto 4 Renovação frota AMI PORTUGAL A AMI possui 2 armazéns, sediados em Lisboa e no Porto, 12 equipamentos sociais em todo o país, incluindo ilhas. Objectivo PROPORCIONAR TRANSPORTE de beneficiários e entrega ou levantamento de bens doados. Impacto É garantido o TRANSPORTE DE BENEFICIÁRIOS e assegurada, atempadamente, a ENTREGA DE BENS ALIMENTARES em cada um dos centros Porta Amiga, Abrigos Nocturnos e Residência Social. Projecto 5 Energia solar PORTUGAL Beneficiários dos 3 equipamentos da AMI no Porto e em Vila Nova de Gaia (Centros Porta Amiga e Abrigo Nocturno) Objectivo Impacto Fomentar a SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL; Preservar o meio ambiente através da utilização de AUMENTO DO CONSUMO energia solar como alternativa energética. REDUZIR A FACTURA ENERGÉTICA dos equipaDE ENERGIAS RENOVÁVEIS. mentos da AMI, cujo valor poupado será utilizado em prol do apoio social em Portugal. Projecto 6 Ecoética PORTUGAL 9 centros Porta Amiga (Grande Lisboa, Coimbra, Gaia, Porto, Açores e Madeira) | 2 Abrigos Nocturnos (Lisboa e Porto) 1 Residência Social (Açores) 2 Equipas de Rua (Lisboa e Porto/Gaia) 1 Apoio Domiciliário (Lisboa) Objectivo Dar resposta à necessidade de CONSERVAÇÃO DA NATUREZA e de ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO EM PORTUGAL. Este projecto inclui acções de reflorestação com espécies autóctones, de controlo de espécies exóticas, de prevenção de incêndios e de requalificação de áreas fluviais. Impacto REABILITAÇÃO E MANUTENÇÃO, DURANTE 20 ANOS, DE MAIS DE 1000 HECTARES DE TERRENOS devolutos, ardidos ou degradados, localizados em todo o território nacional, em parceria com associações florestais e câmaras municipais graças ao contributo da sociedade civil. Impresso em papel 100% reciclado 12 | Entrevista Ninguém diga: “Desta água não beberei” Entrevista Leonor Nobre Vice-presidente da AMI e responsável pela administração e coordenação geral da Acção Social em Portugal, Leonor Nobre recorda o início da actuação da AMI nesta área, a evolução da abordagem no combate à pobreza e os novos perfis das pessoas que actualmente solicitam apoio à AMI. Quais as razões que motivaram o início da acção social da AMI em Portugal? Após 10 anos de intervenção no mundo, foi sobretudo o contexto crescente da pobreza na Europa e em Portugal. Lembro-me que enquanto estudei em Bruxelas nunca vi um sem-abrigo ou um mendigo na rua. Quando lá regressei, no final dos anos 80, vi vários nas estações de metro e noutros pontos da cidade. Um fenómeno que se alargou também a Portugal. Havia muita gente que nos escrevia e contactava perguntando: se ajudam pessoas carenciadas em todo o mundo, porque é que não actuam também em Portugal? Decidiu-se então intervir em Portugal com as pessoas sem-abrigo. Na altura, existia o Alto Comissariado da Luta Contra a Pobreza (ACLCP) que era presidido pela Dra. Elza Chambel e que, desde a primeira hora, nos incentivou e apoiou porque existiam poucas instituições a darem apoio aos sem-abrigo. Entretanto, esse apoio foi evoluindo a outras camadas da população? Houve uma evolução fruto da própria existência dos centros. O primeiro foi a Porta Amiga das Olaias, inaugurado em Dezembro de 1994. Lembro-me de assistir nos primeiros tempos, a um isolamento total das pessoas. Os sem-abrigo comiam e iam-se embora. Não falavam com ninguém, muito menos entre si. Isso impressionou-me. Entretanto, as pessoas que recorriam ao centro foram ganhando confiança com as técnicas sociais e contando as suas necessidades, pedindo ajuda noutros serviços. Simultaneamente, o ACLCP incentivou-nos a dar outras respostas. Começámos a ter muita procura ao nível do apoio social. Ninguém utilizava o restaurante sem primeiro falar com uma técnica social e isso ajudou-nos a compreender as necessidades e a alargar as respostas. Foi interessante assistir a essa mudança de comportamentos. Do isolamento, as pessoas passaram a ser até um pouco reivindicativas, a terem noção dos seus direitos. É um sinal de integração, essa exigência. Sem dúvida. O facto de pagarem uma quantia simbólica por alguns serviços, dá-lhes essa auto-estima. Estou a pagar um serviço, logo tenho o direito de reclamar. A acção social da AMI iniciou-se com esse registo de apoio a pessoas sem-abrigo mas foi-se alargando... Sim, com a abertura de novos centros, em Almada, por exemplo. Já não era tanto a população sem-abrigo, mas pessoas que viviam no Bairro do