62
Publicação da Sandvik Coromant do Brasil
issn 1518-6091 rg bn 217-147
Metal duro
Benefícios que
extrapolam
o campo da
usinagem
Inclusão
Exemplos de
superação e
valorização
da vida
Cortes interrompidos
Como lidar com este inevitável
desafio da manufatura
HAAP Media Ltd.
pAra começar...
Não corra que você vai acabar caindo.
Olhe por onde pisa.
Arrume seu quarto.
Não deixe suas roupas no chão do banheiro.
Não tome gelado.
Coma tudo pra ficar forte.
Cuide de sua irmãzinha.
Cuidado com suas amizades.
Não saia sem documentos e avise se for chegar tarde.
Leve os estudos a sério.
Tenha uma profissão digna.
Seja dedicado e trabalhe duro.
Adquira experiência trabalhando com especialistas.
Se com tudo isso não obtiver êxito: vá um dia à faculdade só de cuecas!
O Mundo da Usinagem
Índice
62
Edição 08 / 2009
62
Publicação da Sandvik Coromant do Brasil
issn 1518-6091 rg bn 217-147
Metal duro
Benefícios que
extrapolam
o campo da
usinagem
Inclusão
Exemplos de
superação e
valorização
da vida
Publicação da
Sandvik Coromant do Brasil
ISSN 1518-6091
RG. BN 217-147
Sandvik Hard Materials
Cortes interrompidos
Foto de Capa:
Arquivo AB Sandvik Coromant
Como lidar com este inevitável
desafio da manufatura
0 3 para começar...
04 ÍNDICE / Expediente
06 desafios da usinagem: as Técnicas que garantem a durabilidade do ferramental em condições críticas 12 manufatura: conheça as outras aplicações do Metal duro
18 Tecnologia: Sistema mAPPS IV otimiza processos em usinagens complexas
22 EMO 2009: MAN FERrostaal apresenta tendências em feira DE milão 24perspectiva: ABTCP aponta oportunidades para o setor metalmecânico
26evento: seminário coloca em pauta novos processos de manufatura
28sustentabilidade: Troféu do GP Brasil de F1 é usinado durante a corrida
30superação e competência: inclusão social que faz toda a diferença
40Nossa parcela de responsabilidade
42anunciantes / distribuidores / fale com eles
e-mail: [email protected]
ou ligue: 0800 770 5700
EXPEDIENTE
O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil,
com circulação de doze edições ao ano e distribuição gratuita para 20.000 leitores qualificados.
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Editor-chefe: Francisco Marcondes
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Projeto gráfico: AA Design
Gráfica: RUSH
O Mundo da Usinagem
desafios da usinagem
Fotos: Arquivo AB Sandvik Coromant
Conheça as
técnicas que
permitem prolongar
a vida útil
das ferramentas
que operam em
condições críticas
Cuidado com
D
os cortes interrompidos
urante um processo de usinagem, vários fatores influenciam o comportamento das
ferramentas. Essa influência pode
ser considerável principalmente no
que tange à produtividade. Caso
não seja feita uma análise adequada
e medidas corretivas não sejam tomadas a tempo sempre que necessário, os custos de fabricação poderão
aumentar. Entre estes fatores, um
dos principais vilões na redução
da vida útil das ferramentas são os
cortes interrompidos.
Geralmente causados por irregularidades superficiais do material bruto ou pela geometria
assimétrica de componentes que
ostentam furos, chavetas, ressaltos,
depressões ou canais, os cortes
interrompidos são responsáveis
pelo desempenho precário das ferramentas de corte em muitas operações de usinagem. É importante
O Mundo da Usinagem
lembrar que nos casos que envolvem materiais fundidos somam-se
ainda a dureza e a abrasividade das
carepas superficiais (superfícies
ásperas deixadas pela operação de
fundição), que aceleram os desgastes na aresta de corte.
Peças forjadas costumam apresentar saliências e alterações dimensionais que podem provocar
intermitência e variações contínuas
de profundidade de corte durante
o primeiro passo em uma operação
de desbaste. Esta ocorrência de
intermitências e variações também
são comuns no torneamento de
rotores para bombas de sucção,
faceamento de engrenagens automotivas e operações de fresamento
em geral, entre outras.
No fresamento de carcaças
fundidas, blocos de motores e
cabeçotes de válvulas, as pastilhas
sofrem choques mecânicos sub-
sequentes e estão quase sempre
fadadas ao fim de sua vida útil por
conta de uma avaria qualquer. Estas
avarias podem ser causadas por
microlascamentos, trincas térmicas
e quebras das arestas de corte – que
de modo geral acabam comprometendo também os calços e corpos
de fixação, gerando custos maiores
com o ferramental em função da
necessidade de substituição de
acessórios e componentes, quando
não de toda a ferramenta.
Por estas razões, o conhecimento das técnicas que permitem
prolongar a vida útil de ferramentas
que trabalham em condições críticas seguramente irá auxiliá-lo a
obter melhores resultados em suas
operações de usinagem.
Classes e coberturas
Observe previamente as informações sobre as características
da peça a ser usinada. Um ponto
muito importante é a classe do
metal duro. Classes que apresentam substratos mais ricos em
cobalto proporcionam maior
tenacidade e, consequentemente,
maior resistência aos impactos
gerados em operações de cortes
interrompidos.
O revestimento da pastilha
também influi no rendimento da
peça. Os processos de revestimento mais recentes – MTCVD (Medium Temperatures – Chemical
Vapour Deposition, em português
Temperaturas Médias – Deposição
Química de Vapor), MTCVD
com jateamento posterior e PVD
(Phisical Vapour Deposition, em
português Deposição Física de
Vapor) – conferem baixas tensões
residuais à superfície da pastilha.
Por decorrência, isto melhora
significativamente sua resistência
à fratura, ao lascamento e à escamação – avarias recorrentes nos
cortes interrompidos.
No caso das pastilhas revestidas pelo método MTCVD, as
temperaturas de deposição das
camadas (ao redor de 850ºC) são
mais baixas que as utilizadas no
processo CVD tradicional. Esta
redução nas temperaturas diminui a possibilidade de surgirem
microtrincas na superfície de saída da ferramenta. Os coeficientes
de expansão e contração térmicas
também se adaptam melhor a este
processo e favorecem a tenacidade
da aresta de corte.
Além disso, na nova geração de
pastilhas de metal duro, logo após
a fase de revestimento, as peças
são jateadas para a eliminação
completa das trincas superficiais.
Por conta deste processo, as pastilhas apresentam dupla coloração
(preta e amarela).
Classes PVD
Já no caso das pastilhas revestidas pelo processo PVD, a
deposição das camadas ocorre a
temperaturas ainda mais baixas
(em torno de 500ºC), o que incorre em menores tensões residuais e,
consequentemente, melhor resistência a impactos.
