Ciclo de Palestras do Clube de Xadrez de Curitiba - 09 de Fevereiro de 2011 XADREZ OPERACIONAL - SACRIFÍCIO POSICIONAL DE PEÃO ESTRATAGEMA DOS 2 PEÕES Henrique Marinho [email protected] INTRODUÇÃO estes um dos mais interessantes é aquele que denomino "estratagema dos dois peões". O sacrifício posicional de peão-SpP, que não toma parte na combinação, é apenas um mecanismo de desenvolvimento do plano de jogo na elementar atividade da criação de linhas de comunicações, exterior (LEC) ou interior (LIC). D2) Configuração do estratagema D1) Gelfand, B. (2675) - Markowski, T (2525) D3) Efeitos operacionais sobre os bispos Polanica Zdroj, 1998 O SpP, que libera e4 para o c3, significa para esta peça a criação de uma LEC em direção ao campo negro. "É evidente que se 22...xe5 23.e4 seguiria igual à partida e nem o peão a mais teriam" (Câmara 2006, p. 87). Com o lance do texto negras aceitam o SpP e entram numa situação restringida. "Nem há melhor para defender o cavalo de d7, que defende o peão de e5, que impede a entrada da torre branca, que ... Em outras palavras, uma alfinetada aí e essa bexiga toda vai pelos ares" (idem, p. 87). Fortalecendo a casa d6 para a ocupação do e4 criando um "posto avançado" (Lima et al, p. 118). Toda essa movimentação do c3, real ou potencial, mostrou o SpP na sua função de criar LEC para essa peça. ESTRATAGEMA DOS DOIS PEÕES Estratagema é uma "tática sorrateira" (Senger, p. 11). Do ponto de vista operacional é uma astuciosa "petite combinaison" para conquistar um objetivo limitado. O assunto SpP, embora muito diversificado, tem como mote básico a conquista de um objetivo limitado e, no presente caso, a criação de linhas de comunicações. Tomando o objetivo limitado como "link" podemos estudar o SpP a partir dos estratagemas a ele associados. E dentre O diagrama D3 é o D2 com bispos e os pontos assinalando os movimentos de interesse de ambos, cortados em e4. D4) Criação de linhas de comunicações Ciclo de Palestras do Clube de Xadrez de Curitiba - 09 de Fevereiro de 2011 HENRIQUE MARINHO - SACRIFÍCIO POSICIONAL DE PEÃO: ESTRATAGEMA DOS DOIS PEÕES D7 É isso aí, "liberou geral"! Após 1.e5 (avanço de peão) criam-se as LEC de ambos os bispos assinaladas em D4 e ainda a casa d5 para o cavalo negro geralmente em f6. Para evitar essa explosão operacional descontrolada, brancas optam por um SpP no marco do estratagema dos dois peões. Voltando ao diagrama D2, brancas jogam: Com a intenção de fazer um SpP! D5 "Melhor era 20...bxa4 21.xa4 h6. Após o lance do texto brancas descobrem uma solução com um ataque poderoso" (Euwe, p. 93). Na realidade Keres estava naquele momento introduzindo na teoria o estratagema dos dois peões! D8 D6) Estratagema dos dois peões Seria melhor 22...e4 23.e6! embora brancas prossigam com seu ataque, negras ainda continuariam vivas. O lance do texto corta momentaneamente uma LIC negra, no caso a da dama da defesa de seu rei. Brancas sacrificaram um peão (SpP) mantendo suas LEC antes assinaladas (D4) e cortaram as do bispo negro também como em D4. Importante confirmar o bloqueio da casa d5 impedindo d5, que após 1.e5! terá de retroceder a d7 ou e8, nos dois casos cortando suas próprias LIC. O diagrama D6, do ponto de vista operacional, é drasticamente ou dramaticamente diferente do diagrama D4! Se 23...h6 24.e6! hxg5 25.exf7+ xf7 26.e7+ ganhando. Nesta linha fica patente a importância do corte da LIC negra. Agora brancas arrematam a partida. KERES, P. - FINE, R. Ostend 1937 BOTVINNIK, M. - POMAR, A. Olimpiadas