1 SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MEC – SETEC INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO KELLY MACHADO PINHO SENSIBILIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO CONTINUADA NO IF-SC CAMPUS JARAGUÁ DO SUL Cuiabá - MT Outubro 2009 2 INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA INCLUSIVA KELLY MACHADO PINHO SENSIBILIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO CONTINUADA NO IF-SC CAMPUS JARAGUÁ DO SUL Cuiabá - MT Outubro 2009 3 Ficha Catalográfica PINHO, Kelly Machado Sensibilização: uma estratégia para formação continuada no IF-SC Campus Jaraguá do Sul Cuiabá -MT, 2009 46 folhas ANDERLE, Suely Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso Trabalho de Conclusão Curso de Especialização Latu Sensu em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva 4 KELLY MACHADO PINHO SENSIBILIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO CONTINUADA NO IF-SC CAMPUS JARAGUÁ DO SUL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Pesquisa e Pós-Graduação do Curso de Especialização em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, do INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO-GROSSO CAMPUS CUIABÁ – OCTAYDE JORGE DA SILVA:, como requisito para a obtenção do título de Especialista. Orientadora: Prof. MSc Suely Maria Anderle Cuiabá - MT Outubro 2009 5 KELLY MACHADO PINHO SENSIBILIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA FORMAÇÃO CONTINUADA NO IF-SC CAMPUS JARAGUÁ DO SUL Trabalho de Conclusão de Curso em Educação Profissional e Tecnológica Inclusiva, submetido à Banca Examinadora composta pelos Professores do Programa de PósGraduação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Mato Grosso como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Especialista. Aprovado em: ____________________ ______________________________________________ Prof. MSc Suely Anderle (Orientador) ______________________________________________ Prof. Esp Paulo Sério Fochi (Membro da Banca) _____________________________________________ Prof. MSc Lenir Antonio Hannecker (Membro da Banca) Cuiabá - MT Outubro 2009 6 DEDICATÓRIA À Jeová Deus, meu querido marido, que me apoiou nos mais difíceis momentos, minha família, amigos e colegas, e principalmente a minha orientadora ’Su’, por acreditar em mim. 7 AGRADECIMENTOS A Jeová Deus, pela presença e benção em todos os momentos de nossas vidas; Ao meu querido marido, pelo carinho e paciência durante esta trajetória; Às minhas queridas amigas “Fê”, “Mi”, e “Dani” que me deram força e muita energia para realizar este trabalho. À professora, colega de trabalho, amiga, orientadora Suely Maria Anderle, que acreditou que eu seria capaz de construir este trabalho; Aos examinadores, que gentilmente se dispuseram em avaliar meu trabalho; À coordenadora Andréa Poletto Sonza e a monitora Bruna Salton, pela paciência em responder meus incansáveis emails; Aos examinadores que se colocaram a disposição para me apoiar; À minha família, e minha “manamiga” Clarissa M. Almeida que, mesmo de longe, me incentivaram e valorizaram meu trabalho. 8 “Minha segurança se funda na convicção de que sei algo e de que ignoro algo a que se junta a certeza de que posso saber melhor o que já sei e conhecer o que ainda não sei”. (FREIRE, 1996, p. 135) 9 RESUMO O presente trabalho constitui-se na experiência realizada no Instituo Federal de Educação de Santa Catarina – Campus Jaraguá do Sul. Partindo do pressuposto que se faz necessário a formação continuada dos profissionais da educação críticos, reflexivos e comprometidos com as transformações sociais, é que nos propusemos a investigar e analisar este tema. Buscamos, na fundamentação teórica, a base para efetivarmos um trabalho condizente com as necessidades atuais do profissional da educação, outrossim, optamos por uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório, na qual foram utilizados como instrumentos a observação e questionários. Como retorno, percebeu-se a necessidade dos profissionais da educação, estarem preparados e atualizados, pois fazem parte e são responsáveis pela formação inicial e continuada de todo e qualquer profissional. Então, tendo suporte e capacitação para interferir, formar, mediar, auxiliar e exercer efetivamente seu papel, ele deve ter uma sólida formação, através de uma base teórica consistente e uma prática reflexiva continuada. Palavras-chaves: formação continuada; profissional da educação; sensibilização. 