UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DOUTORADO EM ODONTOLOGIA Estudo da Rugosidade Superficial do Esmalte e do Sistema Antioxidante Pulpar em Dentes Humanos Submetidos ao Clareamento Dental com uma Fita de Auto-aplicação ADRIANA CASTRO VIEIRA ANDRADE Orientadora: Profª. Drª. Mariana Ferreira Leite Tese apresentada ao Doutorado em Odontologia, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutora em Odontologia. SÃO PAULO 2014 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL A565e Andrade, Adriana Castro Vieira. Estudo da rugosidade superficial do esmalte e do sistema antioxidante pulpar em dentes humanos submetidos ao clareamento dental com uma fita de auto-aplicação / Adriana Castro Vieira Andrade. -- São Paulo; SP: [s.n], 2014. 73 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Mariana Ferreira Leite. Tese (doutorado) - Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Polpa dentária - Patologia 2. Clareamento dental 3. Esmalte dentário 4. Catalase 5. Peróxido de hidrogênio. I. Leite, Mariana Ferreira. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de PósGraduação em Odontologia. III. Título. CDU: 616.314.18(043.2) UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO Estudo da Rugosidade Superficial do Esmalte e do Sistema Antioxidante Pulpar em Dentes Humanos Submetidos ao Clareamento Dental com uma Fita de Auto-aplicação ADRIANA CASTRO VIEIRA ANDRADE Tese de doutorado defendida e aprovada pela Banca Examinadora em 21/08/2014. BANCA EXAMINADORA: Profª. Drª. Mariana Ferreira Leite Universidade Cruzeiro do Sul Presidente Profª. Drª. Michele Baffi Diniz Universidade Cruzeiro do Sul Profª. Drª. Rosemari Otton Universidade Cruzeiro do Sul Prof. Dr. Nelson Gnoato Universidade Federal da Bahia Prof. Dr. AlexCorreia Vieira Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia DEDICATÓRIA Ao meu pai, Robson, grande incentivador do meu crescimento, que com o seu zelo e exemplo de vida tornam sempre menores as dificuldades em meu caminho. Aos meus filhos, Maria Fernanda e Pedro, pelas tantas horas roubadas que não puderam ser desfrutadas com vocês. Dedico este trabalho À Jefferson, Meu marido, parceiro incondicional de todos os momentos, o maior responsável para que tudo desse certo, que com sua generosidade permitiu que eu me lançasse neste sonho. O meu infinito amor. AGRADECIMENTO ESPECIAL À minha orientadora, Profa. Dra. Mariana Ferreira Leite, pela capacidade, presteza, dedicação e entusiasmo dispensados durante todo o processo de elaboração deste trabalho. Um grande exemplo de Mestre que me inspira a ser sempre melhor. Meu reconhecimento, minha gratidão. AGRADECIMENTOS Ao meu grande amigo, Mário César Oliveira, por sonhar esse sonho comigo e me acompanhar nessa grande aventura. Aos meus amigos Dr. Alex Vieira e Dra Caliandra Pinto pelos grandes ensinamentos e apoio nesta jornada. À minha querida mãe Fátima Castro, misto de força e fragilidade, reflexo de competência, profissionalismo e perseverança, que me inspira a nunca desistir. À Cláudia, pelas suas intermináveis horas de carinho com meus filhos as quais, me permitiram seguir em frente com tranquilidade. Ao meu querido Amâncio Valois, que com sua alegria e conselhos me nortearam até o fim desta jornada. Ao meu irmão Lucas, pesquisador nato, exemplo de amor à profissão. À minha irmã Manuela, pela disponibilidade em me ajudar sempre que foi preciso. À minha irmã Anna Paula e meu irmão Marcos, por me mostrarem que a vida pode ser mais leve e divertida. Aos meus queridos alunos da UEFS, motivo maior da busca pelo aperfeiçoamento. A todos os colegas do Curso de Doutorado, imbuídos pelo mesmo objetivo, pela amizade e pelos bons momentos compartilhados. À todos os professores do Curso do Doutorado da UNICSUL, pela grande contribuição. Aos pacientes, que por sua confiança e colaboração permitiram a elaboração deste trabalho. Por fim, ao PAI, que me permite viver e ser feliz, que me ampara nos momentos de exaustão, me impulsiona a não fraquejar e que me faz manter a fé para que eu aceite as minhas limitações. Meus sinceros agradecimentos. “Você nunca estará muito velho para estabelecer um novo alvo ou sonhar um novo sonho” (C. S. Lewis) Andrade ACV. Estudo da rugosidade superficial do esmalte e do sistema antioxidante pulpar em dentes humanos submetidos ao clareamento dental com uma fita de auto-aplicação [tese]. São Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul; 2014. RESUMO A eficácia do clareamento dental está relacionada a capacidade do agente clareador em difundir-se através dos tecidos mineralizados e promover a oxidação das moléculas pigmentantes presentes na estrutura dental. Entretanto, ainda não está claro como ocorre o mecanismo completo de reação antioxidante e regenerativa dos tecidos dentais. Desta forma, os objetivos deste trabalho foram avaliar a resposta do tecido pulpar e as alterações superficiais de dentes humanos submetidos ao clareamento dentário, através da análise da atividade enzimática do sistema antioxidante pulpar responsável pela degradação do peróxido de hidrogênio e da rugosidade superficial do esmalte. Para isto, utilizou-se o modelo de boca dividida, de 6 pacientes com doze pré-molares hígidos que foram selecionados e divididos em 2 grupos. O grupo experimental, composto por 6 dentes recebeu o tratamento com fitas clareadoras de auto-aplicação contendo 10% de peróxido de hidrogênio (3D White,crest Whitestrips,Oral-B/Crest™) e no grupo controle, também com 6 dentes, utilizou-se um gel a base de água durante 7 dias, por uma hora diária. Em seguida, os dentes foram extraídos após 01 hora de conclusão do procedimento. As polpas foram removidas e as atividades da catalase e da glutationa peroxidase, a concentração da proteína total e a rugosidade superficial das coroas foram determinadas. Assim, foi possível perceber um aumento significativo na atividade enzimática da catalase, no grupo experimental, em comparação ao controle, enquanto que a atividade da glutationa peroxidase e a concentração de proteína total reduziram (p≤0,05). A rugosidade superficial manteve-se inalterada em ambos os grupos. Conclusão: o peróxido de hidrogênio à 10% utilizado na forma de fitas de auto-aplicação não aumentou a rugosidade superficial das coroas e estimulou enzimas do sistema antioxidante pulpar. Palavras-chave: Clareamento dental, Peróxido de hidrogênio, Catalase, Glutationa peroxidase. Andrade ACV. Study the surface roughness of the enamel and pulp antioxidant system in human teeth submitted to bleaching with a strip of self application [tese]. São Paulo: Universidade Cruzeiro do Sul; 2014. ABSTRACT The efficacy of the tooth whitening is related the ability of the bleaching agent to diffuse through the mineralized tissues and pigments promote the oxidation of the molecules present in the tooth structure. However, it remains unclear how the full reaction mechanism of antioxidant and regenerative dental tissues occurs. Thus, the objectives of this study were to evaluate the response of the pulp tissue and surface changes of human teeth submitted to dental bleaching, by analyzing the enzymatic activity of pulp antioxidant system responsible for degradation of hydrogen peroxide and the surface roughness of the enamel. For this, we used the split-mouth model of 6 patients with twelve healthy premolars were selected and divided into 2 groups. The experimental group consisted of six teeth received treatment with whitening strips of self-application containing 10% hydrogen peroxide (3D White Whitestrips Crest, Oral-B / Crest ™) and the control group, also with 6 teeth, used If a gel-based water for 7 days, on a daily time. Then the teeth were extracted after 01 hours of completion of the procedure. The pulps were removed and the activities of catalase and glutathione peroxidase, the concentration of total protein and the surface roughness of crowns were determined. Thus, it was possible to realize a significant increase in the enzymatic activity of catalase in the experimental group compared to the control, while the activity of glutathione peroxidase and total protein concentration decreased (P ≤ 0.05). Conclusion: hydrogen peroxide to 10% in the form of tapes used for self-administration did not increase the surface roughness of crowns and stimulated antioxidant enzymes in the pulp system. Key-words: Dental bleaching, Hidrogen peroxide, Catalase, Glutatione peroxidase. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Embalagem individualizada da fita clareadora de auto-aplicação utilizada. ................................................................................................ 39 Figura 2 Fita clareadora de auto-aplicação utilizada em seu aspecto original contendo uma parte para uso superior e outra para inferior. .......... 41 Figura 3 Imagem da fita clareadora de auto-aplicação individualizada para o estudo. .................................................................................................. 42 Figura 4 Vista vestibular da fita clareadora individualizada e aplicada na superfície dental do grupo experimental. .......................................... 42 Figura 5 Vista oclusal da fita clareadora individualizada e aplicada até o terço médio da superfície palatina dental do grupo experimental. . 42 Figura 6 Unidades extraídas 1 hora após o último procedimento experimental. ........................................................................................ 43 Figura 7 Secção transversal Coroa/raiz na junção amelocementária. ........... 44 Figura 8 Remoção do tecido pulpar. ................................................................. 44 Figura 9 Tecido pulpar removido e pronto para ser congelado. ..................... 44 Figura 10 Concentração de proteína total (mg de proteína/mL de homogenado ‘a 5%) do tecido pulpar de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fita de auto-aplicação (*) Diferença estatisticamente significante comparada ao grupo controle, p≤5%. ... ............................................................................................................... 