5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 5/8 1 Sessão Nome Tipo Ordem Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologia e Oral 1 O Antropólogo como curador: as "Exposições Nina Vincent Lannes PPGSA - UFRJ Antropológicas" no Museu do Quai Branly museus: coleções históricas e o papel do antropólogo Resumo: Neste trabalho, apresento as "Exposições Antropológicas", produzidas no Museu do Quai Branly, na França, onde realizei minha pesquisa de mestrado. O museu, inaugurado em 2006 em Paris, é inteiramente dedicado às "artes não ocidentais". Herdeiro das coleções etnográficas francesas, que testemunham o processo de colecionamento e construção da imagem do "Outro" por meio da exibição de artefatos, desenvolvido no período colonial, aponta para uma nova configuração de "museu etnográfico", moderno e popular. O Museu do Quai Branly pretende ser um local de "diálogo entre culturas", mas foi constantemente criticado por uma valorização puramente estética e primitivista dos objetos. Antropólogos se opuseram a esta visão, introduzindo questões como o problema da origem das coleções, a importância da contextualização na exibição, a complicada distinção entre arte e artefato e os direitos de povos autóctones contemporâneos sobre seus objetos e as representações feitas de sua cultura. Hoje, a presença de antropólogos no museu é considerável, na área de pesquisa e ensino e nos eventos científicos. As "Exposições Antropológicas" - três até o momento - "Qu'est ce q'un corps" de André Breton, "Planète Métisse" de Serge Gruzinski e "Fabrique des Images" de Philippe Descola, nos permitem enxergar mais objetivamente o lugar da antropologia na instituição e delinear algumas estratégias estéticas e teóricas desenvolvidas quando um antropólogo se torna o autor/artista deste "objeto de arte" que é uma exposição. Elas se configuram em importantes artefatos da disciplina, abrindo um novo leque de possibilidades de interação com a sociedade ao alcançar um público jamais acessível às publicações acadêmicas. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 5/8 1 Sessão Nome Tipo Ordem Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologia e Oral 2 O Museu Paulista e os primeiros anos da thais chang waldman USP administração Taunay museus: coleções históricas e o papel do antropólogo Resumo: O objetivo deste trabalho é acompanhar o processo de (re) construção, no período da Primeira República (1889-1930), de um imaginário bandeirante que remonta ao século XVIII. Desse modo, ao tratar do bandeirante, tomo-o não como personagem histórico, mas enquanto personagem mítico central de um imaginário regional cuja elaboração é parte integrante da legitimação do regime republicano. Berço dos bandeirantes, São Paulo quer mostrar à nação o seu lugar de proa no cenário nacional. Se o extravasamento das visões de república para o mundo extra-elite, ou as tentativas de operá-lo, dependem, principalmente, de sinais mais universais e de mais fácil leitura do que o discurso, é Afonso Taunay (1876-1958), um dos mais atuantes membros do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, quem apresenta, a partir de 1917, então como diretor do Museu Paulista, um projeto visual para a empreitada iniciada pelo instituto histórico paulista, que será coroada com a comemoração do primeiro Centenário da Independência do Brasil. Atento às nossas reelaborações locais e suas tantas historicidades, este trabalho pretende, portanto, pensar o mito do bandeirante -na sincronia e na diacronia-, assim como seus rebatimentos mais amplos, a partir dos primeiros anos da administração Taunay, quando observa-se uma (re) construção de uma tradição com base na epopeia bandeirante e na suposta vocação desbravadora paulista. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 5/8 1 Sessão Nome Tipo Ordem Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologia e Oral 3 "Cabeças humanas" como "peça" de museu: Flavia Medeiros Santos PPGA/UFF e INCTUma etnografia do "Museu Forense da InEAC museus: coleções históricas e o papel do Morgue Judicial" de Buenos Aires/Argentina antropólogo Resumo: O "Museu Forense Dr. Juan Bautista Bafico", localizado na Morgue Judicial de Buenos Aires, é composto por um total de 29 estantes que expõem sua "coleção" de cabeças humanas; ossadas; trechos de pele tatuados; bebês e fetos; órgãos humanos; corpos carbonizados; três cadáveres inteiros em processo de mumificação; além de diversos instrumentos relacionados a delitos criminais. Entre os