1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ RAQUEL FELIPE DE VASCONCELOS CARNEIRO AVALIAÇÃO DE NEUROTOXICIDADE AUTONÔMICA E NEUROMUSCULAR ESQUELÉTICA DE EXTRATO BRUTO DE PHILLORHIZA PUNCTATA E TOXINA DE TITYUS SERRULATUS FORTALEZA – CEARÁ 2009 2 RAQUEL FELIPE DE VASCONCELOS CARNEIRO AVALIAÇÃO DE NEUROTOXICIDADE AUTONÔMICA E NEUROMUSCULAR ESQUELÉTICA DE EXTRATO BRUTO DE PHILLORHIZA PUNCTATA E TOXINA DE TITYUS SERRULATUS Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências Fisiológicas, sob orientação da Dra. Cláudia Ferreira Santos e co-orientação de Nilberto Robson Falcão do Nascimento. FORTALEZA – CEARÁ 2009 3 E agora o fim está próximo Então eu encaro o desafio final Meu amigo, Eu vou falar claro Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza Eu vivi uma vida que foi cheia Eu viajei por cada e todas as rodovias E mais, muito mais que isso Eu fiz do meu jeito Arrependimetos, eu tive alguns Mas então, de novo, tão poucos para mencionar Eu fiz, o que eu tinha que fazer E eu vi tudo, sem exceção Eu planejei cada caminho do mapa Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho Oh, mais, muito mais que isso Eu fiz do meu jeito Sim, teve horas, que eu tinha certeza Quando eu mordi mais que eu podia mastigar Mas, entretanto, quando havia dúvidas Eu engoli e cuspi fora Eu encarei e continuei grande E fiz do meu jeito Eu amei, eu ri e chorei Tive minhas falhas, minha parte de derrotas E agora como as lágrimas descem Eu acho tudo tão divertido De pensar que eu fiz tudo E talvez eu diga, não de uma maneira tímida Oh não, não eu Eu fiz do meu jeito E pra que é um homem, o que ele tem Se não ele mesmo, então ele não tem nada Para dizer as coisas que ele sente de verdade E não as palavras que ele deveria revelar Os registros mostram que eu recebi as desgraças E fiz do meu jeito My Way (tradução) Composição: Claude François / Jacques Revaux / Paul Anka 4 A Deus, por sempre me trazer força, serenidade e ensinamentos em todos os momentos de minha vida; Aos meus pais, Eloneid Felipe e Dimas Vasconcelos, por todo amor e dedicação, a quem devo minha vida; Ao meu marido, Adriano Carneiro, que tem me ensinado, todos os dias de nossas vidas, o verdadeiro significado do sentimento amor. 5 AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Eloneid e Dimas, por toda uma vida de dedicação e carinho e pela indispensável presença em todos os momentos. Ao meu marido, Adriano, por ter me erguido quando eu, por vezes, pensei em desistir e por todo o amor, compreensão e ensinamentos dedicados a mim. À Dra. Cláudia Ferreira Santos, por ter acreditado em minhas capacidades e a quem sou grata pela orientação, pelos “puxões de orelha” e por sua sempre disponibilidade em ajudar. Ao Dr. Nilberto Robson Falcão do Nascimento, pela amizade, por ter me contaminado com sua “curiosidade científica”, pela labuta na bancada com os experimentos, por todas as correções e contribuições deste trabalho. Ao Dr. Marcos Hikari Toyama, por todas as contribuições, por ter cedido as toxinas animais e por toda a colaboração em ceder dados ainda não publicados. À todos de minha família, especialmente meus irmãos Talita, Eduardo Augusto e Pedro Henrique. À família do meu marido, Dona Fátima, Dona Jandira, Dona Guiomar, Seu Izo, Natália, Thiago, Paulo e agregados (risos!) pela alegria e convivência harmoniosa que nos unem em uma verdadeira família. À minha “boadrastra” Socorro, pela presença sempre alegre. Aos queridos amigos Diana, Felipe e Diennifer pelos inesquecíveis anos de convivência e pela inabalável amizade. Nós sempre seremos “o quarteto fantástico”. Às amigas Clarisse Cavalcante e Angélica Fernandes que, mesmo com as ausências, fazem parte da minha vida. 6 Aos pós-graduandos do LFCC, especialmente, Clauber, Vanessa, Denise e Pedro pelo convívio mais próximo e enriquecedor. Aos alunos de iniciação cientifica Léo Aguiar (LFCC) e Flávia Couto (LEF) pelos primeiros ensinamentos sobre as técnicas de execução dos experimentos. Aos bolsistas do LFCC, especialmente Paula Priscila, Hilana Cahina, Vítor Martins e Norberto pelo companheirismo e importante ajuda com os animais e soluções. Aos bolsistas do LEF e à Dra. Roseli Barbosa pela companhia nos finais de semana e sacrifício dos animais. Aos companheiros de turma do mestrado, por todas as horas de convívio em busca de conhecimentos. À coordenação do curso de Educação Física da UNIFOR, na pessoa da Liana Braid, e á direção da EDISCA, na pessoa de Dora Andrade, por compreenderem meus momentos de ausência dedicados ao mestrado. À todos os pós-graduandos do CMACF. À todos os professores do CMACF. À todos os funcionários do ISCB. À FUNCAP, pelo apoio financeiro. À cada um que esteve comigo durante esta jornada e que, mesmo de longe, deixou sua marca neste trabalho, o meu muito obrigada! 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1 Venenos e toxinas animais 1.2 Filo Cnidária e as águas-vivas 1.2.1 Phyllorhiza punctata 1.2.2 Extrato de tentáculo da Phyllorhiza punctata 1.3 Filo Artrópode e os escorpiões 1.3.1 Tityus serrulatus 1.3.2 Toxina do Tityus serrulatus 1.4 Canal deferente de camundongo 1.4.1 Inervação do canal deferente 1.4.2 Estudos in vitro com transmissão neuromuscular simpática 1.4.2.1 Registros mecânicos da contração muscular 1.4.3 Contração neurogênica em canal deferente de roedor 1.4.3.1 Cotransmissão de NA e ATP 1.4.3.2 Contração bifásica e cinética dos neurotransmissores 1.5 Corpo cavernoso de camundongo 1.5.1 Inervação do corpo cavernoso 1.6 Músculo diafragma de camundongo 1.6.1 Inervação do músculo diafragma 1.6.1.1Junção neuromuscular frênico-diafragma 22 22 23 24 28 28 31 35 34 36 36 37 38 38 40 41 41 43 45 45 2. JUSTIFICATIVA 52 3. OBJETIVOS 54 3.1 Objetivo geral 3.2 Objetivos específicos do extrato de Phyllorhiza punctata 3.3 Objetivos específicos da toxina de Tityus serrulatus 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Animais experimentais 4.2 Drogas e reagentes 4.3 Preparo do extrato de Phyllorhiza punctata 4.4 Isolamento da toxina gama e incubação com morina e cumarina 4.5 Canal deferente isolado de camundongo 4.6 Corpo cavernoso isolado de camundongo 4.7 Preparação do frênico-diafragma 54 54 55 56 56 56 56 57 58 59 59 8 4.8 Preparação de músculo biventer-cervicis 4.9 Protocolos experimentais 4.9.1 Protocolos experimentais com o extrato Phyllorhiza punctata 4.9.2 Protocolos experimentais com a toxina gama 4.10 Análise estatística 4.11 Comitê de ética 5. RESULTADOS 5.1 Resultados do extrato de Phyllorhiza punctata 5.2 Resultados da toxina gama 60 60 61 63 65 65 66 64 92 6. DISCUSSÃO 103 7. CONCLUSÃO 116 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 118 ANEXOS 135 9 LISTA DE ABREVIATURAS ACh Acetilcolina ANOVA Análise de variância ATP Adenosina 5’-trifosfato C Cumarina Ca2+-ATPase Bomba de cálcio CDV Comportas dependentes de voltagem CDT Comportas dependentes do tempo AChE Enzima acetilcolinesterase EC50 50% da resposta máxima EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético EFS Estímulo de campo elétrico EJPs Potencias juncionais excitatórios EPM Erro padrão da média FEN Fentolamina GMPc Guanosina monofosfato cíclica GUA Guanetidina HPLC Cromatografia líquida de alta performance Hz Hertz LID Lidocaína L-NAME NG -nitro-L-arginina-metil-éster M Morina MVD Mouse vas deferens NA Noradrenalina NO Óxido nítrico NOS Óxido nítrico sintetase PHE Fenilefrina PHY-N Toxina da Phyllorhiza punctata RDHP Receptores diidropiridínicos RyR Receptores rianodínicos 10 SDS Dodecil sulfato de sódio Ts g Toxina gama Tsg C Toxina gama modificada com cumarina Tsg M Toxina gama modificada com morina Tsg N Toxina gama nativa Ts Tx Tityus toxina Túbulos T Sistema tubular transverso V Volts 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Distribuição da Phyllorhiza punctata ao longo da costa Pág. 24 brasileira Figura 2 – Phyllorhiza punctata fotografada in situ por Leopoldo Pág. 25 Gerhardinger Figura 3 – Eletroforese bidimensional do extrato de tentáculo da P. Pág. 27 punctata Figura 4 – Escorpião Tityus serrulatus Pág. 30 Figura 5 – Representação esquemática do sistema urogenital de Pág. 33 camundongo macho Figura 6 – Pênis de camundongo Pág. 40 Figura 7 – Representação esquemática da cavidade abdominal de Pág. 42 camundongo Figura 8 – Diagrama da junção neuromuscular Pág. 45 Figura 9 – Mecanismo de acoplamento excitação-contração Pág. 48 Figura 10 – Figura 10 – Registro fisiográfico das contrações induzidas Pág. 65 pelo extrato de Phyllorhiza punctata (PHY-N) (117,2µg/ mL) em canais deferentes de camundongo (MVD) Figura 11 – Registro fisiográfico do efeito do veículo (controle) nas Pág. 66 contrações em canal deferente (MVD) (A). Registro fisiográfico das contrações induzida pelo extrato de Phyllorhiza punctata (PHY-N) (117,2µg/ mL) em MVD (B). Curva dose-resposta para PHY-N em MVD: efeito de aumento das contrações nas concentrações de 0,1 a 3.000ng/ 12 mL. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. (C) Figura 12 – Curva tempo-resposta para Phyllorhiza punctata (PHY-N) em Pág. 67 canal deferente (MVD): curso temporal de decaída da contração induzida pela PHY-N após efeito máximo, comparada com o controle. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. Figura 13 – Registro fisiográfico do efeito da guanetidina e fentolamina na Pág. 66 contração induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito da guanetidina e fentolamina na contração induzida por estimulação elétrica (EFS) e por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (EFS), ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B) Figura 14 – Registro fisiográfico do efeito da fentolamina na contração Pág. 70 induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito de 100µM de fentolamina na contração induzida por estimulação elétrica (EFS) e por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao controle (EFS), ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). Figura 15 – Registro fisiográfico do efeito da NA exógena na contração Pág. 72 induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito de 10µM de noradrenalina (NA) exógena na contração induzida por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=5) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (estimulação elétrica - EFS), ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). 13 Figura 16 – Registro fisiográfico do efeito da lidocaína na contração Pág. 73 induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito da lidocaína (1mM) na contração induzida por estimulação elétrica (EFS) e induzida por PHYN. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (EFS), ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). Figura 17 – Registros preliminares do relaxamento induzido por PHY-N Pág. 75 em corpo cavernoso de coelho pré contraído com 10µM de fenilefrina (PHE) e pronta reversão induzida por 1mM de lidocaína (LID). Figura 18 – Figura 18 – Registro fisiográfico do relaxamento em corpo Pág. 76 cavernoso pré-contraído de camundongo induzido por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito de relaxamento do corpo cavernoso de camundongo pré contraído (1µM de fenilefrina - PHE) induzido por PHY-N (117,2µg/mL), comparado ao controle (estimulo elétrico - EFS, 32Hz, 50V). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, Teste t, teste pareado (B). Figura 19 – Curva tempo-resposta para Phyllorhiza punctata (PHY-N) em Pág. 77 corpo cavernoso de camundongo: curso temporal de relaxamento induzido pela PHY-N (117,2µg/mL) em corpo cavernoso de camundongo précontraído com 1µM de fenilefrina (PHE), comparada com o controle (veículo). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. Figura 20 – Registro fisiográfico do relaxamento em corpo cavernoso de Pág. 79 camundongo pré-contraído induzido por Phyllorhiza punctata (PHY-N) na presença de lidocaína (LID) (A). Efeito do relaxamento induzido por 117,2µg/mL PHY-N + 1mM de LID e LID (1mM) + PHY-N (117,2µg/mL) 14 em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído (1µM de fenilefrina PHE). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). Figura 21 – Figura 21 – Registro fisiográfico do relaxamento induzido por Pág. 80 Phyllorhiza punctata (PHY-N) na presença de NG -nitro-L-arginina-metiléster (L-NAME) em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com fenilefrina (PHE). Efeito do relaxamento induzido por 117,2µg/mL de PHYN na presença de 10µM L-NAME em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com 1µM de PHE, comparado com controle (EFS, 32Hz, 50V) e com relaxamento induzido por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Dunnet. #p<0,05 em relação ao relaxamento induzido por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). Figura 22 – Curso temporal de relaxamento do corpo cavernoso de Pág. 82 camundongo pré-contraído por fenilefrina (PHE) (1µM) induzidos por 117,2µg/mL de Phyllorhiza punctata (PHY-N) na presença de 1mM de LID, comparado com o relaxamento induzido apenas por PHY-N (A). Curso temporal de relaxamento do corpo cavernoso de camundongo précontraído por PHE (1µM) induzido 117,2µg/mL de PHY-N na presença de 10µM de NG -nitro-L-arginina-metil-éster (L-NAME), comparado com o relaxamento induzido apenas por PHY-N (B). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação à PHY-N, Test t. Figura 23 – Registro fisiográfico do efeito do veículo (controle) nas Pág. 84 contrações em frênico-diafragma (A). Registro fisiográfico típico das contrações induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) em frênicodiafragma (B). Curva dose-resposta para PHY-N em frênico-diafragma: efeito da redução da amplitude das contrações nas concentrações de 0,1 15 a 1000 ng/mL (C). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. Figura 24 – – Curva tempo-resposta para Phyllorhiza punctata (PHY-N) Pág. 85 em frênico-diafragma de camundongo: curso temporal do bloqueio induzido por 117,2µg/ mL de PHY-N, após seu efeito máximo, comparada com o controle (veículo). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. Figura 25 – Pinto em óbito apresentaram relaxamento muscular Pág. 87 generalizado, após receberam injeção de galamina (6mg/ Kg) Figura 26 – Pinto em óbito, apresentaram rigidez generalizada da Pág. 87 musculatura esquelética, após receber injeção de succinilcolina (6mg/ Kg). Figura 27 – Comparação visual das diferantes reações de cada animal Pág. 88 logo após o óbito. Á direita, pinto em óbito, apresentado relaxamento muscular generalizado, após receberam injeção de galamina (6mg/ Kg). À esquerda, pinto em óbito, apresentaram rigidez generalizada da musculatura esquelética, após receber injeção de succinilcolina (6mg/ Kg). Figura 28 – Pinto em óbito, apresentaram rigidez local da pata traseira, Pág. 89 após receber injeção de PHY-N (6mg/ Kg). Figura 29 – Registro fisiográfico das contrações induzidas por toxina Pág. 91 nativa (Tsg N) em canal deferente (MVD) (A). Curva dose-resposta para Tsg N, toxina modificada por cumarina (Tsg C) e por morina (Tsg M) (5 mg/mL) em MVD: efeito de aumento da amplitude das contrações nas concentrações de 0,1 a 1.000ng/ mL (B). Curva tempo-resposta para Tsg N e toxinas modificadas Tsg C e Tsg M (5 mg/mL) em MVD: curso temporal de decaída do efeito após contração máxima induzido pelas toxinas modificas, comparadas com Tsg N (C). Dados expressos como 16 média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Turkey-Kramer. Figura 30 – Registro fisiográfico da contração induzida por toxina Pág. 93 modificada por cumarina (Tgs C) na presença de lidocaína (LID) em MVD (A). Efeito da contração induzida por Tgs C (300ng/mL) na presença de LID (1mM). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao estímulo elétrico, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por Tsg N, ANOVA seguido de Turkey (B). Figura 31 – Registro fisiográfico da contração induzida por toxina Pág. 94 modificada por morina (Tgs M) na presença de lidocaína em canal deferente (MVD) (A). Efeito da contração induzida por Tgs M (300ng/mL) na presença de lidocaína (1mM). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao estímulo elétrico, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por Tsg N, ANOVA seguido de Turkey (B). Figura 32 – Registro fisiográfico da contração induzida por toxina Pág. 96 modificada por cumarina (Tgs C) na presença de fentolamina em canal deferente (MVD) (A). Efeito da contração induzida por 300ng/mL de Tgs C na presença de fentolamina (100µM). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por Tsg N, ANOVA seguido de Turkey (B). Figura 33 – Registro fisiográfico da contração induzida por toxina Pág. 97 modificada por morina (Tgs M) na presença de fentolamina em canal deferente (MVD) (A). Efeito da contração induzida por Tgs M na presença de fentolamina (10-2; 50µL). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=8) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por Tsg N, ANOVA seguido de Turkey (B) 17 Figura 34 – Curva tempo-resposta para toxina nativa (Tsg N) e toxinas Pág. 99 modificadas com cumarina (Tsg C) ou morina (Tsg M) (5 mg/mL) em biventer-cervicis de pinto: curso temporal do efeito de bloqueio induzido pelas toxinas, após seu efeito máximo, comparada com o controle. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Turkey. Figura 35 – Massa molecular da toxina nativa (Tsg N), da toxina Pág.100 modificada com morina (Tsg M) e toxina modificada com cumarina (Tsg C) depois da purificação em C18 HPLC (A). Resultados do CD espectro da Ts g N, Tsg M e Tsg C mostraram dados sobre o intervalo de 185-280 nm expressos em unidades de miligraus (B). Fluorescência mensurada para Tsg N, Tsg M e Tsg C (C). Dados cedidos pelo Professor Doutor Marcus Hikari Toyama. Figura 36 – Esquema sugestivo de ação do extrato de Phyllorhiza Pág.104 punctata (PHY-N) 18 LISTA DE ANEXOS ANEXO 1: Resumo publicado no The Journal of Venomous Animals and Pág.135 Toxins including Tropical Diseases em 2007. ANEXO 2: Artigo científico na versão inglês, oriundo dessa dissertação, Pág.137 para submissão em revista científica. 19 RESUMO AVALIAÇÃO DE NEUROTOXICIDADE AUTONÔMICA E NEUROMUSCULAR ESQUELÉTICA DE TOXINAS DE EXTRATO BRUTO DE Phillorhiza punctata E TOXINA DE Tityus serrulatus Mestrado Acadêmico em Ciências Fisiológicas/ Universidade Estadual do Ceará Raquel Felipe de Vasconcelos Carneiro. Orientadora: Cláudia Ferreira Santos Atualmente, tem sido intensificada a pesquisa por novas drogas em venenos e toxinas. As águas-vivas e escorpiões são organismos de relevante importância econômica, ecológica e médica. Esse trabalho mostra a investigação dos efeitos do extrato de tentáculo da água-viva Phyllorhiza punctata (PHY-N) e da toxina do escorpião Tityus serrulatus, em preparações neuromusculares para definir uma caracterização farmacológica dessas toxinas. Esses achados são bastante relevantes para colaborar na descoberta dos mecanismos de ação das mesmas, fornecendo informações adicionais sobre a ação destas e auxiliando no tratamento dos envenenamentos. Para tal, foram utilizadas preparações farmacológicas clássicas de canal deferente (MVD) e corpo cavernoso de camundongo. As contrações induzidas por PHY-N apresentam amplitudes de 395,71 + 42,00%, e são bloqueadas em MVD na presença de guanetidina + fentolamina (92,19 + 2,96%, p<0,05 vs controle) ou apenas fentolamina (79,60 + 7,83%, p<0,05 vs controle), indicando que o efeito da PHY-N é pré-sináptico, mediado por fibras noradrenérgicas e que há participação dos canais de sódio neuronais no mecanismo de ação contrátil da PHY-N em MVD. Em fibras nitrérgicas, PHY-N induziu relaxamento de 84,42 + 14,20% (p<0,05 vs controle). Na presença de L-NAME, PHY-N não foi capaz de induzir relaxamento em corpo cavernoso, indicando que a ação dessa toxina na contração nitrérgica ocorre via liberação do óxido nítrico. PHY-N parece agir como um bloqueador da classe despolarizante, como a succinilcolina in vivo na junção neuromuscular esquelética. Por outro lado, a toxina de Tityus serrulatus na forma nativa (Tsg N) induziu um rápido início de hiperexcitabilidade autonômica e as toxinas modificadas por morina e cumarina não retiveram essa atividade farmacológica. A toxina de Tityus serrulatus modificada com morina (Tsg M) demonstrou ser o mais potente indutor de aumento significativo do tônus. No entanto, não houve modificações no perfil de neurotoxicidade observados com as toxinas de Tityus serrulatus modificada com morina (Tsg M) e com cumarina (Tsg C). PALAVRAS-CHAVES: Phyllorhiza punctata; Tityus serrulatus; Toxicidade; Preparações neuromusculares 20 ABSTRACT NEUROTOXICITY AUTONOMY AND NEUROMUSCULAR SKELETON EVALUATION OF TOXIN FROM CRUDE EXTRACT OF Phillorhiza punctata AND TOXIN FROM Tityus serrulatus Master Scholar in Physiological Sciences / State University of Ceará Raquel Felipe de Vasconcelos Carneiro. Advisor: Claudia Ferreira Santos Currently, has intensified the search for new drugs to poisons and toxins. The jellyfish and scorpions are relevant of economic importance, ecological and medical. This research work shows the effects of the extract of tentacle from jellyfish Phyllorhiza punctata (PHY-N) and the toxin of the scorpion Tityus serrulatus on neuromuscular preparations to establish a pharmacological characterization of these toxins. These findings are very important to cooperate in the discovery of the mechanisms of action of them, providing information about the action and helping those in the treatment of poisoning. To this end, we used pharmacological preparations classic channel deferens (MVD) and corpus cavernosum of mice. The contractions induced by PHY-N were 395.71 + 42.00%, and MVD are blocked in the presence of guanethidine + phentolamine (92.19 + 2.96%, p <0.05 vs control) or just phentolamine (79.60 + 7.83%, p <0.05 vs control), indicating that the effect of N-PHY is pre-synaptic, mediated by noradrenergic fibers and that there is involvement of neuronal sodium channels in the mechanism of action of PHY-N in the MVD. In fiber nitrergics, PHY-N induced relaxation of 84.42 + 14.20% (p <0.05 vs control). In the presence of L-NAME, PHY-N not able to induce relaxation in corpus cavernosum, indicating that the action of this toxin occurs via release of nitric oxide. PHY-N seems to act as a depolarizing blocker class, such as succinylcholine in vivo in skeletal neuromuscular junction. Furthermore, the toxin from Tityus serrulatus native (Tsg N) induced a rapid onset of autonomic hyperexcitability and toxins modified by morin (Tsg M) and coumarin (Tsg C) didn’t retain the pharmacological activity. The modified toxin from Tityus serrulatus with morin has proved the most potent inducer of significant increase in tone. However, no changes in the profile of neurotoxicity observed withTsg M and Tsg C. KEY WORDS: Phyllorhiza punctata; Tityus serrulatus; Toxicity; Neuromuscular preparations 21 1. INTRODUÇÃO 1.1 Venenos e toxinas animais As toxinas animais e seus alvos constituem um notável mundo molecular de complementaridade e diversidade (MÉNEZ, 1998). Os animais aquáticos, por exemplo, utilizam a produção de toxinas como uma tática importante na garantia de sobrevivência nos ecossistemas muito competitivos (JUNQUEIRA, 2006). O veneno de escorpiões, por sua vez, é rica fonte de neurotoxinas capazes de modificar o funcionamento dos canais iônicos (CONCEIÇÃO et al., 2005). Essas toxinas, por tanto, compõem-se em uma rica fonte de agentes bioquímicos ativos, aumentando a relevância de pesquisas nessa área (JUNQUEIRA, 2006). Novas substâncias biologicamente ativas e toxinas presentes em venenos e secreções de animais típicos da biodiversidade brasileira ainda precisam de bastante estudos, representando, portanto, um território rico em possíveis investigações para pesquisadores da área de produtos naturais (MELO; HABERMEHL; OLIVEIRA, 2000). Cerca de 25 a 50% dos produtos descritos na farmacopéia são derivados de plantas e apenas poucas drogas derivam de venenos e toxinas animais (BRADBURY, 2003). Essa escassez parece está relacionada ao fato de que apenas mais recentemente tem sido intensificada a pesquisa por novas drogas em venenos e toxinas (MÉNEZ, 1998; BRADBURY, 2003), apesar do seu constatado uso folclórico em rituais e remédios (ERSPAMER et al., 1993). Nas últimas décadas, as pesquisas para se descobrir e estudar receptores (VITAL-BRAZIL; FONTANA, 1993; UCHITEL, 1997), para investigar vias fisiológicas (HODGSON; WICKRAMARATNA, 2002; CONCEIÇÃO et al., 2005), para descobrir moléculas com uso terapêutico potencial (HARVEY et al., 1998) ou, ainda, para produção de novos medicamentos (KARALLIEDDE, 1995; CLARKE, 1997) vêem apresentando as toxinas de animais, plantas e microorganismos como ferramentas essenciais. 