I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano.
06 e 07 de novembro de 2012.
SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM DIÁSPOROS DE PEQUI (Caryocar
brasiliense CAMB.)
FRANÇA, Sabrina Cabral (Estudante IC)¹; SILVA, Glicélia Pereira(Mestranda PPGCA)¹,
SALES, Juliana de Fátima (Orientador)¹; SILVA, Fabiano Guimarães (Colaborador) ¹;
RÚBIO, Aurélio Neto (Colaborador)²; FERREIRA, Pedro Henrique Castro Magalhães
(Colaborador)¹
1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano – Câmpus Rio Verde - GO.
² Universidade Federal de Goiás _ GO
[email protected]
RESUMO: O pequi (Caryocar brasiliense CAMB.) é considerado símbolo do cerrado, com grande
importância socioeconômica, sendo consumido pela população local de diversas formas. Porém um dos
entraves na propagação é o baixo percentual de germinação, o que provavelmente está relacionado aos
diferentes tipos de dormência presente nesta espécie. Objetivou-se neste trabalho avaliar a eficiência de
tratamentos para a superação da dormência em diásporos de pequi, a fim de acelerar e uniformizar o
processo de germinação. Diásporos de pequi foram submetidos aos tratamentos de superação de dormência
envolvendo, dormência tegumentar, imaturidade do embrião e dormência fisiológica. Para cada tratamento
avaliou-se a emergência, o índice de velocidade de emergência, a área foliar e o número de folhas. Foram
avaliados treze tratamentos e apenas os tratamentos com ácido giberélico e aquecimento a 40°C em estufa de
circulação forçada de ar por 7 dias permitiram a germinação das sementes e formação de plântulas.
Palavras-chave adicionais: Diásporo, dormência, pequi.
INTRODUÇÃO
O pequizeiro (Caryocar brasiliense
CAMB.) é um dos frutos nativos mais apreciados
pela população local, sendo este consumido in
natura ou na forma de licores, sorvetes, sucos e
outras, além da grande quantidade de óleo,
vitamina A e proteínas presentes na polpa,
(ROESLER et al., 2008).
Uma das principais formas de propagação
do pequizeiro é via sexuada, porém, a germinação
é lenta e desuniforme, devido à dormência
presente nas sementes, relacionada tanto ao rígido
endocarpo como também no desequilíbrio de
fitohormônios reguladores da germinação. Neste
caso, o ácido giberélico tem sido utilizado com
efeitos satisfatórios na emergência de plântulas
(SOUZA et al., 2007).
Vários autores descrevem a utilização de
tratamentos que facilitem a germinação, tais como
absorção de água, pré-tratamentos, como
escarificação química e mecânica, vernalização,
utilização de reguladores de crescimento e choque
térmico, o que tem contribuído para superação de
sementes dormentes de várias espécies, incluindo
espécies do cerrado (FERREIRA e GENTIL,
2006; BOVI, 1990; PINHEIRO et al., 2005;
NAZÁRIO, 2006; MARTINS et al., 1996).
Nesse sentido, objetivou-se com o
presente trabalho acelerar o processo germinativo
dos diásporos de pequi envolvendo superação
tegumentar, imaturidade do embrião e dormência
fisiológica.
MATERIAL E MÉTODOS
Os frutos de pequi foram coletados na
Fazenda Gameleira, localizada no município de
Montes Claros de Goiás – GO, situada a 16° 07’ S
– 51º 18’ W e altitude de 592 m.
1
I Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação do Câmpus Rio Verde do IFGoiano.
06 e 07 de novembro de 2012.
O experimento foi conduzido no
laboratório de sementes do Instituto Federal
Goiano/Câmpus Rio Verde. Para retirada da polpa
os frutos foram processados em despolpadora
elétrica obtendo-se os diásporos sem espinhos.
A fim de maximizar o processo de
germinação desta espécie foram avaliados treze
tratamentos de quebra de dormência com os
diásporos de pequi e as características avaliadas
foram: a emergência, o índice de velocidade de
emergência, a área foliar e o número de folhas.
O plantio dos diásporos ocorreu em casa
de vegetação, semeados em canteiros contendo
areia lavada como substrato. A emergência foi
avaliada diariamente após o surgimento da
primeira plântula por 75 dias. Os tratamentos
realizados se encontram listados na tabela 1.
Tabela 1 - Tratamentos de superação de
dormência.
TRATAMENTOS
PROCEDIMENTOS
1
2
Controle
Embebição
em
água
corrente por 10 dias
Embebição em água corrente
por 20 dias
0°C por 7 dias
40°C por 7 dias
Pré-embebição em água por
48h
Embebição
em
ácido
giberélico a 1000 ppm por
48h
70°C por 10 h
0°C por 1 hora e 85°C em
água por 10 min.
40°C por 1 hora e 0°C por 15
min.
Embebição
em
ácido
sulfúrico 50% por 10 min.
Embebição em água fervente
por 10 min.
Embebição em água fervente
por 20 min.