meses de setembro a novembro de 2011, durante a realização do mestrado sanduíche, frequentei esse Museu. Naquela ocasião pesquisava, em caráter contrastivo, o lugar social dos mortos e os processos institucionais de construção institucional de cadáveres na cidade de Buenos Aires. Com base nos dados etnográficos construídos, pretendo analisar como o acontecimento morte é produzido como um "acontecimento biográfico" e define indivíduos como mortos, mas também, no âmbito desse museu os constrói como objetos de coleção. Em especial, irei destacar a sessão de cabeças humanas que ocupa cinco estantes do Museu Forense e explorar como as narrativas sobre essas cabeças são apresentadas nas fichas de identificação que as estabelecem como "peças" de museu. Para tanto, irei discutir como a Medicina-Legal passou a utilizar-se de alguns corpos humanos sem vida para a produção de conhecimento científico considerando a guarda e a transmissão de objetos nas e entre as sociedades. Assim, pretendo problematizar como, diante do fim da vida, a Medicina-Legal faz com que alguns corpos sejam guardados e transformados em instrumentos de pesquisa, bem como em objetos de observação. No Museu Forense, as cabeças humanas que se tornaram objetos são apresentadas sob uma narrativa específica que se refere a sua história como humanos, mas, principalmente, ao acontecimento morte que os transformou em objetos de museu. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº Sessão Nome Tipo Ordem 5/8 1 Antropologia e museus: coleções históricas e o papel do antropólogo Oral 4 Título Ex Votos: Uma ressignificação no Museu do Homem do Nordeste. Autor/Instituição Co-autores Pollynne Ferreria de Santana Sylvana Maria Brandão de Aguiar Instituição Universidade Federal de Pernambuco Resumo: RESUMO: Esta pesquisa, de iniciação científica, inserida nos projetos Ex votos, cultura, memórias e Patrimônio e "Santuários Pernambucanos" do CNPq/UFPE, investiga as práticas expositivas dos ex-votos de diversas taxonomias que compõe coleções de vários museus contemporâneos em Pernambuco. Cabe destacar que esta é uma abordagem que tem como eixo central a compreensão de práticas e estratégias museológicas e investiga a presença de ex votos em sua multivocalidade, segundo Becker. Para sua tipografia e simbologia são analisadas as informações oferecidas pelos "agentes do sagrado", no dizer de Bourdieu, constituídos pelos administradores, visitantes e turistas. Neste caso a pesquisa refere-se ao Museu do Homem do Nordeste (MHNE), localizado em Recife, PE e procura identificar a presença de ex-votos, introduzidos na instituição museal como expressão cultural, e não mais em seu contexto religioso. Neste cenário, é fundamental entender o porquê de objetos sacralizados se tornarem parte de acervos museológicos, o que significa questionar sobre os sentidos e os lugares dos objetos nos Museus. Do ponto de vista teórico são basilares as contribuições de Becker, Brandão, Choay, Geertz, Bourdieu e Scheiner. Ainda em andamento, regista-se como resultado a relevância do tema para a instituição, identificada pelo espaço reservado para exposição desta prática religiosa, além da quantidade e diversificação de ex-votos em exposição e em sua reserva técnica, que nos permitem uma imensa apreensão de multiplicidades de ressignificações de objetos museológicos de acervos específicos. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 5/8 1 Sessão Nome Tipo Ordem Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologia e Oral 5 Algumas experiências de museologia Felipe Evangelista Instituto Brasileiro comunitária no Brasil e a tentativa de de Museus museus: coleções históricas e o papel do construção de políticas públicas para a antropólogo memória Resumo: Há pelos menos 40 anos, desde a mesa de Santiago do Chile em 1972, que muitos museus se dedicam a repensar suas práticas e sua inserção na sociedade em que integram. A recusa à lógica de instituições ensimesmadas levou a uma crítica construtiva e propositiva. Hoje temos condições de avaliar os frutos e os novos rumos dessa transformação a partir do acúmulo de projetos participativos, mecanismos de consulta pública, movimentos de abertura das instituições, cada vez mais sensíveis aos anseios e demandas das comunidades que visam atender. Partindo do entendimento de que a memória deve ser tratada como um direito, não basta ampliar o acesso a narrativas já constituídas, é preciso democratizar a própria capacidade de construir narrativas, o que pode