47 Figura 11 Atividade enzimática da Catalase (µMol/mg de proteína) do tecido pulpar de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de autoaplicação (*) Diferença estatisticamente significante comparada ao grupo controle, p≤5%. ... ............................................................................................................... 48 Figura 12 Atividade enzimática da Glutationa peroxidase (µMol/mg de proteína) do tecido pulpar de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de autoaplicação (*) Diferença estatisticamente significante comparada ao grupo controle, p≤5%. ..................................................................................... 49 Figura 13 Rugosidade superficial (Ra) da superfície das coroas de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de auto-aplicação. ........................................................................ 50 Tabela1 Composição do gel clareador presente na fita 3D White, Crest Whitestrips ™ e suas principais funções* ......................................... 39 Tabela 2 Concentração de proteína total total (mg de proteína/mL de homogenado a 5%), atividade enzimática da catalase (µMol/mg de proteína) e da glutationa peroxidase (mU/mg de proteína) do tecido pulpar e rugosidade superficial (Ra) da superfície das coroas de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de autoaplicação. Valores de P de acordo com o teste T de Student bi-caudal. ........................................................................... 51 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS H2O2 Peróxido de hidrogênio CAT Catalase GSH-Px Glutationa peroxidase % Porcentagem NADPH Fosfato dinucleótido de nicotinamida e adenina 1 Oxigênio singleto O2, O2 H2O O2._ Oxigênio Água Superóxido HO2. Hidroperoxila OH- Hidroxila ERN Espécies reativas de nitrogênio ERO Espécies reativas de oxigênio DNA Ácido desoxirribonucléico SOD Superóxido dismutase GSH-Rd Glutationa reduzida GSSG Glutationa oxidada SH- Grupo tiol -SS- Dissulfeto UNICSUL Universidade Cruzeiro do Sul n° Número GI Grupo I – experimental GII Grupo II – controle ™ Trade Marque C° Graus Celcius pH Potencial hidrogeniônico rpm Rotações por minuto ml Mililitros µm Micrômetro mg Miligrama mm Milímetro Mol Unidade para quantidade de substância Ra Rugosidade superficial média dp Desvio padrão SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 18 2 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................... 21 2.1 Pigmentação Dentária e Seus Agentes Clareadores ................................. 21 2.1.2 Presença de Agentes Clareadores na Polpa Dental .................................. 23 2.1.3 Efeitos Adversos dos Agentes Clareadores no Tecido Pulpar ................ 24 2.2 Tecido Pulpar e Câmara Pulpar ................................................................... 27 2.4 Sistema Antioxidante Pulpar ....................................................................... 30 2.4.1 Catalase ......................................................................................................... 31 2.4.2 Superóxido Dismutase (SOD) ...................................................................... 32 2.4.3 Ciclo da Glutationa ....................................................................................... 36 2.5 Concentração de Proteína Total .................................................................. 34 2.6 Rugosidade de Esmalte Dental Pós Clareamento ..................................... 34 3 PROPOSIÇÃO ............................................................................................... 37 3.1 Objetivos Gerais ........................................................................................... 37 4 METODOLOGIA ............................................................................................. 38 4.1 Considerações Éticas................................................................................... 38 4.2 Critérios de Inclusão e Exclusão ................................................................. 38 4.3 Casuística ...................................................................................................... 38 4.4 Composição e Instruções de Uso do Agente Clareador ........................... 39 4.5 Procedimentos Clínicos ............................................................................... 40 4.6 Obtenção das Amostras............................................................................... 43 4.7 Análises Bioquímicas ................................................................................... 45 4.7.1 Determinação da Concentração de Proteína Total .................................... 45 4.7.2 Determinação da Atividade da Catalase ..................................................... 45 4.7.3 Determinação da Atividade da Glutationa Peroxidase (GPx) ................... 45 4.7.4 Análise da Rugosidade Superficial das Coroas ......................................... 46 4.8 Análise Estatística ........................................................................................ 46 5 RESULTADOS ............................................................................................... 47 5.1 Concentração de Proteína Total .................................................................. 47 5.2 Atividade Enzimática da Catalase ............................................................... 47 5.3 Atividade Enzimática da Glutationa Peroxidase ........................................ 48 5.4 Rugosidade superficial do esmalte ............................................................. 49 6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 52 7 CONCLUSÕES .............................................................................................. 58 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 59 18 1 INTRODUÇÃO Em tempos nos quais a beleza representa valores como bem estar, saúde, sucesso e poder, os tratamentos estéticos tornam-se essenciais. No universo da cosmética odontológica, o clareamento dental já é um dos procedimentos mais desejados e executados (ZANTNER et al., 2007; TORRES et al., 2010). Isto se deve especialmente por tratar-se de um método pouco invasivo, relativamente barato e que apresenta resultados de forma quase que instantânea (ATTIN et al., 2003; SULIEMAN et al., 2004; SOARES et al., 2012). O processo de clareamento dental pode ser realizado em consultório, em casa, sob supervisão do dentista ou por meio da auto-aplicação, método que cresce a cada dia. O fácil acesso dos pacientes aos inúmeros produtos clareadores disponíveis no mercado e a um custo acessível justifica a popularidade deste procedimento (GERLACH; ZHOU, 2001; LIMA et al., 2013). O agente clareador principal para qualquer tipo de método é o peróxido de hidrogênio (H2O2) que a depender da técnica terá sua concentração e tempo de atuação utilizados de forma diferenciada (DAHL; PALLESEN, 2003; SATO et al., 2013). A efetividade deste produto ocorre pelo seu baixo peso molecular que favorece a sua rápida difusão pelos tecidos dentários. Sua atuação se dá pela liberação de radicais livres, como moléculas de oxigênio reativo e ânions de peróxido de hidrogênio que quebram as moléculas cromogênicas da dentina em estruturas menores. Assim, não havendo cromóforos de cadeias longas, a reflexão de luz é acentuada dando ao dente um aspecto mais claro (KINA et al., 2010; TOLEDANO et al., 2011; SEGHI; DENRY ,1992). A utilização do peróxido de hidrogênio como agente clareador tem sido o foco de várias pesquisas nas últimas três décadas. Alguns estudos sugerem que o H2O2, quando aplicado ao esmalte, pode penetrar completamente na cavidade pulpar, se deslocando através dos espaços interprismáticos do esmalte e por entre os túbulos dentinários (KWON et al., 2002; BENETTI et al., 2004; COOPER et al., 2010; SATO et al., 2013). Outros trabalhos ainda revelam uma correlação direta 19 entre a presença de agentes antioxidantes e a de infiltração do H2O2 na polpa (SULIEMAN et al., 2004; GOKAY; MUJDECI; ALGIN, 2004). Vários sistemas de clareamento auto-aplicáveis à base de peróxido foram introduzidos no mercado, incluindo os enxaguatórios, goma de mascar, cremes dentais, fitas e pincéis clareadores. As fitas clareadoras utilizam um filtro como barreira e possuem a vantagem de dispensar o peróxido de hidrogênio lentamente na superfície dentária, além de garantir uma maior facilidade na auto-aplicação (GERLACH; GIBB; SAGEL, 2000). Apesar dos tratamentos clareadores serem muito utilizados, seus efeitos colaterais ainda não estão muito bem definidos. Na literatura é possível encontrar como efeito adverso a sensibilidade dentinária, inflamações pulpares transitórias, danos pulpares irreversíveis, formação de nódulos dentinários, bem como alterações superficiais em esmalte. Ainda em relação aos efeitos adversos oriundos do clareamento, alguns estudos observaram que o uso das fitas clareadoras garantem um efeito branqueador satisfatório com baixos riscos e boa tolerância entre os usuários. (MARTINDALE; HOLBROOK, 2002; DAHL; PALLESEN, 2003; LIMA et al., 2013). Sabe-se que tanto o peróxido de hidrogênio quanto o peróxido de carbamida são capazes de penetrar na câmera pulpar. Entretanto, ainda não estão bem definidos os efeitos que a penetração desses agentes com o uso dessas fitas pode provocar (GERLACH; BAKER; SAGEL, 2001; GOKAY; MUJDECI; ALGIN, 2005). Até o momento, as evidências científicas sobre essas alternativas clareadoras ainda são limitadas. Nenhum estudo foi capaz de definir de forma conclusiva qual a conseqüência do peróxido de hidrogênio, presente nas fitas clareadoras, sobre o sistema antioxidante de polpas dentárias humanas. (GERLACH; BARKER, 2003; GERLACH et al., 2005). O sistema antioxidante pulpar é uma defesa natural do tecido e a presença de enzimas como a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase (GPx) representa um indicativo da reação pulpar frente a um estímulo oxidativo, como o clareamento dentário. 20 Em face a uma melhor compreensão sobre esta problemática, este estudo teve por objetivo avaliar a resposta do sistema antioxidante enzimático do tecido pulpar e a rugosidade superficial dos esmaltes das coroas após a utilização de fitas clareadoras auto-aplicáveis em dentes humanos hígidos. 