Ano 24 - Goiânia, Goiás.
Edição nº. 11 de 2011 – 08 a 22 de junho de 2011.
Veja nesta edição:
- Movimentos pressionam por CPI do trabalho escravo no MA
- MAB desenvolve tecnologia de aquecimento de água com placas solares
- MAB e MST ocupam canteiro de obras da UHE Garibaldi e latifúndio em SC
- Perdemos o amigo, companheiro e lutador, Pe. José Koopmans
- Sobrevivente do massacre de Corumbiara é assassinado em Rondônia
- Trabalhador é encontrado morto no mesmo assentamento de José Cláudio e Maria
- CPT participa de audiência com ministra dos direitos humanos
- Mais um trabalhador é assassinado no Pará
- CPT envia à ministra Maria do Rosário novas ameaças contra defensores dos DH’s
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Movimentos pressionam por CPI do trabalho escravo no MA
Em uma audiência pública sobre trabalho escravo, realizada na tarde do dia 31 de maio, na
Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão, em São Luis, o advogado Antonio Filho, do
Centro de Defesa da Vida e Direitos Humanos de Açailândia (CDVDH) entregou um documento
para a deputada estadual Eliziane Gama (PPS-MA) exigindo que seja instaurada uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o trabalho escravo no Maranhão.
Representando diversas entidades e movimentos sociais, Filho chamou a atuação do Estado
no combate ao trabalho escravo de hipócrita. “É muita hipocrisia dizer que o Estado priorizou o
fim do trabalho escravo. Existem vários planos que só estão no papel e, dificilmente, é emitida
voz de prisão a um fazendeiro”. Nonato Masson, representante da seção maranhense da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), apóia a instalação da comissão. “A CPI é justamente
para investigar porque o Estado é refém do trabalho escravo, tão lucrativo para o fazendeiro”.
Masson afirma que é necessário destrinchar a relação de subserviência do Estado com esses
crimes. “É um absurdo verificar que uma das práticas do Estado é negociar com esses
fazendeiros, onde muitos ainda alegam que não podem pagar. Não se pode negociar com
criminosos, existe todo um aparato legal que os pode julgar”, comenta o advogado. Para
instaurar a CPI do trabalho escravo no Maranhão são necessárias, pelo menos, 14 assinaturas
dos deputados estaduais. (Fonte: Site MST)
MAB desenvolve tecnologia de aquecimento de água com placas solares
O chuveiro elétrico é o aparelho que mais consome energia elétrica nas residências, e tem
impacto relevante na conta de energia das famílias. Com consciência desse impacto e para
apresentar alternativas ao modelo energético brasileiro, o MAB – Movimento dos Atingidos por
Barragens, está desenvolvendo projetos de uso de placas solares para aquecimento da água
nos três estados do sul, em São Paulo e em Minas Gerais. O pico de consumo de energia
elétrica no país se dá entre as 18h e 19h, quando o chuveiro se encontra ligado em 50% das
residências. Estima-se que hoje o uso de chuveiro elétrico e aquecedores representam cerca
de 5% do consumo brasileiro de energia elétrica, um impacto significativo no sistema como um
todo. Outras fontes de energia utilizadas, como as termoelétricas, carvão mineral e gás, assim
como as hidrelétricas, aumentam a emissão de gás carbônico para a atmosfera, contribuindo
com as mudanças climáticas. A energia solar é superior a qualquer outra forma de geração de
energia convencional por tratar-se de uma fonte totalmente natural e limpa. Por isso, o MAB
investe nessa tecnologia, que preserva os recursos naturais e contribui para diminuir o impacto
sobre o aquecimento global. “Esta tecnologia está sendo desenvolvido desde janeiro de 1999,
pela Sociedade do Sol (SoSol), sediada no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas da
Universidade de São Paulo. Pudemos conhecer, aprofundar o debate no MAB, fazer algumas
experiências e agora estamos implementando nas casas dos reassentados”, disse Verilson
Gheno, militante do MAB no Paraná. Uma experiência feita na casa de uma família no
município paranaense de Dois Vizinhos mostrou que a utilização desse sistema resultou em
uma economia de 88,5 kWh em um mês. Isso representou uma economia de R$ 11,15,
considerando que a família vive na zona rural (tarifa energética de R$ 0,18 por kWh, com
subsídio). Se a família morasse na cidade (R$ 0,44 o kWh), a economia chegaria a R$ 27,25
por mês. (Fonte: MAB Nacional)
MAB e MST ocupam canteiro de obras da UHE Garibaldi e latifúndio em SC
Cerca de mil integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocuparam na madrugada do dia 06 de junho, o
canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Garibaldi, no rio Canoas, entre os municípios de
Cerro Negro e Abdon Batista, e um latifúndio improdutivo em Cerro Negro, em Santa Catarina.