Pica-pau Amarelo, com outro tipo de carências e necessidades. Começámos a alargar o apoio a famílias carenciadas. O que mais motivou as pessoas a recorrerem à AMI foi o facto de existir integração. O centro dá verdadeiro apoio à pessoa e não é apenas uma cantina... Para além dos centros Porta Amiga, a AMI foi alargando os serviços e infraestruturas como os abrigos nocturnos e o apoio domiciliário, por exemplo. Como é que surgiram estas valências? As pessoas iam referindo as suas necessidades. A nossa luta sempre foi o encadeamento de soluções para que a pessoa sem-abrigo tivesse uma casa própria e pudesse gerir a sua vida com autonomia. Assim decidimos criar abrigos em Lisboa e Porto. O primeiro em Lisboa, com o apoio da Câmara Municipal. O simples facto de uma pessoa saber que tem um sítio onde passar a noite predispõe logo para uma atitude diferente no seu dia-a-dia, na procura de emprego. A ideia dos abrigos é essencialmente facilitar a inclusão social pelo emprego. Com esta evolução dos princípios basilares da AMI em Portugal, fomos sendo solicitados para tantos apoios, que hoje a acção social da AMI toca praticamente todas as necessidades das pessoas que estão excluídas. Já o apoio domiciliário começou como uma empresa de inserção, criada através do Instituto de Emprego. Na altura, servia apenas refeições ao domicílio. No entanto, considerámos alargar os serviços. Incluímos limpeza e higiene, por exemplo. Avançámos com um projecto que apresentámos junto da Segurança Social. Hoje temos duas carrinhas a circular, uma para as refeições e uma segunda para tratar das questões de higiene. Como é que a AMI tem sentido a crise ao nível dos pedidos de apoio? Tem encontrado novos perfis de pobreza? Ninguém diga “desta água não beberei”. Num momento de crise como o que estamos a viver, isto é ainda mais notório. Os exemplos são vários. As dependências, o desemprego, a solidão atravessam qualquer classe social. Hoje, muitas pessoas que tinham trabalho, filhos no colégio, faziam viagens ao estrangeiro, enfim, tinham a sua vida organizada, estão a recorrer aos nossos serviços. Basta que um dos cônjuges perca o seu emprego para que tudo se complique. Existem casos de pessoas que querem ir buscar alimentos aos centros sociais da AMI (Portas Amigas) fora dos horários normais para não serem vistas. Hoje em dia ter um emprego com salário mínimo não quer dizer que não se necessite de ajuda. A pobreza envergonhada tem aumentado. Uma grande parte das pessoas que recorrem pela primeira vez aos nossos centros faz parte dessa classe média, dessa pobreza envergonhada. “Hoje em dia ter um emprego com salário mínimo não quer dizer que não se necessite de ajuda” Perante este tipo de situação, a AMI vai alargar serviços? Como é que se combate este novo tipo de pobreza? Será difícil alargar muito mais os serviços. Estamos no nosso limite. A vocação da AMI é trabalhar com pessoas no sentido da inclusão social. Para aumentar esse apoio, são necessários mais técnicos, o que a actual conjuntura socioeconómica não viabiliza. Por outro lado, por muito que as pessoas saibam pescar ou que se lhes ensine a pescar, de pouco vale se não houver peixe. No entanto, na AMI encaramos as dificuldades como desafios: nunca baixaremos os braços. Tentamos encontrar novas soluções para ajudar quem mais precisa. Dai termos lançado o projecto SOS Pobreza: primeira marca nacional de solidariedade que esperamos possa vir a constituir mais um reforço às nossas receitas na luta contra a pobreza em Portugal. 13 | Entrevista Impresso em papel 100% reciclado 14 | Acção Social EPES Espaço onde os sonhos brincam A colaborar há mais de uma década no Espaço de Prevenção à Exclusão Social (EPES) do Centro Porta Amiga de Chelas, em Lisboa, a monitora Fátima Guedes organiza uma tarde de convívio em torno de jogos tradicionais. Cerca de uma dezena de crianças do EPES invadem o Parque da Belavista enchendo-o de risos e correrias. O Sol também aceita o convite e junta-se à festa. A alegria, esconde uma realidade oculta por detrás dos sorrisos. “A maioria destas crianças vive em contextos sociais e familiares muito complicados”, afirma a monitora. Famílias numerosas, baixos rendimentos, educação parental deficiente. Ana* tem dez anos, aguarda ansiosamente que Fátima chame o seu número para tentar apanhar o lenço. Se a monitora gritasse "fogo" iriam todos ao molho e seria mais complicado pois a outra equipa tem