1
SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
MEC – SETEC
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO
CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
KELLY MACHADO PINHO
SENSIBILIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO
CONTINUADA NO IF-SC CAMPUS JARAGUÁ DO SUL
Cuiabá - MT
Outubro 2009
2
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE
MATO-GROSSO
CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU EM EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INCLUSIVA
KELLY MACHADO PINHO
SENSIBILIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO
CONTINUADA NO IF-SC CAMPUS JARAGUÁ DO SUL
Cuiabá - MT
Outubro 2009
3
Ficha Catalográfica
PINHO, Kelly Machado
Sensibilização: uma estratégia para formação continuada no IF-SC
Campus Jaraguá do Sul
Cuiabá -MT, 2009
46 folhas
ANDERLE, Suely
Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso
Trabalho de Conclusão Curso de Especialização Latu Sensu em
Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva
4
KELLY MACHADO PINHO
SENSIBILIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO
CONTINUADA NO IF-SC CAMPUS JARAGUÁ DO SUL
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado
ao
Departamento
de
Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de
Especialização em Educação Profissional
e Tecnológica Inclusiva, do INSTITUTO
FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE
DA SILVA:, como requisito para a
obtenção do título de Especialista.
Orientadora: Prof. MSc Suely Maria Anderle
Cuiabá - MT
Outubro 2009
5
KELLY MACHADO PINHO
SENSIBILIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO
CONTINUADA NO IF-SC CAMPUS JARAGUÁ DO SUL
Trabalho de Conclusão de Curso em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva,
submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do Programa de PósGraduação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso como
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista.
Aprovado em: ____________________
______________________________________________
Prof. MSc Suely Anderle (Orientador)
______________________________________________
Prof. Esp Paulo Sério Fochi (Membro da Banca)
_____________________________________________
Prof. MSc Lenir Antonio Hannecker (Membro da Banca)
Cuiabá - MT
Outubro 2009
6
DEDICATÓRIA
À Jeová Deus, meu querido marido, que me
apoiou nos mais difíceis momentos, minha
família, amigos e colegas, e principalmente a
minha orientadora ’Su’, por acreditar em mim.
7
AGRADECIMENTOS
A Jeová Deus, pela presença e benção em todos os momentos de nossas vidas;
Ao meu querido marido, pelo carinho e paciência durante esta trajetória;
Às minhas queridas amigas “Fê”, “Mi”, e “Dani” que me deram força e muita energia
para realizar este trabalho.
À professora, colega de trabalho, amiga, orientadora Suely Maria Anderle, que
acreditou que eu seria capaz de construir este trabalho;
Aos examinadores, que gentilmente se dispuseram em avaliar meu trabalho;
À coordenadora Andréa Poletto Sonza e a monitora Bruna Salton, pela paciência
em responder meus incansáveis emails;
Aos examinadores que se colocaram a disposição para me apoiar;
À minha família, e minha “manamiga” Clarissa M. Almeida que, mesmo de longe, me
incentivaram e valorizaram meu trabalho.
8
“Minha segurança se funda na convicção de que sei algo e de
que ignoro algo a que se junta a certeza de que posso saber
melhor o que já sei e conhecer o que ainda não sei”.
(FREIRE, 1996, p. 135)
9
RESUMO
O presente trabalho constitui-se na experiência realizada no Instituo Federal de
Educação de Santa Catarina – Campus Jaraguá do Sul. Partindo do pressuposto
que se faz necessário a formação continuada dos profissionais da educação críticos,
reflexivos e comprometidos com as transformações sociais, é que nos propusemos
a investigar e analisar este tema. Buscamos, na fundamentação teórica, a base para
efetivarmos um trabalho condizente com as necessidades atuais do profissional da
educação, outrossim, optamos por uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório,
na qual foram utilizados como instrumentos a observação e questionários. Como
retorno, percebeu-se a necessidade dos profissionais da educação, estarem
preparados e atualizados, pois fazem parte e são responsáveis pela formação inicial
e continuada de todo e qualquer profissional. Então, tendo suporte e capacitação
para interferir, formar, mediar, auxiliar e exercer efetivamente seu papel, ele deve ter
uma sólida formação, através de uma base teórica consistente e uma prática
reflexiva continuada.
Palavras-chaves: formação continuada; profissional da educação; sensibilização.
10
ABSTRACT
This work is based on the experiment conducted in the Institute Federal Education of
Santa Catarina - Campus Jaragua do Sul the assumption that it is necessary to the
continuing education education professionals critical, reflective, and committed to
the social, is that we set out to investigate and analyze this theme. We seek, in the
theoretical foundation, the basis for closing a work consistent with the current needs
of the professional education, instead, opted for a qualitative character exploratory,
which were used as observation and questionnaires. In return, realized the need for
professionals education, be prepared and updated, since they occupy and
are responsible for initial and continuing any professional. Then, with support and
training to interfere, forming, mediate, assist and carry out its role effectively, it must
have a solid, through a consistent theoretical basis and practice reflective continued.
Keywords: continuing education, professional education; awareness.
11
LISTA DE ABREVIATURAS
IF-SC: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa
Catarina
NAPNEE: Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................13
2. CAPÍTULO I: Fundamentação Teórica...............................................................16
2.1. Formação continuada para os profissionais da educação...........................16
2.2. Preconceito, eu tenho?..............................................................................19
3. CAPÍTULO II: Apresentação da pesquisa..........................................................22
3.1. Projeto “Preconceito em Cena”: uma experiência no IFSC Campus
Jaraguá do Sul Considerações metodológicas.......................................................22
3.2 Situando sobre o projeto “Preconceito em Cena”.........................................23
3.2.1 Desenvolvimento do projeto................................................................. 24
4. CAPÍTULO III: Análise de dados....................................................................... 27
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................32
6. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................34
ANEXO(S)...................................................................................................................... 37
13
1. INTRODUÇÃO
A escolha deste tema surgiu das inquietações dos integrantes do NAPNEE,
profissionais da educação, do IF-SC Campus Jaraguá do Sul. O Campus
atualmente não possui alunos com necessidades educacionais especiais,
diagnosticados, porém já tivemos alguns alunos, que nos deram boas experiências.
Através de experiências presenciadas no Campus, houve a confirmação de
que a formação continuada para os profissionais da educação ao que se refere ao
tema preconceito, é muito importante para que haja a efetivação da inclusão e da
acessibilidade.
Para o profissional da educação, que tem a responsabilidade de oferecer a
formação de outros profissionais, a formação continuada, concebida de forma
articulada com o cotidiano, é necessidade intrínseca para estes profissionais e faz
parte de um processo permanente de desenvolvimento profissional, que deve ser
assegurado a todos, a fim de aprimorar a sua prática.
Observa-se que, com o crescente desenvolvimento da tecnologia e da
ciência, grandes transformações sociais são vivenciadas diariamente, criando,
assim, novos conceitos. Sendo assim, o preconceito, por exemplo, surge, quando se
faz necessária a efetivação da inclusão e da acessibilidade. Entretanto, são muitas
as barreiras a serem quebradas. É preciso diálogo, já dizia Freire (1996) “não há
inteligetibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde
na dialogicidade”. Há necessidade das escolas adquirirem uma nova postura frente
a esse desenvolvimento e ao saber. As escolas devem estar preparadas para
construir um ambiente crítico e reflexivo que envolva seus alunos, e educadores na
busca do conhecimento.
Nessa quebra de barreiras é preciso admitir que nenhum de nós está imune a
ter preconceitos. Todos passamos por situações que podem nos levar a ter ou sofrer
o preconceito. Aceitar, mudar e agir são palavras que ligadas ao preconceito nos
fazem refletir sobre a importância do outro, de nos colocar no lugar do outro, usando
de empatia. Não sabemos como pode ser dolorido o preconceito até sofrermos por
ele.
14
Nesse sentido, para que esta pesquisa pudesse ser realizada, conduziu-se
pela seguinte questão norteadora:
- Sabemos que a formação continuada é importante e não se questiona sua
necessidade, mas em um contexto que se busca a inclusão e a acessibilidade,
como sensibilizar os profissionais da educação?