O objetivo da mobilização é garantir os direitos à indenização para as famílias atingidas e ao
reassentamento para as famílias sem-terra do MAB e do MST que estão cadastradas pelo
INCRA/SC. Cerca de 700 pessoas dos dois movimentos estão trancando as obras da
barragem e outras 300 pessoas fazem a luta pela terra no município vizinho. Se a barragem de
Garibaldi for construída, ela vai atingir os municípios de Cerro Negro, Campo Belo do Sul,
Abdon Batista, Vargem e São José do Cerrito, alagando 1.864 hectares de terra fértil e
expulsando aproximadamente mil famílias. (Fonte: Radio Agência NP)
Perdemos o amigo, companheiro e lutador, Pe. José Koopmans
O ambientalista, Padre José Julius Maria Koopmans, 72 anos, morreu na noite do dia 3 de
junho, depois de sofrer um infarto quando fazia caminhada na Avenida Presidente Getúlio
Vargas, em Teixeira de Freitas, BA. Pe. José viveu por mais de 40 anos no Extremo Sul da
Bahia e se tornou um estudioso da região e, sobretudo, um lutador de um povo castigado por
um modelo de desenvolvimento centrado na monocultura de eucalipto. Indignado com tamanha
violação de direitos, praticada pelas empresas Bahia-Sul, Aracruz e Veracel, o sofrimento dos
trabalhadores e a omissão do estado, ele começou a fazer já nos anos 1980 suas
denúncias, vendo de perto o que estava acontecendo com o povo e com a natureza. Sempre
com muita energia e animação, ele contribuiu imensamente na organização dos trabalhadores
na região em defesa dos direitos humanos, contra o deserto verde. Ajudou a fundar o Centro
de Pesquisas e Estudos do Extremo Sul da Bahia (CEPEDES). Com um profundo
conhecimento da região e seu povo, escreveu o livro"Além do Eucalipto" que teve duas edições
além de outros livros. (Fonte: CPT/BA).
Sobrevivente do massacre de Corumbiara é assassinado em Rondônia
Adelino Ramos, conhecido como Dinho, sobrevivente do Massacre de Corumbiara, ocorrido em
agosto de 1995, foi assassinado no dia 27 de maio, por volta das 10h00, em Vista Alegre do
Abunã, na região da Ponta de Abunã, município de Porto Velho (RO), enquanto vendia as
verduras produzidas no acampamento onde vivia. Ele foi morto por um motoqueiro, próximo ao
carro da família onde estavam sua esposa e duas filhas. Dinho vinha denunciando a ação de
madeireiros na região da fronteira entre os estados de Acre, Amazônia e Rondônia. Ele e um
grupo de trabalhadores reivindicavam uma área nessa região para a criação de um
assentamento. No início desse mês, o Ibama iniciou uma operação no local, onde apreendeu
madeira e cabeças de gado que estavam em áreas de preservação. Segundo a CPT na região,
isso leva a crer que esse tenha sido o motivo de sua morte. Dinho vinha sendo ameaçado há
anos e em reunião realizada em julho do ano passado em Manaus (AM), com o ouvidor agrário
nacional, Gercino Silva, denunciou as ameaças contra sua vida e o risco que corria. Dinho foi
líder do Movimento Camponês de Corumbiara. (Fonte: CPT)
Trabalhador é encontrado morto no mesmo assentamento de José Cláudio e Maria
Mais um trabalhador rural foi assassinado no Pará. Herenilton Pereira, de 25 anos, foi
encontrado morto no dia 28 de maio. Ele estava desaparecido desde o dia 26. O jovem vivia no
mesmo assentamento do casal de ambientalistas, José Cláudio e Maria do Espírito Santo,
assassinado no dia 24 de maio, em Nova Ipixuna (PA). No dia do assassinato de José Cláudio
e Maria, Herenilton e um cunhado seu trabalhavam em sua roça às margens de uma estrada
vicinal a uns 5 km do local onde o casal de extrativistas foi assassinado. Os dois viram quando
uma moto, modelo Bros de cor vermelha passou. As descrições da moto e dos dois
motoqueiros coincidem com informações prestadas à polícia por testemunhas que
presenciaram a entrada, no assentamento, de dois pistoleiros horas antes do crime contra o
casal. Há a suspeita de que o assassinato de Herenilton tenha sido queima de arquivo, para
que ele não tivesse chance de identificar os pistoleiros que assassinaram José Cláudio e
Maria. O agricultor tinha 25 anos, era pai de 4 filhos e vivia no assentamento desde criança.
