Organização
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
Gerência da Unidade de Naviraí
Coordenação do Curso de Química
Coordenação do Curso de Tecnologia em Alimentos
Coordenação
Prof. Dr. Alberto Adriano Cavalheiro
Prof. Dr. Ademir dos Anjos
Anais
Comitê Científico
Prof. Dr. Euclésio Simionatto
Prof. Dr. Rogério César de Lara da Silva
Prof. Dr. Sandro Minguzzi
Prof. Ms. Jusinei Meireles Stropa
Profa. Ms. Simone Cândido Ensinas
2 9 de outubro a 1 de novembro de 2014
Naviraí/MS - Brasil
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Estudo das Interações entre o Ligante Bioativo Lapachol e
o Íon Ag(I)
Natali L. Faganello1, Natália A. Cabeza, Tamires D. Oliveira,
Débora F. Brotto, Alice Gonçalves, Estefane I. Teixeira,
Alberto A. Cavalheiro, Ademir dos Anjos2.
GBBTEC/UEMS - Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí
1
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INTRODUÇÃO
As naftoquinonas são amplamente encontradas na natureza, conhecidas por suas
atividades biológicas, destacando entre elas o Lapachol (2-hidroxi-3(3-metil-2-butenil) -1,4naftoquinona), comumente encontrado em plantas da família bignoniácea, como o ipê
(NOGUEIRA, 2008). Este composto a muito tempo vem sendo estudado e é conhecido por
sua ampla gama de propriedades, entre elas as atividades anticancerígena, anti-inflamatória,
analgésica, antibiótica, antimalárica, entre outras (ARAÚJO, 2002). Porém apresenta pouca
utilização devido aos efeitos colaterais em determinadas dosagens. O processo de
complexação pode servir como estratégia para eliminar seus efeitos negativos, além de
proporcionar uma melhora em atividades biológicas (CRUZ, 2010)
Os complexos metálicos têm sido utilizados na medicina tanto no diagnostico quanto
no tratamento de muitas doenças. Estes compostos apresentam aplicações nos tratamentos do
câncer, artrite, inibidores enzimáticos, entre outros (BERGAMINI, 2011). Como exemplo
utilização de complexos de prata no tratamento de infecções antibacterianas.
Visto a importância do ligante natural e as já conhecidas propriedades da prata é
interessante realizar a síntese de um novo complexo. Neste trabalho, propõe-se o isolamento
do lapachol do ipê roxo, e, a partir do mesmo a síntese de um novo complexo metálico com
íons prata(I). Posteriormente, serão realizados os procedimentos de caracterização das
propriedades físico-químicas do complexo obtido através de técnicas espectroscópicas.
MATERIAIS E MÉTODOS
A extração da naftoquinona natural lapachol foi realizada através de 100g de
serragem e adicionada a um béquer contendo diclorometano, que foi levado para aquecimento
durante 30 minutos e agitação constante. O material resultante foi filtrado a vácuo e
evaporado o solvente em um evaporador rotativo. O extrato obtido foi recristalizado em
etanol repetidamente induzindo-se a sua precipitação com água destilada (FÁRFAN, 2012).
Ponto de Fusão foi obtido na unidade de Naviraí, através do aparelho Quimis modelo
Q340M13, com termômetro de temperatura máxima de 310 ºC. Os testes de solubilidade do
complexo e do ligante livre foram realizados usando aproximadamente 1 mg da amostra,
utilizando solventes P.A de diferentes polaridades.
Anais da 4ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - 2014.
Natali L. Faganello, Natália A. Cabeza, Tamires D. Oliveira, Débora F. Brotto, Alice Gonçalves,
Estefane I. Teixeira, Alberto A. Cavalheiro, Ademir dos Anjos. Anais 4JCN (2014) pp. 81-84.
A síntese do complexo [AgI(lap)3] foi realizada em estequiometria 1:1 utilizando
hidróxido de amônia e água como solventes. Em primeira etapa o lapachol (0.121g) foi
solubilizado em NH4OH e o sal de prata (0.0850g) em H2O, em seguida misturados e levados
para aquecimento e agitação constante até a total volatilização da amônia, que foi controlado
até que o pH apresenta-se neutro. Obteve-se um precipitado vermelho escuro que foi seco e
caracterizado (CABEZA, 2014).
Os espectros eletrônicos nas regiões do ultravioleta e visível foram obtidos em um
espectrofotômetro Varian modelo Cary 50, no Laboratório de Pesquisa da Unidade de
Naviraí/UEMS. As análises foram realizadas utilizando-se acetonitrila (HPLC) e celas de
quartzo com capacidade para 4,0 mL com 1 cm de caminho óptico. Os espectros no
infravermelho foram obtidos em um espectrofotômetro FTIR-2000, Perkin Elmer, na região
de 4000 a 450 cm-1. Os percentuais de carbono, hidrogênio e nitrogênio foram obtidos em um
analisador Perkin Elmer - CHN 2400, realizado na Central de Análises analítica do
Departamento de Química - USP.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ponto de fusão medido do lapachol ficou entre 138-140ºC, estando de acordo com a
literatura (139-143 ºC) (Araújo, 2002), o que comprova que o mesmo foi isolado. Já para o
complexo a temperatura atingida foi de 168 ºC demonstrando alterações significativas. Estes
resultados mostram forte indício de que ocorreu a coordenação dos íons metálicos Ag(I) ao
ligante bioativo. O teste de solubilidade do complexo demonstrou uma maior afinidade em
solventes mais apolares, diferentemente do ligante que possui insolubilidade somente água
como apresentado na tabela abaixo (Tabela 1).
