©FIDA/G. Pirozzi
Investir na
população rural
de Angola
Pobreza rural em Angola
Angola é um dos países mais ricos da África em recursos naturais.
É o segundo maior produtor de petróleo da África Subsaariana e o
quarto maior produtor mundial de diamantes (em valor). O país
também é rico em outros recursos, inclusive minerais, água,
florestas e recursos pesqueiros. A população é estimada entre
16 e 18 milhões de habitantes (o último censo foi realizado em
1970), dos quais cerca de 41 por cento vivem em áreas rurais.
Em 1975, após 14 anos de luta armada, Angola tornou-se independente de
Portugal, mas o país foi imediatamente envolvido numa das guerras civis mais
longas de África. Após quase quatro décadas de guerra, grande parte da
economia do país tinha colapsado, as infraestruturas destruídas, as instituições
públicas enfraquecidas, a sociedade polarizada, com cerca de 4 milhões de
deslocados de guerra, a pobreza generalizada e o recente processo político
fragilizado. Nos 13 anos decorridos desde que o último acordo de paz foi
assinado, o governo e seus parceiros nacionais e internacionais têm feito um
progresso substancial no restabelecimento das bases necessárias para abordar
muitos dos problemas acima mencionados. Essas medidas têm resultado no
desenvolvimento e implementação de programas destinados a restaurar a ordem e a
segurança, revitalizar a economia, restabelecer os serviços sociais básicos e reabilitar as
infraestruturas de base.
O planalto central foi a região mais afectada pela guerra e é hoje em dia uma das áreas mais
vulneráveis à insegurança alimentar. As províncias de Huambo, norte de Huíla e partes de Bié
estiveram no centro do conflicto e a maior parte dos combatentes de ambos os lados
provinham destas províncias. A região está sujeita a uma intensa pressão demográfica,
estimando-se que dois terços da população do país se concentrem nela, sendo que a maior
parte vive em condições de extrema pobreza. Como consequência, a região é afetada por um
rápido declínio ambiental. Solos depauperados, más práticas agrícolas e disputa pelas terras
destinadas à agricultura contribuem para a diminuição da productividade e agravam a
insegurança alimentar.
Angola experimentou uma rápida expansão económica no período de 2003 a 2008 com uma
taxa média de crescimento do produto interno bruto (PIB) de cerca de 12 por centos, devido
principalmente aos altos preços mundiais do petróleo e ao aumento da produção do mesmo
recurso no país. Após uma redução acentuada do PIB devido à crise económica global no
período 2008 - 2010, o país experimentou um retorno ao crescimento económico,
impulsionado mais uma vez pelo aumento nos preços do petróleo e pelo programa de
investimento público direcionado à sectores não petrolíferos. Projecta-se que o crescimento do
PIB nos próximos cinco anos oscile entre os 6,4 e 6,9 por centos.
Nos últimos anos, apesar da forte expansão dos sectores não petrolíferos, que beneficiaram de
programas de investimento público, o petróleo ainda representa 95 por centos de todas as
exportações e 79,5 por cento da receita fiscal.
A rede rodoviária do país encontra-se em fase de reabilitação, enquanto que a rede ferroviária é
deficiente, e a distribuição de eletricidade é limitada e sujeita a interupções. Os serviços de
água e saneamento são deficientes ou inexistentes, particularmente nas áreas rurais mais
pobres. A capacidade institucional permanece baixa, em particular fora das áreas urbanas, o
que impede a realização de muitos dos objetivos sociais do governo.
Agricultura e pesca
Antes da independência, Angola era auto-suficiente em todos os principais géneros alimentares
(excepto na produção do trigo) e exportava vários productos agrícolas, em particular café e
açúcar. A guerra e a falta de investimento tiveram um forte impacto no sector agroalimentar e
desde 1990 o país depende da importação de alimentos e da ajuda alimentar. Apenas 10 por
cento das terras aráveis do país são cultivadas e a productividade por acre é uma das mais
baixas da África Subsaariana.