21 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Pigmentação Dentária e Seus Agentes Clareadores Os motivos para o escurecimento dos dentes humanos podem ter ordens e características diversas. De acordo com a localização desses manchamentos, costuma-se classificá-los em extrínseca, intrínseca ou associada, modalidade em que há a presença dos dois tipos de manchas. Aquelas que aparecem confinadas ao esmalte e a dentina durante ou após a erupção são chamadas de intrínsecas, enquanto que as extrínsecas relacionam-se com produtos e alimentos corantes e mantêm-se apenas na camada externa do esmalte (DAHL; PALLESEN, 2003; GOKAY et al., 2004). As técnicas operacionais, os agentes clareadores e suas concentrações ainda devem distinguir-se em razão do estado pulpar das unidades dentárias em tratamento. Dentes vitalizados, jovens e com grande volume pulpar não podem receber a mesma terapêutica clareadora daqueles que passaram por procedimentos endodônticos (DAHL; PALLESEN, 2003). Os primeiros relatos acerca de clareamento dental foram apresentados por Truman, em 1864, ocasião em que foram descritos alguns produtos que teriam propriedades clareadoras como os cloretos, o hipoclorito de sódio, o perborato de sódio e os peróxidos de hidrogênio, sendo que estes últimos passaram a ser utilizados sozinhos ou em combinações com ou sem ativação pelo calor (KINA et al., 2010). Hoje, a maioria dos protocolos de clareamento tem no peróxido de hidrogênio o seu agente que pode vir na forma isolada ou presente em compostos químicos como o perborato de sódio e o peróxido de carbamida (RIBEIRO et al., 2006; GOLDBERG; GROOTVELD; LYNCH, 2010; LI, 2011). O clareamento dental ocorre por meio de uma reação química complexa. O processo de descoloração acontece pela oxidação das moléculas pigmentantes. A efetividade do clareamento se dá quando existe uma alta permeabilidade dos agentes clareadores proporcionada por seu baixo peso molecular o que favorece a 22 sua livre difusão entre as estruturas dentárias (BRISO et al., 2010; REIS et al., 2011; BONAFÉ et al., 2013). Para os clareamentos caseiros, as formulações de peróxido de carbamida são muito bem aplicadas nas variações entre 10% e 16%. Produtos abaixo destas concentrações costumam agir de forma muito lenta já que um clareador de peróxido de carbamida a 10% só é capaz de liberar cerca de 3,5% de peróxido de hidrogênio. Como produto final, este composto libera também oxigênio, água, amônia e dióxido de carbono (DAHL; PALLESEN, 2003; FERREIRA et al., 2007; LI, 2011). As aplicações de agentes clareadores de baixa concentração requerem um tempo maior de contato do produto nas estruturas dentais. Portanto, deve-se evitar a sua aplicação em dentinas expostas, recessões gengivais e cemento (LIMA et al., 2013). O polímero de carbopol pode vir associado às soluções clareadoras à base de peróxido de carbamida com a função de melhorar a aderência do produto aos tecidos e prolongar a liberação de oxigênio, aumentando o tempo de atuação do produto na cavidade oral. Os agentes que contêm o carbopol são geralmente indicados para o uso noturno, com a finalidade de potencializar os efeitos, uma vez que a liberação total do oxigênio ocorrerá entre duas e três horas. Já as composições sem este componente liberam todo o oxigênio em menos de uma hora, diminuindo o poder clareador (FERREIRA, 2007). Após a liberação do oxigênio nascente pelo material clareador, ocorre a sua penetração nos túbulos dentinários, transformando os compostos com anéis de carbono em grupos de hidroxilas, que normalmente são incolores. Assim, quando o clareamento atinge o seu ponto de saturação as oxidações passam a acontecer nas proteínas e nas substâncias nas quais o carbono esteja presente. Em consequência, pode ocorrer perda de material, tornando o esmalte mais poroso e permeável (KWON et al., 2002; TORRES et al., 2010). Nos dias atuais, o procedimento de clareamento dental migrou em grande parte dos consultórios odontológicos para a casa daqueles que pretendem se beneficiar com a técnica. A conveniência da auto-aplicação, aliando ao seu baixo 23 custo, contribuíram para o aumento da sua popularidade. Hoje é possível comprar clareadores auto-aplicáveis veiculados na forma de fitas, pincéis, canetas, sem a necessidade da prescrição feita pelo dentista (GOKAY; MUJDECI; ALGIN, 2004; LIMA et al., 2013). O uso de fitas clareadoras para uso profissional surgiu em 2002 com o produto Crest Whitestrip Professional que continham peróxido de hidrogênio a 6,5 % em gel utilizado por um período de 21 dias. O aparecimento das fitas de aplicação caseira aconteceu logo depois e contou com a facilidade de uso e a dispensa de ajustes pelo profissional (HERNÁNDEZ et al., 2007). As fitas clareadoras flexíveis, lançadas para dentes vitais, eliminaram a necessidade da confecção das moldeiras individuais e podem ser encontradas em diversas concentrações, que variam entre 5.3% e 14% de peróxido de hidrogênio, conforme o fabricante. As concentrações que possuem 14% do agente clareador só podem ser vendidas com receita, mas em concentrações mais baixas podem ser compradas livremente. De acordo com a concentração do gel clareador, o órgão de vigilância sanitária os classifica em produto cosmético, medicamentoso ou para ambos os fins (GOKAY; MUJDECI; ALGIN, 2004). Os ensaios clínicos randomizados que comparam as tiras de clareamento em concentrações de até 6,5% mostraram que o seu uso tende a ser bem tolerado, com menor sensibilidade dentária transitória e irritação oral quando comparadas aos métodos convencionais (GERLACH; GIBB; SAGEL, 2000; GERLACH; BAKER; SAGEL, 2001; DONLY; GERLACH, 2002; KARPINIA et al., 2002). 2.1.2 Presença de Agentes Clareadores na Polpa Dental A difusão de produtos clareadores em tecido pulpar já foi amplamente reportada na literatura. A sua capacidade de penetração dependerá do tempo de exposição, concentração e número de aplicações do produto (HANKS et al.,1993; GOKAY et al., 2000; BENETTI et al., 2004; GOKAY et al., 2004; GOKAY et al., 2005; CAMARGO et al., 2007; DIAS RIBEIRO et al., 2009). 24 O baixo peso molecular e a capacidade de desnaturar proteínas são determinantes no poder de difusão do agente clareador. Essa substância em contato com a superfície do esmalte pode ser capaz de dissolver a sua matriz causando microporosidades profundas que aumentam a permeabilidade e favorecem a penetração do peróxido de hidrogênio e de seus subprodutos para o interior da câmara pulpar (SCHIAVONI et al., 2006; CAMARGO et al., 2007). Em estudos in vitro, a penetração do peróxido de hidrogênio em cavidades pulpares apresentou-se maior em dentes restaurados com cimento de ionômero de vidro modificado com resina e menor nos restaurados com resina composta (GOKAY et al., 2000). Repetidas essas análises em dentes bovinos hígidos e restaurados com resina composta verificou-se uma menor penetração do produto nos dentes hígidos (BENETTI et al., 2004). Ainda in vitro, ao avaliar o grau de penetração do peróxido de hidrogênio em fitas clareadoras com concentrações de 5,3%, 6,5% e 14%, (GOKAY; ALGIM, 2004) perceberam a presença do agente clareador na polpa e constataram que havia relação direta entre a concentração e a penetração do produto. Sabe-se, no entanto, que a presença de líquido no interior dos túbulos dentinários responsáveis por exercer pressão osmótica regula a penetração de produtos da cavidade oral para a câmara pulpar. Esta barreira justificaria um menor índice entre os achados de difusão de produtos na cavidade pulpar nos estudos in vivo (HANKS et al., 1993; GOKAY et al., 2004; SULIEMAN et al., 2004). Contudo, ainda não é possível definir com clareza qual a dose e o protocolo de clareamento totalmente seguro e bem tolerado aos tecidos pulpares. 2.1.3 Efeitos Adversos dos Agentes Clareadores no Tecido Pulpar Determinar os efeitos adversos dos materiais clareadores por meio de revisões da literatura não é uma tarefa simples, muito menos fácil. Isto se deve a enorme controvérsia publicada acerca do assunto (GOLDBERG; GROOTVELD; LYNCH, 2010). 25 Sensibilidade dentinária, danos pulpares, alterações físicas na estrutura do esmalte, irritação de mucosas, mudanças estruturais nos materiais restauradores além de efeitos genotóxicos e carcinogênicos já foram apontados como riscos potenciais associados ao clareamento dental (MARTINDALE; HOLBROOK, 2002; DAHL; PALLESEN, 2003; MARKOWITZ, 2010; BONAFÉ et al., 2013). Em se tratando da penetração dos compostos clareadores nos tecidos pulpares, os achados ainda são contraditórios (GOKAY et al., 2000; GOKAy et al., 2004; BENETTI et al., 2004). Sabe-se que o baixo peso molecular do peróxido de hidrogênio, bem como a sua capacidade na desnaturação das proteínas, intensificam a movimentação iônica no interior da estrutura dental (MARTINDALE; HOLBROOK, 2002). Ao analisar a toxicidade do peróxido de carbamida a 10%, aplicado diariamente através da análise das células odontoblásticas pulpares, Lima et al. (2013), observaram que uma única aplicação não foi capaz de provocar redução no metabolismo celular. Isto se justificaria pela baixa concentração do peróxido de hidrogênio em cerca de 3,5%. Entretanto, mesmo com baixa concentração do agente clareador, o efeito cumulativo permitiu uma grande redução de células viáveis. O processo de clareamento ocorre devido à liberação de radicais livres derivados do oxigênio nascente que promovem a degradação das moléculas pigmentadas que causam o escurecimento dental. Porém, esses radicais livres ao atingir o tecido pulpar podem causar um estresse oxidativo com efeito citotóxico permanente (HANKS et al.,1993; CAMARGO et al., 2007). Embora alguns autores relatarem que pode haver a penetração de radicais livres na câmara pulpar, poucos são os estudos capazes de demonstrar os seus efeitos neste tecido. Há registros de pequenos ou insignificantes danos observados na polpa dental, com manifestações histológicas pouco importantes (MINOUX; SERFATY, 2008). Apesar disto, nestes achados reversíveis pôde-se verificar inflamação, moderada vasodilatação e aprisionamento de núcleos odontoblásticos dentro dos túbulos dentinários (COHEN; CHASE, 1979; ROBERTSON; MELFI,1980; HANKS et al.,1993;CAMARGO et al., 2007). 