CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS
CONTROLE QUÍMICO DE DOENÇAS DE PLANTAS
1.1. Introdução
O controle químico de doenças de plantas é, em muitos casos, uma medida bastante eficiente e
economicamente viável para se garantir as altas produtividades e a qualidade da produção.
Variedades de plantas cultivadas, interessantes pelo bom desempenho agronômico e pela preferência
dos consumidores, geralmente aliam uma certa vulnerabilidade a agentes fitopatogênicos.
O controle químico de doenças de plantas é praticado com maior intensidade nos países
economicamente mais desenvolvidos, onde a agricultura é tecnologicamente mais avançada, com aplicação de
mais insumos e previsão de melhores colheitas.
Entretanto, o controle químico não deve ser considerado como alternativa única para o
controle das doenças, mas sim deve estar integrado junto a um sistema de manejo que visa a adoção das
outras práticas já vistas. No entanto, apesar dos esforços de obtenção de cultivares resistentes para as
doenças mais destrutivas de muitas culturas importantes como alho, amendoim, batata, cebola, feijão, maçã,
morango, soja, tomate, dentre outras, ainda não se pode abrir mão do controle químico para se obter uma
produção econômica e estável.
1.2. Breve histórico do uso de substâncias químicas no controle de doenças
Substâncias com propriedades fungicidas já eram utilizadas pelas antigas civilizações, embora
de forma bastante empírica. Os povos daquela época, através de suas experiências, descobriram a efetividade
de certos produtos contra o que denominavam de pestes.
Entretanto, o progresso no conhecimento dos fungicidas ocorreu após o século XVIII, graças aos
avanços da química, durante os dois últimos séculos.
A seguir serão relatados alguns fatos interessantes durante a história do desenvolvimento dos
fungicidas.
Em 1883, Millardet na França acidentalmente descobriu o valor fungicida da calda bordalesa, para
controlar o míldio da videira, constituindo-se, assim num marco na história da utilização dos fungicidas.
Em 1886, uma formulação comercial de enxôfre e cal líquida foi introduzida nos EUA, para controlar a
cochonilha e a crespeira do pessegueiro. A mistura de enxôfre-cal tornou-se, assim, o primeiro fungicida
erradicante.
Em 1889, C.M. Weed, em Ohio, usou pela primeira vez a mistura de fungicida com inseticida.
Em 1908, Scott, tentando tornar a mistura enxofre-cal menos fitotóxica, adicionou água e ferveu até
obter uma pasta que deveria ser diluída em volume maior de água, antes de ser usada. Essa mistura
denominou-se calda sulfo-cálcica.
Em 1934, Tisdale e Williams, nos E.U.A., relataram a fungitoxicidade dos ditiocarbamatos. Esta
contribuição marcou o início da era dos fungicidas orgânicos, embora só tenham entrado em produção
comercial mais tarde.
Em 1966, Von Schmeling e Harshal Kulka relataram a atividade sistêmica fungicida dos derivados do
1,4 oxathiins (carboxin e oxicarboxin) para tratamento de sementes e em atomização para certos fungos da
classe Basidiomycetes.
O ano de 1966, portanto, marca o início da era dos fungicidas sistêmicos.
De 1970 para frente, numerosos fungicidas sistêmicos, protetores e misturas de fungicidas foram
desenvolvidos, mostrando que a importância do controle de doenças por processos químicos é cada vez
maior. No início da década de 90 surgiu o difeconazole, para uso em manchas foliares de hortaliças e doenças
de final de ciclo em soja.
Finalmente, no final da década de 90 surge o grupo das estrobilurinas, sendo o produto Azoxystrobin
um dos mais vendidos no Brasil e no mundo.
Novos grupos químicos têm sido lançados como os SAR (systemic acquired resistance) que são os
indutores de resistência em plantas.
4.3. Grupos de produtos utilizados
Além do uso dos fungicidas, o controle químico das doenças pode ser feito mediante nematicidas,
inseticidas, herbicidas ou bactericidas.
Além de proporcionar um controle direto dos nematóides fitopatogênicos, os nematicidas podem
controlar os nematóides que são vetores de patógenos ou matar os nematóides que promovem focos de
infecção para fungos e bactérias.
De modo análogo, os inseticidas controlam insetos vetores de patógenos, tais como os cicadelídeos e
afídeos transmissores de vírus, ou reduzem os danos devido a ataques de insetos que podem constituir focos
de infecção.
Tanto os nematicidas como os inseticidas podem atuar reduzindo o inóculo na fonte como em
trânsito. Os herbicidas são usados para prevenir a produção de inóculo ao eliminar o hospedeiro alternado.
Estes também podem destruir as ervas daninhas que as vezes servem de hospedeiros a patógenos que atacam
determinados cultivos. Certos vírus são particularmente suscetíveis a esse procedimento de controle.
Os parasitas fanerógamos também são controlados mediante o uso de herbicidas, assim como
diversos fungos.
O emprego de fungicidas deve ser associado sempre que possível com outras práticas culturais
importantes, tais como: destruição de restevas, rotação de culturas, tratamento de sementes, cultivares
resistentes, etc., dando um enfoque de controle integrado, a fim de ser logrado maior êxito. Por outro lado, o
controle químico deve ser, se possível, inserido no contexto de um sistema de alarme contra doenças.
O uso do termo fungicida, entretanto, restringiu-se a produtos químicos capazes de prevenir infecção
de tecidos de plantas por fungos fitopatogênicos.
Três são as classes de substâncias fungicidas: Fungistáticas - paralisam o crescimento dos fungos, e
inibem a germinação dos esporos; Genistáticas - inibem a esporulação e Erradicantes - matam os fungos.
4.4. Princípios envolvidos e grupos de produtos
Conforme estudado anteriormente, os diferentes grupos de produtos químicos podem ser
empregados segundo os diferentes princípios de controle de doenças.