Era muito conhecido e, de acordo familiares e vizinhos, não tinha envolvimento com atos ilícitos
ou desentendimentos com qualquer pessoa. (Fonte: CPT Marabá)
CPT participa de audiência com ministra dos direitos humanos
A Ministra Especial dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, convidou a CPT para discutir as
ameaças de morte contra lutadores e lutadoras da terra e sobre a violência no campo e os
assassinatos dos últimos dias. Na audiência a CPT entregou à ministra a relação de 1855
pessoas que foram ameaçadas de morte de 2000 a 2011, um lista de 42 nomes de pessoas
que foram assassinadas neste espaço de tempo, depois de terem sido ameaçadas e outra lista
de pessoas ameaçadas mais de uma vez, 30 delas tendo sofrido tentativa de assassinato.
Entregou também a lista completa de assassinatos e julgamentos de 1985 a 2010.
Participaram pela CPT, Dirceu Fumagalli, da coordenação nacional, José Batista Afonso,
advogado da CPT em Marabá, Paulo César Moreira, da CPT no Mato Grosso e Antônio
Canuto, secretário da coordenação nacional. A audiência aconteceu em Brasília, em 31 de
maio. (Fonte: CPT Nacional)
Mais um trabalhador é assassinado no Pará
O agricultor Marcos Gomes da Silva, 33 anos, foi assassinado a tiros, diante da mulher e de
outras três testemunhas, por dois homens encapuzados na zona rural de Eldorado dos
Carajás. Silva teve a orelha decepada após o crime, da mesma forma que o líder extrativista
José Cláudio Ribeiro da Silva. A notícia do assassinato, o quinto na região amazônica em duas
semanas, chegou ao governo no mesmo dia e levou a presidente Dilma Rousseff a convocar
uma reunião com governadores da Região Norte e a anunciar uma ação militar de emergência,
batizada de Operação de Defesa da Vida. A agonia de Gomes da Silva começou um dia antes
de seu corpo ser encontrado, quando ele construía uma ponte sobre um córrego perto do local
onde morava com a família. Dois encapuzados chegaram atirando. Atingido no abdômen, ele
saltou no rio e se escondeu no matagal, segundo Djesus Martins de Araújo, coordenador do
acampamento. Após a saída dos agressores do local, o agricultor procurou ajuda na casa de
um vizinho. Eram cerca de 16h, e somente cinco horas depois os acampados conseguiram um
carro para transportá-lo até Eldorado dos Carajás - cidade que foi palco de um massacre de 19
sem-terra em 1996. No caminho, porém, os acampados tiveram de parar, pois a estrada estava
bloqueada com estacas. Os encapuzados surgiram, retiraram Gomes da Silva à força do carro
e atiraram. Os acompanhantes, sob a mira de uma pistola e de uma espingarda, deram meia
volta. Somente no dia seguinte os agricultores puderam resgatar o corpo e avisar a polícia, já
que não há telefone no acampamento. Depois de resgatar o corpo, a polícia o transportou até
Marabá, onde as testemunhas prestaram depoimento. Além da orelha decepada, Gomes da
Silva teve ferimentos no pescoço que, em um primeiro momento, a polícia interpretou como
uma tentativa de degola. Mais tarde, o delegado Teixeira disse que os cortes poderiam ter sido
provocados pelos próprios tiros. (Fonte: O Estadão)
CPT envia à ministra Maria do Rosário novas ameaças contra defensores dos DH’s
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) enviou na tarde de ontem, 07 de junho, à ministra dos
direitos humanos, Maria do Rosário, lista com o nome de pessoas que sofreram novas
ameaças de morte. Além do ofício com as denúncias, a CPT enviou, também, o histórico de
cada ameaça que aconteceram nos estados do Tocantins, Amazonas, Mato Grosso,
Maranhão, Rondônia, e Acre. Além desses, dois casos no Pará chegaram ao conhecimento da
CPT Nacional no dia de ontem, 07 de junho. Em um deles, a ameaça foi feita através de um
telefonema para a CPT Marabá, onde diziam que o trabalhador conhecido como Pernambuco,
líder do acampamento Iraque, “iria virar carvão”. (Fonte: CPT)
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Boletim Noticias da Terra e da Água ed 11 _CPT Assessoria de