26 Ainda assim, o peróxido de hidrogênio e os seus radicais decompostos, como os íons hidroxila e espécies reativas de oxigênio, podem iniciar um processo oxidativo nas cadeias fosfolipídeas presentes na membrana celular lisossômica e citoplasmática e provocar uma reação autocatalítica conhecida como peroxidação lipídica com danos e destruição às células pulpares que podem variar de um estresse oxidativo à morte celular (WALSH, 2000; KANNO et al., 2003; KAWAMOTTO; TSUJIMOTO, 2004; FUKUYAMA et al., 2008; KINA et al., 2010). Mutagêneses e carcinogênese são também manifestações possíveis (MARTINDALE; HoLBROOK, 2002; LIMA et al., 2013). A hipersensibilidade dentinária é a sintomatologia mais frequente associada ao processo de clareamento dental e resulta de uma reação histológica e inflamatória reversível (SCHULTE et al., 1994; GOKAY et al., 2004). Está presente em cerca de 70% dos pacientes submetidos ao clareamento dental, com maior incidência nos casos de dentes anteriores (BUCHALLA et al., 2007; COSTA et al., 2010). O grau de sensibilidade relaciona-se com o tempo de aplicação, a concentração e tipo do agente clareador utilizado (AUSCHILL et al., 2005; ZIEBOLZ et al., 2007). Os estudos atuais sobre clareamento dentário ainda permanecem contraditórios no que tange os efeitos deste tratamento aos tecidos pulpares (COLDEBELLA et al., 2009; TRINDADE et al., 2009; KINA et al., 2010). Percebe-se que a penetração do agente clareador tende a ser maior in vitro do que in vivo. Nos dentes vitalizados a presença dos fluidos existentes no interior dos túbulos dentinários dificulta a difusão de materiais da cavidade oral para a câmara pulpar. Essa diferença estrutural, se negligenciada, pode provocar um viés durante a pesquisa (GOKAY et al., 2004; SULIEMAN et al., 2005). As análises utilizando difrações com raio X revelaram que as estruturas inorgânicas do tecido dental não são afetadas com o uso do peróxido de hidrogênio. Entretanto, esse mesmo estudo apontou que tanto o peróxido de hidrogênio quanto a hidroxila são responsáveis por danificar a matéria orgânica dentária com dissolução dos componentes da camada dentinária (KAWAMOTO; TSUJIMOTO, 2004). 27 2.2 Tecido Pulpar e Câmara Pulpar O tecido pulpar apresenta-se altamente vascularizado e inervado. Quando hígido contem populações heterogêneas de células responsáveis por sua manutenção, defesa e reparo (YU; ABBOTT, 2007). Os fibroblastos, os odontoblastos, as células inflamatórias e as do sistema imune que incluem os neutrófilos, macrófagos, histiócitos, linfócitos T e B e células dendríticas compõem os tipos celulares mais comuns de serem identificados na polpa dental (IZUMI et al.,1995). Os odontoblastos se dispõem em camadas na periferia do tecido pulpar e são responsáveis pela produção dentinária e pela defesa pulpar (GOLDBERG; SMITH, 2004). Estão intimamente relacionados com o controle do fluxo sanguíneo e no processo inflamatório. São as primeiras células de defesa pulpar frente à agressões e exercem função de barreira protegendo o tecido contra a invasão bacteriana e outros agentes. De acordo com Costa & Huck (2006) os odontoblastos localizados na polpa coronária podem atuar estimulando a síntese de enzimas capazes de minimizar o estresse oxidativo (LAW et al., 1999; KEREZOUDIS et al., 1993). Por meio da sua composição bioquímica, o tecido pulpar desenvolve diversas funções através das suas moléculas bioativas que formam a sua matriz extracelular. Essas moléculas bioquímicas também são conhecidas como substâncias intercelular amorfa e substância intercelular fibrosa e formam uma parte da pré-dentina. A sua parte amorfa é formada por aminoácidos, lipídios, carboidratos, polipeptídeos, glicoproteínas e glicolipídeos, enquanto que a porção fibrosa é composta quase que exclusivamente por colágeno. Regulação da diferenciação, maturação e proliferação celular, melhora na vascularização e assim na oxigenação, nutrição e remoção de resíduos são as diversas funções reguladas por esse sistema (GOLDERBERG et al., 2009). Por apresentar baixo limiar a estímulos sensoriais independente da sua natureza, a polpa dental, sempre o interpretará com dor. Inicialmente, sua reação à agressão externa não irá diferir muito de qualquer outro tecido conjuntivo 28 vascularizado. Haverá um aumento da vascularização local com acúmulo de líquido e presença de leucócitos no tecido extravascular (TORABINEJAD; WALTON, 2010). Porém, em virtude das características anatômicas da câmara pulpar com paredes fechadas e rígidas a resposta final deste processo pode ser expressivamente diferente (NEVILLE et al., 2004). As agressões pulpares quando ocorrem nesta câmara inflexível favorecem o aumento da pressão intrapulpar com compressão do tecido circundante e irritação do tecido nervoso acompanhado pela liberação de neuropeptídeos e desencadeamento da neuroinflamação. O aumento das arteríolas promove uma compressão do retorno venoso que leva ao estrangulamento do fluxo arterial (HAHN; LIEWEHR, 2007). Radical livre é o átomo ou molécula que por possuir número ímpar de elétrons na última camada eletrônica torna-se altamente reativo. Quando há ganho de elétrons ocorre uma reação de redução enquanto que, a perda implica em oxidação. A maioria desses radicais derivam do metabolismo do oxigênio e podem ser encontrados em todos os sistemas biológicos. São gerados por reações endógenas do corpo humano e também por substâncias e estímulos exógenos (ROVER JÚNIOR et al., 2001; DEVASAGAYAM et al., 2004). Em condições normais do metabolismo celular aeróbico, o oxigênio (O2) sofre redução tetravalente que resulta na formação da molécula da água (H 2O). Entretanto, durante esse processo outras espécies reativas são formadas como os radicais superóxidos (O2-), Hidroperoxila (HO2), Hidroxila (OH) e o peróxido de hidrogênio (H2O2). Os radicais do oxigênio e certos compostos oxidantes bem como aqueles que são facilmente convertidos em radicais recebem a nomeclatura de Espécies Reativas de Oxigênio (ERO) (ROVER JÚNIOR et al., 2001). Estas espécies são produzidas pela ativação máxima das células de defesa como neutrófilos, monócitos, macrófagos e eosinófilos. Apesar de poder estimular doenças, a formação de radicais livres nem sempre é deletéria, a finalidade inicial seria a de destruir os microrganismos patogênicos. Contudo, se houver um estímulo exagerado na produção desses radicais associado a uma falha do sistema 29 antioxidante do organismo um quadro de estresse oxidativo será formado (DEVASAGAYAM et al., 2004). Nos organismos vivos, o oxigênio é a fonte mais comum de radicais livres e/ ou espécies reativas não radicais. A mitocôndria, organela citoplasmática responsável pela respiração celular, por meio da cadeia transportadora de elétrons é a principal formadora desses radicais. Outra importante indutora de radicais livres são as enzimas NADPH oxidases (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato oxidase) (INOUE et al., 2003). A enzima citocromo oxidase está envolvida no controle da formação de radicais livres durante a redução do oxigênio que acontece no interior da mitrocôndria. Entretanto, cerca de 2 a 5% desse oxigênio são desviados para outras vias metabólicas e reduzidos de forma univalente dão origem a radicais livres (FERREIRA et al.,1997). Com o ganho de elétrons o oxigênio forma intermediários reativos como os radicais superóxido, a hidroxila e o peróxido de hidrogênio. A reatividade dessas moléculas só é completamente neutralizada com a redução completa do oxigênio. Em condições normais apenas uma pequena parcela dessas moléculas reativas são produzidas já que apenas uma taxa mínima do oxigênio sofre redução incompleta (BAUMGARDNER; SULFARO, 2001). O radical superóxido (O2-), é formado pela primeira redução do O 2 e ocorre em quase todas as células aeróbicas. Apesar de pouco reativo em soluções aquosas pode ser encontrado em lesão biológica secundária (BAUMGARDNER; SULFARO, 2001). A hidroperoxila (HO2) apresenta-se ainda mais reativa e com maior potencial para iniciar a destruição de membranas biológicas. Já o radical hidroxila (OH) é considerado a mais potente e instável. É capaz de inativar ou causar mutação no DNA (ROVER JÚNIOR et al., 2001). Embora não seja um radical livre por não possuir elétrons desemparelhados na última camada, o peróxido de hidrogênio (H2O2) atravessa facilmente as membranas celulares e ao receber mais um elétron proveniente do ferro ou do 30 cobre, origina o radical hidroxila. Na presença do Ferro sua toxicidade é aumentada em cerca de mil vezes (FERREIRA et al.,1997). 