10 ABSTRACT This work is based on the experiment conducted in the Institute Federal Education of Santa Catarina - Campus Jaragua do Sul the assumption that it is necessary to the continuing education education professionals critical, reflective, and committed to the social, is that we set out to investigate and analyze this theme. We seek, in the theoretical foundation, the basis for closing a work consistent with the current needs of the professional education, instead, opted for a qualitative character exploratory, which were used as observation and questionnaires. In return, realized the need for professionals education, be prepared and updated, since they occupy and are responsible for initial and continuing any professional. Then, with support and training to interfere, forming, mediate, assist and carry out its role effectively, it must have a solid, through a consistent theoretical basis and practice reflective continued. Keywords: continuing education, professional education; awareness. 11 LISTA DE ABREVIATURAS IF-SC: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina NAPNEE: Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................13 2. CAPÍTULO I: Fundamentação Teórica...............................................................16 2.1. Formação continuada para os profissionais da educação...........................16 2.2. Preconceito, eu tenho?..............................................................................19 3. CAPÍTULO II: Apresentação da pesquisa..........................................................22 3.1. Projeto “Preconceito em Cena”: uma experiência no IFSC Campus Jaraguá do Sul Considerações metodológicas.......................................................22 3.2 Situando sobre o projeto “Preconceito em Cena”.........................................23 3.2.1 Desenvolvimento do projeto................................................................. 24 4. CAPÍTULO III: Análise de dados....................................................................... 27 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................32 6. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................34 ANEXO(S)...................................................................................................................... 37 13 1. INTRODUÇÃO A escolha deste tema surgiu das inquietações dos integrantes do NAPNEE, profissionais da educação, do IF-SC Campus Jaraguá do Sul. O Campus atualmente não possui alunos com necessidades educacionais especiais, diagnosticados, porém já tivemos alguns alunos, que nos deram boas experiências. Através de experiências presenciadas no Campus, houve a confirmação de que a formação continuada para os profissionais da educação ao que se refere ao tema preconceito, é muito importante para que haja a efetivação da inclusão e da acessibilidade. Para o profissional da educação, que tem a responsabilidade de oferecer a formação de outros profissionais, a formação continuada, concebida de forma articulada com o cotidiano, é necessidade intrínseca para estes profissionais e faz parte de um processo permanente de desenvolvimento profissional, que deve ser assegurado a todos, a fim de aprimorar a sua prática. Observa-se que, com o crescente desenvolvimento da tecnologia e da ciência, grandes transformações sociais são vivenciadas diariamente, criando, assim, novos conceitos. Sendo assim, o preconceito, por exemplo, surge, quando se faz necessária a efetivação da inclusão e da acessibilidade. Entretanto, são muitas as barreiras a serem quebradas. É preciso diálogo, já dizia Freire (1996) “não há inteligetibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não se funde na dialogicidade”. Há necessidade das escolas adquirirem uma nova postura frente a esse desenvolvimento e ao saber. As escolas devem estar preparadas para construir um ambiente crítico e reflexivo que envolva seus alunos, e educadores na busca do conhecimento. Nessa quebra de barreiras é preciso admitir que nenhum de nós está imune a ter preconceitos. Todos passamos por situações que podem nos levar a ter ou sofrer o preconceito. Aceitar, mudar e agir são palavras que ligadas ao preconceito nos fazem refletir sobre a importância do outro, de nos colocar no lugar do outro, usando de empatia. Não sabemos como pode ser dolorido o preconceito até sofrermos por ele. 14 Nesse sentido, para que esta pesquisa pudesse ser realizada, conduziu-se pela seguinte questão norteadora: - Sabemos que a formação continuada é importante e não se questiona sua necessidade, mas em um contexto que se busca a inclusão e a acessibilidade, como sensibilizar os profissionais da educação? Diante do exposto, a pesquisa buscou atingir os seguintes objetivos: - Registrar e contextualizar o “Preconceito em Cena” (anexo 1) como uma estratégia na formação continuada do IFSC - Campus