Diante do exposto, a pesquisa buscou atingir os seguintes objetivos:
- Registrar e contextualizar o “Preconceito em Cena” (anexo 1) como uma estratégia
na formação continuada do IFSC - Campus Jaraguá do Sul;
- Contribuir com reflexões sobre a necessidade de focar o tema preconceito na
formação continuada de educadores;
- Cooperar na construção de uma consciência acessível e inclusiva.
Para que os objetivos fossem alcançados, foi empregada a metodologia da
pesquisa exploratória. O presente trabalho insere-se numa abordagem qualitativa,
segundo os princípios da pesquisa exploratória, a qual objetiva buscar informações,
tornando o problema mais específico, além de apontar elementos para
aprofundamento de estudo.
Segundo GIL (1991), pesquisas qualitativas “têm como objetivo principal o
aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é,
portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado”. Além disso, a abordagem qualitativa
permite um diálogo constante em torno do objeto-pesquisado, oportunizando
construções teóricas em confronto com a prática vivenciada pelos sujeitos da
investigação.
Desta forma, a partir da fundamentação teórica acerca do problema, foi
situada a proposta de mostrar a importância da formação continuada para
sensibilização dos profissionais da educação.
Os dados foram coletados através de observações e questionários (anexo 2),
envolvendo participantes do projeto “Preconceito em Cena”, no primeiro semestre
de 2009. As concepções e percepções dos servidores envolvidos no projeto, foram
coletados através de questionários distribuídos aos participantes, todos servidores
do Campus, dos quais obtivemos retorno de 100%. Foram realizadas palestras
paralelas, relacionadas ao tema durante o decorrer do projeto, também com o
objetivo
de
sensibilizar e oferecer maior aprofundamento a respeito da
acessibilidade e inclusão.
15
Sendo assim, os profissionais da educação têm uma responsabilidade muito
grande por serem responsáveis pelo começo da formação de outros profissionais, e
para isso necessitam estar preparados, capacitados e sensibilizados ao tocante a
inclusão e acessibilidade. Vencer o preconceito, aceitar o novo, ter empatia com o
outro, isso fará com que nós, profissionais da educação sejamos mais humanos.
16
2.
CAPÍTULO I
Fundamentação Teórica
2.1. Formação continuada para os profissionais da educação
A formação continuada dos profissionais da educação é um tema
amplamente discutido no meio educacional. Profissionais da educação devem ter
como meta na sua caminhada profissional, atualizar e aprofundar seus
conhecimentos para melhorar sua prática no seu dia- a- dia. Proporcionar formação
continuada a estes profissionais é garantir a melhoria da qualidade de educação no
país.
Vários pesquisadores, analistas e professores têm buscado encontrar
instrumentos e soluções para adequar os cursos de formação continuada para
professores às exigências da realidade atual. “É necessário repensar e reconstruir o
contexto institucional em que cursos de formação de professores se inserem a
serviço do quê e de quem realmente está voltado.” (GATTI, 1997, p.92)
Frente às mudanças na sociedade, no papel de mediador, o profissional da
educação também faz parte dessas mudanças. Ele também é levado a ter uma
nova postura perante aos alunos e à forma como são repassadas as informações a
eles. Além de postura ética, o profissional deve abster-se do papel de detentor único
do conhecimento; ele agora passa a ser um mediador, devendo estar aberto a
novas experiências e ao aprendizado.
O professor é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da
personalidade de seus alunos; é aquele que, na sala de aula não se preocupa
somente em promover o conhecimento e aprendizado para atender às exigências
programáticas de um plano de curso, mas, procura despertar neste aluno o bem
estar, o bem viver; para atender a um propósito dentro da sua consciência
profissional.
Para BARRETO (2002, p. 03), o professor do século XXI deve funcionar
como um facilitador no acesso a informações, como um bom amigo que auxilia o
17
sujeito a conhecer o mundo e seus problemas, seus fatos, suas injustiças e suas
solidariedades, de forma que o aluno possa caminhar com liberdade de expressão
e, conseqüentemente, de ação. Em contrapartida, o aluno deve respeitar o espaço
escolar e valorizar o professor, sabendo aproveitar a magia do momento, o
encantamento de aprender-ensinar-aprender.
E, para ser esse mediador na busca pelo aprender, é de suma importância
capacitar-se constantemente, e considerar temas que envolvam a realidade do
aluno. Ausubel (1978) diz que a aprendizagem torna-se significativa à medida que
se consegue incorporar novos conhecimentos aos já existentes. Se não fosse
assim, a aprendizagem se torna mecânica ou repetitiva, uma vez que os conteúdos
passariam a ser armazenados isoladamente, sem significados.
Para a formação continuada de profissionais da educação, ou qualquer outra
área, há necessidade de aprender a fazer, fazendo. Entretanto, da forma como
muitos dos cursos de graduação são oferecidos, aprende-se a falar sobre, e não a
fazer. Sobre esta questão GATTI (1997, p.40) diz que “apenas aprender a criticar
não basta para ninguém, pois esta acaba sendo estéril e vazia de referenciais
concretos. É preciso, com sabedoria, aliar aquilo que é necessário saber para saber
fazer, com o que é necessário saber para analisar e refletir e criticar para
transformar.” É necessário refletir mais sobre as ações e teorias que nos são
colocadas. Nesse ponto, ao aprender fazendo temos a prática que nos ajuda a
refletir de forma mais prazerosa e de certa forma mais fácil, pois nos coloca na
situação que precisamos vivenciar. Numa capacitação, por exemplo, um professor,
pode experimentar como é ter diferentes alunos e como lidar com eles, o que fazer,
como agir, e com ajuda de outros profissionais, para que na sua prática do dia-a-dia,
ele consiga ensinar de forma que ele também possa aprender, ou seja que haja
mediação.
Aprende-se como acadêmico, que se deve ser crítico e reflexivo, mas na
prática as coisas podem ser bem diferentes do que apenas saber do que é preciso,
para o saber fazer. “A prática pedagógica reflexiva, caracteriza-se, enfim, pelo seu
caráter emancipatório e como fonte geradora de novos conhecimentos e/ou novas
teorias.” (CARVALHO, 1998, p.69)
Sendo assim, temos algumas convicções da necessidade e da importância da
formação continuada para profissionais da educação, pois, só pode ensinar aquele
que está aberto a aprender e a contrapartida é igualmente verdadeira, só consegue
18
aprender aquele que tem algo a ensinar. FREIRE (1999, p.43) afirma que, “na
formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão
crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que
se pode melhorar a próxima prática”.
Também é preciso compreender que o aprendizado se baseia na interação
social e se realiza nas trocas que se estabelecem entre os alunos e o meio social.
VYGOTSKY (1994) ressalta em suas obras que a individualização do sujeito é
formada a partir das experiências propiciadas pela cultura, ou seja, que seu
desenvolvimento cognitivo envolve processos, que se constituem pela imersão na
cultura, para a formação da sua individualidade. Seu processo de desenvolvimento,
como sujeito diferenciado do outro, é formado pela relação com o outro e, nessa
troca, estabelece sua própria individualidade. Ou seja, o sujeito é constituído
socialmente, mediado pela cultura, porém, preservando sua composição individual.
Na concepção Vygotskyana de aprendizagem, a cultura é um processo integrante
na construção do conhecimento e constituição do indivíduo. Mais uma vez
valorizando a importância da reflexão para ação.
A aprendizagem mecânica é o que muitos alunos ainda se forçam a fazer,
pela própria metodologia de ensino ou pela obrigação de tirar boas notas. Aqui cabe
uma rápida reflexão: até que ponto as boas notas significam bons alunos? Tirar dez,
decorar toda a lição; são pessoas assim que muitas vezes vimos, condicionadas
desde pequenas a decorar números, datas, palavras, mas incapazes de discutir
sobre um assunto, limitando-se apenas a responder mecanicamente aos
questionamentos. O professor deve ultrapassar a barreira do ensinar para
armazenar, deve incentivar seu aluno a ser crítico e reflexivo.
As mudanças no contexto educacional estão ocorrendo: novas políticas,
novas metodologias, novos currículos, enfim, há transformação na educação.
Porém, muitos alunos ainda não são beneficiados com novas metodologias de
ensino-aprendizagem,
antes
é
necessário
a
mudança
de
concepções
e
metodologias, culturalmente construídas, trabalhadas na escola. Muitos professores
não estão buscando se capacitar para melhorar suas metodologias em sala de aula.
