Domesticação E Cultivo Plantas Medicinais e Fitoterapia A domesticação de espécies silvestres é um compromisso com a preservação da biodiversidade regional, com a saúde do ser humano e com a estabilidade do produtor rural no campo. O controle de qualidade e quantidade dos princípios ativos, bem como a proteção das espécies que os encerram, poderá ser viabilizada através de técnicas de cultivo sistemático em áreas agricultáveis, em formação de consórcios. O resgate de espécies e de informações sobre as mesmas deve ser perpetuado através da implantação de bancos de germoplasma e hortos medicinais, visando observar formas de propagação das espécies, manejo cultural, composição bioquímica, sua variabilidade genética e a devida preservação. Multiplicação das Espécies Não obstante, um dos grandes entraves à produção sistemática de plantas medicinais, aromáticas e condimentares é a dificuldade de obtenção de sementes viáveis, em espécies muito exigentes em baixas temperaturas durante o estágio reprodutivo, como a alfazema, o alecrim, o estragão, a babosa, a cânfora, o confrei, entre outras. CULTIVO Para escolha do local de cultivo deve-se levar em consideração, para cada espécie: o tipo de solo; época adequada ao cultivo; clima e exigências da planta (luz direta, sombra, umidade); altitude e latitude; temperatura média; o local deve guardar semelhança com o local de ocorrência natural da espécie. O local deve ser plano ou pouco inclinado, bem ensolarado. Deve ser isolado de áreas que possam contaminar as plantas cultivadas, como fossas, esgotos e trânsito, bem como de áreas em que são aplicados adubos químicos e agrotóxicos. No local de cultivo não devem circular animais. Em alguns casos, o isolamento do local de cultivo pode ser implementado a partir do plantio de quebra-ventos e cercas vivas ao seu redor. O canteiro deve estar em seu comprimento no sentido norte – sul para receber insolação em toda área. Após a limpeza do local escolhido e a adubação, as recomendações de plantio variam de acordo com a espécie cultivada, baseada na forma de propagação, podendo essa ser sexuada ou assexuada. Nas espécies com propagação sexuada, utilizam sementes semeadas diretamente em canteiros ou covas, como a camomila à alcachofra, o funcho, ou ainda em sementeiras para posterior transplante como a calêndula. A maior parte das espécies medicinais cultivada no Brasil propaga–se bem através de estacas de galhos ou de raízes. Pode-se citar o guaco, a erva cidreira, o boldo, o alecrim. Deve-se cortar pedaços com 20 a 30 cm com no mínimo 4 gemas (nós), enterrar 2/3 da planta no solo adubado, retirar o excesso de folhas e manter o canteiro úmido. Uma outra opção é a divisão de touceiras onde se pode podar a parte aérea e separar as mudas com as mãos ou faca. Não deixe as raízes ressecarem, mantendo-as úmidas até o momento do plantio, pode ser utilizada com sucesso para o capim-limão, a sálvia, entre outras. Outras formas de propagação são: alporquia, mergulhia e enxertia. FATORES QUE INFLUENCIAM A PRODUTIVIDADE EM PLANTAS MEDICINAIS 1. Temperatura: A variação dia-noite da temperatura é fundamental para o desenvolvimento das plantas medicinais. Com base na temperatura, as plantas classificam-se em: plantas tropicais, subtropicais e de clima temperado. 2. Chuvas/ teor de água: O efeito das chuvas dependerá da estação, temperatura, fase do ciclo da planta, tipo de solo e intensidade da precipitação. As melhores chuvas são as de intensidade média, especialmente na primavera. 3. Luminosidade/exposição ao sol: O fotoperíodo, isto é, o comprimento do dia, tem influência sobre o desenvolvimento das plantas. Após dias claros e quente ocorre uma queda nos teores de alcalóides (estramonio, beladona) e um aumento nos teores de glicosídeos (calêndula). Os alcalóides por sua vez, aumentam após dias chuvosos e nublados. 4. Solo: A textura do solo é importante no cultivo de plantas medicinais. Além do aspecto físico do solo, deve-se considerar o efeito dos sais minerais. O nitrogênio aumenta o volume de flores (losna, alfavaca, Artemísia, alfazema, sálvia,...); a presença do fósforo e potássio proporciona um aumento do princípio ativo das plantas, e nas aromáticas como alfazema, orégano e menta, o nitrogênio pode elevar o teor de óleos essências. Além dos nutrientes, outro fator fundamental é o Ph do solo. 5. Matéria orgânica: É constituída basicamente por duas camadas distintas: a primeira composta por restos vegetais e animais em diferentes estados de decomposição. A segunda, conhecida como húmus, é formada pelos mesmos restos que compõem a primeira, porém já biologicamente decompostos. O húmus é a parte realmente ativa do solo, sendo importante suprimento de nutrientes para as plantas. 6. Altitude: Em altitudes maiores observa-se um decréscimo no teor de alcalóides. Com relação aos glicosídeos ocorre o inverso, isto é, sua concentração diminuirá a baixas altitudes. 7. Topografia: Para o cultivo de plantas medicinais é aconselhável a escolha de terrenos com uma pequena inclinação, para facilitar a drenagem. Os locais mais baixos podem acumular ar frio no inverno, além de favorecer geadas e o aparecimento de doenças pelo aumento da umidade do ar. Referência: WOLF, Clauriane. Apostila do Curso de Especialização em Plantas Medicinais. Faculdade Bagozzi. 2008. material não publicado. MATTOS, Rafael. Apostila do Curso de Especialização em Plantas Medicinais. Faculdade Bagozzi. 2008. material não publicado.