rapazes mais altos e velozes. Quando chegou ao EPES vinda da Índia não sabia falar português. Órfã de mãe, os primei- ros dias de escola foram muito difíceis. Agarrava-se à professora e chorava o tempo todo. Agora é uma aluna exemplar. Passou para o 5º ano com boas notas. Gosta de estudar. Quando for grande quer ser médica “para ajudar as outras pessoas”, diz. Gosta de desenhar e pintar corações nas folhas de cartolina. O apoio escolar é uma das valências do EPES em Chelas. “Muitas destas crianças encontram aqui um espaço fundamental para desenvolverem os seus estudos num contexto positivo e estimulante”, diz Fátima Guedes. Na sala de estudo do Centro Porta Amiga de Chelas fazem os trabalhos de casa, tiram dúvidas, preparam-se para os exames. Paralelamente, nas oficinas criativas desenvolvem as competências sociais através de trabalhos de grupo, tendo a arte, o entretenimento e a cultura como pano de fundo. Ainda há dias ficaram a conhecer alguns dos principais pintores do séc. XX e respectivas obras primas. Em tempo de férias, a escola e os trabalhos de casa parecem mais distantes que nunca. No EPES de Cascais, a monitora Lucrécia Amâncio leva as crianças para o pátio do Centro Porta Amiga para saltarem à corda e brincarem ao ar livre. “É importante que as crianças possam ser crianças”, diz. Minutos antes identificaram fotografias com monumentos e personagens históricas. Agora divertem-se. Nuno* é um dos mais extrovertidos e sorridentes. Aos dez anos gosta de escrever. “Quando for grande quero ser poeta”, responde sem hesitação. Um sonho nascido na sala de aulas. A professora pediu à turma um texto sobre uma árvore. Nuno produziu um poema, recebeu aplausos e descobriu a sua vocação: a escrita. Paralelamente gosta de dançar e ouvir música. Michael Jackson é a referência. Passou para o 6º ano de escolaridade. A trabalhar na Porta Amiga de Cascais há 11 anos, Lucrécia já reencontrou crianças que acompanhou no EPES agora transformadas em adolescentes e jovens. Recorda vários rostos e vidas, em particular o Rodrigo*. Um rapaz agressivo, conflituoso com os colegas, incapaz de interagir em grupo de forma pacífica. Foi necessário um acompanhamento muito próximo da monitora e também de uma psicóloga. A mãe era toxicodependente. Rodrigo vivia num contexto familiar complicado. Actualmente é uma paz de espírito, “um doce”, diz a Lucrécia. Acompanha a avó para todo o lado, sorri e já pensa em ser voluntário numa instituição de solidariedade social. A AMI inaugurou o primeiro EPES no Centro Porta Amiga de Cascais em 1996. Seguiu-se Chelas, em 1999, e mais recentemente Vila Nova de Gaia, em 2000. Ao longo do ano passado estas três estruturas acompanharam 103 crianças. *nome fictício ianças carenciadas m cr Produtos escolares apoia Inseridos nos Centros Porta Amiga da AMI, os Espaços de Prevenção da Exclusão Social (EPES) são instrumentos fundamentais para a prevenção activa da exclusão e da pobreza entre a população mais jovem. Estas estruturas destinam-se a promover as competências pessoais e sociais, bem como a motivação e auto-estima de crianças e jovens entre os 6 e os 18 anos de idade. Como forma de garantir a sustentabilidade destes espaços, a AMI lança, no início de cada ano escolar, dois produtos solidários: o Kit Salva-livros e a Agenda Escolar O Kit Salva-livros é uma forma bastante simples e prática de proteger os livros e cadernos escolares. Trata-se de 10 forras de plástico adaptáveis a todos os formatos (até A4) com etiquetas ilustradas do Disney Channel. O Kit Salva-livros custa 6€ dos quais 1 reverte para a AMI e encontra-se disponível nas lojas do Continente. Stapples, Pão de Açúcar e Jumbo. O segundo produto solidário é a Agenda Escolar. A versão 2012/2013 é dedicada à promoção, junto dos jovens, de uma cidadania activa e empenhada, dando pistas para um envolvimento destes na comunidade. A estrutura da agenda baseia- -se no projecto "Liga-te aos Outros", da Fundação AMI, que pretende estimular os jovens a detectarem situações na comunidade que pretendem ver melhoradas e apresentarem propostas de solução para as mesmas. Esta agenda é feita de acordo com o calendário escolar, tendo indicações tão preciosas como as datas de início e fim de cada período escolar, férias e interrupções, mudança de hora, etc. A agenda está à venda nas Lojas da FNAC, Stapples, Pão de Açúcar e Jumbo. Como o Kit, tem um preço de 6 euros, revertendo 1 euro directamente