TRATAMENTO DE LODO PRODUZIDO PELA ETA FONTE TEMA I: ÁGUA AUTORES: ENG.º JOSÉ ROBERTO MECIANO JUNIOR (1) ENGº. FERNANDO HENRIQUE LOURENCETTI (2) ENGº WILIAN THOMAZ MARÉGA (3) ENGº JOSÉ BRAZ SCOGNAMIGLIO (4) ENG.º WELLINGTON CYRO DE ALMEIDA LEITE (5) APRESENTAÇÃO: Fernando Henrique Lourencetti(2) (2) Engenheiro Civil formado pela Faculdade de Engenharia Civil de Araraquara em 1996; Engenheiro Civil do quadro técnico da Gerência de Engenharia do Departamento Autônomo de Água e Esgotos de Araraquara – SP de junho de 2004 ao presente. Endereço para correspondência: DAAE - Departamento Autônomo de Água e Esgotos de Araraquara Rua Domingos Barbieri, n.º 100 – Fonte – Araraquara – SP – CEP-14.802-510 (16) 3324-9529 – Fax (16) 3324-4571 e-mail: [email protected] Autorizo a publicação deste trabalho pela ASSEMAE. “TRATAMENTO DO LODO PRODUZIDO PELA ETA FONTE” 1. INTRODUÇÃO Um dos maiores problemas da sociedade atual é a geração de resíduos. Como é sabido, nos processos de tratamento de água em ETA, as descargas dos decantadores e lavagens dos filtros geram grandes volumes de resíduos que não possuindo um tratamento adequado, produzem efeitos impactantes no meio ambiente. A ETA Fonte (Estação de Tratamento de Água Fonte Luminosa) é do tipo ciclo completo, compreendendo unidades independentes no corpo geral da estação como caixa de chegada de água bruta, câmara de oxidação e câmara de adsorção. No processo de tratamento de água, as lavagens dos filtros e descarga de decantadores são procedimentos comuns e necessários à limpeza dos elementos do sistema, sendo o descarte dos resíduos formados a que denominamos de Lodos de Estação de Tratamento de Água. 2. OBJETIVO O sistema projetado visa impedir em definitivo o lançamento dos resíduos (lodos) diretamente no Córrego da Servidão no município de Araraquara, como ocorre atualmente. Outro fator preponderante é atender as legislações ambientais vigentes, no que tange a políticas sustentáveis de preservação dos recursos hídricos e a conservação do meio ambiente. 3. METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO O presente trabalho foi baseado no projeto executivo elaborado pela empresa HIDROSAN Engenharia S/C Ltda., através de processo licitatório do tipo menor preço, sendo a responsável técnica pelo projeto a Engenheira Civil Ângela Di Bernardo Dantas. De uma maneira geral, o processo consiste em encaminhar os resíduos gerados pelas lavagens dos filtros e descargas dos decantadores a um tanque em formato circular destinado a receber os resíduos, para homogeneização, regularização das vazões de descarte e bombeamento para as redes coletoras de esgotamento sanitário, sendo o encaminhamento realizado a partir deste ponto por gravidade através da malha coletora existente (interceptores) até a ETE Araraquara. TANQUE DE REGULARIZAÇÃODEVAZÃO 2 0 5.0 Ø1 FL. 03 2.80 x 1.20 h= 1.50 691.200 C. FUNDO 2 FL. 03 DI 200 FD - L= 1.30 DI 100 FD - L= 2.95 ( RETORNO) DI 150 FD L= 1.36 691.700 C. FUNDO MISTURADOR SUBMERSÍVEL mm 250 DN ILFORT VIN PVC 701.400 TERRENO MEDIDOR DEVAZÃO Ø0.60m - CONCRE TO 696.250- G.I. CHEGADA 0.3 Figura 1 – Vista em planta do tanque de regularização de vazão. 701.400 TERRENO 0.25 0.25 1.1 1 10 696.000 N.A. MÁX. 692.000 N.A. MIN. - DESLIGA BOMBA 691.700 FUNDOTANQUE 0.3 2 2 694.000 LIGA BOMBA Ø15.00 Figura 2 – Vista em corte do tanque de regularização de vazão. A ETA Fonte Luminosa possui dois decantadores de alta taxa, com perfis retangulares. Cada decantador possui quatro conjuntos de três válvulas (uma maior ao centro, e duas menores nas laterais), como mostra a Figura 3 Quatro conjuntos de válvulas para descargas dos decantadores, com três vávulas cada Um conjunto de três válvulas, a maior delas disposta ao centro Figura 3 – Vista lateral e frontal das descargas dos decantadores. Para a realização de uma descarga de fundo de um dos decantadores, as três válvulas de cada conjunto são abertas durante 5 minutos, um conjunto por vez em seqüência. Normalmente o DAAE, realiza, duas descargas por dia em cada decantador. Para o dimensionamento do tanque de regularização de vazão foi levantado o volume de descarga de um decantador realizado através da abertura de um dos conjuntos de três válvulas situados ao fundo do decantador durante o tempo de 5 minutos. Neste tempo, a vazão