MEIO AMBIENTE :: 2011 03 29 BITUCA Bituca de cigarro pode ajudar na recomposição de solo Além de fazer mal à saúde, o consumo do cigarro também pode causar danos ao meio ambiente. Para conter estes estragos, algumas empresas contam com projetos para coleta e reciclagem deste material, transformando-o em um composto utilizado para recuperar solos. Na cidade de Votorantim (SP), há um programa que realiza a coleta e a reciclagem de bitucas de cigarro transformando-as em adubos orgânicos. Feito em parceria com a prefeitura da cidade, o projeto prevê a instalação dos pontos de coleta em lugares estratégicos, como a entrada de bancos, restaurantes e prédios públicos. “A ideia surgiu a partir de um médico que morou em Londres. Lá, ele viu várias caixas para coletar os restos do cigarro para reciclagem, e projetou isso para o Brasil”, conta Marcos Poiato, gerente comercial da empresa Poiato Recicla, que é responsável pela coleta e entrega do material para a companhia que faz a reciclagem. A lei antifumo também serviu de incentivo para o projeto. “Quando a legislação entrou em vigor, as pessoas passaram a fumar na rua, deixando muitas bitucas no chão”, revela Poiato. Outro projeto que também ganhou motivação com a lei foi o da empresa Roadimex Ambiental. A instituição, que atua com soluções voltadas para o meio ambiente, instalou coletores de bitucas no shopping Palladium, em Curitiba (PR), chamado de “Papa Bitucas”. Em três meses de implantação do programa, foram coletados 17 kg de restos de cigarro, o que equivale a aproximadamente 5.600 unidades. Ambas as empresas fizeram uma parceria com a Conspizza, que é a responsável pelo processo de reciclagem do material. “Lá, o material é moído por um silo triturador e também passa por um período de quarentena”, explica Poiato. Segundo Cristiane Baluta, diretora comercial e eco relacionamento com clientes da Roadimex, o resultado deste processo é um composto para hidrossemeadura, técnica que repõe a camada vegetal natural de uma região degradada, ajudando a reconstruir o meio ambiente. “Este composto é super eficiente na contenção de taludes, recomposição de solo, sustentação de terrenos”, afirma Cristiane. www.poiatorecicla.com.br Os riscos para o meio ambiente Conforme dados da Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb), uma ponta de cigarro pode levar de 10 a 20 anos para se decompor. Além disso, segundo explica Poiato, o descarte indevido pode fazer com que elas sejam consumidas por animais ou até mesmo causar entupimento dos bueiros, contribuindo para enchentes. De acordo com informações da Roadimex, além de ajudar na reconstituição dos solos, projetos como este podem auxiliar na despoluição de ruas, solos e rios. O cigarro no Brasil De acordo com Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil é o maior exportador e o segundo maior produtor de fumo do mundo. Para a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), a produção anual de todos os tipos de folhas de fumo foi de aproximadamente 744 mil toneladas na safra 2008/09. www.poiatorecicla.com.br