Estudo das propriedades elásticas de plaquetas humanas por meio do microscópio de força atômica L. M. Rebelo, E. F. Costa, M. R. Oliveira, J. A. K. Freire Laboratório de Microscopia Atômica, Departamento de Física, Universidade Federal do Ceará, Caixa Postal l 6030, Campus do Pici, Fortaleza, Ceará, 60455-970, Brasil. e-mail: [email protected] M. P. M. A. Baroni, R. R. Rosa Laboratório Associado de Computação e Matemática Aplicada, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, São Paulo, 12227-010, Brasil. e-mail: [email protected] RESUMO A membrana citoplasmática é uma camada fina e complexamente estruturada. Ela é constituída de fosfolípidios e estruturas protéicas que mantém ideal o potencial eléctrico entre o interior e o exterior celular, bem como, o transporte de “moléculas” nas duas direções, ou seja, para dentro e fora da célula. Muitas vezes, esta membrana contém proteínas receptoras de moléculas específicas que servem para regular o comportamento da célula e, nos organismos multicelulares, sua organização em tecidos [1]. Compreender as propriedades físicas da membrana celular torna-se fundamental, uma vez que é por meio dela que as células realizam seus processos bioquímicos, resultando na realização de suas funções no organismo. Devido à fragilidade dessa estrutura, que possui aproximadamente 10nm de espessura, muitas técnicas de indentação para obtenção de medidas de elasticidade e viscoelasticidade não se mostram eficazes. O instrumento utilizado para indentar deve não apenas penetrar na amostra somente alguns nanômetros, como também realizá-lo de uma maneira que seja posteriormente reprodutível. Isto requer um controle de carga extremamente rigoroso durante o processo de indentação. O Microscopio de Força Atômica (AFM) é um instrumento viável para a realização desse tipo de processo, pois conhecendo a constante de mola do cantilever e a direção do movimento que a cerâmica piezelétrica realiza ao deslocar a amostra, temos o controle e o valor carga aplicada [2]. Através das curvas de força obtidas por meio das medidas AFM, podemos extrair grandezas físicas tais como elasticidade, adesão e viscosidade. Porém, essas curvas de força não podem ser comparadas com nenhum gráfico de potencial de mesma natureza, já que nelas estão presentes alguns fatores vinculados ao próprio equipamento, como por exemplo, a deflexão do cantilever devido às forças intermoleculares entre a sonda e as moléculas da superfície indentada, bem como características ligadas ao tipo de rigidez da amostra (que pode ser pouco ou muito indentável). Um método simples para descrever a resposta elástica de uma amostra indentada com uma sonda AFM é o modelo de Hertz [3]. Este prediz que no caso de uma sonda bastante dura e uma amostra macia (como as membranas celulares), a relação encontrada entre a indentação e a força aplicada na amostra é dada por: F =δ2 π E tan(α ) 2 (1 −ν 2 ) onde F é a força aplicada sobre a amostra, E é o módulo de elasticidade ou módulo de Young, ν é o raio de Poisson, α é o ângulo de abertura da sonda e δ é a indentação. Neste trabalho, comparamos a curva teórica prevista pelo modelo de Hertz, com aquela obtida experimentalmente através do AFM durante o processo de identação da membrana de plaquetas humanas sadias ativadas. Através da análise destas curvas, pode ser possível determinar localmente as propriedades elásticas da amostra. Referências [1] Dogonadze, R.R. e Z.D. Urushadze, Investigation of the Electrochemical Processes on the Border of Division ElectroliteBiological Membrane, Dep. VINITI (No 363371), Moscovo, 1971, 20 pp. (em russo). [2] Funcionamento de um microscópio de força atômica, DCP/Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas/MCT, http://www.cbpf.br/~nanos/ Apostila/index.html [3] Hertz, H. 1881. Uber den Kontakt elastischer Korper. J. Reine Angew. Mathematik. 92:156.