SINDIFISCO DS SALVADOR PARABENIZA TODOS OS
AFRFB NEGROS E NEGROS DO BRASIL
O Sindifisco DS Salvador em homenagem ao Dia da Consciência
Negra comemorado nesta sexta-feira (20 de novembro) solicita
da DEN publicação do artigo do AFRFB Walter Miranda, diretor
de Política Sindical e Políticas Sociais da DS Araraquara e
membro do Grupo de Reflexões “Auditores Negros e Negras.
CELEBRANDO A CONSCIÊNCIA NEGRA
Por *Walter Miranda
O Brasil foi o último país da América a abolir oficialmente a escravidão. Segundo dados
extra-oficiais, entre 1550 e 1850, data oficial do fim do tráfico de escravos, em torno de
3,6 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil para serem explorados nas lavouras
de cana e café. Trouxeram suas histórias, cultura, crenças, formas de expressão religiosa e
artística, além de conhecimento próprio sobre técnicas de plantio e de produção agrícola.
Infelizmente, vítimas da violência e a rigidez do regime de escravidão, não tiveram acesso à
formação educacional.
Desde que chegaram ao Brasil, os africanos nunca aceitaram a condição de trabalho
escravo. Fugiam e se organizavam em Quilombos, entendidos como sendo comunidades em
meio às matas onde se agrupavam, formando comunidades isoladas das fazendas e cidades.
Nessas comunidades viviam de acordo com sua cultura africana, plantando e produzindo
alimentos e outros bens necessários a sua sobrevivência. Na época colonial, o Brasil chegou
a ter centenas dessas comunidades espalhadas, principalmente, pelos estados das regiões
nordeste, centro oeste e sudeste.
Em meio a esta quantidade de quilombos, houve um que, pelo caráter da organização
política, incomodou os latifundiários e governantes da época. Localizava-se na Serra da
Barriga, hoje município de União de Palmares, estado de Alagoas. Segundo dados extraoficiais, o denominado Quilombo de Palmares sobreviveu a diversos ataques durante
aproximadamente 100 anos. Foi ali que nasceu e foi aprisionado com poucos dias de vida
num dos ataques ao Quilombo no ano de 1655, uma criança negra, entregue ao padre
Antônio Melo em Porto Calvo, batizada com o nome de Francisco.
Francisco era muito inteligente e, favorecido pela admiração do padre, aos 10 anos já sabia
português e latim. Aos 15 anos fugiu de volta para Palmares, onde adotou o nome de Zumbi
e assumiu a liderança do Quilombo. Inconformado com a exploração dos africanos na
condição de escravos, Zumbi organizou técnicas de guerrilha para atacar fazendas que
tinham como atividade a monocultura da cana, cujo açúcar era exportado para Portugal,
Inglaterra e outros paises europeus a preços baixos. Após os ataques libertava os
africanos da senzala de cada fazenda.
No dia 20 de novembro de 1695, após muitas expedições patrocinadas por latifundiários e o
governo de Pernambuco, Zumbi de Palmares foi assassinado. Seu corpo, perfurado por balas
e punhaladas, foi levado a Porto Calvo, onde a cabeça foi decepada, enviada a Recife e
espetada em um poste para exposição pública. Em várias cidades do Brasil o dia 20 de
Novembro é feriado. Infelizmente o governo Lula até hoje não enviou projeto ao Congresso
criando o feriado nacional. Penso que Zumbi de Palmares deve, a exemplo de Joaquim José
da Silva Xavier (Tiradentes), ser inserido e respeitado como uma grande liderança política.
Assim, se 21 de abril é feriado, por que o 20 de novembro não?
Após 314 anos da morte de Zumbi, a situação dos negros brasileiros, infelizmente, continua
precária. O IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, na Pesquisa Nacional de
Emprego de março de 2009, ainda revela números assustadores. A renda média dos pretos
e pardos cresceu de R$ 690,3 em 2003, para R$ 847,7 em 2009, enquanto a dos brancos
subiu de R$ 1.443,3 para R$ 1.663,9. A pesquisa ainda revela a situação inferior em outros
indicadores como moradia, emprego, educação, saúde etc.., demonstrando objetiva e
incontestavelmente que a discriminação tem componente racial e de classe.
Entendemos que, diante dos indicadores demonstrados pela pesquisa do IBGE, neste dia 20
de novembro, oficialmente reconhecido no Brasil como o “Dia Nacional da Consciência
Negra”, é preciso refletir profundamente sobre o mérito da luta e morte do grande líder
da comunidade negra brasileira, Zumbi de Palmares, injustamente assassinado pelos
latifundiários e governantes da época na luta contra a exploração dos seres humanos
africanos escravizados no Brasil. E buscarmos novas formas de Luta para continuarmos
combatendo o racismo que ainda se abate sobre o Nosso Povo.
O Grupo de Reflexões “Auditores Negros e Negras”, criado há pouco mais de um ano, tem
entre seus objetivos divulgar atividades políticas, culturais, educacionais e sociais,
envolvendo a comunidade negra em todo o Brasil, e também interagir com suas lutas por
uma sociedade mais justa e igualitária, no campo de raça e classe. Para isso foi importante
criarmos na estrutura do Sindifisco Nacional, a Diretoria de Políticas Sociais, através da
qual todos os filiados poderão participar das discussões deste e outros temas afins.
Araraquara, 20 de Novembro de 2009-11-15
DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Walter Miranda e diretor de Política Sindical e Políticas Sociais da DS
Araraquara e membro do Grupo de Reflexões “Auditores Negros e Negras” .
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O Sindifisco DS Salvador em homenagem ao Dia da Consciência