Dada a importância de se refletir sobre as questões que permeiam a prática
do educados, é preciso buscar alternativas, visando construir e re-construir
conhecimentos, construindo uma prática reflexiva e transformadora para os
profissionais da educação.
19
A realidade escolar coloca docentes frente a alunos com contextos, históricos
e culturas diferentes, cada um com sua individualidade. Há casos em que essas
diferenças são mais aparentes, como é o caso de alunos surdos, ou com
deficiências, mas há as diferenças escondidas, que devem também ser respeitadas.
E, para que o professor tenha condições de lidar com as diferenças na sala de aula,
é preciso que ele se sensibilize quanto à diferença e busque formação continuada
para que possa se atualizar. E é com esse objetivo que o projeto “Preconceito em
Cena” desenvolvido no IF-SC Campus Jaraguá do Sul, busca auxiliar, não só os
professores, mas todos os profissionais da educação, a lidar com as diferenças,
aprendendo a respeitar para ser respeitado.
2.2. Preconceito, eu tenho?
Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, ficou inscrito na
legislação maior do país o direito dos portadores de deficiência à educação. O art. 8,
inciso I, da Resolução CNE/CBE n° 2 de 11 de setembro de 2001 que estabelece as
diretrizes para garantir a estrutura das escolas inclusivas, diz que “As escolas...
devem prever e prover na organização de suas classes comuns: professores das
classes
comuns
e
da
educação
especial
capacitados
e
especializados,
respectivamente, para o atendimento às necessidades educacionais dos alunos”.
Essa Resolução e o Parecer CNE/CEB n° 17/2001 se inspiraram fortemente na
Declaração de Salamanca (1994), quando diz que “Os sistemas de ensino devem
matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos
educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições
necessárias para uma educação de qualidade para todos.” (art. 2°).
Sendo assim a mídia e muitas instituições, inclusive as escolas, tem buscado
mostrar a importância da inclusão e da acessibilidade, na vida de todas as pessoas,
mas o preconceito ainda é muito grande. O preconceito é algo que está
culturalmente enraizado no cotidiano das pessoas. Esse preconceito é gerado pela
ignorância, pela falta de conhecimento.
Pode ser por causa da religião, cor de pele, classe social ou até mesmo
idade, todos nós já tivemos ou percebemos em outros a presença do preconceito.
20
Para que a inclusão e a acessibilidade se consolidem, há necessidade de
vencer o preconceito, pois como vamos entrar numa batalha sem conhecer a causa
pela qual lutamos? A busca do conhecimento sobre nossos direitos deve ser
constante e incessante, não só pelos familiares, mas, principalmente, pelos políticos
e profissionais da educação. A Constituição Federal, em seu Artigo 5º, diz que
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”; porém, muitos
cidadãos desconhecem seus direitos, nem os mínimos. Muitos não conseguem nem
se aceitar, e aceitar o outro se torna ainda mais difícil.
O dicionário Aurélio, define o preconceito “como um conceito ou opinião
formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimentos dos fatos, ou
uma idéia preconcebida”. O preconceito se revela de forma julgadora, dizendo como
deve-se agir em determinadas situações.
Uma das maiores barreiras a vencer, é admitir que nenhum de nós está
imune a ter preconceitos. Todos passamos por situações que podem nos levar e ter
ou sofrer o preconceito. Aceitar, mudar e agir são palavras que ligadas ao
preconceito, nos fazem refletir sobre a importância do outro, de nos colocar no lugar
do outro, usando de empatia. Não sabemos como pode ser dolorido o preconceito
até sofrermos por ele.
Pesquisas sobre preconceito, mostram que as conclusões mais importantes
sobre o tema é que todos os dotados de raciocínio e fala podem nutrir preconceitos;
geralmente é preciso um esforço consciente para diminuir o preconceito e é possível
fazer isso, desde que haja motivação.
Para ALLPORT (1954), o preconceito pode ser definido como uma atitude
hostil contra um indivíduo, simplesmente porque ele pertence a um grupo
desvalorizado socialmente. O preconceito não acontece só com quem é de outra
etnia, ou tem uma deficiência, mas simplesmente por ser diferente do outro, ou da
maioria. Sendo assim, tem-se muitos tipos de preconceito relacionados a minorias,
estruturas de poder ou outros.
“Estar disponível é estar sensível aos chamamentos que nos chegam, aos
sinais mais diversos que nos apelam, ao canto do pássaro, à chuva que cai
ou que se anuncia na nuvem escura, ao riso manso da inocência, à cara
carrancuda da desaprovação, aos braços que se abrem para acolher ou
coro que se fecha na recusa. É na minha disponibilidade permanente à vida
a que me entrego de corpo inteiro, pensar critico emoção, curiosidade,
21
desejo, que vou aprendendo a ser eu mesmo em minha relação com o
contrário de mim. E quanto mais me dou à experiência de lidar sem medo,
sem preconceito, com as diferenças, tanto melhor me conheço e construo
meu perfil”. (Freire, 1996 p.134)
22
3.
CAPÍTULO III
Apresentação da pesquisa
3.1. Projeto “Preconceito em Cena”: uma experiência no IFSC Campus Jaraguá
do Sul Considerações metodológicas
O objetivo deste capítulo constitui-se na apresentação do projeto “Preconceito
em Cena”, realizado no primeiro semestre de 2009 no Instituto Federal de Santa
Catarina – Campus Jaraguá do Sul, onde este confirma a importância da formação
continuada para os profissionais da educação, principalmente a temas como
inclusão, acessibilidade e preconceito.
Visando a formação continuada do profissional que, na docência ou em
outras funções pedagógicas/administrativas dentro da escola, tenha uma prática
direcionada para a intervenção superada da realidade, comprometida com os
anseios de uma sociedade mais justa e humana é que o IF-SC Campus Jaraguá do
Sul, busca oferecer momentos de formação para todos os profissionais da
educação, principalmente no que se refere a sensibilização sobre a inclusão e a
acessibilidade.
Conforme os participantes do projeto, e dos servidores do Campus, a
formação continuada, principalmente ao que se refere à acessibilidade e inclusão,
temas que estão cada vez mais em nosso cotidiano, faz-se necessário..
O desenvolvimento do projeto oferece a possibilidade de ter maior clareza
sobre temas atuais que fazem parte da prática do cotidiano escolar. E o mais
importante, que se sensibilizem ao que se refere a aceitar o novo, diferente, e a
como usá-lo em sua prática.
O IF-SC, atendendo as exigências da educação inclusiva, através do
NAPNEE se mobilizou a conhecer e entender melhor o que vem a ser a inclusão e a
acessibilidade. Por meio de seminários, palestras, reuniões, conversas, enfim, muito
esforço, com objetivo de auxiliar o Campus no que for preciso para a concretização
da inclusão e da acessibilidade. Assim, buscando sensibilizar os servidores, surge a
23
formação continuada para nos ajudar nesta longa, e maravilhosa, batalha: vencer
preconceitos. Com o apoio de servidores sensibilizados, os primeiros passos foram
dados para alcançar os objetivos, mas nessa longa jornada ainda há muito o que se
fazer.
O NAPNEE ofereceu, e ainda oferece, momentos de sensibilização como
palestras, leitura de textos, reflexões, mas ainda assim o grupo sentiu a
necessidade de trabalhar com projetos diferenciados que fossem ao encontro à
realidade dos servidores, principalmente os professores. Nesse sentido o projeto
“Preconceito em Cena”, trouxe, e continua trazendo, ótimos resultados. Realizaramse palestras paralelas, relacionadas ao tema, durante o decorrer do projeto.
3.2. Situando sobre o projeto “Preconceito em Cena”
Com base no Artigo 7º da Lei 11.892/08, que coloca como finalidades: I ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a
capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais,
em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e
tecnológica; e V - estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de
trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento
socioeconômico local e regional; e que cidadania se constrói a partir da quebra de
preconceitos e da consolidação de consciência crítica, o NAPNEE – Núcleo de
Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, em parceria
com o Grupo de Trabalho Capacitação para Servidores Técnicos Administrativos,
ofertou o Projeto: Preconceito em cena, que aborda temas tais como: pobreza,
homossexualidade, deficiências física, auditiva, visual ou mental,
questões de
gênero e etnia, entre outros.