Jaraguá do Sul; - Contribuir com reflexões sobre a necessidade de focar o tema preconceito na formação continuada de educadores; - Cooperar na construção de uma consciência acessível e inclusiva. Para que os objetivos fossem alcançados, foi empregada a metodologia da pesquisa exploratória. O presente trabalho insere-se numa abordagem qualitativa, segundo os princípios da pesquisa exploratória, a qual objetiva buscar informações, tornando o problema mais específico, além de apontar elementos para aprofundamento de estudo. Segundo GIL (1991), pesquisas qualitativas “têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado”. Além disso, a abordagem qualitativa permite um diálogo constante em torno do objeto-pesquisado, oportunizando construções teóricas em confronto com a prática vivenciada pelos sujeitos da investigação. Desta forma, a partir da fundamentação teórica acerca do problema, foi situada a proposta de mostrar a importância da formação continuada para sensibilização dos profissionais da educação. Os dados foram coletados através de observações e questionários (anexo 2), envolvendo participantes do projeto “Preconceito em Cena”, no primeiro semestre de 2009. As concepções e percepções dos servidores envolvidos no projeto, foram coletados através de questionários distribuídos aos participantes, todos servidores do Campus, dos quais obtivemos retorno de 100%. Foram realizadas palestras paralelas, relacionadas ao tema durante o decorrer do projeto, também com o objetivo de sensibilizar e oferecer maior aprofundamento a respeito da acessibilidade e inclusão. 15 Sendo assim, os profissionais da educação têm uma responsabilidade muito grande por serem responsáveis pelo começo da formação de outros profissionais, e para isso necessitam estar preparados, capacitados e sensibilizados ao tocante a inclusão e acessibilidade. Vencer o preconceito, aceitar o novo, ter empatia com o outro, isso fará com que nós, profissionais da educação sejamos mais humanos. 16 2. CAPÍTULO I Fundamentação Teórica 2.1. Formação continuada para os profissionais da educação A formação continuada dos profissionais da educação é um tema amplamente discutido no meio educacional. Profissionais da educação devem ter como meta na sua caminhada profissional, atualizar e aprofundar seus conhecimentos para melhorar sua prática no seu dia- a- dia. Proporcionar formação continuada a estes profissionais é garantir a melhoria da qualidade de educação no país. Vários pesquisadores, analistas e professores têm buscado encontrar instrumentos e soluções para adequar os cursos de formação continuada para professores às exigências da realidade atual. “É necessário repensar e reconstruir o contexto institucional em que cursos de formação de professores se inserem a serviço do quê e de quem realmente está voltado.” (GATTI, 1997, p.92) Frente às mudanças na sociedade, no papel de mediador, o profissional da educação também faz parte dessas mudanças. Ele também é levado a ter uma nova postura perante aos alunos e à forma como são repassadas as informações a eles. Além de postura ética, o profissional deve abster-se do papel de detentor único do conhecimento; ele agora passa a ser um mediador, devendo estar aberto a novas experiências e ao aprendizado. O professor é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da personalidade de seus alunos; é aquele que, na sala de aula não se preocupa somente em promover o conhecimento e aprendizado para atender às exigências programáticas de um plano de curso, mas, procura despertar neste aluno o bem estar, o bem viver; para atender a um propósito dentro da sua consciência profissional. Para BARRETO (2002, p. 03), o professor do século XXI deve funcionar como um facilitador no acesso a informações, como um bom amigo que auxilia o 17 sujeito a conhecer o mundo e seus problemas, seus fatos, suas injustiças e suas solidariedades, de forma que o aluno possa caminhar com liberdade de expressão e, conseqüentemente, de ação. Em contrapartida, o aluno deve respeitar o espaço escolar e valorizar o professor, sabendo aproveitar a magia do momento, o encantamento de aprender-ensinar-aprender. E, para ser esse mediador na busca pelo aprender, é de suma importância capacitar-se constantemente, e considerar temas que envolvam a realidade do aluno. Ausubel (1978) diz que a aprendizagem torna-se significativa à medida que se consegue incorporar novos conhecimentos aos já existentes. Se não fosse assim, a aprendizagem se torna mecânica ou repetitiva, uma vez que os conteúdos passariam a ser armazenados isoladamente, sem significados. Para a formação continuada de profissionais da educação, ou qualquer outra