A contribuição combinada da agricultura, pecuária, silvicultura e pesca ao PIB entre 2001 e
2003 foi de cerca de 8 por centos. Essa cifra aumentou para 12 por cento em 2011, devido
principalmente aos programas de investimento público. Embora esse crescimento do sector
agrícola tenha contribuído para uma redução da fome, teve um impacto menor na redução da
pobreza. Além disso, a maior parte do crescimento deveu-se à expansão das terras cultivadas
e não a um aumento da productividade. Apesar da agricultura ter sido identificada como área
prioritária na estratégia de redução da pobreza, as dotações orçamentais para o sector
continuam baixas.
Cerca de dois terços da população depende da agricultura para a alimentação, renda e
emprego, sendo que as mulheres constituem a maior parte da força de trabalho. Estima-se que
80 por cento dos camponeses praticam a agricultura de subsistência, geralmente produzindo
pouco ou nenhum excedente, com productividade muito baixa. A falta de acesso a insumos
agrícolas por parte dos agricultores é um grande obstáculo à produção.
A guerra provocou um êxodo maciço da população desde muitas áreas rurais para as zonas
urbanas. No fim da guerra cerca de 4 milhões de pessoas (cerca de um terço da população)
haviam sido deslocadas internamente.No mesmo período, quase 500.000 refugiados
angolanos encontravam-se em países vizinhos. A economia rural praticamente entrou em
colapso. As minas e bombas não explodidas nos campos representam ainda um perigo para
os que querem voltar e cultivar a terra, bem como um obstáculo à recuperação económica e
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social. As infraestruturas sociais e foram foi muito danificadas e negligenciadas durante o
periodo da guerra. Em particular, a falta de estradas e pontes, que permitiriam aos camponeses
o acesso aos mercados, é um grande obstáculo ao comércio. Os camponeses tampouco
dispõem de acesso a insumos agrícolas e outros bens necessários para recomeçar a
produção. Precisam de sementes, ferramentas adequadas para trabalhar a terra, animais para
tração e fertilizantes para áreas como o planalto central, onde a fertilidade do solo se esgotou.
O peixe representa a principal fonte de proteína animal em Angola, com um consumo anual per
capita estimado em 18,7 quilos. Contudo, a pesca marinha ao longo dos 1.650 quilômetros do
litoral diminuiu consideravelmente, uma tendência atribuída à pesca em grande escala por
barcos estrangeiros e fraca capacidade das autoridades para supervisionar e interceptar a
pesca ilegal e aplicar os limites das quotas. No entanto, considera-se que a pesca marinha
tenha um bom potencial de desenvolvimento privado, com perspectivas para os mercados
interno e externo.
Pobreza
Com base nas últimas cifras disponíveis (2012), Angola encontra-se no 148º lugar entre os
186 países incluídos no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A pobreza é ainda
prevalente em grande parte do país. Estima-se que 68 por cento da população vivem abaixo
da linha de pobreza e 15 por cento das famílias vive em condições de extrema pobreza.
A pobreza é mais generalizada nas áreas rurais, onde 94 por cento das famílias são
classificadas como pobres. Outros indicadores que reflectem as condições actuais incluem:
• 38 por cento da população não tem acesso à água potável;
• somente 30 por cento dos habitantes têm acesso a instalações públicas de saúde;
• a esperança de vida ao nascer é estimada em 47 anos (2010) – entre as mais baixas
do mundo;
• somente 54 por cento das crianças matriculadas concluem o ensino primário.
