Educação e Formação Profissional 2.6. EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL “Tal como o mundo é uma escola para toda a raça humana, do início dos tempos até ao fim, também toda a vida de uma pessoa é uma escola para cada um de nós, do berço à sepultura”. Coménio Palavras-chave - Ensino Qualificação Profissional Cidadania Empregabilidade • Abandono Escolar • Analfabetismo • Formação profissional não direccionada para as necessidades empresariais • Existência de ensino técnico-profissional (para além do ensino geral) • Ensino privado Cidadania e Instrução “Se os teus projectos forem para um ano, semeia o grão. Se forem para dez anos, planta uma árvore. Se forem para cem anos, educa o povo.” Provérbio chinês O progresso da humanidade cria novos contextos, obrigando-nos à permanente (re)leitura do mundo. Há que reconhecer a questão basilar da importância que tem em toda parte a capacidade de ler e escrever - para os indivíduos, as comunidades e as sociedades – e a importância fundamental da alfabetização. Não serão demais todos os esforços empreendidos nesta área em favor do desenvolvimento humano sustentável. Estima-se que 862 milhões de adultos, dois terços dos quais mulheres, são excluídos de uma plena participação na sociedade, dada a sua condição de analfabetos. Em 2003 foi lançado um desafio pela UNESCO, que apelou à congregação de esforços, no sentido de alcançar a meta de uma melhoria de 50 por cento nos níveis da alfabetização adulta, especialmente no caso das mulheres, até 2015. 118 Educação e Formação Profissional Este esforço será determinante, integrando-se no programa “Educação para Todos”: a garantia de uma educação básica de qualidade para todas as crianças, de modo a criar uma base duradoura para a competência na linguagem escrita. No mundo cerca de um adulto em cada cinco é analfabeto, o que é insustentável. Como poderão existir sociedades equitativas ou democracias auspiciosas se tantas pessoas estão privadas dos instrumentos básicos da alfabetização? Como podem prosperar o diálogo entre as culturas e a sua compreensão recíproca se é tão grande o fosso que as divide em termos da competência na leitura e na escrita? Como é possível erradicar a pobreza se as raízes da ignorância são deixadas intactas? O direito à instrução é um direito humano fundamental. Ocupa um lugar central em direitos humanos e é essencial e indispensável para o exercício de todos os direitos humanos restantes e para o desenvolvimento. “Como um direito do empowerment, a instrução é o veículo preliminar através do qual os adultos e as crianças económica e socialmente marginalizados podem sair da pobreza, e obter os meios para participar inteiramente nas suas comunidades.” Nenhuns dos direitos civis, políticos, económicos e sociais dificilmente podem ser exercidos por quem não tenha recebido alguma instrução mínima. Contudo, apesar de todos os esforços envidados no sentido de garantir que todo o cidadão receba, pelo menos a instrução básica, o facto é que muitas crianças permanecem ainda privadas das oportunidades educacionais, muitas delas oriundas de famílias de baixos recursos . A ignorância é em si mesma uma forma de insegurança. A incapacidade de ler ou escrever, de contar ou comunicar representa uma enorme privação que não pode ser descurada no âmbito das políticas de intervenção social. Taxa de analfabetismo “A educação é um passaporte para um mundo aberto!” O grau de analfabetismo nesta região é elevado, o que é explicado em grande parte pelo peso relativo da população idosa, que possui menores habilitações literárias. Se analisarmos os dados relativos aos Concelhos limítrofes, verificamos que, em média, um quinto da população não sabe ler nem escrever, sendo os Concelhos de Pampilhosa da Serra e de Oleiros aqueles que apresentam as mais elevadas taxas de analfabetismo (cf. Quadro 6.1.). 119 Educação e Formação Profissional QUADRO 6.1. Taxa de analfabetismo – análise comparativa [Fonte: INE, 2001] Taxa Analfabetismo (%) Ferreira do Zêzere Figueiró dos Vinhos Mação Oleiros 16.4 14.6 17.9 24.0 Pampilhosa da Serra Pedrógão Grande Proença-a-Nova Sertã 25.2 19.9 20.5 19.4 Vila de Rei 15.7 Centro PORTUGAL 11.0 9.0 Na Sertã, segundo dados dos Censos 2001, 19.4% da população é analfabeta. Ainda assim, em 2001 a taxa de analfabetismo foi inferior à de 1991, verificando-se uma significativa tendência de decréscimo. Esta tendência á comum aos vários Concelhos da região (cf. Figura 6.1.). Figura 6.1. Evolução da taxa de analfabetismo entre 1991 e 2001 nos Concelhos da região [Fonte: INE] 120 Educação e Formação Profissional O analfabetismo atinge maioritariamente a população do sexo feminino. Como podemos verificar na Figura 6.2., existem no Concelho 2956 indivíduos analfabetos, 70% dos quais são mulheres. 30% Homens Mulheres 70% Figura 6.2. Caracterização da população analfabeta do Concelho da Sertã em função do género [Fonte: INE, 2001] Apesar do elevado nível de analfabetismo, todos os nove concelhos limítrofes oferecem à população residente formação ao nível da escolaridade mínima obrigatória (até ao 3º ciclo do ensino básico), juntando-se a este o Ensino Secundário, desde 200405 em todos os concelhos, com a criação de uma turma em Vila de Rei. Taxa de Retenção no Ensino Básico A Figura 6.3. apresenta a taxa de retenção no Ensino Básico para o Concelho da Sertã e concelhos limítrofes, para o ano lectivo de 1999-2000. Neste indicador, o Concelho da Sertã (com uma taxa de retenção de 9,1%) apresenta um valor inferior ao dos concelhos limítrofes e das médias nacional e regional, apenas superado pelo Concelho de Figueiró dos Vinhos, que apresenta uma taxa de retenção de 7,4%. 121 Educação e Formação Profissional Figura 6.3. Taxa de retenção no Ensino Básico no ano lectivo 1999-2000 – análise comparativa [Fonte: Carta Educativa do Concelho da Sertã] Taxa de Abandono A taxa de abandono é expressa pela percentagem da população entre os 10 e os 15 anos que não concluiu o Ensino Básico nem se encontra a frequentar qualquer nível de ensino, por cada 100 indivíduos do mesmo grupo etário. O Concelho da Sertã tem uma taxa de abandono de 1,8% (cf. Figura 6.4.), abaixo da média nacional, mas acima da média do Pinhal Interior Sul. Figura 6.4. Taxa de abandono no ano lectivo 1999-2000 – análise comparativa [Fonte: Carta Educativa do Concelho da Sertã] 122 Educação e Formação Profissional Taxa de Saída Antecipada A taxa de saída antecipada é definida pelo total de indivíduos, no momento censitário, com 18-24 anos que não concluíram o 3º ciclo e não se encontram a frequentar a escola, por cada 100 indivíduos do mesmo grupo etário. No caso da Sertã, a saída antecipada abrange quase um quarto da população entre os 18 e os 24 anos. Comparativamente com os concelhos vizinhos, este indicador assume um valor mediano, porém acima da média da região do Pinhal Interior Sul (cf. Figura 6.5.). Figura 6.5. Taxa de saída antecipada no ano lectivo 1999-2000 – análise comparativa [Fonte: Carta Educativa do Concelho da Sertã] Taxa de Transição do Ensino Secundário Apesar do Ensino Secundário se encontrar fora do ensino obrigatório, a taxa de transição permite aferir o desempenho do sistema (v.g. sucesso escolar) e o leque de opções oferecida à população potencial deste nível de ensino. Os valores médios para Portugal e para a região indiciam que o sistema escolar da Sertã, com uma taxa de transição de 65,1%, apresenta bom sucesso escolar (cf. Figura 6.6.). 