área, há necessidade de aprender a fazer, fazendo. Entretanto, da forma como muitos dos cursos de graduação são oferecidos, aprende-se a falar sobre, e não a fazer. Sobre esta questão GATTI (1997, p.40) diz que “apenas aprender a criticar não basta para ninguém, pois esta acaba sendo estéril e vazia de referenciais concretos. É preciso, com sabedoria, aliar aquilo que é necessário saber para saber fazer, com o que é necessário saber para analisar e refletir e criticar para transformar.” É necessário refletir mais sobre as ações e teorias que nos são colocadas. Nesse ponto, ao aprender fazendo temos a prática que nos ajuda a refletir de forma mais prazerosa e de certa forma mais fácil, pois nos coloca na situação que precisamos vivenciar. Numa capacitação, por exemplo, um professor, pode experimentar como é ter diferentes alunos e como lidar com eles, o que fazer, como agir, e com ajuda de outros profissionais, para que na sua prática do dia-a-dia, ele consiga ensinar de forma que ele também possa aprender, ou seja que haja mediação. Aprende-se como acadêmico, que se deve ser crítico e reflexivo, mas na prática as coisas podem ser bem diferentes do que apenas saber do que é preciso, para o saber fazer. “A prática pedagógica reflexiva, caracteriza-se, enfim, pelo seu caráter emancipatório e como fonte geradora de novos conhecimentos e/ou novas teorias.” (CARVALHO, 1998, p.69) Sendo assim, temos algumas convicções da necessidade e da importância da formação continuada para profissionais da educação, pois, só pode ensinar aquele que está aberto a aprender e a contrapartida é igualmente verdadeira, só consegue 18 aprender aquele que tem algo a ensinar. FREIRE (1999, p.43) afirma que, “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. Também é preciso compreender que o aprendizado se baseia na interação social e se realiza nas trocas que se estabelecem entre os alunos e o meio social. VYGOTSKY (1994) ressalta em suas obras que a individualização do sujeito é formada a partir das experiências propiciadas pela cultura, ou seja, que seu desenvolvimento cognitivo envolve processos, que se constituem pela imersão na cultura, para a formação da sua individualidade. Seu processo de desenvolvimento, como sujeito diferenciado do outro, é formado pela relação com o outro e, nessa troca, estabelece sua própria individualidade. Ou seja, o sujeito é constituído socialmente, mediado pela cultura, porém, preservando sua composição individual. Na concepção Vygotskyana de aprendizagem, a cultura é um processo integrante na construção do conhecimento e constituição do indivíduo. Mais uma vez valorizando a importância da reflexão para ação. A aprendizagem mecânica é o que muitos alunos ainda se forçam a fazer, pela própria metodologia de ensino ou pela obrigação de tirar boas notas. Aqui cabe uma rápida reflexão: até que ponto as boas notas significam bons alunos? Tirar dez, decorar toda a lição; são pessoas assim que muitas vezes vimos, condicionadas desde pequenas a decorar números, datas, palavras, mas incapazes de discutir sobre um assunto, limitando-se apenas a responder mecanicamente aos questionamentos. O professor deve ultrapassar a barreira do ensinar para armazenar, deve incentivar seu aluno a ser crítico e reflexivo. As mudanças no contexto educacional estão ocorrendo: novas políticas, novas metodologias, novos currículos, enfim, há transformação na educação. Porém, muitos alunos ainda não são beneficiados com novas metodologias de ensino-aprendizagem, antes é necessário a mudança de concepções e metodologias, culturalmente construídas, trabalhadas na escola. Muitos professores não estão buscando se capacitar para melhorar suas metodologias em sala de aula. Dada a importância de se refletir sobre as questões que permeiam a prática do educados, é preciso buscar alternativas, visando construir e re-construir conhecimentos, construindo uma prática reflexiva e transformadora para os profissionais da educação. 19 A realidade escolar coloca docentes frente a alunos com contextos, históricos e culturas diferentes, cada um com sua individualidade. Há casos em que essas diferenças são mais aparentes, como é o caso de alunos surdos, ou com deficiências, mas há as diferenças escondidas, que devem também ser respeitadas. E, para que o professor tenha condições de lidar com as diferenças na sala de aula, é preciso que ele se sensibilize quanto à diferença e busque formação continuada para que possa se atualizar. E é com esse objetivo que o projeto “Preconceito em Cena” desenvolvido no IF-SC Campus Jaraguá do Sul, busca auxiliar, não só os professores, mas todos os profissionais da educação, a lidar com as diferenças, aprendendo a respeitar para ser respeitado. 