22 1.2 Filo Cnidária e as águas-vivas Na história evolutiva do reino Animal, os cnidários surgiram cedo e se difundiram no final do período Pré-cambriano. O filo Cnidária é de grande importância evolutiva, pois os animais que compõem esse filo são os primeiros a apresentarem tecidos verdadeiros (embora ainda não formem órgãos); uma cavidade digestiva; e movimentos de contração e de extensão do corpo, podendo se locomover (DAVID et al., 2008). A principal característica dos cnidários, que são animais completamente aquáticos (com exceção de alguns poucos, todos são marinhos) (DAVID et al., 2008), é a presença dos tentáculos com os cnidócitos, células especializadas que contêm estruturas urticantes, denominadas nematocistos. Essas células participam da defesa contra predadores e também permitem a captura de presas maiores e mais complexas. Utilizando a substância produzida, os cnidários têm a capacidade de paralisar imediatamente pequenos animais capturados por seus tentáculos. Os nematocistos são também responsáveis pelas queimaduras que algumas águasvivas ou mães-d’águas, e outros cnidários, causam nos banhistas e mergulhadores (HADDAD JR et al., 2002; DAVID et al., 2008). A presença do cnidócito deu nome ao filo Cnidária que, etimologicamente, se origina do grego knida, que significa urtiga (DAVID et al., 2008). Atualmente, existem cerca de 10 mil espécies de cnidários (DAVID et al., 2008), sendo 200 as espécies de cifozoários (MIANZAN; CORNELIUS, 1999). As águas-vivas de cifozoários, que apresentam importante papel nas cadeias alimentares marinhas, são organismos de relevante importância econômica, ecológica e médica, podendo afetar as atividades turísticas e pesqueiras (PURCELL; GRAHAM; DUMONT, 2001). A Chinorex fleckeri, por exemplo, conhecida popularmente como vespa-domar, é um cnidário marinho da classe dos cubozoários, ordem das cubomedusas e da família Chirodropidae, que pode causar ferimentos letais em banhistas. Essa espécie, que costuma atacar nas costas australianas, possui veneno tão poderoso que pode matar uma pessoa adulta em dois minutos. Cada animal carrega veneno 23 suficiente para matar aproximadamente sessenta homens e seu veneno é quinhentas vezes mais potente que o veneno da caravela portuguesa, outra espécie de medusa (LUMLEY et al., 1988; FENNER; HARRISON, 2000). A medusa Chinorex fleckeri vive nas águas do Oceano Pacífico, possuí tentáculos que medem até três metros e seu corpo é do tamanho de uma bola de basquete. Seu veneno é liberado ao mínimo contato com os tentáculos, mesmo que estes não estejam mais ligados ao corpo da água-viva, e, nos seres humanos causa parada cardíaca e respiratória (LUMLEY et al., 1988; FENNER; HARRISON, 2000; TIBBALLS, 2006; KONSTANTAKOPOULOS et al., 2009). C. fleckeri foi rotulada o "mais peçonhento animal" do mundo (TIBBALLS, 2006; KONSTANTAKOPOULOS et al., 2009). Essa espécie de medusa está entre os dois tipos de veneno que são uma preocupação de segurança pública e da população na Austrália (GERSHWIN; DAWES, 2008). 1.2.1 Phyllorhiza punctata A Phyllorhiza punctata é uma água-viva, ou mãe-d’água, do filo Cnidária, ordem Rhizostomeae e família Magistiidae (VON LENDENFELD, 1884; MORANDINI et al., 2005; HADDAD; NOGUEIRA, 2006). Essa espécie é nativa da fauna marinha do Oceano Indo-Pacífico (GRAHAM; PERRY; FELDER, 2001; SOUZA et al., 2007), mas também pode ser encontrada em grande número ao longo da costa brasileira (MORANDINI et al., 2005; HADDAD; NOGUEIRA, 2006; SOUZA et al., 2007). A primeira descrição da Phyllorhiza punctata foi realizada por Port Jackson, ao leste da Austrália com uma distribuição para o Indo-Pacífico (HADDAD; NOGUEIRA, 2006; RIPPINGALE; KELLY, 1995). A última invasão massiva da P. punctata descrita na literatura ocorreu no verão do ano 2000, através do nordeste do Golfo do México, quando cerca de 10 milhões de medusas ocuparam a região do Mississipi (Estados Unidos da América) e se propagaram para o leste da Flórida (GRAHAM; PERRY; FELDER, 2001). Atualmente, a Phyllorhiza punctata pode ser encontrada no Indo-Pacífico (Austrália, Filipinas, Japão), Atlântico norte (Golfo do 24 México), Atlântico sul (Brasil) e Mediterrâneo (costa de Israel) (MORANDINI et al., 2005; SOUZA et al., 2007). Em águas brasileiras, esta água-viva foi primeiro vista em meados de 1950 (HADDAD; NOGUEIRA, 2006). Mais recentemente, uma bem estabelecida população de P. punctata foi encontrada no nordeste da Bahia (SILVEIRA; CORNELIUS, 2000; MORANDINI et al., 2005), sendo também descrito na literatura aparição dessa espécie, no ano de 2001, na costa sudeste (Canal de São Sebastião, no estado de São Paulo) e sul (estados do Paraná e Santa Catarina) do Brasil (Figura 1) (HADDAD; NOGUEIRA, 2006). Durante a primavera, altas concentrações desta água-viva podem ser encontradas ao longo da costa brasileira (SILVEIRA; CORNELIUS, 2000; HADDAD; NOGUEIRA, 2006). No Ceará, foi observada a presença da P. punctata desde 2003, na cidade de Fortaleza (HADDAD; NOGUEIRA, 2006). A Phyllorhiza punctata (Figura 2) é uma grande água-viva, que pode alcançar de 50 a 60 centímetros de diâmetro (VON LENDENFELD, 1884; HADDAD; NOGUEIRA, 2006). A coloração marrom-amarelada, com algumas manchas brancas distribuídas equilibradamente, é também uma característica marcante dessa espécie (VON LENDENFELD, 1984; MORANDINI et al., 2005; HADDAD; NOGUEIRA, 2006). A P. punctata, que apresenta o corpo em formato de sombrinha ou guarda-chuva (umbrela), com uma superfície convexa (superior) e outra côncava (inferior), possuí oito braços orais em forma de “J” (MORANDINI et al., 2005; HADDAD; NOGUEIRA, 2006). Estas estruturas tentaculiformes, localizadas ao redor da boca dessa águaviva, possuem, em suas terminações, grandes pacotes marrons de cnidócitos (VON LENDENFELD, 1884; MORANDINI et al., 2005). O ciclo de vida da P. punctata abrange duas fases distintas, o estágio séssil de pólipo e o estado de livre-nadador da medusa (SOUZA et al., 2007). A medusa adulta, que tipicamente flutua com a boca e os tentáculos virados para baixo, é comumente referida como água-viva (VON LENDENFELD, 1884). 25 Figura 1 - Distribuição da Phyllorhiza Punctata ao longo da costa brasileira. FONTE: HADDAD; NOGUEIRA, 2006 26 Figura 2 - Phyllorhiza punctata fotografada in situ por Leopoldo Gerhardinger. FONTE: HADDAD; NOGUEIRA, 2006 27 A reprodução da P. punctata envolve uma estratégia reprodutiva denominada alternância de gerações, cuja reprodução assexuada do estágio de pólipo é alternada com a reprodução sexuada do estágio medusóide. O ciclo de reprodução dos cifozoários, de uma forma geral, é determinado pelo estágio medusóide. Essa espécie gelatinosa e natante apresenta alimentação composta por crustáceos planctônicos, ovos de peixes e larvas (VON LENDENFELD, 1884). 1.2.2 Extrato de tentáculo da Phyllorhiza punctata Espécies de venenos têm sido identificadas em vários filos do reino animal; entre eles os Cnidários, Platelmintos, Ecnodermatas, Molusco, Anelídeos, Artrópodes e Cordatos. Grande variedade de toxinas animais, como por exemplo de serpentes, escorpiões, caracóis, aranhas, anêmonas-do-mar, entre outros, tem sido isolada e extensivamente estudada no concernente as suas propriedades estruturais e funcionais (MÉNEZ,1998). Comparações toxinológicas de outros cifozoários medusóides (Cassiopea andromeda, Cassiopea xamachana e Aurelia aurita) são relatadas na literatura (RADWAN et al., 2001). No entanto, pouco existe na literatura sobre o veneno da água-viva da espécie Phyllorhiza punctata. Resultados de eletroforese bidimensional realizados pelo professor Doutor Marcos Hikari Toyama, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), mostram a presença de dois grupos predominantes de proteínas, um com uma massa molecular ao redor de 15kDa e a outra ao redor de 35kDa (Figura 3). A análise da eletroforese bidimensional mostra também a presença abundante de proteínas ácidas. 1.3 Filo Artrópode e os escorpiões O filo Artrópode é composto pela maior quantidade de espécies do Reino Animal, compreendendo aproximadamente ¾ do total das espécies conhecidas. A presença dos artrópodes pode ser verificada nos mais diversificados ambientes: desde grandes altitudes até grandes profundidades nos oceanos. A característica 28 Figura 3 – Eletroforese bidimensional do extrato de tentáculo da P. punctata FONTE: Cedida pelo professor Doutor Marcos Hikari Toyama (UNESP) 29 mais marcante dos artrópodes é a presença de um exoesqueleto quitinoso que reveste todo o corpo do animal. Esta característica foi de extrema importância para o sucesso ecológico deste grupo. Esse exoesqueleto é constituído por placas que se articulam e propiciam movimentos no corpo e apêndices do animal. A presença de pernas articuladas deu origem ao nome deste grupo, já que, etimologicamente, arthro significa articulação e poda, pés. As classes Insecta, Crustacea, Arachnida, Chilopoda e Diplopoda compõem o Filo Artrópode. Dessa forma, moscas, baratas, siris, camarões, aranhas, carrapatos, escorpiões, entre outros, são exemplos de animais pertencentes a esse filo (MINEO; FRANCO-ASSIS; DEL-CLARO; 2003). A ordem Scorpiones é composta por 1.189 espécies conhecidas, distribuídas em 13 famílias. Os escorpiões são animais vivíparos de hábitos noturnos. Geralmente, vivem sob troncos e pedras, em solo úmido das matas ou em areia de regiões secas, podendo adentrar residências humanas (MINEO; FRANCO-ASSIS; DEL-CLARO; 2003; LOURENÇO, 2008). Os escorpiões podem causar perigo para os seres humanos. Estes animais possuem uma quilha longitudinal ao longo do corpo e um espinho sob o ferrão do aguilhão. Algumas espécies de escorpião podem erguer suas caudas em posição de ataque e inocular veneno pelo ferrão para capturar presas e/ou como mecanismo de defesa (MINEO; FRANCO-ASSIS; DEL-CLARO, 2003; PLESSIS; ELGAR; PLESSIS, 2008). As manifestações de envenenamento em seres humanos incluem dor local, hipersalivação, vômitos, diarréias, sudorese, agitação psicomotora e diferentes sintomas cardiorrespiratórios, como hipertensão, arritmias cardíacas e edema pulmonar, podendo causar a morte (BORGES et al., 2000; ALVES et al., 2005; BARÃO; BELLOT; DORCE, 2008; CÂNDIDO, 2008). Em seres humanos, esses sinais e sintomas do envenenamento por escorpião se devem a presença de proteínas de baixo peso molecular no veneno destes animais. As mais reativas dessas proteínas são as α e β toxinas que são capazes de se ligarem aos domínios extracelulares dos receptores nicotínicos, nos sitos três e quatro, respectivamente, dos canais de sódio voltagem-dependente (CASTELE; CATTERALL, 2000). 30 Das treze famílias existentes de escorpião, somente a família Buthidae pode provocar acidentes de maior gravidade (ANDRADE FILHO et al., 2001). Os escorpiões de interesse da comunidade médica brasileira estão agrupados no gênero Tityus e entre as mais importantes espécies deste grupo estão T. bahiensis, T. stigmurus e a T. serrulatus (BARÃO; BELLOT; DORCE, 2008). Dentre elas, a espécie Tityus serrulatus é uma das principais envolvidas nesse tipo de acidente (ANDRADE FILHO et al., 2001). No Brasil, a espécie T. serrulatus é responsável por muitos casos de envenenamento (CONCEIÇÃO et al., 2005; CÂNDIDO, 2008). 1.3.1 Tityus serrulatus O escorpião brasileiro Tityus serrulatus (Figura 4), popularmente conhecido como escorpião amarelo, pertence ao filo Artrópode, classe Arachnidea e ordem Scorpionidae (ANDRADE FILHO et al., 2001). Este animal apresenta cor amarelo claro, com manchas escuras sobre o tronco e possuí uma cauda que pode medir sete centímetros de comprimento. A espécie recebe este nome devido à presença de uma serrilha no quarto segmento do abdome (MINEO; FRANCO-ASSIS; DELCLARO; 2003). O gênero Tityus, primitivamente, habita o cerrado e campos abertos, porém tornou-se bem adaptado à vida em domicílios humanos (SOARES; AZEVEDO; DEMARIA, 2002). O escorpião T. serrulatus tornou-se uma das mais estudadas espécies de escorpião tanto pela ampla distribuição em centros urbanos populosos quanto pela alta toxicidade do seu veneno, o que caracteriza esta espécie como a mais perigosa do Brasil (ALVES et al., 2005; BARÃO; BELLOT; DORCE, 2008). O T. serrulatus é uma das espécies predominantes do sudeste do Brasil (BARÃO; BELLOT; DORCE, 2008), principalmente nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo, estando presente em estados como Bahia e Ceará (região nordeste), Goiânia e Distrito Federal (região centro-oeste) e Paraná e Rio Grande do Sul (região sul) (INSTITUTO BUTANTAN, s/d). Esta espécie se caracteriza também por reproduzir-se partenogeneticamente, ou seja, o óvulo se desenvolve sem a necessidade de fecundação, sendo, conhecidas apenas 31 Figura 4 – Escorpião Tityus serrulatus FONTE: INSTITUTO BUTANTAN, s/d http://www.butantan.gov.br/materialdidatico/numero4/imagens/Tityus-serrulatus.jpg 32 os animais fêmeas (ANDRADE FILHO et al., 2001; MINEO; FRANCO-ASSIS; DELCLARO; 2003; LOURENÇO, 2008). A vida média do escorpião T. serrulatus varia de três a cinco anos, apresentando apenas uma ninhada por ano. A expansão desta espécie ocorre de forma contínua devido ao transporte desses animais via estradas e ferrovias até se estabelecerem em regiões habitadas pelos seres humanos (LOURENÇO, 2008). Este escorpião, que possui hábitos noturnos, é capaz de sobreviver até dois anos sem alimentação. Quando molestado, ele ataca com intensa ferroada sendo capaz de matar crianças e pequenos animais. Mesmo para adultos, sua picada pode ser fatal (INSTITUTO BUTANTAN, s/d). 1.3.2 Toxina do Tityus serrulatus O veneno do escorpião Tityus serrulatus é formado por uma mistura complexa de peptídeos tóxicos e não tóxicos, além de outros constituintes, como os aminoácidos, nucleotídeos, serotonina, enzimas, entre outros (PLESSIS; ELGAR; PLESSIS, 2008). Os sintomas e sinais observados no envenenamento desse escorpião têm sido atribuídos a ativação dos canais de sódio através da liberação de neurotransmissores nas terminações nervosas autonômicas. As picadas também podem produzir lesões que podem induzir uma resposta inflamatória sistêmica com consequente liberação de citocinas e também pode estimular a liberação de catecolaminas, bradicininas e prostaglandinas (ALVES et al, 2005). As neurotoxinas presentes no veneno de T. serrulatus podem alterar especificamente a função de canais de sódio, potássio, cloreto e cálcio (PLESSIS; ELGAR; PLESSIS, 2008). A consequente desordem desses canais gera a liberação de muitos neurotransmissores no sistema nervoso central ou autonômico (PESSINI et al., 2003; CONCEIÇÃO et al., 2005). Essas frações tóxicas do veneno podem ser separadas através do processo de cromatografia líquida de filtração molecular e troca iônica, obtendo-se duas frações principais: a Ts g (toxina gama) e a TsTx (tityus toxina) (GOMES; DINIZ, 1996), sendo esta última composta por um pool de 33 diversos peptídeos (ARANTES et al., 1992). Essas toxinas isoladas podem ser ordenadas em α e β toxinas (PLESSIS; ELGAR; PLESSIS, 2008). As α-toxinas retardam a inativação dos canais de sódio e, portanto, induzem o prolongamento da fase de despolarização do potencial de ação (CASTELE; CATTERALL, 2000; CONCEIÇÃO et al., 2005). As β-toxinas, por sua vez, deixam o potencial de membrana mais eletronegativo, através da inativação dos canais de sódio voltagem-dependentes (CASTELE; CATTERALL, 2000). Um dos elementos mais abundantes da toxina do escorpião T. serrulatus é uma β-toxina (CONCEIÇÃO et al., 2005). A ação sobre os canais iônicos, mais especificamente sobre os canais de sódio, leva a uma despolarização nervosa e a consequente ação do veneno de T. serrulatus sobre os receptores pós-juncional (TEIXEIRA et al., 2003). 1.4 Canal deferente de camundongo Os canais deferentes, constituintes do aparelho reprodutor masculino, são tubos com inervação predominantemente simpática (STÄRNE, 1989; CONCEIÇÃO et al., 2005), cuja função é contrair-se fortemente durante a ejaculação para expelir, de modo unidirecional, o esperma através da uretra (Figura 5). O canal deferente de roedores (cobaios, ratos e camundongos) é constituído por três camadas de músculo liso: interna, externa e circular; esta localizada entre as duas primeiras. Esse arranjo morfológico se desfaz em alguns pontos e é menor nas regiões epididimais (BURNSTOCK, 1986). Através da estimulação elétrica da inervação de preparações isoladas, a neurotransmissão no canal deferente de roedores é estudada; por meio da aplicação de estímulos em pulsos simples ou trens de estímulo (VENTURA, 1998). As contrações musculares são mensuradas pela liberação de noradrenalina (NA) e adenosina 5’-trifosfato (ATP), agindo como cotransmissores (WITT; KRAMER; BURKS, 1991; CONCEIÇÃO et al., 2005). 34 Figura 5 – Representação esquemática do sistema urogenital de camundongo macho FONTE: NATIONAL INSTITUTE OF ALLERGY AND INFECTIOUS DISEASES. Disponível em http://www3.niaid.nih.gov/labs/aboutlabs/cmb/InfectiousDisease Pathogenesis Section/mouseNecropsy/step5Urogenital.htm 35 1.4.1 Inervação do canal deferente Os canais deferentes são possuidores de densa inervação simpática. A camada longitudinal muscular do canal deferente de camundongo (mouse vas deferens – MVD) é inervada por nervos simpáticos pós-ganglionares (SJÖSTRAND, 1965), cujos corpos estão situados nos gânglios pélvicos, que, por sua vez, recebem aferências derivadas dos nervos pré-ganglionares hipogástricos (BROCK; CUNNANE, 1992). As fibras varicosas terminais se subdividem repetidamente e compõem um denso plexo tridimensional (SJÖSTRAND, 1965). Cerca de dois milhões de varicosidade por milímetro cúbico, cujo tamanho e distância entre elas são de aproximadamente 1µm e 4 a 5µm, respectivamente (BENNETT; LAVIDIS, 1993; BENNET, 1997), formam esse plexo ao redor de todas as células musculares. Cada célula muscular, em MVD, apresenta de 1 a 5 varicosidades juncionais (separação neuromuscular < 20nm) e 80 varicosidades não-juncionais (separação neuromuscular > 100nm) (MERRILLEES, 1968; BENNET, 1972; BENNET; BARDEN, 2001). As unidades funcionais, no entanto, são grupos formados por 15 células musculares eletricamente acopladas, que são inervadas por 15 a 75 varicosidades juncionais e 1.200 varicosidade não-juncionais (FURNESS; IWAYAMA, 1972). Cada impulso nervoso de baixa freqüência alastra-se por todas as regiões dos terminais, liberando um quanta de neurotransmissor em aproximadamente 1% das varicosidades (CUNNANE; STJÄRNE, 1984). 1.4.2 Estudos in vitro com transmissão neuromuscular simpática O canal deferente de roedor é considerado uma preparação clássica para elucidar a transmissão neuromuscular autonômica. Esta preparação tem sido utilizada em estudos que visam à estrutura da junção formada entre varicosidades nervosas simpáticas e o músculo liso (RICHARDSON, 1958), assim como na 36 identificação de zonas ativas nessas varicosidades terminais (BRAIN; COTTEE; BENNETT, 1997). Estudos estruturais e funcionais têm contribuído muito no esclarecimento do mecanismo de transmissão neuromuscular autonômica. A liberação do neurotransmissor das terminações nervosas autonômicas, seguida da estimulação nervosa, tem sido estudada pela mensuração da contração muscular (STJÄRNE; ÄSTRAND, 1984; AMOBI; SUGDEN; SMITH, 1999), do fluxo de transmissores e seus metabólitos (TODOROV et al., 1999), do registro intracelular ou extracelular de potenciais/correntes juncionais (BURNSTOCK; HOLMAN, 1961; BROCK; CUNNANE, 1987, 1988; LAVIDIS; BENNET, 1992) e medições de íons cálcio nas varicosidades (BRAIN; COTTEE; BENNET, 1997; BRAIN et al., 2002) e no músculo (BRAIN et al., 2002; BRAIN et al., 2003). Todavia, há discrepâncias entre valores mensurados que podem ocorrer devido ao uso de diferentes metodologias. 1.4.2.1 Registros mecânicos da contração muscular A resposta da musculatura lisa à liberação do neurotransmissor pode ser registrada pela mensuração das contrações neurogênicas. Essa resposta neurogênica é bifásica e consiste em uma inicial e rápida contração muscular (componente rápido), mediada por ATP, e uma seguida contração mantida (componente lento), mediada por NA (KÜGELGEN; STARKE, 1991; SNEDDON; WESTFALL; KENNEDY, 1996; CONCEIÇÃO et al., 2005). Os componentes farmacologicamente isolados “purinérgicos” e “noradrenérgicos” da contração muscular induzida por estimulação nervosa são, por vezes, utilizadas para acessar a liberação de ATP e NA (WITT; KRAMER; BURKS, 1991). A existência de diversos tipos e subtipos de receptores purinérgicos (BARDEN; COTTEE; BENNETT, 1999) e adrenérgicos (AMOBI; SUGDEN; SMITH, 1999; DOCHERTY, 1998) na junção neuromuscular é uma dessas variáveis. A ativação de diferentes receptores pelo mesmo neurotransmissor ocasiona diversos 37 efeitos, em qualidade e intensidade, de origem pré e/ou pós-sináptica, na contração muscular mensurada. Outra variável são os diferentes valores de freqüência do estímulo elétrico utilizado que conduzem a diferentes cinéticas para os neurotransmissores envolvidos, pois as quantidades e proporções dos neurotransmissores liberados nas varicosidades estão relacionadas aos parâmetros elétricos utilizados (TODOROV et al., 1999). Além disso, as diferentes vidas médias dos neurotransmissores e, consequentemente, seus tempos de ativação dos receptores são determinados pelos diversos tipos de metabolização dos neurotransmissores (STJÄRNE et al., 1994; STJÄRNE; STJÄRNE, 1995). 1.4.3 Contração neurogênica em canal deferente de roedor 1.4.3.1 Cotransmissão de NA e ATP Hermann Blaschko, nos anos 50, foi um dos primeiros pesquisadores a propor a co-estocagem de ATP e catecolaminas nas células cromafins da medula adrenal (BLASCHKO et al., 1956). A partir destas células, a co-liberação de ATP e NA foi demonstrada nessa mesma década (CARLSSON; HILLARD; HOKFELT, 1957). Burnstock, inspirado nos trabalhos de Blaschko e de outros autores da época, propôs a existência de nervos não-adrenérgicos não-colinérgicos no intestino (BURNSTOCK et al., 1970). Resultados mais evidentes foram obtidos no trabalho de Burnstock, Che Su e John Bevan que estimularam eletricamente os nervos simpáticos periarteriais entéricos de cobaios pré-incubados com [3H]adenosina e observaram a liberação de trítio e NA, e a possibilidade de bloqueio por guanetidina (SU; BEVAN; BURNSTOCK, 1971). Desde então, originou-se o termo “nervos purinérgicos” (BURNSTOCK, 1972). A teoria predominante até então era a de que cada nervo liberava apenas um neurotransmissor. Burnstock (1976) introduziu, então, a hipótese da cotransmissão que incluía a sugestão de que NA e ATP podiam ser cotransmissores em nervos simpáticos. As evidências mais consistentes para a cotransmissão simpática foram 38 obtidas através de estudos com canal deferente; inicialmente realizadas por Westfall e colaboradores (1978). No início da década de 60, Burnstock e Holman (1961, 1966) realizaram os primeiros registros de potenciais juncionais excitatórios (EJPs) em canal deferente de cobaio. Nessa época, tendo em vista a ampla inervação simpática desse tecido e, devido ao fato que esses potenciais podiam ser abolidos por agentes bloqueadores neuronais, como butílio e guanetidina, acreditava-se que a noradrenalina fosse o mediador responsável pelos EJPs (BURNSTOCK; HOLMAN, 1966). Todavia, com o estabelecimento do ATP como neurotransmissor, nas décadas de 80 e 90, e com a ampla aceitação de que os nervos poderiam liberar vários neurotransmissores, o canal deferente ressurge como um bom exemplo para essas idéias. Os estudos com EJPs nesse tecido ganharam novas evidências e interpretações. Estudos com EJPs de canal deferente e de tecidos arteriais obtiveram alguns resultados que foram marcantes no estabelecimento definitivo do ATP na cotransmissão simpática. Um desses resultados foi que os EJPs eram resistentes a agonistas α-adrenérgicos (por exemplo, fentolamina e prazosina) ou persistiam em animais tratados com reserpina, que eliminava aproximadamente 99% dos estoques de NA nos nervos (SNEDDON; WESTFALL; FEDAN, 1982; SNEDDON; WESTFALL, 1984). Outro resultado importante foi que os EJPs podiam ser abolidos por antagonistas P2x-purinérgicos (por exemplo, arilazido-aminopropionil-ATP) (FEDAN et al., 1981; SNEDDON; WESTFALL; FEDAN, 1982) ou após dessensibilização dos receptores P2-purinérgicos com a,β-metileno ATP (KASAKOV; BURNSTOCK, 1982; MELDRUM; BURNSTOCK, 1983; SNEDDON; BURNSTOCK, 1984; STJÄRNE; ÄSTRAND, 1984). O fato de o ATP de origem exógena produzir EJPs semelhante aos de origem neuronal, enquanto que a NA exógena não produzia, também foi um achado importante (SNEDDON; WESTFALL, 1984). Dessa forma, os componentes purinérgicos e adrenérgicos da cotransmissão simpática em canal deferente de roedores, responsáveis pelos acoplamentos eletromecânico e farmacomecânico, respectivamente, são amplamente aceitos (WITT; KRAMER; BURKS, 1991; AMOBI; 39 SUGDEN; SMITH, 1999; BRAIN et al., 2002; BURNSTOCK, 2004; CONCEIÇÃO et al., 2005). 1.4.3.2 Contração bifásica e cinética dos neurotransmissores A contração neurogênica em canal deferente de roedor é mediada, principalmente, por NA e ATP (VENTURA, 1998; CONCEIÇÃO et al., 2005). Os efeitos pós-sinápticos de ATP são mediados via receptores ionotrópicos P2xpurinoceptores, e os efeitos de NA são mediados por receptores metabotrópicos α1adrenérgicos, acoplados a proteína G (BURNSTOCK, 1990). A contração muscular, resposta mecânica ao estímulo elétrico, como afirmado anteriormente, é bifásica (VENTURA, 1998; CONCEIÇÃO et al., 2005). A primeira fase da contração é rápida e mediada primariamente por ATP, enquanto a segunda fase é lenta e mediada por NA (TODOROV et al., 1999; CONCEIÇÃO et al., 2005). Os mecanismos de clearence dos neurotransmissores (ATP e NA) são diferentes. O ATP é inativado por uma ATP-ase (KENNEDY et al., 1996) e sua vida média na varicosidade, junto aos receptores P2x-purinérgicos, é de 50 a 100 milissegundos (CUNNANE; MANCHANDA, 1988). O componente NA, por sua vez, é relativamente mais estável ao metabolismo no meio extracelular, sendo eliminado por captação neuronal ou extraneuronal e por difusão (STÄRNE, 1989). A vida média da NA é estimada em 1500 a 5000 milissegundos (GONON; MSGHINA; STJÄRNE, 1993). Há algum tempo, era amplamente aceito que ambos os neurotransmissores, ATP e NA, seriam estocados nas mesmas vesículas sinápticas, liberados e apresentados aos receptores simultaneamente e em proporções constantes (STJÄRNE et al., 1994; TODOROV et al., 1996). Todavia, em canais deferentes, e em outros nervos simpáticos, ATP e NA podem ser estocados em vesículas sinápticas separadas e podem ser liberados via mecanismos distintos (BROCK; CUNNANE, 1999; TODOROV et al., 1996; STJÄRNE, 2001). Stjärne (2001) sugere a existência de duas classes de vesículas pequenas que contém diferentes quanta de neurotransmissores e que os receptores em suas membranas possuem diferentes afinidades por cálcio. 