Ação de fungicidas no controle da mancha púrpura do alho. Jesus G. Töfoli1; Ricardo J. Domingues1; Orlando Garcia Jr2; Marco A.T. Rodrigues3. 1 Instituto Biológico – C. Postal12898, 04010-970 São Paulo-SP. [email protected]. 2 Tecnocamp. 3 [email protected]. Basf SA. [email protected]. RESUMO Visando avaliar a eficiência de diferentes grupos fungicidas no controle da mancha púrpura do alho (cv. Caçador), foi realizado um experimento em Piedade-SP, no período de outubro a novembro de 2001. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com 6 tratamentos e 4 repetições, sendo cada parcela de 9 m2. As pulverizações foram realizadas com pulverizador pressurizado a CO2 (3 Bar) a intervalos de 7 e 10 dias e volume de 600 a 900 L/ha. A severidade da doença foi avaliada com base na porcentagem de área foliar afetada (0-100%). Todos os tratamentos testados foram eficazes no controle da doença, sendo superiores à testemunha. Os maiores níveis de controle da mancha púrpura fo ram obtidos com os fungicidas (p.c./ha) tebuconazole (0,75 L), BAS 500 01F (0,40 L), pyraclostrobin+metiram (2,0 Kg) e metconazole (0,75 L) que caracterizaram-se por serem semelhantes entre si e superiores a metiram (3Kg). Palavras chave: Allium sativum, Alternaria porri, controle químico ABSTRACT Action of fungicides on garlic purple blotch control Aiming evaluate the effectiveness of different fungicides groups in the garlic purple blotch control (cv. Caçador) was carried out an experiment in Piedade-SP, in October to November period 2001. The experiment was set in a randomized blocks design with 6 treatments and 4 replications, being each plot of 9 m2. The pulverizations were accomplished with CO2 pressured sprayer (3 Bar) at intervals of 7 and 10 days and volume application from 600 to 900 L/ha. The severity of the disease was evaluated with base in the percentage of area foliate affected (0-100%). All the tried treatments were effective in the control of the disease, being superior to the check. The best levels of the purple blotch control were obtained with the fungicides (c.p./ha) tebuconazole (0,75 L), BAS 500 01F (0,40 L), pyraclostrobin+metiram (2,0 Kg) and metconazole (0,75 L) that they characterized for being similar to each other and superior to metiram (3Kg). Keywords: Allium sativum, Alternaria porri, chemical control. O alho (Allium sativum L.) devido às suas características de aroma, sabor e propriedades anti-microbianas apresenta papel de destaque como condimento e matéria prima na indústria farmacêutica. A mancha púrpura ou alternariose causada por Alternaria porri caracteriza-se por ser uma das importantes doenças fúngicas do alho nas regiões produtoras do centro-sul. Os sintomas iniciais da doença manifestam-se através de lesões pardas, com a presença de halos concêntricos característicos, circundadas por áreas cloróticas. Folhas severamente infectadas senescem rapidamente causando prejuízos à produção e qualidade de bulbos (Zambolim & Jaccoud Filho, 2000). As condições ideais para o desenvolvimento desse fungo na parte aérea das plantas de cebola são temperaturas a partir de 25°C (elevadas) e alta umidade relativa. Para o controle integrado desta doença recomenda-se o uso de cultivares com algum nível de resistência (Chonan, Roxo Pérola, e Centenário), utilização de material de propagação sadio, rotação de cultura, densidade de plantas e a aplicação de fungicidas à base de iprodione, azoxystrobin, tebuconazole, chlorothalonil e mancozeb (Nunes & Kimati, 1997; Domingues, 2000). O presente trabalho teve por objetivo avaliar a ação de diferentes grupos fungicidas no controle da mancha púrpura do alho. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em plantio comercial (cv. Caçador) em Piedade-SP, no período de agosto a outubro de 2001. As pulverizações iniciaram-se 80 dias após o plantio (DAP), sendo os tratamentos, doses, número e intervalo entre aplicações conforme descritos na Tabela 1. As aplicações foram realizadas com pulverizador pressurizado a CO2 (3 BAR) munido de bico cônico D223. O equipamento de pulverização foi regulado de forma a proporcionar cobertura adequada do alvo, com volume variando de 600 a 900 L/ha. O delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso com 6 tratamentos e 4 repetições, sendo cada parcela de 9 m2. No decorrer do experimento foram adotadas todas as práticas culturais recomendadas para o cultivo do alho. O critério de avaliação utilizado foi a severidade da doença, expresso em porcentagem de área foliar afetada pela mancha púrpura (0 a 100%) sendo avaliadas 25 folhas/parcela escolhidas ao acaso na área central das parcelas. Os dados foram analisados estatisticamente pela análise da variância, aplicando-se o teste de Tukey a 5 % de probabilidade para comparação das médias. Para análise estatística os dados foram previamente transformados em arc sen raiz de x/100. Tabela 1. Tratamentos, nome comercial, grupo químico, doses, número e intervalo entre aplicações utilizados no controle da mancha púrpura do alho. Tratamentos Nome Grupo químico Princípio Número e intervalo Doses comercial Ativo (%) entre aplicações (p.c./ha) BAS 500 01 F 25 5 10 dias 0,40 L pyraclostrobin Caprio Top estrobilurina+ 5+55 5 10 dias 2,00 kg +metiram ditiocarbamato metconazole Caramba 90 triazol 09 5 10 dias 0,75 L tebuconazole Constant triazol 20 5 10 dias 0,75 L metiram Polyram DF ditiocarbamato 70 7 7 dias 3,00 kg testemunha - RESULTADOS E DISCUSSÃO A mancha púrpura apresentou elevados níveis de severidade alcançando 60,25 % de área foliar afetada na última avaliação, fato favorecido pelas condições ambientes favoráveis e a alta suscetibilidade da cultivar Caçador. (Tabela 2). Todos os fungicidas apresentaram controle significativo da mancha púrpura, sendo superiores a testemunha, em todas avaliações realizadas. Os maiores níveis de controle da mancha púrpura foram obtidos com os fungicidas tebuconazole, BAS 500 01F, pyraclostrobin+metiram e metconazole que caracterizaram-se por serem semelhantes entre si e superiores a metiram. Os resultados obtidos com BAS 500 01 F, e metconazole, bem como pyraclostrobin+metiram, tebuconazole e metiram também foram observados por Medeiros et al., 2001 e Vieira et al., 2002, respectivamente. Os maiores níveis de controle apresentados pelos triazóis e pela estrobilurina devemse principalmente a suas características de maior fungitoxicidade, ação sistêmica e maior período de proteção. Apesar de metiram proporcionar o menor nível de controle em relação aos demais tratamentos, este reduziu significativamente a doença quando comparado à testemunha. Tal comportamento pode ser justificado por suas características de fungicida de contato. O modo de ação inespecífico de metiram o torna um importante instrumento em programas de manejo de resistência de fungos a fungicidas, através do seu uso em mistura ou de aplicações intercaladas com fungicidas específicos (Ghini & Kimati, 2000). Tabela 2: Efeito dos fungicidas na severidade de mancha púrpura (Alternaria porri) em alho, Cv. Caçador, Piedade - SP, 2001. Tratamentos Severidade (% de área foliar afetada) (p.c./ha) 1a aval. 2a aval. 3a aval. BAS 500 01 F 0,4 L 3,50 c 6,25 c 8,50* c** pyraclostrobin+ metiram 2,00 kg 4,50 c 7,75 c 9,50 c metconazole 0,75 L 7,50 bc 9,00 c 11,50 c tebuconazole 0,75 L 4,50 c 7,00 c 8,45 c metiram 3,00 kg 10,75 b 16,25 b 29,50 b testemunha 25,00 a 33,75 a 60,25 a CV(%) 13,25 10,68 9,02 *Médias originais. Para análise os dados foram previamente transformados em arc sen raiz de x/100. **Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. LITERATURA CITADA DOMINGUES, R.J.; TOFOLI, J.G.; OLIVEIRA, S.H.F.; GARCIA JR, O. Eficiência do fungicida azoxystrobin utilizado em programas de aplicação no controle da ferrugem e da mancha púrpura do alho. Horticultura Brasileira, v.18, suplemento, p. 354-355, 2000. GHINI, R.; KIMATI, H. Resistência de fungos a fungicidas. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente. 2000. 78 p. MEDEIROS, C.A.; MARTINS, P.R.; ABRAMSSOM, M.L.; VAN SANTEN, M.L. Controle da Alternaria porri e Puccinia allii na cultura do alho, com fungicidas. Fitopatologia Brasileira, v.26, suplemento, p. 315, 2001. NUNES, M.E.T. & KIMATI, H. Doenças do alho e cebola. In: Kimati, H. et al. (ed). Manual de Fitopatologia, v. 2. Doenças das plantas cultivadas. Ed. Agron. Ceres. Piracicaba-SP. 1997. p. 49-64. 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