A Escolha dos Números para os Dois Últimos Dígitos dos Preços no Varejo Autoria: Ewerton Gonçalves Reis, Lélis Balestrin Espartel Resumo Dentre os componentes do composto de marketing, o preço do produto certamente constitui um atributo decisivo para o consumidor no momento de compra, de modo que a forma como é apresentado o preço ao consumidor pode tornar esse momento mais ou menos atrativo ao consumo. Nesse contexto, a utilização de alguns números em detrimento de outros, como escolha para os dois últimos dígitos dos preços praticados no mercado, pode ser identificado como uma forma de atrair a atenção dos consumidores. Este artigo tem como objetivo apresentar uma breve revisão teórica sobre o referido assunto, bem como apresentar os resultados obtidos de uma pesquisa realizada sobre a escolha dos varejistas pela utilização de combinações de números, na composição do preço ao consumidor. Verificou-se uma preferência pela utilização dos finais 90 e 98 como as duas combinações de dois últimos dígitos mais praticados nos anúncios de preços no varejo. Algumas implicações decorrentes desta preferência são discutidas. 1. Introdução O preço ocupa um papel de destaque dentro do marketing mix: é o único componente que produz receitas para a empresa; todos os outros são associados com custos (LOVELOCK, 1996). O preço também é um componente mais flexível, na medida em que as decisões de preço podem, estrategicamente, ser postas em prática mais rapidamente (AVLONITIS et al., 2004). O crescimento das atividades promocionais de preço entre fabricantes e varejistas levou a um interesse de pesquisa em direção ao entendimento de como o preço de um produto influencia o julgamento e a decisão de compra de um consumidor (MAZUMDAR; JUN, 1993). Entretanto, as decisões envolvendo preço ainda parecem negligenciadas tanto pela academia quanto pelos executivos de marketing. Nos últimos 30 anos, dentro do estudo do marketing, a figura dos 4 P’s tornou-se bastante popular como forma de organização das ferramentas da disciplina. Ao apresentar a classificação, é provável que Jerome McCarthy não esperasse que a sua proposição se tornasse referência obrigatória em salas de aula e, muito menos, que fosse a espinha dorsal dos principais livros-textos sobre os fundamentos do marketing. A interface bastante grande com a economia (quando se discute a elasticidade da demanda, por exemplo) e/ou o componente matemático do tema (cálculos de custos, pontos de equilíbrio, retorno sobre o investimento, receitas marginais, entre outros) talvez tenham contribuído para que os executivos de marketing não destinem a mesma atenção às decisões de preço, comparativamente a outras áreas do marketing. Como, em marketing, teoria e prática caminham paralelamente e bastante próximas, a conseqüência deste “desinteresse executivo” foi um enfraquecimento do tema no meio acadêmico. Não é comum encontrar-se artigos que abordem a questão do preço junto aos principais eventos norte-americanos e europeus de marketing, seja em periódicos ou congressos. As prioridades de pesquisa definidas pelo Marketing Science Institute (MSI) para o biênio 2006-08 reforçam a pouca ênfase ao tema: o destaque fica com temas como inovação, métricas e lealdade. Não há, dentre as prioridades estabelecidas, nenhuma que estimule qualquer estudo do preço (formação, impacto na decisão de compra ou na lembrança da marca, etc.). 1 No Brasil, o desinteresse também é grande: segundo Vieira (2000), considerando 272 artigos publicados nos Anais do Encontro da ANPAD (EnAnpad) e em duas publicações tradicionais (Revista de Administração da USP e Revista de Administração de Empresas), no período entre 1990 e 1999, apenas 6 artigos abordaram o tema preço, correspondendo a um percentual de 2,2%. Avaliando-se mais recentemente, nas últimas três edições do EnAnpad (2005 a 2007), de um total de 264 artigos apresentados na área de marketing, 9 deles referemse a preço (3,4%). Considerando as duas edições do EMA (Encontro de Marketing da ANPAD) já realizadas (2004 e 2006), também são encontrados 9 artigos, de um total de 182 apresentados (4,9%). Este artigo busca preencher esta lacuna abordando a questão da definição do preço final de um produto, por parte do fornecedor, fabricante ou prestador de serviço, contemplando um processo importante na efetiva realização da venda. Quando se fala em determinação do preço final, além de serem considerados custos e lucros envolvidos nas transações, que em última análise participam significativamente na formação do preço ao consumidor, há que se atentar para o apelo ao consumo que esse preço causará no momento da compra sobre o possível comprador, surgindo o conceito