123 Educação e Formação Profissional Figura 6.6. Taxa de transição do Ensino Secundário no ano lectivo 1999-2000 – análise comparativa [Fonte: Carta Educativa do Concelho da Sertã] Taxa de Saída Precoce A taxa de saída precoce é definida como o total de indivíduos, no momento censitário, com 18-24 anos que não concluíram o ensino secundário e não se encontram a frequentar a escola, por cada 100 indivíduos do mesmo grupo etário. O Concelho da Sertã apresenta uma taxa de saída precoce de 46,3%, ou seja, quase metade da população jovem dos 18 aos 24 anos não concluiu o Secundário. Este indicador assume um valor mediano, comparativamente com os concelhos vizinhos, mas ainda assim acima das médias da região do Pinhal Interior Sul e de Portugal (cf. Figura 6.7.). 124 Educação e Formação Profissional Figura 6.7. Taxa de saída precoce no ano lectivo 1999-2000 – análise comparativa [Fonte: Carta Educativa do Concelho da Sertã] Nível de Instrução O Quadro 6.2. apresenta o nível de instrução da população residente no Concelho da Sertã em 2001. Dos dados apresentados, releva o facto de 20,2% da população não possuir qualquer nível de ensino e 26,3% possuir apenas o 1.º ciclo do Ensino Básico (antiga 4.ª classe). Taxas de Escolarização Se tivermos por base os números relativos à população residente no Concelho em 2001 e os cruzarmos com os dados da população escolar no ano lectivo correspondente, obtemos o Quadro 6.3., que nos mostra as taxas de escolarização por idade. 125 Educação e Formação Profissional QUADRO 6.2. Nível de instrução da população residente no Concelho da Sertã em 2001 [Fonte: INE] Nível de instrução N.º % Sem nível de ensino Ensino pré-escolar a frequentar 1.º ciclo completo 1.º ciclo incompleto 1.º ciclo a frequentar 3379 306 4391 1891 810 20,2 1,8 26,3 11,3 4,8 2.º ciclo completo 2.º ciclo incompleto 2.º ciclo a frequentar 3.º ciclo completo 3.º ciclo incompleto 3.º ciclo a frequentar 1154 307 417 585 285 600 6,9 1,8 2,5 3,5 1,7 3,6 Ensino secundário completo Ensino secundário incompleto Ensino secundário a frequentar Ensino médio completo Ensino médio incompleto Ensino superior completo Ensino superior incompleto Ensino superior a frequentar TOTAL 728 448 629 40 5 341 56 348 16720 4,4 2,7 3,8 0,2 0,0 2,0 0,3 2,1 100 Sublinhamos o facto de, entre os 4 e os 12 anos, serem obtidas taxas de escolarização acima de 100%, o que significa um número de alunos matriculados superior ao número de residentes naquele segmento etário, o que se deve, em larga medida, ao peso dos alunos não residentes no Concelho da Sertã matriculados nos estabelecimentos de ensino concelhios. Aquela taxa tem uma variação inversamente proporcional à idade nas faixas etárias de escolaridade não obrigatória, atingindo valores próximos dos 90% nas idades associadas à frequência do Ensino Secundário. 126 Educação e Formação Profissional QUADRO 6.3. Taxas de escolarização por idades [Fonte: INE, 2001] Agrupamento de Escolas O Agrupamento de Escolas da Sertã, criado em Agosto de 2003, gere as escolas da Sertã do Ensino Pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclo e ainda o Ensino Secundário. Os estabelecimentos de ensino deste agrupamento incluem as Escolas do Ensino Préescolar e do Ensino Básico, a Escola Básica Integrada, a Escola EB 2,3 P.e António Lourenço Farinha e a Escola Secundária da Sertã. Ficam excluídos o Instituto Vaz Serra e a Escola Tecnológica e Profissional da Sertã. Com o objectivo de fazer uma melhor gestão de recursos e estabelecer um fio condutor no acompanhamento da vida escolar dos alunos, o Agrupamento de Escolas da Sertã garante desta forma uma unidade e uniformização a nível da educação no Concelho. Todos os alunos têm o mesmo projecto educativo, realizado em conjunto por pais, alunos, Câmara Municipal e associações locais. Da totalidade dos alunos que fazem parte do agrupamento de escolas da Sertã, a maioria reside no Concelho, havendo, contudo, alunos dos Concelhos vizinhos de Vila de 127 Educação e Formação Profissional Rei (cerca de 10%), de Proença-a-Nova (aproximadamente 5%) e de Oleiros (cerca de 5%). Para estes alunos, assim como para os alunos das freguesias mais distantes do Concelho da Sertã, existe na vila Sede de Concelho uma residência de estudantes onde se podem instalar. Esta residência pratica um custo considerado acessível, dispondo também de refeições. O corpo docente é constituído por 249 professores, sendo na sua maioria originários de Coimbra, Castelo Branco, Fundão e Covilhã. Por força do melhoramento das vias de acesso ao Concelho, muitos dos docentes optam por voltar à sua residência diariamente. Contudo, existe ainda uma larga fatia que prefere instalar-se na Sertã, dinamizando o mercado de arrendamento local. Ensino Pré-Primário O Concelho da Sertã contou, no ano lectivo 2005-2006, com um total de 15 estabelecimentos de ensino pré-escolar, que receberam perto de três centenas de crianças (cf. Figura 6.8.). Ensino Pré Primário N.º de alunos 300 275 250 225 200 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 Ano lectivo Figura 6.8. Evolução do número de alunos no ensino pré-escolar entre os anos lectivos 2002-2003 e 2005-2006 [Fonte: Agrupamento de Escolas da Sertã] Para além dos Jardins de Infância espalhados pelas várias freguesias do Concelho (geridos pelo Agrupamento de Escolas), também o Centro de Assistência Beato Nuno de 128 Educação e Formação Profissional Santa Maria e a Santa Casa da Misericórdia da Sertã (Instituições Particulares de Solidariedade Social - IPSS) acolhem jovens em idade pré-escolar (cf. Quadro 6.4.). QUADRO 6.4. Caracterização do ensino pré-escolar no Concelho da Sertã no ano lectivo 20052006 [Fonte: Câmara Municipal da Sertã] Jardins de Infância N.