Inseticidas e acaricidas atuam predominantemente pelo princípio da exclusão, prevenindo a
disseminação dos patógenos, geralmente vírus, pela eliminação ou diminuição dos vetores;
Herbicidas: atuam pela erradicação do patógeno junto com o hospedeiro, diminuindo a sobrevivência
e a probabilidade de disseminação.
Os nematicidas mais comuns são biocidas, com alto poder erradicante, devendo ser aplicados no solo
antes do plantio.
Fungicidas e bactericidas: envolvem vários princípios
Os inseticidas, acaricidas e herbicidas, não tendo ação direta sobre os agentes infecciosos mais
importantes (fungos, bactérias, vírus e nematóides), não são muito utilizados no controle de doenças.
Os Fungicidas e bactericidas constituem um grupo com propriedades químicas e biológicas muito
variáveis, podendo envolver vários princípios de controle em função da natureza do produto, da época e
metodologia de aplicação e do estádio de desenvolvimento epidemiológico da doença. Por exemplo, um
biocida, como o brometo de metila, só pode ser aplicado de modo erradicante e num ambiente sem o
hospedeiro; só fungicidas sistêmicos têm potencial curativo; fungicidas protetores podem atuar também de
maneira erradicante e sistêmica.
4.5. Controle de doenças com fungicidas
O grupo mais importante de pesticidas utilizados para o controle de doenças de plantas é o dos
fungicidas.
O emprego de fungicidas no controle de doenças de plantas envolve um ou mais princípios de controle
estudados anteriormente, dependendo da época e metodologia de aplicação, da natureza da doença e do
fungicida.
Baseando-se no princípio em que se fundamenta predominantemente a sua aplicação, os fungicidas
envolvem:
Proteção – os fungicidas são aplicados na superfície de plantas suscetíveis sadias com o fim de impedir
a ocorrência da doença;
Erradicação - as substâncias atuam diretamente sobre o patógeno, na fonte de inóculo ou no
hospedeiro doente com a finalidade de reduzir ou minimizar o inóculo primário dos patógenos;
Imunização – consiste na aplicação de substâncias em plantas suscetíveis sadias com o fim de tornálos imunes às doenças;
Quimioterapia – baseia-se na aplicação de substâncias em suscetíveis doentes com o fim de curá-los.
4.5.1 Propriedades dos fungicidas
Muitas substâncias químicas são diferencialmente tóxicas ou inibidoras dos organismos.
Este é um aspecto essencial no controle químico das doenças das plantas. As substâncias químicas
devem ser menos tóxicas à planta cultivada do que aos organismos (fungos, bactérias, etc) que se pretende
controlar.
Um fungicida foliar protetor ou sistêmico, na concentração eficaz, deve matar aos fungos sem
danificar a planta hospedeira. Esta toxicidade diferencial é em parte a razão do grande incremento no uso de
fungicidas orgânicos desde 1940.
Ainda que muito eficazes contra os fungos, em geral causam menos danos às plantas que os fungicidas
inorgânicos. Também é imperativo que o emprego das substâncias químicas nos cultivos sejam inócuas para o
homem e animais, enfim, ao meio ambiente.
Alguns termos são comumente usados em relação ao controle químico (ver quadro abaixo)
TERMOS UTILIZADOS NO CONTROLE QUÍMICO
• Princípio ativo (p.a.): composição química (molécula) do componente do fungicida
com atividade tóxica.
• Tolerância de resíduo (TR): quantidade, em ppm, de resíduo do fungicida permitida
no produto vegetal comercializado.
• Poder residual (PR): espaço de tempo, em dias, em que os resíduos do fungicida
são tóxicos ao patógeno.
• Período de carência (PC): espaço de tempo, em dias, entre a última aplicação do
fungicida e a colheita, para que não ocorram níveis de resíduos acima dos tolerados
para comercialização do produto vegetal.
• DL50: quantidade de produto químico, em mg/kg de peso vivo do organismo, que
causa 50% de mortalidade na população. Quanto menor a DL50 , mais tóxico é o
produto.
4
.5.2.
Relação
entre
dose
e
reação
As
substânci
as
químicas
que são
ativas
como
fungicida
s podem
ter uma ampla gama de atividades biológicas e afetar fungos, plantas e animais.
Comumente, o uso seguro de um fungicida depende de uma toxicidade diferencial, de maneira que
uma dose específica mate ou iniba os fungos sem prejudicar a planta ou ao homem. A razão desta toxicidade
diferencial pode dever-se a que:
o
As substâncias químicas penetram nas membranas das células do fungo com mais rapidez que
nas do hospedeiro;
o
Pode suceder que o fungo não possa metabolizar o fungicida e transformá-lo em, compostos
menos tóxicos, enquanto que outras espécies (plantas) podem, fazê-lo;
o
Pode ser que existam compostos metabólicos intermediários ou críticos que os fungicidas
inativam no fungo e que estes mesmos compostos não sejam críticos para o metabolismo de outros
organismos;
o
Pode haver outras razões desconhecidas; ou
o
Associação das razões acima citadas.
Qualquer que seja a razão fundamental, o resultado final é que algumas substâncias que são
basicamente tóxicas para todos os organimos, quando utilizadas, em concentrações determinadas, controlam
especificamente aos fungos, sem prejudicar as plantas cultivadas.
A relação da DE50 (dose efetiva que inativa ou inibe 50% da população) do patógeno, e a DL50
da planta hospedeira é um índice da margem da segurança do uso de um fungicida em um cultivo
determinado. A toxidade de certos fungicidas para os microorganismos está vinculada a sua capacidade de
penetrar as membranas celulares. A permeabilidade das membranas celulares se relaciona com a solubilidade
dos lipídios (gorduras).
Por outro lado, a toxicidade de um fungicida depende de suas propriedades físicas e químicas.
As propriedades físicas que afetam a toxicidade são: o tamanho da partícula; polaridade; solubilidade
diferencial em água e em lipídios; aderência á superfície das folhas; tamanho e forma molecular; e
evaporação. As propriedades químicas envolvem reação diferencial entre o composto (fungicida) e os sistemas
metabólicos essenciais do parasita e do hospedeiro, assim como a estabilidade em condições variáveis do
ambiente.