Embora tanto as classes PVD
Com relação à geometria dos quebra-cavacos, ferramentas com
menores ângulos de saída apresentam melhor rendimento
O Mundo da Usinagem
desafios da usinagem
Dicas de aplicação para condições
serveras de corte
 Prefira máquinas estáveis
 Selecione as ferramentas mais curtas possíveis
 Aplique fixações rígidas e seguras
 Escolha classes tenazes com coberturas de baixa tensão
 Opte por pastilhas com maiores ângulos de ponta
 Use ângulos de posição menores
 Utilize refrigeração abundante ou evite-a por completo
 Trabalhe com raios de ponta maiores
 Adote pastilhas negativas ao invés de positivas
quanto as MTCVD com jateamento posterior pareçam concorrer
para os mesmos tipos de aplicação,
as em PVD são mais adequadas à
usinagem de materiais mais dúcteis,
em operações onde se tenha maiores pressões de corte e não se possa
utilizar muita velocidade de corte
– como nas operações de rosqueamento e em aplicações voltadas a
cortes e ranhuras.
Influências dos
formatos e ângulos
Além das classes, a escolha dos
ângulos e formatos das ferramentas é fundamental. Os diferentes
ângulos de folga, ponta, ataque,
saída e posição, somados à forma
da pastilha, influenciam sobremaneira a vida do fio de corte.
A forma ajuda a determinar a
área da ponta, sendo que, quanto maior for a área, maior será a
resistência ao choque mecânico.
Pastilhas triangulares, por exemplo, apresentam ângulos de ponta
de 60º, enquanto as quadradas
apresentam 90º; ou seja, as quadradas são mais reforçadas que as
O Mundo da Usinagem
triangulares. No fresamento, o uso
de fresas com pastilhas redondas
pode ser uma solução para cortes
intermitentes no faceamento em
desbaste, já que este formato é o
que oferece maior robustez.
O ângulo de cunha das ferramentas também tem valiosa importância quando o foco é resistência
ao impacto. Quanto maiores forem
os ângulos de saída e folga, menor
será o ângulo de cunha e quanto
menor o ângulo de cunha, menor
a resistência aos impactos provenientes dos cortes interrompidos.
Por isso, pastilhas positivas são mais
frágeis que as negativas.
Geometria dos
quebra-cavacos
Com relação à geometria dos
quebra-cavacos, ferramentas
com menores ângulos de saída
apresentam melhor rendimento
em operações intermitentes. Em
contrapartida, poderão ampliar
o esforço de corte e o consumo
de potência.
Na maioria das vezes, geometrias dedicadas a cortes pesados e
desafios da usinagem
em condições desfavoráveis apresentam ângulos de saída menores
com compensações angulares na
geometria dos quebra-cavacos
e reforços do fio de corte. Tais
reforços são usualmente obtidos
por intermédio do tratamento
ER (Edge Rounding – Arredondamento da Aresta) aplicado à
aresta cortante. Isso tudo com o
objetivo de encontrar o melhor
balanço entre maior resistência
a quebras e menor consumo de
potência. Existem ainda situações
onde a melhor opção é a execução
de chanfros retificados para que a
pastilha resista aos impactos em
operações mais extremas.
De forma geral, o chanframento é mais utilizado em fer-
ramentas para fresamento e
também em pastilhas de materiais avançados, como cerâmicas
e CBNs, tanto nas operações
de torneamento quanto fresamento. Já o arredondamento da
aresta de corte é mais comum em
pastilhas para tornear.
Soluções possíveis
Para que a durabilidade das
pastilhas atinja rendimentos
mais satisfatórios, algumas ações
anteriores à usinagem principal
poderão ser efetuadas. Um bom
exemplo é o chanframento da
superfície de entrada da ferramenta na peça. Isto proporcionará penetração mais suave e
progressiva até que toda a pro-
fundidade de corte seja atingida,
livrando a aresta de um primeiro
impacto extremo logo no primeiro contato de corte.
Os dentes arredondados de
uma engrenagem, por exemplo,
também são menos danosos às
pastilhas que rasgos de chaveta,
que possuem cantos vivos.
Estabilidade é outra variável
que contribui para a obtenção
de maior produtividade. Máquinas mais rígidas, ferramentas de
hastes mais curtas e peças muito
bem fixadas resultarão em maior
rendimento do ferramental.
Carlos Ancelmo
Especialista em Usinagem da
Sandvik Coromant do Brasil
Sandvik Hard Materials
manufatura
Metal duro
Muito além das ferramentas de corte
Liga especial pode ser utilizada com êxito
em aplicações diversas à usinagem
C
omo garantir a durabilidade
de ferramentas que realizam
a conformação metálica de
peças de forte resistência mecânica? Como realizar a conformação
de vergalhões em aço sem que haja
alterações de medidas nos rolos
de laminação? E como cortar
com alta velocidade materiais altamente abrasivos como as fibras
de papel? Em muitos casos, estas
questões podem ser resolvidas da
mesma forma: com o emprego do
metal duro, composto metálico
12 O Mundo da Usinagem
produzido à base de cobalto ligado
a carbonetos de tungstênio, tântalo e nióbio, que pode ainda ser
revestido com finíssimas camadas
de óxido de alumínio, nitretos ou
carbonitretos de titânio.
No setor metalmecânico, o
metal duro já tem desempenho
bastante conhecido e comprovado na composição de ferramentas
para usinagem, mas as propriedades deste material também permitem que ele seja uma solução
eficaz em diversos outros tipos de
operações que imponham altos
níveis de exigência da ferramenta
conformadora.
Na indústria, são muitas as
empresas que enfrentam o problema do desgaste em seu ferramental convencional, produzido
com ligas de aço temperado de
alta dureza ou mesmo com aço
rápido; nestes casos, o metal duro
pode representar uma substituição inteligente para tais ferramentas, já que este é um material
extremamente resistente.
manufatura
Conformação de metais
Exemplos de aplicações industriais que dependem de produtos altamente resistentes ao desgaste
são as operações de trefilação, laminação e extrusão
– nestes casos é importante que as ferramentas
envolvidas sejam capazes de suportar o constante
atrito com metais de alta resistência.
Fábio Plensack, gerente de Vendas da área de
produtos Hard Materials da Sandvik Tooling – área
que comercializa tanto blanks de metal duro (tarugos ou peças semi-acabadas) quanto as ferramentas
de corte já finalizadas neste material –, assegura que
este composto pode aumentar significativamente a
Shutterstock
Sua composição de grãos metálicos faz com
que seu desgaste se dê de forma diferenciada dos
demais materiais pois, com o tempo, os grãos vão
se desprendendo da superfície das ferramentas ou
dos componentes fabricados com metal duro, promovendo um desgaste mais uniforme.
Conformação de latas de alumínio depende do uso
de punções e matrizes de metal duro
produtividade das indústrias do setor de conformação. “Fabricadas com o metal duro, as ferramentas
de conformação mantém suas medidas inalteradas
por muito mais tempo, o que assegura dimensionais
corretos para o produto final em toda uma ordem de
produção”, explica Plensack. “Por ter vida útil mais
longa, as ferramentas compostas por metal duro
reduzem o tempo de máquinas paradas ocasionado
pela troca de ferramentas”, acrescenta.