º de salas N.º de alunos Auxiliares CMS CE ME Cabeçudo Carvalhal 1 1 17 15 1 1 1 1 0 0 Castelo Cernache do Bonjardim Cumeada Outeiro da Lagoa Quintã Pedrógão Pequeno 1 1 1 1 1 1 10 20 13 14 25 13 0 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 0 0 0 0 0 Serra de S. Domingos Sertã Troviscal Várzea dos Cavaleiros TOTAL Jardins de Infância 1 4 1 1 15 20 73 19 27 266 1 1 1 1 11 1 6 0 1 17 0 1 1 0 3 Centro de Assistência Beato Nuno de S.ta Maria 63 Santa Casa da Misericórdia da Sertã 88 TOTAL Pré-Escolar 417 1.º Ciclo do Ensino Básico Espalhados um pouco por todo o Concelho, existem actualmente 28 estabelecimentos de ensino que leccionam o 1.º ciclo do Ensino Básico. Isto para além da Escola Básica Integrada, que entrou em funcionamento no ano lectivo de 2001-2002 e que recebe alunos dos 1.º, 2.º e 3.º ciclos de escolaridade. No ano lectivo 2005-2006 encontravam-se inscritos 675 alunos no 1.º ciclo, distribuídos pelos diferentes estabelecimentos de ensino do Concelho, sendo que a Escola Básica Integrada acolhe mais de um terço do número total de alunos (cf. Figura 6.9.). Esta tendência leva a que seja cada vez menor o número de crianças a frequentarem as escolas dispersas pelas 129 Educação e Formação Profissional diferentes povoações do concelho, que outrora acolhiam dezenas e até centenas de jovens em idade escolar, e que agora tendem a ver encerradas as portas por falta de alunos. 1º Ciclo do Ensino Básico E.B.I e Escolas do 1º CEB do Concelho N.º de alunos 750 725 700 675 650 625 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 Ano lectivo Figura 6.9. Evolução do número de alunos no 1.º ciclo do Ensino Básico entre os anos lectivos 2002-2003 e 2005-2006 [Fonte: Agrupamento de Escolas da Sertã] No ano lectivo 2006-2007 deixam de acolher alunos todas as escolas com menos de 10 discentes, ou seja 13 dos 28 estabelecimentos do 1.º ciclo activos em 2005-2006 (cf. Quadro 6.5.). 2.º Ciclo do Ensino Básico Um total de 330 alunos frequentaram o 2.º ciclo do Ensino Básico no Concelho no ano lectivo 2005-2006, dos quais 264 no Agrupamento de Escolas (cf. Figura 6.10.) e 116 no Instituto Vaz Serra (cf. Quadro 6.6.). 130 Educação e Formação Profissional QUADRO 6.5. Caracterização do 1.º ciclo do Ensino Básico no Concelho da Sertã no ano lectivo 2005-2006 [Fonte: Câmara Municipal da Sertã] N.º de salas N.º de alunos 1.º ano 2.º ano 3.º ano 4.º ano H M H M H M H M Aldeia da Ribeira (*) Brejo Cimeiro (*) Cabeçudo Carvalhal Carvalhos (*) Casal da Madalena Castelo Cernache do Bonjardim Codiceira (*) Cumeada 1 1 3 2 1 1 2 4 8 55 21 7 11 29 0 1 4 2 1 1 3 0 1 5 3 0 0 4 0 0 4 1 1 1 4 0 1 6 5 0 4 4 1 1 12 5 2 1 3 0 1 11 2 1 0 3 1 1 7 3 0 2 4 2 2 6 0 2 2 4 4 1 1 65 7 19 12 2 4 7 1 2 9 1 3 10 0 0 10 0 1 7 1 5 7 1 1 3 1 3 EBI Figueiredo (*) Macieira 11 1 1 242 8 10 25 1 0 27 1 1 41 0 4 33 4 1 33 0 1 21 0 0 32 1 0 30 1 3 Mendeira (*) Mosteiro S. Tiago (*) Nesperal Outeiro da Lagoa Pampilhal (*) Passaria (*) Pedrógão Pequeno Portela dos Bezerrins Quintã Sambado (*) Seixo Serra de S. Domingos (*) Troviscal 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1 4 5 12 14 6 5 16 14 25 5 12 0 0 0 3 1 0 2 1 7 0 3 0 0 2 1 1 0 3 0 3 0 0 1 0 2 1 0 1 0 0 2 0 0 0 1 5 1 0 0 2 2 0 1 0 0 0 1 0 0 3 6 3 6 0 4 1 1 1 4 1 1 3 1 1 1 1 0 3 0 2 3 0 0 3 3 2 1 2 0 1 2 0 0 0 4 3 1 3 1 2 5 23 1 2 0 4 0 3 0 3 0 2 0 2 0 2 4 5 Valongo (*) Várzea dos Cavaleiros Viseu Fundeiro (*) 1 2 1 8 30 5 TOTAL 49 675 1 2 1 2 0 0 78 70 148 Escolas 0 2 10 1 0 1 89 87 176 2 0 1 2 0 0 98 72 170 0 1 4 9 1 3 84 97 181 (*) escolas extintas em 2006-2007 131 Educação e Formação Profissional 2º Ciclo do Ensino Básico E.B.I. e Escola EB,2,3 P. António Lourenço Farinha N.º de alunos 280 270 260 2002/2004 2003/2004 2004/2005 2005/2006 Ano lectivo Figura 6.10. Evolução do número de alunos no 2.º ciclo do Ensino Básico entre os anos lectivos 2002-2003 e 2005-2006 [Fonte: Agrupamento de Escolas da Sertã] QUADRO 6.6. Caracterização do 2.º ciclo do Ensino Básico no Concelho da Sertã no ano lectivo 2005-2006 [Fonte: Câmara Municipal da Sertã] Escolas 5.º ano 6.º ano Escola Básica Integrada Escola Básica 2,3 Padre António L. Farinha Agrupamento 40 50 84 124 90 140 IVS 49 67 TOTAL 2.º ciclo 173 157 3.º Ciclo do Ensino Básico No ano lectivo 2005-2006 frequentaram o 3.º ciclo do Ensino Básico um total de 491 alunos. Sublinhe-se a tendência particularmente acentuada de decréscimo do número de alunos matriculados neste ciclo de ensino específico nas escolas do Agrupamento. Dos 454 alunos em 2002-2003, a EBI e a EB 2,3 P.e António Lourenço Farinha viram o 132 Educação e Formação Profissional número de alunos do 3.º ciclo cair para 373 no ano lectivo 2005-2006 (cf. Figura 6.11 e Quadro 6.7). 3º Ciclo do Ensino Básico E.B.I. e Escola EB 2,3 P. António Lourenço Farinha N.º de alunos 500 450 400 350 300 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 Ano lectivo Figura 6.11. Evolução do número de alunos no 3.º ciclo do Ensino Básico entre os anos lectivos 2002-2003 e 2005-2006 [Fonte: Agrupamento de Escolas da Sertã] QUADRO 6.7. Caracterização do 3.º ciclo do Ensino Básico no Concelho da Sertã no ano lectivo 2005-2006 [Fonte: Câmara Municipal da Sertã] Escolas 7.º ano 8.º ano 9.º ano Escola Básica Integrada Escola Básica 2,3 Padre António L. Farinha Agrupamento 46 45 37 79 125 78 123 88 125 IVS 44 32 42 TOTAL 3.º ciclo 169 155 167 133 Educação e Formação Profissional Ensino Secundário No Ensino Secundário, o Concelho conta com 513 alunos matriculados no ano lectivo 2005-2006. O agrupamento de estudo “Ciências e Tecnologias” é o que acolhe o maior número de alunos dos cursos gerais. Os cursos tecnológicos oferecidos pelos estabelecimentos de ensino que ministram o Secundário no Concelho são o “Tecnológico de Administração” (na Escola Secundária da Sertã) e os “Tecnológico de Desporto” e “Tecnológico de Informática” (no Instituto Vaz Serra). O curso “Tecnológico de Electrotecnia-Electrónica” deixou de fazer parte da oferta educativa da Escola Secundária da Sertã, encontrando-se os alunos do último curso ministrado actualmente no 12.º ano (cf. Figura 6.12. e Quadros 6.8. e 6.9.). Ensino Secundário Escola Secundária da Sertã 425 N.