Angola ocupava a 106ª posição (entre 134 países) no Índice de Desigualdade de Gênero no
ano 2009. Embora tenham sido envidados esforços para obter a paridade de gênero no
acesso à escola primária, as meninas continuam a ter menos acesso à educação secundária
em relação aos meninos. Nas áreas rurais, o índice de analfabetismo é mais alto entre as
mulheres (73,6 por cento) do que entre os homens (34,6 por cento). Além disso, o acesso
limitado à qualificação formal e a oportunidades de ensino superior justificam os níveis
reduzidos de renda das mulheres e a sua forte presença na agricultura de subsistência e
comércio informal. As mulheres e os homens participam em termos desiguais na gestão e
controle dos activos e na tomada de decisões, tanto na família como na comunidade. Mais de
23 por cento das famílias são chefiadas por mulheres.
Os jovens nas áreas rurais enfrentam o desafio de querer explorar outras oportunidades além
da agricultura de subsistência ou pesca artesanal, mas têm pouca capacitação formal para
ingressar no mercado de trabalho. Os índices de conclusão dos estudos diminuem após o nível
primário e caem progressivamente ao longo da trajetória educacional. A pobreza é menor entre
o grupo de 15-35 anos do que nos outros grupos. A maioria das famílias é chefiada por jovens,
e o número de membros da família tende a aumentar com o avançar da idade. Mulheres e
homens entre 20 e 24 anos têm maior risco de contrair VIH/SIDA. Contudo, esse grupo é o
que tem o maior conhecimento sobre a doença.
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Erradicar a pobreza rural em Angola
O governo continua a destinar mais de 30 por cento do orçamento anual para a melhoria das
condições sociais, cifra que deverá aumentar nos próximos cinco anos. As principais metas da
estratégia de redução da pobreza (2004) são reduzir pela metade o nível de pobreza do país até
2015 e consolidar a paz e a unidade nacional mediante um aumento sustentável do padrão de vida
de todos os angolanos.
Nesse contexto, a reabilitação do sector agrícola é uma prioridade. A segurança alimentar e o
desenvolvimento rural constituem um dos dez objetivos específicos da estratégia de redução da
pobreza, para minimizar o risco de fome, satisfazer as necessidades internas de alimentos e
revitalizar a economia rural. Para atingir essa meta, a estratégia do governo consiste em desenvolver
a agricultura familiar mediante participação comunitária e planeamento local.
Estratégia do FIDA em Angola
Programas e projectos: 4
Custo total: USD 78,8 milhões
Empréstimos aprovados pelo
FIDA: USD 36,1 milhões
Beneficiários diretos:
185.800 famílias
O primeiro projecto do FIDA em Angola, o Projecto de Reabilitação do Sector de Agricultura
Familiar de Malanje, teve início em 1991, mas foi suspenso em 1992, quando o conflito eclodiu
novamente e tornou-se impossível manter a presença na área do projecto. O FIDA formulou dois
novos projectos depois que o Acordo de Paz de Lusaka foi assinado em novembro de 1994. O
Projecto de Desenvolvimento das Culturas Alimentares da Região Norte (PRODECA) foi iniciado em
1997 e o Programa de Desenvolvimento das Comunidades Piscatórias da Região Norte (PESNORTE)
em 1999. Ambas as operações foram interrompidas pela guerra no fim de 1998 e retomadas após o
fim do conflito em 2002, quando as áreas do projecto e do programa ficaram novamente acessíveis.
Actualmente, o Projecto de Agricultura Familiar Orientado para o Mercado (MOSAP) é o único
projecto em curso financiado pelo FIDA em Angola. Em Dezembro de 2007 o FIDA aprovou um
empréstimo no valor de USD 8,2 milhões, com cofinanciamento do Banco Mundial e Japão. O
empréstimo do FIDA foi assinado em abril de 2008 e entrou em vigor em novembro de 2009. O
empréstimo do Banco Mundial, que è a instituição cooperante, entrou em vigor em setembro de 2011.
Um novo projecto na área das pescas é em fase de elaboração. A meta do projecto é contribuir para
a redução da pobreza entre os pescadores artesanais de águas interiores e famílias dedicadas à
piscicultura em comunidades selecionadas. O objectivo do projecto é o ,melhoramento da
segurança alimentar e da nutrição ao interno das mesmas comunidades.