O Projeto tem como objetivos:
•
Propiciar, através dos filmes, uma possibilidade de sensibilização para iniciar
uma discussão a respeito do preconceito.
•
Analisar e refletir as condições que levam o ser humano a constituir o
preconceito.
24
•
Desenvolver consciência crítica e solidária diante daquilo que é considerado
como “diferente”.
3.2.1. Desenvolvimento do projeto
Com um cronograma previamente definido, são apresentados filmes
escolhidos pelo NAPNEE ou pelos próprios participantes do projeto e que são
relacionados ao tema “preconceito” e em seguida é realizada uma reflexão sobre o
que foi visto, compartilhando experiências, opinando e sugerindo alternativas, não
só para o projeto, mas para o Campus.
Na escolha dos filmes, temas como surdez, deficiência visual, diferenças
étnicas, entre outros, foram abordados. Temos, por exemplo, alguns filmes que
marcaram, segundo depoimento de alguns participantes e servidores que trabalham
no mesmo setor, mais impacto.
Filmes como:
“Perfume de Mulher”: o ator principal é um tenente-coronel aposentado e
cego em batalha, cansado da vida, e de não se aceitar mais como cego, ele decide
viver um final de semana inesquecível antes de cometer suicídio, para isso contrata
um jovem estudante para acompanhá-lo. Assim se tornam amigos, ele se preocupa
com o rapaz, o que faz com que ele consiga quebrar paradigmas, se conhecer
melhor e ter, na vontade de ajudar seu amigo, a vontade de viver.
“Seu nome é Jonas”: o filme mostra a realidade de uma família com um filho
surdo, que é diagnosticado pelos médicos como ‘retardado’ e é internado num
hospital especial, após três anos percebem que cometeram um grande erro, e que o
menino era apenas surdo e volta para casa. A partir de então, começa a batalha da
família para aceitar esse diferente menino. Enfrentam muitas dificuldades, até
encontrarem a comunidade surda para mostrar que com comunicação as coisas
podem dar certo. Mostra a importância do papel da família e da escola no processo
de inclusão social.
“Meu Nome é Rádio”: Um treinador local de futebol americano, que fica tão
envolvido em preparar o time que raramente passa algum tempo com sua filha, ou
sua esposa, conhece um jovem "lento", que ele e nem ninguém sabia o nome dele,
25
pois ele não falava e só perambulava em volta do campo de treinamento. O
treinador se preocupa com o jovem quando alguns dos jogadores da equipe fazem
uma "brincadeira" de péssimo gosto, que o deixou apavorado. Tentando compensar
o que tinham feito com o jovem, ele o coloca sob sua proteção, além de lhe dar uma
ocupação. Como ainda não sabia o nome dele e pelo fato dele gostar de rádios,
passou a se chamá-lo de Radio. No filme, o autor denuncia antes de tudo a
exclusão
social
que
faz
com
que
as
pessoas
que
apresentam
necessidades especiais fiquem à margem da sociedade e sejam vistas como
alguém que tem uma doença contagiosa, ou que cometeu um crime hediondo ou
ainda que não tem a menor importância e capacidade.
“Jornada pela Liberdade”: A vida de William Wilberforce é a história de
como a perseverança e a fé de um homem mudaram o mundo. Líder do movimento
abolicionista britânico, o filme mostra a luta épica para criar a uma lei com o objetivo
de acabar com o tráfico negreiro. Durante esta jornada, Wilberforce encontra
oposição intensa dos que acreditavam que a escravidão estava diretamente ligada à
estabilidade do império britânico. Em seus amigos, incluindo John Newton, um excapitão de navio negreiro que compôs o famoso hino Amazing Grace, encontrou
suporte para continuar lutando pela causa.
"Uma Lição de Amor": conta história de um pai devotado em luta com a
justiça e a sociedade para manter a guarda de sua filha. Engraçado e comovente, o
filme mostra a enorme generosidade do espírito humano. E a comovente história de
um pai com deficiência mental que cria sua filha ajudado por um grupo de amigos
bem especial. Ao completar sete anos de idade, Lucy começa a ultrapassar seu pai
intelectualmente, e a forte ligação existente entre os dois é ameaçada quando uma
assistente social decide que a menina deve ir viver com uma família adotiva. Diante
da situação em que aparentemente é impossível sair vitorioso, o pai decide
enfrentar o sistema legal e estabelece uma incomum aliança com uma poderosa e
egocêntrica advogada que inicialmente aceita o caso apenas por ter sido desafiada
a fazê-lo por seus colegas. Numa análise superficial, os dois não poderiam ser mais
diferentes, porém, na realidade, possuem sutis semelhanças. A natureza compulsiva
do pai espelha a obsessão da advogada em ser aceita socialmente, que é vista com
mais naturalidade pela sociedade. Sua busca de perfeição e sucesso a distancia de
seu filho e vem destruindo lentamente sua auto-estima. Juntos, eles se empenharão
em convencer o sistema de que o pai merece ter sua filha de volta e, ao longo desse
26
processo, criam um vínculo que resulta numa testemunho singular do poder do amor
incondicional.
“Terra fria”: Após um casamento fracassado, certa mulher retorna à sua
cidade natal, no Minnesota, em busca de emprego. Mãe solteira e com dois filhos
para sustentar, ela é contratada pela principal fonte de empregos da região: as
minas de ferro, que sustentam a cidade há gerações. O trabalho é duro mas o
salário é bom, o que compensa o esforço. Aos poucos as amizades conquistadas no
trabalho passam a fazer parte do dia-a-dia dela, aproximando famílias e vizinhos.
Incentivada por uma das poucas mulheres da cidade que trabalha nas minas, ela
passa a trabalhar no grupo daqueles que penam para arrancar o minério das
pedreiras. Ela está preparada para o trabalho duro e, às vezes, perigoso, mas o que
não esperava era sofrer com o assédio dos seus colegas de trabalho. Como ao
reclamar do tratamento recebido é ignorada, ela decide levar à justiça o caso.
Os filmes apresentados pelo projeto, até o momento, mostram a realidade de
pessoas que vivem a luta contra o preconceito. Muitos, que são considerados pela
sociedade como diferentes, enfrentam a pressão de amigos, familiares, colegas de
trabalho, enfim, da sociedade em geral, que sem conhecimento, acabam
percebendo essas pessoas como monstruosas, ridículas e que oferecem perigo de
contágio.
Após as apresentações dos filmes, eram realizadas discussões onde os
participantes colocavam suas opiniões sobre o filme e sobre o tema relacionado no
filme, por exemplo, surdez. Alguns citavam casos particulares, ou questionavam de
outros colegas.
Portanto, abordar um tema como o “preconceito” é algo atual e necessário à
vida profissional e pessoal, afinal todos são diferentes, têm características diversas
uns dos outros. Entende-se, assim, que a formação continuada, concebida de forma
articulada com o cotidiano escolar, é necessidade intrínseca para os profissionais da
educação e faz parte de um processo permanente de desenvolvimento profissional,
que deve ser assegurado a todos, a fim de aprimorar a sua prática.
27
4.
CAPÍTULO IV
Análise de Dados
Com a finalidade de avaliar o desenvolvimento do projeto e colher sugestões
foram promovidas discussões a cada encontro realizado entre os participantes do
projeto e que se constituíram pelas seguintes questões fundamentais: Refletir e
relacionar o conteúdo do filme assistido com o tema “preconceito”; destacar as
formas de preconceito que vivenciamos e percebemos no nosso cotidiano e até
mesmo os possíveis preconceitos que estão dentro de nós; que avaliação se faz do
projeto “Preconceito em Cena”; como e quais benefícios o projeto tem trazido para a
vida e pessoal e profissional de cada participante e sugestões.
Inicialmente foi procurado identificar os pontos positivos indicados pelos
participantes envolvidos diretamente no projeto, quanto a metodologia da
implantação da mesma.