2.4 Sistema Antioxidante Pulpar Uma das importantes funções do tecido pulpar é sintetizar biomoléculas utilizando uma via aeróbica para a produção de energia. Neste mecanismo, espécies reativas de oxigênio são produzidas e quando não neutralizadas podem causar danos celulares (VALKO et al., 2007). Afim de conter danos, o próprio organismo desenvolve mecanismos de defesa antioxidantes (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 2007). Cada célula possui diferentes níveis de defesa capazes de evitar a atuação de radicais livres liberados pelo metabolismo aeróbico. Esses mecanismos atuam desde o campo da prevenção, impedindo a formação de espécies reativas de oxigênio (ERO) e espécies reativas de nitrogênio (ERN), quanto por interceptação, neutralização ou reparo das estruturas biológicas lesadas (CLARKSON; THOPSON, 2000). Antioxidante é qualquer composto que possa atrasar ou prevenir um dano oxidativo em níveis significativos (HALLIWELL; GUTTERIDGE,1999). Existem o sistema antioxidante não-enzimático e o enzimático. O sistema antioxidante nãoenzimático celular principal origina-se da dieta e possuem lugar de destaque as vitaminas, os minerais e os compostos fenólicos (PRASSAD et al., 2007). O sistema de defesa enzimático inclui as enzimas Superóxido Dismutase (SOD), Catalase (CAT) e a Glutationa Peroxidase (GPx). Essas enzimas atuam de forma preventiva impedindo os danos oxidativos (DEVASAGATAM et al., 2004). Alguns estudos já foram capazes de isolar na polpa dentária o superóxido dismutase, a catalase, a glutationa peroxidase e a redutase, enzimas antioxidantes que poderiam inibir os efeitos oxidantes dos agentes clareadores. Desta forma, é possível acreditar que durante os procedimentos clareadores a polpa reage a prováveis estímulos nocivos, ativando as suas células de defesa e sintetizando novas proteínas (ESPÓSITO et al., 2003; LEITE et al., 2008; LEITE et al., 2010; LEITE et al., 2012; SOARES et al., 2012; ARAÚJO, 2012; VIEIRA, 2012; LEE et al., 31 2013; SATO et al., 2013). No entanto, parece ainda não estar claro a extensão que este tratamento pode causar à polpa. Quando agentes oxidantes provenientes do tratamento clareador atingem a cavidade pulpar, o sistema de defesa é ativado. A resposta inflamatória é proporcional a duração, intensidade e tipo de estímulo. Um aumento de infiltrado leucocitário pode ser observado frente a uma resposta pulpar às injúrias, sejam estas bacteriana, mecânica, térmica e/ou química (EIMAR et al., 2012; VIEIRA, 2012). Como resposta ao estresse oxidativo há uma liberação de vários agentes antioxidantes, sintetizados pelo próprio organismo com a finalidade de proteger a polpa dos possíveis efeitos citotóxicos do agente clareador (ESPÓSITO et al., 2003; SOARES et al., 2012). O sistema de defesa antioxidante tem a função de inibir e/ou reduzir os danos causados pela ação deletéria dos radicais livres ou das espécies reativas não radicais. Para proteger-se, a célula possui um sistema de defesa que pode atuar de duas formas: a primeira funciona de forma a prevenir lesões, transformando o agente antes do dano ser causado. Fazem parte deste sistema a Glutationa Reduzida (GSH), a superóxido-dismutase (SOD), a catalase, a glutationa-peroxidase (GSH-Px) e a vitamina E (α-tocoferol). A vitamia C (ácido ascórbico) e a glutationaredutase (GSH-Rd)l atuam na reparação da lesão já ocorrida (ROVER JÚNIOR et al., 2001). 2.4.1 Catalase Em atividade fisiológica ou durante um processo inflamatório agentes oxidantes como o peróxido de hidrogênio podem ser liberados. Esses subprodutos além de terem efeito antibacteriano são capazes de destruir os componentes funcionais que envolvem as células e suas matrizes (VALKO et al., 2007). Afim de evitar uma destruição excessiva dos tecidos, o próprio organismo é capaz de produzir uma série de enzimas que degradam esses agentes oxidativos (LEITE et al., 2008; LEITE et al., 2012). 32 A catalase é uma enzima que se encontra diretamente envolvida na transformação do peróxido de Hidrogênio (H2O2). Apresenta-se como um poderoso agente antioxidante que, pela dismutação, favorece a quebra do peróxido de hidrogênio em água (H2O) e oxigênio (O2). Por essa razão, a catalase é considerada uma enzima de defesa contra os efeitos deletérios do H 2O2 o significado fisiológico dessa atividade peroxidativa ainda seja controverso (FERREIRA et al.,1997). Ao comparar a atividade da catalase em polpas humanas Espósito et al. (2003) confirmaram um aumento significativo desta atividade em polpas sintomáticas. A atividade enzimática ainda mostrou-se maior em tecidos com pulpites reversíveis quando comparadas às irreversíveis. A queda dos níveis da catalase em pulpites irreversíveis pode ser atribuída a destruição dessa enzima à medida que o processo inflamatório evolui. A catalase é uma enzima que promove uma rápida decomposição do peróxido de hidrogênio com gasto mínimo de energia (SINENSKY et al.,1995). De acordo com Alaçam et al. (2000) o tecido pulpar possui uma baixa atividade antioxidante que resulta em uma insuficiente resposta frente a agressões. Desta forma, avaliaram a atuação da catalase tópica em polpas de cachorros e observaram uma queda nos níveis de odontoblastos e uma aumento da formação de pontes de dentina. 2.4.2 Superóxido Dismutase (SOD) O Superóxido Dismutase (SOD) e a Catalase formam o principal mecanismos de defesa enzimático contra as espécies oxidativas geradas tanto pelo metabolismo fisiológico quanto pelos processos inflamatórios. São responsáveis pela dismutação do radical superóxido em H2O2 e O2 (ALAÇAM et al., 2000). Nos organismos eucariontes existem duas formas de SOD. A forma SODcobre-zinco presente em maior concentração no citosol enquanto que o SODmanganês localiza-se principalmente na mitocôndria (FERREIRA et al.,1997). Os níveis do SOD variam de acordo com o nível da inflamação. Uma pequena concentração em tecido pulpar num estágio inicial de inflamação é 33 consequência de uma rápida destruição enzimática que após a fase adaptativa tecidual volta a aumentar consideravelmente. No entanto, o tecido pulpar apresenta pouca atividade antioxidante o que resulta, muitas vezes, numa resposta insuficiente frente as agressões (TULUNOGLU et al., 1998). 2.4.3 Ciclo da Glutationa A Glutationa é um tripeptídeo que existe no organismo em suas formas reduzida (GSH) e oxidada (GSSG) e atua de forma direta ou indireta em muitos processos biológicos importantes, incluindo a síntese de proteínas, metabolismo e proteção celular. Mudanças em sua concentração podem ser um bom indicativo em certas desordens fisiológicas (ROVER JÚNIOR et al., 2001). A Glutationa reduzida (GSH) está presente na maioria das células e é composta pelo Tiol (-SH) mais abundante no meio intracelular. É um poderoso agente do sistema de defesa antioxidante. A exposição da Glutationa Reduzida (GSH) a um agente oxidante a transforma por meio de uma reação de oxidação em Glutationa Oxidada (GSSG). A enzima Glutationa-redutase(GSH-Rd) é responsável pela recuperação da GSH. Existe uma importante correlação entre os níveis de glutationa em sua forma reduzida e os mecanismos enzimáticos de defesa. (ROVER JÚNIOR et al., 2001) A glutationa- peroxidase é a enzima responsável por catalisar a redução do peróxido de hidrogênio (H2O2) e peróxidos orgânicos para seus correspondentes alcoóis às custas da conversão da Glutationa Reduzida(GSH) em Glutationa Oxidada (GSSG). Na inativação de um agente oxidante ocorre a produção de GSSG e depleção de GSH. Nas condições normais de óxido-redução a GSH será recuperada. Mas se houver um desequilíbrio neste processo a proporção GSSG/GSH será alterada caracterizando um estresse oxidativo (FERREIRA et al.,1997) O excesso de GSSG é um indicador da ocorrência de oxidações pela formação de pontes dissulfetos (-SS-) nas proteínas de grupamento tiol (-SH), com prejuízo de suas funções biológicas. Esta oxidação pode ser revertida às custas da ação de compostos antioxidantes como a GSH ( LEITE et al., 2010). 34 Assim, diante da possível resposta do tecido pulpar ao estresse oxidativo que acontece no nível molecular, induzida pelo clareamento, faz-se necessário o aprofundamento dos estudos com a finalidade de se entender melhor o mecanismo de defesa deste sistema, bem como poder indicar com segurança tratamentos clareadores. 2.5 Concentração de Proteína Total O estresse oxidativo é decorrente de uma grande produção de compostos oxidantes e de uma ineficaz atuação dos compostos antioxidantes. Esse desequilíbrio permite a oxidação de biomoléculas com consequente prejuízo das suas funções biológicas. Em níveis elevados, os radicais livres podem modular macromoléculas do DNA, lipídios e proteínas (KOHEN; NYSKA, 2002; SONG; SUH; MOON, 2010). A análise dos níveis de proteína total presentes na polpa é um parâmetro bioquímico importante na detecção da injúria pulpar. Além de comporem grande parte da matriz extracelular, as proteínas são responsáveis por regular as diversas funções pulpares bem como manter a sua vitalidade (SONG; SUH; MOON, 2010). A presença excessiva de radicais, provenientes do tratamento clareador, nos tecidos pulpares é capaz de promover alterações oxidativas nos aminoácidos que compõem essas proteínas. Estas reações podem prejudicar de forma permanente funções cruciais como a produção de enzimas essenciais à hemostasia deste sistema (CHOUCHANI et al., 2011). 2.6 Rugosidade de Esmalte Dental Pós Clareamento O uso de peróxido de hidrogênio no clareamento dental é capaz de produzir efeitos negativos tanto em tecidos moles quanto nos tecidos duros da cavidade oral. Os efeitos adversos em esmalte podem surgir como aumento da porosidade, presença de áreas de erosão, depressões e alterações morfológicas permanentes na superfície do dente (PINTO et al., 2004; MONDELLI et al., 2009). 35 Mudar a cor dos dentes por meio do clareamento dental é resultado obtido por uma complexa interação físico-química entre as estruturas dentárias e os agentes clareadores. Entretanto, o mecanismo químico de ação ainda não está completamente elucidado. Os radicais livres produzidos neste processo penetram pelas regiões interprismáticas do esmalte e vão reagir, não apenas, com as moléculas pigmentadas mas também com a matriz orgânica do esmalte. A matriz orgânica é distribuída em camadas entre as zonas minerais. Ao se remover a matriz orgânica desta estrutura haverá um aumento na irregularidade superficial do esmalte (MENDONÇA et al., 2011). A extrema instabilidade e reatividade dos radicais livres formados a partir do peróxido de hidrogênio contribuem para a modificação do pH da cavidade oral o que pode causar inúmeros efeitos a essas estruturas quando do uso prolongado de materiais clareadores. Um importante efeito negativo advindo desse maior tempo em meio ácido é a perda de estruturas minerais da superfície do esmalte. Um aumento na sua rugosidade superficial irá propiciar um acúmulo maior de biofilme microbiano aumentando o risco para doenças periodontais e lesões cariosas (BAUMGARDNER; SULFARO, 2001; PINTO et al., 2004; TANIZAWA, 2005; GURSOY et al., 2008; CHEN et al., 2008; OURIQUE et al., 2011). Em alguns relatos sobre o tratamento clareador a base de peróxido de hidrogênio é possível perceber com o uso de um rugosímetro, muitas mudanças microscópicas na morfologia superficial do esmalte tratado. Com frequência constatam-se aumento da rugosidade superficial e perda de substâncias minerais. Esses achados são compartilhados quando se estuda os efeitos desses compostos em materiais restauradores que demonstram comprometimento das suas propriedades físicas e falhas prematuras (OURIQUE et al., 2011). Pinto et al. (2004) ao estudar o efeito de seis diferentes materiais de clareamento com formulações, concentrações e protocolos distintos verificaram uma redução significativa na microdureza bem como, um aumento na rugosidade superficial do esmalte de forma independente ao material utilizado. Entretanto, o protocolo de clareamento que utilizou 35% de peróxido de hidrogênio por 7 dias demonstrou ser o mais agressivo à superfície do esmalte. 