40 1.5 Corpo cavernoso de camundongo O pênis, outro componente do aparelho reprodutor masculino, é constituindo, entre outros, por dois corpos cavernosos paralelos que oferecem estrutura para o esse órgão e, ainda, agem como reservatório de sangue no estado erétil (Figura 6). Esses corpos cavernosos são envoltos em uma camada fibrosa, denominada túnica albugínea (MURAKAMI, 1987; ANDERSSON; WAGNER, 1995). No estado flácido, as trabéculas do músculo liso dos corpos cavernosos estão contraídas, permitindo apenas pequeno fluxo arterial. Todavia, a liberação de neurotransmissores, em resposta a estimulação sexual, gera o relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso, aumento do fluxo sangüíneo para estes tecidos, e consequente ereção peniana (BURNETT et al., 1992; HEDLUND et al., 2000). A ereção peniana é, portanto, um evento hemodinâmico que ocorre em resposta à liberação de óxido nítrico (NO) dos nervos parassimpáticos nãoadrenérgicos e não-colinérgicos e do endotélio vascular (ANDERSSON; WAGNER, 1995). Durante a ereção, principalmente através da estimulação parassimpática, o músculo liso do corpo cavernoso relaxa, por meio dos neurotransmissores NO e, em seguida, guanosina monofosfato cíclica (GMPc). Após a ejaculação ou cessação do estímulo, a dominância parassimpática decai e a descarga simpática gera contração do músculo liso, através da liberação do neurotransmissor NA, gerando a fase de detumescência peniana (LUE, 2002; WERNER et al., 2005). 1.5.1 Inervação do corpo cavernoso A inervação autonômica do sistema reprodutor masculino é caracterizada pela presença de fibras parassimpáticas e simpáticas (LUE, 2001). A inervação autonômica parassimpática localiza-se na medula sacral e é responsável pela liberação do NO nas terminações nervosas no corpo cavernoso. Estes neurotransmissores irão provocar relaxamento da musculatura lisa cavernosa, vasodilatação arteriolar e ereção peniana (LUE, 2001; WERNER et al., 2005). 41 Figura 6 – Pênis de camundongo FONTE: MIZUSAWA et al., 2001 42 Em camundongos, a enzima produtora de NO, a NO-sintetase (NOS), localiza-se no nervo peniano dorsal e seus ramos estendem-se para o pênis do camundongo (BURNETT et al., 1992). Após a liberação, NO ativa a guanilil ciclase solúvel nas células musculares lisas adjacentes, resultando em um aumento da produção de GMP cíclico, que, por sua vez, transmite sinais que modificam canais iônicos, fosfodiesterases e proteínas quinases (LINCOLN; CORNWELL, 1993). Na década de 80, as ações biológicas do óxido nítrico foram descobertas. Sugeriu-se, então, que este poderia ser o mediador inibitório liberado a partir dos nervos não-adrenérgicos e não-colinérgicos. Essa descoberta já é amplamente aceita e a transmissão mediada por NO pelos nervos não-adrenérgicos e nãocolinérgicos é conhecida como transmissão nitrérgica. (CELLEK; MONCADA, 1997; MONCADA; HIGGS; FURCHGOTT, 1997). O termo “nitrérgico” é aplicado, então, aos nervos cuja transmissão é dependente da liberação de NO ou aos mecanismos de transmissão que são trazidas pelo NO (MONCADA; HIGGS; FURCHGOTT, 1997). A inervação autonômica simpática, por sua vez, tem origem na décima primeira vértebra torácica estendendo-se até a segunda vértebra lombar. Essas fibras, que se unem no plexo hipogástrico, liberam a NA como neurotransmissor e são responsáveis pela detumescência peniana (LUE, 2001). 1.6 Músculo diafragma de camundongo O diafragma é um músculo estriado esquelético em forma de cúpula (Figura 7). Este músculo, que separa as cavidades torácica e abdominal, apresenta contrações contínuas e rítmicas devido aos padrões de atividade motora associada à respiração, tornando essa musculatura uma das mais ativas do corpo humano (BERNE; LEVY, 2000; ROWLEY; MANTILLA; SIECK, 2005). Como outros músculos esqueléticos, o diafragma desenvolve força dependente de seu comprimento inicial e da força que se opõe ao encurtamento, 43 1. Glândulas Salivares 2. Caixa torácica 3. Músculo Diafragma 4. Fígado 5. Intestinos 6. Glândula Bulbouretral 7. Testículo com Epidídimo Figura 7 – Representação esquemática da cavidade abdominal de camundongo macho FONTE: NATIONAL INSTITUTE OF ALLERGY AND INFECTIOUS DISEASES. Disponível em http://www3.niaid.nih.gov/labs/aboutlabs/cmb/InfectiousDisease PathogenesisSection/mouseNecropsy/step4Abdominal.htm 44 que variam com a postura e com os esforços necessários exigidos pela expansão da parede torácica e pela resistência ao fluxo de ar, respectivamente. O fornecimento de sangue ao diafragma ocorre através dos ramos das artérias intercostais e as veias drenam para veia cava inferior (BERNE; LEVY, 2000). 1.6.1 Inervação do músculo diafragma O plexo cervical é constituído pelos ramos ventrais dos quatro nervos cervicais superiores e inerva alguns músculos do pescoço, o diafragma e áreas da pele na cabeça, pescoço e tórax. Os nervos cervicais emergem da coluna e cada nervo se reúne a um ramo comunicante cinzento do tronco simpático, através do qual recebe fibras vasomotoras. Esse plexo é constituído em duas partes principais: superficial e profunda. A parte superficial é constituída por fibras essencialmente sensitivas, que inervam o músculo esternocleidomastóideo, a pele na região circunvizinha, o pavilhão da orelha, a pele do pescoço e a região próxima à clavícula. A parte profunda do plexo, por sua vez, é constituída por fibras motoras, destinando-se à musculatura ântero-lateral do pescoço e ao diafragma. Para isso, encontram-se duas formações importantes que são a alça cervical e o nervo frênico (KINGSLEY, 2001). O diafragma, portanto, é inervado pelos nervos frênico direito e esquerdo, que, por sua vez, são formados por fibras motoras que se originam nos terceiro a quinto segmentos cervicais da medula espinhal e descendem lateralmente no mediastino para as folhas direita e esquerda do diafragma (BERNE; LEVY, 2000). 1.6.1.1 Junção neuromuscular frênico-diafragma O ponto de comunicação entre o nervo e músculo, denominado junção neuromuscular, tem a função de traduzir um impulso elétrico, potenciais de ação resultantes da ação dos canais iônicos regulados por voltagem, em outro impulso químico, potenciais pós-sinápticos resultantes da fixação de ligantes químicos a receptores específicos, e, em seguida, em um novo estímulo elétrico, propagação do 45 potencial, que desencadeia a contração muscular (KINGSLEY, 2001). Os canais de sódio e potássio são os principais responsáveis pela condução do potencial de ação, portanto, a amplitude e duração do potencial de ação nos nervos terminais são controladas por esses canais (BOONYAPISIT; KAMINSKY; RUFF, 1999). A junção neuromuscular (Figura 8) é uma estrutura complexa composta pelo nervo motor terminal, superfície pós-sináptica do músculo, lâmina basal especializada e células de Schwann associadas (BOONYAPISIT et al., 1999). O nervo motor terminal possui botões sinápticos que contém grande número de vesículas sinápticas. Acetilcolina (ACh) é armazenada nessas vesículas, que ficam alinhadas próximas aos sítios de liberação no nervo terminal. O primeiro passo para a geração de potencial de placa motora no músculo é a fusão de vesículas sinápticas com a membrana do nervo terminal , causando à liberação de ACh. Com a condução do potencial de ação ao longo do axônio do neurônio motor, influxo de cálcio (Ca2+) através de canais de cálcio voltagem-dependente no nervo terminal inicia a fusão das vesículas sinápticas. Essas vesículas, então, se fundem à membrana plasmática para libertar os seus conteúdos na direção da membrana muscular pós-sináptica (BOONYAPISIT; KAMINSKY; RUFF, 1999; KINGSLEY, 2001). Cada vesícula sináptica libera cerca de 10.000 moléculas de ACh para a fenda sináptica, espaço entre o botão sináptico e a célula pós-sináptica. ATP também é liberado por vesículas sinápticas e pode agir modulando a sensibilidade do transmissor. A difusão de ACh na fenda sináptica é muito rápido devido à pequena distância a ser percorrida e a relativamente alta difusão constante da acetilcolina (BOONYAPISIT; KAMINSKY; RUFF, 1999; BERNE; LEVY, 2000; KINGSLEY, 2001). Após difusão da ACh pela fenda sináptica, há a consequente ligação desse neurotransmissor com as proteínas receptoras específicas, denominadas receptores nicotínicos, localizadas na superfície externa da membrana plasmática da célula muscular (HILLE, 1992; BOONYAPISIT; KAMINSKY; RUFF, 1999). A concentração de receptores de ACh na placa terminal é de cerca de 15.000 a 20.000 receptores/mm2. Fora da região da placa motora essa concentração é 1.000 vezes 46 Figura 8 – Diagrama da junção neuromuscular FONTE: MARIEB; HOEHN, 2008 47 menor (BOONYAPISIT; KAMINSKY; RUFF, 1999). Essas proteínas apresentam uma distribuição topográfica na membrana pós-sináptica, agindo como um canal operado por ligante, ou seja, operado pelo neurotransmissor (HILLE, 1992). A ligação do neurotransmissor ao receptor aumenta a condutância dessa membrana pós-juncional ao sódio (Na+) e ao potássio (K+), permitindo o influxo de Na+ a favor do seu gradiente eletroquímico e efluxo de íons K+. O influxo de íons Na+ será maior que o efluxo de íons K+ porque o gradiente eletroquímico do Na+ é maior do que para o K+. Como resultado desses eventos, ocorre a despolarização transitória da membrana pós-sináptica (HILLE, 1992; BOONYAPISIT; KAMINSKY; RUFF, 1999; BERNE; LEVY, 2000). Com a despolarização da placa motora, as regiões da membrana da célula muscular adjacentes a junção neuromuscular, consequentemente, se despolarizam por condutância eletrotônica. À medida que essas regiões atingem seus limiares são gerados potenciais de ação que se propagam pela célula muscular. Esses potenciais se propagarão com grande velocidade, tanto longitudinalmente quanto radialmente, por toda a fibra muscular, desencadeando a sequencia de eventos que gera a contração muscular (HILLE, 1992; BOONYAPISIT; KAMINSKY; RUFF, 1999; BERNE; LEVY, 2000). A enzima acetilcolinesterase (AChE) termina a ação da ACh na célula muscular e impede os receptores de acetilcolina de serem repetidamente ativados. AChE remove esse neurotransmissor da fenda sináptica por hidrólise. ACh também pode ser removida por difusão (BOONYAPISIT; KAMINSKY; RUFF, 1999; BERNE; LEVY, 2000; KINGSLEY, 2001). Com a propagação do potencial de ação pela célula muscular, a onda de despolarização, que percorre o sarcolema, atinge as regiões mais internas da célula muscular por conta do sistema tubular transverso (túbulo T). Esse sistema é constituído pelas invaginações do sarcolema das fibras musculares esqueléticas que se projetam perpendicularmente ao eixo longitudinal da fibra (MOSS; HOFMANN, 1992; BERNE; LEVY, 2000). 48 Existem proteínas localizadas na membrana do sistema tubular transverso que são sensíveis à variação do potencial transmembrana. Essas proteínas são denominadas receptores diidropiridínicos (RDHP) porque drogas do grupo das diidropiridinas se ligam especificamente a elas. Esses RDHP agem também como canais lentos de cálcio (canais do tipo L) (RIOS; BRUM, 1987) e estão intimamente associados às proteínas localizadas na membrana da cisterna terminal do retículo sarcoplasmático, denominadas receptores rianodínicos (RyR). Estas proteínas, assim denominadas devido à grande afinidade do alcalóide rianodina por elas, funcionam como canais libertadores de Ca2+ do reticulo sarcoplasmático para o sarcoplasma (FRANZINI-ARMSTRONG; PROTASI, 1997; RANGE; DALE; RITTER, 2001; FIIL; COPELLO, 2002). Ao percorrer o sarcolema e alcançar o sistema tubular transverso, a onda de despolarização gera modificações na conformação dos RDHP. Essas modificações, por sua vez, alteram a condutância dos receptores rianodínicos que, consequentemente, promovem a liberação de Ca2+ das cisternas terminais do retículo sarcoplasmático da fibra muscular (DULHUNTY et al., 2002). Após o mecanismo de acoplamento excitação-contração supracitado (Figura 9), o Ca2+ se liga aos sítios de baixa afinidade da molécula de troponina C (constituinte dos filamentos finos da miofibrila da célula muscular) promovendo mudanças conformacionais de sua estrutura. Essas mudanças provocam a alteração de posição do complexo troponina-tropomiosina, permitindo as interações entre a cadeia pesada da miosina (constituinte dos filamentos grossos) com os filamentos finos de actina, através das pontes cruzadas. Essa interação resulta na produção de força e/ou encurtamento dos sarcômeros (unidade básica contrátil da célula muscular estriada) (RÜEGG, 1988; BERNE; LEVY, 2000). O relaxamento muscular, por sua vez, ocorre quando a liberação de Ca2+ é interrompida pela repolarização da membrana do túbulo T e/ou quando esses íons são recaptados para o retículo sarcoplasmático, através da Ca2+-ATPase (bomba de cálcio), onde permanece, em sua maior parte, ligado a calsequestrina, uma 49 Figura 9 – Mecanismo de acoplamento excitação-contração FONTE: MARIEB; HOEHN, 2008 50 glicoprotéina que se liga fracamente a esses íons e participa da estocagem dos mesmos (FRANZINI-ARMSTRONG; JORGENSEN, 1994; BERNE; LEVY, 2000; RANGE; DALE; RITTER, 2001) 51 2. JUSTIFICATIVA As toxinas animais vêm apresentando importante papel nos estudos fármacos-fisiológicos devido à alta afinidade e especificidade de interação dessas com importantes receptores ou sistemas dos mamíferos. Os estudos dessas toxinas isoladas em preparações neuromusculares in vitro tornam-se ferramentas de investigação de valor incalculável que podem exercer importante função na elucidação de mecanismo de ação das mesmas (HODGSON; WICKRAMARATNA, 2002). A água-viva Phyllorhiza punctata, apesar de ser uma espécie presente no litoral brasileiro, inclusive em Fortaleza, não é alvo de muitas investigações. Embora haja relatos na literatura de estudos quanto à descrição desta espécie (VON LENDENFELD, 1984), sua ocorrência em águas brasileiras (MORANDINI et al., 2005; HADDAD; NOGUEIRA, 2006) e sua composição lipídica (SOUZA et al., 2007); nenhum relato há sobre os mecanismos de ação das toxinas. Por tanto, o estudo apresentado trata-se de uma investigação pioneira com essa espécie de água-viva. O estudo de venenos de escorpião, por sua vez, têm se intensificado nos últimos anos (GONÇALVES et al., 2003; MINEO; FRANCO-ASSIS; DEL-CLARO; 2003; ALVES et al., 2005; CECCHINI et al., 2006; PESSINI et al., 2006; MENDES et al., 2008; SEVERINO et al., 2009) e tem adquirido importância médico-sanitária, não só pela incidência, mas também pela potencialidade do veneno de algumas espécies em determinar quadros clínicos graves, às vezes fatais, principalmente em crianças (BÜCHERL, 1968). O escorpião Tityus serrulatus é, atualmente, uma das mais estudadas espécies de escorpião. Isso ocorre devido ao fato da ampla distribuição dessa espécie em centros urbanos e pela alta toxicidade do seu veneno (ALVES et al., 2005; BARÃO; BELLOT; DORCE, 2008), o que torna mais relevante esses estudos e evidencia a importância do retorno dos achados científicos à população de uma forma geral. 52 Apesar do advento de novas tecnologias, as preparações clássicas de tecido isolado, como o canal deferente de camundongo, o corpo cavernoso de camundongo, preparação frênico-diafragma e biventer-cervicis ainda são amplamente utilizadas em pesquisas, com a vantagem de fornecer dados sobre a seletividade (LAZARUS et al., 1999) e de serem considerados modelos simples e acessíveis. A preparação de nervo frênico-diafragma, por exemplo, tem sido tradicionalmente utilizada na determinação das ações de drogas e toxinas na junção neuromuscular (KERR, 2002) porque, dentre outras características, essa preparação é um sistema relativamente simples que consiste de aproximadamente 220 motoneurônios e um músculo. Em contraste, quando se compara a estrutura da pata, por exemplo, tem-se um conjunto de cerca de 20.000 motoneurônios que inervam aproximadamente 40 músculos (GREER et al., 1999). Essa preparação, por tanto, apresenta característica que a tornam particularmente propícia e valiosa. Portanto, o estudo da neurotoxicidade dessas toxinas animais nesses modelos farmacológicos clássicos são bastante úteis para a investigação da dinâmica dessas toxinas, podendo auxiliar na descoberta dos mecanismos de ação das mesmas, fornecendo uma observação adicional na ação destas e no tratamento de pacientes envenenados, e, ainda, na descoberta de ferramentas importantes para se descobrir e estudar receptores, investigar vias fisiológicas, descobrir moléculas com uso terapêutico potencial ou, ainda, para produção de novos medicamentos. 53 3. OBJETIVOS 3.1 Geral Este trabalho tem como objetivo investigar os efeitos de um extrato protéico de tentáculo da água-viva Phyllorhiza punctata e de toxinas do escorpião Tityus serrulatus, em preparações neuromusculares para fornecer uma caracterização farmacológica dessas toxinas. 3.2 Específicos do extrato de Phyllorhiza punctata • Estabelecer a dose efetiva média do extrato de tentáculo da P. punctata, através da curva dose-resposta e da EC50 em canal deferente de camundongo (MVD); • averiguar se os efeitos do extrato de P. punctata são mediados por fibras noradrenérgicas ou por ação pós-juncional em MVD; • investigar o envolvimento de receptores α-adrenérgicos pós-juncionais no mecanismo de contração neurogênica em MVD, induzidos pelo extrato da P. punctata; • verificar a participação dos canais de sódio neuronais nos efeitos deste extrato em MVD; • avaliar o efeito do extrato de tentáculo da P. punctata na fibra nitrérgica em corpo cavernoso de camundongo; • investigar a participação do óxido nítrico no efeito do extrato de P. punctata em corpo cavernoso de camundongo; • averiguar a participação dos canais de sódio neuronais nos efeitos do extrato de P. punctata na transmissão nitrérgica; 54 • avaliar o efeito deste extrato na transmissão neuromuscular esquelética; • avaliar qualitativamente os efeitos do extrato de tentáculo de P. Punctata como um bloqueador da transmissão neuromuscular esquelética; 3.3 Específicos da toxina de Tityus serrulatus • comparar o perfil toxicodinâmico das toxinas modificadas (com cumarina e morina) com a toxina nativa em MVD, • investigar o efeito de morina e de uma nova cumarina sintética (7-hidroxi-2oxo-2H-cromeno-3-ácido carboxílico) sobre a atividade neurotóxica autonômica da toxina gama do veneno de Tityus serrulatus; • analisar os efeitos neurotóxicos das toxinas modificadas (com cumarina e morina) no ensaio de músculo biventer-cervicis. 55 4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 Animais experimentais Foram utilizados camundongos Swiss albinos (mus musculus), pesando entre 30 e 40g, mantidos com água e alimentação ad libitum, oriundos do biotério do Instituto Superior de Ciências Biomédicas (ISCB) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Também foram utilizados pintos Gallus gallus domesticus da raça Isa brown label, de 8 a 10 dias de nascimento, mantidos com água e alimentação a vontade. 4.2 Drogas e reagentes Fentolamina (FEN), morfina, noradrenalina (NA) foram advindos do Sigma/Aldrich Chemical Company (St. Louis, MO, EUA). Guanetidina (GUA) foi oriunda do Fischer (New Jersey, NJ, USA), assim como, lidocaína (LID), fenilefrina (PHE) e L-NAME. A Morina foi obtida a partir da Sigma Co., Ltda. (EUA) e a cumarina (7-hidroxi-2-oxo-2H-cromeno-3-carboxílico), foi sintetizada no Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos, de acordo com o descrito por Alvin Jr e colaboradores (2005). Solventes, produtos químicos e outros reagentes utilizados para a purificação, modificação e caracterização das proteínas utilizados na cromatografia líquida de alta perfomance (HPLC) foram adquiridos da Sigma-Aldrich químicos (EUA), Merk (EUA) e Bio-Rad (EUA). Trifosfato de adenosina (ATP), fentolamina (FEN), e carbamilcolina também foram adquiridos da Sigma/Aldrich Chemical Company (St. Louis, MO, EUA). 4.3 Preparo do extrato de Phyllorhiza punctata O extrato de tentáculo da água-viva Phyllorhiza punctata foi gentilmente cedido pelo Professor Doutor Marcos Hikari Toyama, do Campus do Litoral Paulista da Universidade Estadual Paulista (UNESP). 56 A Phyllorhiza punctata foi coletada durante períodos de maré baixa, através de mergulho livre, na costa rochosa do Canal de São Vicente no sul de São Paulo (Brasil). Os tentáculos dos animais foram removidos do corpo, utilizando-se uma pinça e foram, então, estressados para liberação do nematocisto que, por sua vez, foi imediatamente, imerso em uma solução aquosa de gelo de 0,1%TFA. Em seguida, a substância urticante foi submetida a três ciclos de congelamento e descongelamento. Após o último ciclo, a solução foi centrifugada em 20.000xg por 30 minutos. O sobrenadante foi recuperado através de um filtro de 0,45 µm, seguido por uma segunda ultrafiltração, por meio de um filtro de 0,22 µm, centrifugado em 4.500 xg por 10 minutos, e, finalmente, aplicado em uma coluna preparativa de C5 Biodiscovery Supelco (Sigma Aldrich) para dessalinizar a amostra e executar a limpeza final. Finalmente, o extrato total obtido neste procedimento, nomeado de PHY-N, foi concentrado por liofilização e armazenado a -20oC. 4.4 Isolamento da toxina gama (Ts g) e incubação com morina e cumarina O veneno do escorpião Tityus serrulatus foi gentilmente doada pelo Instituto Butantan (São Paulo, Brasil). A toxina gama (Ts g) foi isolada como descrito por Marangoni e colaboradores (1995) e por Polikarpov e colaboradores (1999), utilizando a cromatografia de troca iônica (SP5PW, 0,78 x 8cm) HPLC de fase reversa. A homogeneidade da Ts g foi confirmada por eletroforese em gel de poliacrilamida-SDS (dodecil sulfato de sódio) e por espectrômetro de massa MALDTOF. A incubação de Ts g com morina (M) e com cumarina (7-hidroxi-2-oxo-2Hcromeno-3-carboxílico, C), seguiu os procedimentos descritos por Iglesias e colaboradores (2005). Morina e cumarina foram dissolvidas em dimetilsulfóxido (DMSO). A concentração durante a incubação nunca excedeu 1%. 10µL da solução de morina ou cumarina (100nM) foram adicionados a 1000µL de solução homogeneizada de Ts g purificada (1,5mg, 250µM). A solução misturada foi 57 incubada por 60 minutos, em um banho de água a 37˚C. 200µL da amostra dessa mistura foram carregados em uma coluna preparativa HPLC de fase reversa para separar os tratados da toxina Tsg M (toxina gama após incubação com morina) ou Tsg C (toxina gama após incubação com cumarina). Utilizando a mesma condição cromatográfica, 200µL de toxina gama nativa (Tsg N) foram analisadas. Após equilíbrio da coluna HPLC com um tampão A (solução aquosa de 0,1% TFA), as amostras foram eluídos com um gradiente descontínuo de HPLC tampão B (66,6% de acetonitrila em 0,1% TFA) em um fluxo constante de 2,0 mL/ min, a corrida cromatográfica foi monitorada em A214nm para a detecção de Tsg N, Tsg C e Tsg M. Cada corrida cromatográfica foi monitorada usando o detector PDA HPLC. A toxina gama nativa resultante foi denominada Ts g e seu grau de pureza foi avaliado em Tricine SDS-PAGE e espectrômetro de massa MALDI-TOF, como descrito anteriormente (TOYAMA et al., 2003; TOYAMA et al., 2005). 4.5 Canal deferente isolado de camundongo Os camundongos foram sacrificados por deslocamento cervical e os dois canais deferentes foram removidos. Um segmento de aproximadamente 1cm de comprimento, livre de tecido adiposo e conjuntivo aderentes e de vasos sanguíneos, foi retirado da porção prostática de cada um dos canais e colocado em banho de órgãos contendo solução de Krebs diferenciada para canal deferente. O tecido foi montado verticalmente sob tensão de repouso de 0,5g, em cada banho de 5mL, contendo solução de Krebs livre de Mg2+, pH 7,4, com a seguinte composição: NaCl 118mM, KCl 4,75mM, CaCl2 2,54mM, KH2PO4 0,93mM, NaHCO3 24mM, glicose 11mM, EDTA 0,027mM, ácido ascórbico 0,1mM. O meio foi mantido a 37°C e aerado com mistura carbogênica (95% O2 e 5% CO2). Os nervos intramurais foram indiretamente estimulados com estimulador Grass S6 (voltagem de 30V, duração de 0,5ms, freqüência de 0,2 Hz) entre dois eletrodos de platina em forma de anéis, situados acima e a baixo do tecido isolado (BURNSTOCK; HOLMAN, 1966). 58 As contrações longitudinais foram registradas através da fixação da extremidade superior do tecido a um transdutor de força isométrico (Narco Biosystems 4DM, Houston, Texas, EUA), que, por sua vez, foi conectado a um registrador (Gould RS 3400). Após período inicial de repouso de 30 minutos, com lavagens sucessivas, a resposta contrátil foi induzida por estimulação elétrica (EFS). O efeito das toxinas (PHY-N e Ts g) e das drogas controle foram expressos como percentual das amplitudes de contrações antes da adição dos componentes dos testes. 