De modo geral, os participantes avaliam o projeto como:
“Qualquer que seja a atividade que abra um espaço para discutir as atitudes dos indivíduos
perante algo que considere diferente e valida, e os filmes facilitam bastante essa tarefa, pois permitem
comparar a historia com a vivência de cada um”.
“O projeto está realmente alcançando o objetivo, nos sensibilizando através da exposição das
realidades mostradas nos filmes trabalhados até agora temos diversificados os vários pontos de vista
têm sido abordados, nos aproximando, de certa forma, de situações das quais muitas vezes nem
percebemos ter proximidade. As discussões e questionamentos incitados pela reflexão proposta pelo
projeto são de inestimável valia, nos proporcionando grande crescimento”.
“Um projeto muito rico, principalmente quando se pensa que é possível transformar horas de
capacitação em momentos agradáveis, descontraídos e de muita reflexão ao mesmo tempo”.
“O projeto foi excelente, pois não é somente assistir a filmes, mas sim criticá-los para que se
tenha uma auto-avaliação e tomá-los como referência para si”.
28
“Muito bom. O projeto com os filmes é ótimo, pois apresenta os temas que precisamos
conhecer de forma simples. A discussão que fazemos logo após é muito proveitosa pois é uma forma
de socializar as opiniões e refletir sobre o que assistimos e relacionar com a nossa realidade”.
“Se tivesse que dar uma nota, ela seria 10!!! Pois toda a estrutura, idéia, e vontade de tornarse real o projeto é o que mais conta”.
“O projeto se revela uma possibilidade de trabalhar o assunto “preconceito” através da arte e
consequentemente de discutir os temas apresentados nos filmes com mais leveza e descontração. O
projeto também é uma oportunidade que a escola tem de fazer um trabalho interdisciplinar e de
envolver todos os integram a comunidade escolar. Mas, apesar do objetivo principal do projeto que é
“sensibilizar”, ele, por si só, não conseguiu sensibilizar todos os servidores (trabalhadores da
educação no IFSC – Jaraguá do Sul), principalmente os docentes para participar”.
Observamos muitos pontos positivos como a possibilidade de discutir temas
delicados, como o preconceito, de forma mais leve e que leva a própria realidade do
participante. Ainda, a oportunidade de criar um ambiente para trocar idéias, críticas e
dúvidas, foi um dos pontos a serem destacados. Percebemos que projetos como o
“Preconceito em Cena”, trazem benefícios não só profissionais mas também pessoais. Isso
pode ser observado em uma das falas:
“O desenvolvimento deste projeto está sendo de grande valia, tanto em minha vida pessoal
quanto profissional. Os mais diferentes filmes que estamos assistindo enfocam diferentes realidades
sobre os mais diversos preconceitos existentes no relacionamento interpessoal. Também estão sendo
muito edificantes os momentos em que paramos para refletir sobre o filme assistido, trocamos idéias,
compartilhamos experiências e fazemos uma auto-avaliação de nossas posturas comportamentais”.
Ainda outros relatam sobre os benefícios pessoais e profissionais que o projeto vem
trazendo:
“Através das discussões podemos conhecer melhor nossos colegas, sabendo das opiniões
individuais sobre determinado assunto e também podemos refletir sobre nossas atitudes e
preconceitos”.
“O projeto “Preconceito em cena” tem ampliado significativamente minha reflexão sobre os
estereótipos da sociedade em que vivemos, sobre a necessidade de que sejamos mais sensíveis
diante das diferenças e mais críticos diante da intolerância, e dos julgamentos superficiais e
infundados que formam os preconceitos”.
29
“Faz-nos repensar nossos atos, agir de maneira mais humana e menos preconceituosa diante
de situações diversas no nosso cotidiano. Nos traz conhecimento de um preconceito que muitas vezes
não nos damos conta, preconceito este que nos rodeia o tempo todo ou que as vezes faz parte de
nossas vidas mas que fechamos os olhos, fazemos de conta que não é conosco, não é problema
nosso”.
“O maior benefício que foi adquirido é o próprio aceitar-se, olhar suas diferenças e conhecer a
si próprio”.
“O projeto tem trazido muitas dúvidas... a impressão que tenho é que a medida em que vamos
crescendo e amadurecendo, é “empacotado, enlatado” em nossas mentes, várias formas de
preconceito. A medida e que vamos desmistificando alguns, vamos “procurando” novos preconceitos,
ou seja, se tínhamos o preconceito com o Down, e desmistificamos, “criamos” o preconceito no
relacionamento de uma mulher com um homem mais jovem, e assim por diante”.
“Estou enxergando as coisas de uma maneira diferente, a sensibilidade com as pessoas que
são diferentes. Só conseguimos entender os outros quando nos colocamos no lugar deles”.
“Sim, em aceitar novas idéias e opiniões, e também a não “rotulação” de um ser humano na
primeira vez que assim o ver. Entender que somos todos iguais, e com qualidades diferentes”.
“Debater temas que leva a refletir sobre preconceito e inclusão social me torna mais humana e
me possibilita passar pelo processo da empatia. Além disso, me mostra o caminho para entender
melhor a legislação no que diz respeito aos direitos que os brasileiros possuem, mas que em muitos
momentos não são respeitados. No que diz respeito aos direitos que a escola deve garantir, o olhar se
torna mais aguçado e ampliado para que a permanência e o êxito possam realmente ser oportunidade
para todos”.
Muitos relatos demonstraram mais que a resposta ao questionário, mas um
desabafo. Pode-se perceber que muitos sofrem com o preconceito em silêncio e
lutam muito para que sejam aceitos e compreendidos. Esta fala, abaixo, resume de
forma clara, a importância de profissionais da educação terem clareza sobre o tema
preconceito:
“São diversos os benefícios recebidos: ter a oportunidade de participar deste projeto; perceber
o quanto é importante no colocarmos muitas vezes o lugar das pessoas que sofrem preconceito;
identificar situações muitas vezes pelas quais quem sabe já praticamos ou sentimos em nossa vidas;
priorizar e valorizar cada vez mais a prática dos bons princípios e valores morais (respeito, educação,
30
sensibilidade, dignidade humildade, paciência, etc.); prezar pela dignidade da vida, e reconhecer que
existem preconceitos perceptíveis e ocultos, para tanto, faz-se necessário praticar atos de empatia e
respeito, objetivando continuamente uma melhor qualidade de vida, no relacionamento interpessoal”.
Os participantes afirmam a necessidade de continuidade do projeto, e de
momentos de discussões relacionadas à inclusão e acessibilidade. Porém, muitos
dos participantes questionaram a ausência da participação de professores no
projeto, “Acho importante que tenhamos um ‘jeito’ de o projeto ser estendido aos
professores”, diz uma participante. Professores estão em contato direto com alunos,
e muitos desses alunos com diferenças perceptíveis. Realmente, a presença dos
professores fez falta. Este profissional, se tratando de uma instituição de ensino,
deve estar preparado para lidar com muitas diferenças em sala de aula. Quando
falamos das diferenças esquecemos que não existem só deficientes visuais, surdos
ou cadeirantes, mas há os com problemas de aprendizado, com problemas
pessoais, enfim, diferentes mas com a necessidade da mesma atenção dada pelo
professor.
Pelos relatos podemos perceber que a formação continuada é de suma
importância. Discutir temas atuais, que refletem no nosso dia a dia, nos auxiliam a
ter mais conhecimento, e saber lidar melhor com o outro.
Estudos de Freire (1996) mostram que ensinar exige segurança, competência
profissional, generosidade, comprometimento, compreender que a educação é uma
forma de intervenção no mundo, liberdade, autoridade, tomada consciente de
decisões, saber executar, reconhecer que a educação é ideológica, disponibilidade
para o dialogo e querer bem aos educandos. Poder mediar o conhecimento, ensinar
algo que não se sabia, mostrar o novo, ver um aluno crescer é algo que não tem
preço. Este profissional nunca deve esquecer que nem sempre ele é professor,
muitas vezes ele é aluno, e deve saber se colocar no lugar do outro.