Outra aplicação industrial em que o metal duro
pode ser a solução mais adequada e rentável é a
fabricação de vergalhões para construção ou grades
de aço. Rolos de laminação fabricados com este
composto não perderão sua forma e suportarão por
mais tempo o atrito constante com as barras de aço.
Os canais de conformação resistem aos desgastes e
não perdem seu formato original com o uso. Para
continuar operando dentro das medidas ideais, os
canais de conformação precisam ser reconstruídos
periodicamente, e isso, nos rolos de laminação comum, quase sempre é feito com aplicações de solda,
recurso que normalmente não permite a recuperação das dimensões iniciais da peça.
Ainda neste setor, outro processo com presença
significativa do metal duro é a conformação de latas
metálicas. Velocidade e precisão são fatores importantes neste tipo de serviço, por isso o metal duro é
preferido na fabricação das peças que irão compor os
chamados bodymakers – máquinas
que dão forma ao corpo da lata. As
ferramentas feitas de metal duro
têm excelente desempenho nestas
aplicações justamente por manterem a precisão da conformação
mesmo sob elevados índices de
repetibilidade que são característicos destes processos.
Outros horizontes
Muito mais do que servir
como matéria-prima ideal para
ferramentas que vão usinar metais de alta resistência, o metal
duro também pode compor
peças capazes de cumprir muitas
outras finalidades. Entre elas
destacam-se os cortantes rotativos empregados na produção de
artigos de higiene como fraldas,
absorventes higiênicos, filtros de
café e esponjas de cozinha.
Geralmente feitos de plástico,
fibras de poliéster, fibras de não-
tecido ou papel, estes produtos
são compostos por materiais
pouco resistentes, mas por isso
mesmo muito difíceis de cortar.
“Os equipamentos onde estes
produtos são fabricados podem
cortar milhares de unidades por
minuto e nesse contexto é fundamental dispor de ferramentas
eficientes que reduzam o tempo
de máquina parada”, aponta o gerente. Este é outro problema que
pode ser solucionado com a utilização do metal duro. “Enquanto
um cortante de aço comum pode
processar em média dez milhões
de cortes entre suas afiações, a
mesma peça feita com metal duro
é capaz de superar os cem milhões
de cortes”, compara Plensack.
Utilização adequada
De forma geral, em todas as
aplicações que sofrem com o
desgaste precoce de ferramentas
Como adquirir uma solução resistente
A área de produtos Hard Materials da Sandvik Tooling detém todo o processo de fabricação do metal duro, desde a extração do minério até o
fornecimento e aplicação das peças fabricadas com este composto, além
dos ensaios de qualidade atribuídos a estes componentes.
Para garantir que todas essas etapas e processos sejam cumpridos com
excelência, a Sandvik Tooling mantém fábricas na Austrália, Estados Unidos, Espanha, França, Inglaterra, México, Suécia e Taiwan. Estas unidades desenvolvem ferramentas e outros componentes de metal duro para
os mais diversos segmentos e aplicações.
Outra operação importante atendida pela Hard Materials é o fornecimento de botões de metal duro incorporados às cabeças das brocas empregadas nos setores de mineração e exploração de petróleo. Para conhecer
todas as soluções em metal duro fornecidas por essa área de produtos,
acesse o site www.hardmaterials.sandvik.com ou entre em contato
pelo telefone (11) 5696-5490.
O Mundo da Usinagem 15
manufatura
De onde vem? E para onde vai?
O tungstênio (tung significa “pedra” e sten quer dizer “pesada” no idioma
sueco) está entre os compostos do metal duro mais conhecidos. A substância foi descoberta em 1923 por um grupo de estudos patrocinado pela
Osram, fabricante europeia de lâmpadas elétricas, que na época buscava
desenvolver filamentos mais resistentes para seus produtos. Depois que
seu excelente desempenho como ferramenta de corte foi descoberto, o
metal duro passou a ganhar espaço no ambiente industrial.
Desde pontas de tacos de golf até serras para o corte de madeira, o metal duro está presente também em muitas situações de nosso cotidiano
que extrapolam os ambientes fabris. Este material pode ser encontrado
tanto em operações gerais, que exigem compostos de alta resistência,
quanto nas máquinas empregadas no recapeamento das estradas, bem
como em objetos pequenos e compactos, como as esferas das canetas
esferográficas.
é possível que o metal duro seja a
alternativa ideal e definitiva para
a resolução do problema. Mas
como descobrir se este material
pode ser uma solução para o seu
caso? Não há fórmula exata para
a utilização do metal duro, pois
ele oferece ampla gama
de possibilidades. Portanto, para não errar
é interessante que a
empresa procure um
especialista para verificar
a viabilidade de utilização do
metal duro em uma determinada operação. Este profissional
poderá inclusive identificar gargalos da produção e indicar o tipo
de metal duro mais adequado
para cada caso.
Além disso, depois que ferramentas de metal duro são adotadas, algumas medidas devem
ser tomadas para que o fluxo
produtivo chegue ao máximo
de suas potencialidades. Se uma
16 O Mundo da Usinagem
peça de aço, por exemplo, é
substituída por outra de metal
duro, é importante que a empresa
conscientize seus profissionais
de que o método e a cultura de
trabalho necessitará de algumas
adaptações.
Finalmente, é importante
notar que a aquisição
de ferramentas de
conformação feitas
de metal duro não
segue a mesma lógica
da seleção válida para ferramentas de corte, em que
um catálogo pode reunir todas as
orientações. Cada aplicação exige
cuidados diferentes, e sempre que
possível deve-se consultar um
especialista. Acesse o site www.
allaboutcementedcarbide.com
para saber mais sobre as características do metal duro.
Thaís Tüchumantel
Jornalista
tecnologia
Excelência para
usinagens
complexas
Divulgação Mori Seiki
Novo sistema
operacional MAPPS IV
otimiza processos
e facilita operações
Quarta geração do painel de controle permite utilizar métodos iguais
de operação em qualquer modelo de máquina
O
s sistemas voltados à indústria de manufatura e os
processos produtivos de
empresas do setor metalmecânico estão se tornando a cada dia
mais complexos e diversificados.
Com isso, é crescente a demanda
por métodos de usinagem de alta
tecnologia que envolvam máquinas equipadas com sistemas de
operação mais amigáveis.
Diante deste cenário, a Mori
Seiki – fabricante japonesa de
máquinas-ferramenta – percebeu
a necessidade de lançar no mer18 O Mundo da Usinagem
cado um sistema operacional com
interface simples, que pudesse
facilitar o processo de usinagem
e proporcionar operações de
alta performance. Surgiu então
a quarta geração do painel de
controle MAPPS – sistema que
permite ao usuário a utilização de
métodos iguais de operação em
qualquer modelo de máquina.
Com novas funções e desenvolvido para atender máquinas
de maior complexidade – com
quatro ou mais eixos programáveis –, o MAPPS IV combina
tecnologia de ponta e avançado
sistema de aplicação, possibilitando a redução do tempo de programação do processo de usinagem.