4.6 Corpo cavernoso isolado de camundongo Após serem sacrificados por deslocamento cervical, os corpos cavernosos dos camundongos foram removidos e dissecados, para retirada dos tecidos circunvizinhos e da túnica albugínea, segundo o descrito por Hedlund e colaboradores (1999). Em seguida, os corpos cavernosos foram montados em banhos de 5mL em solução de Krebs-Henseleit (NaCl 126,4, KCl 4,6, KH2PO4 1,2, MgSO4 1,2, NaHCO3 13,6, Glicose 11,11), mantidos a 37º, pH 7,4 e oxigenados com mistura carbogênica (95% O2 e 5% CO2), de forma semelhante ao descrito anteriormente para montagem dos canais deferentes. Os tecidos foram mantidos sob tensão de 0,5g e conservaram-se em repouso por período de uma hora, sofrendo sucessivas lavagens de 15 em 15 minutos. As alterações na tensão foram registradas através do polígrafo com transdutor de força isométrico já citado anteriormente. Após período inicial de repouso, os corpos cavernosos serão contraídos com 1µM fenilefrina (PHE). O protocolo experimental será realizado no platô da contração. 4.7 Preparação do frênico-diafragma Após serem sacrificados por sangria por secção dos vasos do pescoço, os camundongos tiveram os hemidiafragmas, com os nervos frênicos correspondentes, 59 retirados e fixados em cuba contendo 5mL de solução nutritiva de Krebs-Henseleit (NaCl 126,4, KCl 4,6, KH2PO4 1,2, MgSO4 1,2, NaHCO3 13,6, Glicose 11,11), de acordo com a técnica de Bulbring (1946). A solução foi aerada constantemente com carbogênio (95% O2 e 5% CO2) e mantida a 37°C. O nervo foi colocado sobre eletrodos de platina ligados a um estimulador Grass S6. O diafragma foi mantido por sua porção tendinosa sob tensão constante (2g) através de um fio ligado a um transdutor isométrico (já descrito), sendo submetido à estimulação direta de 0,25Hz, duração de 5ms e 30V. As variações de tensão produzidas pelas contrações do diafragma foram registradas através da ligação da preparação em um transdutor de força (Narco Biosystems Inc) acoplado a um gravador Gould RS 3400 (BULBRING, 1946). 4.8 Preparação de músculo biventer-cervicis Pintos machos foram sacrificados com éter e o músculo biventer-cervicis foi removido, de acordo com a metodologia descrita por Ginsborg e Warriner (1960). O tecido foi montado sob uma tensão de 1g e descansou em um banho de órgãos de 4 mL preenchido com solução de Krebs (pH 7,4; 37ºC) com a seguinte composição (mM): 118,7 NaCl, 4,7 KCl, 1,88 CaCl2, 1,17 KH2PO4, 1,17 MgSO4, 25,0 e 11,65 NaHCO glicose, constantemente aerada (95% de O2 e 5 % de CO2). Um eletrodo bipolar de platina em forma de anel foi colocado ao redor do tendão, que decorreu o tronco do nervo que inervava o músculo. Estimulação indireta foi aplicada com um estimulador Grass S6 (0,1Hz, 0,2ms, 3-4mV). Contrações musculares e contraturas foram registradas através de fisiógrafo (anteriormente citado). 4.9 Protocolos experimentais Os protocolos experimentais foram divididos em duas etapas subseqüentes. A primeira composta pelos experimentos com extrato de P. punctata (PHY-N) e a 60 segunda constituída com experimentos com a toxina de T. serrulatus (Ts g nativa e modificadas). 4.9.1 Protocolos experimentais com o extrato PHY-N Os experimentos com PHY-N foram divididos em quatro conjuntos: 1) canal deferente de camundongo; 2) corpo cavernoso de camundongo; 3) preparação de nervo-frênico e diafragma; e, por fim, 4) experimentos qualitativos com galináceos. Em um primeiro conjunto de experimentos, foram estudados os efeitos de PHY-N em canal deferente de camundongo. Para investigação do efeito da PHY-N foram realizadas, primordialmente, curvas concentração-resposta e EC50 em MVD. Cada preparação foi precedida apenas da adição de 10µM morfina e 10µM naloxona para padronizar a sensibilidade do ensaio. Foram testadas onze concentrações distintas: 0,1 a 3.000 ng/mL, adicionadas de maneira cumulativa à preparação (com intervalo de tempo suficiente para que a amplitude de contração formasse platô entre cada concentração). Cada ponto da curva foi traçado a partir da média de quatro ou cinco repetições para cada concentração testada. A curva concentração-resposta foi obtida através das respectivas contrações para o cálculo dos valores da EC50 (dose efetiva média – em µg/mL ou µM). O tempo de resposta das curvas também foi registrado. Para investigar se o efeito de PHY-N sobre MVD é mediado por fibras noradrenérgicas ou é diretamente pós-sináptico, foram registradas as contrações induzidas por PHY-N, na presença e ausência de 10µM de guanetidina (GUA), que inibe seletivamente a neurotransmissão adrenérgica nos nervos pós-ganglionares, prevenindo a liberação e causando depleção de NA das terminações nervosas, somados a 100µM de fentolamina (FEN), que é um bloqueador α-adrenérgico, realizando o bloqueio competitivo de receptores α-1 e α-2. A fentolamina (100µM) também será administrada isoladamente na presença e ausência de PHY-N. 61 Para investigar o envolvimento de receptores α-adrenérgicos no mecanismo de contração neurogênica em MVD, induzidas por PHY-N, foi administrado, na ausência de EFS, 10µM de noradrenalina (NA). Após efeito máximo, o tecido sofreu sucessivas lavagens durante 15 minutos. Em seguida, foi administrada dose da EC50 calculada para PHY-N adicionando-se, em seguida, 10µM de NA. A força de contração média produzida por PHY-N na presença de NA foi comparada com seu respectivo controle (pré-contração com noradrenalina, sem EFS). Após sucessivas lavagens, a responsividade da preparação foi testada através da contração induzida por PHY-N. Para verificar a participação dos canais de sódio nos efeitos dessa toxina em MVD, foram feitos registros das contrações produzidas por PHY-N com a adição de 1mM de lidocaína (LID), um bloqueador rápido dos canais de sódio. Foi realizado também, um segundo conjunto de experimentos com PHY-N em corpos cavernosos de camundongos, para avaliar o efeito desse extrato em fibras nitrérgicas. Foram registrados os efeitos da contração induzida por PHY-N na ausência e presença da 100µM lidocaína, com o objetivo de averiguar a participação dos canais de sódio no efeito dessa toxina. As contrações induzidas por PHY-N adicionada à lidocaína e por PHY-N precedida da administração de lidocaína foram comparadas à contração induzida apenas por PHY-N. O tempo de resposta de ação de PHY-N na presença de lidocaína também foi registrado. Para investigar a participação do óxido nítrico (NO) no efeito do extrato de P. punctata em corpo cavernoso de camundongo, foram registradas as contrações induzidas por PHY-N na presença de 10µM de L-NAME, inibidor da óxido nítrico sintetase. O tempo de ação de PHY-N na presença de L-NAME também foi registrado. Em um terceiro conjunto de experimentos, os efeitos de PHY-N foram testados, na preparação frênico-diafragma, para avaliar a ação desse extrato na transmissão neuromuscular esquelética. Para tanto, foi estabelecido a curva 62 concentração-resposta. Foram testadas onze concentrações distintas: 0,1 ng/mL a 10000 ng/mL, adicionadas de maneira cumulativa à preparação (com intervalo de tempo suficiente para que a amplitude de contração formasse platô entre cada concentração). Cada ponto da curva foi traçado a partir da média de quatro ou cinco repetições para cada concentração testada. O tempo de resposta das curvas também foi registrado. Por fim, o quarto conjunto de experimentos objetivou avaliar qualitativamente os efeitos toxina de P. punctata como um bloqueador da transmissão neuromuscular. Dessa forma, foi administrada na pata traseira de cada animal uma única injeção intramuscular de bloqueador neuromuscular ou PHY-N. Após ministrar as drogas, foram observadas as reações, flacidez ou rigidez, de cada animal sendo registradas, por meio de fotografias, o estado muscular em que esses animais se encontravam logo após o óbito. Tais registros foram comparados aos registros realizados das reações do pinto após receber injeção contendo PHY-N (6mg/Kg). 4.9.2 Protocolos experimentais com a toxina gama (Ts g) Os experimentos com Ts g foram divididos em dois conjuntos: 1) canal deferente de camundongo; e, 2) músculo biventer-cervicis de pintos. No primeiro conjunto com Ts g, foram realizados dois grupos de experimentos, que visavam comparar as alterações induzidas pela toxina gama nativa (Tsg N) com as frações modificadas do veneno de T. serrulatus (Tsg C e Tsg M) em modelo neurogênico de canal deferente de camundongo. Através das toxinas modificadas, busca-se verificar se modificações estruturais, como as realizadas com morina e cumarina, também causariam mudanças na atividade destas quando comparadas a toxina nativa (Tsg N). 63 A princípio, foram realizadas as curvas concentração-resposta e tempo resposta para toxina nativa (Tsg N), toxina modificada com cumarina (Tsg C) e toxina modificada com morina (Tsg M) em MVD. Foram testadas onze concentrações distintas: 0,1 ng/mL a 10000 ng/mL, adicionadas de maneira cumulativa à preparação (com intervalo de tempo suficiente para que a amplitude de contração formasse platô entre cada concentração). Cada ponto da curva foi traçado a partir da média de quatro ou cinco repetições para cada concentração testada. O tempo de resposta das curvas também foi registrado. Em seguida, no primeiro experimento, para verificar a participação dos canais de sódio nos efeitos dessa toxina em MVD, foram feitos registros das contrações produzidas pela Tsg C (300ng/mL) ou Tsg M (300ng/mL) com a adição de 1mM de lidocaína. As contrações induzidas por Tsg C ou Tsg M, na presença da lidocaína, foram comparadas com as contrações induzidas pela toxina nativa (Tsg N). O segundo experimento, por sua vez, visava avaliar a participação αadrenérgica nos efeitos das contrações induzidas pelas frações modificadas Tsg C e Tsg M. Para tal, foram registrados os efeitos das contrações induzidas por Tsg C (300ng/mL) ou Tsg M (300ng/mL) com a adição de 100µM de fentolamina. As contrações na presença da fentolamina, que é um inibidor competitivo dos receptores adrenérgicos α-1 e α-2, bloqueando localmente os neurotransmissores adrenalina e noradrenalina, foram comparadas às contrações induzidas por Tsg N. O segundo conjunto, que foi composto por experimentos com a preparação de músculo biventer-cervicis de pintos, buscou analisar os efeitos neurotóxicos do ensaio. Para isso, contraturas através da aplicação exógena de acetilcolina (ACh, 55 ou 110µM por 60s) e KCl (5mM para 120-130s) foram obtidos na ausência de estimulação nervosa antes da adição de toxinas modificadas e não-modificadas. Os preparativos foram estabilizados por pelo menos 20 minutos antes da adição de KCl e ACh ou uma única concentração (5 µg/mL) dos compostos. 64 4.10 Análise estatística Cada experimento foi repetido pelo menos quatro vezes e o percentual (%) das contrações induzidas pela PHY-N foram expressos como média + erro padrão da média (EPM). O logaritmo negativo das concentrações necessárias para induzir 50% da resposta máxima (EC50) e seu respectivo intervalo de confiança (IC 95%) foram determinadas a partir das regressões não-lineares das curvas cumulativas concentração-resposta em MVD, utilizando o software GraphPad Pris 5.0. As diferenças estatísticas entre os grupos foram avaliadas por intermédio do teste t de Student ou da análise de variância (ANOVA) seguida do teste de Dunnett, quando vários grupos experimentais foram comparados com o grupo controle ou do teste de Tukey-Kramer, quando os grupos foram comparados entre si. O limite de confiança de significância foi de 5%, com valores de p< 0,05 indicando significância estatística. 4.11 Comitê de ética Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética para Uso de Animais da Universidade Estadual do Ceará, sob número de protocolo 08623084-0. 65 5. RESULTADOS 5.1 Resultados do extrato de Phyllorhiza punctata Em experimentos preliminares, o extrato de Phyllorhiza punctata (PHY-N) induziu contração dos canais deferentes de camundongo (MVD) (Figura 10). Uma curva cumulativa dose-resposta (0,1 a 3.000ng/ mL) foi realizada com adição cumulativa das doses à preparação (Figuras 11 – A e B). As respostas foram mensuradas em relação ao percentual das amplitudes de contrações antes da adição dos componentes dos testes. A Figura 11 – C mostra que PHY-N aumentou a amplitude das contrações a partir da concentração de 300 ng/ mL. A resposta de contração máxima encontrada para PHY-N foi de 395,71 + 42,00%, na concentração de 3.000 ng/ mL. A EC50 foi determinada pela regressão não-linear e o resultado mostrou o valor de 117,2 µg/mL. A curva tempo-resposta (Figura 12) exibe o curso temporal de decaída da contração induzida pela PHY-N após efeito máximo, comparada com o controle (veículo). As contrações induzidas por PHY-N apresentaram decaída inicial rápida, ou seja, após 5 minutos do efeito máximo, a decaída das contrações era de 45,63 + 8,67%. Decorridos 20 minutos, as contrações já haviam reduzido em 87,95 + 2,56% e após 30 minutos observou-se a decaída praticamente total do efeito máximo, de 95,30 + 1,72% em relação ao veículo. 66 Figura 14 – Registro fisiográfico típico das contrações induzidas por PHY-N em MVD PHY-N (117,2µg/mL) Figura 10 – Registro fisiográfico das contrações induzidas pelo extrato de Phyllorhiza punctata (PHY-N) (117,2µg/ mL) em canais deferentes de camundongo (MVD) 67 A B C Contração (% Controle) Curva dose-resposta 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 10 -1 * Veículo PHY-N * 10 0 10 1 10 2 10 3 10 4 PHY-N (ng/mL) Figura 11 – Registro fisiográfico do efeito do veículo (controle) nas contrações em canal deferente (MVD) (A). Registro fisiográfico das contrações induzida pelo extrato de Phyllorhiza punctata (PHY-N) (117,2µg/ mL) em MVD (B). Curva dose-resposta para PHYN em MVD: efeito de aumento das contrações nas concentrações de 0,1 a 3.000ng/ mL. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. (C) 68 Contração (% Controle) Curva tempo-resposta 100 Veículo PHY-N 80 * 60 * 40 * 20 * * * * 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Tempo (Min) Figura 12 – Curva tempo-resposta para Phyllorhiza punctata (PHY-N) em canal deferente (MVD): curso temporal de decaída da contração induzida pela PHY-N após efeito máximo, comparada com o controle. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. 69 As figuras 13 – A e B mostram que guanetidina somada a fentolamina bloqueou a contração induzida por estimulação elétrica (EFS) (90,36 + 4,91% de bloqueio). De forma semelhante, guanetidina somada a fentolamina bloqueou significativamente a contração induzida por PHY-N em 92,19 + 2,96%. Este achado foi reforçado com os experimentos com a administração de fentolamina sozinha que também bloqueou parcialmente a contração induzida por EFS (84,15 + 3,27% de bloqueio). Por sua vez, a fentolamina bloqueou significativamente a contração induzida por PHY-N em 79,60 + 7,83% (Figura 14 – A e B). 70 A B Contração (% Controle) Data 1 150 EFS GUA+FEN GUA+FEN+PHY-N 100 PHY-N 50 # * # * PH YN U A G +F U EN A +F EN +P H YN G EF S 0 Figura 13 – Registro fisiográfico do efeito da guanetidina e fentolamina na contração induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito da guanetidina e fentolamina na contração induzida por estimulação elétrica (EFS) e por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (EFS), ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B) 71 A Contração (% Controle) B 150 EFS FEN FEN+PHY-N PHY-N 100 # * 50 # * YN PH YN FE N +P H FE N EF S 0 Figura 14 – Registro fisiográfico do efeito da fentolamina na contração induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito de 100µM de fentolamina na contração induzida por estimulação elétrica (EFS) e por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao controle (EFS), ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). 72 Na investigação do envolvimento de receptores α-adrenérgicos no mecanismo de contração induzidas por PHY-N em MVD, NA foi administrada, na ausência de EFS. Essa pré-contração com NA foi o controle deste experimento. Após efeito máximo, o tecido sofreu sucessivas lavagens. Em seguida, foi administrada dose da 117,2 µg/ mL de PHY-N. Na presença da PHY-N, houve contração com efeito máximo de 78,08 + 45,88% (não diferentemente significativo em relação ao controle). Em seguida, 10µM de NA foi administrada, apresentado pico de contração de 95,96 + 57,26% (não diferentemente significativo em relação ao controle) (Figura 15 – A e B). As figuras 16 – A e B mostram que a lidocaína (1mM) bloqueou a contração induzida por EFS (90,61 + 2,11% de bloqueio). A mesma concentração de lidocaína, por sua vez, também bloqueou significativamente a contração induzida por PHY-N em 93,83 + 1,31% em relação ao controle. 73 A B Contração (% Controle) Data 1 200 EFS NA PHY-N PHY-N+NA 150 100 50 A PH Y- N +N N PH Y- A N EF S 0 Figura 15 – Registro fisiográfico do efeito da NA exógena na contração induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito de 10µM de noradrenalina (NA) exógena na contração induzida por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=5) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (estimulação elétrica - EFS), ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). 74 A 200 EFS PHY-N LID PHY-N+LID * 150 100 50 +L ID PH YN EF S 0 # * PH YN # * LI D Contração (% Controle) B Figura 16 – Registro fisiográfico do efeito da lidocaína na contração induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito da lidocaína (1mM) na contração induzida por estimulação elétrica (EFS) e induzida por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (EFS), ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). 75 Em experimentos preliminares com corpo cavernoso de coelho pré-contraído com 10µM de PHE, PHY-N mostrou o efeito de relaxamento neste tecido (Figura 17). Em corpo cavernoso de camundongo também pré-contraído com 1µM de PHE, PHY-N induziu relaxamento de 130, 55 + 14,20% em relação ao controle (EFS, 32Hz, 50V) (Figura 18 – A e B). A curva tempo-resposta (Figura 19) exibe o curso temporal de relaxamento induzido pela PHY-N em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com PHE, comparada ao controle (veículo). O relaxamento induzido por 117,2µg/mL de PHY-N apresentou rápida ação inicial, ou seja, em cerca de 10 minutos, o tecido apresentou relaxamento de 69,47 + 12,25%. Após 20 minutos, o tecido apresentou relaxamento de 82,61 + 12,37%. 76 Figura 17 – Registros preliminares do relaxamento induzido por PHY-N em corpo cavernoso de coelho pré contraído com 10µM de fenilefrina (PHE) e pronta reversão induzida por 1mM de lidocaína (LID) 77 A B 100 80 60 40 20 0 -20 -40 -60 -80 -100 -120 -140 PH Y- 2H EF S (3 EFS (32Hz) PHY-N N * z) RELAXAMENTO (%) Data 1 Figura 18 – Registro fisiográfico do relaxamento em corpo cavernoso pré-contraído de camundongo induzido por Phyllorhiza punctata (PHY-N) (A). Efeito de relaxamento do corpo cavernoso de camundongo pré contraído (1µM de fenilefrina - PHE) induzido por PHY-N (117,2µg/mL), comparado ao controle (estimulo elétrico - EFS, 32Hz, 50V). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, Teste t, teste pareado (B). 78 Figura 19 – Curva tempo-resposta para Phyllorhiza punctata (PHY-N) em corpo cavernoso de camundongo: curso temporal de relaxamento induzido pela PHY-N (117,2µg/mL) em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com 1µM de fenilefrina (PHE), comparada com o controle (veículo). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. 79 A adição de 1mM de lidocaína após adição de 117,2µg/mL de PHY-N reverteu a ação de relaxamento da PHY-N, aumentando momentaneamente a amplitude das contrações e, posteriormente, causando relaxamento de 101, 61 + 25,13%, não diferentemente significativo do relaxamento induzido por PHY-N que foi de 130,55 + 12,54%. (Figura 20 – A e B). Na presença prévia da mesma concentração de lidocaína, PHY-N não induziu relaxamento significativo. Para investigar a participação do NO no efeito do extrato de P. punctata em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com PHE, foram registradas os efeitos induzidos por 117,2µg/mL de PHY-N na presença de 10µM L-NAME. Desta forma, PHY-N não foi capaz de induzir o relaxamento. Na presença de L-NAME, todavia, PHY-N induziu contrações de 100,92 + 98,76%, diferentemente significativas do relaxamento induzido por PHY-N que foi de 130,55 + 12,54% (Figura 21 – A e B). 80 A B B RELAXAMENTO (%) 0 -50 EFS (32Hz) PHY-N+LID LID+PHY-N PHY-N # -100 * -150 * YN PH YN LI D +P H PH YN +L ID EF S (3 2H z) -200 Figura 20 – Registro fisiográfico do relaxamento em corpo cavernoso de camundongo précontraído induzido por Phyllorhiza punctata (PHY-N) na presença de lidocaína (LID) (A). Efeito do relaxamento induzido por 117,2µg/mL PHY-N + 1mM de LID e LID (1mM) + PHYN (117,2µg/mL) em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído (1µM de fenilefrina PHE). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). 81 A B YN L- N A M E + PH EFS (32Hz) L-NAME + PHY-N PHY-N PH YN z) # * (3 2H 300 250 200 150 100 50 0 -50 -100 -150 -200 EF S RELAXAMENTO (%) Data 1 Figura 21 – Registro fisiográfico do relaxamento induzido por Phyllorhiza punctata (PHY-N) na presença de NG -nitro-L-arginina-metil-éster (L-NAME) em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com fenilefrina (PHE). Efeito do relaxamento induzido por 117,2µg/mL de PHY-N na presença de 10µM L-NAME em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com 1µM de PHE, comparado com controle (EFS, 32Hz, 50V) e com relaxamento induzido por PHY-N. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Dunnet. #p<0,05 em relação ao relaxamento induzido por PHY-N, ANOVA seguido de Turkey-Kramer (B). 82 A Figura 22 exibe o curso temporal de relaxamento do corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com PHE (1µM) induzido por 117,2µg/mL de PHY-N na presença de 1mM de lidocaína ou de 10µM de L-NAME, comparados com o relaxamento induzido apenas por PHY-N. Na presença prévia de lidocaína, PHY-N não foi capaz de induzir relaxamento significativo e esse comportamento foi mantido transcorrido 30 minutos (Figura 23 – A). Na presença de L-NAME, PHY-N também não foi capaz de induzir relaxamento significativo no tecido mesmo após 30 minutos de ação (Figura 23 – B). 83 Relaxamento (% Controle) A 120 100 80 60 40 20 0 -20 -40 -60 -80 -100 -120 -140 * CONTROLE PHY-N LID+PHY-N * * 5 10 15 * * * 20 25 30 35 40 Tempo (min) Relaxamento (% Controle) B 120 100 80 60 40 20 0 -20 -40 -60 -80 -100 -120 -140 * CONTROLE PHY-N L-NAME+PHY-N * * 5 10 15 * * * 20 25 30 35 40 Tempo (min) Figura 22 - Curso temporal de relaxamento do corpo cavernoso de camundongo précontraído por fenilefrina (PHE) (1µM) induzidos por 117,2µg/mL de Phyllorhiza punctata (PHY-N) na presença de 1mM de LID, comparado com o relaxamento induzido apenas por PHY-N (A). Curso temporal de relaxamento do corpo cavernoso de camundongo précontraído por PHE (1µM) induzido 117,2µg/mL de PHY-N na presença de 10µM de NG nitro-L-arginina-metil-éster (L-NAME), comparado com o relaxamento induzido apenas por PHY-N (B). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=7) da porcentagem da contração inicial *p<0 05 em relação à PHY-N Test t 84 A curva cumulativa dose-resposta (0,1 a 1.000 ng/ mL) da PHY-N na preparação frênico-diafragma, observada na Figura 23 – A e B, foi realizada com adição cumulativa das doses à preparação. As respostas foram mensuradas em relação ao percentual das amplitudes de contrações antes da adição dos componentes dos testes. A Figura 23 – C mostra que 117,2µg/ mL de PHY-N diminuiu a amplitude das contrações de forma dose-dependente, porém de forma não significativa em relação ao controle. A resposta de bloqueio máxima encontrada para PHY-N foi de 93,40 + 2,06%, na dose de 3.000 ng/ mL. A dose de 1.000 ng/ mL, no entanto, demonstrou ser o mais potente bloqueador significativo das contrações. A curva tempo-resposta na preparação frênico-diafragma de camundongo (Figura 24) exibe o curso temporal de bloqueio neuromuscular induzido pela PHY-N comparada com o controle. Em cerca de 10 minutos, PHY-N foi capaz de bloquear a significativamente a contração em 86,33 + 1,51%. Transcorridos 20 minutos, esse bloqueio se manteve. 85 A B C Contração (% Controle) Curva dose-resposta Veículo PHY-N 100 80 60 40 20 0 10-1 * 100 101 102 103 104 PHY-N (ng/mL) Figura 23 – Registro fisiográfico do efeito do veículo (controle) nas contrações em frênicodiafragma (A). Registro fisiográfico típico das contrações induzida por Phyllorhiza punctata (PHY-N) em frênico-diafragma (B). Curva dose-resposta para PHY-N em frênicodiafragma: efeito da redução da amplitude das contrações nas concentrações de 0,1 a 1000 ng/mL (C). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. Contração (% Controle) 86 120 110 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 Veículo PHY-N 0 5 * * * 10 15 20 25 TEMPO (MIN) Figura 24 – Curva tempo-resposta para Phyllorhiza punctata (PHY-N) em frênicodiafragma de camundongo: curso temporal do bloqueio induzido por 117,2µg/ mL de PHY-N, após seu efeito máximo, comparada com o controle (veículo). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle (veículo), Test t. 87 Na análise qualitativa da PHY-N como um bloqueador da transmissão neuromuscular, o pinto apresentou relaxamento muscular generalizado, após óbito, quando receberam injeção intramuscular de galamina (6mg/Kg) (Figura 25). Ao receber injeção intramuscular de succinilcolina (6mg/Kg), animal apresentou contração espástica da musculatura, após óbito, apresentaram rigidez generalizada da musculatura esquelética (Figura 26). Na figura 27, pode-se observar a comparação visual das diferantes reações, flacidez e rigidez, de cada animal logo após o óbito. Na figura 28, observa-se animal em óbito, apresentando rigidez local da pata traseira, após receber injeção de PHY-N (6mg/Kg). 