2.2. Preconceito, eu tenho? Com a promulgação da Constituição Federal em 1988, ficou inscrito na legislação maior do país o direito dos portadores de deficiência à educação. O art. 8, inciso I, da Resolução CNE/CBE n° 2 de 11 de setembro de 2001 que estabelece as diretrizes para garantir a estrutura das escolas inclusivas, diz que “As escolas... devem prever e prover na organização de suas classes comuns: professores das classes comuns e da educação especial capacitados e especializados, respectivamente, para o atendimento às necessidades educacionais dos alunos”. Essa Resolução e o Parecer CNE/CEB n° 17/2001 se inspiraram fortemente na Declaração de Salamanca (1994), quando diz que “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.” (art. 2°). Sendo assim a mídia e muitas instituições, inclusive as escolas, tem buscado mostrar a importância da inclusão e da acessibilidade, na vida de todas as pessoas, mas o preconceito ainda é muito grande. O preconceito é algo que está culturalmente enraizado no cotidiano das pessoas. Esse preconceito é gerado pela ignorância, pela falta de conhecimento. Pode ser por causa da religião, cor de pele, classe social ou até mesmo idade, todos nós já tivemos ou percebemos em outros a presença do preconceito. 20 Para que a inclusão e a acessibilidade se consolidem, há necessidade de vencer o preconceito, pois como vamos entrar numa batalha sem conhecer a causa pela qual lutamos? A busca do conhecimento sobre nossos direitos deve ser constante e incessante, não só pelos familiares, mas, principalmente, pelos políticos e profissionais da educação. A Constituição Federal, em seu Artigo 5º, diz que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”; porém, muitos cidadãos desconhecem seus direitos, nem os mínimos. Muitos não conseguem nem se aceitar, e aceitar o outro se torna ainda mais difícil. O dicionário Aurélio, define o preconceito “como um conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimentos dos fatos, ou uma idéia preconcebida”. O preconceito se revela de forma julgadora, dizendo como deve-se agir em determinadas situações. Uma das maiores barreiras a vencer, é admitir que nenhum de nós está imune a ter preconceitos. Todos passamos por situações que podem nos levar e ter ou sofrer o preconceito. Aceitar, mudar e agir são palavras que ligadas ao preconceito, nos fazem refletir sobre a importância do outro, de nos colocar no lugar do outro, usando de empatia. Não sabemos como pode ser dolorido o preconceito até sofrermos por ele. Pesquisas sobre preconceito, mostram que as conclusões mais importantes sobre o tema é que todos os dotados de raciocínio e fala podem nutrir preconceitos; geralmente é preciso um esforço consciente para diminuir o preconceito e é possível fazer isso, desde que haja motivação. Para ALLPORT (1954), o preconceito pode ser definido como uma atitude hostil contra um indivíduo, simplesmente porque ele pertence a um grupo desvalorizado socialmente. O preconceito não acontece só com quem é de outra etnia, ou tem uma deficiência, mas simplesmente por ser diferente do outro, ou da maioria. Sendo assim, tem-se muitos tipos de preconceito relacionados a minorias, estruturas de poder ou outros. “Estar disponível é estar sensível aos chamamentos que nos chegam, aos sinais mais diversos que nos apelam, ao canto do pássaro, à chuva que cai ou que se anuncia na nuvem escura, ao riso manso da inocência, à cara carrancuda da desaprovação, aos braços que se abrem para acolher ou coro que se fecha na recusa. É na minha disponibilidade permanente à vida a que me entrego de corpo inteiro, pensar critico emoção, curiosidade, 21 desejo, que vou aprendendo a ser eu mesmo em minha relação com o contrário de mim. E quanto mais me dou à experiência de lidar sem medo, sem preconceito, com as diferenças, tanto melhor me conheço e construo meu perfil”. (Freire, 1996 p.134) 22 3. CAPÍTULO III Apresentação da pesquisa 3.1. Projeto “Preconceito em Cena”: uma experiência no IFSC Campus Jaraguá do Sul Considerações metodológicas O objetivo deste capítulo constitui-se na apresentação do projeto “Preconceito em Cena”, realizado no primeiro semestre de 2009 no Instituto Federal de Santa Catarina – Campus Jaraguá do Sul, onde este confirma a importância da formação continuada para os profissionais da educação, principalmente a temas como inclusão, acessibilidade e preconceito. Visando a formação continuada do profissional que, na docência ou em outras funções pedagógicas/administrativas dentro da escola, tenha uma prática direcionada para a intervenção superada da realidade, comprometida com os anseios