Entre os fatores que ocasionam limitações no uso de fungicidas podemos citar: a) Valor
econômico das culturas; b) falta de conhecimento dos agricultores; c) fitotoxidez; d) incompatibilidade com
outros defensivos; e) morte de insetos entomófagos e insetos úteis; f) problemas de resíduos.
4.5.3.Classificação dos fungicidas
Os fungicidas podem ser classificados segundo vários critérios. Aqui serão apresentadas as
classificações segundo a toxicidade, segundo a cronologia, ou seja a ordem de surgimento dos produtos e
finalmente a classificação segundo o modo de aplicação segundo o princípio envolvido.
4.5.3.1. Classificação toxicológica
Classe I - Extremamente tóxico - rótulo vermelho
Classe II - Altamente tóxico - rótulo amarelo
Classe III - Medianamente tóxico - rótulo azul
Classe IV - Pouco tóxico - rótulo verde
4.5.3.2. Classificação cronológica
a) 1ª Geração
Fungicidas inorgânicos protetores e alguns com ação erradicante. Quanto à natureza química,
destacam-se os fungicidas à base de enxofre e cobre, amplamente utilizados na agricultura. Os fungicidas à
base de mercúrio, inorgânicos ou orgânicos, utilizados em larga escala nas primeiras décadas do século XX, e
hoje proibidos, fazem parte dessa geração.
b) 2ª Geração
Fungicidas protetores orgânicos introduzidos no controle de doenças de plantas a partir da década
de 1940. Constitui o conjunto de fungicidas atualmente mais utilizados no controle de doenças de plantas,
possuindo largo espectro de ação. Os principais grupos de fungicidas dessa geração são: ditiocarbamatos,
nitrogenados heterocíclicos, dinitrofenóis, fenóis halogenados, nitro-benzeno halogenados, compostos diazo,
nitrilas, guanidinas, orgânicos a base de enxofre, derivados de antraquinona e acetamida.
c) 3ª Geração
Fungicidas sistêmicos, como thiabendazole e de alguns antibióticos. Entretanto, o grande impulso
no uso de fungicidas sistêmicos teve início com a descoberta do carboxin e do benomyl, no fim da década de
1960. Os fungicidas sistêmicos pertencem a uma classe de produtos diferentes dos existentes nas gerações
anteriores, pois são muito específicos no modo de ação e tóxicos a baixas concentrações. Os principais grupos
de fungicidas dessa geração são: carboxamidas, benzimidazóis, dicarboximidas, inibidores da biossíntese de
esteróis, inibidores de oomicetos, inibidores da biossíntese de melanina, fosforados orgânicos e antibióticos.
4.5.3.3. Classificação segundo o modo de ação
a) Fungicidas erradicantes ou de contato
Há três casos em que fungicidas erradicantes podem ter ação eficiente: no tratamento de
sementes, de solo e no tratamento de inverno. Os fungicidas erradicantes visam principalmente a diminuição
do potencial de inóculo primário. A eficiência exige desses fungicidas o seguinte: a) alta fungitoxocidade; b)
capacidade de atuação mesmo em presença de matéria orgânica e; c) capacidade de penetração nas células
mortas.
Tratamento de solo
Os fungicidas de solo são essencialmente erradicantes e, em muitos casos, protetores. O
sucesso dos fungicidas desse grupo está sujeito a uma série de fatores, alguns dos quais muito mais complexos
do que aqueles que atuam sobre os fungicidas das partes aéreas das plantas, isso porque, o fungicida terá que
atuar num ambiente complexo onde está sujeito a sofrer interações físico-químicas e biológicas (maiores
detalhes foram vistos na seção sobre o princípio de controle da erradicação).
Tratamento de sementes
Os fungicidas de sementes visam eliminar os patógenos transmissíveis por sementes ou proteger sementes e
plântulas contra patógenos do solo (veja maiores detalhes no módulo sobre tratamento de sementes).
Tabela 5 – Principais fungicidas erradicantes ou de contato
PRODUTO
CARACTERÍSTICAS
Brometo de metila
Produto gasoso aplicado sob cobertura plástica mantida por 24 a 48
horas. Esperar 7 dias antes do plantio.
Metam sodium
Dosagem de 120 mL do produto a 31% por m2 em solos arenosos.
Aumentar par 150 a 240 mL em solos argilosos. Encharcar o solo para
forçar a penetração do fungicida a uma profundidade de 10 a 15 cm.
Devido sua toxicidade fazer intervalo de 14 a 21 dias entre a aplicação e
o plantio.
Dazomet
Aplicado com o adubo ou em suspensão aquosa, por meio de irrigação
por aspersão. Após a aplicação, irrigar o solo permitindo sua penetração
até uma profundidade de 15 cm. Manter o solo em repouso por pelo
menos 14 a 21 dias, antes do plantio.
Quintozene
Persiste no solo e é excelente para fungos que produzem esclerócios
(Rhizoctonia, Sclerotinia, Sclerotiorum, Botrytis, etc.). Aplicar no sulco de
plantio ou durante a semeadura. Usar de 300 a 600 g do produto a 75%
por kg de semente de amendoim ou de algodão. Também se pode tratar
todo o solo (canteiros) com 2 litros da calda por m2, obtida pela
dissolução de 300 a 750 g do produto a 75% em 100 litros de água.
b) Fungicidas protetores ou residuais
São aqueles aplicados nas folhagens, ramos novos, flores e frutos, funcionando
predominantemente como protetores. Também os fungicidas aplicados no tratamento de sementes são, na
maioria dos casos, protetores, estando geralmente associados com ação erradicante e, em alguns casos, com
ação curativa ou terapêutica.
Quanto ao modo de ação, os fungicidas típicos deste grupo são inibidores não epecíficos de
reações bioquímicas, afetando um grande número de processos vitais que são compartilhados por todos os
organismos vivos.