de construção de preços atrativos, através da prática e do uso de preços impactantes ao consumidor final. Dessa forma, a utilização de determinados números na construção de um preço, em detrimento de outros, pode gerar maior ou menor apelo à compra do bem ou do serviço. Os dígitos mais à direita de um preço são considerados o final do preço (SCHINDLER; CHANDRASHEKARAN, 2004): em um preço de $ 6,50, o final é 50; em um preço de $299, o final é 99. Segundo Schindler e Kibarian (2001), existem pesquisas realizadas sistematicamente que confirmam o uso de finais específicos para o preço de produtos no varejo, e que esta prática traz resultados significativamente positivos nas vendas do produto (ANDERSON; SIMESTER, 2003). Sabe-se que nos mercados americano e europeu o final 9 é largamente utilizado no varejo. Qual a prática adotada no varejo brasileiro? Quais são os preços que vendem mais? Preços com final 9 são bem aceitos pelo consumidor? Que tipo ou classe de consumidor? Para qual tipo ou categoria de produto? Como o consumidor memoriza o preço? Que imagens e associações são feitas com o preço do produto? Como se vê, a decisão do preço final de um produto envolve uma série de peculiaridades nem sempre consideradas pelos gestores de marketing, e pouco pesquisadas pelos acadêmicos da área. Essas peculiaridades também ocupam espaço no rol de fatores capazes de influenciar o sucesso ou o fracasso de um produto no mercado. O propósito deste artigo é avaliar a utilização dos números, dentre os 10 algarismos possíveis (de 0 a 9), na composição dos preços ao consumidor, identificando se há predominância de alguma combinação na formação específica dos dois últimos dígitos dos preços analisados. Para isso, foram realizadas duas pesquisas específicas em anúncios de produtos publicados em jornais e encartes de supermercados, em dois momentos temporais distintos. 2. Referencial Teórico Segundo Stanton et al. (1994), sob a ótica econômica, o preço influencia a remuneração dos fatores da produção, sendo um regulador fundamental do sistema econômico. Do ponto de vista da empresa, o preço é o principal determinante da demanda por um determinado produto, afetando o posicionamento competitivo e o market share da empresa. Além disso, é o fator responsável por fazer entrar recursos financeiros na empresa. Já na perspectiva do consumidor, a percepção de qualidade de um produto guarda forte ligação com o seu preço. Teoricamente, quanto maior o preço do produto, maior a qualidade 2 percebida. Some-se a isso o conceito de valor percebido (ZEITHAML, 1988), fundamental no entendimento da tomada de decisão do consumidor, que relaciona os benefícios com os sacrifícios percebidos (onde o preço, na maioria dos casos, é o mais saliente). Para Sardinha (1995), o preço expressa o valor de troca oferecido por alguma coisa que satisfaça a necessidade do consumidor. Para Morris e Morris (1994), os preços deverão refletir continuamente as mudanças das condições de mercado e, para que as empresas tenham sucesso, será necessário abordar a administração de preços como uma atividade inovadora e criativa. Como valor é uma avaliação dos clientes sobre a utilidade de um produto, para os autores torna-se muito subjetivo atribuir valores a produtos, devendo as empresas administrar as muitas dimensões do preço, a fim de melhorar sua condição e cobrar um preço condizente com o valor que os clientes atribuem ao produto; logo, dar ênfase nos custos seria uma estratégia de precificação arriscada. Para Kotler (2000, pág. 478), “os objetivos da empresa e da função de marketing provêem a base para determinarem os objetivos de fixação de preços, que por sua vez são usados para desenvolver e implementar os procedimentos e políticas de determinação de preços mais específicos”. As decisões de preços estão diretamente ligadas aos objetivos estabelecidos por uma organização, de forma que, quanto mais claros e definidos forem esses objetivos, mais fácil será a determinação de preços. Para Tzokas et al. (2000), ter objetivos de preço é fundamental porque define o que se espera como conseqüência da precificação para a empresa. Avlonitis et al. (2004) apontam que existe, na literatura, um conjunto grande de possíveis objetivos de preço. O Quadro 1 resume estes objetivos, tanto quantitativos (lucros, vendas, market share) quanto qualitativos (imagem, desenvolvimento de relacionamentos). Quadro 1: Objetivos de preço para a empresa Objetivos de preço - Maximização de lucros - Lucros satisfatórios - Maximização de vendas - Vendas satisfatórias - Maximização de market share - Market share satisfatório - Aumento de market share - Cobertura dos custos - Retorno sobre o