Ainda nos relatos, as linhas livres deixadas para críticas e sugestões
mostraram a grande aceitação dos participantes, e a vontade de continuidade do
projeto:
“Mobilizar e sensibilizar a comunidade escolar, inclusive alunos para que participem do
projeto. Dar continuidade ao projeto. Ampliar a execução do projeto em momentos de capacitação
para todos os servidores. Envolver a participação dos alunos. No cotidiano da escola, de forma
explicita ou velada, vivemos o preconceito de forma muito forte, seja entre servidores, seja entre
31
servidores e alunos, seja entre alunos e alunos, seja de todos para com a sociedade em geral. A
sensibilização é um dos melhores caminhos para que educadores e educandos possam conscientizarse que vivemos em uma sociedade com seres humanos que possuem diferenças e especificidades.
Temos que quebrar com conceitos pré estabelecidos. Abrir os olhos para além daquilo que
consideramos certo, verdadeiro compreendendo esta dinâmica, os projetos e planejamentos das aulas
mudarão, a didática mudará, o relacionamento mudará, a sociedade mudará”.
“Que possamos documentar esta nossa experiência de capacitação e compartilhar em algum
momento com os demais servidores. Que nos comprometamos em promover melhorias sobre os
assuntos trabalhados, principalmente em nosso ambiente interno de trabalho”.
“Sugiro que as capacitações sejam contínuas e que possa envolver mais servidores do
Campus. Quanto mais se disseminar esta idéia, mais pessoas estarão envolvidas por esta causa”.
“A-DO-REI o projeto, principalmente a discussão promovida ao final, as várias formas de
interpretar uma mesma cena, mostra o quanto, entre nós (os participantes), já existem diferenças”!
São evidentes os pontos positivos, e o ânimo dos participantes do projeto:
“Que o projeto tenha continuidade no 2º semestre e sugiro que mais pessoas se interessem
pelo assunto, que é de tão grande importância e, faz parte da vida de todo mundo, independente da
sua raça, cor ou classe social”.
A continuidade de projetos como esse são necessários, para que possamos
refletir, analisar e repensar nossas ações, pois “a formação de educadores na
tendência
reflexiva
configura-se
como
uma
política
de
valorização
do
desenvolvimento pessoal-profissional dos professores e das instituições escolares.”
(PIMENTA, 1997 p. 58)
32
5.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em função dos relatos apresentados, é possível perceber a urgência de mais
capacitações que sensibilizem os profissionais da educação. Mais capacitações
como palestras, cursos de curta duração, FIC’s para a comunidade interna e
externa, entre outros.
Em muitos momentos desta pesquisa enfocou-se a necessidade de buscar,
de mudar, redimensionar, transformar, etc. é preciso perceber que não basta ficar
somente no discurso e nas discussões em pequenos grupos, é preciso agir.
Percebe-se a cada dia, que as pessoas estão cada vez mais voltadas ao seu próprio
mundo, e mesmo assim querendo ser aceitas, sem ao menos aceitar o outro. Para
que mudanças sejam feitas, o preconceito seja vencido, é necessário motivação.
Fala-se muito do outro, da inclusão, da acessibilidade, mas o que falta é a ação!
Neste aspecto, os profissionais da educação têm de estar preparados, pois
são responsáveis pela formação inicial de todo e qualquer profissional. Então, para
ter suporte e capacitação para interferir, formar, mediar, auxiliar e exercer
efetivamente seu papel, deve-se ter uma sólida formação, através de uma base
teórica consistente e uma prática reflexiva continuada, valorizando o diferente.
“Estou convencido... não é a minha arrogância intelectual a que fala de
minha rigorosidade científica. Nem a arrogância é sinal de competência nem
a competência é causa de arrogância. Não nego a competência, por outro
lado, de certos arrogantes, mas lamento neles a ausência de simplicidade
que, não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente mais
gente.” (FREIRE, 1996, p. 146)
É preciso compreender, que uma base teórica sólida, constrói-se através do
conhecimento das diferentes facetas produzidas no ambiente educacional. Mediante
várias análises e pesquisas, surgem novos paradigmas com os quais o educador
deve familiarizar-se, como agente de transformação que é.
Antes das mudanças, é preciso a preparação. “É preciso antes que o
professor seja educado, conscientizado desta necessidade de mudança. Uma nova
formação para os professores é indispensável porque estará nas mãos deles a
exigente formação do novo homem”. (LARA, 1999, p. 51)
33
Assim sendo, é preciso que o educador esteja capacitado, atualizado, tendo
como preocupação primordial, a formação do ser humano.
Quando sofremos o preconceito, percebemos a importância de conhecer
melhor o outro antes de julgá-lo. Os profissionais da educação têm uma
responsabilidade muito grande por serem darem início a formação de outros
profissionais,
e
para
isso,
necessitam
estar
preparados,
capacitados
e
sensibilizados ao tocante a inclusão e acessibilidade. Vencer o preconceito, aceitar
o novo, ter empatia com o outro, isso fará com que nós, profissionais da educação,
sejamos mais humanos.
34
6. BIBLIOGRAFIA
Referências Bibliográficas
ALLPORT, G. W. (1954). The nature of prejudice. 3ª ed. Wokingham: AddisonWesley.
ARAÙJO, L.A. O. de.; et al. Psicologia: Fundamentos e Princípios. Caderno
Pedagógico I, Florianópolis/SC, 2001.
AUSUBEL, D.P., NOVAK, J.D. and HANESIAN, H. Educational psychology: a
cognitive view. 2ª ed. Nova York, Holt, Rinehart and Winstons, 1978.
BRASIL.
Constituição
(1988). Constituição
da
República
Federativa
do
Brasil. Brasília/ DF: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Lei n. 11.892, de 24 de janeiro de 2008. Institui a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, DF
CARVALHO, Marlene Araújo. A prática pedagógica como fundamento para se
repensar a formação do professor. São Paulo, 1998. Tese de doutorado. Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo.
CHASSOT, Atiço. Alfabetização Científica: questões e desafios para a educação.
Ijuí/RS: Unijui, 2000.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª
ed. Botafogo; Nova Fronteira, 1986
35
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 10ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 38ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
GATTI, Bernadete. Formação de professores e carreira: problemas e movimentos de
renovação. Campinas: Autores Associados, 1997.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª Ed. São Paulo: Atlas,
1991.
LARA, Eliana. Inteligências Múltiplas: uma nova concepção para o homem
moderno.. Monografia Curso Especialização. Universidade Estadual Ponta Grossa,
1999.
MOREIRA, M.A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: EPU, 2004.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. 4ª Ed. Contexto. São
Paulo, 2006.
OLIVEIRA, M. Kohl. Vygtsky - Aprendizado e desenvolvimento: um processo sóciohistórico. São Paulo/SP: Scipione, 1997.
PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores: saberes da docência e
identidade do professor. In. Revista de Educação. O papel político social do
professor. Ano 26, n. 104, jul/set – 1997.
REGO, Tereza Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico cultural da educação.
Petrópolis: Cortez, 1996.
VYGOTSKY, L.S. A formação da Mente. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
36
_____. Preconceito discriminação: Por que existem e como vencê-los?. Despertai!,
v. 90, n. 8, p. 03-06, ago. 2009.
Referências da Internet
BARRETO, C.C. A relação professor-aluno. Texto disponível em:
< http://www.cintiabarreto.com.br/artigos/relacaoprofessoraluno.shtml >. Acessado
em: 02 de agosto de 2009.
37
ANEXO (S)
38
ANEXO 1
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina – IF-SC
Campus Jaraguá do Sul
PROJETO DE CAPACITAÇÃO
PRECONCEITO EM CENA
1) JUSTIFICATIVA:
Considerando o Artigo 7º da Lei 11.892/08 que coloca como finalidades:
I - ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a
capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos
os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica; e
V - estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à
emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e
regional; e que cidadania se constrói a partir da quebra de preconceitos e construção de
consciência crítica, o NAPNEE – Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais em parceria com o Grupo de Trabalho Capacitação para Servidores
Técnicos Administrativos, está ofertando o Projeto: Preconceito em cena, que visa abordar
temas tais como: pobreza, homossexualidade, deficiência física, auditiva, visual, mental,
questões de gênero e etnia, entre outros.
Entendemos que a formação continuada, concebida de forma articulada com o
cotidiano escolar, é necessidade intrínseca para os profissionais da educação e faz parte de
um processo permanente de desenvolvimento profissional, que deve ser assegurado a
todos, a fim de aprimorar a sua prática.