Há evidências de atuação tanto na membrana como no protoplasma celular supondo ser ela maior no
protoplasma, onde é maior o número de processos vitais.
Para fungicidas metálicos, há evidências de que o acúmulo inicial e muitas reações subseqüentes
ocorrem sobre ou fora da membrana celular.
Fungicidas com alta atividade iônica superficial como o Dodyne, podem reagir com grupos iônicos
(sulfidrílicos, carboxílicos, etc.), situados na superfície celular, interferindo irreversivelmente na
permeabilidade da membrana e provocando extravasamento dos constituintes celulares. Tais produtos,
entretanto, agem também fortemente na inibição enzimática do metabolismo de carboidratos, possibilitando
interpretar mudanças de permeabilidade como efeitos secundários da atuação intracelular.
Captan e Dichlone podem inibir simultaneamente muitas enzimas e coenzimas, particularmente as
que contêm grupos sulfidrílicos, afetando inespecificamente um grande número de processos metabólicos.
Fungicidas metálicos, como os cúpricos, também envolvem reações com grupos sulfdrílicos; mas,
simultaneamente, inibem enzimas não dependentes do grupo sulfidrílico, como a sacarase, catalase, arginase,
asparaginase, betaglucosidase, etc.
O enxofre age como competidor de receptores de hidrogênio, rompendo as reações normais de
hidrogenação e desidrogenação.
Os bisditiocarbamatos, através do íon isotiocianato, derivado de sua decomposição, reage
inespecificamente com enzimas sulfidrílicas.
Os principais fungicidas protetores são apresentados na Tabela 6.
- Fungicigas protetores de folhagens
Os fungicidas deste grupo, para serem eficientes em proteger as plantas dependem de uma série de
características muitas vezes difíceis de se conciliarem entre si, sendo isso motivo de fracasso de muitos dos
compostos químicos candidatos a fungicidas. Vejamos cada uma dessas características de um fungicida
protetor de folhagens:
- Fungitoxicidade e especificidade - O espectro de ação dos fungicidas varia grandemente. Portanto,
no controle de determinados patógenos, o primeiro fator de sucesso é a fungitoxicidade inerente
associado a especificidade. Não se controla míldio da videira com enxofre, nem requeima da batata
com Karathane, isso porque enxofre e Karathane são fungicidas específicos para oídios. Míldio da
videira se controla melhor com calda bordalesa e requeima com Maneb ou Zineb.
o
Deposição e distribuição - Os fungicidas protetores, em geral, apresentam textura muito fina,
são formulações pós-molháveis ou secos, orgânicos ou inorgânicos, com baixa solubilidade, que podem ser
pulverizados ou polvilhados. Para que as partículas se depositem nas plantas, devem ter um momento
adequado para superar as forças repulsivas, de natureza eletrostática ou oriundas de correntes de convecção,
existentes nas proximidades das superfícies vegetais. Além do problema descrito anteriormente, para que
ocorra uma boa deposição e redistribuição, devemos levar em consideração, também, o tamanho das
partículas no polvilhamento e da gotícula no caso de pulverizações.
o
Aderência e cobertura - Os fungicidas protetores, cuja ação depende dos depósitos nas
superfícies tratadas, precisam aderir bem e cobrir o máximo possível da superfície tratada. A adesão e
cobertura dependem das propriedades do fungicida, da superfície da planta, da formulação e do equipamento
utilizado. Uma das maneiras de melhorar a cobertura e aderência é diminuir o diâmetro das gotas, o que
produz um aumento na superfície e na força de adesão. Outra maneira é adicionar espalhante, entretanto, isto
geralmente implica na diminuição da tenacidade.
o
Redistribuição - Apenas o depósito do fungicida na superfície foliar não garantirá a efetividade
do produto, em condições de campo. Atualmente, por mais perfeita que seja a aplicação, sempre escapam
espaços que ficam sem proteção. A tenacidade e a natureza do fungicida deve ser levada em consideração pois
foi comprovado que a redistribuição é eficiente no caso da calda bordalesa cujas partículas são carregadas
com cargas eletrocinéticas positivas e têm grande tenacidade, mas é ineficiente e mesmo prejudicial para o
Zineb, cujas partículas são carregadas com cargas eletrocinéticas negativas e tem tenacidade menor.
o
Tenacidade - É a propriedade que tem os "depósitos" fungicidas de resistir ao intemperismo.
Feito um "depósito" sobre a superfície da planta, sob a ação do intemperismo ele é reduzido a um resíduo. A
diferença entre ambos constitui medida de tenacidade (depósito - resíduo = tenacidade). Como regra a
tenacidade é diretamente proporcional a insolubilidade dos "depósitos" e inversamente proporcional a
toxidez.
o
Fitotoxidez - Um composto químico pode ser excelente fungicida mas, se for fitotóxico, na
prática, seu uso no controle de doenças pode ser limitado. Por exemplo, em cucurbitáceas não se deve aplicar,
ou se aplica com muitos cuidado, fungicidas a base de enxôfre e de cobre. A ação fitotóxica se manifesta por
crestamento, redução de crescimento, queda de flores e frutos, pequena produção e redução da fotossíntese.
o
Toxidez ao homem e animais - Fungicidas não devem ser tóxicos ao homem e aos animais,
principalmente aqueles aplicados diretamente na proteção de órgãos comestíveis, como no caso de hortaliças,
frutas e grãos de cereais.
o
Compatibilidade - Entende-se como compatíveis duas substâncias que, misturadas, não
apresentam alterações em suas características. Em muitos casos é interessante que fungicidas sejam
compatíveis com inseticidas, pois é desejável a aplicação simultânea visando controlar doenças e pragas. Em
culturas, como a do tomateiro, que está sujeita a muitas doenças e pragas, inclusive vetores de vírus, é
imprescindível que os fungicidas recomendados sejam compatíveis com os inseticidas. Quando ocorrer
incompatibilidade, em alguns casos, a fitotoxidez pode ser aumentada.
o
Economia - Por mais eficiente que seja um fungicida sob todos os pontos de vista técnico, o
seu emprego estará condicionado ao fator econômico. Não só o preço entra nessa consideração, pois muitas
vezes o que mais encarece é a mão-de-obra e o equipamento.