investimento - Retorno sobre ativos - Cobertura da capacidade existente - Manutenção de liquidez - Diferenciação de preço - Liderança em qualidade - Satisfação das necessidades do distribuidor - Criação de imagem de prestígio para a empresa - Estabilidade do preço no mercado - Evitação de guerra de preços - Estabilidade das vendas no mercado - Desenvolvimento de mercado - Desencorajamento de novos entrantes - Preços similares aos da concorrência - Manutenção dos atuais clientes - Satisfação de necessidades dos clientes - Determinação de preços justos aos clientes - Atração de novos clientes - Sobrevivência de longo prazo - Objetivos sociais Fonte: Adaptado de Avlonitis et al. (2004) Uma vez definido o objetivo de preço, o próximo desafio é a formação do preço, amplamente estudada pela teoria econômica, mas, apesar da riqueza de conceitos de preço, encontra grande dificuldade no momento da quantificação. Por esse motivo, as empresas recorrem a enfoques práticos para estabelecer preços que lhes tragam o retorno desejado e testam esses preços desejados, confrontando-os com a realidade do mercado, fazendo, então, os acréscimos ou reduções necessários ou permitidos pelo mercado. Frezatti (1988) explica que na formação de preço de venda deve-se pretender uma situação de equilíbrio entre oferta e procura capaz de estabelecer um nível de preços. Pode-se entender, segundo o autor, que este equilíbrio é a harmonia dos interesses conflitantes entre produtores e consumidores, ou seja, é o equilíbrio dos que realizam a oferta e dos que 3 exercem a procura, sendo este um prolongado jogo de ensaios e erros. Neste sentido, Leftwich (1991) afirma que a importância do equilíbrio não está no fato de ele ser alcançado, de forma satisfatória e adequada, mas por evidenciar as direções onde as alterações econômicas acontecem. Portanto, a função básica do preço é a de orientar as empresas no sentido de utilizarem racionalmente os recursos disponíveis, injetando no mercado quantidades que sejam compatíveis com as reais tendências e capacidades de absorção da produção realizada. Acredita-se, então, que atribuir preços e escolher a melhor política a ser aplicada aos produtos a serem colocados no mercado é um dos maiores desafios impostos aos administradores que desejam o sucesso de uma empresa. Para De Toni et al. (2007), as definições estratégicas de precificação revestem-se de importância ímpar ao marketing na medida em que trazem reflexos no faturamento das empresas e na percepção do cliente a respeito do que o mercado está oferecendo. Os métodos de formação do preço correspondem a procedimentos adotados pelas empresas para chegar a uma decisão de preço. Avlonitis e Indounas (2005), em revisão da literatura sobre o tema, identificaram 12 métodos de precificação, classificando-os em três grandes categorias: - Métodos baseados no custo: 1) preço definido a partir de margem de lucro adicionada no custo médio; 2) preço definido em função da taxa de retorno sobre o investimento; 3) preço definido em função do break-even point; 4) preço definido a partir de uma variação do break-even point, considerando apenas os custos diretos do produto; 5) preço definido apenas para cobrir os custos marginais. - Métodos baseados na concorrência: 6) preço similar aos da concorrência ou de acordo com a média de preços do mercado; 7) preço acima dos da concorrência; 8) preço abaixo dos da concorrência; 9) preço de acordo com o preço dominante no mercado (preço do líder, seguido por outros concorrentes). - Métodos baseados na demanda: 10) preço baseado na percepção de valor do consumidor; 11) preço mais baixo associado à qualidade mais alta; 12) preço definido de acordo com as necessidades do consumidor. Avlonitis e Indounas (2005) afirmam que o primeiro método (preço definido a partir de margem de lucro adicionada no custo médio) é o mais comum, a partir da análise de estudos empíricos, pela facilidade de uso e simplicidade. Horngren et al. (2000) afirmam que os métodos baseados no mercado são importantes e são mais relacionados a fatores externos à empresa do que propriamente a fatores internos, como custos, por exemplo. Levy e Weitz (2000) examinam dois métodos de formação de preços no mercado: o orientado pelo custo e o orientado pela demanda. No método orientado pelo custo, o preço de varejo é determinado pela adição de uma porcentagem fixa ao custo da mercadoria (é o mesmo que custo integral). No método orientado pela demanda, os preços são baseados no que os clientes estão dispostos a pagar (é o mesmo que preço de mercado). Segundo Toss (2006), para o estabelecimento de preços de venda como um dos componentes estratégicos a empresa precisa