JORNAL DA
associação
médica
Página 8 • Junho/Julho 2008
ENSINO
Faculdades de medicina do Estado têm
Arquivo Uniube
O Ministério da Educação (MEC) divulgou,
no início de maio, o resultado do Exame
Nacional de Desempenho de Estudantes
(Enade), avaliação que integra o Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior
(Sinaes). Segundo o MEC, o exame tem o objetivo de aferir o rendimento dos alunos dos
cursos de graduação em relação aos conteúdos programáticos, suas habilidades e competências, numa escala de 1 a 5.
Em Minas Gerais, foram avaliadas 13 faculdades de Medicina. Dentre as 17 instituições que obtiveram notas baixas e que serão
supervisionadas pelo MEC, está a Universidade
de Uberaba (Uniube), com notas 2 no Enade
e 2 no Indicador de Diferença de Desempenho (IDD).
Em Belo Horizonte, participaram do Enade
2007 a Faculdade de Medicina da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), com conceitos próximo à nota máxima, tanto no Enade (4
pontos) quanto no IDD (4 pontos) e a
Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais:
Enade (3 pontos) e IDD (3 pontos). (Confira,
na página ao lado, a lista com as 13 faculdades
de Minas avaliadas).
Para a pró-reitora da Uniube, Inara Barbosa
Pena Elias, a nota atribuída ao curso de medicina da universidade não corresponde à imagem consolidada durante 10 anos de atividades e se deu, provavelmente, a uma baixa adesão de alunos ao Enade, por razões ainda não
esclarecidas. “Essa avaliação, isoladamente, não
reflete a real situação do curso, uma vez que
obteve bons conceitos em outras avaliações
realizadas pelo MEC”, explica.
Barbosa adianta que foram analisadas todas as questões que compuseram a prova e sua
relação com as competências previstas no plano de ensino da universidade. “O resultado dessa análise revelou que todos os conteúdos foram devidamente abordados ao longo do curso, em diversas situações práticas e teóricas.
A pró-reitora da Uniube, Inara Barbosa, acredita
que o conceito ruim foi conseqüência da baixa
adesão de alunos ao Enade
Revelou ainda que os princípios que fundamentam o projeto pedagógico do curso, assim
como a sua organização didático-pedagógica,
são absolutamente compatíveis com as questões formuladas no Enade”, justifica.
Além desses aspectos, a professora ainda
pontua que a avaliação de outras habilidades,
como a de relacionar aspectos preventivos,
diagnósticos e curativos, também são alvo do
curso e estavam presentes nas perguntas. “Sem
deixar de citar que as questões foram consideradas pelo corpo docente do curso de níveis
fácil e médio. Não há motivo para essa nota.”
Para o coordenador do colegiado do curso de medicina da UFMG, professor André
Cabral, não é possível definir a qualidade do
ensino de uma faculdade somente por uma úni-
ca avaliação, mesmo ela sendo importante. “O
Enade integra o Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior e é um dos instrumentos, dentro de uma cesta, que avalia diversos
cursos no País. Apesar de ser uma prova bem
feita, não atinge todas as diretrizes curriculares
do exercício da medicina”, afirma.
Cabral acredita que a prova não leva em
conta as capacidades afetivas e psicomotoras
do futuro médico, como por exemplo, a relação médico-paciente. “É uma avaliação meramente teórica, que se baseia nas competências
cognitivas. Também é impossível, em um único dia, por meio de uma prova escrita, medir
a competência dos seis anos de um curso de
medicina”, enfatiza o coordenador, que não se
preocupa com a queda de um ponto em relação ao resultado do ano passado.
Pensamento semelhante tem o diretor de
ensino da Faculdade de Ciências Médicas, Paulo
Emílio Tupy da Fonseca, que vê no Enade uma
avaliação de habilidades individuais e que, portanto, não exprimiria o resultado coletivo. “A
prova é aplicada por amostragem e nela podemos ter tanto alunos bons, quanto ruins.
Acho que esse já é um ponto de partida, mas
não podemos dizer que esse ou aquele curso
seja bom ou ruim com base somente nesse índice. A instituição precisa ser avaliada como
um todo, a partir de sua grade curricular, seu
corpo docente, instalações e uma outra série
de critérios. Conforme a última avaliação do
MEC que tivemos, nossa estrutura continua
contribuindo para a formação de excelentes
médicos”, reforça Fonseca.
De acordo com o diretor de ensino, antes
de aplicar qualquer tipo de avaliação, é preciso se preocupar com a formação desses profissionais e, por sua vez, com a abertura indiscriminada de escolas médicas. “Não adianta
abrir uma faculdade em cada esquina sem estabelecer critérios rígidos. Estamos falando em
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