DINÂMICA ESCALAR Setor 1202 O TRABALHO EM FUNÇÃO DA FORÇA – aula 11 Prof. Calil A Dinâmica Escalar estuda as relações entre movimentos e suas causas. Enquanto a Cinemática se preocupa em determinar a posição, velocidade ou a aceleração de um corpo durante seu movimento, a Dinâmica estuda quem ou o que faz o corpo entrar e modificar seu estado de movimentação. Para um corpo variar o valor da sua velocidade, sobre ele atua uma Força (F), acarretando uma variação na quantidade total da sua energia (E). Esta ação que ocasiona a alteração do valor da velocidade do corpo, recebe o nome de Trabalho = ζ. Normalmente a noção do trabalho está associada a execução de uma tarefa por uma pessoa ou animal. No entanto, tal associação não é correta. Na realidade, quando uma pessoa ou um animal executa uma ação no sentido de alterar o valor da velocidade de um corpo, eles estarão consumindo uma parcela da sua própria energia.Esse consumo de energia por sua vez, está associado a uma força, e é esta força que efetivamente realiza a ação. Portanto: Quem realiza o trabalho é a força. Uma variação na quantidade de energia de um corpo, mantém a ação da força. Se esta força mudar o valor da velocidade do corpo sobre qual atua, então ela realizará um trabalho. São três conceitos básicos: a) Quem realiza o trabalho é a força = F. b) Transforma-se energia para criar e manter a força. c) A força só realiza um trabalho se aumentar ou diminuir o valor da velocidade do corpo sobre o qual atua. Portanto, uma força realiza trabalho quando acelera ou retarda o movimento do corpo. Podemos concluir que a força centrípeta realiza trabalho nulo, pois ela não muda o valor da velocidade. Só muda a direção e sentido do vetor velocidade, obrigando o corpo a realizar uma trajetória curvilínea em relação a um determinado referencial. Associa-se e muda ∆E F E mudando o valor da velocidade realiza realiza ζ Podemos calcular o valor do trabalho ζ de duas maneiras: Usando a força que o realiza, ou calculando-se a energia consumida na sua realização. Vamos primeiro mostrar como se calcula o trabalho em função da força. Depois mostraremos como calcular o trabalho pelo consumo da energia. E finalmente vamos mostrar que uma maneira ou de outra, os resultados são iguais. CÁLCULO DO TRABALHO EM FUNÇÃO DA FORÇA A) Em primeiro lugar calcula-se qual o valor da força aplicada no corpo, e que realmente será utilizado para realizar o trabalho desejado. Esse valor, que é o valor útil da força aplicada, denomina-se “projeção da força na direção FY F do movimento” sendo representado por F X . Seja o corpo da figura, no qual se aplica a força F α FX formando um ângulo α com a direção do movimento. A ação desta força fica dividida em duas parcelas, sendo que uma delas, a FY, tem por finalidade levantar verticalmente o corpo, o que não é o que se deseja. A outra parcela, que é FX , e que está na direção do movimento, é a que vai realizar a ação desejada, que é deslocar horizontalmente o corpo. Esta parcela, que realmente realiza o trabalho de movimentar o corpo, é a parcela útil da força total empregada e seu valor pode ser calculado em função do cosseno do ângulo α: cos α = FX / F FX = F.cosα Seja por exemplo, cosseno de α igual a 0,4. Então FX = 0,4 de F; se cosseno de α for 0,5 então FX = 0,5 de F; se cosseno de α for 0,8 então FX = 0,8 de F. Portanto, podemos tirar a seguinte regra prática: Para se calcular a parcela útil FX da força F aplicada, e que realmente realiza o trabalho desejado, basta lembrar que o valor do cosseno α corresponde ao porcentual de aproveitamento da força F aplicada. Assim se cosseno α for igual a 0,4, então FX é 40% de F . Se cosseno de α for 0,5, então FX é 50% da força aplicada. B) TRABALHO DA FORÇA CONSTANTE Se a força F aplicada não muda de intensidade, de direção e de sentido , sua parcela útil FX é constante. O trabalho da força aplica F vai depender de dois fatores: - De quem realmente realiza o trabalho, que é FX. - Da dimensão do movimento realizado, ou seja, do deslocamento ∆S. Se o trabalho depende destes dois fatores, então ele pode ser calculado por: ζ=F X . ∆S (A unidade do trabalho é o joule (J) = newton x metro.) Um joule é o valor do trabalho realizado por uma força F, cuja parcela útil FX, que está na direção do movimento, tem valor de 1 Newton e foi capaz de deslocar o corpo 1 metro: 1J = 1N.1m C) TRABALHO DE UMA FORÇA VARIÁVEL Se a força F aplicada no corpo variar em FX intensidade, direção ou sentido, seu trabalho não pode ser Área = trabalho fx calculad por ζ = FX.ΔS pois o valor de FX varia durante o movimento. Calculamos o trabalho aplicando a propriedade do gráfico da projeção da força que é FX, em função do S0 S ΔS deslocamento ΔS. Para facilitar a demonstração, consideramos o gráfico de uma força constante. A propriedade que obtemos neste gráfico,será válida para qualquer gráfico de FX = f(∆S). No gráfico da figura, a área é um retângulo, sendo a base pela altura, ou seja: Área = (S – S0). FX = ∆S.FX . Porém ∆S. FX = ζ e resulta: A área no gráfico de FX em função do deslocamento ∆S, é numericamente igual ao trabalho da força F aplicada no corpo. ATENÇÃO: no eixo Y não se marca o valor da força aplicada, mas o valor da sua parcela útil = FX D) O SINAL DO TRABALHO Trabalho é uma grandeza escalar, que fica bem definida pelo valor acompanhado da unidade. Sendo assim, o trabalho pode ser positivo, negativo ou nulo. 1ª situação: Se a força aplicada no corpo tem o mesmo sentido F ζF,F’: + do movimento do corpo, ela aumenta o valor da velocidade do corpo ( acelera),realizando um TRABALHO POSITIVO, dito MOTOR 2ª situação: Se a força aplicada ao corpo tem sentido contrário ao movimento do corpo, ela diminui o valor da velocidade do corpo ( retarda )realizando um TRABALHO NEGATIVO, dito RESISTENTE. 3ª situação: Se a força aplicada ao corpo tem a direção perpendicular ao movimento, ela não aumenta nem diminui o valor da velocidade do corpo.Então, não vai realizar trabalho, pois a força só realiza trabalho se mudar o valor da velocidade do corpo no qual atua. Seu TRABALHO É NULO. F’ F ζF,F’ : F’ F ζ nulo F’ E) O TRABALHO DA RESULTANTE DAS FORÇAS Quando várias forças atuam simultaneamente num corpo, o trabalho da resultante destas forças é igual a soma algébrica dos trabalhos realizados por cada uma das forças componentes. F3 F1 F2 R ζR = ζF1 + ζF2 + (- ζF3) F) OBSERVAÇÃO FINAL: Se a força que age no corpo tem intensidade variável como as forças elástica e elétrica, podemos calcular o valor médio da força entre dois instantes e calcular o trabalho pela expressão: ζ = Fmédia . ΔS, sendo ΔS o deslocamento entre os instantes considerados. Exemplo: Seja uma força que obedece a expressão F = K.ΔX ( força elástica) e tem direção paralela ao deslocamento do corpo. Para t i =0 s, X i = 0,3 m e para t f = 2 s, X f = 0,1 m. Assim o │ΔX│ no intervalo de tempo considerado será:│ ΔX│ = 0,2 m. Considerando-se que K seja constante, valendo 10 N/m, podemos montar a seguinte regra de três: 1m 10 N 1m 10 N Então o valor da força média será Fi = 1 N F f = 3N ( F i + F f ) ÷ 2 → (1 + 3) ÷ 2 → X i = 0,1 m Fi X F = 0,3m F f e F média = 2 N O trabalho desta força no intervalo considerado pode ser calculado como se ela fosse uma força de valor constante igual ao seu valor médio: ζ = fx. │ΔX│ = 2 . 0,2 → ζ = 0,4 J