Página 1 de 3 Voltar CONSUMO DE NUTRIENTES DE SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DE ADIÇÃO DO SUBPRODUTO DAS SEMENTES DO URUCUM1 MARGARETH MARIA TELES2, JOSÉ NEUMAN MIRANDA NEIVA3, ANÍBAL COUTINHO RÊGO4, MARIA ANDRÉA BORGES CAVALCANTE5, REGINA CÉLIA MONTEIRO DE PAULA6, ROSSANA HERCULANO CLEMENTINO7, JOSEMIR DE SOUZA GONÇALVES8 1 Parte da tese do primeiro autor. Pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq 2 Engenheira Agrônoma, Doutoranda da UFC. E-mail: [email protected] 3 Professor Orientador Dr. José Neuman Miranda Neiva. E-mail: [email protected] 4 Bolsista do PET - Agronomia E-mail: [email protected] 5 Bolsista de DCR/CNPq - DZO/UFC. E-mail: [email protected] 6 Professora do Departamento de Química da UFC. E-mail: [email protected] 7 Aluna de Doutorado da UFC/DZO. E-mail: [email protected] 8 Aluno de Mestrado da UFC/DZO. E-mail: [email protected] RESUMO A pesquisa foi conduzida no Núcleo de Pesquisa em Forragicultura - NPF/DZ/CCA/UFC. Foram utilizados 20 ovinos machos sem raça definida em ensaio de digestibilidade aparente, distribuídos ao acaso nos seguintes tratamentos: T1 - silagem de capim elefante (Pennisetum purpureum), T2 - silagem de capim elefante com adição de 4% de subproduto do processamento do urucum (Bixa orellana.) (SPU), T3 - capim elefante com adição de 8% de SPU, T4 capim elefante com adição de 12% de SPU e T5 - capim elefante com adição de 16% de SPU com base na matéria natural. Determinaram-se os consumos de matéria seca (CMS), consumo de proteína bruta (CPB), consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) e consumo de extrato etéreo (CEE). Não foi verificada diferença significativa (P>0,05) entre as silagens quanto ao CMS, CFDA e CEE. Para o CPB (g/animal/dia) e CFDN (%PV) houve efeito quadrático. PALAVRAS-CHAVE Bixa orellana L., ensilagem, forragem, ovinos, Pennisetum purpureum Schum., processamento NUTRIENTS CONSUMPTION OF ELEPHANT GRASS SILAGES WITH ANNATO SEED BY-PRODUCT PROCESSING GROWING LEVELS ADDITON1 ABSTRACT The research was carried out at the Forage Research Sector-NPF/DZ/CCA/UFC. Twenty male sheeps without defined race were used in apparent digestibility essay, distributed at random, with the following treatments: T1 Elephant grass (Pennisetum purpureum) silage, T2 - Elephant grass silage with addition of 4% of annato (Bixa orellana) seed by-product processing (SPU), T3 - Elephant grass silage with 8% of SPU addition, T4 - Elephant grass silage with 12% of SPU addition and T5- Elephant grass silage with 16% of SPU addition, at natural matter. Were determined the following intakes of dry matter (IDM), crude protein (ICP), neutral detergent fiber (INDF), acid detergent fiber (IADF), and ethereal extract (IEE). There were no significant differences (P> 0.05) among the silages in relation to IDM, IADF, and IEE (g/animal/day). For the ICP (g/animal/day) and INDF (% alive weight) there was a quadratic effect. file://D:\4_Forragem\673.htm 17/08/00 Página 2 de 3 KEYWORDS Bixa orellana L., ensiling, forage, sheep, Pennisetum purpureum., processing INTRODUÇÃO A utilização de gramíneas tropicais na forma de silagem tem sido indicada como forma de suprir as exigências nutricionais dos animais no período de escassez de alimento. O capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) vem se destacando para ensilagem devido principalmente à elevada produtividade e bom valor nutritivo em crescimento vegetativo, no entanto, seu elevado teor de umidade é o principal limitante. Desta forma o uso de aditivos tem sido indicado para elevar o teor de matéria seca, que tem como finalidade reduzir perdas no valor nutritivo da silagem com fermentações clostrídicas, interferindo principalmente no consumo da silagem. Com o crescimento das agroindústrias instaladas no Nordeste brasileiro, diversos subprodutos vem sendo estudados, a fim de tornar estes subprodutos em alimentos alternativos para a pecuária da região, podendo reduzir custos na produção animal. Aproximadamente 2.500t de subproduto de urucum (Bixa orellana L.), após a extração da bixina, (corante) é obtido no Brasil (SOUZA e FARIA, 2000), principalmente na região Nordeste, onde quase 97% do resíduo não é aproveitado. Assim, este trabalho objetivou avaliar o consumo de nutrientes em ovinos com dietas à base de silagens de capim elefante contendo subprodutos do processamento das sementes do urucum. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi conduzida no Núcleo de Pesquisa em Forragicultura-NPF/DZ/CCA/UFC (www.npf.ufc.br) em Fortaleza, CE. Foram utilizados 20 carneiros machos, sem raça definida, em ensaio de digestibilidade aparente, os quais foram distribuídos ao acaso nos seguintes tratamentos: T1 – Silagem de capim elefante, T2 – silagem de capim elefante com adição de 4% de subproduto do processamento do urucum (SPU), T3 – capim elefante com adição de 8% de SPU, T4 – capim elefante com adição de 12 % de SPU e T5 – capim elefante com adição de 16% de SPU com base na matéria natural. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Como silos experimentais, foram utilizados tambores plásticos de 210L. O capim elefante foi cortado com, aproximadamente, 70 dias de idade, e em seguida processado em picadeira de forragem e misturado ao SPU. Os ovinos foram alojados em gaiolas de metabolismo individuais, com cochos, para fornecimento de água, da mistura mineral e do alimento a ser estudado. O experimento teve duração de 17 dias, sendo, 12 dias para adaptação dos animais às dietas e ao ambiente experimental e 5 dias para determinação do consumo voluntário das silagens. As silagens foram fornecidas diariamente ad libitum em dois períodos, manhã e tarde, sendo a quantidade oferecida calculada diariamente, a partir do consumo do dia anterior, de modo que permitisse uma sobra de aproximadamente 15%. A determinação do consumo foi realizada por meio da pesagem do oferecido, sobras e fezes, durante o período de coleta dos dados. Nessa ocasião foram confeccionadas amostras compostas dos alimentos, sobras e fezes, que foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente identificadas e guardadas em congelador a –10°C para análises posteriores. Após o término do ensaio, as amostras foram descongeladas e processadas para determinação do consumo de matéria seca e dos nutrientes. Os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e extrato etéreo (EE) foram determinados conforme procedimentos descritos por SILVA e QUEIROZ (2002). O estudo dos dados foram feitos através de análise de variância e de regressão por meio do procedimento GLM do programa SAS (SAS INSTITUTE, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores para o consumo de matéria seca (CMS) em g/animal/dia e %PV, o consumo de proteína bruta (CPB) expresso em g/animal/dia, os consumos de fibra em detergente neutro (CFDN) e file://D:\4_Forragem\673.htm 17/08/00 Página 3 de 3 consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) expressos em %PV e o consumo de extrato etéreo (CEE) expresso em g/animal/dia estão apresentados na tabela 1. Não foram verificadas diferenças (P>0,05), entre as silagens quanto ao CMS, sendo a média dos tratamentos de 421,84 g/animal/dia e 2,22 %PV. Para CPB (g/animal/dia) observou-se efeito quadrático (P<0,05) na adição do SPU à silagem, variando de 30,11g/animal/dia para o nível 0% de SPU e 72,27 g/animal/dia para o nível de 16% de SPU. As exigências diárias de CPB dos animais para mantença de ovinos com peso vivo entre 20 e 30 kg foram atendidas somente no tratamento com 16% de SPU, segundo NRC (1985). Para CFDN (%PV) resultou em efeito quadrático (P<0,05), da inclusão de SPU. A adição de SPU tendeu a diminuir o CFDN e CFDA, o que era esperado uma vez que as silagens contendo SPU apresentavam menores teores de FDN e FDA. A adição de SPU na ensilagem não alteraram (P>0,05) os CFDA e CEE. CONCLUSÕES A adição de subproduto do urucum na ensilagem de capim elefante não promoveu elevações nos consumos de matéria seca, consumo de fibra em detergente ácido e consumo de extrato etéreo. Já o consumo de proteína bruta e fibra em detergente neutro foram elevados com a adição de SPU. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. NATIONAL RESEARCH COUNCIL (NRC). Nutrient Requerimentes of Sheep. 6 ed. Washington, D. C.: National Academy Press, 1985. 99p. 2. SAS - Statistical Analyses System. User´s guide. Cary, NS, 1991. 3. SILVA, D. J., QUEIROZ, A. C. Anáises de alimentos: métodos químicos e biológicos. Viçosa, MG: UFV, 165 p. 2002. 4. SOUZA, I. de e FARIA, J. O. A cultura do urucum. http.//www.emater.mg.gov.br. 2000 . 5. . [Demais Dados Da Publicação] 6. . [Demais Dados Da Publicação] Tabela 1. Consumo voluntário da matéria seca (CMS) expressos em grama por animal dia (g/animal/dia) e porcentagem de peso vivo (%PV), consumo de proteína bruta (CPB) em g/animal/dia, consumo de fibra em detergente neutro (CFDN) em %PV, consumo de fibra em detergente ácido (CFDA) em %PV e consumo de extrato etéreo (CEE) em g/animal/dia em função de níveis crescentes de adição do subproduto do Urucum (Bixa orellana L.) em silagens de capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) VARIÁVEIS NÍVEIS DE ADIÇÃO EQUAÇÕES CV R2 4% 8% 12% 16% DE REGRESSÃO (%) 0% CMS (g/dia) 424,78 454,12 416,94 431,68 399,68 Y = 421,84 20,78 CMS (%PV) 2,07 2,43 2,17 2,10 2,32 Y = 2,22 18,09 CPB (g/dia) 30,11 34,57 43,75 38,13 72,27 Ŷ = 32,56 - 0,99X + 0,82 18,19 0,20X²* CFDN (%PV) 1,68 1,65 2,08 1,50 2,82 Ŷ = 1,76 - 0,07X + 0,57 14,18 0,008X²* CFDA (%PV) 1,06 1,00 1,27 0,94 1,66 Y = 1,19 14,69 CEE (g/dia) 10,99 11,72 17,23 10,62 25,77 Y = 15,27 21,08 *Significativo a 5% de probabilidade file://D:\4_Forragem\673.htm 17/08/00