- Fungicidas protetores de pós-colheita
Prejuízos consideráveis são acarretados continuamente pelas doenças que incidem sobre
frutas e hortaliças após a colheita, durante o transporte, armazenamento e exposição a venda. Para se evitar
os prejuízos decorrentes de inúmeras podridões, estão sendo utilizados tratamentos fungicidas em escala cada
vez maior. O sucesso desse grupo depende de sua capacidade em atingir o patógeno e do potencial de inóculo
nos locais onde se processem a germinação e a penetração do patógeno.
Aplicações protetoras pós-colheita são feitas pela imersão do produto vegetal na calda fungicida,
como no caso da banana imersa em calda de mancozeb. Entretanto, geralmente, em frutas como mamão e
manga, o tratamento protetor é feito simultaneamente com banho térmico e os produtos preferidos são os
sistêmicos, como o thiabendazol. Doenças causadas por fungos Peniccilium e Rhizopus, que incidem durante
ou depois da colheita podem ser facilmente controlados pela aplicação superficial de um fungicida eficiente
logo após a colheita. Por outro lado, doenças como antracnose e a podridão da coroa em banana, causada por
Gloeosporium musarum e a podridão de Botrytis do morangueiro são difíceis de controlar com tratamento
químico após colheita, pois a penetração pode ter ocorrido no campo. Para tais doenças há necessidade de
controle prévio, antes da colheita, para que os tratamentos pós-colheitas surtam os efeitos esperados.
O sucesso do controle pós-colheita depende também grandemente da fitotoxidez e da toxidez dos
resíduos de fungicidas para os futuros consumidores. Por exemplo, o dióxido de enxôfre, o tricloreto de
nitrogênio e o difenil têm uso como fumigantes limitados pela fitotoxidez; os antibióticos, como
estreptomicina, oxitetraciclina e clorotetraciclina, são eficientes para o controle de podridões moles em
hortaliças, mas têm seu uso proibido devido aos inconvenientes que apresentam para a saúde humana.
Tabela 6 – Principais fungicidas protetores ou residuais
GRUPO
PRODUTO
CARACTERÍSTICAS
Enxofre
Enxofre
elementar
Tem como principal problema a fitotoxicidade
principalmente em cucurbitáceas sob temperaturas
altas (26 a 30ºC) causando queima de folhas, desfolha e
diminuição da produção. As vantagens do enxofre são a
baixa toxicidade ao homem e aos animais domésticos e
o baixo custo. Pode ser aplicado por polvilhamento ou
pulverização.
Calda sulfocálcica
Recomendada nos tratamentos de inverno em fruteiras
de clima temperado. Deve ser aplicada em menor
dosagem do que a do enxofre, devido à sua maior
fitotoxidez, devido sua maior solubilidade em água com
capacidade de penetração na planta
Calda
bordaleza
Deve ser usada logo após seu preparo. As dosagens das
formulações variam de 0,5 a 1,3 kg de cada componente
para 100 litros de calda. Pode ser fitotóxica a
cucurbitáceas, rosáceas, solanáceas e crucíferas,
particularmente em tecidos jovens e em baixas
temperaturas. Tem sido pouco utilizada devido ser
trabalhosa de preparar
Cobres fixos
Menos tóxicos e mais fácil preparo do que a calda
bordaleza Inclui o hidróxido de cobre, oxicloreto de
cobre, óxido cuproso e sulfato básico de cobre. Tem
largo espectro de ação antifúngica e antibacteriana e
baixa toxidez aos animais e ao homem. São amplamente
utilizados na horticultura, fruticultura e cafeicultura
Cúpricos
Ditiocarbamatos
Etilenobisditiocarbamatos
Compostos aromáticos
Thiram
Recomendado para tratamento de sementes.
Ferban
Em frutíferas e ornamentais, controla ferrugem,
antracnose e sarna das rosáceas e podridão parda do
pêssego. Em ornamentais, indicado para controle de
pinta preta e oídio da roseira, ferrugem do cravo e
septoriose do crisântemo. Também tem boa ação contra
os agentes de míldios e antracnoses de hortaliças e
mofo cinzento do fumo.
Ziran
Tem grande poder residual. Controla grande número de
doenças, principalmente míldios e antracnoses. A
eficiência no controle de pinta preta do tomateiro e da
batata tornou o seu uso generalizado por volta de 1940
a 1950, em substituição à calda bordalesa.
Zineb
Controla grande número de doenças, principalmente de
hortaliças e frutíferas, devido a seu amplo espectro de
ação antifúngica e baixa toxicidade a plantas e animais.
É indicado no controle de míldios, podendo ter também
ação acaricida, mostrando eficiência contra o ácaro da
falsa ferrugem dos citros.
Maneb
Indicado para grande número de doenças,
particularmente míldios. O produto comercial deve ser
armazenado em ambiente seco, pois se degrada com
facilidade em presença de umidade. Algumas cultivares
de maça e cucurbitáceas são sensíveis ao produto
Mancozeb
Indicado para hortaliças e frutíferas em geral. Apresenta
efeito tônico em alho e cebola, aumentando
substancialmente a produção mesmo na ausência de
doenças. Indicado para o controle do ácaro da falsa
ferrugem dos citros.
Chlorothalonil
Fungicida de amplo espectro com boa atividade contra
oomicetos
(Phytophthora
spp.),
ascomicetos
(Botryotinia,
Mycosphaerella,
Dydimella),
basidiomicetos (ferrugens) e fungos imperfeitos
(Alternaria solani e Colletotrichum gloeosporioides).
Apresenta boa persistência, apesar da considerável
remoção inicial do depósito pela chuva.