“Este novo painel incorpora
funções que facilitam a operação,
tornando possível programar a
usinagem de peças complexas e
de maior valor agregado”, afirma
Ulisses Tsutsumi, engenheiro de
Aplicação da Mori Seiki.
Mais agilidade
Em relação ao modelo anterior,
o novo sistema apresenta inova-
MAPPS IV combina
tecnologia de ponta
e avançado sistema
de aplicação,
possibilitando a
redução do tempo de
programação
tecnologia
MAPPS IV possibilita
reduzir o tempo de
programação do
processo de usinagem
ções que tornam o processo de
usinagem ainda mais otimizado.
Equipado com hardware e interface aprimorados, o painel do
MAPPS IV apresenta monitor
com tela de 10.4” ou 19”. Além
disso, também introduz teclas
programáveis verticais que po-
Software
ESPRIT CAM permite
simulações reais
do processo de
usinagem
dem ser utilizadas como botões
para o acionamento de sistemas
opcionais de máquinas, ou como
atalho para a visualização rápida
de informações desejadas pelo
usuário. “A interface de operação
simples e o novo hardware possibilitam tempos de resposta mais
rápidos”, garante Tsutsumi.
Novas funções na tela do monitor também ajudam a facilitar
o trabalho do operador, como a
memorização e visualização de
procedimentos de preparação e dados de ferramentas, assim como o
registro das telas de trabalho mais
utilizadas. No novo programa
ainda é permitido instalar câmeras opcionais dentro ou fora da
máquina para que o profissional
possa monitorar as operações e
verificar o acúmulo de cavacos.
O MAPPS IV também possui
sistema de identificação de erros
que indica a solução
adequada para cada
falha encontrada.
Programação
Outra novidade incorporada ao sistema MAPPS IV é o
software ESPRIT CAM. Desenvolvido pela DP Technology, o
programa já vem instalado como
item standard em alguns modelos
de máquinas e permite programar
tornos, fresas, centros de usinagem, centros de torneamento e
máquinas de eletroerosão a fio.
Com o ESPRIT é possível
programar a usinagem de peças
complexas e de alto valor agregado na própria máquina, sem
depender de estações CAM adicionais. Por utilizar este sistema,
o software oferece um ambiente
de simulação que permite a representação real do processo de
usinagem. “Com o sistema CAM
o profissional consegue fazer
uma análise detalhada de como
produzir a peça, um recurso que
ajuda a evitar colisões, reduzindo
o tempo de corte”, aponta José
Eduardo Escobar, Diretor de
Aplicações da UVW Computação Gráfica – uma das empresas
responsáveis pela comercialização
do ESPRIT CAM.
Fernanda Feres
Jornalista
Novo MAPPS IV apresenta
Divulgação Mori Seiki
 Interface simples
 Software ESPRIT com sistema CAM
 Hardware que reduz tempos de respostas
 Monitor com tela de 10.4” ou 19”
 Sistema de identificação de falhas
 Possibilidade de instalação de câmeras para
monitoramento de operações internas e externas
20 O Mundo da Usinagem
Divulgação MAN Ferrostaal
EMO 2009
MAN Ferrostaal marca
presença em Milão
Fabricantes de sistemas para manufatura
apresentaram tendências em feira internacional
M
áquinas e ferramentas
operando com precisão e
qualidade, e profissionais
atuando com eficácia, de maneira
segura e organizada, são algumas
das características que garantem
boa apresentação em uma feira
industrial. Por outro lado, sempre
que possível, nada melhor do que
conhecer pessoalmente as instalações de um fornecedor para discutir dúvidas e avaliar o fornecimento
de produtos e serviços. Contudo,
a experiência tem mostrado que
existem outras formas igualmente
eficientes de se chegar a decisões
tão importantes.
Para Edson S. Oliveira, gerente geral de Vendas no Brasil da
MAN Ferrostaal Equipamentos
e Soluções – multinacional alemã
que atua na divulgação, comercialização, financiamento e suporte
22 O Mundo da Usinagem
técnico de pós-venda de máquinas
operatrizes –, a participação em
feiras internacionais direcionadas
ao setor industrial traz benefícios
tanto para os expositores quanto
para os visitantes interessados em
bons negócios. “Em momentos
como estes, os fabricantes têm a
oportunidade de apresentar seus
novos desenvolvimentos e também, muitas vezes, comprovar estas
vantagens”, ressalta.
Com esta meta, a EMO 2009
– feira realizada em Milão, na Itália,
entre os dias 05 e 10 de outubro –
reuniu as principais empresas multinacionais do setor metalmecânico.
Considerado um dos eventos mais
importantes do setor no mundo, o
encontro apresentou as inovações
em máquinas de corte, conformação, soldagem, softwares e hardwares
de automação e montagem.
Durante todo o evento, a
MAN Ferrostaal assessorou seus
clientes do Brasil junto às suas dez
empresas representadas, fabricantes
de máquinas de origem europeia
e asiática – todas líderes em seus
segmentos de atuação.
Destaque Global
“Ao longo de 2009, as empresas
brasileiras demonstraram que são
capazes de administrar crises sem
deixar de investir em novas máquinas e processos de manufatura.
Nossa indústria liderou a retomada
do crescimento industrial mundial
e está à frente de nações mais industrializadas, como as da Europa,
América e Ásia”. Com esta afirmação, Edson ressalta a relevância de
as empresas atuantes no mercado
brasileiro participarem de eventos
internacionais. “Em feiras como a
EMO, é possível acompanhar de
perto os novos desenvolvimentos de
abrangência mundial”, esclarece.
Segundo Edson, os destaques
expostos pelas fabricantes parceiras
da MAN Ferrostaal foram soluções
que visaram a melhoria na qualidade dos produtos e substancial
redução dos custos de manufatura.
Os equipamentos apresentados
demonstraram a importância e as
vantagens de se continuar investindo em novas soluções tecnológicas,
como a representada PRIMA, que
apresentou tecnologias a laser por
fibra óptica. Para mais informações,
atualize-se com a MAN Ferrostaal
pelo telefone (11) 5522-5999.
Fabíola Perez
Jornalista
Fotomontagem: Rogério Morais
perspectiva
Papel e Celulose reaquece
mercado de equipamentos
Tendências divulgadas pela ABTCP revelam
oportunidades para a expansão de negócios
“A
s empresas que integram
a cadeia produtiva do
setor de celulose e papel
acreditam que o mercado nunca
esteve tão competitivo e que há
significativas oportunidades para
a expansão de negócios”. É com
esta afirmação que Valdir Premero,
diretor de Marketing e Exposição
da Associação Brasileira Técnica
de Celulose e Papel (ABTCP),
apresenta o atual cenário econômico do setor papeleiro. De acordo
com o relatório divulgado pela
PricewaterhouseCoopers – empresa
prestadora de serviços de auditoria
–, o Brasil vem se fortalecendo
como fornecedor de celulose no
mercado mundial e conquistando
posição de destaque frente aos
demais países emergentes.
