DIAGNÓSTICO PRECOCE DE GESTAÇÃO EM OVINOS COMO FERRAMENTA
DE MANEJO
Autores: Luana Camillo BASSEGGIO¹, Lucas Dalle Laste DACAMPO², João Luis dos SANTOS³, Lucio Pereira RAUBER4
Identificação autores: ¹Graduanda do curso de Medicina Veterinária, ²Bolsista Interno do Instituto Federal Catarinense
Bolsista PIBITI/CNPq; 4Orientador IFC-Campus Concórdia.
Introdução
O mercado ovino e seus derivados estão em constante crescimento e tem a vantagem
de não possuir nenhuma restrição religiosa ou cultural. Para suprir a atual procura se faz
necessário uma rápida replicação de animais com características zootécnicas e geneticamente
desejáveis que atendam o mercado consumidor. Nesse contexto, o diagnóstico precoce de
gestação, através da ultrassonografia transretal, oferece acurácia, segurança e praticidade. A
identificação precoce de fêmeas vazias permite, em curto prazo, a aplicação de medidas
terapêuticas, novos programas de cobertura ou mesmo descarte, minimizando as perdas e
promovendo um aumento da eficiência produtiva (Selaive & Osório, 2014). O objetivo deste
trabalho foi demonstrar a importância do diagnóstico de gestação em pequenos ruminantes
como forma de tecnificar e acrescer a renda dos pequenos produtores do oeste catarinense,
aumentando os índices zootécnicos da propriedade e identificando possíveis problemas
reprodutivos.
Material e Métodos
O acompanhamento foi realizado entre os meses de março a maio de 2015 em quatro
propriedades que adotavam o sistema semi-extensivo de criação nas cidades de Concórdia e
Seara, Santa Catarina. No total foram examinadas 157 fêmeas de raças variadas,
predominando a texel e a Ile de france. Os animais foram submetidos à estação de monta
natural por um período de aproximadamente 45 dias e o diagnóstico de gestação foi realizado
decorrido 30 a 60 dias da cobertura. O exame foi realizado com a ovelha em estação,
utilizando um transdutor linear na frequência de 5 MHz via transretal. O transdutor foi
adaptado a um suporte de PVC para facilitar a manipulação no reto do ovino, também foi
utilizado gel lubrificante para facilitar a introdução do transdutor.
O diagnóstico foi considerado positivo por meio da presença de líquido na cavidade
uterina, associado à visualização dos placentônios e estruturas fetais, como demonstrados nas
figuras 1 e 2.
Os resultados passaram por uma análise estatística descritiva de dados.
Resultados e discussão
O diagnóstico de gestação foi realizado decorrido 30 a 60 dias da cobertura, embora
a literatura cite que o diagnóstico pode ser realizado a partir do 18º dia pós-cobertura (Bicudo,
2013). Nenhuma das propriedades excedeu a relação macho:fêmea recomendada, que é 1:33
conforme Selaive & Osório (2014).
Os resultados obtidos foram anotados e tabulados como mostra a tabela 01.
Tabela 01 – Porcentagem de prenhez nas propriedades avaliadas.
Após cobertura natural, cerca de 80% das ovelhas concebem no primeiro serviço,
porém a maioria das ovelhas que não são fecundadas no segundo serviço, necessitam uma
terceira oportunidade (Moraes, 1992). A propriedade número 3 não atingiu a taxa de
concepção esperada. As demais propriedades apresentaram resultados satisfatórios, porém foi
buscado motivos que justificassem a porcentagem de fêmeas vazias.
Na propriedade número 1 a taxa de fêmeas vazias foi de 3.85%. Mesmo este índice
estando dentro da normalidade, foi diagnosticado um reprodutor com abcesso escrotal durante
o exame andrológico com comprometimento do testículo adjacente e da libido.
Na propriedade número 2 não foram diagnosticadas fêmeas vazias. Isso se deve, de
maneira geral, a seleção de animais no período que antecede a estação de monta, associada ao
manejo nutricional e sanitário do rebanho.
A propriedade 3 foi a que apresentou menor taxa de concepção, 23,08% de fêmeas
vazias, mesmo com dois carneiros. O baixo índice ocorreu devido a utilização de um carneiro
que já não apresentava qualidade espermática satisfatória no período pré-cobertura. O animal
era jovem e sofreu estresse no transporte e adaptação, causando problemas na
espermatogênese. O problema reverteu gradativamente, começando com alto índice de
retorno ao cio mas terminando com uma taxa de prenhez de 73,33%, para este carneiro.
Na propriedade número 4, os 17,24% correspondente aos animais que não
emprenharam também foram justificados por problemas em um reprodutor. O animal
apresentava libido, mas não realizava com sucesso o coito. O espermograma demonstrou
viabilidade dos espermatozoides. O exame clínico especial foi realizado mas não foram
encontradas alterações nos órgãos genitais do carneiro.
O exame demonstrou que os problemas reprodutivos não são ligados somente a
fêmea, mas que tem relação direta com a fertilidade do macho, que geralmente, é percebida
tardiamente com a baixa taxa de natalidade. A aquisição de novos animais deve ser feita com
cautela e no mínimo 60 dias antes da estação de cobertura. Esses animais devem passar por
exame clínico geral e andrológico completo, garantindo o aproveitamento do mesmo.
Figura 1 – Cortes de útero
ovino vazio.
Figura 2 – Diagnóstico de gestação A – 30 dias, visualização
da vesícula embrionária. B - 60 dias, visualização de
placentônios em formato de cálice.
Conclusões
O diagnóstico precoce de gestação por ultrassonografia é uma prática eficaz para
separar os animais gestantes dos demais, podendo oferecer o manejo adequado de acordo com
sua categoria.
Deve-se realizar exame andrológico nos carneiros no período que antecede a estação
de monta, eliminando reprodutores com problemas de fertilidade.
Referências
BICUDO, S. D. O diagnóstico ultra-sonográfico de gestação em ovinos. Informativo da
Faculdade de Medicina Veterinaria e Zootecnia – Campus de Botucatu - UNESP. v.5, n. 23,
p. 5-7, 1997.
MORAES, J.C.F. A mortalidade embrionária e a eficácia da inseminação artificial em ovinos.
Revista Ciência Rural. Santa Maria, vol. 22, n. 3, p. 369, 1992.
SELAIVE, A. B.; OSÓRIO, J. C. S. Produção de ovinos no Brasil. 1 ed. São Paulo: Roca,
2014. 656 p.
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