BE_310 CIÊNCIAS DO AMBIENTE – UNICAMP ESTUDO (Turma 2012) Disponível em: http://www.ib.unicamp.br/dep_biologia_animal/BE310 COMPARATIVO ENTRE ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE EFLUENTES CONVENCIONAIS E JARDINS FILTRANTES ERIKA COUTO ALBIZZATI¹, THIAGO PEREIRA MEIRELLES² & WESLEY MARTINS TELES² ¹Curso de graduação - Faculdade de Engenharia Eletrica e de Computação/Unicamp ²Curso de graduação - Faculdade de Engenharia Mecânica/Unicamp e-mail do autor correspondente: [email protected] RESUMO Tentou-se fazer um estudo comparativo entre as técnica de tratamento de água e efluentes não só no Brasil, mas voltado para a sua melhoria em território nacional. Levou-se em conta a tradicional Estação de Tratamento de Efluentes, que ocupa uma área relativamente pequena, com alto custo de implantação e manutenção, em que não há acesso livre à população; e a, relativamente nova, técnica de jardins filtrantes, cuja implantação é significativamente mais barata, mas exige uma área maior para sua implantação, área esta que fica disponível como parque ou área verde para a população e não necessita utilização de compostos quámicos para o tratamento da água, sendo que a planta realiza esse trabalho. Dada a importância de se tratar a água residual, seja de origem doméstica ou industrial, há muito se busca a melhor opção para este tratamento. No Brasil, predominantemente, utilizamos as chamadas Estações de Tratamento de Efluentes (ETE), no entanto, essas ETEs têm um alto custo de implantação e manutenção. Como alternativa a estas tradicionais ETEs, existem, há mais de uma década, empresas dedicadas ao desenvolvimento de jardins filtrantes. A idéia destes jardins é que, por meio da prória natureza, seja possível purificar a água e manter nessa região de tratamento uma área verde, como um parque, por exemplo. De acordo com Arnaud Fraissignes, gerente da Phytorestore (até então a única empresa do ramo, no Brasil), a facilidade de manutenção da área equivale ao cuidado de qualquer área verde. Ademais, Arnaud afirma que o custo de um sistema de jardins filtrantes pode ser até 30% mais barato em comparação com um sistema comum de tratamento de água e efluentes [1]. Um ponto interessante na implantação dos jardins filtrantes é que as plantas selecionadas serão próprias região onde será o jardim, escolhidas pelo potencial de tolerância a variações do tempo e tipos de poluentes, e também em relação ao consumo de oxigênio. Outro ponto interessante nos jardins filtrantes é que são as plantas quem fazem o trabalho, então não há a necessidade de utilizarem compostos químicos, diferentemente das tradicionais ETE. Esse sistema também é altamente indicado para a despoluição de rios. Foi esse o sistema adotado na França para despoluir o rio Sena. Lá encontra-se um sistema de jardins de aproximadamente 4,5 hectares que recebe água poluída do rio passa pelo sistema de 3 jardins e ao final do terceiro, apresenta água límpida e em condições próprias para banho depois a devolve ao rio com uma concentração 3 vezes maior de oxigênio na água, que ajuda na restauração da vida aquatica [2]. Em contrapartida a esse método mais natural, pesquisamos também, como comparação o sistema de tratamento de esgoto do Shopping Dom Pedro, na região de Campinas. Figura1: Vista do jardim filtrante na França O objetivo desse estudo é tentar provar que o sistema de jardins filtrantes é mais adequado para implantação, no Brasil, um país onde área não é um problmea e uma vez que ele apresenta custo de implantação inferior ao de uma estação tradicional, exige pouca manutenção, é limpo e se aproveita de plantas do ecossistema da prória região. Apesar de exigir uma área maior para sua instalação, ele tem uma capacidade em m³/dia com chance de competir com a de um sistema de ETE, sendo que sua área de tratamento pode ser aberta para a população como uma área de lazer ou para a prática de esportes. Acreditamos que esse seja um sistema de relativa facilidade de implantação na Unicamp, que tem grandes áreas disponíveis, e que traria, ao Brasil, uma maior visibilidade dessa prática. Inicialmente para este trabalho foi feito uma pesquisa sobre os dados do jardim filtrante construído na França próximo ao Rio Siena pela empresa Phytorestore. Tabela1: Dados de jardins filtrantes Tipo Exemplo Área m² Equivalente a quantos habitantes Capacidade m³/dia Custo Jardins filtrantes França 25000 22.500 3000 não informado Jardins filtrantes Chapadão do Céu/ GO 4.000 20.000 2700 30% inferior à convencional Com os dados da tabela 1 e aproximando para uma média, chegamos que um Jardim filtrante ocupa 8,3 m² / m³/dia de efluentes tratados. Paralelamente, foi efetuado um levantamento dos dados da estação de tratamento do shopping center Parque Dom Pedro Shopping localizado em Campinas. De posse da capacidade de tratamento e sua equivalência com a quantidade de habitantes que poderiam ser atendidos, foi estabelecido uma relação entre o volume de efluentes tratados e sua relação com a quantidade de habitantes equivalentes a este volume. Para isto foi considerado informações do Parque Dom Pedro Shopping. Tabela 2: Dados de ETE convencional Tipo Exemplo Área m² Equivalente a Capacidade m³/dia qtos habitantes Custo de Implementação R$ ETE convencional Pq. D. Pedro Shopping 3.000 15.000 1.700.000 2.000 Com os dados da tabela 2 chegamos que uma ETE convencional ocupa 1,5 m² / m³/dia de efluentes tratados. Figura2: Vista de uma ETE convencional Realizando-se a medição de alguns locais em que essa solução poderia ser implementada e comparando-se com o volume de água que pode ser efetivamente filtrado, montamos a tabela 1, onde mostramos também os custos de implementação e manutenção das diversas estações. Tipo Exemplo Área m² Equivalente a qtos Capacidade habitantes m³/dia ETE convencional Pq. D. Pedro Shopping 3.000 15.000 Jardins Filtrantes Chapadão Céu - GO Jardins Filtrantes Rio Sena Custo de Implementação R$ 2.000 1.700.000 do 15.000 25.000 18.750 2.500 70% convencional ETE 22.500 3.000 70% convencional ETE Como vemos, é possível obter uma equivalência de volume de tratamento com o uso dos jardins filtrantes. Porém, é uma técnica que se adapta melhor em ambientes com bom espaço, como cidades do interior ou locais com menos concentração de construções. É importante notar também a economia que se consegue. Essa economia não é somente devida ao baixo custo de manutenção. O próprio custo de implementação é menor no uso dos jardins filtrantes. Como enfatizado ao longo do trabalho, estações de tratamento precisam ser seguras, confiáveis e economicamente viáveis. A solução proposta neste trabalho para um problema tão presente cumpre todas essas características. Mais do que isso, ela alia também o fato de ser uma solução limpa, natural e de baixa manutenção. Analisando mais detalhadamente cada característica do jardim filtrante podemos notar que ele é uma solução que apresenta uma boa segurança no nível biológico, uma vez que pode ser montado com a flora natural do local, evitando problemas de introdução de espécies novas num ecossistema diferente. É também economicamente viável, uma vez que não necessita de grandes manutenções, produzindo uma estação de tratamento até 30% mais barata que estações convencionais. Por último, mas não menos importante, o fato de ser uma solução biológica proporciona ambientes com baixa poluição visual, contraste tão apreciado num mundo de concreto [6]. Apesar de termos nos baseado em estações menores, podemos notar em [1] que esta é uma ideia com possibilidade de ser adotada em maior escala. É necessário apenas que se possua espaço para sua implementação, uma vez que a manutenção é semelhante à de uma área verde comum, como um parque ou jardim. AGRADECIMENTOS: Agradecemos à Srta Thaís Carrijo pela sugestão de um tema bastante interessante e pouco abordado na mídia. Gostaríamos de agradecer também ao professor Carlos F. S. de Andrade, que nos auxiliou com as diretrizes, dicas e críticas para como fazer um artigo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: [1] Revista Hydro data Disponível em: http://grupofairway.com.br/revista_hydro_agosto_2010.pdf Acessado em: 22/06/2012 . [2] Associação Nacional dos Engenheiros ambientais data Disponível em: http://www.aneam.org.br/videos/767-conheca-a-tecnica-de-jardins-filtrantes-para-tratamento-de-esgoto Acessado em: 24/06/2012 . [3] SABESP data / Início / Saneamento / Esgoto / Tratamento de esgotosDisponível em: http://site.sabesp.com.br/site/interna/Default.aspx?secaoId=49Acessado em: 20/06/2012 . [4] FGV data - Banco de Práticas de Responsabilidade Social e Sustentabilidade no Varejo Disponível em: http://www.fgv.br/cev/rsnovarejo/banco_busca.asp?url_FuseAction=detalhe&Tipo=S&ID=200 Acessado em: 20/06/2012 [5] Phytorestore™ Brasil dataDisponível em:http://www.phytorestore.com.br/agua.phpAcessado em: 21/06/2012 [6] Scruton, R. Why Beauty Matters. (2009) BBC CITAÇÃO COMPLETA