definir quais os objetivos do preço para um 4 determinado produto ou linha de produtos, para um determinado segmento de clientes, para uma determinada região geográfica e para um determinado nível de concorrência. Dessa forma, o autor conclui que o mesmo produto ou linha de produtos poderá ter diferentes preços de venda conforme o objetivo do preço, o cliente, sua localização geográfica e o segmento a que pertence. Iacobucci (2001, p. 333) afirma que “uma maneira bastante comum de estabelecer preços é o uso de uma combinação de estabelecimento de preços mais custo que seja competitiva”. A autora enfatiza que a lógica dos preços competitivos revelam uma “sabedoria compartilhada a respeito da reação do mercado consumidor ao preço”. Um conceito importante relacionado à percepção do consumidor sobre o preço é o preço de referência. Segundo Seiders e Yadav (1998), o preço de referência tem origem na mente do consumidor e se desenvolve a partir de duas dimensões: a primeira, interna, resultante de todas as experiências de avaliação de preço, por parte do indivíduo, ao longo de sua vida como consumidor; a segunda, externa, é decorrente da informação avaliada pelo consumidor durante o processo de decisão de compra, seja buscada por ele próprio ou oferecida pela empresa (via comunicação). O uso de preços psicológicos afeta diretamente no preço de referência externo e tem impacto de longo prazo no preço de referência interno. Preço psicológico e práticas de preços baseadas no final do preço Segundo Monroe (1990), a inclusão das dimensões comportamentais do consumidor na análise das decisões de preço provocou o surgimento do chamado preço psicológico. Incluem-se neste preço psicológico hábitos, prestígio dos produtos e até a prática de utilização de preços com terminações em alguns dígitos específicos. De acordo com Pride e Ferrell (1997), preço psicológico é uma tentativa de influenciar o processo decisório do consumidor, encorajando-o ao consumo no momento de decisão de compra. Quando exposto às práticas de preço psicológico, consumidores tendem a depender mais das suas emoções do que da razão. Os preços do varejo não são totalmente determinados através de custos; logo, não são utilizados uniformemente. Ao invés disso, a formação de preço é influenciada pesadamente através de preços atraentes que os varejistas utilizam por acreditarem que estão atraindo os clientes. De acordo com Liang e Kanetkar (2006), a literatura que avalia os finais de preço pode ser classificada em quatro grandes grupos: 1) o efeito de finais de preço específicos nas vendas; 2) o efeito do final do preço na intenção de compra do consumidor; 3) o efeito do final do preço e do processamento numérico na memória de preço do consumidor; 4) a documentação dos preços mais utilizados no mercado. Sem dúvida, uma das vertentes mais pesquisadas refere-se à verificação do impacto que o final do preço provoca em relação ao aumento das vendas. Alguns resultados são os seguintes: • Schindler e Kibarian (1996) conduziram um experimento no mercado varejista de roupas femininas e verificaram que os preços terminados em 99 levaram a um incremento de 8% nas vendas, em relação ao final 00; • Stiving e Winer (1997) pesquisaram, por meio de painéis, os mercados de iogurtes e atum, e verificaram que os consumidores estavam mais atentos ao penúltimo algarismo (décimo) do que ao último (centavo), e que o final 9 resultou em maior volume de vendas; • Gendall et al. (1997) avaliaram a intenção de compra de seis produtos, 5 considerando preços com final par ou ímpar, com a conclusão de que preços com final ímpar produzem demandas acima da esperada; • Anderson e Simester (2003) realizaram três experimentos no varejo e verificaram incrementos em vendas para finais 9. Entretanto, houve uma série de variações nos resultados atribuídas ao final do preço e à quantidade de peças em estoque, não permitindo resultados conclusivos; • Bizer e Schindler (2005) descobriram que os consumidores pensam que podem comprar uma quantidade significativamente maior de produtos com final 9 do que com final 0, com a mesma quantidade de recursos; • Liang e Kanetkar (2006) encontraram diferenças significativas entre os preços com finais 0 e 9, para duas categorias de produtos. Outro resultado discutido pelos autores refere-se à forma como o consumidor avalia o preço, processando-o separadamente em duas partes, da esquerda para a direita, e não de forma “holística”. Outros estudos seguem a linha de pesquisa similar à adotada neste artigo, documentando e discutindo os preços praticados pelo varejo. Alguns deles são: • Kreul (1982) avaliou os preços dos menus de 242 restaurantes e verificou