º de alunos 400 375 350 325 300 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 Ano lectivo Figura 6.12. Evolução do número de alunos da Escola Secundária da Sertã entre os anos lectivos 2002-2003 e 2005-2006 [Fonte: Agrupamento de Escolas da Sertã] O número de alunos naturais do Concelho que frequentam o ensino superior têm vindo a aumentar, escolhendo preferencialmente locais como Lisboa, Porto e Coimbra para a realização dos seus percursos de carreira académica. O futuro dos alunos, após terminarem o ensino secundário vislumbra-se animador, segundo os dados. Em 2003, todos os alunos que terminaram o ensino secundário concorreram ao ensino superior e foram todos colocados, (já houve anos em que alguns dos alunos não quiseram prosseguir com os seus estudos). Os cursos preferencialmente escolhidos são Ciências Farmacêuticas, Enfermagem, Análises Clínicas, Economia e Gestão, sendo escolhidos como locais de destino maioritariamente Lisboa, Coimbra e 134 Educação e Formação Profissional Aveiro. Uma vez concluído o ensino superior poucos são os que regressam ao concelho uma vez que escasseiam as oportunidades de emprego. QUADROS 6.8. E 6.9. Caracterização do Ensino Secundário no Concelho da Sertã no ano lectivo 20052006 [Fonte: Câmara Municipal da Sertã] 10.º ano 11.º ano Ciências e Tecnologias Ciências Sociais e 64 59 Humanas Tecnológico de Administração Agrupamento 18 19 21 103 16 94 Ciências e Tecnologias Tecnológico de Desporto Tecnológico de Informática IVS 20 18 38 76 14 11 25 50 TOTAL 179 144 12.º ano Agrupamento IVS Agrupamento 1 - Carácter Geral Agrupamento 1 - Tecnológico de Informática Agrupamento 1 - Tecnológico de Electrotecnia-Electrónica Agrupamento 3 - Carácter Geral Agrupamento 3 - Tecnológico de Administração Agrupamento 4 - Carácter Geral 72 27 16 8 21 26 20 TOTAL 147 43 Instituto Vaz Serra Fundado em 1950, o Instituto Vaz Serra (IVS) era, na altura, o único estabelecimento de ensino na zona, e num perímetro alargado aos concelhos vizinhos, com os actuais 2º e 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário. Até então, as escolas mais próximas que leccionavam a este nível estavam situadas em Castelo Branco e em Tomar, facto que revestia este estabelecimento de ensino de particular importância. Até ao 25 de Abril de 1974, o IVS era considerado uma escola de elite, pois era aqui que estudavam os alunos filhos de emigrantes do ultramar ou filhos de famílias de 135 Educação e Formação Profissional posses. Com semelhante importância havia somente, na altura, o Colégio Nuno Álvares Pereira em Tomar. Após a revolução e com o aparecimento de novos estabelecimentos de ensino, a importância do Instituto veio a decrescer. O IVS passou, entretanto, a ser um Instituto com o qual o Estado celebra anualmente um contrato de associação com escolas particulares, continuando a ser uma escola não pública, não sendo, todavia, imputadas aos alunos quaisquer despesas pelos serviços prestados, tendo, na prática, um funcionamento em tudo semelhante a uma escola pública. No ano lectivo 2005-2006, o IVS contou com um total de 338 alunos (cf. Figura 6.13.), distribuídos pelos vários ciclos de ensino ministrados (2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico e Ensino Secundário) conforme apresentado no Figura 6.14. IVS - Instituto Va z Serra Cernache do Bonjardim 375 N.º de alunos 350 325 300 275 250 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 Ano lectivo Figura 6.13. Evolução do número de alunos do Instituto Vaz Serra entre os anos lectivos 20022003 e 2005-2006 [Fonte: Instituto Vaz Serra] 136 Educação e Formação Profissional IVS - Instituto Vaz Serra Cernache do Bonjardim Secundário 2005/2006 2004/2005 2003/2004 2002/2003 3º ciclo Ano lectivo 2005/2006 2004/2005 2003/2004 2002/2003 2º ciclo 2005/2006 2004/2005 2003/2004 2002/2003 50 75 100 125 150 N.º de alunos Figura 6.14. Número de alunos do Instituto Vaz Serra entre os anos lectivos 2002-2003 e 20052006 em função do ciclo de ensino [Fonte: Instituto Vaz Serra] Seminário das Missões Em 1791 foi fundado o Priorado do Crato pelo Rei D. João VI, tendo-se iniciado a construção do actual edifício do Seminário das Missões, no qual começaram logo a desde logo a ser leccionadas aulas, embora numas casas perto do actual edifício, enquanto este se encontrava em construção. Foi em 1794 que aulas se começaram a realizar no seminário. O objectivo era formar padres para o Priorado do Crato, e em 1801 começaram-se a formar missionários para a China. Por volta de 1855 passa a chamar-se Real Colégio das Missões, sendo a partir de 1860 que se verifica uma grande expansão 137 Educação e Formação Profissional do colégio na sua missão de formar missionários, mantendo-se os alunos em regime de internato, inclusivamente na leccionação das aulas, situação que se manteve até finais do séc. XX. A partir de 1986, com o objectivo de diminuir o corpo docente, os alunos passaram a frequentar as aulas no Instituto Vaz Serra. O Seminário foi uma instituição relevante no concelho, pois desempenhou muitas vezes um importante papel social, ajudando os necessitados e proporcionando formação aos que de outra forma não a teriam conseguido. Com o decorrer do tempo, o número de alunos veio a diminuir, sobretudo nos últimos anos por falta de vocações, sendo que no ano lectivo 2002/2003 acolhia apenas 2 alunos, não tendo nenhum actualmente. Neste momento, o seminário colabora com as paróquias e desenvolve alguns cursos de formação. Possui uma biblioteca com um património de valor incalculável. Ensino Recorrente O Ensino Recorrente é definido como modalidade especial de educação escolar que visa assegurar uma escolaridade de segunda oportunidade aos que dela não usufruíram na idade própria e/ou procuram o sistema educativo por razões de promoção cultural ou profissional, garantindo o direito fundamental de todos os portugueses ao acesso à educação e à cultura. Como escolaridade de segunda oportunidade, destina-se a adultos e jovens já integrados no mundo do trabalho e organiza-se tendo em conta as características deste público- alvo, isto é, como educação de adultos. Esta caracteriza-se pela flexibilidade organizativa e adequação às vivências, problemas, necessidade e interesses dos grupos etários que abrange. A este grupo específico de alunos é pedida uma nova atitude, consentânea com os grandes objectivos de educação de adultos: • A compreensão e o respeito pela diversidade dos costumes e das culturas nos planos regional, nacional e internacional atenta a miscigenação que caracteriza as sociedades hodiernas; • A consciencialização das relações que ligam o homem ao seu meio físico e cultural no sentido de melhorar esse meio, de o respeitar e proteger: o património e os bens comuns; • O desenvolvimento da capacidade de criar, individualmente ou em grupo, novos bens materiais, intelectuais, estéticos; • O desenvolvimento da capacidade de aprender a aprender e de aprender a empreender. 