Dicloran
Baixa toxicidade aguda a animais, seletivo para fungos
formadores de escleródios (Sclerotinia, Botryotinia,
Monilinia) e para Rhizopus, comumente envolvido em
podridões de frutas e hortaliças. Apresenta baixa
fitotoxicidade. Deve-se, porém, evitar pulverizações nas
horas mais quentes do dia e misturas com formulações
inseticidas oleosas.
Compostos heterocíclicos
nitrogenados
Protetores
adicionais
orgânicos
Captan
Controla grande número de doenças de frutas,
hortaliças e plantas ornamentais. Por não afetar
negativamente a qualidade do produto, tem sido
empregado no controle de doenças de maçã, pêra,
pêssego, ameixa, morango e uva. É relativamente
ineficiente contra míldios, oídios e ferrugens. De amplo
uso tratamento de sementes, tendo em vista a proteção
contra Pythium spp. e Rhizoctonia solani, importantes
causadores de damping-off.
Folpet
Relacionado ao Captan porém mais eficiente no
controle de mancha preta e oídio da roseira e podridão
parda do pêssego. Eficiente no controle de sarna da
macieira e antracnose e míldio de cucurbitáceas. Em
condições de alta temperatura e alta umidade, doses
elevadas podem ocasionar injúrias em videira e em
plântulas de cucurbitáceas.
Dyrene
Controla doenças de tomateiro, batata e aipo, com um
amplo espectro de ação fungitóxica. No tomateiro
apresenta alta eficiência contra pinta preta e septoriose
e menor eficiência contra requeima. Mais utilizado
comercialmente sobre gramados para controlar
helmintosporioses, fusariose e rizoctoniose.
Dodine
Introduzido para controlar sarna da macieira, apresenta
alta fungitoxicidade inerente e destaca-se pela
capacidade de melhorar a cobertura por redistribuição.
Além disso, tem certa ação curativa, conseguindo
eliminar o fungo da sarna da macieira 28 horas após a
infecção.
Dichlofluanid
fungicida de amplo espectro, particularmente eficiente
no controle de Botrytis spp., agente de mofo cinzento,
em culturas frutíferas e ornamentais.
c) Fungicidas sistêmicos ou curativos
Fungicidas dos dois grupos anteriores, tendo uma limitada capacidade de penetração através
da cutícula do hospedeiro ou sendo aplicado em condições que atenuam a fitotoxidez, não entram em contato
com o protoplasma vivo do hospedeiro e, assim não necessitam ser específicos para atuarem seletivamente
contra o patógeno.
No caso de fungicidas curativos, entretanto, salvo algumas exceções, é importante que não sejam
fitotóxicos, tenham alta capacidade de penetração e sejam translocados, uma vez que devem atuar
predominantemente atuar dentro da planta.
Os conhecimentos atuais levam a admitir que eles se movem, fundamentalmente, pelo
apoplasto, termo que se refere ao conjunto não vivo na planta (paredes celulares, intercelulares, xilema), de
forma ascendente (acropetal).
Em consequência de seu movimento via apoplasto, dependente da transpiração os fungicidas
sistêmicos acumulam-se nas margens das folhas, enquanto que se dá uma diminuição da sua concentração na
parte central daquelas e nos caules. Geralmente, a movimentação no simplasto (floema e protoplasma) é‚
reduzida ou nula e, portanto, a movimentação basipetal (descendente) também o seja.
No caso de fungicidas aplicados no solo, dá-se a absorção passiva pelas raízes, o transporte
através do xilema do caule e das folhas e nestas o movimento faz-se para as regiões de evaporação, através
das paredes celulares, resultando, assim, a acumulação dos fungicidas no vértice e nas margens das folhas.
A densidade dos estômatos desempenha um papel importante afetando a distribuição do fungicida
dentro dos tecidos. Por exemplo, as pétalas, sem estômatos, não são irrigadas por fungicidas e o mesmo
acontecerá aos frutos com índice de transpiração baixo relativamente as suas dimensões, como por exemplo o
tomate e as vagens de feijão.
Evidentemente que fungicidas com possibilidade de circulação no simplasto teriam vantagens
sobre os que são transportados no apoplasto visto que seriam facilmente distribuídos dentro da planta, e o
movimento descendente daria maior possibilidade no controle das doenças, pois, permitiria que um produto
aplicado nas folhas fosse transportado para as raízes.
Todos os fungicidas sistêmicos são potencialmente capazes de agir curativamente, entretanto,
na prática, observa-se que sob o ponto de vista epidemiológico, o mais importante princípio de controle
envolvido na aplicação de fungicidas sistêmicos é o da imunização, porque o fungicida circulando na seiva e
estando presente nos locais passíveis de infecção torna a planta resistente aos patógenos..
Como exemplo de imunização cita-se a possível formação da fitoalexina, hidroxiphaseolina, em soja
tratada pela parte não fungitóxica do Benomyl, a butilamina. O princípio ativo do Benomyl seria benzimidazol
carbamato.
Alguns antibióticos têm sido utilizados contra as doenças bacterianas. As plantas de feijoeiro
se protegem da mancha do halo tratando-as com estreptomicina. A agrimicina (estreptomicina mais
oxitetraciclina) exerce atividade sistêmica contra a bactéria da queima da pereira (Erwinia amylovora): o
problema é que as bactérias adquirem resistência rapidamente aos antibióticos. Os principais fungicidas
sistêmicos são apresentados na Tabela 7.
Tabela 7 – Principais fungicidas sistêmicos ou curativos
GRUPO
PRODUTO
CARACTERÍSTICAS / INDICAÇÕES
Carboxamidas
Carboxin
Para tratamento de sementes de cereais (contra carvões e
cáries), de amendoim e de hortaliças (Rhizoctonia solani).
Oxicarboxin
Semelhante ao carboxin, porém de fungitoxidade mais baixa e
mais estável. Controla ferrugens, particularmente no feijoeiro.
Pyracarbolid
Semelhante ao dois outros componentes do grupo, porém com
potência levemente maior. Formulações oleosas tendem a ser
fitotóxicas em algumas variedades de feijão e de cravo.