de uma sociedade mais justa e humana é que o IF-SC Campus Jaraguá do Sul, busca oferecer momentos de formação para todos os profissionais da educação, principalmente no que se refere a sensibilização sobre a inclusão e a acessibilidade. Conforme os participantes do projeto, e dos servidores do Campus, a formação continuada, principalmente ao que se refere à acessibilidade e inclusão, temas que estão cada vez mais em nosso cotidiano, faz-se necessário.. O desenvolvimento do projeto oferece a possibilidade de ter maior clareza sobre temas atuais que fazem parte da prática do cotidiano escolar. E o mais importante, que se sensibilizem ao que se refere a aceitar o novo, diferente, e a como usá-lo em sua prática. O IF-SC, atendendo as exigências da educação inclusiva, através do NAPNEE se mobilizou a conhecer e entender melhor o que vem a ser a inclusão e a acessibilidade. Por meio de seminários, palestras, reuniões, conversas, enfim, muito esforço, com objetivo de auxiliar o Campus no que for preciso para a concretização da inclusão e da acessibilidade. Assim, buscando sensibilizar os servidores, surge a 23 formação continuada para nos ajudar nesta longa, e maravilhosa, batalha: vencer preconceitos. Com o apoio de servidores sensibilizados, os primeiros passos foram dados para alcançar os objetivos, mas nessa longa jornada ainda há muito o que se fazer. O NAPNEE ofereceu, e ainda oferece, momentos de sensibilização como palestras, leitura de textos, reflexões, mas ainda assim o grupo sentiu a necessidade de trabalhar com projetos diferenciados que fossem ao encontro à realidade dos servidores, principalmente os professores. Nesse sentido o projeto “Preconceito em Cena”, trouxe, e continua trazendo, ótimos resultados. Realizaramse palestras paralelas, relacionadas ao tema, durante o decorrer do projeto. 3.2. Situando sobre o projeto “Preconceito em Cena” Com base no Artigo 7º da Lei 11.892/08, que coloca como finalidades: I ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica; e V - estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional; e que cidadania se constrói a partir da quebra de preconceitos e da consolidação de consciência crítica, o NAPNEE – Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, em parceria com o Grupo de Trabalho Capacitação para Servidores Técnicos Administrativos, ofertou o Projeto: Preconceito em cena, que aborda temas tais como: pobreza, homossexualidade, deficiências física, auditiva, visual ou mental, questões de gênero e etnia, entre outros. O Projeto tem como objetivos: • Propiciar, através dos filmes, uma possibilidade de sensibilização para iniciar uma discussão a respeito do preconceito. • Analisar e refletir as condições que levam o ser humano a constituir o preconceito. 24 • Desenvolver consciência crítica e solidária diante daquilo que é considerado como “diferente”. 3.2.1. Desenvolvimento do projeto Com um cronograma previamente definido, são apresentados filmes escolhidos pelo NAPNEE ou pelos próprios participantes do projeto e que são relacionados ao tema “preconceito” e em seguida é realizada uma reflexão sobre o que foi visto, compartilhando experiências, opinando e sugerindo alternativas, não só para o projeto, mas para o Campus. Na escolha dos filmes, temas como surdez, deficiência visual, diferenças étnicas, entre outros, foram abordados. Temos, por exemplo, alguns filmes que marcaram, segundo depoimento de alguns participantes e servidores que trabalham no mesmo setor, mais impacto. Filmes como: “Perfume de Mulher”: o ator principal é um tenente-coronel aposentado e cego em batalha, cansado da vida, e de não se aceitar mais como cego, ele decide viver um final de semana inesquecível antes de cometer suicídio, para isso contrata um jovem estudante para acompanhá-lo. Assim se tornam amigos, ele se preocupa com o rapaz, o que faz com que ele consiga quebrar paradigmas, se conhecer melhor e ter, na vontade de ajudar seu amigo, a vontade de viver. “Seu nome é Jonas”: o filme mostra a realidade de uma família com um filho surdo, que é diagnosticado pelos médicos como ‘retardado’ e é internado num hospital especial, após três anos percebem que cometeram um grande erro, e que o menino era apenas surdo e volta para casa. A partir de então, começa a batalha da família para aceitar esse diferente menino. Enfrentam muitas dificuldades, até encontrarem a comunidade surda para mostrar que com comunicação as coisas podem dar certo. Mostra a importância do papel da família e da escola no processo de inclusão social. “Meu Nome é Rádio”: Um treinador local de futebol americano, que fica tão envolvido em preparar o time que raramente passa algum