Boletim Econômico
Federação Nacional dos Portuários
Agosto de 2014
Sumário
Indicadores de desenvolvimento brasileiro .................................................................................................... 2
Emprego ...................................................................................................................................................... 2
Reajuste dos salários e do salário mínimo .................................................................................................. 3
Desigualdade Social – índice de Gini ........................................................................................................... 4
População na Extrema Pobreza ................................................................................................................... 5
Indicadores de desenvolvimento brasileiro
O crescimento com inclusão social e a ênfase em políticas públicas para uma melhor distribuição
da renda não são meros fortuitos da política econômica. Nos últimos anos o Brasil vêm implementando
diretrizes que visam o fortalecimento do mercado interno, a geração de emprego, a valorização real do
salário mínimo e a queda gradativa nas taxas de pobreza e extrema pobreza.
Neste boletim são apresentados alguns dados dos últimos dez/doze anos, que se bem pode ser
muito otimista sugerir constituam mudanças estruturais, são tendências importantes que denotam
melhorias nas condições sociais do país.
Emprego
Em 2013 a criação de empregos formais cresceu 3,14% em relação a 2012. Foi 1,49 milhão de
vagas a mais, segundo os dados da RAIS – Relação Anual de Informações Sociais. O aumento do emprego
formal em 2013 aconteceu em todos os setores. Destacaram-se o setor de Serviços que gerou 558,6 mil
empregos; Comércio, 284,9 mil e Administração Pública, 403 mil. No recorte por região geográfica, em
todas as Grandes Regiões houve expansão, com destaque para o Sudeste (550,3 mil) e Nordeste (313,2
mil).
Como se pode observar no Gráfico 1 a evolução no número de empregos formais tem seguido
uma tendência positiva na economia brasileira na última década.
GRÁFICO 1
Evolução do número total de empregos formais (em milhões de trabalhadores)
44,1
28,7
29,5
2002
2003
31,4
2004
33,2
2005
Fonte: RAIS – MTE. Elaboração: DIEESE
35,2
2006
37,6
2007
39,4
2008
46,3
47,5
2011
2012
48,9
41,2
2009
2010
2013
Reajuste dos salários e do salário mínimo
Os dados da RAIS - MTE mostram que o rendimento médio (R$2.265,71) em 2013 teve aumento
real de 3,18% em relação a dezembro de 2012.
A OIT – Organização Internacional do Trabalho, no Relatório Global sobre os Salários 2012/2013
destacou que no Brasil a média salarial se manteve positiva e, a despeito das crises, não houve contração
como em outros países. Destaca ainda que no país o salário mínimo tem um impacto significativo e que
sua valorização, estimulada a partir de 2005 como parte de uma estratégia para impulsionar o consumo
interno e fazer frente de maneira contra-cíclica à crise internacional, foi fundamental para manter e
melhorar a participação dos salários no produto interno bruto.
O DIEESE constatou que, desde o final de 2004 o poder de compra do salário mínimo elevou-se
em 68% em termos reais, já descontada a inflação (Gráfico 2). Estima-se que em 2012 eram 31,1 milhões
de recebedores de um salário mínimo entre trabalhadores ativos e beneficiários da Seguridade Social.
O salário mínimo não só alcança os trabalhadores mais pobres, como também àqueles que
recebem os pisos da Assistência, Previdência e Seguro-Desemprego, que estão atrelados a este valor.
Ainda, sua correção passou a impulsionar outros reajustes, ora pela tentativa de manter um patamar de
diferenciação em relação ao salário mínimo, ora por servir de referência em negociações coletivas.
GRÁFICO 2
Evolução do valor real do Salário Mínimo pelo INPC- IBGE e pelo ICV- DIEESE
Brasil 2004 a 2014
Fonte: DIEESE, IBGE. Elaboração: DIEESE
No primeiro semestre de 2014 o DIEESE analisou 340 reajustes extraídos de acordos e convenções
coletivas de trabalho em unidades de negociação na Indústria, Comércio e Serviços em todo o Brasil.