138 Educação e Formação Profissional Embora o Ensino Recorrente vise a obtenção dos certificados e diplomas conferidos pelo ensino regular, tem características próprias que decorrem da adaptação a um público especifico e da sua natureza de escolaridade de segunda oportunidade. No ano lectivo 2005-2006, a Escola Secundária ministrou o Curso Técnico de Contabilidade a um total de 9 alunos, 6 dos quais do sexo feminino (cf. Quadro 6.10.). QUADRO 6.10. Ensino Recorrente no Concelho da Sertã no ano lectivo 2005-2006 – Escola Secundária da Sertã [Fonte: Agrupamento de Escolas da Sertã] Curso Curso Técnico de Contabilidade Ciclo de Ensino Secundário N.º de alunos H M TOTAL 3 6 9 Naquele mesmo ano lectivo foram ministrados Cursos de Alfabetização/1.º ciclo a um total de 114 formandos. Foram ainda leccionados cursos extra-escolares de: • Artes decorativas (40h) • Bordados de Castelo Branco (40h) • Iniciação à Informática (40h) • Introdução à Língua Inglesa (40h) • Tapeçarias de Arraiolos (40h) • Pintura em Madeira (40h) • Tecelagem (80h) Estes cursos (cf. Quadro 6.11.) funcionaram em escolas do 1.º ciclo do Concelho já desactivadas, na Escola Tecnológica e Profissional da Sertã e na Sede do Ensino Recorrente. 139 Educação e Formação Profissional QUADRO 6.11. Ensino Recorrente no Concelho da Sertã no ano lectivo 2005-2006 – Equipa do Ensino Recorrente [Fonte: Coordenação de Área Educativa] Curso N.º de formandos Alfabetização/1º Ciclo 114 Nesperal Cumeada/Valongo Sertã Palhais 18 14 17 15 Sertã (lar) C. Bonjardim Pampilhal 15 18 17 Extra-escolar 150 TOTAL 264 Escola Tecnológica e Profissional da Sertã A Escola Tecnológica e Profissional da Sertã (ETPS) foi fundada em 1993, tendo como promotores a Câmara Municipal da Sertã e a Associação Comercial e Industrial da Sertã. Muito ambicionada para o Concelho, tinha como objectivos formar técnicos para dar resposta às necessidades prementes em termos de mão-de-obra técnica qualificada. Os alunos oriundos do Concelho da Sertã e dos Concelhos vizinhos de Vila de Rei, Oleiros, Pedrogão Grande e Proença-a-Nova, estão sujeitos a uma selecção para entrarem nesta Escola. Esta prática, só tendo sido introduzida alguns anos após a abertura da ETPS, tem dado alguns frutos, pois já se verificam diferenças no nível dos alunos quando estes terminam os cursos, uma vez que a exigência nos critérios de selecção origina uma taxa de sucesso de conclusão superior. Os alunos que estejam deslocados mais de 50km têm direito a um subsídio de alojamento e aqueles que preferem ficar no concelho durante toda a semana ou ficam alojados na residência de estudantes ou, em casos pontuais, em quartos alugados, têm direito a um subsídio de alimentação. No ano lectivo 2005-2006, a ETPS acolheu um total de 90 alunos, mantendo-se uma tendência de descida do efectivo discente nos últimos anos (cf. Figura 6.15.). Actualmente, os cursos leccionados na Escola são Construção Civil, Informática/Gestão e Secretariado. Têm a duração de 3 anos, equivalentes ao 10º, 11º e 12º ano, e permitem o ingresso no ensino superior se assim o aluno o desejar. Em 2005- 140 Educação e Formação Profissional 2006, os alunos encontravam-se distribuídos pelos diferentes cursos conforme o exposto no Quadro 6.12. Escola Tecnológica e Profissional da Sertã 140 N.º de alunos 120 100 80 60 2002/2003 2003/2004 2004/2005 2005/2006 Ano lectivo Figura 6.15. Evolução do número de alunos da Escola Tecnológica e Profissional da Sertã entre os anos lectivos 2002-2003 e 2005-2006 [Fonte: ETPS] QUADRO 6.12. Distribuição dos alunos da Escola Tecnológica e Profissional da Sertã no ano lectivo 2005-2006 em função do tipo de curso ministrado [Fonte: ETPS] Curso Curso Técnico de Secretariado Curso Técnico de Construção Civil Curso Técnico de Inf./Gestão TOTAL 10.º ano 11.º ano 12.º ano H M H M H M 11 4 11 17 13 12 3 1 11 7 33 28 29 Tal como qualquer outra escola de ensino técnico-profissional, os seus cursos têm uma forte vertente prática, e no final do 11º e 12º ano são oferecidos estágios académicos, que muitas vezes se convertem, posteriormente, em estágios profissionais. 141 Educação e Formação Profissional Segundo a ETPS, a taxa de empregabilidade dos alunos da Escola é de aproximadamente 100% para os alunos de Informática, quase 80% para os alunos de Construção Civil e cerca de 50% para os alunos de Secretariado. Alguns alunos ingressam ainda no Ensino Superior em cursos relacionados com a área em que se especializaram na Escola, de que constituem exemplo os cursos superiores de Engenharia Civil e Engenharia Informática. A direcção da Escola debate-se com problemas logísticos, designadamente pelo facto das instalações, para além de serem alugadas, serem de pequenas dimensões, limitando o normal funcionamento da escola e travando perspectivas de expansão. Pela sua forte componente prática, a ETPS reveste-se de significativa importância para a região, fornecendo ao mercado de trabalho técnicos valorosos, que dão resposta a muitas das necessidades locais. Importa, contudo, a realização de estudos actualizados que permitam aferir as reais necessidades das empresas locais nesta área, de forma a (re)direccionar as ofertas da Escola nesse sentido. Instituto de Emprego e Formação Profissional O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), criado em 1979, é um organismo público, sob a tutela do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, ao qual compete a execução das políticas de emprego e formação profissional, definidas e aprovadas pelo Governo. As 5 Delegações Regionais, distribuídas pelo País, de acordo com as regiões estabelecidas para as Comissões de Coordenação Regional, enquadram 86 Centros de Emprego, 31 Centros de Formação Profissional de Gestão Directa, 1 Centro de Reabilitação Profissional e 8 Centros de Apoio à Criação de Empresas. Em Setembro de 2005, o Centro de Emprego da Sertã ministrava os cursos de formação que se apresentam no Quadro 6.13. 142 Educação e Formação Profissional QUADRO 6.13. Cursos de formação ministrados pelo Centro de Emprego da Sertã [Fonte: IEFP, 2005] Curso Habilitações Mínimas de Acesso Nível de Qualificação Ajudante de Igual ou superior ao Cozinha 6.º ano e inferior ao Educação/Formação 9.º ano de Adultos Nível II Geriatria Nível II Escolaridade mínima obrigatória Serviço de Mesa Igual ou superior ao Educação/Formação 6.º ano e inferior ao de Jovens 8.º ano Nível II Pastelaria/Panificaç Escolaridade mínima ão obrigatória Nível II Ajudante Cozinha (a) Escolaridade mínima obrigatória Nível II Práticas de 9.º ano Escolaridade Educação Infantil (a) Nível II Serralharia Civil Igual ou superior ao Educação/Formação 6.