que, para pratos com preços abaixo de 7 dólares, 58% terminavam com o dígito 9, enquanto que para pratos com valores superiores a 7 dólares, 71% dos preços terminavam com o dígito 5; • No estudo de Huston e Kamdar (1996), conduzido a partir da análise de 27 catálogos de roupas femininas, cerca de 45% dos preços tinham final 9. Entretanto, de acordo com os resultados, o final 9 era menos utilizado quando o cliente esperado para aquele tipo de produto era considerado “cliente profissional” (revendedores ou pequenos varejistas); • Schindler e Kirby (1997) analisaram 1.415 preços de anúncios de jornais dominicais americanos, e encontraram uma proporção de 30,7% para preços com final 9 e 27,2% para o final 0; • Stiving (2000) avaliou os preços de 30 categorias de produtos em 12 lojas de departamento americanas, e concluiu que lojas de nível mais alto (para um público mais seletivo) tendem a usar preços arredondados (round prices). O mesmo acontece com relação a produtos com maior qualidade e com preços mais altos; • Schindler (2001) avaliou 6 marcas de produtos em 65 varejistas, totalizando mais de 1.200 preços. Os resultados indicaram que o final 99 estava mais atrelado a preços mais altos que os finais 0 ou 98, contrariando evidências anteriores; • Naipul e Parsa (2001) também pesquisaram menus de restaurantes (231), e constataram que os restaurantes de mais alto nível preferem utilizar preços terminados em 0, enquanto restaurantes de nível mais baixo dão preferência ao final 9. Para Schindler (2006), está muito claro que os preços no mercado não apresentam a mesma distribuição na utilização dos dígitos, dentre os dez dígitos possíveis. Segundo o autor, os dígitos 9, 5 e 0 aparecem em maior freqüência na composição dos preços no mercado, e ressalta ainda que há muito tempo isso é praticado e que, para os varejistas, essa prática pode ter um significado na comunicação com os consumidores. Schindler e Kibarian (2001) descobriram que, quando o consumidor está diante de um produto onde o preço está apresentado com dígitos finais terminados em 99, o mesmo acreditaria que não seria possível encontrar preço menor pelo mesmo produto. Para Holdershaw et al. (2005), preços finalizando com os dígitos 5 ou 9 (por exemplo, $ 5,95 ou $5,99 ao invés de $ 6,00) criam uma ilusão no consumidor de que estes preços são muito mais baratos que os preços “redondos” mais próximos, desencadeando o processo de compra. 6 Segundo Stiving (2000), embora seja difícil de acreditar que todos os consumidores sempre ignoram os dígitos do lado direito (posição defendida por Liang e Kanetkar, 2006, entre outros), pelo menos alguns consumidores em certas situações se comportam como se estivessem arredondando os preços para baixo. O autor propõe que os consumidores limitam as suas capacidades de memória e tendem a se lembrar somente dos dígitos à esquerda de um preço, o que também é defendido por Schindler e Kibarian (1996). 3. Método Para a realização da pesquisa, foram estabelecidos dois momentos distintos de coleta de dados, em dois domingos, nos meses de abril e junho de 2007. Na primeira coleta de dados, foram utilizados como fonte de pesquisa os anúncios publicados em encartes de quatro supermercados da cidade de Porto Alegre e os anúncios publicados no jornal de maior circulação no Rio Grande do Sul, sendo considerados os anúncios impressos e os encartes distribuídos juntamente com o jornal. Na segunda, foi utilizado como fonte o total de publicações impressas no mesmo jornal utilizado no primeiro momento da pesquisa (que nesta fase da coleta não continha encartes promocionais), somado aos encartes de anúncios de preços de três dos quatro supermercados pesquisados no primeiro momento da coleta de dados. O supermercado que não foi pesquisado, e que havia participado na coleta anterior, estava fechado e, portanto, não foi possível pesquisá-lo. Considerando os dois momentos de coleta de dados, tanto em jornal quanto em supermercados, foram analisados 2.492 preços distintos. Foram utilizados para análise os preços anunciados de 3 a 5 dígitos, sendo que foram considerados sempre os dois últimos dígitos apresentados. Sendo assim, como exemplo, um preço anunciado por R$ 1.098 foi incluído no grupo dos preços de 4 dígitos, sendo 98 considerado os últimos dois dígitos. Ao mesmo tempo, em uma situação onde o preço anunciado foi R$ 953,80, incluído no grupo de 5 dígitos, o número final a ser considerado para análise foi o 80. Cabe salientar também que os preços anunciados por menos de R$ 1,00, por exemplo R$ 0,79, foram enquadrados no grupo de 3 dígitos. Na hipótese de haver mais de um preço para o mesmo produto – situação que foi encontrada principalmente em ofertas de produtos com parcelamento anunciado, além do pagamento à vista, ou ainda com desconto em alguma determinada condição de pagamento – foi considerado para a análise o preço de maior destaque no anúncio, seja pelo tamanho desse preço na publicação ou pelo uso de cores mais apelativas ao consumidor. A partir do levantamento e da classificação dos preços, os dados foram analisados e discutidos. 