24 O Mundo da Usinagem
Diante deste panorama, em
setembro de 2009 foi realizado um
encontro para o debate das novas
perspectivas da indústria de celulose e papel. Na sede da ABTCP,
em São Paulo, além de Valdir
Premero, também esteve presente
Carlos Nogueira, vice-presidente
da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
(ABIMAQ), que analisou as
relações e influências econômicas
entre o setor de celulose e papel e
o segmento metalmecânico.
De acordo com Nogueira, máquinas específicas são imprescindíveis para a indústria de celulose
e papel, e o setor metalmecânico é
fornecedor de boa parte dos equipamentos empregados neste segmento. Premero explica que, com
o aumento do interesse dos fabricantes de celulose e papel de todo o
mundo em investir na América do
Sul, o Brasil pode ocupar posição
privilegiada na exportação destes
produtos. Com isso, as condições
econômicas se mostram favoráveis
para o surgimento de novas oportunidades para o desenvolvimento
de projetos em ambos os setores.
Forte retomada
Com o início da crise econômica mundial, os investimentos
em máquinas e equipamentos
sofreram gradativamente um enfraquecimento em sua demanda.
Contudo, o vice-presidente da
ABIMAQ já observa algumas
mudanças importantes neste
cenário: “Com a possibilidade
de retomada de vários projetos
que haviam sido adiados, o setor
metalmecânico pode voltar a considerar os níveis de faturamento
anteriores à crise”. Neste contexto,
a participação em eventos direcionados a setores econômicos que
atuam em conjunto se apresenta
estratégica para empresários que
desejam alavancar negócios.
Uma destas oportunidades
surgiu entre os dias 26 e 29 de
outubro, com o ABTCP-PI 2009
– 42º Congresso e Exposição
Internacional de Papel e Celulose,
que contou com a parceria das
instituições ABIMAQ e ABTCP,
entre outras congêneres. Para
conferir os próximos eventos deste
setor, visite www.abtcp.org.br
Fabíola Perez
Jornalista
Divulgação Unimep
Evento
Seminário discute novos
processos de manufatura
Com abordagens práticas, encontro propõe
inovações para o setor metalmecânico
U
ma performance de acrobatas durante a abertura
do 14º Seminário Internacional de Alta Tecnologia
surpreendeu os participantes
do evento, realizado no dia
22 de outubro no auditório
da Universidade Metodista
de Piracicaba (Unimep), promotora do encontro. Segundo
Klaus Schützer, presidente do
comitê organizador e do comitê
científico do seminário, o show
foi uma representação de como
deve ser o desempenho de um
profissional da indústria em
meio a períodos de desaceleração econômica. “Em momentos
de incerteza do mercado, os
empresários devem estar muito
bem preparados, ser extremamente flexíveis e criativos”,
explica o presidente.
26 O Mundo da Usinagem
O seminário, que teve como
foco principal de estudos as inovações em processos e pesquisas
no setor de máquinas-ferramenta, reuniu 200 participantes,
sendo 95% do público formado
por profissionais da indústria.
Avanços na eficiência
Representando fabricantes
nacionais e internacionais, cinco
palestrantes mostraram as novidades do setor por meio de casos
de sucesso. Alguns exemplos
foram a palestra do engenheiro
Jacek Kruszynski, da Boehlerit
GmbH & Co KG, da Áustria,
que apresentou a possibilidade
de se alcançar bons resultados
com diferentes revestimentos
de ferramentas; e a palestra
de Jochen Bretschneider, da
Siemens AG, da Alemanha, que
apontou o sucesso obtido com o
aumento da exatidão volumétrica de máquinas-ferramenta por
meio de funções com o sistema
de compensação volumétrica em
equipamentos CNC.
Outros quatro especialistas,
docentes de universidades nacionais e internacionais, aproveitaram a oportunidade para
divulgar resultados obtidos em
projetos que estudam tendências
em ferramentas e máquinasferramenta. Entre estes palestrantes, a professora Christina
Berger, da universidade de Technische Universität Darmstadt, da
Alemanha, apontou a necessidade de se utilizar novos materiais
na fabricação de ferramentas de
conformação.
Importando conhecimento
Para assegurar o alto nível
tecnológico das discussões promovidas no evento que ocorre
anualmente, a Unimep mantém
parcerias com duas universidades
alemãs – Technische Universität
Darmstadt, da cidade de Darmstadt, e Fraunhofer IPK, de
Berlim.
Schützer acredita que, apresentando um rico panorama das
tendências para o segmento, o
seminário contribui fortemente
para enriquecer o conhecimento
dos participantes e suas empresas.
Para saber mais sobre o evento, acesse o site www.unimep.
br/feau/scpm/seminario
Thaís Tüchumantel
Jornalista
Divulgação Romi
sustentabilidade
Usinagem veloz
Troféu do GP Brasil de Fórmula 1 é usinado
no autódromo durante a prova
F
oi em meio ao ronco dos
motores do Grande Prêmio
do Brasil de Fórmula 1 que
a empresa petroquímica Braskem
aproveitou para colocar o tema da
sustentabilidade em pauta. Entre
os dias 16 e 18 de outubro, período
em que foi realizada a corrida no
autódromo de Interlagos (SP), o
material reciclável descartado pelos
espectadores – como caixas longa
vida, embalagem de alumínio,
papel e plástico – foi coletado das
lixeiras do autódromo para atender
a um objetivo diferenciado.
Entre as 29 toneladas de material recolhidas, as tampinhas das
garrafas de água mineral foram
separadas e tiveram um destino
especial: dar origem aos troféus entregues aos vencedores da prova.
Contando com o apoio de em28 O Mundo da Usinagem
presas e entidades parceiras – Fortymil, Plastivida e a Cooperativa
Seletiva da Capela do Socorro
–, a Braskem organizou a coleta,
triagem, extrusão, granulação e
prensagem do plástico reciclado.
Depois destes processos, as placas
plásticas foram encaminhadas para
a operação de usinagem, que ficou
a cargo da Romi, fabricante de
máquinas-ferramenta e máquinas
para usinagem de plásticos. Três
horas depois, os troféus tomaram
a forma final com os traços concebidos pelo renomado arquiteto
brasileiro Oscar Niemeyer (veja
foto acima).
Tarefa cumprida
Mário Hiroshi Assada, gerente
do departamento de Engenharia
de Vendas da Romi, informa que
tanto o equipamento quanto os
componentes que foram levados
para a miniusina montada em
Interlagos foram especialmente
selecionados para atender as necessidades da Braskem: cumprir
o prazo de produção do troféu,
que deveria ficar pronto ao final
da corrida.
Outra condição importante
foram as propriedades do plástico, que determinaram a escolha
das máquinas e dos componentes
empregados nesta tarefa. O equipamento escolhido foi o centro de
Usinagem Vertical de Alta Performance Romi D800.
Ferramenta adequada
A partir do projeto do troféu,
os profissionais da Romi desenvolveram o programa de usinagem,
selecionaram os dispositivos de
fixação e, junto à Sandvik Coromant, selecionaram as ferramentas
mais adequadas para a operação
– fresas inteiriças de metal duro
com corte positivo acompanhadas
dos respectivos cones de fixação.