perfeitamente ser feito a partir dos acervos existentes, nos museus considerados tradicionais, bem como pode e deve gerar novas práticas na política de constituição de acervos, em novos formatos expositivos, e novos tipos de museus. O trabalho apresentará um panorama de diversas experiências de museologia social em curso no Brasil, buscando refletir, a partir do conjunto das experiências, sobre os rumos futuros na consolidação de políticas públicas para a memória, especialmente no âmbito do Programa Pontos de Memória, onde o autor atualmente trabalha. Um diálogo mais próximo com a academia sobre a situação dos museus de favela, museus indígenas, de cultura negra, de memória LGBT, entre outros - em suma, "museus da diversidade" autogestionados pelos guardiães das memórias em questão - sobre como consolidar ações ainda incipientes é essencial não apenas para fins teóricos, mas também e especialmente, para fins políticos. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 5/8 1 Sessão Nome Tipo Ordem Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologia e Oral 6 O desejo de guardar: o processo de Renata Freitas Machado Universidade constituição de um museu comunitário na Federal da Bahia museus: coleções históricas e o papel do Vila de Matarandiba antropólogo Resumo: O desejo de guardar: o processo de constituição de um museu comunitário na Vila de Matarandiba é parte da pesquisa de mestrado iniciada em 2011 no Programa de Pós Graduação em Antropologia da Universidade Federal da Bahia. Matarandiba é uma vila de pescadores e marisqueiras localizada na Ilha de Itaparica e pertencente ao Município de Vera Cruz. Atualmente vivem na vila aproximadamente 600 pessoas. Apesar da pesca e à mariscagem se apresentarem como as principais atividades econômicas, um número razoável de pessoas vive da aposentadoria, pensões e benefícios do governo, além de uma grande parcela de jovens ociosos. A vila tem sofrido muito com o desemprego, falta de investimentos educacionais, de assistência a saúde, além de deficiências no plano social, político e econômico. Apesar dessas deficiências, a vila tem passado nós últimos anos por um processo de fortalecimento da identidade local, resgate das manifestações culturais e valorização do patrimônio imaterial. O resultado desse processo é a constituição de um museu comunitário que é tema desse trabalho. A proposta do estudo é de realizar uma etnografia do processo de constituição deste museu. Dentro dessa perspectiva, cabe entender as motivações que levaram os moradores a se mobilizarem para reconstruir e perenizar a memória coletiva do local através da constituição de um memorial e como esta iniciativa vem se concretizando. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 5/8 1 Sessão Nome Tipo Ordem Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologia e Oral 7 As Grandes Caixas da Exposição Medicine Rafaella Tamm Universidade de Man: a Arte e a Ciência na Coleção do Sir Coimbra museus: coleções históricas e o papel do Henry Wellcome antropólogo Resumo: O estudo exploratório das cinco grandes caixas de vidro que fazem parte da exposição permanente 'Medicine Man', esta que integra a Wellcome Collection na cidade de Londres, Inglaterra, foi o foco da pesquisa de minha dissertação de Mestrado. O acervo desta exposição é resultado da reunião de objetos que fizeram parte da coleção do Sir Henry Wellcome, que foi filantropo, farmacêutico e empresário, e reúne peças relacionadas à medicina, saúde e corpo humano em diferentes culturas. Por meio do trabalho de campo etnográfico de três meses, investiguei a organização específica das cinco caixas, através das conexões entre os objetos, narrativas propostas, a biografia de Wellcome, trabalho da Instituição diante da parcialidade de sua coleção e o posicionamento da Wellcome Collection em relação ao mundo da arte e da ciência. É dentro de um casamento entre o belo e grotesco, curioso e comum, arte e ciência que Wellcome elegeu em sua busca intensa os itens que detinham essas características em comum e que poderiam ilustrar o desenvolvimento médico da história do homem. Ele tornou-se um dos maiores colecionadores do mundo, adquirindo objetos de variadas formas, chegando a reunir mais de um milhão de objetos e possuir um acervo cinco vezes maior que o do Museu do Louvre. Um de meus objetivos é tentar aproximar o leitor da exposição e fazer com que ele possa sentir familiar sem nunca tê-la visitado. Para que esse efeito seja obtido eu me apoio em duas ferramentas: a descrição detalhada do prédio, da sala e dos objetos que fazem parte das cinco caixas de vidro e a utilização de recursos visuais. Para o desenvolvimento do texto busquei nos campos da Museologia, Teoria Antropológica, História, Cultura Material, coleções e colecionadores a teoria para estruturar e fundamentar a pesquisa. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 5/8 1 Sessão Nome Tipo Ordem Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologia e Poster 8 Museus indígenas: cultura e afirmação étnica. Thaynara Martins Freitas Universidade Federal da Paraíba museus: coleções históricas e o papel do antropólogo Resumo: A pesquisa proposta nesse resumo tem por objeto os estudos realizados a cerca dos museus de gestão indígenas. Especificamente, pretende analisar a memória material e imaterial das etnias, além de entender a importância dos mesmos para o grupo indígena e para a afirmação da sua identidade. Esta pesquisa tem a importância de investigar um fato relativamente recente no cenário indígena nacional, que seria organização de museus geridos pelos índios. Com intuito de entendê-los como parte da cultura indígena e qual a sua relevância para a afirmação étnica. Vale acrescentar que, existem poucos trabalhos dedicados ao tema de museus indígenas no Brasil. Com o crescimento e destaque do movimento indígena, se faz importante estudar todo elemento que surja e que nos ajude a ter mais conhecimento e compreender a questão indígena no país. O trabalho aqui proposto tem uma abordagem teórica, pois se trata de um exercício inicial que visa elaborar a dissertação de mestrado em Antropologia/UFPB com o tema Museu Indígena Jenipapo-Kanindé: cultura e afirmação étnica. Pretende-se analisar e discutir os seguintes trabalhos: Museus e memória indígena no Ceará: a emergência étnica entre lembranças e esquecimentos, de autoria João Paulo Vieira e Alexandre Oliveira Gomes. Com base nesse artigo, foi elaborado o livro, Museus e memórias indígenas no Ceará: Uma proposta em construção, de mesma autoria. Será analisado também o trabalho sobre o Museu Maguta de João Pacheco de Oliveira, o Patrimônio Maguta: artefatos como meios de comunicação entre diferentes contextos sócio-culturais, de Priscila Faulhaber, O Museu dos povos indígenas do Oiapoque, de Esther de Castro e Lux Boelitz Vidal e A descoberta dos museus pelos índios, de José Ribamar Bessa de Freire. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 6/8 2 Sessão Nome Tipo Ordem Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Coleções etnográficas Oral 1 Coleções Etnográficas Missionárias: um Aramis Luis Silva Cebrap e colecionismo interessante problema antropológico Resumo: Praticamente ignorados pela literatura antropológica, museus etnológicos criados e mantidos por missionários católicos em várias partes do globo se prestam como interessantes objetos de pesquisa. Além de depositários de inúmeras coleções etnográficas, boa parte a espera de inquéritos inéditos, tais núcleos museológicos são eixos institucionais nos quais foram e ainda são trançadas distintas gramáticas tidas como inconciliáveis: a religiosa e a científica. Em outro plano, transformados por esses religiosos em mídias para veicular em cena pública modelos de relacionamentos com as ditas populações não ocidentais, esses museus se prestam como interessantes documentos discursivos nos quais "religião" e "ciência" tornam-se peças argumentativas a organizar "políticas culturais" católicas em constante reconfiguração histórica. Para exemplificar essa forma de enquadrar os ditos museus, colocaremos em foco coleções etnográficas constituídas pelos padres da Congregação São Francisco de Sales em mais de um século de ação missionária em território brasileiro entre os índios Bororo, especialmente aqueles relacionados à Terra Indígena de Meruri, Mato Grosso. Ao produzir um mapa histórico, geográfico e conceitual a partir da análise dos variados contextos de coleta e exposição de peças referentes à dita cultura material dos Bororo, descobrimos na observação da trajetória dessas coleções uma boa estratégia para identificar as sucessivas transformações das configurações relacionais entre os agentes associados a esses objetos. "Coisas" cujas permanências dos seus sentidos estão sempre sob o risco de reinvenções e traduções advindas das recombinações das redes de relações que lhes garantem o trânsito histórico pelo tempo e espaço. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 6/8 2 Sessão Nome Coleções etnográficas e colecionismo Tipo Ordem Oral 2 Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Coleções etnográficas europeias - memórias e Adriana Russi Regina Abreu UFF/UNIRIO diálogo a partir de artefatos dos ameríndios Kaxuyana Resumo: Abrigadas em museus europeus a pouco mais de cinquenta anos as coleções etnográficas com artefatos dos Kaxuyana, povo indígena guianense, somam cerca de 500 objetos entre adornos, plumária, cestaria, artefatos de caça e pesca, armas, cerâmica e outros. Estes objetos integram coleções de importantes museus como: Nationalmuseet (Copenhagen/Dinamarca), Kulturistorik Museum (Oslo/Noruega), British Museum (Londres/Inglaterra), Museum für Völkerkunde Hamburg (Hamburgo/Alemanha) além de uma pequena coleção no Moesgaard (Aarhus/Dinamarca). Coletados entre o início dos anos de 1940 e o final dos anos de 1950 são reveladores de outros tempos. Muitos destes objetos guardam inúmeras memórias do cotidiano e dos momentos de rituais e festas dos Kaxuyana da primeira metade do século XX. Apesar disso, a respeito destas coleções pouco se sabe - na literatura constam alguns poucos artigos publicados em alemão no princípio dos anos de 1960 e um comentário num verbete sobre os Kaxuyana publicado no Brasil nos anos de 1980. Os Kaxuyana, ameríndios do grupo Karib que vivem na região do Baixo Amazonas (Brasil) e que somam hoje cerca de 350 individuos, tem entre suas práticas contemporâneas a produção de alguns destes artefatos. Esta comunicação aborda uma experiência ainda em fase inicial de pesquisa sobre tais coleções etnográficas e de aproximação e diálogo entre os Kaxuyana da aldeia Warahatxa Yowkuru e estes acervos. As lembranças suscitadas entre os Kaxuyana pela análise das imagens de vários destes artefatos tem possibilitado um interessante exercício de trocas de saberes em que participam os Kaxuyana, pesquisadores e curadores destes museus. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 6/8 2 Sessão Nome Coleções etnográficas e colecionismo Tipo Ordem Oral 3 Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologias, cultura material e Christiano Key Tambascia Universidade Estadual de representações: aproximações entre colecionismo e campo acadêmico em Campinas contextos distintos Resumo: As relações entre a disciplina antropológica e as instituições museológicas que lhe serviram de base na primeira metade do século passado têm sido reavaliadas recentemente. Parte dos novos debates acerca da história da formação de acervos etnográficos (e sua importância na formação de antropólogos), bem como sobre seus impasses atuais, ocorre sob a luz da revisão, nas últimas décadas, dos contextos em que o conhecimento foi e é produzido. Desta forma, o objetivo desta comunicação procura integrar ambas as perspectivas, ao tomar o trabalho "colecionista" de um antropólogo, de outra forma exaustivamente laureado na história da disciplina no Brasil, Curt Nimeundaju, para discutir as narrativas sobre o lugar de sua obra e sua trajetória na história da antropologia no Brasil. Isto será possibilitado pela comparação com o trabalho de outro antropólogo que se notabilizou por formar coleções etnográficas durante sua pesquisa de campo, William Fagg. Entretanto, o último é reconhecido como um especialista no estudo da cultura material (diria Fagg, "arte primitiva"), asseverando um espaço ao seu fazer colecionista, no interior de sua obra, cuja análise revela disposições distintas sobre a constituição da relação entre antropologia e museus, em contraste com o caso de Nimuendaju. Pretende-se, assim, aliar uma perspectiva histórica de dois exemplos de profissionais que pensavam teoria etnológica e estudo de cultura material, com uma discussão sobre os desenvolvimentos da intersecção destes campos em dois contextos paradigmáticos para o tema. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 6/8 2 Sessão Nome Coleções etnográficas e colecionismo Tipo Ordem Oral 4 Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Nimuendajú em Berlim: sobre a história de Peter Schröder UFPE uma coleção etnográfica no Museu Etnológico de Dahlem Resumo: Esta comunicação é sobre a história de uma coleção de objetos etnográficos dos Canela-Ramkokamekrã no Museu Etnológico em Berlim-Dahlem. Coleções com objetos dos Canela existem em diversos museus, porém neste caso a peculiaridade tem a ver tanto com o colecionador quanto com as condições em que ela foi organizada. Por muito tempo não havia certeza sobre os locais na Europa onde as coleções organizadas