88 Figura 25 – Pinto em óbito apresentaram relaxamento muscular generalizado, após receberam injeção de galamina (6mg/ Kg) Figura 26 – Pinto em óbito, apresentaram rigidez generalizada da musculatura esquelética, após receber injeção de succinilcolina (6mg/ Kg). 89 Figura 27 – Comparação visual das diferantes reações de cada animal logo após o óbito. Á direita, pinto em óbito, apresentado relaxamento muscular generalizado, após receberam injeção de galamina (6mg/ Kg). À esquerda, pinto em óbito, apresentaram rigidez generalizada da musculatura esquelética, após receber injeção de succinilcolina (6mg/ Kg). 90 Figura 28 – Pinto em óbito, apresentaram rigidez local da pata traseira, após receber injeção de PHY-N (6mg/ Kg). 91 5.2 Resultados da toxina gama Foram realizados dois experimentos que visavam verificar as alterações induzidas pela toxina nativa (Tsg N) e pelas frações modificadas do veneno de T. serrulatus por cumarina (Tsg C) e por morina (Tsg M) em modelo neurogênico de canal deferente de camundongo. A Ts g nativa (Tsg N) induziu hiperexcitabilidade autonômica, induzindo "spikes" e, após o disparo aberrante, as contrações neurogênicas foram abolidas (em aproximadamente 20min após o pico de atividade) (Figura 29 – A). A amplitude máxima de contração tônica evocados por 300 ng/ mL de Tsg N foi de 200 ± 33,3% em comparação com 408 ± 50,7% (p <0,05 em comparação com Ts g sozinho), atingida com Tsg M ou 296 ± 92,2% com Tsg C (Figura 29 – B). O bloqueio da neurotransmissão cinética após um período de hiperexcitabilidade é ilustrado na Figura 29 – C. O tempo de queda do efeito da toxina nativa foi entre 15 e 10 minutos. Não houve significativas alterações induzidas por tratamento com morina ou cumarina em tempo necessário para completar o bloqueio da neurotransmissão pela toxina gama. 92 A B TOXINA (ng/mL) C TEMPO (min) Figura 29 – Registro fisiográfico das contrações induzidas por toxina nativa (Tsg N) em canal deferente (MVD) (A). Curva dose-resposta para Tsg N, toxina modificada por cumarina (Tsg C) e por morina (Tsg M) (5 mg/mL) em MVD: efeito de aumento da amplitude das contrações nas concentrações de 0,1 a 1.000ng/ mL (B). Curva tempo-resposta para Tsg N e toxinas modificadas Tsg C e Tsg M (5 mg/mL) em MVD: curso temporal de decaída do efeito após contração máxima induzido pelas toxinas modificas, comparadas com Tsg N (C). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Turkey-Kramer. 93 Para verificar a participação dos canais de sódio nos efeitos dessas toxinas modificadas em MVD comparadas as Tsg N, foram feitos registros das contrações induzidas pela Tsg C (300ng/mL) ou Tsg M (300ng/mL), na ausência de estimulação nervosa, e na presença de 1mM de lidocaína. As contrações induzidas por Tsg C ou Tsg M, na presença da lidocaína foram comparadas às contrações induzidas por Tsg N. Na presença de 1mM lidocaína a contração induzida por EFS foi bloqueada. De forma semelhante, 1mM de lidocaína bloqueou significativamente as contrações induzidas por Tsg C em 95,12 + 1,64%, quando comparados às contrações induzidas por Tsg N (Figura 30 – A e B). Nos experimentos com Tsg M, a lidocaína bloqueou as contrações induzidas por EFS e bloqueou também as contrações induzidas por Tsg M em 93,48 + 1,71%, quando comparado às contrações induzidas por Tsg N (Figura 31 – A e B). 94 A B % CONTRAÇÃO 150 EFS LID LID+Tsg C Tsg N 100 50 # * # * N Ts g C LI D +T sg LI D EF S 0 Figura 30 – Registro fisiográfico da contração induzida por toxina modificada por cumarina (Tgs C) na presença de lidocaína (LID) em MVD (A). Efeito da contração induzida por Tgs C (300ng/mL) na presença de LID (1mM). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao estímulo elétrico, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por Tsg N, ANOVA seguido de Turkey (B). 95 A A B % CONTRAÇÃO 150 EFS LID LID+Tsg M Tsg N 100 50 # * # * g +T s N LI D Ts g M D LI EF S 0 Figura 31 – Registro fisiográfico da contração induzida por toxina modificada por morina (Tgs M) na presença de lidocaína em canal deferente (MVD) (A). Efeito da contração induzida por Tgs M (300ng/mL) na presença de lidocaína (1mM). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao estímulo elétrico, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por Tsg N, ANOVA seguido de Turkey (B). 96 Avaliou-se, também, a participação dos receptores α-adrenérgicos nos efeitos das contrações induzidas pelas toxinas modificadas Tsg C e Tsg M. Para tal, foram obtidos, na ausência de estimulação nervosa, os efeitos das contrações induzidas por Tsg C ou Tsg M na presença de 100µM de fentolamina. Nas figuras 32 – A e B mostram que a fentolamina bloqueou as contrações induzidas por EFS. Por sua vez, 100µM de fentolamina também bloqueou significativamente as contrações induzidas por Tsg C em 89,02 + 1,40% quando comparado às contrações induzidas por Tsg N. 100µM de fentolamina também bloqueou as contrações induzidas por EFS. Essa mesma concentração de fentolamina bloqueou significativamente as contrações induzidas por Tsg M em 92,43 + 1,62% quando comparado às contrações induzidas por Tsg N (Figura 33 – A e B). 97 A B % CONTRAÇÃO 150 EFS FEN FEN+Tsg C Tsg N 100 # * 50 # * N Ts g C N +T sg FE FE N EF S 0 Figura 32 – Registro fisiográfico da contração induzida por toxina modificada por cumarina (Tgs C) na presença de fentolamina em canal deferente (MVD) (A). Efeito da contração induzida por 300ng/mL de Tgs C na presença de fentolamina (100µM). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por Tsg N, ANOVA seguido de Turkey (B) 98 A B % CONTRAÇÃO 150 EFS FEN FEN+Tsg M Tsg N 100 50 # * # * N Ts g M FE N +T sg FE N EF S 0 Figura 33 – Registro fisiográfico da contração induzida por toxina modificada por morina (Tgs M) na presença de fentolamina em canal deferente (MVD) (A). Efeito da contração induzida por Tgs M na presença de fentolamina (10-2; 50µL). Dados expressos como média + erro padrão da média (n=8) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Dunnett. #p<0,05 em relação a contração induzida por Tsg N, ANOVA seguido de Turkey (B) 99 No segundo conjunto de experimentos com a toxina de Tityus serrulatus foi realizada em preparação de músculo biventer-cervicis de pinto, buscando-se analisar os efeitos neurotóxicos deste ensaio. Dessa forma, foram registradas as contrações através da aplicação exógena de acetilcolina (ACh, 55 ou 110µM por 60s) e KCl (5mM para 120-130s) na ausência de estimulação nervosa antes da adição de toxinas modificadas e não modificadas (5mg/ mL). Na Figura 35 observa-se os resultados cedidos pelo Professor Doutor Marcus Hikari Toyama para toxina de Tityus serrulatus. Tanto Tsg N quanto a Tsg C e Tsg M foram analisadas por fase reversa HPLC. Como mostrado na Figura 35 - A, observou-se um claro aumento do caráter hidrofóbico da toxina gama Tsg após o tratamento com morina ou cumarina. Além disso, a cromatografia da Tsg N em comparação com Ts g M ou Ts g C, apresentou também uma discreta mudança de 280nm UV por região a partir da digitalização de 200 a 300 Nm. Uma vez que ambos os compostos, morina e cumarina, apresentaram um discreto caráter hidrofóbico, que foi verificado pela análise espectroscópica usando um espectrômetro de massa, um aumento relativo da massa molecular daTsg N foi verificado após o tratamento com morina ou cumarina. 100 TEMPO (min) Figura 34 – Curva tempo-resposta para toxina nativa (Tsg N) e toxinas modificadas com cumarina (Tsg C) ou morina (Tsg M) (5 mg/mL) em biventer-cervicis de pinto: curso temporal do efeito de bloqueio induzido pelas toxinas, após seu efeito máximo, comparada com o controle. Dados expressos como média + erro padrão da média (n=4) da porcentagem da contração inicial. *p<0,05 em relação ao grupo controle, ANOVA seguido de Turkey. A 101 C Figura 35 – Massa molecular da toxina nativa (Tsg N), da toxina modificada com morina (Tsg M) e toxina modificada com cumarina (Tsg C) depois da purificação em C18 HPLC (A). Resultados do CD espectro da Ts g N, Tsg M e Tsg C mostraram dados sobre o intervalo de 185-280 nm expressos em unidades de miligraus (B). Fluorescência mensurada para Tsg N, Tsg M e Tsg C (C). Dados cedidos pelo Professor Doutor Marcus Hikari Toyama 102 6. DISCUSSÃO Esse trabalho mostra a investigação dos efeitos do extrato de tentáculo da água-viva Phyllorhiza punctata e da toxina do escorpião Tityus serrulatus, em preparações neuromusculares para fornecer uma caracterização farmacológica dessas toxinas. Esses efeitos são bastante relevantes, pois são úteis para auxiliar na descoberta dos mecanismos de ação das mesmas, fornecendo informações adicionais sobre a ação destas e auxiliando no tratamento de pacientes envenenados, e, ainda, podem ser importantes na descoberta de ferramentas farmacológicas para se descobrir e estudar receptores, para investigar vias fisiológicas, para descobrir moléculas com uso terapêutico potencial ou, ainda, para produção de novos medicamentos. Para tal, foram utilizadas preparações farmacológicas clássicas de canal deferente de camundongo, corpo cavernoso de camundongo, frênico-diafragma de camundongo e biventer-cervicis de pintos. O extrato de tentáculo da água-viva Phyllorhiza punctata (PHY-N) induziu contração em canal deferente de camundongo, relaxamento em corpo cavernoso de coelho e camundongo pré-contraído com PHE e agiu como bloqueador da contração neuromuscular na preparação frênico-diafragma de camundongo; tratando-se da primeira demonstração dos efeitos deste extrato em preparações neuromusculares. Os prováveis mecanismos pelos quais a PHY-N promove esses efeitos serão discutidos a seguir. PHY-N foi avaliada para sua atividade biológica na junção neuromuscular autonômica usando os canais deferentes de camundongo (MVD) estimulados eletricamente como modelo. Experimentos preliminares demonstraram efeito da contração de MVD induzidos pela PHY-N. A curva cumulativa dose-resposta mostrou que esse aumento das contrações. A EC50 foi determinada pela regressão não-linear e o resultado mostrou o valor de 117,2µg/mL. Esse efeito de contração em MVD foi similar ao demonstrado por Endean (1987) e Endean e Sizemore (1987) com a espécie C. fleckeri. O veneno bruto da espécie de medusa Chiropsalmus quadrigatus, também apresentou aumento da 103 contração de músculo liso in vitro (SAKANASHI et al., 2002), corroborando com os resultados encontrados por nós. O curso temporal de decaída da contração induzida pela PHY-N após efeito máximo, apresentou decaída inicial rápida, decaindo quase 50% do seu efeito em 5 minutos, todavia, o bloqueio total do efeito só ocorreu após 30 minutos. Tal resultado sugere uma interação relativamente longa entre este extrato e seus sítios de ação. Buscando investigar o mecanismo de ação dessas contrações induzidas por PHY-N em MVD, o extrato PHY-N foi analisado na presença de guanetidina e fentolamina ou apenas fentolamina, para avaliar se este efeito é mediado por fibras noradrenérgicas ou por ação pós-sináptica Os resultados de ambos sugerem que o efeito da PHY-N é pré-sináptico e mediado por fibras noradrenérgicas. A guanetidina é inibidor seletivo da neurotransmissão adrenérgica nos nervos pós-ganglionares, pois previne a liberação de noradrenalina das terminações nervosas, causando a depleção periférica deste neurotransmissor nas terminações nervosas (BROCK; CUNNANE, 1988). O músculo liso de canal deferente de camundongo possuí receptores adrenérgicos tanto α1 quanto α2, porém os receptores α envolvidos na contração da musculatura lisa são principalmente do tipo α1. A fentolamina, por sua vez, é um bloqueador α-adrenérgico, realizando bloqueio competitivo de receptores α-1 e α-2 (BEXIS et al., 2008). Na presença de guanetidina somada à fentolamina, PHY-N não foi capaz de induzir contrações. Tais dados indicam que o efeito contrátil do extrato de PHY-N é mediado por fibras noradrenérgicas. Este achado provavelmente revela também que o mecanismo de ação deste extrato protéico é noradrenérgico. Esta hipótese foi reforçada com os experimentos com a administração de fentolamina sozinha que também bloqueou significativamente a contração induzida por PHY-N. Clemente e colaboradores (2002), em tecido de glândulas salivares, afirmam que o veneno do escorpião Tityus serrulatus age sobre o sistema nervoso autônomo, demonstrando participação adrenérgica, reforçando os nossos resultados. A sugestão é que o efeito contrátil deste extrato em MVD é mediado por fibras noradrenérgicas e parece não se tratar de uma ação pós-sinápitca inespecífica 104 (Figura 36). Para reforçar ainda mais esta linha de pensamento, o efeito de PHY-N foi investigado no mecanismo de contração induzidas por administração de NA exógena, na ausência de EFS. PHY-N induziu contração semelhante ao induzido por NA exógena. A contração induzida por PHY-N sofreu aumento em sua amplitude na presença de NA exógena, porém de forma não significativa. Dessa forma, reforça-se a participação das fibras noradrenérgicas no mecanismo de ação dessa toxina, já que distanciam a possibilidade da ação da PHY-N ser diretamente pós-sináptica. Neste caso, haveria competição pelos receptores α-adrenérgicos e, conseqüente redução da amplitude da contração. Tal efeito não foi observado. Por tanto, descarta-se uma interação pós-sináptica com receptores adrenérgicos e também um efeito miotóxico deste extrato. Neste sentido, Borja-Oliveira e colaboradores (2003), em seus estudos com veneno de serpente Bothrops neuwiedii pauloensis (jararaca-pintada), mostraram que este veneno bloqueou a transmissão neuromuscular sem deprimir a resposta para a Ach e KCl. Esses achados corroboram com os nossos resultados, que também sugerem que ação deste extrato protéico não é miotóxico, pois a miotoxicidade inibe as contrações induzidas por NA exógena, o que não foi observado em nosso estudo. Dessa forma, reforça-se a hipótese de ação présináptica. A lidocaína, um bloqueador rápido dos canais de sódio, bloqueou significativamente a contração induzida por PHY-N. Os canais de sódio desempenham importante função na iniciação e propagação do potencial de ação em neurônios eletricamente excitáveis e outras células, como miócitos e células endócrinas. Estes canais são responsáveis pela fase de subida potencial de ação na maioria das células eletricamente excitáveis. As comportas dos canais de sódio abrem quando a membrana celular é despolarizada, levando a um grande influxo de sódio, e inativam dentro de milisegundos. A comporta-voltagem dos canais de sódio é formada por subunidade α e por uma ou mais subunidades β. A condução iônica ocorre nos poros aquosos da subunidade α, e os elementos essências do funcionamento do canal de sódio (abertura do canal, íon seletividade e inativação 105 Figura 36 – Esquema sugestivo de ação do extrato de Phyllorhiza punctata (PHY-N) 106 rápida, podem ser demonstradas quando as subunidades α são expressas sozinhas. A co-expressão da subunidade β é requerida para a reconstituição completa das propriedades dos canais de sódio nativo, como auxiliar estas subunidades a modificar a cinética e voltagem-dependência das comportas (ou seja, abertura e fechamento) do canal. O principal componente do canal de sódio é a subunidade α, que consiste num agregado de quatro domínios protéicos semelhantes, numa única cadeia peptídica longa. Cada um dos quatro domínios contem α-hélice que se estendem por toda a membrana (S1-S6) e os quatro domínios dispõem-se de modo simétrico em torno de um poro aquoso central (o canal iônico) (YU; CATTERAL, 2003). Estudo recente apresentou a hipótese de que a alça citoplasmática S4-S5 do domínio IV (que faz parte da partícula de inativação) é o sítio de ação de lidocaína e da benzocaína. A lidocaína age, portanto, estabilizando o fechamento do canal pela partícula de inativação, favorecendo o estado inativado do canal de sódio voltagemdependente (ARAÚJO; DE PAULA; FRACETO, 2008). Nossos resultados, por tanto, indicam a participação dos canais de sódio neuronais no mecanismo de ação da PHY-N. Sugere-se que PHY-N aumenta condutância ao sódio, de modo oposto a lidocaína e semelhante ao mecanismo de ação da tityus toxina. Dessa forma, este extrato pode ser um importante ativador de canais de sódio. Parece, dessa forma, que PHY-N ativa fibras nervosas pré-sinapticamente, estimulando a liberação do neurotransmissor, que, por conseguinte, ativam o tecido muscular gerando a contração deste tecido. Conceição e colaboradores (2005), propuseram afirmativa semelhante para a toxina animal do escorpião Tityus serrulatus. Resultados similares para esta espécie de escorpião foram demonstrados por outros autores em tecidos diversos (BARHANIN et al., 1983; YATANI et al., 1988; CONCEIÇÃO et al., 1998). Burnett e colaboradores (1998) também afirmaram que os venenos marinhos podem afetar particularmente o transporte de íons de sódio e cálcio, reforçando nossos achados. 107 PHY-N também foi avaliada para sua atividade biológica na fibra nitrérgica usando o corpo cavernoso de camundongo pré-contraído como modelo. Experimento preliminar com corpo cavernoso de coelho pré-contraído demonstrou que PHY-N induziu relaxamento neste tecido, indicando, portanto, que PHY-N induz relaxamento em tecidos pré-contraídos. Em corpo cavernoso de camundongo précontraído, observamos relaxamento semelhante, o que geraria, in vivo, a ereção peniana do animal. Teixeira e colaboradores (1998) demonstraram que efeito similar de relaxamento induzido por toxina de escorpião (Tityus serrulatus) foi observado em corpo cavernoso de coelho pré-contraído. Também, Andrade e colaboradores (2008), corroborando com nossos achados, observaram efeito semelhante in vivo induzido pela toxina do veneno da aranha Phoneutria nigriventer. O curso temporal de relaxamento induzido pela PHY-N em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído com PHE foi calculado demonstrando que PHY-N apresentou ação inicial relativamente rápida, relaxando o tecido em mais de 50% nos 10 primeiros minutos. Transcorridos 30 minutos, PHY-N induziu o relaxamento completo do tecido. Este comportamento em relação ao tempo foi semelhante ao observado para decaída do efeito da PHY-N em MVD. Este relaxamento em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído pode ser de origem neuronal, endotelial ou muscular. Para testar a participação neuronal, o efeito de PHY-N foi estudado na presença de lidocaína, um bloqueador do potencial de ação neuronal. Na presença prévia de lidocaína, PHY-N não induziu relaxamento significativo. Este experimento demonstrou que, semelhante ao exposto em MVD, a resposta relaxante no corpo cavernoso é de natureza neuronal. PHY-N parece apresentar alta afinidade pelos canais de sódio, afinidade esta que parece ser superior à da lidocaína. A lidocaína reverteu prontamente a ação de relaxamento da PHY-N, sem, no entanto, conseguir manter este efeito. Para investigar se a ação deste extrato em fibras nitrérgicas ocorre via liberação do NO nas terminações nervosas no corpo cavernoso que, por conseguinte, provocam relaxamento da musculatura lisa cavernosa (LUE, 2002; WERNER et al., 2005), foram registradas as contrações induzidas por PHY-N na 108 presença de L-NAME. Na presença deste inibidor da óxido nítrico sintetase, PHY-N não foi capaz de induzir o relaxamento. Por tanto, parece que a ação dessa toxina nas fibras nitrérgica ocorre via liberação do NO. A literatura relata que o relaxamento induzido pela toxina de escorpião Tityus serrulatus ocorre via liberação de NO (Teixeira et al., 1998), de forma semelhante aos nossos dados. Observou-se também que, na presença de L-NAME, PHY-N induziu contrações em corpo cavernoso de camundongo pré-contraído. Como L-NAME inibiu a via nitrérgica, sugere-se que PHY-N agiu por via noradrenérgica gerando contrações no tecido pré-contraído (observados no registro), indicando que PHY-N induz a liberação de outros neurotransmissores, como os noradrenérgicos, de forma semelhante ao demonstrado em MVD. O curso temporal de relaxamento do corpo cavernoso de camundongo induzidos por PHY-N na presença de lidocaína ou L-NAME, comparado com o relaxamento induzido apenas por PHY-N, também foi demonstrado. Na presença prévia de lidocaína ou L-NAME, PHY-N não foi capaz de induzir relaxamento significativo e esse comportamento foi sustentado ao longo do tempo. Na preparação frênico-diafragma, a curva cumulativa dose-resposta da PHYN foi realizada demonstrando que PHY-N diminuiu a amplitude das contrações de forma dose-dependente. A resposta de bloqueio máxima encontrada para PHY-N foi na concentração de 3.000ng/ mL. A concentração de 1.000 ng/ mL, no entanto, demonstrou ser o mais potente bloqueador significativo das contrações. Dessa forma, acredita-se que PHY-N age como um bloqueador na junção neuromuscular esquelética. A curva tempo-resposta na preparação frênico-diafragma de camundongo exibe o curso temporal de bloqueio induzido pela PHY-N comparada com o controle. Em 10 minutos, PHY-N foi capaz de bloquear significativamente a contração, mantendo esse bloqueio ao longo do tempo. Tal dado indica que PHY-N pode ser um potente bloqueador neuromuscular de ação rápida. Estes resultados confrontam com os dados encontrados com a espécie C. fleckeri, em preparação de frênicodiafragma, que apresentou efeito de contração neste tecido (ENDEAN, 1987). É 109 válido ressaltar que esta última é uma espécie com veneno bem mais potente (podendo ser fatal) (KONSTANTAKOPOULOS et al., 2009) se comparada com a P. punctata, que apenas causa queimaduras em seres humanos (MORANDINI et al., 2005). Todavia, Ramasamy e colaboradores (2003) demonstraram que o veneno puro das espécies Chironex fleckeri e Chiropsalmus sp. inibiram significativamente, tanto direta e quanto indiretamente, as contrações musculares esqueléticas, como demonstrado por nós. Porém, o estudo dessas duas espécies foi realizado em preparação neuromuscular de biventer-cervicis de pinto e não na preparação frênico-diafragma de camundongo. Para fortificar o dado da PHY-N como um bloqueador neuromuscular, analisou-se qualitativamente esse efeito através da aplicação de injeções intramusculares, na pata traseira de pintos de 8 dias de idade, de bloqueadores neuromusculares ou extrato de PHY-N. Os bloqueadores neuromusculares administrados foram galamina (6mg/Kg) e succinilcolina (6mg/Kg). A galamina age pós-ganglionarmente e possui a propriedade de causar paralisia. Esse bloqueador é da classe dos antagonistas farmacológicos competitivos, por tanto, age competindo com ACh pela ocupação do seu receptor, impedindo a despolarização da membrana pós-sináptica. O resultado desta ação é uma paralisia flácida da musculatura esquelética. A succinilcolina, por sua vez, é um bloqueador da classe despolarizante e, por isso, age iniciando a despolarização (bem mais duradoura) da membrana através da abertura dos canais, camuflando a ação da ACh. Normalmente, na placa motora terminal da fibra muscular, a ACh liberada interage com os seus receptores, que estão acoplados aos canais de sódio, provocando mudanças na voltagem. Os canais de sódio, que são compostos por duas comportas, uma dependente de voltagem (CDV) e a outra dependente do tempo (CDT), no repouso, mantém a CDV fechada e a CDT aberta. Quando há o estímulo, a CDV abre e os íons sódio passam pelo canal porque a PDT já se encontra aberta. Como a ACh é metabolizada muito rapidamente, a CDT não tem tempo suficiente para fechar e continua aberta. 