2) OBJETIVOS
2.1) Propiciar, através dos filmes, uma possibilidade de sensibilização para iniciar e abrir
uma discussão a respeito do preconceito.
2.2) Analisar e refletir as condições que levam o ser humano a construir o preconceito.
2.3) Desenvolver consciência crítica e solidária diante daquilo que é determinado como
“diferente”.
3) PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
−
−
Assistir a um filme (anexo 1)
Promover diálogo, análise e reflexão com base no tema do filme apresentado.
Observação:
a) os filmes serão selecionados pelo NAPNEE a partir das necessidades observadas (anexo
sugestões).
b) as discussões serão mediadas pelos integrantes do NAPNEE.
4) CARGA HORÁRIA: 03 horas semanais para cada período.
Total no ano de 2009: 50 horas.
39
Observação: a soma da carga horária para cada participante será contabilizada pela
presença.
5) PÚBLICO ALVO:
Primeiro semestre: servidores
Segundo semestre: servidores e acadêmicos do Curso de Licenciatura
6) PREVISÃO DE GASTOS
Locação dos filmes – média de R$ 5,00 por filme
Observação: a locação será paga com a contribuição espontânea dos cursistas.
7) CRONOGRAMA
Início: 25 de maio de 2009
Término: 07 de dezembro de 2009
Observação:
1º semestre: de 25 de maio de 2009 até 07 de julho os encontros serão semanais,
totalizando 20 horas;
2º semestre: de 03 de agosto de 2009 até 07 de dezembro os encontros serão
quinzenais, totalizando 30 horas.
Oferta para duas turmas:
2ª feira – 13h 30min às 16h30min
3ª feira – 9h às 12h
Inscrições no Registro Acadêmico
8) CERTIFICAÇÃO
8.1) A certificação dos Técnicos Administrativos será feita pelo Departamento de Gestão de
Pessoas.
8.2) A certificação dos demais participantes será feita pelo Registro Acadêmico do Campus
Jaraguá do Sul.
9) AVALIAÇÃO
9.1 - A avaliação do projeto será feita no decorrer da apresentação e discussão dos
filmes. Os envolvidos poderão e deverão analisar e propor alternativas para melhorar os
encaminhamentos.
9.2 - A avaliação e auto-avaliação do envolvimento de cada participante será
processual e continuada;
9.3 – O grupo produzirá por escrito uma reflexão sobre o tema e o filme, que será
entregue para a articuladora do projeto.
10) COORDENAÇÃO
NAPNEE
Articuladora: Suely Maria Anderle – Técnica em Assuntos Educacionais
Coordenadora: Professora Kelly Machado Pinho Alflen – Docente/ Intérprete de Libras
40
OBSERVAÇÃO: As estagiárias do Núcleo Pedagógico (Curso de Licenciatura) participarão
do desenvolvimento do projeto.
Jaraguá do Sul, 18 de maio de 2009.
Anexo 1 do projeto
SUGESTÕES DE FILMES
1) AMISTAD (1997)
Costa de Cuba, 1839. Dezenas de escravos negros se libertam das correntes e
assumem o comando do navio negreiro La Amistad. Eles sonham retornar para a África,
mas desconhecem navegação e se vêem obrigados a confiar em dois tripulantes
sobreviventes, que os enganam e fazem com que, após dois meses, sejam capturados por
um navio americano, quando desordenadamente navegaram até a costa de Connecticut. Os
africanos são inicialmente julgados pelo assassinato da tripulação, mas o caso toma vulto e
o presidente americano Martin Van Buren (Nigel Hawthorn), que sonha ser reeleito, tenta a
condenação dos escravos, pois agradaria aos estados do sul e também fortaleceria os laços
com a Espanha, pois a jovem Rainha Isabella II (Anna Paquin) alega que tanto os escravos
quanto o navio são seus e devem ser devolvidos. Mas os abolicionistas vencem, e no
entanto o governo apela e a causa chega a Suprema Corte Americana. Este quadro faz o
ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins), um abolicionista não-assumido, sair
da sua aposentadoria voluntária, para defender os africanos.
2) ESCRITORES DA LIBERDADE (2007)
Há muitos filmes americanos sobre escola, mas não como "Escritores da Liberdade".
(Freedom Writers, EUA, 2007). Porque é o único filme dessa categoria que incentiva os
alunos a lerem literatura, ponto de partida para testar a vocação de cada um para escrever
dede um diário sobre o cotidiano trágico de suas vidas até uma poesia hip hop ou um livro
de ficção. O valor desse filme também está na ousadia da linguagem cinematográfica
mostrando os problemas psico-sócio-culturais que atingem a escola contemporânea;
também porque ele dá visibilidade à diversidade dos grupos, com seu rígido código de
honra, cada um no seu território, o narcisismo da recusa e da intolerância para com “os
outros”, o boicote às aulas, a prontidão para aumentar os índices de violência entre os
jovens e transformar a escola no seu avesso, isto é, uma comunidade bem próxima da
barbárie, o que de fato vai acontecer em 1992, em Los Angeles, EUA.
O filme é baseado na história real de Erin (interpretada por Hilary Swank), uma
professora novata interessada em lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de
adolescentes resistentes ao ensino convencional; alguns estão ali cumprindo pena judicial,
e todos são reféns das gangues avessas ao convívio pacífico com os diferentes.
Como em outros filmes sobre turmas problemáticas, a professora Erin toma sua
tarefa como um grande desafio: educar e civilizar aquela turma esquizofrênizada e
estigmatizada como “os sem-futuro” pelos demais professores. Percebe que seu trabalho
deve ir para além da sala de aula, por exemplo, visitando o museu do holocausto,
possibilitando aos jovens saber os efeitos traumáticos da ideologia da “grande gangue”
nazista, que provocou a 2ª. Guerra Mundial e o holocausto, e também reconhecer as
semelhanças com suas “pequenas gangues” da escola. Nota: a palavra “holocausto”,
referida no filme, é usada mais pelos judeus. E, “genocídio” é o termo cunhado pelo Direito
Internacional do pós Guerra. Ambas significam o ato racional de eliminação de seres
humanos em escala inimaginável.
41
3) AVAETÉ – Semente de Vingança (1985)
Obra baseada em fatos reais que descreve um massacre criminoso que exterminou
os índios Avaeté e transformou Avá, o único sobrevivente, num elo perdido entre o nativo e
o civilizado. Avá vive um dramático enigma em busca de sua identidade, obcecado pelo
desejo de vingança.
4) MEU NOME É RÁDIO (2003)
Anderson, Carolina do Sul, 1976, na escola secundária T. L. Hanna. Harold Jones
(Ed Harris) é o treinador local de futebol americano, que fica tão envolvido em preparar o
time que raramente passa algum tempo com sua filha, Mary Helen (Sarah Drew), ou sua
esposa, Linda (Debra Winger). Jones conhece um jovem "lento", James Robert Kennedy
(Cuba Gooding Jr.), mas Jones nem ninguém sabia o nome dele, pois ele não falava e só
perambulava em volta do campo de treinamento. Jones se preocupa com o jovem quando
alguns dos jogadores da equipe fazem uma "brincadeira" de péssimo gosto, que deixou
James apavorado. Tentando compensar o que tinham feito com o jovem, Jones o coloca
sob sua proteção, além de lhe dar uma ocupação. Como ainda não sabia o nome dele e
pelo fato dele gostar de rádios, passou a se chamá-lo de Radio. Mas ninguém sabia que,
pelo menos em parte, a razão da preocupação de Jones é que tentava não repetir uma
omissão que cometera, quando era um garoto
5) UMA LIÇÃO DE AMOR (2001)
Ao ter a guarda de sua filha retirada, um homem com deficiência mental recebe a
ajuda de uma advogada para provar que pode ser responsável por sua criação. Com Sean
Penn, Michelle Pfeiffer, Dianne Wiest e Laura Dern. Recebeu uma indicação ao Oscar.