Benomyl
Propriedades preventivas e curativas contra um amplo
espectro de fungos, dentre os quais os ascomicetos e os fungos
imperfeitos (exceto dematiáceos). Alguns basidiomicetos,
particularmente agentes de carvões e cáries, são muito
sensíveis.
Carbendazin
Semelhante ao benomyl porém menos eficiente no campo no
controle das mesmas doenças.
Benzimidazois
Dicarboximidas
Inibidores de
síntese de
esteróis
Tiofanato
metílico
Semelhante ao benomyl
Thiabendazole
Um dos poucos produtos permitidos em tratamentos póscolheita de muitas frutas, como mamão e banana.
Amplamente utilizado em tratamento de sementes.
Iprodione
Em tratamento de sementes, do solo e de partes aéreas de um
grande número de culturas: alface (podridão de Sclerotinia),
alho (podridão branca), batata e tomate (pinta preta), cebola
(mancha púrpura), cenoura (queima das folhas), pêssego
(podridão parda), crisântemo, morango, videira (mofo
cinzento)
Vinclozolin
Tem o mesmo espectro antifúngico do iprodione, sendo,
portanto, recomendado para o controle de doenças causadas
por Botrytis, Sclerolinia, Sclerotium, Monilinia e Phoma.
Procimidone
Idêntico aos dois anteriores
Bytertanol
Controla a ferrugem do gladíolo e sarna da macieira.
Cyproconazole
Controla a ferrugem do cafeeiro com alta eficiência (excelente
controle a baixa dose de 40 a 100 g por hectare)
Propiconazole
Controla doenças do amendoim (cercosporioses), banana (mal
de Sigatoka), café (ferrugem), seringueira (mal das folhas),
cevada e trigo (helmintosporioses, septorioses, ferrugens e
oídio), sendo preferido na cultura do trigo em função de seu
espectro de ação e de sua alta eficiência.
Tebuconazole
Controla doenças de cereais de inverno, particularmente trigo,
onde tem bom desempenho contra ferrugens,
helmintosporioses, septorioses, oídio, giberela e brusone.
Triadimefon
Controla ferrugens (café, trigo, alho, gladíolo), oídios
(cucurbitáceas e de cereais de inverno), sarna da macieira, etc.
Triadimenol
Em tratamento de sementes de cereais (cevada e trigo),
visando controlar cáries, helmintosporioses e oídios.
Tridemorph
Específico para oídios em cucurbitáceas e cereais. Em cevada,
tem mostrado alta eficiência, numa dosagem de 500 a 600 g do
princípio ativo/ha, apresentando poder residual de 4 a 5
semanas.
Triforine
Altamente eficiente no controle da sarna da macieira,
ferrugem da roseira e oídios em geral.
Inibidores de
oomicetos
Inibidores da
biossíntese de
melanina
Fosforados
orgânicos
Propamocarb
Tratamento erradicante do solo e protetor de sementes e
plântulas, contra fungos dos gêneros Pythium e Phytophthora,
somente na floricultura. Exibe boa atividade em rega, contra
míldios de cucurbitáceas, alface, crucíferas e cebola. Mais
eficiente contra Phytophthora do que contra Pythium.
Cymoxanil
Controla requeima da batata e do tomateiro, míldio da videira
e requeima e cancro estriado do painel da seringueira. Boa
atividade preventiva e curativa contra míldios de videira e
cucurbitáceas e requeima do tomate e da batata.
Especialmente para míldio da videira, apresenta notáveis
efeitos curativos.
Metalaxyl
Recomendado no controle de requeima da batata e do tomate,
míldio da videira e da roseira e requeima da seringueira. Em
batata para controle da requeima pode ser aplicado na
dosagem de 200 a 250 g de i.a/ha. É vulnerável ao surgimento
de populações resistentes do patógeno, devendo ser
formulado junto com um fungicida protetor (mancozeb,
cúprico ou chlorothalonil).
Efosite
Controla doenças causadas por Phytophthora em abacaxi,
abacate e citros. Não apresenta boa atividade contra requeima
da batata e do tomateiro, mofo azul do fumo e podridão
radicular da soja.
Bin
Altamente eficiente no controle da brusone do arroz, mas sem
efeito sobre outras doenças da cultura. A recomendação usual
é a pulverização foliar na dosagem de 200 a 250 g de i.a./hae,
aplicado no final do emborrachamento. Havendo necessidade,
pode-se fazer uma segunda aplicação, 21 dias após.
Pyroquilon
Formulado em pó molhável, com 50% de princípio ativo,
recomendado para tratamento de sementes de arroz e de
trigo, visando ao controle da brusone. Em arroz, apenas uma
aplicação de 800 g do produto comercial por 100 kg de
semente garante um período de controle de mais de 55 dias,
com um aumento médio de produção de 30%
IBP
Controla eficientemente a brusone do arroz, não apresentando
fitotoxicidade quando aplicado adequadamente. Possui
também efeito inseticida. Recomendado em aplicações foliares
(2 a 3 pulverizaçôes) ou, preferivelmente, na água do tabuleiro,
em formulação granular.
Pyrazophos
Especifico a oídios, recomendado para cucurbitáceas, frutíferas
e ornamentais. Absorvido pela folhagem e ramos novos,
transloca-se na planta. Não é absorvido pelas raízes, não
podendo ser aplicado via sementes ou solo.
Antibióticos
Aureomicina
Eficiente no tratamento de sementes de crucíferas, com ação
terapêutica contra Xanthomonas campestris pv. campestris,
agente da podridâo negra das crucíferas. Imergir as sementes
por 30 minutos em uma suspensão comtendo 1 a 2 g do
antibiótico por litro de água; em seguida, por mais 30 rninutos,
em uma solução salina (20 g de sal de cozinha por litro de
água), para evitar fitotoxicidade.
Blasticidina
Sistemicamente ativo contra bactérias e fungos,
particularmente Pyricularia oryzae, agente da brusone do
arroz. É mais fungitóxica para o crescimento micelial do que
para germinação dos conídios desse fungo.