110 Quando a succinilcolina é utilizada, ela se liga ao receptor como a ACh, porém como a metabolização não é tão rápida, a CDT se fecha e não entra mais íons sódio pelo canal. Essa quantidade de Na+ que entra não é suficiente para causar uma forte contração. Dessa forma, observa-se a ocorrência de pequenas contrações, denominadas fasciculações, e a conseqüente paralisia da musculatura esquelética, tornando-a rígida (BERNE; LEVY, 2000; RANGE; DALE; RITTER, 2001). Após receber injeção de PHY-N, animal apresentou rigidez mais próximo do local da aplicação da injeção, demostrando que PHY-N age como um bloqueador da classe despolarizante, como a succinilcolina, iniciando a despolarização da membrana pela abertura dos canais. Acredita-se que a rigidez mais localizada, e não generalizada, como vista com a succinilcolina, se deva ao fato de que, talvez, tenha havido alguma dificuldade de absorção da PHY-N pelo organismo do animal. A toxina do escorpião Tityus serrulatus, por sua vez, apresenta a toxina gama (Ts g) como a mais abundante toxina encontrada no veneno desta espécie. Esta toxina é classificada como β-toxina cuja característica é ligar-se aos canais de Na+ independentemente de suas voltagens e de mudanças de ativação do canal para potenciais de membrana mais negativo, sem modificar a sua inativação (YANG et al., 1996; GONÇALVES et al., 2003; CONCEIÇÃO et al., 2005). A capacidade de compostos polifenólicos, tais como os flavonóides, de alterar a função e estrutura das proteínas e de desestabilizarem a estrutura tridimensional de algumas dessas proteínas tem sido relativamente bem descrita (IGLESIAS et al., 2005). Algumas plantas mexicanas, normalmente utilizadas na medicina popular, apresentaram uma forte inibição dos efeitos neurotóxicos induzidos pelo veneno de Centruroides limpidus limpidus em camundongos. (JIMÉNEZ-FERRER et al., 2005). Vasconcelos e colaboradores (2004) mostraram que o extrato aquoso de Bauhinia forficata inibiu o efeito letal induzido pela TsTx-V (α-neurotoxina). Assim, observa-se que algumas frações aquosas ou orgânicas de várias plantas demonstraram um potencial efeito anti-veneno ou anti-toxina contra todo veneno ou contra algumas frações isoladas. Uma vez que várias espécies tem sido utilizadas na medicina popular e este extrato apresenta grande quantidade de compostos polifenólicos, como a cumarina, flavonóides, objetivou-se investigar se o efeito de morina e de um 111 nova cumarina sintética (7-hidroxi-2-oxo-2H-cromeno-3-carboxílico) sobre a toxina gama (Ts g), principal neurotoxina encontradas no veneno do escorpião Tityus serrulatus. A toxina nativa do escorpião Tityus serrulatus (Tsg N) demostrou efeito de contração em canal deferente de camundongo (MVD) e ação neurotóxica em preparação biventer-cervicis. Foram investigadas as possíveis alterações nestes efeitos induzidos pelas toxinas modificadas com cumarina (Tsg C) e morina (Tsg M) quando comparadas à toxina nativa. Nos ductos deferentes de camundongo eletricamente estimulados, um modelo de neurotransmissão autonômica, Tsg N induziu um rápido início de hiperexcitabilidade autonômica, provavelmente devido ao aumento da liberação do transmissor dos nervos simpáticos. Quando comparadas às toxinas modificadas, ambos os compostos não induziram uma clara ou evidente isenção desta atividade farmacológica. Resultado semelhante ao observado por nós com a Tsg N também foi verificado por Conceição e colaboradores (2005), onde as β toxinas apresentaram efeito máximo de contração entre 1 a 2 minutos. Todavia, esses autores não trabalharam com toxinas modificadas. Em Alves (2008) observou-se efeito antagônico da ação da toxina gama em MVD. Neste trabalho, doses menores do veneno promoveram relaxamento do órgão, enquanto que doses maiores provocaram aumento da amplitude das contrações. É válido ressaltar que nesse estudo não houve experimentos com toxinas modificadas. Este efeito de relaxamento produzido por doses menores não foi observado por nós, apesar do efeito de aumento da amplitude das contrações em doses maiores ter sido semelhante. Essa contração com a administração de doses mais altas pode ter ocorrido devido à ativação dos receptores α-adrenérgicos. Essa evidência se fortifica visto que na presença de um bloqueador α-adrenérgico, a fentolamina, a contrações induzidas pelas toxinas modificadas (tanto para Tgs C como para Tgs M) foram significativamente abolidas. A amplitude máxima de contração tônica evocados por 300 ng/mL de Tsg N não apresentou diferença significativa quando comparadas com as contrações 112 atingidas com Tsg M e com Tsg C. A Tsg M, no entanto, demonstrou ser o mais potente indutor de aumento significativo do tônus a 100 ng/ mL. A Ts g nativa (Tsg N) induziu hiperexcitabilidade autonômica, demonstrando "picos" e, após o disparo aberrante, as contrações neurogênicas foram abolidas (em aproximadamente 20min após o pico de atividade). O bloqueio da neurotransmissão cinética após um período de hiperexcitabilidade foi registrado. O tempo de queda do efeito da toxina nativa foi entre 15 e 20 minutos. Decaída rápida do efeito da toxina foi observado de forma semelhante por Conceição e colaboradores (2005). Não houve significativas alterações induzidas por tratamento com morina ou cumarina em tempo necessário para completar o bloqueio da neurotransmissão pela toxina gama. Na verificação da participação dos canais de sódio nas contrações induzidas por essas toxinas modificadas em MVD, foram feitos registros das contrações induzidas pela Tsg C ou Tsg M, na ausência de estimulação nervosa, e na presença de lidocaína. As contrações induzidas tanto por Tsg C como por Tsg M foram significativamente bloqueadas quando comparados às contrações induzidas por Tsg N. Tais resultados demonstram que as toxinas modificadas não alteram a característica da toxina nativa, uma β-toxina, de ligar-se aos canais de Na+; característica já bem estabelecida na literatura (YANG et al., 1996; GONÇALVES et al., 2003; CONCEIÇÃO et al., 2005). Na avaliação da participação dos receptores α-adrenérgicos nos efeitos das contrações induzidas pelas frações modificadas Tsg C e Tsg M observou-se que as contrações induzidas por essas toxinas modificadas foram significativamente bloqueadas na presença da fentolamina, reforçando a hipótese de participação das fibras noradrenérgicas no mecanismo de ação dessa toxina. Tais resultados corroboram com os dados apresentados por Alves (2008) para a toxina nativa. No segundo conjunto de experimentos com a preparação de músculo biventer-cervicis, analisou-se os efeitos neurotóxicos do ensaio. Para isso, contrações através da aplicação exógena de acetilcolina (ACh, 55 ou 110µM por 113 60s) e KCl (5mM para 120-130s) foram obtidos na ausência de estimulação nervosa antes da adição de toxinas modificadas e não modificadas. Os efeitos neurotoxicidade observados com o tratamento com a Tsg M ou Tsg C não modificou os efeitos neurotóxicos, mas a Tsg C mostrou um atraso no início dos efeitos neurotóxicos, quando comparados com os as Tsg M, todavia o efeito final não foi significativamente diferente. Resultados cedidos pelo professor Doutor Marcus Hikari Toyama demonstraram que ambos os compostos, morina anidrosa e cumarina sintética, apresentaram um discreto caráter hidrofóbico, apresentando um aumento relativo da massa molecular da toxina nativa (Tsg N) após o tratamento com morina ou cumarina. Ts g N apresentou uma massa molecular de 6.872,13 Da e as toxina tratados com morina e cumarina apresentaram uma massa molecular de 7.277,81 Da e 7.381,32 Da, respectivamente. A toxina nativa apresentou também a presença de grandes estruturas espiraladas aleatórias e quantidade moderada de folha beta e pequena quantidade de alfa hélice. O tratamento da Ts g tanto com morina como com cumarina induziu uma proteína desnovelada moderada ou forte, mas não levou a desnaturação de Ts g. Em caso de cumarina, observou-se um grande aumento da espiral aleatória desta proteína. Estes resultados mostram que morina e cumarina induziram um desnovelamento parcial da estrutura da proteína, sugerindo que morina e cumarina realmente estão ligadas à estrutura da proteína. Esta adição desses compostos polifenólicos sobre a Ts g foi claramente demonstrado pela mensuração da fluorescência de proteínas antes e após incubação com estes dois compostos, deixando claro que morina e cumarina gera um discreto ou evidente desdobramento da T g, e este efeito está em conformidade com outras proteínas tratadas com compostos polifenólicos (KANAKISA; TARANTILISA; POLISSIOUA, 2006; ZHUA et al., 2007). Todavia, apesar das mudanças conformacionais, em ambos os casos, não foi observado uma supressão ou alteração dos efeitos farmacológicos induzidos por Tsg N. Estes resultados sugerem que o núcleo hidrofóbico dessas proteínas não é 114 crucial para a atividade farmacológica das mesmas. A análise estrutural dessa proteína mostraram a presença de outros importantes e potencias regiões para a interação de Ts g com os receptores (POLIKARPOV et al., 1999; PINHEIRO et al., 2003). Estes resultados sugerem que outras regiões moleculares da Ts g devem ser importantes para a sua ação. 115 7. CONCLUSÃO • Extrato de Phyllorhiza punctata (PHY-N) induz contrações em tecidos músculares em tônus basal (canal deferente de camundongo) e induz relaxamento em tecidos pré-contraídos (corpo cavernoso de coelho e camundongo). • Acredita-se que o efeito contrátil da PHY-N é pré-sináptico e mediado por fibras noradrenérgicas em canal deferente (MVD). • Há participação dos canais de sódio neuronais no mecanismo de ação contrátil da PHY-N em MVD. • A resposta relaxante da PHY-N no corpo cavernoso é de natureza neuronal. • PHY-N parece apresentar alta afinidade pelos canais de sódio, afinidade esta que parece ser superior à da lidocaína. • PHY-N parece ser um importante ativador dos canais de sódio, aumentando a condutância para este íon. • O efeito relaxante da PHY-N em corpo cavernoso de camundongo ocorre via liberação do óxido nítrico. • PHY-N, em doses elevadas, age como um bloqueador neuromuscular esquelético, não cessando esse efeito de bloqueio ao longo do tempo. • PHY-N age como um bloqueador da classe despolarizante, como a succinilcolina in vivo. • A toxina nativa do escorpião Tityus serrulatus (Tsg N) demostrou efeito de contração em canal dferente de camundongo e ação neurotóxica em preparação biventer-cervicis. 116 • As toxinas modificadas com morina (Tsg M) e cumarina (Tsg C), apesar das mudanças conformacionais, não apresentaram supressão ou alteração dos efeitos farmacológicos induzidos por Ts g. • Tsg N induziu um rápido início de hiperexcitabilidade autonômica e as toxinas modificadas não induziram uma clara ou evidente isenção desta atividade farmacológica. • Tsg N apresentou decaída rápida de efeito, após amplitude máxima, e não houve significativas alterações induzidas por tratamento com morina ou cumarina. • As contrações induzidas por Tsg C e Tsg M foram bloqueadas na presença de fentolamina e lidocaína, demonstrando que as toxinas modificadas não alteram a característica da toxina nativa de possuir ação pré-sináptica e de ligar-se aos canais de Na+ e ser mediada via adrenérgica. • Não houve modificações nos efeitos de neurotoxicidade observados com tratamento com a Tsg M ou Tsg C. • As toxinas modificadas c/ morina e cumarina, apesar das mudanças conformacionais, não apresentaram alteração dos efeitos farmacológicos induzidos por Ts g. 117 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R.S. Efeitos biológicos induzidos pelo veneno total de Tityus serrulatus e suas frações TsTx-V, toxina gama e peptídeo natriurético. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2008. ALVES, R.S; NASCIMENTO, N.R.F; BARBOSA, P.S.F; KERNTOPF, M.R; LESSA, L.M.A; SOUSA, C.M; MARTINS, R.D; SOUSA, D.F; QUEIROZ, M.G.R; TOYAMA, M.H; FONTELES, M.C; MARTINS, A.M.C; MONTEIRO, H.S.A. Renal effects and vascular reactivity induced by Tityus serrulatus venom. Toxicon, 46: 271-276, 2005. ALVIM JR, J; DIAS, R. L. A; CASTILHO, M. S; OLIVA, G; CORRÊA, A. G. Preparation and evaluation of a coumarin library towards the inhibitory activity of the enzyme gGAPDH from Trypanosoma cruzy. J. Braz. Chem. Soc., 16: 763-773, 2005. AMOBI N.I; SUGDEN D; SMITH I.C. Characterization of alpha1-adrenoceptor subtypes mediating noradrenaline-induced contraction of rat epididymal vas deferens in calcium-free medium. Life Sci.;65 (2): 187-196, 1999. ANDERSSON, K.E; WAGNER G. Physiology of penile erection. Physiol Rev. 75 (1): 191-236, 1995. ANDRADE, E; VILLANOVA, F; BORRA, P; LEITE, K; TRONCONE, L; CORTEZ, I; MESSINA, L; PARANHOS, M; CLARO, J; SROUGI, M. Penile erection induced in vivo by a purified toxin from the Brazilian spider Phoneutria nigriventer. BJU International, 102: 835-837, 2008. ANDRADE FILHO, A.; DIAS, M. B.; CAMPOLINA, D.; GUERRA, S. D. Escorpionismo. In: Andrade Filho, A.; Campolina, D.; Dias, M. B. – Toxicologia na Prática Clínica, 155-166, 2001. ARANTES, E.C; SAMPAIO, S.V; VIEIRA, C.A; GLIGLIO, J.R. What is tityustoxin? Toxicon, 30, 786–789, 1992. 118 ARAUJO, D. R; DE PAULA, E; FRACETO, L. F. Anestésicos locais: interação com membranas biológicas e com o canal de sódio voltagem-dependente. Quim. Nova, 31 (7): 1775-1783, 2008. BARÃO, A.A; BELLOT, R.G; DORCE, V.A. Developmental effects of Tityus serrulatus scorpion venom on the rat offspring. Brain Res Bull, 30; 76 (5): 499-504, 2008. BARDEN J.A; COTTEE L.J; BENNETT M.R. Vesicle-associated proteins and P2X receptor clusters at single sympathetic varicosities in mouse vas deferens. J. Neurocytol., 28 (6): 469-480, 1999. BARHANIN, J; PAURON, D; LOMBET, A; NORMAN, R.I; VIJVERBERG, H.P; GIGLIO, J.R; LAZDUNSKI, M. Electrophysiological characterization, solubilization and purification of the Tityus gamma toxin receptor associated with the gatins component of the Na+ channel from rat brain. EM BO J., 2, 915-920, 1983. BENNETT, M.R. Autonomic neuromuscular transmission. Monogr. Physiol. Soc., 30: 1-271, 1972. BENNETT, M.R; LAVIDIS, N.A. Probabilistic secretion of quanta from successive sets of visualized varicosities along single sympathetic nerve terminals. J. Auton. Nerv. Syst., 43 (1): 41-50, 1993. BENNETT, M.R; BARDEN, J.A. Ionotropic (P2X) receptor dynamics at single autonomic varicosities. Neuroreport., 12 (16): A91-97, 2001. BERNE, R.M; LEVY, M.N. Fisiologia. 4ed. Rio de Janeiro: Guanaba Koogan, 2000. BEXIS, S; CLEARY, L; MCGRATH, J.C; TANOUE, A; TSUJIMOTO, G; DOCHERTY, JR. Alpha (1D)-adrenoceptors mediate nerve and agonist-evoked contractions in mouse vas deferens: evidence obtained from knockout technology. Auton Autacoid Pharmacol., 28 (2-3): 81-85, 2008. 119 BLASCHKO, H; BORN, G.V; D'IORIO, A; EADE, N.R. Observations on the distribution of catechol amines and adenosinetriphosphate in the bovine adrenal medulla. J Physiol. 133(3): 548-557, 1956. BOONYAPISIT, K; KAMINSKI, H.J; RUFF, R.L. Disorders of neuromuscular junction ion channels. The American Journal of Medicine, 106: 97- 113, 1999. BORGES, C.M; SILVEIRA, M.R; BEKER, M.A.C.L; FREIRE-MAIA, L; TEIXEIRA, M.M. Scorpion venom-induced neutrophilia is inhibited by a PAF receptor antagonist in the rat Journal of Leukocyte Biology, 67, 515-519, 2000. BORJA-OLIVEIRA, C.R; DURIGON, A.M; VALLIN, A.C.C; TOYAMA, M.H; SOUCCAR, C; MARANGONI, S; RODRIGUES-SIMIONI, L. The pharmacological effect of Bothrops neuwiedii pauloensis (jararaca-pintada) snake venom on avian neuromuscular transmission. J. Med. Biol. Res., 36 (5): 617-624, 2003. BRADBURY, J. Beyond pills and jabs. Researchers develop new ways to get drugs to the right place at the right time. Lancet.; 362 (9400): 1984-1985, 2003. BRAIN, K.L; COTTEE, L.J; BENNETT, M.R. Varicosities of single sympathetic nerve terminals possess syntaxin zones and different synaptotagmin N-terminus labelling following stimulation. J. Neurocytol., 26 (7): 491-500, 1997. BRAIN K.L; JACKSON, V.M; TROUT, S.J; CUNNANE, T.C. Intermittent ATP release from nerve terminals elicits focal smooth muscle Ca2+ transients in mouse vas deferens. J. Physiol., 541: 849-862, 2002. BRAIN K.L; CUPRIAN A.M; WILLIAMS, D.J; CUNNANE, T.C. The sources and sequestration of Ca2+ contributing to neuroeffector Ca2+ transients in the mouse vas deferens. J. Physiol., 553: 627-635, 2003. 120 BROCK, J.A; CUNNANE, T.C. Relationship between the nerve action potential and transmitter release from sympathetic postganglionic nerve terminals. Nature., 326: 605-607, 1987. ______. Studies on the mode of action of bretylium and guanethidine in postganglionic sympathetic nerve fibres. Naunyn Schmiedebergs Arch Pharmacol.,338 (5): 504-509, 1988. ______. Impulse conduction in sympathetic nerve terminals in the guinea-pig vas deferens and the role of the pelvic ganglia. Neuroscience., 47 (1): 185-196, 1992. ______. Effects of Ca 2+ concentration and ca 2+ channel blockers on noradrenaline release and purinergic neuroeffector transmission in rat tail artery. Br. J. Pharmacol, 126: 11-18, 1999. BÜCHERL, W. Brazilian scorpions and spiders: I. Biology of scorpions and effects of their venoms. Revista Brasileira de Pesquisas Médicas e Biológicas 1: 181-190, 1968. BÜLBRING, E. Observations on the isolated phrenic nerve diaphragm preparation of the rat. Br. J. Pharmacol. 1, 38–61, 1946. BURNETT, A.L; LOWENSTEIN, C.J; BREDT, D.S; CHANG, T.S; SNYDER, S.H. Nitric oxide: a physiologic mediator of penile erection. Science. 17;257 (5068):401403, 1992. BURNETT, J.W; WEINRICH, D; WILLIAMSON, J.A; FENNER, P.J; LUTZ, L.L; BLOOM, D.A. Autonomic neurotoxicity of jellyfish and marine animal venoms. Clin Auton Res. 8 (2): 125-130, 1998. BURNSTOCK, G. Purinergic nerves. Pharmacol Rev.; 24 (3): 509-581, 1972. ______. Purinergic receptors. J. Theor. Biol.; 62 (2): 491-503, 1976. 121 ______. Autonomic neuromuscular junctions: current developments and future directions. J. Anat., 146: 1-30, 1986. ______. Purinergic mechanisms. Ann N Y Acad Sci., 603: 1-17; 1990. ______. Contransmission. Curr. Opin. Pharmacol., 4: 47-52, 2004. BURNSTOCK, G; CAMPBELL. G; SATCHELL, D’; SMYTHE, A. Evidence that adenosine triphosphate or a related nucleotide is the transmitter substance released by non-adrenergic inhibitory nerves in the gut. Br J Pharmacol., 40 (4): 668-688, 1970. BURNSTOCK, G; HOLMAN, M.E. The transmission of excitation from autonomic nerve to smooth muscle. J. Physiol., 155: 115-133, 1961. ______. Junction potentials at adrenergic synapses. Pharmacol. Rev.,18 (1): 481493, 1966. CÂNDIDO, D.M. Escorpiões: ocorrência das espécies de importância médica, acidentes no Estado de São Paulo, obtenção de veneno e manutenção em cativeiro. São Paulo, 2008. CARLSSON, A; HILLARP, N.A; HOKFELT, B. The concomitant release of adenosine triphosphate and catechol amines from the adrenal medulla. J Biol Chem., 227 (1): 243-252, 1957. CASTELE, S; CATTERALL, W.A. Molecular mechanisms of neurotoxin action on voltage-gated sodium channels. Biochemie, 82: 883-892, 2000. CECCHINI, AL; VASCONCELOS, F. AMARA, S.G; GIGLIO, J.R; ARANTES, E.C. Effects of Tityus serrulatus scorpion venom and toxin TsTX-V on neurotransmitter uptake in vitro. Toxicology and Applied Pharmacology, 217: 196-203, 2006. 122 CELLEK, S; MONCADA, S. Nitrergic control of peripheral sympathetic responses in the human corpus cavernosum: A comparison with other species. Proc. Natl. Acad. Sci, 94: 8226–8231, 1997. CLARKE, B.T. The natural history of amphibian skin secretions, their normal functioning and potential medical applications. Biol Rev Camb Philos Soc., 72 (3): 365-379, 1997. CLEMENTE, G.T; TEIXEIRA, M.M; FREIRE-MAIA, L; ROSSONI, R.B. Mechanisms underlying the structural alterations of the rat submandibular gland induced by Tityus serrulatus tityustoxin. Toxicon.40(6):731-8, 2002. CONCEICAO, I.M; JURKIEWICZ, A; FONSECA, D.R; OPPERMAN, A.R; FREITAS, T.A; LEBRUN, I; GARCEZ-DO-CARMO, L. Selective release of ATP from sympathetic nerves of rat vas deferens by yhe toxin TsTX-I from Brazilian scorpion Tittyus serrulatus. British Journal of Pharmacology, 144: 519-527, 2005. CONCEIÇÃO, I.M; LEBRUN, I; CANO-ABAD; GANDIA, L; HERNANDEZ-GUIJO, J.M; LOPEZ, M.G; VILLARROYA, M; JURKIEWICZ, A; GARCIA, A.G. Synergism between toxin-gamma from Brazilian scorpion Tityus serrulatus and veratridina in chromaffin cells. Am. J. Physiol. 274, 1745- 1754, 1998. CUNNANE, T.C; STJÄRNE, L. Transmitter secretion from individual varicosities of guinea-pig and mouse vas deferens: highly intermittent and monoquantal. Neuroscience., 13: 1-20, 1984. CUNNANE, T.C; MANCHANDA, R. Electrophysiological analysis of the inactivation of sympathetic transmitter in the guinea pig vas deferens. Journal of Physiology, 404: 349-364, 1988. DAVID, C.N; OZBEK, S; ADAMCZYK, P; MEIER, S; PAULY, B; CHAPMAN, J; HWANG, J.S; GOJOBORI, T; HOLSTEIN, T.W. Evolution of complex structures: minicollagens shape the cnidarian nematocyst. Trends Genet., 24 (9): 431-438, 2008. 123 DOCHERTY, J. R. Subtypes of functional alpha1- and alpha2-adrenoceptors. Eur. J. Pharmacol.; 361 (1): 1-15, 1998. DULHUNTY, A. F; HAARMANN, C. S; GREEN, D; LAVER, D. R; BOARD, P. G; CASAROTO, M. G. Interactions between dihydropyridine receptors and ryanodine receptors in striated muscle. Progress in Byophysics and Molecular Biology, 79, 45-75, 2002. ENDEAN, R. Separation of two myotoxins from nematocysts of the box jellyfish (Chironex fleckeri). Toxicon, 25 (5): 483-92, 1987. ENDEAN, R., SIZEMORE, D.J.The use of verapamil to counter the effects of myotoxins from nematocysts of the boxjellyfish Chironex fleckeri. Progress in Venom and Toxin Research. 499–507, 1987. ERSPAMER, V; ERSPAMER, G.F; SEVERINI C; POTENZA R.L; BARRA D; MIGNOGNA G; BIANCHI A. Pharmacological studies of 'sapo' from the frog Phyllomedusa bicolor skin: a drug used by the Peruvian Matses Indians in shamanic hunting practices. Toxicon., 31 (9): 1099-1111, 1993. FEDAN, J.S; HOGABOOM, G.K; O'DONNELL, J.P; COLBY, J; WESTFALL, D.P. Contribution by purines to the neurogenic response of the vas deferens of the guinea pig. Eur J Pharmacol., 69 (1) :41-53. 1981 FENNER, P.J; HARRISON, S.L. Irukandji and Chironex fleckeri jellyfish envenomation in tropical Australia. Wilderness Environ Med. 11, 4: 233-40, 2000. FIIL, M; COPELLO, J.A. Ryanodine Receptor Calcium Release Channels. Physiol Rev, 82: 893-922, 2002. FRANZINI-ARMSTRONG, C; JORGENSEN, A.O. Structure and development of E-C coupling units in skeletal muscle. Annu Rev Physiol; 56: 509-534, 1994. 124 FRANZINI-ARMSTRONG, C; PROTASI, F. Ryanodine receptors of striated muscles: a complex channel capable of multiple interactions. Physiol Rev., 77 (3): 699-729, 1997. FURNESS, J.B; IWAYAMA, T. The arrangement and identification of axons innervating the vas deferens of the guinea-pig. J. Anat., 113 (Pt 2): 179-196, 1972. GERSHWIN, L.A; DAWES, P. Preliminary observations on the response of Chironex fleckeri (Cnidaria: Cubozoa: Chirodropida) to different colors of light. Biol Bull: 215 (1): 57-62, 2008. GINSBORG, B.L; WARRINER, J.N. The isolated chick biventer cervicis nerve muscle preparation. Br. J. Pharmacol. 15, 410–415, 1960. GRAHAM, W.M; PERRY, H.M; FELDER, D.L. Ecological and economic implications of the tropical jellyfish, Phyllorhiza punctata, in the northem Golf of Mexico during the summer of 2000. Manine Bioinvasions, New Orleans, Louisiana, 2001. GOMES, M.V; DINIZ, C.R. Separation of toxin components from the brazilian scorpion Tityus serrulatus. Mem. Inst. Butantan, 33: 899-902, 1966. GONÇALVES, A.A; TOYAMA, M.H; CARNEIRO, E.M; MARANGONI, S; ARANTES, E.C; GIGLIO, J.R; BOSCHERO, A.C. Participation of Na+ channels in the potentiation by Tityus serrulatus α-toxin TsTx-V of glucose-induced electrical activity and insulin secretion in rodent islet β-cells. Toxicon, 41: 1039-1045, 2003. GONON, F; MSGHINA, M; STJÄRNE, L. Kinetics of noradrenaline released by sympathetic nerves. Neuroscience, 56 (3): 535-538, 1993. HADDAD, V. JR; DA SILVEIRA, F.L; CARDOSO, J.L; MORANDINI, A.C. A report of 49 cases of cnidarian envenoming from southeastern Brazilian coastal waters. Toxicon., 40 (10): 1445-1450, 2002. 125 HADDAD, M.A; NOGUEIRA, M. Reappearance and seasonality of Phyllorhiza punctata Von Lendenfeld (Cnidaria, Scyphozoa, Rhizostomeae) medusa in southern Brazil. Revista Brasileira de Zoologia, 23 (3): 824-831, 2006. HARVEY, A.L; BRADLEY, K.N; COCHRAN, S.A; ROWAN, E.G; PRATT, J.A; QUILLFELDT, .JA; JERUSALINSKY, D.A. What can toxins tell us for drug discovery? Toxicon, 36 (11): 1635-1640, 1998. HEDLUND, P; ALM, P; ANDERSSON, K. E. NO synthase in cholinergic nerves and NO-induced relaxation in the rat isolated corpus cavernosum. Br. J. Pharmacol.,126: 349-360, 1999. HEDLUND, P; ASZÓDI, A; PFEIFER, A; ALM, P; HOFMANN, F; AHMAD, M; FASSLER, R; ANDERSSON, K.E. Erectile dysfunction in cyclic GMP-dependent kinase I-deficient mice. PNSA, 97, 5: 2349-2354, 2000. HILLE, B. G protein-coupled mechanisms and nervous signaling. Neuron, 9 (2): 187195, 1992. HODGSON, W.C; WICKRAMARATNA, J.C. In vitro neuromuscular activity of snake venoms. Clin. Exp. Pharmacol. Physiol. 29 (9):807-814, 2002. GREER, J.J; ALLAN, D.W, MARTIN-CARABALLO, M; LEMKE, R.P. An overview of phrenic nerve and diaphragm muscle development in the perinatal rat. J Appl Physiol 86:779-786, 1999. IGLESIAS, C.V; APARICIO, R; RODRIGUES-SIMIONI, L; CAMARGO, E. A; ANTUNES, E; MARANGONI, S; TOYAMA, D. O; BERIAM, L. O; MONTEIRO, H. S; TOYAMA, M. H. Effects of morin on snake venom phospholipase A2 (PLA2). Toxicon 46 (7): 751-758, 2005. INSTITUTO BUTANTAN. Aranhas e escorpiões. Série didática 4. São Paulo, SP s/d. Disponível em: <http://www.butantan.gov.br/materialdidatico/numero4/imagens/ Tityus-serrulatus.jpg> Acesso em 30 março de 2009. 126 JIMÉNEZ-FERRER, J. E; PÉREZ-TERÁN, Y. Y; ROMÁN-RAMOS, R; TORTORIELLO, J. Antitoxin activity of plants used in Mexican traditional medicine against scorpion poisoning. Phytomedicine. 12 (1-2): 116-122, 2005. JUNQUEIRA, M.E.P. Resposta imune induzida pelas peçonhas do bagre Cathorops agassizii. Botucatu: UNESP, 2006. KANAKISA, C.D; TARANTILISA, P.A; POLISSIOUA, M.G. Antioxidant flavonoids bind human serum albumin. Journal of Molecular Structure, 798 (1-3), 69-74, 2006. KARALLIEDDE, L. Animal toxins. Br. J. Anaesth., 74 (3): 319-327, 1995. KASAKOV, L; BURNSTOCK, G. The use of the slowly degradable analog, alpha, beta-methylene ATP, to produce desensitisation of the P2-purinoceptor: effect on non-adrenergic, non-cholinergic responses of the guinea-pig urinary bladder. Eur J Pharmacol.; 86 (2): 291-294, 1982. KENNEDY, C; MCLAREN, G.J; WESTFALL, T.D; SNEDDON P. ATP as a cotransmitter with noradrenaline in sympathetic nerves--function and fate. Ciba Found Symp., 198: 223-235, 1996. KERR,K. P. The guinea-pig oesophagus is a versatile in vitro preparation for pharmacological studies. Clin Exp Pharmacol Physiol.;29 (12): 1047-1054, 2002. KINGSLEY, R.E. Manual de Neurociência. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. KONSTANTAKOPOULOS, N; ISBISTER, G. K; SEYMOUR, J. E; HODGSON, W. C. A cell-based assay for screening of antidotes to, and antivenom against Chironex fleckeri (box jellyfish) venom. Journal of Pharmacological and Toxicological. 