de Varna, Varna 1962 Esta é a clássica Defesa Semi-Tarrasch (ECO D41) a maior fonte deste tipo de configuração de peões que por ser marcante foi denominada como "centro neo-clássico" (Euwe 1994, p. 93). (ver diagrama D9) Nesta posição temos a mesma estrutura que vimos do diagrama D2, ou seja, a configuração de peões que caracteriza a 2 Ciclo de Palestras do Clube de Xadrez de Curitiba - 09 de Fevereiro de 2011 HENRIQUE MARINHO - SACRIFÍCIO POSICIONAL DE PEÃO: ESTRATAGEMA DOS DOIS PEÕES possibilidade da aplicação do "estratagema dos dois peões" mas deslocado uma coluna para a direita. situado após o SpP no estratagema do dois peões. Como sempre acontece, no fundo encontramos a questão da iniciativa e da coordenação das peças, vale dizer brancas não se descuidam da enxadrística da posição! E é justamente no setor da enxadrística da posição que constatamos o déficit causado pela aplicação do estratagema dos dois peões. D9) Configuração do estratagema Por fim conseguem a vantagem de um peão, mas em seguida brancas arrematam a partida com a seguinte decisão tática: Se 31...a8 31.c8# POLUGAEVSKY, L. - TAL, M Moscou 1969 Mesmo a possibilidade de O-O-O das negras, ainda assim é possível o SpP no estratagema dos dois peões. D11) Configuração do estratagema como em D2 D10) Estratagema dos dois peões D12) Momento da aplicação do estratagema Notar a sequência dos acontecimentos: primeiro o SpP 12.e5!; depois da aceitação do sacrifício segue o avanço do outro peão (13.f5), cujo resultado é o corte de LEC negras, a criação de novas LEC brancas e corte de LIC negras pelo retorno do e6. O bispo acrescenta mais um corte na LIC da 7.ª fila. Se o rei negro, descontado seu poder defensivo, também estivesse nessa ala poderia haver um agravamento na posição negra. Observar a criação da LEC para este cavalo que agora se desloca em direção ao campo adversário. Brancas realizam uma concentração ofensiva de força-COF contra a ala de rei, um ataque lateral. Se o monarca negro estivesse no setor, seria um clássico ataque ao rei. Um SpP nos termos do estratagema dos dois peões, mas agora vejam: Hiarcs analisando a posição D12 faz seis sugestões nessa ordem: 16.h4; 16.f4; 16.e3; 16.e2; 16.h3 e 16.c1 indicando igualdade em todas as variantes. Em outras palavras, Hiarcs na velocidade "megabaites" de meu computador não conseguiu vislumbrar, desconfiar, nem ensaiar o SpP 16.d5! ainda que nos termos do estratagema dos dois peões. Brancas recuperam seu peão sacrificado mas é comum após o SpP surgirem novos sacrifícios. Brancas defendem sua dama atacando o d6 graças ao e4 aí 3 Ciclo de Palestras do Clube de Xadrez de Curitiba - 09 de Fevereiro de 2011 HENRIQUE MARINHO - SACRIFÍCIO POSICIONAL DE PEÃO: ESTRATAGEMA DOS DOIS PEÕES D13 D15) Decisão tática da partida Tomando por base os diagramas D4 e D6, observar o b7 cortado na sua ação central por seu próprio peão d5 e a criação das LEC para as peças brancas poderem se reunir em COF num ataque direto ao rei. O ESTRATAGEMA NA DEFENSIVA Este é um sacrifício (não uma combinação!) porque desenvolve o plano de jogo ataque ao rei pela criação de novas LEC nessa ala. A partida L'AMI, E (2628) - NAKAMURA,H (2751); Tate Stell, Wijk ann Zee 2011, chegou ao diagrama D16 após: 1.d4 f6 2.c4 e6 3.c3 b4 4.c2 0-0 5.a3 xc3+ 6.xc3 b5 7.cxb5 c6 8.g5 cxb5 9.e3 b7 10.f3 h6 11.h4 a6 12.d3 d6 13.0-0 bd7 14.fc1 b6 15.c7 fc8 16.xb6 xb6 17.g3 xc1+ 18.xc1 c8 19.xc8+ xc8 20.h3 e4 21.h2 f8 22.e1 d2! 