para a AMI. Mais informações em www.ami.org.pt 15 | Nacional Rio+20: De "futuro que queremos" a "passado que sempre tivemos" Apesar da conjuntura desfavorável e expectativas baixas, os resultados da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, conseguiram mesmo assim desiludir. O objectivo mais ambicioso da cimeira era atingir metas quantificadas e com prazos definidos para a sustentabilização das economias mais desenvolvidas. Percebeu-se a indisponibilidade para esta questão quando os chefes de Estado das principais potências decidiram não comparecer. Não quiseram assumir nem compromissos, nem o fracasso da Cimeira. Foi depois anunciada a intenção de obter uma verba significativa para financiar o desenvolvimento sustentável dos países em vias de desenvolvimento. Em Durban conseguiu-se um fundo seme- lhante relativo às alterações climáticas, continuando no entanto hoje por definir quem o irá financiar. No Rio, nem isto se conseguiu. A proposta foi retirada do documento final. Seguiu-se a proposta de mecanismos de transferência de tecnologia limpa para os países em vias de desenvolvimento, questão desde logo polémica dado o custo a suportar pelas patentes que protegem esta tecnologia. Também não passou. A mais humilde ambição desta cimeira era o reforço da ferramenta política das Nações Unidas. O Programa para o Ambiente passaria a Agência, vendo assim as suas competências e poder fortalecidos. Um derradeiro fracasso. Não avançou. A Presidente do Brasil e o Secretário-geral das Nações Unidas foram os principais,e talvez os únicos dinamizadores desta cimeira. Sozinhos, não conseguiram produzir mais do que uma vaga e abstrata declaração de intenções. No Brasil, o mote da cimeira: "O futuro que queremos" foi informalmente rebaptizado, dada a ausência de resultados concretos, para "O passado que sempre tivemos". Para que tenhamos cimeiras mais produtivas no futuro, os cidadãos terão de exigir a coragem política imprescindível para inverter o caminho de insustentabilidade seguido pelo actual modelo de desenvolvimento. 17 | Internacional Impresso em papel 100% reciclado 18 | Breves Quadro de Honra AMI no 5.º lugar no Censo às Fundações O Conselho de Administração da Fundação AMI agradece todo o empenho, dedicação e confiança aos seus 224 trabalhadores, mais de 7.000 voluntários, empresas e parceiros institucionais, cerca de 60.000 doadores e amigos da AMI e, ainda, aos mais de 240.000 seguidores no facebook. Graças a todos foi possível dar apoio aos cerca de Nacional AMI mostra trabalho ambiental no Rock in Rio Posicionado à entrada do recinto no Parque da Bela Vista, o stand da AMI foi de passagem obrigatória para os visitantes do Festival Rock in Rio que se realizou em Lisboa nos dias 25 e 26 de Maio e 1, 2 e 3 de Junho. Um cubo acrílico com milhares de telemóveis no interior atraiu a atenção de curiosos e interessados na questão ambiental. Vários festivaleiros paravam para ver mais de perto o stand, criando a oportunidade de se gerarem conversas, nas quais a AMI apresentou o trabalho que desde há oito anos desenvolve no sector do Ambiente. Uma área de actuação que inclui projectos de gestão de resíduos, energias renováveis, compensação de emissões de CO2 e conservação da natureza. Todo o stand evocou a temática ambiental, com a imagem de uma floresta que se confundia com a envolvente, o chão coberto de casca de pinheiro e um jardim no exterior com plantas naturais e bancos de troncos. Ao longo do evento, o stand foi conseguindo de quem passava o comentário que se pretendia:“Afinal a AMI também trabalha no Ambiente!”. um milhão de beneficiários das acções concretas desenvolvidas pela Fundação AMI, no triénio 2008-2010, a nível nacional e internacional, nas áreas da Ajuda Humanitária e Desenvolvimento, Acção Social e Ambiental, Formação Cívica e dos Direitos Humanos, e ainda alcançar o 5º lugar na classificação geral do Censo às 190 Fundações Portuguesas avaliadas pelo Governo, salientando-se: Eficácia e transparência – classificação máxima (100%) na boa utilização dos financiamentos públicos Percentagem de financiamento público em relação aos proveitos – 18% (maioritariamente aplicados na luta contra a pobreza em Portugal). Horta social em Lisboa Uma horta no centro de Lisboa transformada num espaço de integração social. A ideia atraiu o Abrigo Nocturno da Graça que, em colaboração com a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, convidou