Após todos os ajustes, a usinagem
foi realizada com sucesso em pleno
autódromo.
Diretor de Marketing da
Braskem, Frank Alcântara justifica a inusitada ação: “Esperamos promover a coleta seletiva
e incentivar o reaproveitamento
de materiais como as tampinhas
plásticas, que podem ser recicladas até oito vezes”.
Thaís Tüchumantel
Jornalista
Superação e competência
Histórias de quem não se entrega
Por meio de algumas boas lições de
vida, acompanhe o que mudou e o que
ainda pode melhorar no cotidiano das
pessoas com deficiência física
A
o longo dos últimos anos,
conceitos como acessibilidade, adequação de infraestrutura e igualdade de condições
profissionais se tornaram amplamente difundidos no cenário
brasileiro, ganhando relevância
principalmente em ambientes
empresariais. Com isso, a partir
da implantação da Lei de Cotas
para Pessoas com Deficiência
Física (nº 8.213/91), estas questões passaram a fazer significativa
diferença no mercado de trabalho
em todo o País.
Um em cada oito brasileiros
apresenta algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida. Esta
estatística foi levantada a partir de
uma pesquisa realizada no período de um ano (2008–2009) para
30 O Mundo da Usinagem
a produção do livro-reportagem
Vai encarar? A nação (quase) invisível de pessoas com deficiência,
lançado em junho de 2009 por
Cláudia Matarazzo, jornalista e
chefe de Cerimonial do Governo
do Estado de São Paulo. “A questão da acessibilidade física para
pessoas com deficiência vai muito
além da adequação de banheiros
e da construção de rampas”, enfatiza a autora. “Atualmente estas
mudanças já não são consideradas
tão complicadas quanto eram há
vinte anos; são adaptações que
proporcionam melhorias para
toda a equipe de profissionais de
uma empresa”, defende.
Gradativamente, as companhias passaram a valorizar as diferenças sociais, adotando políticas
Shutterstock
aos desafios
da vida
de inclusão que, simultaneamente, eliminassem comportamentos
de discriminação e introduzissem
a filosofia de integração social.
No entanto, para a implantação
concreta de uma realidade inclusiva em qualquer sociedade,
um longo caminho teve de ser
percorrido.
Desconstruindo
barreiras
Oficialmente, a inclusão de
pessoas com deficiência na sociedade em geral e sobretudo
no mercado de trabalho é considerada um fato recente, que
teve início com a aprovação do
artigo 93 da Lei de Cotas – em
vigor desde 1991. Esta lei prevê
que as empresas devem cumprir
De 20 anos para cá,
empresas passaram
a valorizar as
diferenças sociais,
adotando políticas
de inclusão
Pura energia
A voz transmite segurança e
descontração, e os risos intercalam quase todas as frases ditas
por Giovanna Maira, bacharel
em canto lírico pela Universidade
de São Paulo. A cantora perdeu a
visão com apenas um ano e dois
meses, decorrente de um câncer
que atingiu grau irreversível.
Hoje com 23 anos, Giovanna
ainda carrega na personalidade a
espontaneidade e a leveza de algumas características de sua infância. “Nunca tive problemas com
a deficiência, não encarava isso
como uma limitação”, recorda.
“Gostava de brincar, jogar bola e
andar de bicicleta”, lembra.
Com quatro anos, Giovanna
começou a estudar em uma escola
regular para crianças, e sempre
contou com o apoio e a dedicação da família para acompanhar
normalmente as aulas. Também
estudou braile no colégio paulistano Laramara. “Fiz muitos
cursos para saber administrar
melhor o equilíbrio corporal
e orientar a mobilidade física”,
explica a cantora.
Depois do ensino médio, o
próximo desafio de Giovanna
foi ingressar no curso de Música
da Universidade de São Paulo.
“Nesta época minha família teve
papel fundamental para meu
desenvolvimento profissional,
porque não existiam livros de
física, matemática e química em
braile”, enfatiza.
Rodeada por amigos sem nenhum tipo de deficiência, Giovanna
conta que em situações constrangedoras sempre adota uma postura
descontraída. “Não acredito que
exista preconceito em relação às
Fernando Favoretto
determinada porcentagem como
cota para a contratação de pessoas
com deficiência, em relação ao
número total de profissionais
empregados.
Assim, muitas companhias
perceberam que a inclusão de
portadores de deficiência física
ou mobilidade reduzida conferia
à empresa, além da diversidade do
potencial humano, uma presença
com mais responsabilidade social
no mercado.
Atualmente, 80 mil pessoas com deficiência física estão
empregadas sob o regime de
contratação que exige carteira de
trabalho assinada. Esta conquista
se deve a um conjunto de mudanças políticas que as empresas
vêm adotando; entretanto, se
deve principalmente à superação
constante das pessoas com deficiência, que provam diariamente
sua competência profissional. “É
a superação da superação; ou seja,
além de encarar o desafio de nos
adaptar às nossas dificuldades,
precisamos mostrar que somos
igualmente competentes para
atuar em qualquer segmento do
mercado”, resume Kênia Pottes,
portadora de nanismo.
Cláudio Teixeira, deficiente
visual, atua há 29 anos na
área de Desenvolvimento de
Sistemas do Serpro
de São Paulo
O Mundo da Usinagem 31
Fernando Favoretto
superação e competência
pessoas com deficiência física, o
que existe é um desconhecimento
que só poderá ser sanado com a
convivência”, explica.
Como uma de suas maiores
dificuldades foi aprender a grafar
músicas em braile, ainda na faculdade a estudante procurou uma
aula de Musicografia Braile, disciplina pouco comum no País.
Além de trabalhar com música,
Giovanna também produz eventos.
Segundo ela, o trabalho é capaz de
oferecer uma sensação exclusiva
de dignidade. “Quando fecho os
olhos e sinto a vibração positiva
do público fico emocionada; neste
momento considero-me uma profissional realizada”, reflete.
Independência
Aos 61 anos, Cláudio Teixeira
trabalha como técnico de informática do Serviço Federal
de Processamento de Dados
(Serpro). Considerada uma das
maiores organizações do setor em
toda a América Latina, o Serpro
desenvolve projetos e programas
relacionados a questões como
acessibilidade e inclusão social.
Teixeira perdeu a visão com
“Considero o curso
de graduação em
direito e o emprego no
Serpro minhas maiores
conquistas”
(Cláudio Teixeira,
deficiente visual)
32 O Mundo da Usinagem
Serpro desenvolve as adaptações necessárias para promover a
inclusão social e o bem-estar dos colaboradores da organização
sete anos, em decorrência de uma
queimadura com cal. Em razão
do acidente, ele só pôde retornar
à escola regular aos 11 anos e,
paralelamente, aprendeu braile
em aulas particulares proporcionadas por órgão do governo.