º ano e inferior ao de Jovens (a) 9.º ano Nível II Ajudante de Igual ou superior ao Cozinha 4.º ano e inferior ao Educação/Formação 6.º ano de Adultos (a) Nível II TOTAL Saídas Profissionais N.º de Formandos H M TOTAL 0 16 16 0 14 14 Empregado de mesa e Equivalência ao 9.º ano Escolaridade 0 14 14 Pastelaria/ Padeiro 2 12 14 Ajudante Cozinha 0 15 15 Auxiliar de Acção Educativa 0 16 16 Serralharia Civil e Equivalência ao 9.º ano Escolaridade 15 0 15 0 16 16 17 103 120 Ajudante de Cozinha e Equivalência ao 9.º ano Escolaridade Ajudante Lar Florista (a) Cursos iniciados em 2004. 143 Educação e Formação Profissional Transportes Escolares O transporte dos alunos é da responsabilidade da Câmara Municipal. No ano lectivo 2005-2006, foram beneficiados 1322 alunos, ou seja, mais de metade (53%) do número total de alunos matriculados em cada um dos ciclos de ensino. É no Ensino Préescolar que se verifica a maior evolução relativamente aos anos lectivos anteriores, com cerca de 40% dos alunos abrangidos, contra apenas 24% de beneficiários de transporte escolar em 2003-2004 (cf. Quadro 6.14.). QUADRO 6.14. Caracterização dos beneficiários de transporte escolar no Concelho da Sertã no ano lectivo 2005-2006 em função do grau de ensino e comparação com os valores do ano lectivo 2003-2004 [Fonte: Câmara Municipal da Sertã] Grau de Ensino Pré-escolar 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Secundário Profissional TOTAL N.º alunos 417 675 330 491 513 90 2516 N.º de beneficiários % em % em de transporte escolar 2005-06 2003-04 171 322 232 324 210 63 1322 41 48 70 66 41 70 53 24 41 69 67 45 65 51 Variação (%) 70.9 16.4 1.9 -1.5 -9.0 7.7 3.0 44,6% dos circuitos de transportes escolares são assegurados por carreira pública, sendo de destacar o importante papel das Juntas de Freguesia neste âmbito, assegurando mais de um quarto dos circuitos, com particular predominância no Préescolar e 1.º ciclo do Ensino Básico (cf. Quadro 6.15.). 144 Educação e Formação Profissional QUADRO 6.15. Caracterização dos beneficiários de transporte escolar no Concelho da Sertã no ano lectivo 2005-2006 em função do tipo de transporte [Fonte: Câmara Municipal da Sertã] Grau de Ensino Carreira % Pública Pré-escolar 1.º Ciclo 2.º Ciclo 3.º Ciclo Secundário Profissional TOTAL Circuito Especial 0.0 0.0 144 228 159 59 590 62.1 70.4 75.7 93.7 44.6 10 78 89 51 228 Viaturas % % aluguer 0.0 3.1 15 8.8 0.0 33.6 27.5 24.3 0.0 17.2 3 1 1.3 0.3 0.0 0.0 1.4 19 Viaturas Viaturas Câmara % Juntas de % Freguesia Municipal 38 98 3 4 143 22.2 30.4 118 214 69.0 66.5 0.0 0.9 0.0 6.3 10.8 7 3 3.0 0.9 0.0 0.0 25.9 342 Índice de Educação e Cultura O índice de educação e cultura é calculado a partir de informação sobre estabelecimentos de ensino, incluindo número de escolas, professores e alunos matriculados, bibliotecas, espectáculos públicos e despesas municipais com actividades culturais. O Concelho de Lisboa lidera este índice, superando em 130,4% a média nacional, acompanhado da NUT II de Lisboa e Vale do Tejo que supera a média nacional em 9,0%. A região Centro fica abaixo da média nacional em 5,2% (cf. Quadro 6.16.). Neste índice, a Pampilhosa da Serra é o primeiro dos nove Concelhos em comparação e está apenas 0,5% abaixo da média nacional, enquanto que Oleiros é o concelho com pior índice (69,2), ficando 30,8% abaixo da média. A Sertã encontra-se numa posição intermédia com um índice de educação e cultura de 77,8 (cerca de 22% abaixo da média nacional). 145 Educação e Formação Profissional QUADRO 6.16. Índice de Educação e Cultura – análise comparativa Análise SWOT da Educação no Concelho da Sertã Na Carta Educativa do Concelho (CISED Consultores, 2005) são sintetizados os elementos de caracterização e diagnóstico da rede escolar do Concelho da Sertã. Para tal, os autores daquele documento utilizam a metodologia de análise estratégica SWOT pontos fortes, fracos, oportunidades e ameaças. Pela sua relevância para o presente estudo, pela actualidade das questões e dados expostos e, sobretudo, pela mais-valia em termos de planeamento social local, apresentamos de seguida as principais conclusões emanadas do levantamento efectuado. Análise Interna – Pontos Fortes • Uma boa cobertura da rede pré-escolar que, embora não abranja todas as freguesias do Concelho (9 em 14 freguesias), atinge taxas de escolarização de 102% para os 4 e 5 anos (e de 91% para os 3 anos); • Uma rede de escolas de 1º ciclo que serve quase todas as freguesias do Concelho, proporcionando uma “oferta de proximidade” à população residente, com elevadas taxas de cobertura e de escolaridade; • Escolas de 2º e 3º ciclo bem equipadas, com estruturas de apoio adequadas e com a capacidade não esgotada, principalmente na escola da freguesia de Cernache do Bonjardim. Apenas a escola E.B.23 Padre António Lourenço 146 Educação e Formação Profissional Farinha, localizada na Sede do Concelho, apresenta uma taxa de ocupação elevada (82%); • Escolas com oferta de Ensino Secundário com capacidade longe de se encontrar esgotada, o que lhes permite acolher um número de alunos bastante superior ao actual (nomeadamente como resultado do alargamento da escolaridade obrigatória a 12 anos); • Edifícios e infra-estruturas, de um modo geral, em razoável estado de conservação (com a excepção da Escola Secundária da Sertã e outras situações pontuais que poderão ser facilmente remediadas); • Existência de uma instituição com as características da Escola Profissional e Tecnológica da Sertã (que proporciona uma formação profissional ao nível do secundário), diversificando as ofertas educativas e indo ao encontro de necessidades e inclinações da população jovem; • Transporte escolar proporcionado pelas Autarquias abrange um número considerável de alunos, quer para escolas do concelho, quer de origens exteriores ao concelho (para jovens que buscam ofertas educativas disponíveis no concelho da Sertã). Análise Interna – Pontos Fracos • Esgotamento da capacidade dos Jardins de Infância de Cernache do Bonjardim, a que acresce o muito deficiente estado de conservação do único Jardim de Infância público existente que, adicionalmente, está mal equipado; • Estado de conservação deficiente do único Jardim de Infância público na Sede do Concelho, cuja capacidade se encontra praticamente esgotada (e o único Jardim de Infância com lista de espera, o que indicia insuficiência da oferta pública na Vila da Sertã); • Dispersão e pequena dimensão das escolas de 1º ciclo, com elevado número de turmas agregadas, o que, obviamente, prejudica os