utentes deste equipamento social da AMI a arregaçarem as mangas e meterem as mãos na terra. João (nome fictício) aceitou o desafio. Desde Maio é presença habitual no jardim botânico do Museu do Traje. “Venho aqui todos os dias. É uma forma de ocupar o tempo”, afirma enquanto caminha atento entre os taludes geometricamente ocupados por ervas aromáticas: Salsa, hortelã, orégãos, manjericão. Ao fundo ergue-se uma estrutura de canas construída pelo próprio e que sustenta o ainda tímido tomateiro. “Gostaria de plantar aqui outras coisas: alfaces e couves. Dão todo o ano”, confessa. Aos 51 anos, mais de metade vividos em Lisboa, a cidade foi tomando conta do seu espirito. Dedicou-se à construção civil. Como carpinteiro de cofragem ajudou a erguer dezenas de prédios na capital. Agora desempregado, nutre empenho, atenção e um carinho particular pela horta social. Uma espécie de regresso às origens, de quando tinha sete anos e ia para o campo, em Castelo Branco, ajudar os tios a cuidar da terra. Guarda na memória a lógica da natureza e a autoridade das estações do ano. Preocupa-se com o Tomilho que teima em não arrebitar e com as folhas amarelas que periodicamente invadem o tomateiro. A horta social apresenta-se como um espaço simples desenhado de mosaicos verdes cravados na terra com aromas difusos a hortelã-menta e alfazema no ar. No entanto, a estética da natureza é exigente na forma e generosa no conteúdo. Enquanto espaço complementar de integração social pode ser tão grande quanto a vontade de quem o trabalha. Adeus Margarida Marante Margarida Marante colaborou como consultora do Gabinete de Imprensa da AMI entre 2009 e 2010. Uma das mais respeitadas e carismáticas jornalistas portuguesas tendo passado, entre outros, pela RTP, Elle, SIC, Expresso e TSF. A AMI presta aqui a sua homenagem. Nacional Alunos voluntários da Escola Alemã na Fundação AMI AMI no Aventurarte 2012 Nos dias 2 e 3 de Julho, 18 alunos do 9.º ano da Escola Alemã de Lisboa realizaram uma acção de Voluntariado na Fundação AMI, onde tiveram oportunidade de conhecer a realidade da instituição. No acolhimento foram elucidados sobre a missão da Fundação, perante as situações de pobreza e a importância da acção social e da participação de voluntários. No dia 2 de Julho, foram constituídos dois grupos, um dos quais colaborou com o Departamento de Logística, na preparação das latas para o Peditório Anual da AMI, enquanto o outro participou nas actividades do Centro Porta Amiga das Olaias, colaborando na Recepção, Refeitório, distribuição das refeições, organização do Roupeiro e Apoio Domiciliário. No dia 3 de Julho, os alunos participaram na abertura da Campanha SOS Pobreza da AMI, divulgando a acção através da distribuição de águas e informação sobre a campanha junto da população, no Parque Expo em Lisboa. Finalmente, de 25 a 28 de Outubro, várias dezenas de alunos participaram como voluntários no Peditório Anual de Rua da AMI. Seminário “O Paradigma do Envelhecimento” A AMI organizou, dia 17 de Outubro, um Seminário intitulado “O Paradigma do Envelhecimento”, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Pretende-se construir de forma participada, uma nova abordagem do processo de Envelhecimento. O Seminário constituído por quatro painéis, que abordou os temas: Universo Conceptual do Envelhecimento; Vivenciando o Envelhecimento; A dinâmica participativa do processo intergeracional e Apresentação de Boas práticas. A AMI pretende olhar para o paradigma do envelhecimento reflectindo, através de uma abordagem multidimensional, o quotidiano vivenciado no processo de envelhecimento de forma participativa e intergeracional. A Aventurarte é um peddy-paper cultural que envolve equipas mistas de várias instituições de solidariedade social de preferência constituídas por pessoas em situação de sem-abrigo e apoiadas pela própria instituição. Este ano, decorreu nos dias 29 e 30 de Junho, em Lisboa e Porto, respectivamente. O Aventurarte em Lisboa contou com a participação de duas equipas dos equipamentos sociais da AMI, nomeadamente do Abrigo Nocturno de Lisboa do Centro Porta Amiga das Olaias, constituídas por utentes, técnicos e voluntários. O ponto de encontro foi no Largo dos Restauradores e o peddy-paper decorreu até às 13h. O almoço realizou-se na Casa do Alentejo, junto ao Coliseu, e a tarde cultural, com a partilha entre as várias equipas. No final do dia, foram entregues os prémios aos vencedores e a todos os participantes. O Aventurarte na cidade do Porto contou com a participação de duas equipas do Abrigo Nocturno do Porto da AMI, constituídas por utentes, técnicos e voluntários. O ponto de encontro foi na Associação CAIS, onde todos os participantes fizeram uma aula de Yoga, junto ao átrio da Câmara Municipal, seguindo-se de um almoço partilhado pelas equipas no Palácio de Cristal. Ao longo da tarde, o programa cultural do Aventurarte foi preenchido com vários momentos musicais e diversas actividades. Peditório Decorreu de 25 a 28 de Outubro, o 19.