Segundo ele, naquela época as
escolas não estavam habituadas
com o tema inclusão e não contavam com infraestrutura adequada
para atender às necessidades de
pessoas com deficiência. Mesmo
assim, seguiu com os estudos e foi
aprovado em Direito pela Universidade de São Paulo. “Considero o
curso de graduação e o emprego
em uma empresa de grande representatividade como o Serpro minhas maiores conquistas”, revela.
Há 29 anos atuando na área
de Desenvolvimento de Sistemas, Teixeira lista algumas de
suas responsabilidades profissionais: “No Serpro desenvolvo
programas e os codifico para a
linguagem de computador; todas
as adaptações necessárias foram
implantadas para que eu pudesse
realizar meu trabalho”.
De acordo com Odúlia Maria
Munhoz, chefe do Departamento de Pessoas da Regional de
São Paulo do Serpro, a política
de inclusão social da empresa
começou muito antes do surgimento da Lei de Cotas no Brasil.
“Quando um portador de deficiência física é contratado, durante
a avaliação médica ele é acompanhado por um assistente social;
assim podemos diagnosticar
quais as adequações necessárias à
sua rotina de trabalho”, explica.
Também músico profissional, Teixeira estudou flauta
e música clássica na Escola
Municipal de Música de São
Paulo. Seguindo hoje mais o
estilo popular, ele integra uma
banda formada por outros três
deficientes visuais. Outra conquista de Teixeira foi em 1979,
quando ajudou na fundação
da Adeva – Associação de Deficientes Visuais e Amigos. O
Arquivo pessoal: Giovanna Maira
superação e competência
técnico e músico também foi
voluntário de outras instituições, como o Cadevi – Centro
de Apoio ao Deficiente Visual.
Entre os palcos e
o escritório
A sala composta pela mesa de
trabalho, computadores e telefones alterna-se com o cenário de
palcos, luzes e coreografias. Basicamente, estes são os ambientes
de trabalho de André Henrique
Ferreira. Engenheiro elétrico
graduado pela Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo
(POLI-USP) e ator profissional,
André tem rotina muito agitada
e afirma que a cadeira de rodas
que usa para sua locomoção não o
impede de fazer o que deseja.
Aos 28 anos, André sofreu um
acidente de moto que reduziu os
movimentos de seus membros
inferiores. Hoje com 35 anos,
atua em uma empresa especializada em softwares e se apresenta
34 O Mundo da Usinagem
“Quando fecho os
olhos e sinto a vibração
positiva do público,
fico emocionada"
(Giovanna Maira,
deficiente visual)
ainda, junto a outros portadores
de deficiência física, em peças
teatrais com o grupo Oficina dos
Menestréis. “Ter que enfrentar
adaptações é sempre um processo
difícil; a realidade do corpo se
altera completamente e surgem
outras necessidades”, esclarece.
Segundo André, os cadeirantes aprendem a ter um novo
controle sobre o corpo. “Depois
do acidente, comecei a praticar
mais esportes, faço natação, atletismo e jogo tênis; aprendi que
esta pode ser uma das melhores
formas de continuar vivendo
bem”. Antes de sofrer o acidente,
André era estagiário de engenharia elétrica em um laboratório de
pesquisa na POLI-USP. Ao voltar a atrabalhar, após o período de
recuperação, passou a atuar como
consultor júnior de engenharia
elétrica da Oracle – empresa em
que trabalha até hoje.
O engenheiro acredita que
pessoas portadoras de deficiê­ncia
física ainda encontram muitas dificuldades em seu dia a dia. “Dizer
que já podemos nos sentir cem por
cento incluídos socialmente ainda
não é possível, mas estamos neste
processo”, observa. “A tendência
é que cada vez mais as empresas
valorizem a diversidade de estilos e
invistam na competência de pessoas com deficiência”, acredita.
Qualificação diferenciada
Mais conhecido como Marinho, Mário Pimentel, analista
de microinformática da Sandvik
Vale a pena conhecer
Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência
Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência Física (nº 8.213)
“Mobilidade acessível na cidade de São Paulo”, disponível em:
www.prefeitura.sp.gov.br
Norma NBR 9050 p/ Acessibilidade em Estabelecimentos, ABNT 2004
Um outro olhar, documentário sobre nanismo, disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=WNY-DWk60H8
Vai encarar? A nação (quase) invisível de pessoas com
deficiência, livro-reportagem de Cláudia Matarazzo. Editora Melhoramentos, SP, junho 2009
Associação de Deficientes Visuais e Amigos
Centro de Apoio ao Deficiente Visual
Associação Gente Pequena do Brasil
Associação dos Surdos de São Paulo
Fernando Favoretto
superação e competência
“O mundo não se
adaptará a nós; nós
é que devemos nos
adaptar a ele"
(Mário Pimentel,
deficiente auditivo)
Arquivo pessoal: André Henrique Ferreira
Coromant, leva uma vida bastante agitada. Gosta de viajar, pedalar, praticar esportes aquáticos e
andar de kart. O mesmo ritmo dinâmico que o acompanha no lado
pessoal também faz parte de seu
cotidiano profissional. Formado
em 2002 no curso de Tecnologia
em Informática pela Faculdade
Radial, hoje Mário está se formando no curso à distância de
Letras/Libras (Língua Brasileira
de Sinais), pela Universidade
de São Paulo. Mário é portador
de deficiência auditiva e, depois
de tanto tempo acostumado a
36 O Mundo da Usinagem
conviver com pessoas ouvintes,
desenvolveu uma habilidade singular para a leitura labial.
O analista afirma que fez
muita diferença ter pais também
surdos e que graças à educação
oralizada que recebeu durante a
infância consegue se comunicar
com muito mais pessoas do que
se tivesse realizado apenas o curso
de libras.
Embora tenha superado muitas dificuldades, Mário acredita
que estar aberto às adaptações é
fundamental para pessoas com
qualquer tipo de deficiência.
“Precisamos ter consciência de
que o mundo não se adaptará
plenamente aos portadores de
deficiência; nós é que vamos nos
adaptando a ele”, enfatiza.
Sua história profissional é
marcada ainda por outras importantes passagens, entre elas,
pela Secretaria de Assistência e
Desenvolvimento Social, como
instrutor de informática para surdos; pela Associação dos Surdos
de São Paulo, como conselheiro,
vice-presidente e presidente, e
ainda como um dos organizadores
da Conferência dos Direitos Humanos e Cidadania dos Surdos do
Estado de São Paulo, em 2001.
Mesmo acreditando que a deficiência auditiva requer poucas
adaptações físicas, Mário alerta:
como a surdez não é algo visível,
muitas pessoas não reconhecem
André Henrique Ferreira divide
sua vida entre a Engenharia e
os palcos do teatro
Mário Pimentel acredita que, com
um pouco de paciência, a integração
acontece normalmente entre
ouvintes e não-ouvintes
as necessidades inerentes a esta
deficiência. “Com a ajuda de
um intérprete e um pouco de
paciência durante as conversas,
a integração acontece normalmente”, comenta o analista.