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
Utilizou-se o delineamento inteiramente
casualizado com 4 repetições composta por 20
diásporos, os dados foram submetidos a análise de
variância e as médias comparadas pelo teste de
Tukey a 5% de significância.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos para os tratamentos
de superação de dormência foram observados
somente nos tratamentos de ácido giberélico
(GA3) a 1000 ppm e 40°C por 7 dias, em que as
avaliações de emergência para esses tratamentos
ocorreram até os 75 dias. A emergência iniciou-se
após 22 dias de semeadura, não sendo observada
diferença para esta variável. As demais variáveis
diferem entre si, sendo os maiores valores
observados para o tratamento com ácido
giberélico a 1000 ppm.
Os diásporos que não germinaram foram
mantidos sob avaliação durante 150 dias, uma vez
que esta espécie pode permanecer em processo de
germinação no ambiente por até um ano. Apesar
disso, neste trabalho, os diásporos retirados dos
canteiros após 150 dias encontravam-se inviáveis,
em processo de deterioração.
Pereira et al. (2004) verificaram que a
emergência de plântulas de pequi, iniciou-se aos
60 dias após semeadura e, relacionam esse fato à
impermeabilidade do tegumento.
Em trabalho realizado por Dombroski et
al. (2010) foi constatado que o uso de GA3 é
eficiente na germinação das sementes com 54%
após 19 dias de avaliação, bem como a associação
de GA3 + Etephon-ethrel que foram superiores a
45% de germinação aos 19 dias. Desse modo,
outros métodos devem ser analisados para suprir a
demanda na produção de mudas desta espécie.
Tabela 2 – Emergência (Emerg.), Índice de
velocidade de emergência (IVE), Área foliar
(AF) e Número de folhas (NF).
Trat.
Emerg. IVE
AF
NF
1
0b
0c
0c
0c
2
0b
0c
0c
0c
3
0b
0c
0c
0c
4
0 b
0c
0c
0c
5
40 a
0.22 b 72.1 b
6.41 b
6
0b
0c
0c
0c
7
45 a
0.30 a
141.1 a 9.12 a
8
0b
0c
0c
0c
9
0b
0c
0c
0c
10
0b
0c
0c
0c
11
0b
0c
0c
0c
12
0b
0c
0c
0c
13
0b
0c
0c
0c
Médias seguidas da mesma letra minúscula, na
coluna são iguais entre si pelo teste de Tukey a
5% de significância.
2
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06 e 07 de novembro de 2012.
CONCLUSÃO
A partir dos dados obtidos conclui-se que
GA3 e aquecimento dos diásporos a 40°C por 7
dias foram responsáveis pela formação de
plântulas. Porém, o melhor percentual de
emergência, bem como as demais características
agronômicas avaliadas, ocorreu com o tratamento
de GA3.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOVI, M. L. A. Pré-embebição em água e
porcentagem e velocidade de emergência de
sementes de palmiteiro. Bragantia, Campinas, v.
49, n. 1, p. 11-22, jan. 1990.
FERREIRA, S. A. N.; GENTIL, D. F. O.
Extração, embebição e germinação de sementes
de tucumã (Astrocaryumaculeatum). Acta
Amazonica, Manaus, v. 36, n. 2, p. 141-146,
abr.2006.
MARTINS, C. C.; SILVA, W. R.; BOVI, M. L.
A. Tratamentos pré-germinativos de sementes da
palmeira inajá. Bragantia, Campinas, v. 55, n. 1,
p. 123-128, jan. 1996.
PEREIRA, A. V; PEREIRA, E. B. C; SILVA,
D.B; GOMES, A. C; SILVA, J. C. S. Quebra de
dormência de sementes de pequi. Embrapa
Cerrados, Planaltina DF, 1ª Ed, 2004.
PINHEIRO, C. U. B.; SANTOS, V. M.;
FERREIRA, F. R. R. Usos de subsistência de
espécies vegetais na região da baixada
maranhense
Amazônia.
Ciência
&
Desenvolvimento, Belém, v. 1, n. 1, p. 235-250,
jul. 2005.
ROESLER, R; CATHARINO, R. R; MALTA, L.
G; EBERLIN, M. N; PASTORE, G. Antioxidant
activity of Cariocar brasiliense CAMB. (pequi)
and characterisation of components by
electrospray ionization mass spectrometry. Food
chemistry v.110, p.7111 – 717, 2008.
SOUZA, O. A.; NASCIMENTO, J. L.; NAVES,
R. V.; BORGES, J. D. Propagação sexuada de
pequizeiro (Caryocar brasiliense Camb.): efeito
da procedência de frutos e do ácido giberélico na
emergência de plântulas. Pesquisa Agropecuária
Tropical, v. 37, n. 3, p. 131-136. 2007.
NAZÁRIO, P. Tratamentos pré-germinativos
visando minimizar a dormência em sementes
de tucumã (AstrocaryumaculeatumG. Mey.)
2006. 89 f. (Mestrado) - Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia, Universidade Federal do
Amazonas, Manaus, 2006.
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