Os principais objetivos do FIDA em Angola são garantir a segurança alimentar e ajudar a aumentar a
renda das populações rurais, particularmente para as pessoas que vivem nas áreas mais pobres do
planalto central. Os programas e projectos da organização abordam grupos vulneráveis, como
mulheres e famílias chefiadas por mulheres, bem como jovens, soldados desmobilizados e pessoas
deslocadas. As actividades de desenvolvimento visam a:
• aumentar a produção de géneros alimentares básicos por parte dos pequenos productores;
• fortalecer as organizações rurais e representantes de grupos vulneráveis;
• assegurar acesso a serviços e infraestruturas, como escolas, centros de saúde e poços para os grupos
mais desfavorecidos;
• promover políticas em prol das populações mais pobres baseadas num conhecimento profundo
das necessidades das populações rurais em localidades específicas.
A estratégia do FIDA para reconstruir os meios de subsistência da população pobre rural em Angola
baseia-se no conhecimento local das suas condições de vida e necessidades mais básicas. Todas as
operações seguem os três princípios da estratégia regional do FIDA para a África Oriental e Austral:
• focalização planificada das actividades;
• capacitação das populações rurais;
• ajuda às organizações rurais para influenciar as instituições locais e nacionais.
No período pós-conflito, as operações do FIDA têm contribuído para reconstruir comunidades,
melhorar os meios de subsistência e assegurar estabilidade nas áreas rurais. Milhões de angolanos
refugiados foram reinstalados áreas rurais. A provisão de infraestruturas sociais básicas foram
importantes para motivar as populações a retornarem a essas áreas, conforme demonstra o aumento
da população em zonas ao redor de novos escolas e centros de saúde.
Avaliações dos investimentos do Belgian Survival Fund em Angola mostram que a construção e a
reabilitação de infraestrutura nas áreas rurais podem ter um rápido impacto positivo na vida das
populações mais pobres.
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Operações em curso
Luanda
Projecto de Agricultura Familiar
Orientada para o Mercado
Projecto de Agricultura Familiar Orientada para o Mercado
O objetivo do projecto é aumentar a produção dos pequenos agricultores das áreas rurais
nas províncias de Bié, Huambo e Malanje. As 25 comunas e municípios seleccionados
pelo projecto são extremamente pobres e a maioria dos domicílios é formada por
populações que tinham sido deslocadas internamente durante a guerra e que praticam a
agricultura como meio de subsistência. A dimensão média das áreas cultivadas por cada
família é de 1 a 2 hectares, mas em algumas aldeias um número significativo de pessoas
têm acesso a menos de 1 hectare.
Custo total: USD 39,4 milhões
Empréstimo do FIDA: USD 8,2 milhões
Duração: 2009-2015
Beneficiários diretos: 126.000 famílias
Cofinanciamento: Japão (USD 4,0 milhões);
Banco Mundial: IDA (USD 20,0 milhões)
A área do projecto abriga cerca de 80 por cento da população de Angola afecta pela
insegurança alimentar e 68 por cento das populações mais vulneráveis. A área tem um
potencial de desenvolvimento sustentável ao longo prazo. O projecto visa aumentar a
productividade agrícola fortalecendo a capacidade dos agricultores, apoiando a
multiplicação de sementes e criação de animais, e apoiando e fortalecendo serviços de
extensão que respondam às necessidades das comunidades. Trabalha com grupos de
agricultores e comerciantes para melhorar a comercialização dos produtos agrícolas,
armazenamento e acesso aos mercados locais.
Projectos em fase preparatória
Projecto de Aquacultura e Pesca Artesanal
O projecto tem com meta principal a reduçao da pobreza dos pescadores artesanais e
famílias dedicadas à piscicultura em comunidades seleccionadas mediante aumento da
segurança alimentar e melhoramento da nutrição. O projecto divide-se em três
componentes:
• desenvolvimento da pesca artesanal em águas interiores;
• desenvolvimento da aquicultura de pequena escala;
• gestão do projecto.