2009 127 KÜGELGEN, I.V; STARKE, K. Release of noradrenaline and ATP by electrical stimulation and nicotine in guinea-pig vas deferens. Naunyn-Schmiedeberg's archives of pharmacology, 344 (4): 419-429, 1991. LAVIDIS, N.A; BENNETT, M.R. Probabilistic secretion of quanta from visualized sympathetic nerve varicosities in mouse vas deferens. J. Physiol., 454: 9-26, 1992. LAZARUS, S.A; ADAMSON, G.E; HAMMERSTONE, J.F; SCHMITZ, H.H. Highperformance liquid Chromatography/Mass spectrometry analysis of proanthocyanidins in foods and beverages. J. Agric. Food. Chem., 47 (9): 36933701, 1999. LINCOLN, T.M; CORNWELL, T.L. Intracellular cyclic GMP receptor proteins. FASEB J.,1, 7(2):328-338, 1993. LUE, T.F. Neurogenic erectile dysfunction. Clin Auton Res.11(5):285-94, 2001 LOURENÇO, W.R. Parthenogenesis in Scorpions: some history – new data. J. Venom. Anim. Toxins Incl. Trop. Dis. 14 (1), 19-44, 2008. LUMLEY, J; WILLIAMSON, J.A; FENNER, P.J; BURNETT, J.W; COLQUHOUN, D.M. Fatal envenomation by Chironex fleckeri, the north Australian box jellyfish: the continuing search for lethal mechanisms. Medical Journal of Australia, 148, 527−533, 1988. MARANGONI, S; TOYAMA, M.H; ARANTES, E.C; GIGLIO, J.R; SILVA, C.A; CARNEIRO, E.M; GONÇALVES, A.A; OLIVEIRA, B. Amino acid sequence of Tstx-V, an A-toxin from Tityus serrulatus scorpion venom and its effect on K+ permeability of β-cells from isolated rats islet of langerhans. Biochim. Biophys. Acta. 1234: 309314, 1995. MARIEB, E.N; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia. 3 ed. Porto Alegre: ARTMED, 2008. 128 MELDRUM, L.A; BURNSTOCK, G. Evidence that ATP acts as a co-transmitter with noradrenaline in sympathetic nerves supplying the guinea-pig vas deferens. Eur. J. Pharmacol., 92 (1-2): 161-163, 1983. MELO, M.M; HABERMEHL, G.G; OLIVEIRA, N. J. F. Drugs against snake bite. Simpósio da Sociedade Brasileira de Toxinologia, 6. Resumos. São Paulo: Cruzeiro,130, 2000. MENDES, T.M; DIAS, F; HORTA, C.C; PENA, I.F; ARANTES, E.C; KALAPOTHAKIS, E. Effective Tityus serrulatus anti-venom produced using the Ts1 component. Toxicon., 1, 52 (7): 787-793, 2008. MÉNEZ. A. Functional architectures of animal toxins: a clue to drug design? Toxicon., 36 (11): 1557-1572, 1998. MERRILLEES, N.C. The nervous environment of individual smooth muscle cells of guinea pig vas deferens. J. Cell Biol., 37: 794-817, 1968. MIANZAN, H; CORNELIUS, P.E.S. Scyphomedusae and Cubomedusae. South Atlantic Zooplankton. 513-559, 1999. MINEO, M.F; FRANCO-ASSIS, G.A; DEL-CLARO, K. Repertório comportamental do escorpião amarelo Tityus serrulatus Lutz & Mello 1992 (Scorpiones, Buthidae) em cativeiro. Rev. Bras. Zoociências, 5, 1: 23-31, 2003. MIZUSAWA, H; HEDLUND, P. HÁKANSSON, A; ALM, P; ANDERSSON, K.E. Morphological and functional in vitro and in vivo characterization of the mouse corpus cavernosum. British Journal of Pharmacology.132, 1333-1341, 2001. MONCADA, S; HIGGS, A; FURCHGOTT, R. International Union of Pharmacology Nomenclature in Nitric Oxide Research. Pharmacol Rev., 49 (2): 137-142, 1997. 129 MORANDINI, A.C; ASCHER, D; STAMPAR, S.N; FERREIRA, J.F.V. Cubozoa e Scyphozoa (Cnidaria: Medusozoa) de águas costeiras do Brasil. Iheringia, Sér. Zool., 95 (3): 281-294, 2005. MOSS, R.L; HOFMANN, P.A. Effects of calcium on shortening velocity in frog chemically skinned atrial myocytes and in mechanically disrupted ventricular myocardium from rat. Circ Res., 70 (5): 885-892, 1992. MURAKAMI, R. A histological study of the development of the penis of wild-type and androgen-insensitive mice. J. Anat. 153, 223-231, 1987. NATIONAL INSTITUTE OF ALLERGY AND INFECTIOUS DISEASES. Disponível em: <National Institute of Allergy and Infectious Diseases http://www3.niaid.nih.gov/labs/aboutlabs/cmb/InfectiousDiseasePathogenesisSection /mouseNecropsy/step5Urogenital.htm> Acesso em 26 de março de 2009. NATIONAL INSTITUTE OF ALLERGY AND INFECTIOUS DISEASES. Disponível em: <National Institute of Allergy and Infectious Diseases http://www3.niaid.nih.gov/labs/aboutlabs/cmb/InfectiousDiseasePathogenesisSection /mouseNecropsy/step4Abdominal.htm> Acesso em 26 de março de 2009. PESSINI, A.C; SANTOS, D.R; ARANTES, E.C; SOUZA, G.E.P. Mediators Involved in the febrile response induced by Tityus serrulatus scorpionvenom in rats. Toxicon, 48: 556-566, 2006. PESSINI, A. C; SOUZA, A.M; FACCIOLI, L.H; GREGÓRIO, Z. M.O; ARANTES, E.C. Time course of acute-phase response induced by Tityus serrulatus venom and TsTXI in mice. International Immunopharmacology, 3: 765-774, 2003. PINHEIRO, C. B; MARANGONI, S; TOYAMA, M. H; POLIKARPOV, I.Structural analysis of Tityus serrulatus Ts1 neurotoxin at atomic resolution: insights into interactions with Na+ channels. Acta Crystallogr D Biol Crystallogr. 59 (3): 405415, 2003. 130 PLESSIS, L.H; ELGAR, D; PLESSIS, J.L. Southern African scorpion toxins: an overview. Toxicon, 51 (1): 1-9, 2008. POLIKARPOV. I; MATILDE JUNIOR, M.S; MARANGONI, S; TOYAMA, M.H; TEPLYAKOV, A. Crystal structure of neurotoxin Ts1 from Tityus serrulatus provides insights into the specificity and toxicity of scorpion toxins. J. Mol. Biol. 290: 175-184, 1999. PURCELL, J.E; GRAHAM, W.M; DUMONT, H.J. Jellyfish blooms: ecological and societal importance. Hidrobiologia, 451: 1-333, 2001. RADWAN, F.F; BURNETT, J.W; BLOOM, D.A; COLIANO, T; ELDEFRAWI, M.E; ERDERLY, H; AURELIAN, L; TORRES, M; HEIMER-DE LA COTERA, E.P. A comparison of the toxinological characteristics of two Cassiopea and Aurelia species. Toxicon. 39 (2-3) :245-257, 2001. RAMASAMY, S; ISBISTER, G.K; SEYMOUR, J.E; HODGSON, W.C. The in vitro effects of two chirodropid (Chironex fleckeri and Chiropsalmus sp.) venoms: efficacy of box jellyfish antivenom. Toxicon. 41 (6): 703-711, 2003. RANGE, H.P; DALE, M.M; RITTER, J.M. Farmacologia. 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. RICHARDSON, J. The relationship of stimulus similarity and number of responses. J. Exp. Psychol., 56 (6): 478-484, 1958. RIOS, E; BRUM, G. Involvement of dihydropyridine receptors in excitationcontraction coupling in skeletal muscle. Nature, 325: 717-720, 1987. RIPPINGALE, M.G.B.S; KELLY, S.J. Reproduction and survival of Phillorhiza punctata (Cnidaria: Rhizostomeae) in a seasonally fluctuating salinity regime in Westera Australia. Mar. Freshwater Res., 46: 1145-1151, 1995. 131 ROWLEY, K.L; MANTILLA, C.B; SIECK, G.C. Respiratory muscle plasticity. Respiratory Physiology & Neurobiology, 147: 235–251, 2005. RÜEGG, J.C. The Sarcoplasmic Reticulum: Storage and Release of Calcium. Calcium in Muscle Activation. Berlin: Springer-Verlag, 300, 1988. SAKANASHI, M; MATSUZAKI, T; NAKASONE, J; KOYAMA, T; SAKANASHI, M; KUKITA, I; SAKANASHI, M. Effects of diltiazem on in vitro cardiovascular actions of crude venom obtained from Okinawan box-jellyfish (Habu-kurage), Chiropsalmus quadrigatus. Anaesth. Intens, 30: 570–577, 2002. SEVERINO, D.N; PEREIRA, R.L; KNYSAK, I; CÂNDIDO, D.M; KWASNIEWSKI, F.H. Edematogenic activity of scorpion venoms from the Buthidae family and the role of platelet-activating factor and nitric oxide in paw edema induced by Tityus venoms. Inflammation,;32 (1): 57-64, 2009. SILVEIRA, F.L; CORNELIUS, P.F.S. New observations on medusas in the northeast and south Brazil. Acta. Biol., 22: 9-18, 2000. SNEDDON, P; BURNSTOCK, G. ATP as a co-transmitter in rat tail artery. Eur J Pharmacol., 106 (1): 149-152, 1984. SNEDDON, P; WESTFALL, D.P. Pharmacological evidence that adenosine triphosphate and noradrenaline arre co-transmitters in the guinea-pig vas deferens. J. Physiol., 347: 561-580, 1984. SNEDDON, P; WESTFALL, D.P; FEDAN, J.S. Cotransmitters in the motor nerves of the guinea pig vas deferens: electrophysiological evidence. Science., 218 (4573): 693-695, 1982. SNEDDON, P; WESTFALL, D.P; KENNEDY, C. Enhancement of sympathetic purinergic neurotransmission in the guinea-pig isolated vas deferens by the novel ecto-ATPase inhibitor ARL 67156. Br J Pharmacol., 117 (5): 867-872, 1996. 132 SJÖSTRAND, N.O. High noradrenaline content in the vas deferens of the cock and the tortoise. Experientia, 21:96, 1965. SOARES, M.R.M; AZEVEDO, C.S; DE-MARIA, M. Escorpionismo em Belo Horizonte, MG: um estudo retrospectivo. Revista da Sociedade Brasileira de Medicinal Tropical, 35 (4): 359-363, 2002. SOUZA, L.M; IACOMINI, M; GORIN, P.A.J; SARI,R.S; HADDAD, M.A; SASSAKI, G.L. Glyco- and sphingophosphonolipids from the medusa Phyllorhiza punctata: NMR and ESI-MS/MS fingerprints. Chemistry and Physics of Lipids, 145: 85-96, 2007. STÄRNE, L. Basic mechanisms and local modulation of nerve impulse-induced secretion of neurotransmitters from individual sympathetic nerve varicosities. Rev. Physiol. Biochem. Pharmacol., 112: 1-137, 1989. ______. Novel dual ‘small’ vesicle modelo f ATP- and noradrenaline-mediated sympathetic neurotransmission. Auton. Neurosci., 87: 16-36, 2001. STJÄRNE, L; ASTR Ä ND, P. Discrete events measure single quanta of adenosine 5'-triphosphate secreted from sympathetic nerves of guinea-pig and mouse vas deferens. Neuroscience,13 (1): 21-28, 1984. STJÄRNE, L; ASTRAND, P; BAO, J.X; GONON, F; MSGHINA, M; STJÄRNE, E. Spatiotemporal pattern of quantal release of ATP and noradrenaline from sympathetic nerves: consequences for neuromuscular transmission. Adv. Second. Messenger Phosphoprotein Res., 29: 461-496, 1994. STJÄRNE, L; STJÄRNE, E. Geometry, kinetics and plasticity of release and clearance of ATP and noradrenaline as sympathetic cotransmitters: roles for the neurogenic contraction. Prog. Neurobiol., 47 (1): 45-94, 1995. SU, C; BEVAN, J.A; BURNSTOCK, G. [3H]adenosine triphosphate: release during stimulation of enteric nerves. Science; 173 (994): 336-8, 1971. 133 TEIXEIRA, C.E., PRIVIERO, F.B., OKUYAMA, C.E., DE NUCCI, G., ANTUNES, E. Pharmacological characterization of the presynaptic activity of Tityus serrulatus venom in the rat anococcygeus muscle. Toxicon 42 (5), 451–460, 2003. TEIXEIRA, C.E; MORENO, R.A; FERREIRA, U; RODRIGUES N.JR; FREGONESI, A; ANTUNE, E; DE NUCCI, G. Pharmacological characterization of kinin-induced relaxation of human corpus cavernosum. Br J Urol, 81: 432-436, 1998. TIBBALLS, J. Australian venomous jellyfish, envenomation syndromes, toxins and therapy. Toxicon, 48: 830–859, 2006 TODOROV, L.D; MIHAYLOVA-TODOROVA, S.T; BJUR, R.A; WESTFALL, D.P. Differential cotransmission in sympathetic nerves: role of frequency of stimulation and prejunctional auto-receptors. J. Pharmacol. Exp. Ther., 290: 241-246, 1999. TODOROV, L.D; MIHAYLOVA-TODOROVA, S.T; CRAVISO, G.L; BJUR, R.A; WESTFALL, D.P. Evidence for the differential release of the cotransmitters ATP and noradrenaline from sympathetic nerves of the guinea-pig vas deferens. J. Physiol., 496: (Part 3): 731-748, 1996. TOYAMA, M.H; DE OLIVEIRA, D. G; BERIAM, L.O; NOVELLO, J.C; RODRIGUESSIMIONI, L; MARANGONI, S. Structural, enzymatic and biological properties of new PLA(2) isoform from Crotalus durissus terrificus venom. Toxicon., 41 (8): 1033-1038, 2003. TOYAMA, M.H; TOYAMA, D. D. E. O; PASSERO, L.F; LAURENTI, M.D; CORBETT, C.E; TOMOKANE, T. Y; FONSECA, F.V; ANTUNES, E; JOAZEIRO, P.P; BERIAM, L.O; MARTINS, M.A; MONTEIRO, H.S; FONTELES, M.C. Isolation of a new L-amino acid oxidase from Crotalus durissus cascavella venom. Toxicon,47 (1): 47-57, 2005. UCHITEL, O.D. Toxins affecting calcium channels in neurons. Toxicon.. 35 (8): 1161-1191, 1997. 134 VASCONCELOS, F; SAMPAIO, S. V; GARÓFALO, M. A; GUIMARÃES, L. F; GIGLIO, J. R; ARANTES, E. C. Insulin-like effects of Bauhinia forficata aqueous extract upon Tityus serrulatus scorpion envenoming. J. Ethnopharmacol. 95 (2-3): 385-392, 2004. VENTURA, S. Autoinhibition, sympathetic cotransmission and biphasic contractile responses to trains of nerve stimulation in the rodent vas deferens. Clin. Exp. Pharmacol. Physiol., 25: 965-973, 1998. VITAL-BRASIL, O; FONTANA,M.D. Mode of action of Phoneutria nigriventer spider venom at the isolated phrenic nerve-diaphragm of the rat. Braz. J. Rev. bras. pesqui. m‚d. biol., 18 (4): 557-565, 1993. VON LENDENFELD, R. The scyphomedusae of the southem hemisphere. Proc. Linn. Soc. New South Wales, 9: 259-306, 1884. WESTFALL, D.P; STITZEL, R.E; ROWE, J.N. The postjunctional effects and neural release of purine compounds in the guinea-pig vas deferens. Eur J Pharmacol. 1; 50 (1): 27-38, 1978. WERNER, M.E; ZVARA, P; MEREDITH, A.L; ALDRICH, R.W; NELSON, M.T. Erectile dysfunction in mice lacking the large-conductance calcium-activated potassium (BK) channel. J Physiol, 567.2: 545–556, 2005. WITT, P.A; KRAMER, T.H; BURKS, T.F. Norepinephrine and ATP are synergistic in the mouse vas deferens preparation. Eur J Pharmacol., 204 (2): 149-55, 1991. YANG, N; GEORGE, A.L. JR; HORN, R. Molecular basis of charge movement in voltage-gated sodium channels. Neuron, 16: 113–122, 1996. YATANI, A; KIRSCH, G.E; POSSANI, L.D; BROWN, A.M. Effects of New World scorpion toxins on single-channel and whole cell cardiac sodium currents. Am. J. Physiol., 254, 443-451, 1988. 135 YU, F.H; CATTERAL, W.A. Overview of the voltage-gated sodium channel family. Genome Biology, 4 (3): 207.1-207.7, 2003. ZHUA, J; ZHANGA, X; LIA, D; JING, J. Probing the binding of flavonoids to catalase by molecular spectroscopy. Journal of Molecular Structure, 843 (1-3), 38-44, 2007. 136 Anexos ANEXO 01 Poster 7. IX Symposium of the Brazilian Society on Toxinology. J. Venom. Anim. Toxins incl. Trop. Dis., 2007, 13,1, p.265 THE EFFECT OF THE TOXIN Phyllorhiza punctata IN MOUSE VAS DEFERENS VASCONCELOS R.F. (1), AGUIAR F.L. (1), TOYAMA D.O. (2), FONTELES M.C. (1), SANTOS C.F. (1), NASCIMENTO N.R.F. (1) (1) ISCB, University State of Ceará; (2) UNESP The Phyllorhiza punctata species (Stomolophidae) was discovered in the Brazilian coast in middle of the decade of 1950. This species were collected during periods of low tide by free diving at different rocky shores of the São Vicente Channel on the southern coast of Sao Paulo, Brazil. The Tentacles were removed from body, imemersed in ice-cold aqueous solution of 0,1%TFA and subjected to three cycles of freezing. After that, the solution was centrifuged and the supernatant was filtered,centrifuged and submainted to desalting and final cleaning. Then this extract was conncentrated by lyophilization. In preliminary experiments this extract (PHY-N) showed mouse vas deferens (MVD) contraction effect. To investigate whether the increase of neurogenic contractions in MVD induced by PHY-N was dependent on a post-synaptic mechanism a1-adrenergic, the following protocol was used. Albinic Swiss mice had been sacrificed by cervical displacement and vas deferens had been removed. A segment of approximately 1 cm of length was removed of the prostate portion and chemical preparation in organic chamber that contained solution of Krebs for vas deferens. PHY-N was evaluated for its biological activity in the autonomic neuromuscular junction by using the eletrical stimulated MVD as a model. A cummulative concentration-response curve (0.1 to 1000 ng/mL) was perfomed for each fraction in separated protocols. The EC50 was determined by non-linear regression and the result showed the 1,172 µg/mL value. The contractions elicited after exposition to exogenous noradrenaline (NA; 10 mM; n=6), were analyzed in the absence or presence of the EC50 of the fraction. The results showed that contraction induzed by NA (72,3±19,7) was not significantly altered by PHY-N (96,0± 22,2). 137 Suggesting that contraction induced by PHY-N was not dependent on a post-synaptic mechanism a1-adrenergic. KEY WORDS: Phyllorhiza punctata, mouse vas deferens. FINANCIAL SUPPORT: FUNCAP, CAPES, CNPq CORRESPONDENCE TO:University State of Ceará. Av. Paranjana, 1700, Fortaleza – CE, CEP: 60.740-903 138 ANEXO 02: Artigo científico na versão inglês, oriundo dessa dissertação, para submissão em revista científica. Effect of 7-hydroxy-2-oxo-2H-chromene-3-carboxylic acid and anhydrous morin on the toxin gamma from Tityus serrulatus. Toyama, M.H.1*, Aparício R.2, Boschero, A.C.3, Toyama, D.O.4, Alvim Jr. J.5, Corrêa, A.G.5, Vasconcelos-Carneiro, R.F.6, Aguiar, F.L.N.6,Fonteles, M.C.4,6, Nascimento, N.R.F.6.and Santos, C.F.6 1UNESP, Campus do Litoral Paulista , São Vicente; 2Instituto de Química, UNICAMP, Campinas; 3Departamento de Fisiologia e Biofísica, IB, UNICAMP, Campinas; 4Faculdade de Ciências Biológicas, Exatas e Experimentais, Universidade Mackenzie; 5Departamento de Química, UFSCar, São Carlos; 6 Instituto Superior de Ciências Biomédicas, UECE, Fortaleza-CE. *Corresponding author: Marcos Hikari Toyama UNESP, Campus do Litoral Paulista Phone: +55 13 3569-9433 Fax: +55 13 3469-9402 e-mail: [email protected] 139 Abstract. In the present work we showed the results of coumarin (7-hydroxy-2-oxo-2Hchromene-3-carboxylic acid) and morin on the structure and function of toxin gamma (toxin δ or Ts g). Both polyphenolic compound used here showed moderate hydrophobic character that allowed inserting on the hydrophobic pocket of the Ts g. The treatment of this Ts g with coumarin decreased significantly the α-helix structure and coumarin increase the β-sheets and the randon coil structure whereas morin showed a marginal modification. The Mass spectrometry measuring showed that one molecule of morin and two molecule of coumarin have been incorporated to the mass of Ts g. These results were confirmed by increasing of fluorescence of the Ts g incubated with morin and coumarin. Even though all these modification observed we did not observed significant qualitative change in the pharmacological effect elicited by isolated native or modified protein. The divergence of the results between morin and coumarin treatment to allowed speculate that both compound should be act on the same hydrophobic pocket of Ts g but by two different manner. Thus we conclude that all pharmacological action carried out by this neurotoxin (Ts g) and maybe other scorpion toxins are mainly dependent on the ability of some loops to interact specifically with receptors and the final attachment or stabilization of these toxin with receptors occurs a independently the presence of hydrophobic interaction of hydrophobic core of these proteins, such observed for other scorpion neurotoxins. Key word: scorpion toxin, coumarin, flavonoid, Tityus serrulatus and scorpion venom. 140 1. Introduction. The ability of polyphenolic compound to modify the function and structure of proteins has been described for sPLA2 and the ability of some polyphenolic compound, such as flavonoid to disestablishing the three-dimensional structure of some proteins such as PLA2 and other has been relatively well described (Iglesias et al., 2006). Other important polyphenolic compound that showed a potential against snake venom sPLA2 is found to umbelliferone (Toyama et al., 2009). Uawongglul et al., (2006) showed that organic extract from Andrographis paniculata, Barringtonia acutangula, Calamus sp., Clinacanthus nutans, Euphorbia neriifolia, Ipomoea aquatica, Mesua ferrea, Passiflora laurifolia, Plectranthus amboinicus,Rumex sp., Ricinus communis and Sapindus rarak has a different potence degree to inhibit the toxic effect of Heterometrus laoticus scorpion venom. Some mexican plant normaly used in the folk medicine of Mexico showed strong inhibitory effect neurotoxic effect induced by Centruroides limpidus limpidus venom in mice. (Jiménez-Ferrer et al., 2005; Vasconcelos et al., 2004) showed that aqueous extracts of Bauhinia forficata inhibited the lethal effect induced by TsTx-V (α-sodium neurotoxin). Thus we observed that some aqueous or organic fraction of several planta showed a potential antivenom or antitoxin effect agains whole venom or some isolated fraction. Since several specied used has been known in the folk medicine and these extract have great amount of polyphenolic compound such as coumarin, flavonoids. In this article.we investigate the effect of morin and a novel synthetic coumarin (7-hydroxy-2-oxo-2H-chromene-3-carboxylic acid) on the main neurotoxin found in the Tityus serrulatus venom, toxin gamma (Ts g). 2. Material and Methods. 2.1. Animals. Albino Swiss mice, weighing between 30 and 40g, were obtained from the Superior Institute of Biomedical Sciences animal facility having free access to water and food. The protocols of the present study followed the ethical guidelines from the Brazilian College of Animal Experimentation and were approved by the local committee. 141 2.2. Venoms, reagents and drugs. Venom fom the Tityus serrulatus was kindly donate by the Instituto Butantan (São Paulo, Brazil). Morin was obtained from the Sigma Co., Ltd. (USA) and the coumarin 7-hydroxy-2-oxo-2H-chromene-3-carboxylic acid) was synthesized at the Chemistry Department of Federal University of São Carlos according to described by Alvin Jr., et al., 2005. Solvents, chemical and other ACS or high purified reagents used for protein purification and protein modification and characterization were HPLC grade or higher were acquired from Sigma-Aldrich chemicals (USA), Merk (USA) and Bio-Rad (USA). The Ts g were isolate as described by Marangoni et al., 1995 and Polikarpov et al., 1999, using a ion exchange chromatography (SP5PW, 0.78 x 8cm). The homogeneity of the Ts g was confirmed by reverse phase HPLC, Tricine sodim dodecyl sulphate polyacrylamide gel electrophoresis and by MALD TOF mass spectrophotometer. ATP, phentolamine, morphine, noradrenaline, tetrodotoxin, charbamylcoline and tetrodotoxin were purchased from Sigma/Aldrich Chemical Company (St. Louis, MO, USA). 2.3. Incubation of Ts g with morin and coumarin. The incubation of Ts g with anhydrous morin (M) (mol : mol) and with coumarin (7-hydroxy-2-oxo-2H-chromene-3-carboxylic acid, C) followed the procedures described by Iglesias et al. (2005). Basically morin of coumarin was dissolved in dimethylsulphoxide (DMSO), the concentration of which during incubation never exceeded 1 %. 10 µL of morin or coumarin solution (100 nM) were added to 1000 µL of homogenized solution of purified Ts g (1.5 mg, 250 µM). The mixed solution was incubated for 60 min in a water bath at 37˚C. 200-µL samples of this mixture were loaded onto a preparative reverse phase HPLC column to separate the treated toxin Ts g M (toxin gamma after incubation with morin) or Ts g C (toxin gamma after incubation with coumarin) from anhydrou morin or coumarin. Using the same chromatographic condition, 200 µL of toxin gamma native (Ts g N) analyzed. After column equilibration with HPLC buffer A (aqueous solution of 0.1 % TFA), samples were eluted using a discontinuous gradient of HPLC buffer B (66.6 % of Acetonitrile in 0.1 % TFA) at a constant flow rate of 2.0 mL. min-1, the chromatographic run being monitored at A214 nm for detection of Ts g N, Ts g C and 142 Ts g M. In addition each chromatographic run were monitored using a PDA HPLC detector. The resulting native toxin gamma was termed Ts g and its purity degree was evaluated by Tricine SDS-PAGE and mass spectrometry on a MALDI-TOF mass spectrometer, as previously described (Toyama et al., 2003 and Toyama et al., 2005). 2.4. Spectroscopic analyses. 2.4.1. Circular dichroism spectroscopy. Purified toxin - native (Ts N) and anhydrous morin-treated Ts g (Ts g M) and coumarin treated Ts g (Ts g C) – were dissolved in 10 mM sodium phosphate buffer (pH 7.4) and final protein concentrations were adjusted to 8.7 mM. After centrifugation at 4000 g for 5 min, samples were transferred to a 1 mm path-length quartz cuvette. Circular dichroism spectra in the wavelength range 185–300 nm were acquired inhouse with a J720 spectropolarimeter (Jasco Corp., Japan) using a bandwidth of 1 nm and a response time of 1s. Data collection was performed at room temperature, with a scanning speed of 100 nm. min-1. Nine scans were accumulated for each sample and all spectra were corrected by subtraction of buffer blanks. The CD spectra are expressed in theta machine units in millidegrees. 2.4.2. Intrinsic fluorescence. The relative intrinsic fluorescence intensity of native Ts g or Ts g M or Ts g C were monitored with a Shimadzu spectrofluorimeter. 2.0-mL reaction mixtures in 1 cm path length quartz cuvette consisted of 100 mM Tris–HCl buffer (pH 7.4), Ts g N, Ts g C and Ts g M (200 µg. mL-1) and 5 mM calcium. Fluorescence was measured between 300 and 450 nm after excitation at 280 nm. 2.5. Pharmacological characterization. 2.5.1. Insulin secretion. 143 Rat islets were isolated by collagenase digestion of the pancreas (Bordin et al., 1995). For static secretion, groups of five islets were first incubated for 45 min at 37 ºC in Krebs-bicarbonate buffer of the following composition (in mmol/L): 115 NaCl, 5 KCl, 2.56 CaCl2, 1 MgCl2, 10 NaHCO3, 15 HEPES, and 5.6 glucose, supplemented with 3 g of bovine serum albumin/L and equilibrated with a mixture of 95% O2–5% CO2, pH 7.4. The medium was then replaced with fresh Krebs-bicarbonate buffer and islets incubated for an additional 1 h with medium containing different concentrations of glucose in the absence or presence of native or treated protein (5µg/mL). The insulin content of the medium at the end of the incubation period (60 minutes in the presence of native or treated toxin) was measured by radioimmunoassay (Scott et al., 1981). 