36 Nos estudos conduzidos por Mondelli et al. (2009), em dentes bovinos, os autores perceberam que durante o teste de rugosidade nos grupos tratados com concentrações e protocolos diferentes de agentes clareadores não foram detectados alterações morfológicas significativas entre os grupos. Entretanto, após as amostras sofrerem ciclos de escovações a rugosimetria mostrou-se bastante alterada no grupo que recebeu o clareamento caseiro. A princípio esses dados contrariaria o senso comum uma vez que, esse grupo representaria a concentração mais baixa do agente clareador. A hipótese levantada pelos autores é que tratamentos clareadores mais longos proporcionariam um maior contato do produto com o esmalte e causariam alterações morfológicas mais expressivas neste tecido. Já em pesquisas com superfícies cerâmicas e agentes clareadores desenvolvidas por Ourique et al. (2011) ficou demonstrado a inércia das porcelanas quando em contato com diversas concentrações e tempos destes materiais. Estudos que tratam sobre os efeitos de agentes clareadores sobre a superfície do esmalte ainda continuam controversos. Existem inúmeras metodologias, concentrações, pH, dosagem, protocolos de aplicações, marcas, critérios de análise de resultados e diferentes tipos de superfícies a serem aplicadas esses produtos. Desta forma, a universalização dos resultados e a padronização deste tipo de tratamento diante dessas inúmeras possibilidades tornam-se temerários (MENDONÇA et al., 2011). Assim, as pesquisas que tratam sobre a influência dos agentes clareadores sobre a superfície do esmalte dental devem ser bem conduzidas e delineadas para que possam elucidar de forma efetiva a condução da prática clínica. 37 3 PROPOSIÇÃO 3.1 Objetivos Gerais Este trabalho se propõe a avaliar indicativos bioquímicos da atividade enzimática antioxidante em polpa de dentes humanos submetidos ao clareamento dental com o uso de fitas clareadoras de auto-aplicação bem como, avaliar a rugosidade superficial do esmalte. - Determinar a atividade enzimática da catalase. - Determinar a atividade enzimática da glutationa peroxidase. - Analisar os níveis de proteína total - Avaliar alterações na rugosidade superficial do esmalte dental. 38 4 METODOLOGIA 4.1 Considerações Éticas O estudo foi conduzido atendendo às exigências fundamentais estabelecidas na Resolução de 1996 pelo Conselho Nacional de Saúde das Diretrizes e Normas Regulamentares de pesquisa envolvendo seres humanos (Resolução n°196/96). Todos os voluntários receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice), explicando a realização do estudo, os objetivos, riscos e benefícios aos quais estariam expostos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL-nº 744/112013)(Anexo). Todos os materiais utilizados neste estudo foram arcados pelo pesquisador evitando-se conflitos de interesses com a empresa Oral B. 4.2 Critérios de Inclusão e Exclusão Foram selecionados 6 indivíduos entre 18-25 anos de idade que apresentavam pelo menos um par de pré-molares superiores ou inferiores com indicação de exodontia por razões ortodônticas. Foi utilizado o modelo de boca dividida. Esta faixa etária determinada tinha como intuito selecionar amostras com características teciduais semelhantes como a maturação completa do esmalte dental, fechamento completo do ápice radicular, e especialmente os mesmos aspectos de organização e capacidade reparadora do complexo dentino-pulpar. Foram feitos exames clínicos e radiográficos a fim de afastar a presença de lesões cariosas, comprometimento periodontal e/ou lesões periapicais. As superfícies de esmalte foram também avaliadas e as unidades que apresentaram qualquer defeito em sua superfície como trincas e fraturas foram desconsideradas. 4.3 Casuística Um total de 6 pacientes e 12 dentes foram selecionados, os quais receberam tratamentos diferentes previamente à exodontia. Estes foram divididos em 2 grupos , sendo um grupo experimental e outro controle, cada um contendo 6 39 dentes. No grupo experimental (GI-6) foram aplicadas fitas clareadoras (3D White, crest Whitestrips,Oral-B/Crest ™), contendo peróxido de hidrogênio a 10% ( Figura 1) e o grupo controle (GII-6) recebeu a aplicação de gel a base de água. A exodontia de ambos os grupos ocorreu após 07 dias de utilização dos produtos. Figura 1- Embalagem individualizada da fita clareadora de auto-aplicação utilizada. 4.4 Composição e Instruções de Uso do Agente Clareador Visando atingir uma maior segurança, eficácia e reprodutibilidade desta pesquisa, todo o procedimento clareador seguiu as orientações do fabricante das fitas clareadoras utilizadas neste estudo (Tabela 1). Tabela1- Composição do gel clareador presente na fita 3D White, Crest Whitestrips ™ e suas principais funções* *Dados fornecidos pelo fabricante e disponível no site: www.oralb.com.br 40 Água Evita que o Carbômero desidrate os dentes Glicerina Umectante, aumenta a adesão do gel ao dente Peróxido de Hidrogênio (10%) Agente branqueador Carbômero Agente gel, proporciona aderência ao gel Hidróxido de Sódio Ajusta o pH para o estado neutro Sacarina Sódica Melhora o sabor Instrução de Uso: 1- Não escovar os dentes imediatamente antes de usar o produto; 2- Com as mãos limpas, descolar o plástico da fita e aplicar sobre os dentes de forma a manter o gel em contato; 3- Alinhar com a margem gengival e pressionar para um bom contato; 4- Usar por 30 minutos, 2 vezes ao dia, durante 7 dias; 5- Após o uso, remover as fitas dos dentes e descartá-las; 6- Retirar o resto do gel com um pano úmido; 7- Não comer ou beber durante o período de ação da fita. Os pacientes foram instruídos durante o período de tratamento a utilizar pastas pouco abrasivas e escovas extra-macias afim de não contribuir para o risco de abrasão do esmalte. 4.5 Procedimentos Clínicos Diante disto, antes da aplicação dos produtos os dentes não receberam limpeza em nenhum dos grupos. As fitas foram cortadas e aplicadas de modo a abranger apenas o dente do grupo experimental. O produto clareador partia da borda gengival vestibular até o terço médio da face palatina ou lingual e contemplava ainda toda a extensão mésio–distal da unidade. Foram utilizadas, por 41 unidade do grupo experimental, duas fitas clareadoras por dia, uma em seguida da outra, que permaneciam por 30 minutos cada uma totalizando uma hora de uso. Esse procedimento foi realizado sob a supervisão do pesquisador e foi repetido por 7 dias de forma ininterrupta. No mesmo momento o dente do grupo controle recebia o gel a base de água que permanecia por uma hora, mesmo tempo de exposição do grupo experimental. Uma hora após a última aplicação dos produtos, os dentes do grupo experimental e controle foram extraídos. Para as exodontias dos dentes foram realizadas as anestesias infiltrativas e papilares locais com uso do agente anestésico mepivacaína 2% contendo vasoconstrictor. Após as extrações, os dentes foram lavados com soro fisiológico e secos com gaze, em seguida imersos em um recipiente contendo solução salina e congelados a uma temperatura de -20ºC. Etapas experimentais demonstradas nas figuras de 2 a 6. Figura 2- Fita clareadora de auto-aplicação utilizada em seu aspecto original contendo uma parte para uso superior e outra para inferior. 42 Figura 3- Imagem da fita clareadora de auto-aplicação individualizada para o estudo. Figura 4- Vista vestibular da fita clareadora individualizada e aplicada na superfície dental do grupo experimental. Figura 5- Vista oclusal da fita clareadora individualizada e aplicada até o terço médio da superfície palatina dental do grupo experiment 43 Figura 6- Unidades extraídas 1 hora após o último procedimento experimental. 4.6 Obtenção das Amostras Cada dente foi descongelado individualmente em gelo a fim de conservar a temperatura do tecido multilaminadas em alta pulpar. Em seguida, utilizando brocas cilíndricas rotação sob refrigeração abundante foram feitos cortes transversais na junção amelocementária até ficar evidente a parede da câmara pulpar. A coroa então era separada da raiz manualmente e a polpa removida usando limas endodônticas tipo Kerr (Figuras 7,8 e 9). As amostras foram homogeneizadas a 10% em tampão fosfato 0,1 mM de sódio, pH 7,0, rompidas por ultra-som em um aparelho celular Vibracell (Connecticut, EUA) e centrifugadas rapidamente. A etapa de centrifugação foi incluída (10000 rpm durante 10 minutos a 4ºC), a fim de eliminar detritos do homogenato bruto, resultando o precipitado e sobrenadante, que foi utilizado em análise posterior. 44 Figura 7- Secção transversal Coroa/raiz na junção amelocementária. Figura 8- Remoção do tecido pulpar. Figura 9- Tecido pulpar removido e pronto para ser congelado. 45 4.7 Análises Bioquímicas 4.7.1 Determinação da Concentração de Proteína Total O método utilizado para determinação da concentração de proteína total foi o colorimétrico de Bradford. Este método baseia-se na ligação de proteínas presentes no sobrenadante ao reagente Comassie Blue (1 mL da solução: 0.01% Comassie Blue R-250, 8.5% ácido fosfórico, 4.7% etanol). A absorbância foi monitorada a 595nm, usando como padrão a solução de albumina bovina sérica. 