4. Resultados As tabelas a seguir apresentam a tabulação final de todos os resultados obtidos nos anúncios de preços pesquisados, onde são apresentados os 10 maiores percentuais de utilização na construção dos preços ao consumidor, separados em jornal (tabela 1) e supermercados (tabela 2). Os dados foram coletados considerando-se o total de dígitos que os preços continham. Com isso, os resultados da pesquisa foram separados (colunas verticais) e apresentados em grupos de 3, 4 ou 5 dígitos. As colunas “Total” e “%” indicam, respectivamente, a quantidade de ocorrências do referido número e o percentual de utilização desse número, considerando-se o total de preços pesquisados. 7 Tabela 1: Distribuição dos valores finais dos preços (jornal) Final 90 70 20 50 60 00 80 30 98 99 Outros Total Corpo do jornal 3 dígitos 4 dígitos 5 dígitos 32 1 24 5 1 8 2 8 3 1 1 2 11 90 3 2 5 Encarte do jornal 3 dígitos 4 dígitos 5 dígitos 14 66 17 13 2 22 4 1 13 3 15 7 12 1 2 10 3 9 3 2 9 3 20 36 198 2 42 Total % 130 44 27 25 24 24 15 13 6 2 54 364 35,7 12,1 7,4 6,9 6,6 6,6 4,1 3,6 1,6 0,5 14,8 100,0 Fonte: compilado pelos autores Considerando os dados coletados em jornais (considerando as duas coletas), verificase que o final 90 destaca-se tanto em anúncios impressos no corpo do jornal quanto em encartes, perfazendo, juntos, 35,7% dos anúncios avaliados. Vale também destacar o final 70, especialmente em anúncios no corpo do jornal, e o final 20, especialmente em encartes. Tabela 2: Distribuição dos valores finais dos preços (supermercado) Final 90 98 99 00 50 97 88 49 58 29 outros total Encartes de supermercado 3 dígitos 4 dígitos 5 dígitos 63 368 16 166 126 113 34 7 95 18 26 66 4 27 33 22 25 31 1 28 1 1 29 610 188 30 1122 937 69 Total % 447 292 147 120 96 60 47 32 30 29 828 2128 21,0 13,7 6,9 5,6 4,5 2,8 2,2 1,5 1,4 1,4 38,9 100,0 Fonte: compilado pelos autores Os resultados indicam, para os preços nos supermercados pesquisados, que o final 90 também foi o maior destaque, correspondendo a 21,0% do total dos preços. Diferentemente do encontrado na análise do jornal, os finais 98 e 99 tiveram percentuais mais elevados de freqüência. Vale ressaltar, em ambas as tabelas, a freqüência acentuada caracterizada como “outros”, envolvendo todas as demais combinações de dois dígitos não apresentadas. Esta freqüência é bastante saliente para o caso dos supermercados (38,9%), mostrando não haver tanta concentração em um ou mais finais de preço. 5. Discussão De uma forma geral, se considerada a totalidade dos preços pesquisados, nas duas fontes (jornal e supermercados), representadas nas duas tabelas, destacam-se os finais 90 (23,2% dos casos), 98 (12,0%) e 99 (6,0%), 00 (5,8%) e 50 (4,9%). Os demais finais de preço têm freqüência menos significativa. 8 No caso do jornal, destaque absoluto para o final 90, dominando 35,7% dos anúncios. Nota-se que há um domínio dos preços com 4 dígitos (288 casos – cerca de 79%), o que implica que os preços, neste caso, não são tão baixos, concentrando-se na faixa entre 10 e 100 reais. Isto explica a baixa freqüência dos finais 98 e 99, normalmente atrelados a preços mais baixos (STIVING, 2000). No jornal, há que se considerar que tanto os anúncios impressos quanto os dos encartes representam uma variedade muito grande de anunciantes em termos de ramo de negócios. Por exemplo, lojas de departamento, de informática, concessionárias de automóveis e mesmo supermercados dividem o mesmo jornal. Isto explica a predominância de preços com 4 dígitos, onde os finais 98 e 99 não são tão importantes e pequenos descontos não são percebidos de forma atrativa pelo consumidor. Mesmo assim, existem casos de anúncios de câmeras fotográficas por R$ 4.999, por exemplo. Nos supermercados, os resultados indicam que há uma confirmação das evidências empíricas relatadas em outros estudos: os finais com maior percentual são 90, 98 e 99, todos próximos do preço “redondo” (00), passando a idéia de desconto. Mesmo que esses finais possam representar ao consumidor a idéia de preço baixo ou um desconto, também pode existir aqui um efeito negativo na qualidade percebida pelo consumidor (SCHINDLER; KIBARIAN, 2001). Vale salientar, também no caso dos supermercados, que não há, como em outros estudos (p.ex., HUSTON; KAMDAR, 