pelo etnológo brasileiro de origem alemã Curt Nimuendajú (1883-1945) se encontram depositadas. Com relação à Alemanha, todas as coleções podiam ser localizadas por pesquisas do autor desta comunicação, realizadas na Alemanha, de 2010 a 2012. A existência da coleção em Berlim foi confirmada em 2010. Nos arquivos do museu foram encontradas cartas de Nimuendajú para Walter Krickeberg (1885-1962), de 1935, nas quais ele não só ofereceu uma coleção de 225 objetos dos Ramkokamekrã, mas também descreveu as condições, bastante aventureiras (com tiro-teios, ameaças de morte, etc.), da pesquisa de campo parcialmente financiada pelo museu. Os catálogos de registro do museu especificam 228 objetos, no total, dos quais, no entanto, foi localizada apenas uma parte nos armários do depósito. Nas cartas aparecem diversas facetas do estilo de campo de Nimuendajú: uma mistura entre interesses etnológicos, compromissos de colecionador assumidos com relação às instituições financiadoras de suas pesquisas e uma postura indigenista em defesa dos direitos indígenas. A documentação permite relativizar uma série de pressupostos contemporâneos sobre as práticas colecionistas da época, obrigando a lançar olhares mais atentos para as personalidades dos colecionadores. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 6/8 2 Sessão Nome Coleções etnográficas e colecionismo Tipo Ordem Oral 5 Título Museu Câmara Cascudo/UFRN(Grupo Paraupaba):valorização da memória, contemporaneidade e diversidade étnicocultural das comunidades indígenas no Rio Grande do Norte. Autor/Instituição Jussara Galhardo Aguirres Guerra Co-autores Maria Gorete Nunes Pereira Instituição Museu Câmara Cascudo-UFRN Resumo: Área temática: Museu; Cultura; identidade e diversidade. Palavras-chaves: Indígenas no RN - Museu- Memória - Identidade No Rio Grande do Norte a questão da identidade étnica indígena e de sua autoafirmação é algo bem recente, sobretudo no espaço museológico. Isso porque historicamente os povos indígenas sofreram grandes perdas tanto físicas, quanto em suas instituições culturais e simbólicas ao longo dos séculos de contato, tendo o reforço dos registros oficiais que difundiram a ideia do "desaparecimento" e do "extermínio" dos índios no Estado (CASCUDO,[1955];1995;LYRA,1998). Atualmente a presença indígena no Estado do Rio Grande do Norte por meio dos próprios atores sociais - os indígenas - esclarece sobre essa história pouco conhecida, apontando para realidades ignotas e silenciadas pelos discursos autorizados. Daí a importância de se tornar conhecido o processo de reelaboração e reafirmação de identidades étnicas vivida pelas populações indígenas contemporâneas. A partir dessa preocupação foi formado no ano de 2005 o Grupo Paraupaba de Estudos da Questão Indígena no RN com sede no Museu Câmara Cascudo/UFRN para desenvolver pesquisas, trabalhos de campo e projetos de extensão universitária nas localidades onde se estabelecem cinco grupos indígenas no estado. As mudanças na forma como os museus se relacionam com a sociedade têm levado estudiosos e pesquisadores a uma maior responsabilidade para com as comunidades a que servem. Algumas das experiências atuais implicam a participação das comunidades de variadas formas e em diferentes níveis que alcançam tanto os espaços museológicos como as demais instâncias públicas. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 6/8 2 Sessão Nome Coleções etnográficas e colecionismo Tipo Ordem Título Autor/Instituição Oral 6 Três exposicões com fotografias do acervo da Colecão Etnografica Carlos Estevão de Oliveira: Espaços de Memórias e Identidade Nilvania Mirelly Amorim de Barros Co-autores Instituição Renato Monteiro Universidade Athias Federal de Wilke Torres de Pernambuco Melo Resumo: Esta apresentacão procura debater a relação entre a pesquisa antropológica, as colecões etnográficas e os museus a partir de três exposições fotográficas realizadas no ano de 2012, com fotografias da Coleção Etnográfica Carlos Estevão de Oliveira do acervo do Museu do Estado de Pernambuco. Trata-se de problematizar este campo de atuação da antropologia em meio aos diferentes espaços e provocações das memórias acionadas em decorrência da visualização das fotografias da primeira metade do século passado, sobre os índios Fulni-ô, os RamkokamekráCanela, e os índios do Rio Negro; exposta em três diferentes espaços e momentos num processo de diálogo e cooperação com os grupos indígenas retratados. As duas primeiras exposições foram realizadas nas próprias aldeias indígenas, enquanto a terceira por ocasião da 28a. RBA. Ao descrevermos os diferentes envolvimentos e processos para a elaboração e montagem de cada exposição, realizamos uma análise sobre esses espaços ocupados dentro da dinâmica entre memória e esquecimento revelada no olhar e diálogo construído a partir de cada conjunto fotoetnográfico. Conclui-se observando que o espaço museal é uma construção cultural, estando a construção da memória patrimonial deste sujeita a uma série de representações, as quais variam de acordo com fatores políticos, históricos e sociais. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 6/8 2 Sessão Nome Coleções etnográficas e colecionismo Tipo Ordem Poster 7 Título Autor/Instituição Co-autores Instituição Antropologia no museu: a trajetória e os Juliana Gonçalves da Silva Universidade atuais projetos no Museu Théo Brandão de Federal de Antropologia e Folclore. Pernambuco Resumo: Atualmente a antropologia segue em direção a diferentes campos. O diálogo existente entre a ciência antropológica e os museus é algo que expande a reflexão sobre a diversidade do "campo", seus diferentes olhares e a possibilidade do intercâmbio de ideias. O museu abre suas portas e nele encontramos além de um fragmento de nossa história, um reflexo contemporâneo de nossa sociedade. O Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore - MTB, localizado em Maceió-AL, é um desses acervos que mantém um diálogo constante com a sociedade que o cerca e com os debates antropológicos. Através dos seus projetos de extensão, pesquisa e ensino, pode-se perceber como a antropologia é vivenciada e debatida. Criado para ser um museu de guarda das manifestações folclóricas, atualmente o MTB apresenta as mais diversas formas de fazer arte e história, de grupos de manifestações artísticas tradicionais e de grupos indígenas localizados no Estado. No seu quadro de colaboradores fazem parte antropólogos da Universidade Federal de Alagoas e discentes das graduações de Ciências Sociais e História. Assim, através do Museu Théo Brandão, analisaremos a sua história enquanto acervo fotográfico, sonoro e documental e seus atuais projetos de extensão e ensino antropológico dentro do Estado de Alagoas e sua contribuição a nível nacional. 5. Grupo de Trabalho: Antropologia e museus, antropologia nos museus: relações antigas, novos caminhos. Coordenadores: Peter Schröder Julie Cavignac Debatedores: Antonio Motta, Adriana Russi, UFPE UFRN UFPE UFF Data Sessão Nº 6/8 2 Sessão Nome Coleções etnográficas e colecionismo Tipo Ordem Poster 8 Título Redescobrindo o acervo fotográfico do Museu Théo Brandão Autor/Instituição Eliane Monteiro Carneiro Co-autores Kelliane Maria da Silva Instituição Universidade Federal de Alagoas Resumo: Este trabalho pretende apresentar as ações desenvolvidas no acervo fotográfico do Museu Théo Brandão no âmbito do programa "Folguedos populares em Alagoas: recuperação, disponibilização e pesquisa no acervo sonoro, fotográfico e documental do Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore", no ano de 2012. O Museu Théo Brandão tem um acervo com mais de 3.400 fotografias, como negativos, slides, mas na sua maioria são fotografias em papel, sendo em cor e também em gelatina prata. As imagens se encontravam em mau estado de conservação pela falta de acondicionamento apropriado e também pela localização geográfica do museu, que se encontra a beira mar, desfavorecendo assim a conservação de todo o acervo, que sofre com os efeitos da maresia. Ao entrar em contato com o acervo a equipe se viu diante de materiais fotográficos em avançado estado de deterioração com problemas como, sujidades, manchas, espelhamento de prata, amarelecimento, inscrições a tinta, delaminação, dentre outros. Para a realização deste trabalho, foram realizados grupos de estudos com base na leitura de textos diversos no campo do folclore, da fotografia, da conservação fotográfica, e da pesquisa com imagens fotográficas. As leituras foram essenciais para o desenvolvimento prático da pesquisa, servindo como alicerce para um conhecimento mais profundo sobre o material fotográfico do Museu Théo Brandão. Durante os anos de 2011 e 2012, realizamos a higienização mecânica de grande parte do acervo, com o uso de materiais como bulbo soprador, pincel macio, lenço não abrasivo e pó de borracha. Para cada fotografia, ou conjunto de fotografias com características semelhantes, foi preenchida uma ficha de diagnóstico do estado de conservação das imagens.