º Peditório Anual de Rua da AMI. Durante quatro dias, centenas de colaboradores e voluntário apelaram à generosidade dos portugueses, num contexto de particular necessidade, tendo em conta, por um lado, o aumento sem precedentes dos pedidos de ajuda e, por outro, a descida significativa dos donativos. Durante 2012 e até ao passado mês de Setembro, os serviços sociais da AMI apoiaram em Portugal, mais de 13 mil pessoas, o valor mais elevado de sempre. A avaliar pelos resultados já apurados, a aposta em melhorar os resultados de 2011(64.208,40 euros) terá sido alcançado graças ao empenhamento dos voluntários e à generosidade das pessoas contactadas. 19 | Breves Impresso em papel 100% reciclado 20 | Breves Internacional Formação Project Cycle Management: Humanitarian Aid vs Development Avança projecto de abastecimento de água na Guiné-Bissau Setembro marcou o início do projecto No Misti Água em Bolama, na Guiné-Bissau. Durante os próximos dois anos, a equipa da AMI no local dará continuidade aos trabalhos de abastecimento de água potável pública iniciados em 2009 pela ONG espanhola AIDA (Ayuda Intercambio y Desarrollo). A redução da incidência de doenças hídricas na população através do aumento do acesso a água potável é o objectivo central do projecto. A intervenção da AMI passará pela cooperação com o Comité de Gestão dos Fontanários e com a população local para que juntos possam gerir de forma o mais eficaz e autónoma possível estas estruturas. Formação a Voluntários Internacionais – Coordenadores A introdução de critérios de qualidade tem sido cada vez mais visível nas actividades desenvolvidas pelas organizações que trabalham na área da Cooperação para o Desenvolvimento e da Acção Humanitária, o que levou a AMI a apostar numa preparação mais profunda dos seus voluntários internacionais. A especificidade dos cargos desempenhados em missões da AMI levou à criação de diferentes formações, surgindo assim, em 2011, a 1ª Formação a Voluntários Internacionais | Coordenadores. Esta tem como principal objectivo preparar os coordenadores de país/projecto e chefes de missão para a integração em missões internacionais da AMI, aumentando os seus conhecimentos sobre a gestão do ciclo de projecto, a cooperação internacional e a organização. Com uma duração de três dias e de periodicidade anual, a terceira edição realizou-se em Lisboa a 15, 16 e 17 de Outubro. A Gestão de Ciclo de Projecto é uma ferramenta essencial para o trabalho dos profissionais na área de Cooperação para o Desenvolvimento ou Acção Humanitária. Neste âmbito e devido a uma insuficiente oferta formativa em Portugal, a AMI decidiu promover a Formação Project Cycle Management: Humanitarian Aid vs Development, em coordenação com a punto.sud. Destinada a colaboradores, voluntários e estudantes interessados na área da cooperação para o desenvolvimento ou acção humanitária, que trabalhem ou pretendam vir a trabalhar em gestão de ciclo de projecto, a formação decorreu em Lisboa de 5 a 8 de Novembro. AMI ligada à prevenção no Brasil A presença da equipa da AMI, liderada por Fernando Nobre, em Junho, na conferência do Rio+20, no Brasil, permitiu também o conhecimento e a avaliação positiva do projecto “Tá ligado na Prevenção” apresentado à AMI pela Metamorfose, uma Organização Não Governamental (ONG), sem fins lucrativos (ONG) brasileira. Desenvolvido no Município de Duque de Caxias, o referido projecto visa contribuir para a capacitação de jovens dos 18 aos 25 anos de idade, prevenindo problemáticas relacionadas com DST/HIV-SIDA, drogas, hepatite, tuberculose e gravidez precoce. No âmbito desta parceria, desde Setembro uma médica voluntária da AMI presta apoio à referida ONG. A Metamorfose desenvolve acções em áreas socioeducativas, artísticas, culturais, ambientais e saúde, em comunidades de risco social. Mecenato