Custo total: USD 10,4 milhões
Empréstimo do FIDA: USD 9,1 milhões
Duração: a ser decidida
Área geográfica: Províncias de Bengo,
Kwanza, Malanje e Luanda.
Beneficiários diretos: 15.000 agricultores
Cofinanciamento: a ser decidido
Além desses componentes, o projecto incorpora várias actividades que abordarão os
efeitos da mudança climática sobre a pesca e aquicultura nas duas componentes técnicas
do projecto.
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Principais factos sobre a região da África Oriental e Austral
A região da África Oriental e Austral provavelmente tem a maior concentração de populações pobres do
mundo. Três em cada quatro pessoas da região (cerca de 260 milhões de habitantes) vivem em áreas
rurais, sendo mais da metade em condições de extrema pobreza. Cerca de 85 por cento dessas pessoas
extremamente pobres dependem da agricultura, particularmente aquela familiar, para a sua subsistência.
Mas o desenvolvimento agrícola encontra-se em estagnação. A região sofreu um declínio geral na
assistência ao desenvolvimento e uma enorme queda do investimento em agricultura.
Com uma abundância de recursos humanos e naturais, as áreas rurais da região tem um enorme potencial
de crescimento, que beneficiaria não só as populações pobres rurais, mas também as economias
nacionais. O potencial de melhoramento da agricultura familiar oferece a mais imediata oportunidade
prática de reduzir a pobreza rural e estimular o crescimento abrangente.
Em 2012 o PIB aumentou em média 4,9 por cento na África Oriental e 4,3 por cento na África Austral.
Alguns dos melhores desempenhos foram registrados em Angola, com um aumento de 7,9 por cento,
Moçambique, Ruanda e Zâmbia. Nos próximos dois anos o PIB aumentará de 5,6 por cento e
4,6 por cento na África Oriental e Austral, respectivamente. No mesmo período, aproximadamente
70 por cento dos investimentos estrangeiros na região vão se dirigir ao sector mineiro, com grandes
investimentos em Angola, Moçambique e África do Sul. Em termos absolutos, na África Oriental e Austral a
despesa dos governos na agricultura tem aumentado nos últimos 20 anos, mas a despesa na agricultura
como percentagem de todas as despesas dos governos diminuiu. Na África Oriental e Austral, a
percentagem da contribuição da agricultura ao PIB é muito mais baixa do que a percentagem de pessoas
que se dedicam à agricultura, refletindo a baixa produtividade agrícola.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que nos países de
renda baixa e média, os agricultores investem quatro vezes mais na agricultura do que os próprios
governos, doadores e investidores estrangeiros combinados.
Nos 21 países da África Oriental e Austral, em média 60 por cento da população activa se dedica à
agricultura, mas a variação é ampla, refletindo a presença ou ausência de oportunidades econômicas
diversificadas. 65 por cento do trabalho agrícola na região é feito manualmente, 25 por cento por tração
animal e 10 por cento por tractores, bombas e outros instrumentos mecanizados. A forte dependência na
força humana para a agricultura na África Subsaariana é talvez o maior obstáculo ao desenvolvimento
económico e social nas áreas rurais. É altamente ineficiente, consumindo em média 60 homens-dias por
hectare para preparação do solo, sementeira, capina e colheita e limitando muito a quantidade de terra
que uma família pode cultivar.