processos de sociabilização das crianças, a melhoria das condições pedagógicas e a elevação da qualidade do ensino e favorece a marginalização e isolamento de alunos e professores; • Escolas do 1º ciclo mal equipadas e, em alguns casos, num estado de conservação deficiente ou mesmo muito deficiente; • Esgotamento da capacidade da Escola Básica Integrada da Sertã, ao nível do 1º ciclo, cuja tendência de ocupação tem vindo a aumentar nos últimos anos lectivos, além de que constitui a única oferta do 1º ciclo na Sede de Concelho; • Elevada taxa de saída precoce no Concelho (46,3%), com muitos jovens a não prosseguirem estudos após a conclusão do ensino obrigatório; 147 Educação e Formação Profissional • Instalações das escolas da rede do Concelho sem condições para receberem deficientes motores. Análise Externa – Oportunidades e Ameaças • A implementação do nova Lei de Bases da Educação constitui uma janela de oportunidades, mas também acarreta ameaças para o sistema educativo do concelho da Sertã, que se destacam: o O alargamento da escolaridade obrigatória a 12 alunos levanta óbvias dificuldades num concelho em que um número considerável de jovens não prossegue estudos após o 9º ano, obrigando a um reforço da oferta de Secundário, quer em termos quantitativos, quer em termos qualitativos (diversidades das ofertas); o A necessidade de desenvolver novas ofertas educativas para o futuro Ensino Secundário (obrigatório), sobretudo nas vertentes vocacionais/profissionalizantes, criando novas saídas para os jovens do concelho da Sertã mais ajustadas ao seu perfil e expectativas/motivações e contribuindo para a elevação da qualificação da população e mais fácil integração no mundo do trabalho, constitui um desafio e uma janela de oportunidade singular a que a Sertã deverá saber dar respostas adequadas; o A desejável integração do 1º e 2º ciclos (que integrarão o futuro Ensino Básico) constitui uma oportunidade para reconfigurar a actual rede escolar do 1º ciclo, obstando ao isolamento e marginalização de alunos e professores e favorecendo a sociabilização de alunos e a elevação da qualidade do ensino. No entanto, a pequena dimensão das actuais escolas do 1º ciclo (e das respectivas populações escolares nas suas áreas de influências) cria obstáculos à integração nas mesmas do 2º ciclo, sendo também reduzidas as possibilidades de ampliação de instalações existentes; o A desejável separação entre os futuros Ensinos Básico e Secundário, prevista na nova Lei de Bases, pode vir a pôr em causa a actual tipologia das E.B.2,3 ou E.B.I., que a prazo teriam de ser reconvertidas. Este será provavelmente um problema mais agudo no caso da E.B.2,3 Padre António L. Farinha e da E.B.I. da Sertã visto tratarem-se das únicas escolas deste tipo na freguesia da Sertã e a sua frequência actual não esgotar a capacidade das escolas existentes. • As dinâmicas demográficas para o concelho, que apontam por um lado para o decréscimo da população residente (e, portanto, também da população 148 Educação e Formação Profissional escolar) e, por outro lado, para a concentração da população nos pólos urbanos mais importantes (particularmente, na sede do concelho) e concomitante redução da população nas freguesias menos urbanas, criam novas condicionantes ao funcionamento da rede escolar, nomeadamente com pressão (procura de ensino) acrescida precisamente onde as actuais escolas já não têm capacidade suficiente e com rarefacção da procura que alimenta escolas (de 1º ciclo) que actualmente já estão sub-utilizadas. Apesar disso a Sertã e Pedrógão Grande têm uma posição de destaque na formação leccionada aos seus habitantes, pois possuem escolas tecnológicas e profissionais, onde formam diversos técnicos especializados. “A educação é para a alma o que a escultura é para um bloco de mármore” Joseph Addison É líquido que o investimento do país em educação não teve tradução em melhorias significativas no sistema, quer ao nível da prevenção do abandono escolar, quer dos resultados em saberes nucleares. Nos últimos 10 anos, os gastos públicos na educação cresceram de modo singular. Segundo dados daquele Ministério, os gastos em educação passaram de 3.5 mil milhões de euros para 6 mil milhões de euros em 2005, perfazendo 4.1% do PIB nacional. Com efeito, tendo em conta os dados do Eurostat para 2002, a taxa de pessoas dos 24 aos 65 anos que completaram, pelo menos, o ensino secundário era de 64.2% para a média dos países da OCDE e em Portugal de uns baixos 20.6%. O leitor mais informado será imediatamente levado a notar que estes dados são expectáveis, tendo em conta os atrasos históricos de Portugal nesta matéria e a faixa etária considerada. Todavia, infelizmente, o panorama actual não é animador. No intervalo de idades entre 20 e 24 anos, a percentagem de alunos com baixo nível de escolaridade e que não frequentam o ensino ronda os 50%. O Estudo PISA (Programme for International Student Assessment) foi lançado pela OCDE, em 1997. Os resultados obtidos permitem monitorizar, de uma forma regular, os resultados dos sistemas educativos em termos do desempenho dos alunos, no contexto de um enquadramento conceptual aceite internacionalmente. Segundo os dados daquele Estudo, os resultados dos alunos em ciências, matemática e domínio da língua não são satisfatórios. De facto, em problemas matemáticos simples, os alunos portugueses pontuam abaixo da média de 29 países da OCDE, com diferenças estatisticamente significativas, apenas superando Itália, Grécia, Turquia e México (cf. Figura 6.16.). 149 Educação e Formação Profissional Figura 6.16. Comparação inter-países dos resultados do Estudo PISA [Fonte: GAVE, 2005] A conceptualização do problema da educação em Portugal é de extrema complexidade. O contexto educativo encontra-se carregado de paradoxos e vicissitudes que minam o próprio funcionamento das estruturas e dos actores que constroem a realidade escolar. No nosso modo de ver, existe uma questão particularmente relevante. A escola (enquanto organização que é) não difunde os seus valores, princípios ou sequer a moral que espera que os actores sociais cultivem e pratiquem no seu interior. A cultura da escola, enquanto tal, não existe, e poucos se sentem como partilhando objectivos, preferindo viver uma vida dupla, uma espécie de personalidade esquizóide, sem ligação entre objectivos pessoais e da organização. Parece-nos que esta questão não é alheia à falta de autonomia das escolas num sistema que, em geral, é centralista e centralizador. Por outro lado, os professores são uma classe profissional algo desmotivada, que tantas vezes luta contra a maré como se acomoda na mediocridade, com efeitos devastadores em todo o sistema educativo. No nosso modo de ver, esta desmotivação resulta da heterogeneidade qualitativa sem que daí decorra qualquer diferenciação positiva e não de factores remuneratórios. Os salários dos professores portugueses ponderados ao custo de vida estão no topo da tabela dos países da OCDE. O sistema de progressões era, na prática, absolutamente automático, com consequências financeiras notórias. Notemos que dos cerca de 6 mil milhões de euros orçamentados para o sector da educação no ano de 2005, perto de 82% correspondem a despesas com o pessoal e apenas 1.8% a investimentos. 