afluente no decantador foi de 166 l/s, onde então anotou-se o rebaixamento do nível interno da calha.Através de uma régua instalada na parte interna do decantador, mediu-se o rebaixamento do nível de água durante a lavagem, como mostrado a seguir. . Figura 4: Vista da régua instalada na parte interna do decantador, ao lado da calha de coleta. Dos cálculos resultou em um volume de resíduos gerados durante a descarga de um decantador da ordem de 320 m³. Para determinação do sistema de bombeamento requerido e do volume do tanque de recepção (homogeneização e regularização das vazões), considerou-se a descarga simultânea dos dois decantadores, duas vezes ao dia e a lavagem de quatro filtros por dia, igualmente espaçada no intervalo de tempo mínimo de duas horas. Contudo, o volume mínimo para o tanque resultou em 860 m3. Considerando o sistema operando em regime crítico (época de chuvas) e conseqüentemente gerando maior quantidade de lodo, previu-se a diminuição do intervalo entre as lavagens de filtros e as descargas dos decantadores, mostrados na Figura 5. O bombeamento do lodo, neste caso, deverá ser feito durante 18 horas por dia (das 6 às 24 h). Figura 5 – Fluxograma do sistema para a época de maior produção de lodo. Considerando o sistema operando em regime menos crítico (época de estiagem) e conseqüentemente gerando menor quantidade de lodo, previu-se o aumento no intervalo entre as lavagens de filtros e as descargas dos decantadores, mostrados na Figura 6. O bombeamento do lodo, neste caso, deverá ser feito durante 10 horas. Figura 6 – Fluxograma do sistema para a época de menor produção de lodo 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Por se tratar de um projeto em fase de implantação e considerando os resultados obtidos através das análises realizadas na ETA Fonte, quando da elaboração dos projetos, a previsão da concentração de sólidos suspensos presente no resíduo gerado, adotou-se três parâmetros físicos da água presente no tanque que descrevemos a seguir: Situação 1: água de uma lavagem de filtro e descarga de um decantador; Situação 2: água de descarga de um decantador e o restante do volume com água de lavagem dos filtros. Situação 3: 85 % de água de descarga dos decantadores e 15% de água de lavagem de filtro. Tabela 1 – Resultados do cálculo da concentração de sólidos dissolvidos esperadas para o resíduo final. Cd (Concentração de sólidos Cf (Concentração de sólidos suspensos na água de descarga suspensos na água de lavagem do decantador). dos filtros). (mg/L) 1569 555 Sólidos Suspensos Fixos (mg/L) 1323 465 Sólidos Suspensos (mg/L) 246 90 Parâmetros Unidade Sólidos Suspensos Totais Voláteis Tabela 2 – Resultados do cálculo da concentração de sólidos dissolvidos esperadas para o resíduo final. Água de Água de lavagem do descarga do Filtro Decantador --- 3 3 Parâmetros Unidade Vf (m3) Vd (m ) Situação 1. Situação 2. Situação 3. --- 170 380 105 --- --- 320 320 595 Vtotal (m ) --- --- 490 700 700 Sólidos Suspensos (mg/L) 555 1569 1217 1019 1417 (mg/L) 465 1323 1025 857 1194 (mg/L) 90 246 192 161 223 Totais Sólidos Suspensos Fixos Sólidos Suspensos Voláteis Espera-se que o resíduo gerado tenha concentração final de sólidos suspensos totais entre 1.000 a 1.500 mg/l. 5. CONCLUSÕES A finalidade demonstra a viabilidade técnica em adotar um sistema que tem por finalidade armazenar, controlar, regularizar e transportar todo lodo gerado pela ETA Fonte a ETE – Araraquara através das redes interceptoras existentes. O sistema descrito orçado atualmente em R$ 1.350.000,00 demonstra a redução nos custos de implantação e operação, se comparados a sistemas de tratamento e disposição convencionais de lodo, cujos valores levantados pelo DAAE, inviabilizaram tal alternativa. 6. BIBLIOGRAFIA AZEVEDO NETTO, José Martiniano de, 1998. Manual de hidráulica – Editora Edgard Blucher. BERNADO, Luiz Di, DANTAS, Ângela Di Bernardo Dantas, 1993. Métodos e técnicas de tratamento de água – Editora Rima. HIDROSAN Engenharia S/C Ltda., Projeto Executivo do Sistema de Tratamento de Lodo da ETA Fonte – Abril/2007. RICHTER, Carlos A., 2001. Tratamento de lodos de estações de tratamento de água. – Editora Edgard Blucher Ltda. RICHTER, Carlos A., AZEVEDO NETTO, José. Martiniano de, 1991. Tratamento de água – Editora Edgard Blucher Ltda.