O valor das exportações Africanas triplicou nos últimos 14 anos, chegando a USD 582 bilhões, como
resultado dos elevados preços dos bens de consumo e aumento da demanda de petróleo e minerais,
principalmente por parte da China. Contudo, o comércio entre os países africanos estagnou-se,
representando somente 12 por cento do volume do comércio total. Estabelecido em 2003 como parte do
NEPAD, o Programa de Desenvolvimento da Agricultura Africana (CAADP) tem o objetivo de melhorar e
promover a agricultura em toda a África. Como objetivo de médio prazo para 2015, os governos africanos
esperam impulsionar o comércio agrícola seja ao interno de cada país, que entre os mesmos países
africanos, aumentar a participação dos agricultores na economia, aumentar a produção agrícola e melhorar
a gestão sustentável de recursos naturais no continente. Nesse sentido, os principais blocos económicos
regionais (SADC, COMESA) estão desempenhando um papel importante. Na África Oriental e Austral,
11 países assinaram o compacto CAADP, um instrumento que identifica as principais áreas para
investimento e mostra o compromisso dos governos com a implementação dos pilares do CAADP.
Os outros países iniciaram a implementação do CAADP e se preparam para assinar o compacto.
Estratégia do FIDA para redução da pobreza rural na África Oriental e Austral
Desde que iniciou suas operações em 1978, o FIDA já financiou 177 programas e projectos de
investimento na região, no total de USD 2,9 bilhões. O FIDA é uma das principais fontes de assistência ao
desenvolvimento para redução da pobreza rural na região.
O programa regional do FIDA toma como ponto de partida o potencial de crescimento dos pequenos
agricultores. Concentra-se em novas oportunidades e desafios associados à transição económica
incompleta da região, resultado do ajustamento estrutural que modificou as políticas e instituições
económicas. Além disso, atribui prioridade ao apoio às mulheres. As mulheres são as pessoas que
têm menos poder nas comunidades rurais, mas podem dar uma contribuição importante para a
redução da pobreza.
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Trabalhando com governos, doadores, populações pobres rurais e organizações comunitárias, o FIDA
explora oportunidades criadas pelos governos mediante abertura política, descentralização e liberalização
económica. Apoia uma ampla gama de actividades mediante as quais os pequenos agricultores
desenvolvem novas relações com o sector privado e serviços públicos e uma nova estratégia de gestão
de recursos. O objetivo da estratégia é assegurar que as actividades possam ser replicadas e ampliadas
para reduzir a pobreza.
Nove países da África Oriental e Austral, inclusive Angola, são Países de Renda Média (PRM). O modelo
de projecto do FIDA nem sempre oferece as opções de design e financiamento que os PRM desejam de
acordo com o ambiente global de assistência ao desenvolvimento em constante mudança. Os PRM, que
têm acesso a fontes alternativas de financiamento, consideram que os custos não financeiros e a rigidez
associada aos empréstimos são maiores do que os benefícios decorrentes da participação do FIDA. Por
outro lado, o sector agrícola dos PRM representa uma parcela bem menor do PIB do que em outros
países. As estratégias agrícolas dos Governos se concentram principalmente no aumento da produção
mediante apoio às grandes agroempresas; e como tal, existe uma certa desarticulação entre os objetivos
sectoriais dos governos e o foco do FIDA na agricultura familiar e redução da pobreza. O apoio a políticas
efetivas dos governos para capacitar os grupos mais marginalizados e melhorar o seu acesso aos activos
productivos básicos é um importante nicho
para o FIDA nos PRM.
Ao elaborar e implementar programas e projectos que refletem o seu mandato de ajudar os pobres
rurais a superar a pobreza, o FIDA:
• assegura uma focalização cuidadosa, concentrando-se nas populações pobres rurais em áreas
de potencial médio a alto, sem excluir áreas mais marginais;
• investe na capacitação de mulheres e homens pobres nas áreas rurais para fortalecer sua produtividade
e ativos e habilitá-los a exercer influência sobre o governo e o sector privado;
• apoia a formulação de políticas de redução da pobreza rural e o estabelecimento de instituições que
ajudem as populações pobres a decidir o seu futuro.
As operações do FIDA na África Oriental e Austral concentram-se particularmente em:
• promoção de conexões eficientes e equitativas com o mercado;
• desenvolvimento de sistemas de financiamento rural;
• melhoramento do acesso e gestão dos solos e água;
• criação de um melhor sistema de conhecimento, informação e tecnologia.