23.f3 f5 24.c2 e7 25.f2 b6 26.e2 b3 27.b4 a5 28.c2 ac4 29.d3 a5 30.g3 d5 31.f2 g5 32.g4 a4! 33.e4 fxe4 34.fxe4 db6 Até aqui Hiarcs concordou com todos os lances seja como primeiras ou segundas opções. D14 D16 Segundo Hiarcs um erro! Deveria ter sido jogado 21...f5! que poderia levar ao empate após 22.h5+ xh5 23.e6 e7 24.h2+ h4 25.xg7+ g5 26.e6+ h5 27.g7+ e repetição de lances. O comentarista do Chessbase descreve este momento da seguinte forma: "Só há um único caminho para evitar a derrota, você consegue encontrá-lo? Não é fácil e não há dúvidas de que o GM holandês também estava apurado no tempo". Após este lance, brancas que vinham correndo atrás nas avaliações de Hiarcs, agora já estão à frente com um índice de + 0.73, equivalente a quase um peão a mais! "Não é isto que deve ser feito e se f3 falha devido a d2+. O movimento correto é 35.d5! A idéia é que depois que 35...exd5 brancas tem o recurso 36.e5!! dxe5 37.xe5! xe5 38.xb6 e o par de bispo das brancas combinado com o bispo mal das negras compensam o seu peão extra. Depois que o bispo branco vá a d4 não haverá nenhuma chance de ganhar mesmo que com o g7 sempre sendo ameaçando" (Chessbase). Se 22...xh5 23.g4+ g6 24.f5+ h6 25.xf7+ xf7 26.h5# Uma decisão tática é proposta às negras se estas desejarem defender seu cavalo com 27...a4: seguiria 28.h6+ g7 29.e7 e8 30.f5+ ganhando. 4 Ciclo de Palestras do Clube de Xadrez de Curitiba - 09 de Fevereiro de 2011 HENRIQUE MARINHO - SACRIFÍCIO POSICIONAL DE PEÃO: ESTRATAGEMA DOS DOIS PEÕES D17) Posição após 38.xb6 da análise Diante disso, a "petite combinaison", tanto quanto o estratagema, se ardis o serão apenas nessa sua natureza operacional. Somente quando a "petite combinaison" e o estratagema também decidirem o plano de jogo (uma função tática) é que poderão ser considerados elementos da tática! Compreeendo a dificuldade de aceitarem esta tese devido à força descomunal da doutrina "estratégia & tática" até hoje dominante na literatura enxadrística. Mas fica aí o registro! "Os estratagemas são como facas invisíveis só aparecendo quando postos em uso. Quem é versado na aplicação dos estratagemas consegue mergulhar no caos um mundo ordenado ou trazer a ordem a um mundo caótico. Consegue transformar pobreza em riqueza, insignificância em prestígio, a situação mais desesperada em promissora. A vida humana é luta e na luta necessita-se de estratagemas. Quem entende como usar os estratagemas sempre deterá as rédeas da iniciativa. Quer em palácios ou em choupanas, os estratagemas são aplicáveis por toda parte" (Truques no combate: Os 36 estratagemas, Taipé 1985). O "recurso de 3.e5" nada mais é do que uma variação do estratagema dos dois peões agora empregado como recurso defensivo que restura a hierarquia do par de bispos! Como L'Ami não viu o estratagema, a partida seguiu seu curso até o seu abandono após: 35...e4 36.exd6+ xd6 37.g3+ e7 38.d1 xd3 39.xd3 xb2+ 40.e2 d5 41.e4 c3+ 42.f3 b4 43.e1 bd1 0-1. APÊNDICE II: OS 36 ESTRATAGEMAS CHINESES 1 Texto de Mário Firmino APÊNDICE I: MAIS SOBRE O CONCEITO DE ESTRATAGEMA ESTRATAGEMAS - INTRODUÇÃO Os estratagemas chineses foram escritos a mais de 5 mil anos por generais, comerciantes e mentes privilegiadas, antes e durante guerras e intrigas das cortes chinesas que levaram a China à sua unificação. Hoje permeiam sua cultura popular e seu hábitos. Até hoje eles são inestimáveis ferramentas para amplificar nossos potenciais e consequentes resultados. Os estratagemas nasceram sob a égide da guerra e da desavença, mas podem ser empregados