150 Educação e Formação Profissional O ensino unificado até ao 10.º ano e a inexistência de aprendizagens profissionalizantes impedem que muitos jovens prossigam a sua carreira numa escola que não corresponde às suas características idiossincráticas. Um sistema de ensino que valoriza quase exclusivamente o raciocínio lógico-abstracto e numérico e não tem em conta outras aptidões pessoais, conduz facilmente ao desinteresse de muitos jovens pelas matérias escolares. Deste modo, é particularmente importante desenvolver currículos vocacionais profissionalizantes, orientados para os desafios do futuro, que complementem o actual sistema, elevando, depois, a escolaridade obrigatória para o 12.º ano. Na transição do ensino secundário para o ensino superior também identificamos um factor de relevo na diminuição da competitividade do país. A quantidade e distribuição dos cursos superiores é perfeitamente injustificável perante os desafios actuais. Citando o Parecer de Iniciativa sobre a Estratégia de Lisboa emanado do Conselho Económico e Social, “é, igualmente, de registar o elevado crescimento de desempregados licenciados, o que parece ser contraditório num mercado em que persistem elevadas carências de recursos humanos qualificados” (2005, pp. 17). Parece, mas não é contraditório. Este facto deve-se à enorme discrepância entre a procura de cursos superiores por parte dos alunos (elevada em Ciências Sociais, Letras, Ensino) e a procura de licenciados no mercado de trabalho (elevada em ciências e tecnologias, saúde), sendo que a oferta das escolas privilegia a primeira. Os decisores não podem ignorar esta realidade. E a solução parece-nos que passa pelo aumento do grau de awareness da própria sociedade, obrigando as escolas superiores (ou, idealmente, entidades externas) a efectuar estudos em torno da empregabilidade, satisfação posterior e factores relacionados dos cursos que ministram, como se procede em muitas universidades estrangeiras, desde há longos anos Concomitantemente, é imperioso reduzir a miscelânea de designações que actualmente existem, reduzindo a confusão, optimizando informação e recursos preciosos. Parece-nos que a aplicação do Protocolo de Bolonha aponta nesse sentido. A formação profissional tem sido apresentada como “a solução” para alguns destes problemas. Temos muitas dúvidas que o tipo e qualidade da formação profissional dada pelo Estado ou por empresas de formação tenha impacto significativo na vida dos formandos (ao contrário dos formadores), seja por via da empregabilidade, por via do incremento dos salários ou do ajustamento profissional. A este nível é importante avaliar e delinear uma estratégia clara com objectivos intermédios, que oriente a formação para sectores-chave, munindo os formandos de competências relevantes que os valorizem, pessoal e profissionalmente. A formação poderá constituir-se como uma arma eficaz na luta pela competitividade se conseguir efectivamente compensar os baixos níveis educativos daqueles que se encontram activos, contribuindo ainda para o acréscimo da 151 Educação e Formação Profissional empregabilidade dos que se encontram em situação de exclusão do mercado de trabalho, e para a redução das diferenças de qualificação associadas aos níveis de escolaridade. Porém, os padrões de oferta e de participação na educação e formação complementar que se encontram na maior parte dos países da OCDE, apenas contribuem, na realidade, para aumentar o fosso existente entre trabalhadores – ou seja, a formação tende, nestes países, a reforçar as diferenças de qualificação derivadas das desigualdades de escolarização. O sistema de formação encontra-se, deste modo, sob forte pressão social. Se, por um lado, deve satisfazer em qualidade e em quantidade a procura de qualificações, antecipar as mudanças e criar mecanismos para a aprendizagem ao longo da vida, por outro lado, é solicitado para atenuar ou corrigir os efeitos negativos do funcionamento do mercado de trabalho. A formação profissional ao longo da vida emerge como um dos mecanismos essenciais de adaptação individual às exigências colocadas pelas transformações organizacionais (tidas como inevitáveis e homogéneas, à luz de um ponto de vista “neoliberal”) e pelo determinismo tecnocrático da sociedade da informação. A formação profissional deve ser compreendida, portanto, não como um mecanismo de aquisição de conhecimentos de curto prazo, mas antes como um meio de reestruturação pessoal, no sentido de um enriquecimento das capacidades, dos comportamentos, das atitudes e dos saberes individuais, e uma forma de reconfiguração dos sistemas sociais organizados. Existem três objectivos latos em formação, cada um deles com aspectos metodológicos específicos associados a cada uma das competências apresentadas: a) Saber Saber, que pretende reforçar as competências conceptuais através da transmissão de informação; b) Saber fazer, que visa o reforço das competências técnicas por via do desenvolvimento de habilidades; e c) Saber Ser, orientado para o reforço das competências humanas, por intermédio da modificação atitudinal. Embora muitas vezes a formação seja pensada como um momento de aprendizagem que se inicia e termina em sala, a verdade é que tem vindo a operar-se uma mudança significativa dos processos de aprendizagem. A formação em sala destinase sobretudo a estimular a reflexão prática dos diversos agentes envolvidos, aparecendo a aprendizagem em contexto de trabalho como o culminar deste processo, sobretudo a nível técnico. O conceito de aprendizagem envolve muito mais do que a implementação de meras acções de curto prazo. Enquanto a formação profissional não constituir uma verdadeira ponte entre a Escola e o Mundo do Trabalho, numa perspectiva temporal de futuro orientada para o longo prazo, nunca produzirá o impacto social desejável que se pretende nas pessoas e nas organizações. 152