1996; SCHINDLER; KIRBY, 1997), uma concentração muito forte nos finais mais freqüentes (90 e 98). O alto percentual classificado como “outros” indica uma preferência não muito intensa, com uma distribuição dos finais de preço em uma quantidade maior de combinações. Isto pode ser parcialmente explicado pela diversidade entre os supermercados pesquisados, tendo como público-alvo consumidores de diferentes classes sociais. Tanto Kreul (1982) quanto Naipul e Parsa (2001) encontraram associações mais fracas entre o final 9 e níveis mais altos de preço (voltados para um público com maior poder aquisitivo). Também vale salientar, para o caso dos supermercados, que o final de preço preferido (90) tem maior destaque em preços com 4 dígitos, mais altos (368 casos – quase 40% do total). Se considerados apenas os preços com 3 dígitos, verifica-se predominância dos finais 98 (166 casos – 14,8% do total) e 99 (113 casos – 10,0% do total), em detrimento do final 90 (63 casos – apenas 5,6% do total). Estes resultados estão em conformidade com os estudos empíricos disponíveis na literatura. Os resultados da pesquisa indicam uma tendência de os anunciantes utilizarem, em anúncios de preços ao consumidor, alguns números com maior freqüência na combinação de números que compõem os dois últimos dígitos dos preços, especialmente os finais 90 e 98. Essa prática pode ser uma intenção dos varejistas em atribuir maior apelo ao consumo dos produtos, conforme já destacado por Schindler e Kibarian (2001), e isso poderia causar uma sensação de que é impossível encontrar preço mais barato para o mesmo produto, ou, como propõem Quigley e Notarantonio (1992), quando um consumidor visualiza um preço apresentado com números 90, 98 ou 99 como dois últimos dígitos, julga que esse deve estar em promoção, ou seja, com preço abaixo do que o praticado normalmente. Uma vez que existe a propensão do consumidor em assimilar mais facilmente os anúncios com preços baixos, o varejo costuma dar ênfase às promoções, o que amplia o conjunto de anúncios de preços de referência (SEIDERS; YADAV, 1998). Para Caporal e Ceretta (2004), a estratégia de preço promocional (adotada por supermercados, por exemplo) desenvolve nos consumidores a crença de que o preço de referência externo está inflacionado, o que provoca a redução do preço de referência interno. De acordo com Schindler e Kirby (1997), apesar de alguns autores defenderem a idéia de que o uso de preços com final 9 é simplesmente uma prática do varejo, outros defendem 9 que esta prática resulta da impressão criada na mente dos consumidores. Os autores se valem do conceito de acessibilidade cognitiva para tentar explicar essa preferência. Essa acessibilidade corresponde à facilidade de resgatar alguma coisa da memória. O uso de finais 0 e 5 aumenta a acessibilidade, por serem múltiplos de 10 ou por estarem no meio desses múltiplos (popularmente chamados de números “redondos”). Schindler e Wiman (1989) sugerem que os consumidores, ao lembrarem de preços de produtos, produzem números com finais 0 e 5. Considerando essa acessibilidade cognitiva mais alta atribuída aos finais 0 e 5, Schindler e Kirby (1997) traçam algumas especulações sobre o uso freqüente do final 9. Para eles: • se os números “redondos” são mais acessíveis, eles servem como referência na avaliação do consumidor. Logo, preços com final 9 podem ser percebidos como pequenos descontos ($19 corresponde a $1 de desconto sobre $20); • levando em conta as evidências que indicam que os números são processados da esquerda para a direita (p.ex., STIVING; WINER, 1997), duas possibilidades emergem: arredondamento ou truncamento. No primeiro caso, finais de 1 a 4 seriam arredondados para o final 0 anterior e finais de 5 a 9 arredondados para o final 0 posterior (neste caso, $199 poderia ser arredondado para $200). No caso do truncamento, o último dígito é cortado (nesta situação, provavelmente $199 seria codificado pelo consumidor como $190, ou ainda “menos de 200”). Bizer e Schindler (2005) confirmam que existe um padrão consistente no uso do truncamento por parte dos consumidores. O uso de números “redondos” (finais 0 e 5) traz vantagens ao varejo, na medida em que simplificam a comunicação e aumentam as chances de os consumidores perceberem e se lembrarem dos preços (SCHINDLER; KIRBY, 1997). Entretanto, falham no apelo promocional. Schindler (2006) destaca que, mesmo não havendo um entendimento perfeitamente claro sobre os significados da utilização de certos dígitos na prática dos preços no mercado, algumas evidências devem ser consideradas, como as que apontam que os produtos apresentados com preços terminados em 9 indicariam alguma