para benefício pessoal, profissional ou nos negócios, para atingir objetivos ou vencer obstáculos. Eu gostaria, sem muita pretensão, de aborda-los com um pouco mais de detalhes e com alguns exemplos. Assim convido, quem se interessar, a mandar para mim emails sobre o assunto. Falarei primeiro da palavra em si e de sua confusão com estratégia e em seguida da estrutura ou organização geral dos estratagemas e nos próximos textos abordarei cada tema com mais detalhe. O ideograma chinês "ji" para estratagema, muito importante no pensamento estratégico chinês, tem sido entendido como "uma tática ou um ardil bélico" (Senger 1998, p.12). Penso que o uso do termo "tática" no entendimento do conceito de estratagema deve-se a uma conceituação ocidentalizada procedente da tradicional doutrina "estratégia & tática" na qual o nível operacional não existe. Com o nível operacional o conceito de estratagema adquire uma identificação maior com a estratégia como é pensada pelos chineses! É pensando assim que vejo o estratagema confundindo-se com a "petite combinaison" tomada esta no seu sentido operacional de acelerar o desenvolvimento do plano de jogo. É o que vimos na passagem dos diagramas D5 para D6, D7 para D8, D9 para D10 e D12 para D13: brancas abrem LEC para concentração de forças na ala de rei desenvolvendo seu ataque no setor ao mesmo tempo que entorpecem a coordenação das peças negras na defesa. Com isso fica claro que o SpP não significa uma tática para o triunfo, mas a operacionalização desse triunfo! Com a inclusão do nível operacional a tática foi definida como a "arte de detectar e pelo cálculo decidir o plano de jogo" (Marinho, 1979), assunto este de decisão que absolutamente não ocorre no emprego do SpP como estratagema dos dois peões. É nesse sentido que a decisão tática do plano ataque lateral (Botvinnik) se deu somente quando foi jogado 29.6xf4; e no ataque ao rei (Polugaevsky) somente quando de 32.c2. ESTRATÉGIA OU ESTRATAGEMA?2 A etimologia das palavras mostra como elas, tendo nascidas juntas, se separam e se aproximaram com o passar dos tempos e sob a influência cultural de onde são utilizadas, mas basicamente tem forte ligação com guerras e guerreiros. Segundo www.etymonline.com, a palavra base vem do grego, é estratégia (escritório ou comando de um general), 1 Mário Firmino é o blogueiro "DeFirmo" em <www.dfirmo.com.br> autor destes comentários. Em linguagem operacional diz-se que a "estratégia" produz "planos de jogo" visando a conquista de "objetivos estratégicos" para a "reciclagem da partida"; e o "estratagema" é uma manobra visando a conquista de "objetivos operacionais" para "desenvolver" o plano de jogo. Diagnóstico diferencial com a "petite combinaison" de Capablanca: embora ambos sejam manobras de aceleração do desenvolvimento do plano de jogo, o estratagema é "manobra-modelo" disponibilizada como item do inventário operacional do jogador; a "petite combinaison" é manobra aleatória fruto da invenção momentânea do jogador. 