4.7.2 Determinação da Atividade da Catalase A decomposição do H2O2 pode ser seguida diretamente pelo decréscimo da absorbância a 240 nm (= 0,0394 ε240 ± 0,0002 L.mM1cm1). Uma unidade de catalase é definida como a concentração de enzima necessária para a decomposição de 1 mol de H2O2 por min a 25 ◦ C. Todas as soluções de ensaio foram preparados à temperatura ambiente, como descrito por Aebi (Aebi, 1984). O meio de reação para catalase consistiu de tampão fosfato 0,1 mM, pH 7,4 e 10 mM H2O2. A reação foi iniciada pela adição de 10 mM H2O2 e absorbância foi monitorada por 2 min a 240 nm. 4.7.3 Determinação da Atividade da Glutationa Peroxidase (GPx) A atividade da GPx foi avaliada de acordo com o método descrito por Mannervik (Mannervik, 1985). A atividade enzimática foi determinada usando 2,5 U/mL de glutationa redutase (GR), 10 mM glutationa reduzida (GSH), 250 mM de azida sódica (como um inibidor de catalase) e 1,2 mM NADPH na presença de 4,8 mM de tert-butil hidroperóxido usado como substrato. A oxidação do NADPH foi monitorada a 340 nm por 2 min em 0,2 M de tampão fosfato (pH 7,4) em um 3000 Ultrospec espectrofotômetro (Pharmacia Biotech). 46 4.7.4 Análise da Rugosidade Superficial das Coroas As coroas após serem separadas da raiz foram armazenadas em solução salina para não sofrerem desidratação, até o momento da leitura da rugosidade superficial. Em seguida, cada coroa foi seca com papel absorvente e fixada com cera utilidade na bancada do aparelho, com a superfície vestibular voltada para cima. Tanto o grupo experimental quanto o grupo controle passaram pelos mesmos procedimentos. Assim, cada amostra foi submetida à leitura em aparelho rugosímetro, modelo SJ-301 (MITUTOYO), para determinação da rugosidade superficial. O valor considerado foi a média aritmética (Ra) entre os picos e vales percorridos pela ponta ativa do aparelho, onde o percurso de medição foi de 0,8 mm. 4.8 Análise Estatística Os dados foram apresentados como média ± erro padrão da média (SEM). Foi aplicado o teste de Anderson-Darling para a avaliação da distribuição de freqüência dos dados. Depois de verificada a normalidade da distribuição dos dados, os parâmetros avaliados dos grupos estudados foram comparados pelo Teste T de Student bicaudal (Two-tailed). O nível de significância adotado foi de 5% (p≤0,05). 47 5 RESULTADOS 5.1 Concentração de Proteína Total A Figura 10 apresenta a concentração de proteína total (mg/mL) nos grupos estudados. O grupo experimental submetido ao clareamento com fitas de auto aplicação apresentou um decréscimo de 32% na concentração de proteínas totais quando comparado ao grupo controle o que apresentou-se estatisticamente significante (p=0,008) . Figura 10 – Concentração de proteína total (mg de proteína/mL de homogenado a 5%) do tecido pulpar de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fita de auto-aplicação (*) Diferença estatisticamente significante comparada ao grupo controle, p≤5%. 5.2 Atividade Enzimática da Catalase A Figura 11 representa a atividade da Catalase (µMol/mg de proteína) nos grupos estudados. O grupo experimental submetido ao clareamento com fitas de auto aplicação apresentou um aumento de 44,52% na atividade da catalase quando 48 comparado ao grupo controle o que apresentou-se estatisticamente significante (p=0,008) . Figura 11 – Atividade enzimática da Catalase (µMol/mg de proteína) do tecido pulpar de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de autoaplicação (*) Diferença estatisticamente significante comparada ao grupo controle, p≤5%. 5.3 Atividade Enzimática da Glutationa Peroxidase A Figura 12 representa a atividade da glutationa peroxidase (µMol/H2O2/min/mg de proteína) nos grupos estudados. O grupo experimental submetido ao clareamento com fitas de auto aplicação apresentou um decréscimo de 55,1 % na atividade da glutationa peroxidase quando comparado ao grupo controle o que apresentou-se estatisticamente significante (p=0,0034) . 49 Figura 12 – Atividade enzimática da Glutationa peroxidase (µMol/mg de proteína) do tecido pulpar de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de autoaplicação (*) Diferença estatisticamente significante comparada ao grupo controle, p≤5%. 5.4 Rugosidade superficial do esmalte O valor da rugosidade superficial do esmalte foi avaliado nos dois grupos da pesquisa. De acordo com a Figura 13, não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos estudados. Os valores de rugosidade superficial (RA) foram 0,84±0,03 e 0,82±0,02 respectivamente, (p=0,633). para os grupos controle e experimental, 50 Figura 13 – Rugosidade superficial (Ra) da superfície das coroas de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de autoaplicação. Na Tabela 2 é possível observar os valores de p de acordo com o teste T de Student bi-caudal quanto aos parâmetros: concentração da proteína total (mg/mL), atividade enzimática da catalase (µMol/mg de proteína) e da glutationa peroxidase (mU/mg de proteína) do tecido pulpar e a rugosidade superficial (Ra) da superfície das coroas de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de auto-aplicação. 51 Tabela 2 – Concentração de proteína total total (mg de proteína/mL de homogenado a 5%), atividade enzimática da catalase (µMol/mg de proteína) e da glutationa peroxidase (mU/mg de proteína) do tecido pulpar e rugosidade superficial (Ra) da superfície das coroas de dentes humanos dos grupos controle e submetido ao clareamento com fitas de autoaplicação. Valores de P de acordo com o teste T de Student bi-caudal. Glutationa Proteína Catalase Controle 0,65 ± 0,13 39,0 ± 16,9 261,2 ± 74,2 0,84 ± 0,03 Clareamento 0,44 ± 0,07 73,0 ± 15,1 117,2 ± 62,0 0,82 ± 0,02 p value 0,008* 0,008* 0,0034* 0,633 Peroxidase Rugosidade 52 6 DISCUSSÃO O clareamento eficaz é aquele em que o agente clareador é capaz de difundir-se entre os tecidos e por meio da oxidação das moléculas pigmentantes garantir dentes mais claros. Este processo ocorre graças ao baixo peso molecular destes produtos. Entretanto, como conseqüência, é possível perceber, em alguns estudos, a presença desses agentes na polpa dental (BRISO et al., 2010; REIS et al., 2011; BONAFÉ et al., 2013). O tecido pulpar é composto por moléculas bioativas responsáveis por diversas funções dentre elas, a formação da sua matriz extracelular. Aminoácidos, lipídios, carboidratos, polipeptídeos, glicoproteínas e glicolipídeos constituem a parte amorfa da polpa. Alterações deste sistema podem comprometer funções reguladoras cruciais como a diferenciação, maturação e proliferação celular, a vascularização e nutrição bem como, a debelação de resíduos tóxicos (GOLDERBERG et al., 2009). A polpa dental, assim como todo tecido conjuntivo possui mecanismos de defesa contra agentes agressores porém, por encontrar-se em uma câmara fechada e inflexível a sua resposta final pode ser expressivamente ampliada a depender do tipo, grau e duração do estímulo (NEVILLE et al., 2004). O principal agente utilizado em clareamentos dentais é o peróxido de hidrogênio (H2O2). Este produto é indicado tanto para procedimentos efetuados em consultório como para os caseiros, aqueles conduzidos pelos próprios pacientes (DAHL; PALLESEN, 2003; FERREIRA et al., 2007; LI, 2011). A preocupação atual no entanto, é com o livre comércio de produtos destinados ao clareamento de forma auto-aplicável sem a orientação e o supervisionamento dos dentistas. Na presente pesquisa, utilizou-se as fitas de auto-aplicação com gel de peróxido de hidrogênio a 10% (3D White, crest Whitestrips, Oral-B/Crest ™), pelo fato deste poder ser comprado livremente em farmácias sem a necessidade de indicação profissional. Esta apresentação não apresenta agentes dessensibilizantes, dispensa o uso de moldeiras e permite a livre aplicação. 53 Deste modo, esse trabalho avaliou alterações superficiais no esmalte e o comportamento do sistema antioxidante pulpar em dentes humanos quando do uso destas fitas clareadoras auto-aplicáveis. Os resultados mostraram que esse procedimento provocou alterações oxidativas representadas pela queda na concentração de proteínas totais do grupo experimental. Ainda assim, os dados indicaram que o sistema antioxidante da polpa reagiu aumentando os níveis da enzima catalase a fim de evitar uma destruição excessiva tecidual (VIEIRA, 2012). As análises de rugosidade não apresentaram significância para as mudanças superficiais dos esmaltes estudados. O processo para o clareamento exige que o peróxido de hidrogênio difundido seja decomposto e que libere radicais livres (HANKS et al.,1993; CAMARGO et al., 2007). Desta forma, os íons hidroxilas e outras espécies reativas do oxigênio podem dar início a um processo oxidativo das cadeias fosfolipídicas presentes na membrana celular lisossômica e citoplasmática e causar uma reação autocatalítica, podendo levar desde um estresse oxidativo até à morte celular (KANNO et al., 2003; KAWAMOTTO; TSUJIMOTO, 2004; FUKUYAMA et. al., 2008; KINA et al., 2010; WALSH, 2000). Para que ocorra o estresse oxidativo é preciso que aconteça um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a ativação de compostos antioxidantes (KOHEN; NYSKA, 2002; SONG; SUH; MOON, 2010). Neste estudo foi possível observar uma queda significativa na concentração de proteínas totais do grupo experimental. Isto nos permite deduzir que houve penetração de subprodutos do clareamento na polpa dental, mas não podemos afirmar que ocorreu um dano oxidativo permanente. As análises bioquímicas dos níveis de proteína total no tecido pulpar são um indicador importante para a presença de injúria. A presença de espécies reativas de oxigênio quando não neutralizadas promovem alterações nos aminoácidos que compõem as proteínas (CHOUCHANI et al., 2011). A queda na concentração das proteínas totais pode ser justificada também pela redução dos grupamentos de tióis livres que reagem com esses substratos de forma a conter os danos (ARAÚJO, 2012). Assim como, o aumento da concentração 54 da catalase estaria relacionado com a estimulação do sistema antioxidante enzimático (ATMACA et al., 2004; KOBAYASHI; YAMAMOTO, 2006; GHIBU et al., 2009; ARAÚJO, 2012). A glutationa reduzida é o tripeptídeo do tipo cisteína mais abundante no meio intracelular. Quando há um estresse oxidativo ocorre um excesso na produção da Glutationa oxidada o que favorece a formação de dissulfetos que são responsáveis por oxidar mais proteínas. Portanto, os resultados desta pesquisa sugerem que a queda nos níveis de proteína pode estar associada a alterações no ciclo da glutationa com redução na atuação da glutationa peroxidase (ROVER JÚNIOR et al., 2001). A comparação entre os resultados sobre a concentração de proteína total deste trabalho com os achados de Araújo (2012) mostraram diferenças. No grupo que utilizou o peróxido de hidrogênio a 10% observou-se um decréscimo estatisticamente significante nesta concentração, enquanto o que usou o peróxido de hidrogênio a 38% manteve-se inalterado. Estes dados podem ser explicados pela diferença de tempo em que os dentes foram extraídos. O grupo que foi submetido a aplicação com 10% do H2O2 sofreu exodontia após, apenas, uma hora de uso do produto enquanto que, no grupo que utilizou o H2O2 a 38% os dentes foram extraídos somente após 24horas. Assim, pode-se sugerir que em uma hora a velocidade de reação do sistema antioxidante celular não foi suficiente para evitar a desnaturação de proteínas. Entretanto, em 24 horas o sistema antioxidante pulpar mostrou-se eficaz e com grande poder regenerativo. A catalase e a glutationa peroxidase desempenham papel crucial no controle enzimático sobre a concentração do peróxido de hidrogênio no corpo humano (TORRES et al., 2006). Por necessitar de pouca energia no processo de decomposição do H2O2 a catalase reage de forma rápida e a sua atividade sempre será proporcional a quantidade deste substrato (SINENSKY et al.,1995). Apesar de também participar da redução do peróxido de hidrogênio transformando-o em água e oxigênio o caminho utilizado pela Glutationa peroxidase é mais lento e complexo (FERREIRA; MATSUBARA, 1997). 