Voluntariado empresarial com a SONAE No dia 12 de Abril o Centro Porta Amiga do Porto acolheu uma acção de voluntariado empresarial que deu uma nova cara ao refeitório deste equipamento social da AMI. A Sonae respondeu ao desafio, através do seu "VII Onboarding Day – À nossa maneira na comunidade" com cerca de 66 voluntários que se dedicaram a pintar o interior e exterior do refeitório e as cadeiras deste espaço. Os participantes realizaram ainda uma intervenção de melhoramento na área de jardim envolvente, aumentando assim o bem-estar das pessoas apoiadas pela AMI que diariamente frequentam pelos equipamentos da AMI na cidade do Porto. José Carlos Pereira juntou-se à KFC para ajudar a AMI No passado dia 30 de Junho, o actor José Carlos Pereira juntou-se à KFC para ajudar a AMI. O nosso obrigado à KFC e a todos os que participaram nesta iniciativa. Porta Amiga do Porto com “Atitudes Positivas” do Continente O Centro Porta Amiga do Porto foi o espaço escolhido para no dia 30 de Maio realizar uma acção de voluntariado empresarial dos hipermercados Continente. Os voluntários desta empresa fizeram e distribuíram cabazes alimentares pelas famílias apoiadas por este equipamento social, auxiliaram na separação de radiografias para reciclagem e ainda houve tempo para partilharem experiências e conhecerem melhor alguns beneficiários da Porta Amiga através do workshop “Atitudes Positivas”. 3M: voluntariado em dose dupla A AMI promoveu, em parceria com a 3M uma série de iniciativas de voluntariado empresarial. Assim, no dia 21 de Junho, os colaboradores desta empresa entregaram cabazes a famílias beneficiárias do Apoio Domiciliário do Centro Porta Amiga das Olaias. No dia 2 de Julho, com a ajuda de 24 colaboradores o exterior do Centro Porta Amiga de Cascais foi pintado ajudando assim à requalificação deste espaço. Novartis celebra com a AMI “O Dia da Comunidade” A AMI promoveu no dia 20 de Abril, duas acções de voluntariado empresarial. Desta vez, com colaboradores da Novartis. Uma primeira, na parte da manhã, no Centro Porta Amiga de Cascais juntou cerca de 30 voluntários que fizeram 150 cabazes com géneros alimentares, destinados a 150 famílias. Adicionalmente, realizaram o workshop “como trabalhar nas redes sociais” na Infoteca, ajudaram a organizar o roupeiro deste centro e ainda prepararam latas para o peditório anual da AMI. Da parte da tarde, desta vez no Norte, no Centro Porta Amiga de Vila Nova de Gaia, nove colaboradores desta empresa fizeram 121 cabazes de bebé e realizaram um workshop de sensibilização para as famílias intitulado “mamãs e bebés”. A AMI agradece aos voluntários que celebraram com a AMI o seu “Dia da Comunidade”. 21 | Breves Impresso em papel 100% reciclado 22 | Informações AGENDA AMI A partir de 1 de Dez: Bazar de Natal AMIarte (Porto); De 1 a 5 Dez: Mercado de Natal (Centro Comercial Campo Pequeno) 1 > 31 Dez. "Embrulhos de Natal” a favor da AMI nas lojas Fnac. 5 Dez. Dia Internacional do Voluntariado – Acção “Há Várias Formas de Abraçar” (vários locais) 5 Dez. Inauguração da Infoteca AMI/FNAC contra a Indiferença (Almada) Loja AMI A Loja AMI dispõe de outros artigos que podem ser visualizados no novo site loja.ami.org.pt Ao comprar qualquer um dos artigos da nossa loja estará a contribuir para a realização dos nossos projectos e missões. Faça a sua escolha, preencha e envie-nos o cupão, junto com o cheque no valor total dos artigos acrescido de despesas de envio, conforme nota abaixo: 03 01 06 02 01 "Um conto de Natal" 12 € 02 Pack promocional do Histórias para não adormecer Tarifário Fixo – Obj. à cobrança Até 2 Kg de 2 até 5 Kg de 5 até 10 Kg de 10 a 20 Kg de 20 a 30 Kg 2,79 € 7,55 € 7,81 € 8,25 € 9,81 € 12,17 € 2 volumes (vol. 1: 15 € – vol. 2: 20 €) 03 "Histórias que contei aos meus filhos" 12 € 04 "Mais Histórias que contei aos meus filhos" 12 € Mais artigos em www.ami.org.pt Nome Morada Código Postal Telefone Como adquiriu a nossa revista Descrição do Produto Tamanho Quantidade Valor Unidade Valor Total Voluntários Precisam-se NACIONAL Contacto: [email protected] Equipa de Rua de Lisboa Função: Médico/a Psiquiatra para dar apoio aos técnicos da Equipa de Rua Horário: Dia e hora a combinar (de Segunda a Sexta-feira, das 9h às 18h) Periodicidade: Semanal Centro Porta Amiga de Vila Nova de Gaia e Equipa de Rua do Porto Função: Médico/a para dar consultas de emergência aos utentes Horário: Dia e hora a combinar (de