tempo com sua filha, ou sua esposa, conhece um jovem "lento", que ele e nem ninguém sabia o nome dele, 25 pois ele não falava e só perambulava em volta do campo de treinamento. O treinador se preocupa com o jovem quando alguns dos jogadores da equipe fazem uma "brincadeira" de péssimo gosto, que o deixou apavorado. Tentando compensar o que tinham feito com o jovem, ele o coloca sob sua proteção, além de lhe dar uma ocupação. Como ainda não sabia o nome dele e pelo fato dele gostar de rádios, passou a se chamá-lo de Radio. No filme, o autor denuncia antes de tudo a exclusão social que faz com que as pessoas que apresentam necessidades especiais fiquem à margem da sociedade e sejam vistas como alguém que tem uma doença contagiosa, ou que cometeu um crime hediondo ou ainda que não tem a menor importância e capacidade. “Jornada pela Liberdade”: A vida de William Wilberforce é a história de como a perseverança e a fé de um homem mudaram o mundo. Líder do movimento abolicionista britânico, o filme mostra a luta épica para criar a uma lei com o objetivo de acabar com o tráfico negreiro. Durante esta jornada, Wilberforce encontra oposição intensa dos que acreditavam que a escravidão estava diretamente ligada à estabilidade do império britânico. Em seus amigos, incluindo John Newton, um excapitão de navio negreiro que compôs o famoso hino Amazing Grace, encontrou suporte para continuar lutando pela causa. "Uma Lição de Amor": conta história de um pai devotado em luta com a justiça e a sociedade para manter a guarda de sua filha. Engraçado e comovente, o filme mostra a enorme generosidade do espírito humano. E a comovente história de um pai com deficiência mental que cria sua filha ajudado por um grupo de amigos bem especial. Ao completar sete anos de idade, Lucy começa a ultrapassar seu pai intelectualmente, e a forte ligação existente entre os dois é ameaçada quando uma assistente social decide que a menina deve ir viver com uma família adotiva. Diante da situação em que aparentemente é impossível sair vitorioso, o pai decide enfrentar o sistema legal e estabelece uma incomum aliança com uma poderosa e egocêntrica advogada que inicialmente aceita o caso apenas por ter sido desafiada a fazê-lo por seus colegas. Numa análise superficial, os dois não poderiam ser mais diferentes, porém, na realidade, possuem sutis semelhanças. A natureza compulsiva do pai espelha a obsessão da advogada em ser aceita socialmente, que é vista com mais naturalidade pela sociedade. Sua busca de perfeição e sucesso a distancia de seu filho e vem destruindo lentamente sua auto-estima. Juntos, eles se empenharão em convencer o sistema de que o pai merece ter sua filha de volta e, ao longo desse 26 processo, criam um vínculo que resulta numa testemunho singular do poder do amor incondicional. “Terra fria”: Após um casamento fracassado, certa mulher retorna à sua cidade natal, no Minnesota, em busca de emprego. Mãe solteira e com dois filhos para sustentar, ela é contratada pela principal fonte de empregos da região: as minas de ferro, que sustentam a cidade há gerações. O trabalho é duro mas o salário é bom, o que compensa o esforço. Aos poucos as amizades conquistadas no trabalho passam a fazer parte do dia-a-dia dela, aproximando famílias e vizinhos. Incentivada por uma das poucas mulheres da cidade que trabalha nas minas, ela passa a trabalhar no grupo daqueles que penam para arrancar o minério das pedreiras. Ela está preparada para o trabalho duro e, às vezes, perigoso, mas o que não esperava era sofrer com o assédio dos seus colegas de trabalho. Como ao reclamar do tratamento recebido é ignorada, ela decide levar à justiça o caso. Os filmes apresentados pelo projeto, até o momento, mostram a realidade de pessoas que vivem a luta contra o preconceito. Muitos, que são considerados pela sociedade como diferentes, enfrentam a pressão de amigos, familiares, colegas de trabalho, enfim, da sociedade em geral, que sem conhecimento, acabam percebendo essas pessoas como monstruosas, ridículas e que oferecem perigo de contágio. Após as apresentações dos filmes, eram realizadas discussões onde os participantes colocavam suas opiniões sobre o filme e sobre o tema relacionado no filme, por exemplo, surdez. Alguns citavam casos particulares, ou questionavam de outros colegas. Portanto, abordar um tema como o “preconceito” é algo atual e necessário à vida profissional e pessoal, afinal todos são diferentes, têm características diversas uns dos outros. Entende-se, assim, que a formação continuada, concebida de forma articulada com o cotidiano escolar, é necessidade intrínseca para os profissionais da educação e faz parte de um processo permanente de desenvolvimento profissional, que deve ser assegurado a todos, a fim de aprimorar a sua prática. 