55 Os resultados deste trabalho mostraram que houve um aumento substancial na concentração da catalase e queda significativa nos níveis da glutationa peroxidase. A coerência desses dados pode ser entendida quando avaliamos o tempo decorrido para a obtenção dessas amostras e também o conhecimento do papel enzimático da catalase e da glutationa peroxidase. Por tratar-se de um tempo curto, de apenas uma hora, e tendo o conhecimento que a capacidade de reação da catalase é mais rápida que o da glutationa peróxidase é esperado que a atividade da CAT, neste período, esteja aumentada. Uma outra explicação sobre a redução da glutationa peroxidase pode ser feita pelo fato dessas enzimas competirem pelo mesmo substrato que é o peróxido de hidrogênio. Portanto, se existe uma quantidade de H2O2 no tecido pulpar e a produção e ligação da catalase é mais imediata e aguda, provavelmente, por falta de substrato livre a glutationa peroxidase não tenha sido estimulada neste curto período (BOWLES; BURNS,1992; ESPÓSITO et al., 2003-a,b). Apesar da função da glutationa peroxidase também ser a de reduzir o H 2O2 em oxigênio e água, o seu mecanismo de ação depende do ciclo redox da glutationa que envolve a glutationa reduzida e a oxidada (FERREIRA; MATSUBARA, 1997). Desta forma, diferentemente da reação quase que instantânea da catalase, a glutationa necessita da mobilização de outros substratos para que ela possa degradar o peróxido de hidrogênio e assim, embora seja considerada uma das primeiras barreiras de proteção do organismo contra os efeitos oxidativos deste produto ainda apresenta uma reação mais lenta que a da catalase (SINENSKY et al.,1995). Embora a catalase seja encontrada em maior concentração em tecidos pulpares com processo inflamatório instalado quando comparada à polpa hígida, alguns estudos afirmam que esta enzima concentra-se ainda mais em pulpites reversíveis que nas irreversíveis (ESPÓSITO et al., 2003-b). Assim, pelos resultados encontrados neste trabalho, pode-se imaginar que apesar dos sinais evidentes de alterações nos tecidos estudados nesta primeira hora, evidências científicas mostram que essas reações podem ter ocorrido de maneira transitória. 56 Sabe-se que a grande instabilidade e reatividade dos radicais livres formados a partir do peróxido de hidrogênio podem produzir efeitos negativos tanto nos tecidos moles quanto nos tecidos mineralizados (SCHIAVONI et al., 2006; CAMARGO et al., 2007). As conseqüências no esmalte podem surgir como um aumento da porosidade, como pequenas erosões e depressões até atingir alterações morfológicas permanentes (KWON et al., 2002; MONDELLI et al., 2004; PINTO et al., 2009). Nesta pesquisa, todas as superfícies de esmalte pertencentes aos dois grupos passaram pela análise com o rugosimetro e não apresentaram diferenças representativas. Estes achados corroboram com os apresentados por Araújo (2012). A baixa concentração do peróxido de hidrogênio apesar de conseguir penetrar no tecido pulpar não foi capaz de provocar alterações superficiais nos esmaltes estudados. Estes achados são diferentes dos encontrados por Vieira (2012) que executaram as exodontias no mesmo período de tempo. A concentração do peróxido de hidrogênio em 38% pode ter contribuído para os seus achados. A presença de fluoreto de sódio no agente clareador a base de peróxido de hidrogênio favorece a formação de cristais de fluoreto de cálcio e hidroxiapatita fluoretada na superfície do esmalte o que aceleraria o processo de remineração. Os materiais clareadores compostos por fluoretos produzem menor desmineralização e menos interferências na microdureza do esmalte (TANIZAWA, 2005; CHEN et al., 2008). A indicação do Flúor neutro pós clareamento mostrou-se capaz de não só proteger a superfície do esmalte contra desmineralizações, mas também, de estimular a liberação de agentes antioxidantes não enzimáticos pela saliva. O ácido úrico e a glutationa auxiliariam na redução dos radicais livres liberados pela oxidação do peróxido de hidrogênio (LEITE et al., 2012a). Assim, entendendo que para o processo clareador ser eficaz ele precisa penetrar pelos tecidos dentais e que a polpa representa a parte crítica neste mecanismo de ação, outros estudos científicos a esse respeito devem ser conduzidos. As alterações encontradas neste estudo não são suficientes para se 57 afirmar com segurança que houve por parte dos tecidos estudados injúrias permanentes. A dosagem de outros parâmetros como os de tióis, carbonilas e a avaliação da presença de peroxidações lipídicas seriam interessantes para garantir com segurança o grau de comprometimento tecidual. Além disso, a análise desse efeito clareador por um tempo mais prolongado poderia facilitar a compreensão completa sobre o mecanismo de reação antioxidante e regenerativa dos tecidos estudados. No entanto, este estudo deixa claro que o produto clareador de autoaplicação testado e de livre comercialização pode interferir na homeostase pulpar dos dentes. Dessa forma, a utilização supervisionada desse produto por um dentista capacitado é de extrema importância para inibir efeitos indesejáveis à saúde daqueles que buscam dentes mais claros. 58 7 CONCLUSÕES De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que: 1. Houve um decréscimo significante nas concentrações de proteína total. 2. O sistema de defesa antioxidante pulpar reagiu a exposição ao peróxido de hidrogênio com um aumento significativo na atividade da Catalase. 3. O uso de fitas clareadoras reduziu a atividade enzimática da glutationa peroxidase. 4. As fitas de auto-aplicação contendo 10% de gel de peróxido de hidrogênio não foram responsáveis por aumentar a rugosidade superficial das coroas do grupo experimental. 59 REFERÊNCIAS Alaçam A, Tulunoglu O, Oygur T, Bilici S. Effects of topical catalase application on dental pulp tissue: a histopathological e evaluation. J Dent. 2000;28(5):333-9. Al Shethri S, Matis BA, Cochran MA, Zekonis R, Stropes M. 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Este estudo é de grande importância, pois avaliaremos se o clareamento pode gerar algum dano na polpa do dente clareado. 2 - Procedimentos: Você será submetido (a) ao exame radiográfico para avaliação do elemento dental indicado para a extração por razões ortodônticas. Previamente a extração, o dente será submetido ao procedimento de clareamento e depois extraído sob anestesia local, após o período de uma hora. O dente será armazenado em solução salina e congelado, para posterior remoção do tecido pulpar e análise bioquímica. 3 - Desconfortos e riscos e benefícios: Pode existir um desconforto mínimo causado pelo procedimento cirúrgico ou uma pequena sensibilidade dentária após o clareamento, entretanto você será devidamente medicado (a) e acompanhado (a). 73 5 - Forma de acompanhamento e assistência: A assistência será dada através do acompanhamento prévio, durante e após os procedimentos realizados pelo profissional especializado, no consultório odontológico particular devidamente equipado, proporcionado conforto ao paciente. Caso o mesmo apresente algum problema, será avaliado e serão tomadas as providências necessárias para a sua solução. 6 - Garantia de esclarecimento, liberdade de recusa e garantia de sigilo: Você será esclarecido (a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar, sendo livre para recusarse a participar, retirar seu consentimento ou interromper a sua participação a qualquer momento sem qualquer penalidade ou perda de benefícios. Os pesquisadores irão tratar a sua identidade e os resultados da pesquisa com padrões profissionais de sigilo. Seu nome ou o material que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. 7 - Custos da participação, ressarcimento e indenização por eventuais danos: A sua participação no estudo não acarretará qualquer custo para você e não será disponibilizada nenhuma compensação financeira adicional. 8. Em caso de dúvida consulte os pesquisadores acima citados ou o Comitê de Ética da Universidade de São Paulo, sito à Av. Dr. Ussiel Cirilo 225, São Miguel Paulista, 08060-070, São Paulo, SP. Eu, ........................................................................, certifico que tendo lido as informações contidas neste documento e tendo sido suficiente esclarecido pelos pesquisadores, autorizo minha participação nesta pesquisa. Declaro que recebi uma cópia deste termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer as minhas dúvidas. Também declaro que sei ler e escrever. Data: (cidade) ....................., ...... de ..................de 2013. Assinatura do colaborador:................................................ Assinatura do pesquisador:.......