2.5.2. Neurotoxic effect assay. Male chicks (4-8 days old) were killed with ether and the biventer cervicis muscle was removed (Ginsborg and Warriner, 1960) and mounted under a resting tension of 1 g in a 4 ml organ bath containing aerated (95% O2 + 5% CO2) Krebs solution (pH 7.5, 37 ºC) of the following composition (mM): 118.7 NaCl, 4.7 KCl, 1.88 CaCl2, 1.17 KH2PO4, 1.17 MgSO4, 25.0 NaHCO and 11.65 glucose. A bipolar platinum ring electrode was placed around the tendon, which ran the nerve trunk supplying the muscle. Indirect stimulation was applied with a Grass S4 stimulator (0.1 Hz, 0.2 msec, 3-4 mV). Muscle contractions and contractures were recorded by connecting the preparation to a force displacement transducer (Narco Biosystems Inc) coupled to a Gould RS 3400 recorder. Contractures to exogenously applied acetylcholine (ACh, 55 or 110 µM for 60 s) and KCl (5 mM for 120–130 s) were obtained in the absence of nerve stimulation prior to the addition of modified and non-modified toxin (5 µg/ml) and at end of the experiment. The preparations were allowed to stabilize for at least 20 min before the addition of ACh or KCl and a single concentration (5 µg/ml) of the compounds. 2.5.3. Isolated mouse vas deferens. The mouse vas deferens setup was mounted as described by Hughes et al., 1975. Briefly, after sacrification of albino Swiss mice by cervical displacement, 1 cm lenght prosthatic segments of vas deferens were dissecated and carefully cleaned of surrounding tissues. Thereafter, the tissue was vertically suspended between two 144 parallel platinum electrodes under a resting tension of 0.3g in a modified Krebs solution (pH 7.4; 37 ºC and gassed with 95% O2 and 5% CO2), with zero nominal concentration of Mg2+ containing in mM: NaCl 118, KCl 4.75, CaCl2 2.54, KH2PO4 0.93, NaHCO3 24, glucose 11, EDTA 0.027, ascorbic acid 0.1. The tissues were attached to an isometric force-displacement transducer (F-60 Narco Biosystems, Houston, TX, USA) coupled to a multichannel recorder (Narco Biosystems). After a 1 hour equilibration period with 15 min wash intervals, contractile responses were induced by transmural eletrical field stimulation (EFS) with submaximal square waves pulses (1ms lenght and 0.1Hz frequency). The effect of venom fractions and control drugs were expressed as a percentage of the twitches amplitude before addition of the test compounds. The neurogenic nature of twitches were comproved by the complete blockade after 0.3µM tetrodotoxin exposition (Rae and Calixto, 1990) and the main noradrenergic component of this twitches were proved by 100 µM phentolamine in the same way (Perry, 1970). 2.6. Antibacterial Activity. Antibacterial activity of native and chemically treated toxin g was conducted following the method described by Oliveira et al., 2008. Briefly, Xanthomonas axonopodis. pv. passiflorae (Gram-negative) bacterial strain and Clavibacter michiganensis michiganensis (Gram-positive) bacterial strain were harvested from fresh agar plates and suspended in distilled sterilized water (A650nm = 0.3/ cc 103CFU/ml). Aliquots of the bacterial suspension were diluted to 10-5 CFU/ml and incubated with Ts g N, Ts g M and Ts g C (65 µg/ ml) for 1 h at 37 ºC; after incubation, survival was assayed on nutrient (Difco) plates (n=5). 2.7. Three-dimensional structure of PLA2. The 3D structure of Ts g was determined by comparative homology modelling from the models of PDB. This allowed the observation of a model of the native toxin. 2.8. Statistical analyses. 145 The results were reported as the means ± SEM of n experiments. The significance of differences between means was assessed by analysis of variance, followed by a Dunnett’s test when several experimental groups were compared with the control group. The confidence limit for significance was 5% (p>0.05). 3. Results. Purified Ts g and other Ts g chemically treated with anhydrouns morin (Ts g M) and treated with coumarin (Ts g C) were analyzed by reverse phase HPLC. At shown in the figure 1, we observed a clear increasing of hydrophobic character of the Ts g after treatment with anhydrouns morin or coumain (7-hydroxy-2-oxo-2Hchromene-3-carboxylic acid). Beyond this chromatographic shift of native Ts g in comparison with Ts g M or Ts g C, we observed also a discrete change of 280nm region by UV scanning from the 200 to 300nm (inserts of figures 1a, 1b and 1c). Since the both compound anydrous morin and synthetic coumarin showed a discret hydrophobic character, we permerfomed some spectroscopic anaysis using a Mass spectrometry that showed an relative increasing of the molecular mass of native Ts g after treatment with morin or coumarin. Following the analysis of fig.2a, native toxin (Ts g N) presented a molecular mass of 6872.13 Da whereas the toxin treated with morin and coumarin presenting a molecular mass of 7277.81 Da and 7381.32 Da, respectively. Circular discroism measurement of native toxin showed the presence of large random coil strucutre and moderate amount of betha strand and small amount of alpha helix, which these last form a hydrophobic pocket of Ts g. Treatment of Ts g with morin did not induced a so evident changes induced by treatment of Ts g with coumarin (Fig. 2b), both anhydrouns morin and coumarin induce a moderate or strong protein desnovelation but did not lead to desnaturation of Ts g. In case of coumarin, we observe a high increase of random coil of this protein. Increasing of fluorescence of Ts g C or Ts g M in comparison with Ts g native (Ts g N) is shown in the figure 2c. The fluorescence of native Ts g is due the intrinsic fluorescence of tryptophan found in its structure. In case of Ts g M or Ts g C we observed a summation of fluorescence of tryptophan togheter the fluorescence of morin (Ts g M) or coumarin (Ts g C). These results corroborate the results from the mass spectrometer measurement in figure 2a. Previously work performed with Marangoni et al., (1995) and Gonçalves et al., (2003) proved that isolated beta cells isolated from the pancreatic islets of rodents is 146 good model for evaluate the action of scorpion toxin. In the high glucose concentration we observed that Ts g potentiate the insulin secretion. Ts g treated with morin (Ts g M) statistically did not show differences with Ts g native. But, coumarin treatment strongly decrese this effect induced by native Ts g (Fig. 3a). In the case of the neurotoxicity effects, the treatment of the toxin with morin or coumarin did not modify the neurotoxic effect, but the analysis of Figure 3b, shows that coumarin-treated Ts g showed a delayed onset of the neurotoxic effect when compared with native and morin treated-toxin, but the final effect was not significantly different. Native Ts g (Ts g N) induced autonomic hyperexcitability inducing “spikes” and after aberrant firing the neurogenic contractions were abolished (≈ 20min after peak activity) (Fig. 4a). The maximal amplitude of tonic contraction evoked by 300 ng/mL Ts g N was 200 ± 33.3 % compared to 408 ± 50.7% (p<0.05 compared with Ts g alone) attained with Ts g conjugated with morin or 296 ± 92.2 with cumarine conjugated Ts g (fig. 4). The morin conjugated derivative of Ts g was shown to be more potent inducing significative increase in tonus at 100 ng/mL (336.7 ± 49.6 %; p<0.05 vs. Ts g alone and with Ts g conjugated with coumarine (Ts g C) (Fig. 4b). The kynetics for neurotransmission blockade after a period of hyperexcitability is depicted in figure 4c. The was no significant alterations induced by morin or coumarin treatment in the time necessary for complete block of neurotransmission by toxin g. Antimicrobial effect of some scorpio neurotoxins have been described and some of these toxin showed antibacterial and antiparasite activity such case of charybdotoxin. Some reports showed that atimicrobial effect did not dependent of its neurotoxic effect. In this article we investigate the antibacterial effect of Ts g on the two well stablished model by our research group using a Xanthomonas axonopodis pv passiflorae (Gram negative) and Clavibacter michiganensis michiganensis (Gram positive). The antibacterial activity showed that Ts g induce a moderate antibacterial activity against Gram negative strain and higly against Gram positive (Fig. 5a and 5b). This effect were strongly inhibited by previous treatment of Ts g with morin or coumarin (Fig. 5a and 5b). The structural analysis of Ts g with charybdotoxin and other antimicrobial peptides showed the presence of conservation of the gamma core (GXC.....C) found in severel antimicrobial activity. 147 The 3D model of Ts g showed in Figure 6a showed the presense of B and J loop and the C-terminal loop and in 6b we showed the hydrophobic core of this protein. In 6c, we found the structural similarities between gamma core of fond in the charybdotoxin and in Ts g. 4. Discussion. Toxins δ (Ts g) is the most abundant protein found in the Tityus serrulatus venom and has several common features such as presence of four disulfide bridges, three β sheets and α helix structure. This toxin are classified as β-toxin that binds to Na+ channels independently of its voltage and shift of channel of channel activation to more negative membrane potentials without modifying its inactivation (Catterall, 2000, Yang et al., 1996 and Gonçalves et al., 2003). The pharmacological activity of the β scorpion sodium neurotoxin is droved by some conditions that are crucial to allow the correct interaction of these toxins with sodium channel. Firstly, the positive electrostatic potential at the N terminus provide by the N-terminal β-amino group and by Lys/ Arg in the position 1; one second condition is the presence of positively charged groups in position 12 (in β toxins), one third requirement would be the presence of the negative potential of Glu/ Asp2; the last condition for interaction of the β-toxin with sodium channels is the presence of conserved aromatic cluster are important for their activity (Fontecilla-Camps et al., 1982 and 1988 and Sun et al., 2003). Our results clearly showed that morin and coumarin induce a partial desnovelation of protein structure as shown by CD spectra and these results suggest that morin and coumarin binds to protein structure as shown by mass spectrometry analysis. This addition of these polyphenolic compound on the Ts g is cleary shown by measuring of fluorescence of protein before and after incubation with these both compounds and also induced a discrete increasing of UV-Vis spectra scanning. Since both compound are characterized as hydrophobic compound it possible that both compound binds in the hydrophobic core of the protein, where found the main secondary structure of protein such as α helix and β strands and probably the interaction of this compound with these structures induced a discrete change of the alpha helix and beta strands content as shown by CD spectra in case of morin. But in case of synthetic coumarin these changes was most evident and wat three higher than to morin. This slight discrepancy between both polyphenolic compounds should 148 be due the their structural characteristics. da Silva et al., 2004 demostranted influence of electronic, steric and hydrophobic properties of some flavonoid compounds can be inhibit the xanthine oxidase by difference mode and intensity. Kanakisa et al., 2006 investigated the effect of binding of some antioxidant flavonoids with Human serum albumin (HSA). According to their finding flavonoids can be form a stable complex with HSA and the molecular interaction between the flavonoid with HSA involves both H-bonding and ionic interactions via ring OH groups, which can interact with protein amino groups more effectively. Kanakisa et al., 2006 and Zhua et al., 2007 showed that flavonoid complexation causes protein unfolding that leads the inhibition of enzyme catalysis. Our resuls showed that morin and coumarin leads a discrete or evidente unfolding of Ts g and this effect is accordance with other protein treated with polyphenolic compound. In both cases, we did not observed a abolishment of the pharmacological effect but solely a moderate or strong decrease of the pharmacological effect induced by Ts g. These results suggest that hydrophobic core in these protein is not crucial for the pharmacological actvity of this protein. The structural analysis of this protein showed the presence of other important and potential region for interaction of the Ts g with receptor (Polikarpov et al., 1999 and Pinheiro et al., 2003). In the electrically driven mouse vas deferens, a model of autonomic neurotransmission, Ts g induced a rapid onset autonomic hyperexcitability probably due burst of transmitter release from sympathetic nerves. This results suggest that both compoud did not induce a clear or evident dimishing of this pharmacological activity. This is evident for insulin secretion, neurotoxic activity. This results suggest that other molecular region in the Ts g should be important for this effect including the loop found in the toxin structure. The presence of some basis amino acid residues in this C-terminal region has been described as crucial for interaction of the toxin with some neurotoxic receptor. In case of some αlike scorpion toxins, this region comprose a long amino acid sequence that involve in the specific interaction with cell receptor (He et al., 1999). The similar profile was described by Darbon et al., 1983 and Granier et al., 1989, where that demostranted the implication of the presence of this region in some scorpion neurotoxin as crucial region for toxin-receptor interaction. This region has a particular molecular profile that differ from the others α and β scorpion neurotoxin (Polikarpov et al., 1999). 149 Finally, the presence of K(52), R(56) and K(60) in this region and the peculiar orientation of this C-terminal region suggest that these amino acid residues as the orientation of this region should be crucial for toxin-receptor interaction. Mantegazza and Cestèle (2005) showed that interaction and physiological effect induced for some β-scorpion toxin is drived by electrostatic interaction between the toxin and some acid amino acid of domain II of voltage-dependent sodium channels. Recently some scorpion neurotoxinc has been characterized antimicrobial peptides against bacteria, fungi and parasites. as a THe antimicrobial peptides has been classified in with or without didulfide brigeds. In both cases these peptides has some comon features that contribute to their antimicrobial action indluding small size (less 10 kDa), presence of cationic charge (pI 7 to 10) and amphipathic stereogeometry, conferring relatively hydrophobic facets (Yeaman and Yount, 2003). polarized hydrophilic and All these antimicrobial peptides despite the huge strucutural variation showed the presence of γ-core motif, which has been considered a comum core motif across these peptides. Yet the presence of this core is not necessarily an exclusive structural determinant of antimicrobial activity. In some cases, the γ-core alone is sufficient for antimicrobial activity such in case of charybdotoxin that exerted direct antimicrobial activity against bacteria and Candida albicans (Yount and Yeaman, 2004). The structural analysis of the Tsg and charybdotoxin showed that γ-core motif comprise the presence of two atiparalle beta strand as shown in the figure 6c. All strucutural results suggest a interactin of these compound with the Tsg strucuture, since the hydrophobic nature of these compound it possible that morin or synthetic coumarin to interact with the hydrophobic core of protein (Fig. 6b), which includes two beta strand. This results allowed to conclude that Ts g and probably other neurotoxins demostrated the presence of two biologically and distinct regions. The antimicrobial region is clearly dependent of the integrity of the some second structures sucha as two antiparalle β strands and the pharmacological effect is mainly driven by presence of C-terminal domain that is not strongly affected by incubation of Ts g with morin or coumarin. Buth in this case is not possible to exclude completely of the participation of the hydrophobic core. 5. Acknowledgements. 150 The authors are grateful to the Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) and Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq) for financial support. 6. References. Alvim Jr., J., Dias, R.L.A., Castilho, M.S., Oliva, G. and Corrêa, A.G. 2005. Preparation and evaluation of a coumarin library towards the inhibitory activity of the enzyme gGAPDH from Trypanosoma cruzy. J. Braz. Chem. Soc. 16, 763-773. Caliskana, F., Garcia, B.I., Coronasb, F.I.V., Batista, C.V.F., Zamudio, F.Z. and Possani, L.D. 2006. Characterization of venom components from the scorpion Androctonus crassicauda of Turkey: Peptides and genes. Toxicon 48(1), 12-22. Catterall, W.A. 2000. From ionic currents to molecular mechanisms: the structure and function of voltage-gated sodium channels. Neuron 26, 13–25. Darbon, H., Jover, E., Couraud, H. and Rochat, H. 1983. α-Scorpion neurotoxin derivatives suitable as potential markers of sodium channel. Int. J. Pept. Protein Res. 22, 179–186. Fontecilla-Camps, J.C., Almassy, R.J., Suddath, F.L., Bugg, C.E., 1982. The threedimensional structure of scorpion neurotoxins. Toxicon 20, 1–7. Gonçalves, A.A. Toyama, M.H., Carneiro, E.M., Marangoni, S., Arantes, E.C., Giglio, J.R. and Boschero, A.C. 2003. Participation of Na(+) channels in the potentiation by Tityus serrulatus alpha-toxin TsTx-V of glucose-induced electrical activity and insulin secretion in rodent islet beta-cells. Toxicon 41(8), 1039-1045. Granier, C., Novotny, J., Fonticilla-Camps, J.C., Fourquet, P., El Ayeb, M. and Bahraoui, E. 1989. The antigentic structure of a scorpion toxin. Mol. Immunol. 26,503–513. He, X.L., Li, H.M., Zeng, Z.H., Liu, X.Q., Wang, M. and Wang, D.C. 1999. Crystal structures of two alpha-like scorpion toxins: non-proline cis peptide bonds and implications for new binding site selectivity on the sodium channel. Mol Biol.292(1), 125-135. Iglesias, C.V., Aparicio, R., Rodrigues-Simioni, L, Camargo, E.A., Antunes, E., Marangoni, S., Toyama, D.O., Beriam, L.O., Monteiro, H.S. and Toyama, M.H. 151 2005. Effects of morin on snake venom phospholipase A2 (PLA2). Toxicon 46(7),751-758. Jiménez-Ferrer, J.E., Pérez-Terán, Y.Y., Román-Ramos, R. and Tortoriello, J. 2005. Antitoxin activity of plants used in Mexican traditional medicine against scorpion poisoning. Phytomedicine. 12(1-2),116-122. Mantegazza, M. and Cestèle, S. 1999. ß-Scorpion toxin effects suggest electrostatic interactions in domain II of voltage-dependent sodium channels. J. Physiol. 568 (1), 13-30. Maritz, C., Louw, A.I., Gothe, R. and Neitz, A.W.H. 2000. Detection and micro-scale isolation of a low molecular mass paralysis toxin from the tick, Argas (Persicargas) walkerae. Experimental and Applied Acarology 24, 615–630. Pinheiro, C.B., Marangoni, S., Toyama, M.H. and Polikarpov, I. 2003. Structural analysis of Tityus serrulatus Ts1 neurotoxin at atomic resolution: insights into interactions with Na+ channels. Acta Crystallogr D Biol Crystallogr. 59(Pt3), 405415. Polikarpov, I., Junior, M.S., Marangoni, S., Toyama, M.H. and Teplvakov, A. 1999. Crystal structure of neurotoxin Ts1 from Tityus serrulatus provides insights into the specificity and toxicity of scorpion toxins. J Mol Biol. 290(1), 175-184. Sharma, M., Ethayathulla, A.S., Jabeen, T., Singh, N., Sarvanan, K., Yadav, S., Sharma, S. and Srinivasan, A. and Singh, T.P. 2006. Crystal structure of a highly acidic neurotoxin from scorpion Buthus tamulus at 2.2A resolution reveals novel structural featuresJ. Struct. Biol. v155, p.52-62. Sun, Y.M., Bosmans, F., Zhu, R.H., Goudet, C., Xiong, Y.M., Tytgat, J., Wang, D.C., 2003. Importance of the conserved aromatic residues in the scorpion alpha-like toxin BmK M1: the hydrophobic surface region revisited. J. Biol. Chem. 278, 24125–24131. Sun, Y.M., Bosmans, F., Zhu, R.H., Goudet, C., Xiong, Y.M., Tytgat, J., Wang, D.C., 2003. Importance of the conserved aromatic residues in the scorpion alpha-like toxin BmK M1: the hydrophobic surface region revisited. J. Biol. Chem. 278, 24125–24131. Uawonggul, N., Chaveerach, A., Thammasirirak, S., Arkaravichien, T., Chuachan, C. and Daduang, S. 2006. Screening of plants acting against Heterometrus laoticus scorpion venom activity on fibroblast cell lysis. J. Ethnopharmacol. 103(2),201207. 152 Vasconcelos, F., Sampaio, S.V., Garófalo, M.A., Guimarães, L.F., Giglio, J.R. and Arantes, E.C. 2004. Insulin-like effects of Bauhinia forficata aqueous extract upon Tityus serrulatus scorpion envenoming. J. Ethnopharmacol. 95(2-3),385-392. Yang, N., George, A.L. Jr and Horn, R. 1996. Molecular basis of charge movement in voltage-gated sodium channels. Neuron 16, 113–122. Yang, N., George, A.L. Jr and Horn, R. 1996. Molecular basis of charge movement in voltage-gated sodium channels. Neuron 16, 113–122. Yeaman, M. R. and Yount, N. Y. (2003) Pharmacol. Rev. 55, 27–55. Yount, N.Y. and Yeaman, M.R. 2004.Multidimensional signatures in antimicrobial peptides. PNAS 101(19), 7363–7368. Schagger, H. and von Jagow, G. (1987). Tricine-sodium dodecyl sulfatepolyacrylamide gel electrophoresis for the separation of proteins in the range from 1 to 100 kDa. Anal Biochem. 166(2):368-379. Bordin, S., Boschero, A.C., Carneiro, E.M., Atwater, I., (1995). Ionic mechanisms involved in the regulation of insulin secretion by muscarinic agonists. J. Membr. Biol. 148, 177–184. Scott, A.M., Atwater, I., Rojas, E., (1981). A method for the simultaneous measurement of insulin release and B cell membrane potential in single mouse islets of Langerhans. Diabetologia 21, 470–475. Ginsborg, B.L., Warriner, J., 1960. The isolated chick biventer nerve muscle preparation. Br. J. Pharmacol. 15, 410–421. Marangoni, S., Toyama, M.H., Arantes, E.C., Giglio, J.R., Da Silva, C.A., Carneiro, E.M., Gonc¸alves, A.A., Oliveira, B., 1995. Amino acid sequence of TsTx-V, and atoxin from Tityus serrulatus scorpion venom, and its effect on Kþ permeability of bcells from isolated rat islets of Langerhans. Biochim. Biophys. Acta 1243, 309– 314. Polikarpov, I., Matile Junior, M.S., Marangoni, S., Toyama, M.H. and Teplyakov, A. 1999. Crystal Structure of Neurotoxin Ts1 from Tityus serrulatus provides insights into the specificity and toxicity of scorpion toxins. J. Mol. Biol. 290, 175-184. da Silva, S.L., da Silva, A., Honorio, K.M., Marangoni, S., Toyama, M.H. and da Silva, A.B.F. 2004. The influence of electronic, steric and hydrophobic properties of flavonoid compounds in the inhibition of the xanthine oxidase. Journal of Molecular Structure (Theochem) 684, 1–7. 153 Oliveira, S.C., Fonseca, F.V., Antunes, E., Camargo, E.A., Morganti, R.P., Aparício, R., Toyama, D.O., Beriam, L.O., Nunes, E.V., Cavada, B.S., Nagano, C.S., Sampaio, A.H., Nascimento, K.S. and Toyama, M.H. 2008. Modulation of the pharmacological effects of enzymatically-active PLA2 by BTL-2, an isolectin isolated from the Bryothamnion triquetrum red alga. BMC Biochem. 9,16. Kanakisa, C.D., Tarantilisa, P.A. and Polissioua, M.G. 2006. Antioxidant flavonoids bind human serum albumin. Journal of Molecular Structure 798(1-3), 69-74. Zhua, J., Zhanga, X., Lia, D. and Jing, J. 2007. Probing the binding of flavonoids to catalase by molecular spectroscopy. Journal of Molecular Structure 843 (1-3), 3844.8-44 154 ANEXO Figure 1. C18 analytica HPLC chromatogram of the native toxin g (Ts g N) and the Ts g previously incubated with anhydrous morin (Ts g M) or coumarin (Ts g C). All these samples were subjected at same chromatographic condition used for characterization of Ts g N. In addition we analyzed the UV scanning of the Ts g after incubation with coumarin or morin. 155 Figure 2. (a) shows the molecular mass of the Ts g native (Ts g N), Ts g M and Ts g C after purification in the C18 HPLC. In Fig. 2b. shows the results of CD spectra of native Ts g N, Ts g treated with morin (Ts g M) and Ts g treated with coumarin (Ts g C). CD spectra of native Ts g and Ts g M or Ts g C. Data over the range 185 – 280 nm is shown. The CD spectra are expressed in theta machine units in milli degrees. (c) we observed the fluorescence measuriment of Ts g N, Ts g M and Ts g C. 156 Figure 3. In 3a it had shown the effect of scorpion toxin on the pancreatic β cells, in presence of 16.7mM of glucose. Native toxin (Ts g N ) as well the toxin treated with morin (Ts g -M) increase the insulin secretion at similar rate, whereas toxin treated with coumarin (Ts g -C) decrease the insulin secretion in comparison with native toxin or toxin treated with morin. In case of the neurotoxic response induced by the tree compounds only toxin treated with coumarin showed a marginal difference with native toxin and toxin treated with morin that both induce similar effects. 157 Figure 4. (a) Physiographic recording showing the effect of Ts g (300 ng/mL) on the eletrically-driven MVD. Vertical calibration=10 mN and horizontal calibration = 15s (b) Effect of Tityus serrulatus (Ts g) and its derivatives in neurogenic contractions evoked in mice vas deferens (30V; 0.5ms; 0.1Hz). (c) kinetics of neuronal blockade after Ts g induced spikes.* p<0.05 vs. Ts g alone, ANOVA followed by Tukey-Kramer with 5% significance. # p<0.05 vs. Ts g treated with cumarine, ANOVA followed by Tukey-Kramer with 5% significance. 158 Figure 5. (a) Effect of Ts g on the Gram negative bacterial strain (Xanthomonas axonopodis pv passiflorae or Xanthomonas) and incubated with Gram positive bacterial strain (Clavibacter michiganensis michiganensis or Clavibacter). Under same condition the Ts g treated with Morin or Coumarin, Ts g M and Ts g C, respectively. In the aminoacid aligment of gamma core with charybdotoxin and Ts g. 159 Figure 6. 3D model of Ts g showing the presence of B,J and C-terminal loop (a) and presence of hydrophobic core (b) and comparative models of Ts g and charybdotoxin where presenting the gama core. 160