Tabela 1. Solubilidades do ligante livre versus complexo.
Solvente
Solubilidade
Lapachol
Complexo
Água
Insolúvel
Insolúvel
Etanol
Solúvel
Insolúvel
Metanol
Solúvel
Insolúvel
Isopropanol
Solúvel
Insolúvel
Acetonitrila
Solúvel
Solúvel
Acetona
Solúvel
Parcialmente solúvel
Dimetilformamida (DMF)
Solúvel
Solúvel
Dimetilsulfóxido (DMSO)
Solúvel
Solúvel
Diclorometano
Solúvel
Parcialmente solúvel
Clorofórmio
Solúvel
Parcialmente Solúvel
Éter Etílico
Solúvel
Insolúvel
Hexano
Solúvel
Insolúvel
O espectro eletrônico no ultravioleta e visível mostrou-se uma ferramenta importante
para caracterização do composto. A análise apresentou espectros visivelmente distintos
(Figura 1), onde se podem observar deslocamentos batocrômicos nas bandas características do
lapachol após a interação com o íon metálico. Outro indicativo da complexação é o
surgimento da banda em 500 nm, que pode ser atribuída à transferência de carga. Assim, o
espectro eletrônico mostra claramente a influência do centro metálico através da coordenação.
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3,5
3,0
Complexo
Ligante livre
2,5
u.a
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
200
300
400
500
600
700
800
λ nm
Figura 1: Espectro eletrônico ligante (vermelho) e complexo (preto).
O principal indicativo para a complexação baseando-se do FT-IR (Figura 2) foi o
desaparecimento da banda em 3352 cm-1 que é atribuída ao grupamento O-H de fenol presente
no lapachol. Além deste forte fator, outros também foram observados, como os deslocamentos
dos grupos carbonilicos para menor número de onda. A análise elementar apresentou um
resultado concordante com a formula molecular C15H13AgO3 MM (349,130 g mol/L), as
porcentagens encontradas foram C (51.60%) H (3.75%) Ag (30.90%) O (13.75%), implicando
que o complexo foi obtido 1:1 com elevado grau de pureza.
300
Complexo
Lapachol
Intensidade (u.a)
250
200
150
100
50
0
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
-1
Número de onda (cm )
Figura 2: Espectro infravermelho ligante (vermelho) e complexo (preto).
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CONCLUSÕES
O isolamento do lapachol do ipê roxo e a síntese de um novo complexo metálico com
íons prata(I) foi demonstrado neste trabalho. De acordo com a análise elementar de CHN e as
espectroscópicas, sugere-se a formação do composto de coordenação lapacholato-Ag(I).
Acredita-se que a coordenação do ligante bioativo lapachol ao centro metálico prata(I) tenha
ocorrido através do oxigênio fenólico, como comprovado pelo desaparecimento da banda
intensa na região de 3352 cm-1 vista pela análise de infravermelho.
AGRADECIMENTOS
CNPQ, FUNDECT, UEMS e GBBTEC.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, E. L.; ALENCAR, J. R. B.; NETO, P. J. R. Lapachol: Segurança e Eficácia na terapêutica.
Revista Brasileira de Farmacognosia, 12, supl. (2002) 57-59.
BERGAMINI, F. R. G.; PAIVA, R. E. Complexos metálicos e suas aplicações em medicina.
SciReports, (2011).
CABEZA, N. A.; OLIVEIRA, T. D.; BROTTO, D. F.; GONÇALVES, A.; CRUZ, N. A.; DOS
ANJOS, A.; CAVALHEIRO, A. A. Síntese e Caracterização Espectroscópica de um Novo Composto
de Coordenação Lapacholato-Prata(I). In: 37a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química,
Natal. Livro de Resumos (2014).
CRUZ, N. A.; DOS ANJOS, A.; MINGUZZI, S.; SIMÕES, V. N.; OLIVEIRA, T. D.; FAVARIN, L.
R. V. Complexo Metálico Como Estratégia Para Potencializar Atividades Biológicas. Anais do 9o.
ENIC. Portal de Publicações Eletrônicas da UEMS, 2 (2011).
FARFÁN, R. A.; ESPÍNDOLA, J. A.; GOMEZ. M. I.; JIMÉNEZ, M. C. L.; MARTÍNEZ, M. A.;
PIRO, O. E.; CASTELLANO, E. E. Structural and Spectroscopic Properties of Two New Isostructural
Complexes of Lapacholate with Cobalt and Copper. International Journal of Inorganic Chemistry,
2012 (2012) ID 973238.
NOGUEIRA, A. J. M.; ALVES, E. S. S.; LIMA, M. E. F.; DOS ANJOS, D. O.; RANGEL, A. L.;
SANTOS, M. A. V.; FERREIRA, A. B. B.; DA COSTA, J. B. N. Estudo da atividade de
naftoquinonas derivadas do lapachol em Trypanosoma cruzi e Leishmania amazonensis. 31ª Reunião
Anual da Sociedade Brasileira de Química. Águas de Lindóia - SP (2008).
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