2 5 Ciclo de Palestras do Clube de Xadrez de Curitiba - 09 de Fevereiro de 2011 HENRIQUE MARINHO - SACRIFÍCIO POSICIONAL DE PEÃO: ESTRATAGEMA DOS DOIS PEÕES definida em 1810 como a "Arte de um General", que por sua vez vem de strategos (general). Por outro lado, estratagema, definido em 1489 como "Truque, Artifício", também vem do grego strategema (ato de um general) e strategein (ser general, comando), tendo tambem referências em italiano antigo stratagemma e latim strategema significando "artifício, estratagema" em ambas. Segundo www.yourdictionary.com, as palavras eram as mesmas mas os Dóricos, usando seu dialeto, alteraram a palavra estratégia dos Atenienses para estratagema. Também cita que estratégia é algo muito planejado e elaborado,podendo conter em seu bojo inúmeros estratagemas para cumprir as metas que compõem uma estratégia3. O dicionário Aurélio, por sua vez, define estratagema como: 1. ardil empregado para burlar o inimigo; 2. astúcia, artifício, sutileza, estratégia; 3. logro astucioso, engano, embuste. Tudo que foi dito acima está relacionado à cultura ocidental, agora na cultura chinesa, estratégia ou estratagema é representado pelo mesmo ideograma Zhi (ji), que também significa ardil ou engodo. Ele figura no mais antigo tratado de teoria militar, "A Arte da Guerra" de Sun Tzu, um contemporâneo de Confúcio. É sobre estratégia também uma série de edições, publicadas na China, em Hong Kong e em Taiwan, do livro "Os 36 Estratagemas", que se acredita ser de 1700 a.C., aproximadamente. Em chinês, aliás, o mesmo ideograma Zhi (ji) também significa "sabedoria". Usado ao longo dos tempos por estrategistas militares, comerciantes e filósofos, esse tratado, contendo apenas 138 ideogramas chineses, tem se mostrado muito eficiente quando aplicado ao mundo dos negócios, mas pode ser de grande valia no desenvolvimento da carreira4 ou na vida pessoal. Sem querer acender polêmicas, cada leitor que tire suas próprias conclusões. força, mas mesmo assim podemos fracassar. Temos que ter à mão todos os recursos para aliciar outros elementos, tempo e meios para relaxar enquanto aguardamos os movimentos do inimigo, além de capacidade de dissimulação para velar a verdadeira direção do ataque. 1 - Enganar o céu para cruzar o oceano. 2 - Cercar Wei para salvar Zhao. 3 - Matar com uma faca emprestada. 4 - Fazer seu inimigo trabalhar enquanto você espera no ócio. 5 - Roubar a casa em chamas. 6 - Clamor ao leste e ataque ao oeste. 2. Quando em Confronto: Os dois adversários têm forças similares. Desiquilibrar a situação a nosso favor requer mais ardis e maior complexidade. Estes estratagemas baseiam-se no sigilo e na astúcia, fazendo basicamente com que o inimigo nos subestime. Ataques surpresa pela retaguarda, infiltração e aproveitamento dos pontos fracos do oponente são algumas das ações associadas a este grupo de estratagemas. 7 - Criar algo do nada. 8 - Secretamente usar a passagem de Chen Chang. 9 - Observar o fogo que queima do outro lado do rio. 10 - Esconder a faca atrás de um sorriso. 11 - Deixar morrer a ameixeira em favor do pessegueiro. 12 - Aproveitar a oportunidade para roubar uma cabra. 3. Quando em Ataque: Nestes estratagemas explica-se como minimizar o desgaste que se sofre no ataque, já que é a fase mais exposta do combate e que maior número de baixas produz. 13 - Bater na grama para perturbar a cobra. 14 - Levantar um cadáver dentre os mortos. 15 - Fazer o tigre descer a montanha. 16 - Para pegar é preciso largar. 17 - Usar um tijolo para pegar a peça de jade. 18 - Para pegar os bandidos, pegar seu chefe. A RELAÇÃO DOS 36 ESTRATAGEMAS CHINESES5 Como já havia dito anteriormente, ao todo são 36 e estão reunidos em seis grupos. A seguir você encontrará uma relação completa com todos os estratagemas. Apesar de muitas vezes sua redação "minimalista" tornar difícil sua compreenção na primeira leitura, com o passar do tempo vou adicionar as interpretações seculares, fábulas do folclore chinês e japonês além de exemplos bem atuais que ajudarão na compreenção dos mesmos. Eles são extremamente simbólicos e carregados de metáforas que remontam a cultura milinar chinesa, acrescentando um pouco mais de desafio na sua compreenção, mas sua aplicação é infalível. Por enquanto, bom divertimento. Tenho certeza que alguns dos estratagemas são bem óbvios, tente localiza-los. A seguir a relação completa dos 36 estratagemas. 