A criação de resiliência à crises como a epidemia de VIH/SIDA e aos conflitos civis é um elemento
essencial da estratégia do FIDA. A região é o epicentro da epidemia e os índices de prevalência em
adultos estão entre os mais altos do mundo. A maioria dos que sofrem o impacto da epidemia são
extremamente pobres que vivem nas áreas rurais. A resposta do FIDA consiste em divulgar o
conhecimento sobre VIH/SIDA nas comunidades para apoiar a prevenção e estabelecer opções de
subsistência para os pobres fora das actividades de alto risco.
Novo modelo operacional para descentralização
A Divisão da África Oriental e Austral introduziu um novo modelo de gestão de projectos, substituindo o
gerente de país por uma equipe de gestão do país. Nesse novo modelo, um grupo de programas é gerido
por uma Unidade de Gestão do País, que promove conexões e apoio entre países, na qual estes são
agrupados por um claro conjunto de critérios, sendo o mais importante a acessibilidade para dar mais
valor ao comércio sub-regional e a abertura para além das fronteiras. Esse modelo também permite
aproveitar a combinação de habilidades e competências entre os funcionários dos escritórios nos países e
compartilhar as experiências locais.
Um papel crucial do novo modelo consiste em estimular a acção proativa e capacitação em cada país e
na região, permitindo uma avaliação contínua dos riscos e problemas para obter uma implementação
bem-sucedida e sustentabilidade, bem como o monitoramento das mudanças na implementação que
exigem ajustes no projecto original ou no quadro de resultados.
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Operações concluídas
Programa de Desenvolvimento de
Comunidades Piscatórias
Custo total: USD 9,3 milhões
Empréstimo do FIDA: USD 7,3 milhões
Duração: 1998-2008
Beneficiários diretos: 4.000 famílias
Projecto de Desenvolvimento das
Culturas Alimentares da Região Norte
Custo total: USD 18,8 milhões
Empréstimo do FIDA: USD 10,0 milhões
Empréstimo do SPA: USD 3,4 milhões
Duração: 1997-2007
Beneficiários diretos: 44.400 famílias
Projecto de Reabilitação da Agricultura
Familiar de Malanje
Custo total: USD 12,0 milhões
Empréstimo do SPA: USD 7,2 milhões
Duração: 1991-1996
Beneficiários diretos: 15.000 famílias
Construindo um
mundo sem pobreza
O Fundo Internacional de
Desenvolvimento Agrícola (FIDA)
trabalha com as populações pobres nas
áreas rurais para habilitá-las a cultivar e
vender mais alimentos, elevar sua renda
e determinar a direção de suas próprias
vidas. Desde 1978, o FIDA investiu
cerca de US$15,6 bilhões em doações e
empréstimos a juros baixos para países
em desenvolvimento mediante
projectos que beneficiaram
aproximadamente 420 milhões de
pessoas e ajudaram a criar comunidades
rurais vibrantes. O FIDA é uma
instituição financeira internacional e
agência especializada das Nações
Unidas sediada em Roma – o centro
das Nações Unidas para alimentação e
agricultura. Seus 173 membros formam
uma parceria singular entre países em
desenvolvimento, a Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (OPEP)
e a Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Contacto
Périn Saint Ange
Gerente do Programa de País a.i., Angola
FIDA
Via Paolo di Dono, 44
00142 Roma, Itália
Tel: +39 06 54592448
Fax: +39 06 54593448
E-mail: [email protected]
Para obter mais informações sobre a pobreza
rural em Angola,visite o Portal da Pobreza Rural:
http://www.ruralpovertyportal.org
Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola
Via Paolo di Dono, 44 - 00142 Roma, Itália
Tel: +39 06 54591 - Fax: +39 06 5043463
E-mail: [email protected]
www.ifad.org
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Fevereiro de 2014
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