No ambiente de trabalho,
Mário conta que seus colegas
mais próximos sempre o ajudam
durante reuniões ou até mesmo
eventos da empresa. “Os colegas
que trabalham diretamente comigo já estabeleceram uma forma
fácil de comunicação”, ressalta ele.
“Ficou muito feliz por trabalhar
em uma empresa como a Sandvik,
pois aqui tenho a oportunidade
de me envolver em novos projetos
e crescer”, conclui.
superação e competência
Arquivo pessoal: Kênia Pottes
Enfermeira Kênia Pottes (à esq.),
seu marido Hélio e sua filha
Maria Rita lutam pela igualdade
dos anões na sociedade
Superação à toda Prova
Ágil e pró-ativa, Kênia Maria
Pottes percorre diariamente os
longos e largos corredores do
hospital paulistano Beneficência
Portuguesa. Com 1,23 metro de
altura, a enfermeira de um dos mais
importantes hospitais do País já
se acostumou com a árdua rotina
diária de trabalho. “A superação
nada mais é do que aprender a lidar
com as dificuldades, imprevistos e
adaptações cotidianas”, acredita a
enfermeira.
Kênia é a sexta filha de um casal
de estatura alta e nenhum de seus
irmãos possui nanismo. A enfermeira é portadora de acondroplasia, um dos tipos de nanismo caracterizado pelo encurtamento de
membros, como pernas e braços.
Para a maior parte dos anões,
as principais dificuldades chegam
durante a adolescência. “Se não
contarmos com uma base familiar
38 O Mundo da Usinagem
sólida, não estaremos preparados
para enfrentar as dificuldades futuras”, adverte.
Com quase 30 anos de profissão, Kênia acredita que alcançar
um cargo renomado requer muita
competência e dedicação. “Costumo dizer que, além de mostrar
que possuímos conhecimento
para executar tarefas difíceis, precisamos provar que podemos
concorrer profissionalmente com
pessoas sem deficiência física”, indica. “Lembro-me que, por muitas
vezes, para realizar o atendimento
ao paciente precisei subir na esca-
“Superação é
aprender a lidar com
as dificuldades e
adaptações cotidianas"
(Kênia Pottes, anã)
dinha ao lado da cama, porque os
leitos são muito altos”.
Segundo ela, a princípio é
comum notar algum tipo de
preconceito. Mas, adotando uma
postura profissional, os pacientes
não demoram a depositar confiança na pessoa que há por traz
da deficiência.
Kênia lembra que até 20 anos
atrás as pessoas em sua condição
eram desencorajadas de lutar pela
inclusão no mercado de trabalho, por isso não investiam em
educação para conquistar boas
colocações nas empresas. Nos dias
atuais, a situação é outra. Pessoas
com deficiência física e empresas
estão cada vez mais empenhadas
em buscar informações para o aumento da qualidade profissional.
Kênia vive com seu marido,
Hélio Pottes, e sua filha, Maria
Rita Pottes, ambos anões. Juntos,
reativaram a Associação Gente
Pequena do Brasil com o objetivo de ampliar a troca de experiências entre portadores de nanismo
e para orientar pais que têm filhos
anões. “Orientamos nossa filha da
melhor maneira possível, estimulando valores como competência
e igualdade; evitamos minimizar
as dificuldades e esperamos que ela
se torne uma profissional segura e
confiante”, conclui Kênia.
Fabíola Perez
Jornalista
O segredo das grandes realizações
A vida humana tem sido uma preparação contínua e sem retorno rumo ao futuro. Uma
viagem sem fim em direção a algo melhor,
ou no mínimo similar ao que lograram nossos
pais e outras pessoas que, por algum motivo, tornaram-se nossas referências de êxito ou para quem
nos tornamos promessas de superação.
Embora possamos ser tanta coisa à luz das
comparações menores, quando nos vemos sob a
perspectiva de nossas próprias ambições, na maioria das vezes, estamos sempre a dever. É comum
pensarmos que somos menos do que poderíamos
ser e, por razão disso, nos submetemos a um
eterno por quê: Por que me tornei só o que sou
se poderia ser tanto? O que fiz ou deixei de fazer
para que me restasse ser apenas o que sou?
Ainda que tenhamos contabilizado tantas
vitórias sob o julgamento de tantos, e mesmo
que verdadeiras, tais vitórias pouco significam
se não forem reconhecidas por aqueles a quem
nos julgamos cativos, sejam estes amores ou pessoas a quem devemos respeito e consideramos
dignas de apreço.
Hoje, muitos de nós, paranóicos urbanos, à
mercê de um trânsito enfadonho e infindo, nos
perdemos em devaneios, sonhando e desejando
ser tanta coisa, que às vezes nos custa saber qual
seria nossa melhor opção de êxito. Ocorre que
não nos damos conta de que, entre os milhões
que ali se aglomeram, a sós em seus automóveis,
são tantos os que pensam e desejam ser a mesma
coisa, que não poderia haver lugar para tantos
no mesmo pódio.
A grande verdade é que somos o que somos
e não aquilo que pensamos ser, assim como
também não somos o que tantos creem que
sejamos. Mas se nem nós e nem os outros podemos definir exatamente o que somos, como
consolidar todo o nosso potencial de realizações, sem um entendimento concreto do que
verdadeiramente podemos ser?
De tantas respostas possíveis, a que me parece melhor é a renúncia do eu próprio, o desapego ao que nos é pessoal em favor do que possa
ser considerado justo ou belo. Quando uma
pessoa deixa de existir para si e apaixona-se por
uma causa justa ou bela à luz da razão, torna-se
um instrumento de amor, não só porque será
regido por decisões isentas de egocentrismos,
mas também porque suas atitudes poderão ser
suficientemente elevadas para que se sinta bem
consigo mesma, revestindo-se assim de nobreza
aos olhos de tantos.
Quando isto acontecer, já não terá tanta
importância saber se somos isto ou aquilo, pois
a felicidade habitará na consciência do quanto
pudemos contribuir para que tantos que pensavam nada ser, pudessem alcançar a consciência
do quanto são e o quanto podem fazer para que
todos sejam, um dia, justos, belos e nobres.
Eng MsC Francisco Marcondes
Gerente de Marketing e Treinamento Técnico
da Sandvik Coromant do Brasil
Fernando Favoretto
nossaparcelade
responsabilidade
40 O Mundo da Usinagem
62
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Benefícios que
extrapolam
o campo da
usinagem
Inclusão
Exemplos de
superação e
valorização
da vida
Cortes interrompidos
Como lidar com este inevitável
desafio da manufatura
anunciantes nesta edição
O Mundo da Usinagem 62
Arwi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Blaser . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Casa do Metal. . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Deb´Maq . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Dormer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Dynamach. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Ergomat. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Grob . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Haas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
HDT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9/37
Hexagon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Intertech . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Mazak. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Mitutoyo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Okuma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Ricavi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
ROMI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Sandvik. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4ª capa
Sandvik Local. . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Selltis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2ª capa
Stamac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Takamaz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Techmei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Turrettini . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3ª capa
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