4. Quando em Situação de Confusão: Nesta situação, as circunstâncias e o ambiente são caóticos e confusos. Temos que compartilhar uma série de interesses e relações. Certas alianças com interesses em curto prazo podem fazer transigir com um inimigo e romper pactos com aliados. Empregamos então táticas de abertura de negociação e ofertas de paz, intermeadas por ameaças, manipulação de terceiros e conspirações para destruir eventuais alianças entre os oponentes. 19 - Remover a lenha debaixo do caldeirão. 20 - Pescar em águas turbulentas. 21 - Desprender-se da casca da cigarra. 22 - Fechar a porta para pegar o ladrão. 23 - Aliar-se a um reino distante para atacar um vizinho. 24 - Obter um caminho seguro para atacar o Reino de Guo. 1. No Domínio da Superioridade: Estes estratagemas são os mais diretos e fáceis de se perceber. Para atingir o sucesso devemos estar inicialmente em uma posição de maior 3 Essa abordagem "dórica" se aproxima da que faço em meu futuro livro "Xadrez Operacional". Não somente a clássica carreira profissional subentendida no texto como também a própria "carreira enxadrística"! 5 Bibliografia: Senger; H. von; O Livro dos Estratagemas; Ediouro; Rio de Janeiro 1996. Nota: nesta obra estão apresentados somente os primeiros 18 estratagemas. 4 6 Ciclo de Palestras do Clube de Xadrez de Curitiba - 09 de Fevereiro de 2011 HENRIQUE MARINHO - SACRIFÍCIO POSICIONAL DE PEÃO: ESTRATAGEMA DOS DOIS PEÕES 5. Quando se quer Ganhar Terreno: O objetivo é conseguir de qualquer maneira, aquilo que outros controlam. Para atingí-lo usamos táticas de substituição, de diversão, falsificação e armadilha. 25 - Trocar vigas e pilares por madeiramento podre. 26 - Matar o frango para assustar o macaco. 27 - Fingir ser o porco para comer o tigre. 28 - Remover a escada após ter subido. 29 - Cobrir a árvore com uma falsa florada. 30 - Fazer o anfitrião e o convidado trocarem de lugar. 34 - Infringir dano a si mesmo para ganhar a confiança do inimigo. 35 - Encadear juntos os barcos inimigos (encadear estratagemas). 36 - Retirar-se. oOo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CÂMARA, H.; Caíssa, 64 Crônica de Xadrez; Factash Editora; São Paulo 2006. CHESSBASE.COM; http://www.chessbase.com/newsd etail.asp?newsid=6960 DARCY, L.; LAPERTOSA, J.: Estratégia; Santa Clara Edição de Produções de Livros; Contagem 2004. EUWE, M.; KRAMER, H.; The Middlegame, Book One; Hays Publishing, Dallas 1994 SENGER, H.; O Livro dos Estratagemas; Ediouro, Rio de Janeiro 1998. MÁRIO FIRMINO in http://www.dfirmo.com.br SENGER, H.; O Livro dos Estratagemas; Ediouro, Rio de Janeiro 1998. 6. Quando em Situação de Desespero: Estes estratagemas devem ser usados quando nos encontramos em situação de grande debilidade e fraqueza. Podem ser nossa última cartada em caso de emergência. Eles sugerem golpes baixos, defender-se com palhaçadas, usando inclusive a autodestruição. Se tudo que tentarmos falhar, sempre podemos tentar uma última cartada: retirar-se. 31 - A armadilha da beleza. 32 - A cidade vazia. 33 - Deixe o espião inimigo semear a discórdia em seu próprio campo. 7