Utilizando como medida de inflação o INPC-IBGE, constatou-se que 93% das unidades de negociação
conquistaram reajustes salariais reais, conforme se pode observar na Tabela 1. Destes, 66,2% tiveram até
2% de ganho real. O resultado das negociações salariais pesquisadas pelo DIEESE no primeiro semestre de
2014 foi o segundo melhor resultado desde 2008.
TABELA 1
Distribuição dos reajustes salariais do primeiro semestre em relação ao INPC-IBGE
Brasil, 2014
Fonte: DIEESE. SAS – Sistema de Acompanhamento de Salários Elaboração: DIEESE
Os ganhos e reajustes reais tanto no salário mínimo quanto nos demais salários são importantes
especialmente no Brasil, onde a desigualdade social persistiu historicamente pese ao crescimento
econômico. Em 1995 e 1996 o Banco Mundial apontou o Brasil como o país com a pior distribuição de
renda do mundo, enquanto que os 20% mais ricos detinham 63,7% do PIB, os 20% mais pobres, 2,4%.
Já entre 2001 e 2012 a renda dos 20% mais pobres aumentou em ritmo três vezes maior do que a
dos mais ricos, revertendo a situação de concentração de capital e disparidade social no país.
Desigualdade Social – índice de Gini
O índice de Gini mede a distribuição de renda e o grau de desigualdade na distribuição de renda
domiciliar per capital entre a população. Seu valor varia entre 0 e 1. Se for 0 (zero) indica que não há
desigualdade, o que equivale a dizer que a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor, ou seja, há
equidade absoluta. Se seu valor for 1(um), a desigualdade de renda entre a população alcança seu
máximo, apenas um indivíduo deteria toda a renda da população e todos os outros deteriam zero da
renda.
Como se pode observar no Gráfico 3, o Índice de Gini passou de 0,583 em 2003 para 0,530 em
2012, seguindo uma tendência decrescente sustentada ao longo desse período. O Gini alcançado pelo
Brasil em 2012 representa melhoria de 9,1% em relação ao início da série.
GRÁFICO 3
Evolução do Coeficiente de Gini - Brasil 2003 a 2012
0,590
0,583
0,580
0,572
0,570
0,569
0,563
0,556
0,560
0,546
0,550
0,543
0,540
0,531
0,530
0,530
0,520
0,510
0,500
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
Fonte: IPEADATA. Elaboração: DIEESE
Em 1996 o Índice de Gini do Brasil era 0,602. O valor do indicador em 2012 representa avanço de
12% em relação a esse ano.
População na Extrema Pobreza
A definição de extrema pobreza equivale à população com renda domiciliar per capital inferior à
linha de indigência ou miséria. Considerando a fonte utilizada (Ipeadata), a estimativa da linha de corte é
o valor de uma cesta de alimentos com o mínimo de calorias necessárias para suprir adequadamente uma
pessoa, segundo recomendações da FAO e OMS.
No Gráfico 4 pode-se observar que o percentual da população brasileira que vive abaixo da
extrema pobreza, ou seja, cuja renda per capita não é suficiente para suprir caloricamente sua
alimentação, passou de 15,18% em 2003 para 5,29% em 2012. Isso equivale a afirmar que em 2012 o
percentual de pessoas nesta condição é um terço daquele que representava em 2003.
GRÁFICO 4
Percentual da população com renda per capita inferior à linha de extrema pobreza
(Em %)
16,00
15,18
14,00
13,22
11,50
12,00
10,00
9,45
8,96
7,56
8,00
7,27
6,31
6,00
5,29
4,00
2,00
0,00
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2011
2012
Fonte: IPEADATA. Elaboração: DIEESE
A modo de conclusão
Os dados da RAIS indicam que em 2013 o Brasil continuou criando vagas de emprego com ganhos
reais de salários, além do aumento no salário mínimo que beneficia a mais de 15% de brasileiros e
brasileiras. Percebe-se, nas séries de mais longo prazo, reversão na tendência à concentração de capital, o
país passou a ter melhorias na distribuição de renda, mitigando a histórica desigualdade social e
diminuindo as taxas de pobreza e extrema pobreza no período analisado.
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