Segunda a Sexta-feira, das 9h30 às 12h30) Periodiciade: Semanal Centro Porta Amiga das Olaias – Lisboa Função: Médico/a estomatologista para dar consultas aos utentes no próprio consultório Horário: Dia e hora a combinar (de Segunda a Sexta-feira) Periodicidade: Mensal Centro Porta Amiga de Almada Função: Médico/a para dar consultas de emergência aos utentes Horário: Dia e hora a combinar (de Segunda a Sexta-feira, das 14h às 17h) Periodicidade: Semanal Centro Porta Amiga do Porto Função: Médico/a Psiquiatra para acompanhamento de utentes e dinamização de sessões de informação Horário: Dia e hora a combinar (de Segunda a Sexta-feira, das 10h às 19h) Periodicidade: Mensal Este número da AMI Notícias foi editado com o especial apoio da revista VISÃO (Distribuição), LISGRÁFICA (Impressão e Acabamento), COMPANHIA DAS CORES (Design), PRÉ&PRESS (Fotolitos e Montagem), CEC (Embalagens) e CTT – Correios de Portugal e com o mecenato de Autorizada a reprodução dos textos desde que citada a fonte. AMI Fundação de Assistência Médica Internacional: Pátio Manuel Guerreiro, R. José do Patrocínio, 49 – Marvila, 1959-003 Lisboa Ficha Técnica Publicação Trimestral Director: Fernando Nobre; Directoras-Adjuntas: Leonor Nobre e Luísa Nemésio; Redacção: Paulo Cavaleiro, Anastácio Neto; Paginação: Patrícia Barata Colaboram neste número: Isabel Nobre, Laura Morais e Luís Lucas; Fotografias: AMI e Isabel Nobre; Tiragem 120.000 exemplares 23 | Informações Obrigado por ajudar as equipas da AMI a prosseguirem o seu trabalho humanitário. Graças a si, os voluntários da AMI podem actuar em Portugal e nos países mais carenciados do Mundo! Porque muitos precisam de nós, nós precisamos muito de si! Como colaborar com a AMI Deposite um donativo na conta da AMI do Banco Espírito Santo N.º de conta 015 27781 0009 | Envie o seu donativo em cheque nominal directamente para qualquer uma das direcções da AMI. | Faça o seu donativo em qualquer caixa multibanco. Escolha a opção “Pagamento de Serviços – Euros” e digite a Entidade 20909, seguido da Referência 909 909 909. Depois, basta escolher a importância com que quer contribuir. | Participe activamente como voluntário nos Centros Porta Amiga, na sede da AMI ou nas Delegações. | Se é profissional de saúde, inscreva-se como voluntário para partir em missão, contactando o Departamento Internacional da AMI. (e-mail: [email protected]) | Adira às Campanhas de Reciclagem (e-mail: [email protected]) | Faça reverter parte do seu IRS para a AMI | Participe na Aventura Solidária no Senegal, Brasil ou Guiné-Bissau (e-mail: [email protected]; Tel. 218 362 100) Como contactar a AMI E-mail: [email protected] | Internet: www.ami.org.pt Sede Fundação AMI – Rua José do Patrocínio, 49, 1959-003 Lisboa | Tel. 218 362 100 | Fax 218 362 199 Delegações Norte Tel. 225 100 701 | Centro Tel. 239 842 705 | Madeira Tel. 291 201 090 | Açores – Terceira Tel. 295 215 077 | Açores – S. Miguel Tel. 296 305 716 | Austrália E-mail [email protected] Centros Porta Amiga Lisboa – Olaias Tel. 218 498 019 | Lisboa – Chelas Tel. 218 591 348 | Porto Tel. 225 106 555 | Almada Tel. 212 942 323 | Cascais Tel. 214 862 434 | Funchal Tel. 291 201 090 | Coimbra Tel. 239 842 706 | Gaia Tel. 223 777 070 | Angra Tel. 295 218 547 Abrigos Nocturnos Lisboa (em colaboração com a C. M. Lisboa) Tel. 218 152 630 | Porto Tel. 225 365 315 Residência Social dos Açores Tel. 296 286 542 LEI DO MECENATO – ACTIVIDADES DE SUPERIOR INTERESSE SOCIAL Art.º 61, alineas b) e e) do N.º 3 e N.º 4 do Art.º 62 e Art.º 63 do Decreto-Lei 215/89 de 21 de Junho, renumerado e republicado como Anexo II ao Decreto-Lei 108/2008 de 26 de Junho). O seu donativo é totalmente dedutível nos impostos, majorado em 40%. Serviços AMI Cartão Saúde Contacto 213 Barclaycard AMI Contacto 707 780 303 600 Desejo tornar-me Amigo da AMI com o n.º Desejo actualizar a minha inscrição como Amigo da AMI n.º 323 (a atribuir pelos nossos serviços) . Para emissão de recibo Nome Completo (*): deverá sempre devolver-nos Morada (*): este cupão devidamente Localidade (*): Código Postal (*): N.º Contribuinte (*): N.º B.I. (*): Profissão: E-mail: Data de Nascimento: – – preenchido ou contactar a AMI através do 218 362 100 Telefone: – Desejo contribuir com € Formas de pagamento (marque com um x) Vale Postal Cheque endossado à AMI n.º: Depósito na conta da AMI do BES n.º 015393720002 Multibanco. 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