6) REFLEXOS DE UMA AMIZADE (2004)
Para se acertar com a esposa e o filho de 13 anos, o artista plástico Tom Warshaw
(David Duchovny), que leva uma vida boêmia em Paris, volta aos seus 13 anos no
Greenwich Village, em Nova York. Ele rememora a depressão da mãe (Téa Leoni), a
amizade com o deficiente Pappas (Robin Williams), o primeiro amor e a tragédia que mudou
sua vida. E lembra da misteriosa Lady Bernadette (a cantora Erikah Badu), presidiária da
Casa de Detenção do bairro, que usava um espelho e muita sensibilidade para orientá-lo
em suas decisões.
7) MEU PÉ ESQUERDO (1989)
Christy Brown (Daniel Day-Lewis), o filho de uma humilde família irlandesa, nasce
com uma paralisia cerebral que lhe tira todos os movimentos do corpo, com a exceção do
pé esquerdo. Com apenas este movimento Christy consegue, no decorrer de sua vida, se
tornar escritor e pintor. Numa pequena cidade da Nova Inglaterra, James Leeds é o novo
professor de linguagem de uma escola para surdos. Idealista, é conhecido por usar
métodos nada convencionais em suas aulas. Assim, logo ao chegar, é advertido pelo
administrador da escola, Dr. Curtis Franklin, para que não utilize sua tão falada criatividade
com os seus novos alunos. Não intimidado com a advertência recebida, Leeds põe em
prática seus métodos, que incluem o uso do rock 'n' roll, em alto volume, a fim de ensinar
aos alunos a sentirem as vibrações da música e a tentarem falar foneticamente. Mas um
novo elemento entra em sua vida, quando conhece a bela e atraente Sarah Norman, uma
excepcionalmente inteligente e extremamente amarga jovem mulher. Sarah, já graduada
pela escola, decidiu permanecer lá, como empregada, a fim de se manter confinada em seu
mundo de silêncio, que aparentemente lhe dá mais segurança. Ela logo se mostra
interessada em Leeds, com quem se comunica através da linguagem dos sinais. Ele
procura fazer com que ela passe a ler lábios e a falar um pouco. Através da Sra. Norman,
mãe de Sarah, ele toma conhecimento que ela fora molestada sexualmente quando era
adolescente, o que a tornou uma pessoa amarga. Tal fato explica porque ela é tão hesitante
42
nas tentativas em que ele procura estreitar um relacionamento. Passado algum tempo,
Leeds consegue finalmente se aproximar mais de Sarah e os dois terminam se
apaixonando, embora ambos tenham que aprender novas formas de melhor comunicarem
seus sentimentos.
8) O PIANO (1993)
Ada McGrath (Holly Hunter) é muda e usa o piano para extravasar seus sentimentos.
No séc. 19, ela e sua filha Flora (Anna Paquin) são enviadas para a Nova Zelândia (ainda
um tanto selvagem) para um casamento arranjado com o fazendeiro Stewart (Sam Neill).
No desembarque, seu piano é deixado na praia, pois seria muito difícil carregá-lo e Stewart
não compreende o quanto Ada precisa do instrumento. Já George Baines, um rústico
vizinho, percebe porque o piano é tão importante quando, na praia, ouve Ada tocar. Atraído
por Ada, Baines compra o piano com a intenção de conquistá-la. De maneira poética e
intensa, as emoções dos personagens vão sendo reveladas: a sexualidade de Ada, a
ternura de Baines, o ciúme de Stewart. Indicado a oito Oscars, O Piano ganhou os de
Melhor Roteiro, Melhor Atriz (Holly Hunter) e Atriz Coadjuvante (Anna Paquin, então com 11
anos). Palma de Ouro em Cannes (1993).
9) PERFUME DE MULHER (1974)
Jovem estudante resolve ganhar algum dinheiro no feriado de Ação de Graças e vai
trabalhar para um cego e carrancudo tenente-coronel aposentado, Frank Slade,
terrivelmente amargo. Mal sabe ele que está prestes a viver dias mais incrívies de sua vida,
pois Frank o levará para os restaurantes mais caros e o melhor hotel de Nova York, onde,
se tudo correr como planejado, o militar cometerá suicídio.
10) O CARTEIRO E O POETA (1994)
O filme O carteiro e o Poeta (Il postino, 1994), de Michael Radford, narra a história
(fictícia) da amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda (Philippe Noiret) e Mario Ruppuolo
(Massimo Troisi), carteiro incumbido de entregar a sua abundante correspondência. A
princípio distante, o poeta acaba cativado pela candura do carteiro, o qual, por sua vez, fica
encantado com essa aproximação. Apaixonado pela filha da proprietária da taverna local, a
bela Beatrice Russo (Maria Grazia Cucinotta), Mario tem a esperança de que "Don Pablo" o
ajude a conquistar o coração da sua amada. A história se passa numa ilha de pescadores
no sul da Itália, começo da década de 1950, onde Neruda se encontrava exilado.O maior
trunfo de O Carteiro e o Poeta é a irresistível interpretação de Massimo Troisi. O ator
constrói seu personagem na medida certa, quase minimalista, em delicados meios-tons:
contido, hesitante, tímido, deixando a emoção fluir com um misto de recato e humor. Para
contrabalançar, o Neruda de Philippe Noiret (o grande ator francês de Cinema Paradiso, de
Giuseppe Tornatore, entre muitos outros) é um indivíduo em plena maturidade artística e
emocional, autoconfiante e ciente do próprio charme e da admiração que sua figura pública
provoca. Foi um filme recebido com grande emoção pelo público na época do lançamento.
Foi candidato ao Oscar de Melhor Filme de 1996 - desde 1973, ano em que Gritos e
Sussurros, obra-prima de Ingmar Bergman, foi um dos indicados, um filme de língua não
inglesa não era escolhido para ser um dos cinco finalistas do prêmio - e também concorreu
aos prêmios de direção, ator (Massimo Troisi), roteiro adaptado e música (Luis Henrique
Bacalov), mas ganhou apenas nessa última categoria. O ator e roteirista Massimo Troisi, 41
anos, que sofria de uma cardiopatia, morreu no dia seguinte ao término das filmagens.
11) A MISSÃO (1986)
No final do século XVIII Mendoza (Robert De Niro), um mercador de escravos, fica
com crise de consciência por ter matado Felipe (Aidan Quinn), seu irmão, num duelo, pois
Felipe se envolveu com Carlotta (Cherie Lunghi). Ela havia se apaixonado por Felipe e
Mendoza não aceitou isto, pois ela tinha um relacionamento com ele. Para tentar se
43
penitenciar Mendoza se torna um padre e se une a Gabriel (Jeremy Irons), um jesuíta bem
intencionado que luta para defender os índios, mas se depara com interesses econômicos.
12) A GAIOLA DAS LOUCAS (1996)
O dono de um cabaret gay entra em apuros quando o filho dele, noivo da filha de um
senador moralista, tem de apresentar a família ao futuro sogro. Para escapar da roubada
ele vai contar com a ajuda do namorado, mas muita confusão será criada. Filme baseado
na versão de 1978, de Edouard Molinaro.
13) O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN
Dois caubóis se conhecem no interior do Wyoming, onde cuidam de um rebanho de
ovelhas. Lá surge um amor mútuo que será compartilhado durante os 20 anos seguintes,
em intervalos irregulares, mesmo depois de casados, cada um com sua mulher e filhos.
Indicado a oito Oscar 2006.
SEMINÁRIO
PROJETO DE CAPACITAÇÃO
PRECONCEITO EM CENA
Assinatura dos presentes no verso.
DATA: ___/___/09
FILME: __________________________________________________
1) Elaborar uma sinopse do filme.
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
________________________________________________________________
2) Refletir e relacionar o conteúdo do filme com o tema Preconceito Destacar as formas de
preconceito que vivenciamos e percebemos no nosso cotidiano e até mesmo os possíveis
preconceitos que estão dentro de nós..
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
44
ASSINATURA DOS PRESENTES
DATA: ____/____/09
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
45
ANEXO 2
Projeto Preconceito em Cena
Pesquisa realizada para produção de artigo científico
Nome (sua identidade será preservada): ____________________________________________
1. Qual avaliação você faz do projeto “Preconceito em Cena”?
2. Na sua vida, pessoal e profissional, o projeto tem trazido benefícios? Quais?
3. Linhas livres para sugestões, críticas...
Download

sensibilização: uma estratégia para formação continuada no