possível promoção, ou sugerindo que esse produto poderia estar sendo oferecido com um preço abaixo do preço original, ou ainda que poderiam ser considerados pelo consumidor como preços que não foram recentemente aumentados. Como implicação gerencial, vale salientar o cuidado que deve ser tomado pelos varejistas para que o uso excessivo de finais 9 (como aconteceu neste estudo) não prejudique a imagem do produto e, principalmente, da empresa, visto que há associação destes finais com preço baixo e qualidade mais baixa (SCHINDLER, 2001). Se o posicionamento da empresa não for o de preço baixo, pode haver alguma discrepância que confunda o consumidor e faça com que a empresa desperdice recursos, uma vez que sua comunicação relacionada à oferta de produtos terá um enfoque e sua comunicação institucional poderá ter outro. Outra implicação é o uso indistinto de preços com final 9. Considerando os benefícios já citados desta prática, certamente haverá maior apelo, com resultados de maior impacto em vendas, para determinadas categorias de produto e para produtos voltados a determinados tipos de consumidores. Também é mais indicado o uso de final 9 para preços promocionais, dado o objetivo comum da promoção em incrementar as vendas, comparativamente aos preços regulares. Como limitação, mesmo considerando-se que o estudo avaliou quase 2.500 preços, por se tratar de uma pesquisa onde são avaliadas práticas do mercado, o tamanho da amostra na coleta de dados pode ser um fator de ampliação do presente estudo em futuras pesquisas. O fato de ter sido consultado apenas um jornal dentre as opções disponíveis na cidade, e alguns encartes de supermercados – mesmo que contemplem os três maiores da região, como fonte 10 de coleta de dados, pode ter direcionado os resultados sob algum viés de posicionamento. A utilização de outras fontes de coleta pode representar alguma variação nos resultados. Outra limitação é o uso de uma amostra específica na cidade de Porto Alegre, impossibilitando a generalização dos resultados. O estudo do preço e da sua formação, por outro lado, abre uma avenida de possibilidades de pesquisas futuras. Um primeiro esforço, ainda na linha de pesquisa que estuda os preços praticados pelas empresas, seria a identificação de diferenças por categorias de produtos. Também vale salientar a possibilidade de uma análise longitudinal, com o acompanhamento anual de preços, permitindo avaliar alterações decorrentes de períodos reconhecidamente mais intensos em termos de ofertas promocionais. Por exemplo, em Porto Alegre, no mês de fevereiro, existe um esforço conjunto entre empresas e CDL em promover o Liquida Porto Alegre, liquidação já tradicional que mobiliza a cidade e incrementa as vendas do varejo. Outra possibilidade de pesquisa é aprofundar a análise do impacto da adoção deste tipo de prática de preço no comportamento do consumidor, que não é o foco deste artigo, mas se caracteriza como uma fértil linha de pesquisa. A avaliação da imagem que o consumidor faz do preço, as associações com o produto, a lembrança da marca ou o impacto (positivo ou negativo) em relacionamentos de longo prazo entre empresa e/ou produto e o consumidor final são interessantes focos de pesquisa. 6. Considerações finais Este artigo representa um primeiro esforço de pesquisa no sentido de prover um melhor entendimento de como o varejo brasileiro lida com a formação do preço de seus produtos, especialmente a definição dos dois últimos dígitos. Para tanto, foi realizada uma pesquisa considerando um jornal de grande circulação e quatro supermercados em Porto Alegre, avaliando-se os preços anunciados. Evidentemente, por questões amostrais, os resultados não podem ser generalizados, mas trazem evidências específicas que suscitam a discussão e a reflexão sobre práticas comumente adotadas pelo varejo e que têm implicações diversas, desde as gerenciais, focadas em resultados como o aumento das vendas, quanto as teóricas, que discutem o impacto dessas práticas no comportamento do consumidor, envolvendo preferências, atitudes ou lembrança de marca, entre outros. Finalizando, vale ressaltar mais uma vez que é muito importante que se estimule a comunidade acadêmica a retomar, com maior interesse, os estudos referentes à precificação de produtos. Este estudo contribui neste sentido na medida em que aproxima uma prática regularmente adotada pelo meio empresarial com a teoria em marketing. Referências Bibliográficas ANDERSON, E. T.; SIMESTER, D. I. Effect of $9 Price Endings on Retail Sales: Evidence from Field Experiments. Quantitative Marketing and Economics, vol. 1, n. 1, p. 93-110, 2003. 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