Cicloheximida
Uuso limitado pela fitotoxicidade e pelo preço. Eficiente contra
oídios em plantas ornamentais e ferrugem do pinheiro branco
Estreptomicina
alguma eficiência no controle de crestamentos bacterianos do
feijoeiro e da soja, canela preta da batata, mancha angular do
pepino, podridão negra das crucíferas, cancro do tomateiro,
podridão mole da alface, requeima da batata e do tomateiro,
míldio do brócolis e oídio da roseira. A eficiência é melhorada
pela adição de 1% de glicerol e pela associação com cobre.
Mais comum é no tratarnento de sementes pois aplicações
aéreas são de alto custo.
Kasugamicina
Desenvolvido para controle de brusone do arroz, com alta
fungitoxicidade a Pyricularicz orizae, semelhante à da
blasticidina; atua também sobre bactérias fitopatogênicas do
gênero Pseudomonas.
4.5.4. Resistência de fungos a fungicidas
O número de fungos fitopatogênicos resistentes a fungicidas, antes do advento dos fungicidas
sistêmicos, era surpreendentemente pequeno. Assim, até por volta de 1967, problemas de resistência de
fungos a fungicidas, em condições de campo, se limitavam a alguns relatos, dentre os quais o de Penicillim
digitatum e P. italicum em relação ao bifenil e ao ortofenilfenato de sódio; de Tilletia foetida em relação ao
BHC, ao quintozene ou PCNB e ao tetracloronitroanisol; de Pyrenophora avenae em relação aos
organomercuriais.
Acredita-se que os problemas de resistência de fungos a fungicidas têm sido causados devido a uso
amplo e contínuo de fungicidas. Com o desenvolvimento de fungicidas sistêmicos o que equivale dizer,
fungicidas mais específicos no seu modo de ação, como já era esperado, o problema de resistência assumiu
interesse prático relevante. A seletividade, que permite a um fungicida atuar de maneira sistêmica na planta,
aumentando sua eficiência em relação aos não-sistêmicos, é, ao mesmo tempo, a causa de sua
vulnerabilidade.
Hoje, o número de relatos de fungos resistentes a fungicidas, mesmo levando em consideração
somente a ocorrência em condições de campo é bastante grande e está em constante ascensão. Assim, desde
já se conhecem linhagens de fungos, antes sensíveis, que se tornaram resistentes a benomyl, tiofanato
metílico, thiabendazole, ethirimol, dodine e kasugamicina, entre outros. O maior número de relatos se
relacionam aos benzimidazóis, envolvendo, mais freqüentemente, os fungos Botrytis cinerea, Cercospora spp,
oídios, Venturia inaequalis, Verticillium spp.,e Penicillium.
Os fungos são organismos geneticamente maleáveis e podem, através de mutações, tornarem-se
resistentes a fungicidas específicos que atuam em um ou poucos processos metabólicos vitais. Com isto,
linhagens resistentes aparecem na população de sensíveis através de mutações espontâneas, sendo então
selecionadas pela aplicação do fungicida. Não se descarta, porém, a possibilidade de mutações serem
provocadas pelo próprio fungicida, se bem que faltam ainda estudos que demonstrem inequivocamente a
capacidade mutagênica de tais produtos.
As conseqüências do desenvolvimento de populações de fungos resistentes a fungicidas podem ser
desastrosas, tanto para o usuário, que pode perder toda sua produção por falta de um sucedâneo de eficiência
equivalente, quanto para o fabricante, que investiu alto na sua descoberta e no seu desenvolvimento. É
importante, portanto, que essas novas e poderosas armas do arsenal químico sejam utilizadas com as
estratégias certas para diminuir esses riscos.
A pressão de seleção exercida pelo fungicida sistêmico é uma função da extensão e duração da
exposição, sendo tanto maior quanto maior a área tratada com apenas um princípio ativo específico; maior a
dosagem e o número de aplicações e, portanto, o poder residual do produto; maior a taxa de infecção da
doença e mais favoráveis às condições para ocorrência de epidemias.
Fungicidas para os quais se esperam problemas de resistência não devem ser usados contra doenças
que sejam adequadamente controladas com fungicidas convencionais (protetores) ou com outros métodos de
controle. Devem ser usados contra doenças em que a população do patógeno resistente aumenta só
lentamente, ou pode ser controlada por uma combinação de fungicidas e métodos culturais; o controle possa
ser obtido a uma baixa pressão de seleção (uma ou duas pulverizações/ estação).
Dentre as Estratégias para prevenção da resistência de fungos, incluem-se:

Emprego de fungicidas menos específicos

Restringir a aplicação do fungicida vulnerável a períodos críticos;

Reduzir a quantidade aplicada e a freqüência de aplicação a um mínimo necessário para
controle econômico;

Reduzir o período de contato e exposição do patógeno ao fungicida;

Limitar a área tratada com qualquer fungicida isoladamente;

Restringir a multiplicação de formas resistentes pelo uso de um segundo fungicida (em
mistura), de preferência um inibidor inespecífico;

Usar dois fungicidas específicos em seqüência e não em mistura, quando adaptabilidade da
forma resistente é menor do que a da sensível

Realizar monitoramento para detectar a presença de linhagens resistentes e mudando
métodos de controle antes que falhem.
Informações acerca de resistência de fungos a fungicidas podem ser encontradas no website do
FRAC - Fungicide Resistance Action Comittee (http://www.gcpf.org/frac) que é um comitê formado por grupos
de trabalho, com o objetivo de prolongar a efetividade dos fungicidas vulneráveis de encontrar resistência e
limitar as perdas da culturas. É importante que os diversos segmentos envolvidos no controle químico de
doenças de plantas estejam conscientes dos problemas, causas e soluções. Segundo Azevedo (2001) o
treinamento por meio de cursos, palestras e publicações a respeito do assunto é fundamental para todos os
profissionais envolvidos tanto na assistência técnica para agricultores.
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CONTROLE DE DOENÇAS DE PLANTAS