27 4. CAPÍTULO IV Análise de Dados Com a finalidade de avaliar o desenvolvimento do projeto e colher sugestões foram promovidas discussões a cada encontro realizado entre os participantes do projeto e que se constituíram pelas seguintes questões fundamentais: Refletir e relacionar o conteúdo do filme assistido com o tema “preconceito”; destacar as formas de preconceito que vivenciamos e percebemos no nosso cotidiano e até mesmo os possíveis preconceitos que estão dentro de nós; que avaliação se faz do projeto “Preconceito em Cena”; como e quais benefícios o projeto tem trazido para a vida e pessoal e profissional de cada participante e sugestões. Inicialmente foi procurado identificar os pontos positivos indicados pelos participantes envolvidos diretamente no projeto, quanto a metodologia da implantação da mesma. De modo geral, os participantes avaliam o projeto como: “Qualquer que seja a atividade que abra um espaço para discutir as atitudes dos indivíduos perante algo que considere diferente e valida, e os filmes facilitam bastante essa tarefa, pois permitem comparar a historia com a vivência de cada um”. “O projeto está realmente alcançando o objetivo, nos sensibilizando através da exposição das realidades mostradas nos filmes trabalhados até agora temos diversificados os vários pontos de vista têm sido abordados, nos aproximando, de certa forma, de situações das quais muitas vezes nem percebemos ter proximidade. As discussões e questionamentos incitados pela reflexão proposta pelo projeto são de inestimável valia, nos proporcionando grande crescimento”. “Um projeto muito rico, principalmente quando se pensa que é possível transformar horas de capacitação em momentos agradáveis, descontraídos e de muita reflexão ao mesmo tempo”. “O projeto foi excelente, pois não é somente assistir a filmes, mas sim criticá-los para que se tenha uma auto-avaliação e tomá-los como referência para si”. 28 “Muito bom. O projeto com os filmes é ótimo, pois apresenta os temas que precisamos conhecer de forma simples. A discussão que fazemos logo após é muito proveitosa pois é uma forma de socializar as opiniões e refletir sobre o que assistimos e relacionar com a nossa realidade”. “Se tivesse que dar uma nota, ela seria 10!!! Pois toda a estrutura, idéia, e vontade de tornarse real o projeto é o que mais conta”. “O projeto se revela uma possibilidade de trabalhar o assunto “preconceito” através da arte e consequentemente de discutir os temas apresentados nos filmes com mais leveza e descontração. O projeto também é uma oportunidade que a escola tem de fazer um trabalho interdisciplinar e de envolver todos os integram a comunidade escolar. Mas, apesar do objetivo principal do projeto que é “sensibilizar”, ele, por si só, não conseguiu sensibilizar todos os servidores (trabalhadores da educação no IFSC – Jaraguá do Sul), principalmente os docentes para participar”. Observamos muitos pontos positivos como a possibilidade de discutir temas delicados, como o preconceito, de forma mais leve e que leva a própria realidade do participante. Ainda, a oportunidade de criar um ambiente para trocar idéias, críticas e dúvidas, foi um dos pontos a serem destacados. Percebemos que projetos como o “Preconceito em Cena”, trazem benefícios não só profissionais mas também pessoais. Isso pode ser observado em uma das falas: “O desenvolvimento deste projeto está sendo de grande valia, tanto em minha vida pessoal quanto profissional. Os mais diferentes filmes que estamos assistindo enfocam diferentes realidades sobre os mais diversos preconceitos existentes no relacionamento interpessoal. Também estão sendo muito edificantes os momentos em que paramos para refletir sobre o filme assistido, trocamos idéias, compartilhamos experiências e fazemos uma auto-avaliação de nossas posturas comportamentais”. Ainda outros relatam sobre os benefícios pessoais e profissionais que o projeto vem trazendo: “Através das discussões podemos conhecer melhor nossos colegas, sabendo das opiniões individuais sobre determinado assunto e também podemos refletir sobre nossas atitudes e preconceitos”. “O projeto “Preconceito em cena” tem ampliado significativamente minha reflexão sobre os estereótipos da sociedade em que vivemos, sobre a necessidade de que sejamos mais sensíveis diante das diferenças e mais críticos diante da intolerância, e dos julgamentos superficiais e infundados que formam os preconceitos”. 29 “Faz-nos repensar nossos atos, agir de maneira mais humana e menos preconceituosa diante de situações diversas no nosso cotidiano. Nos traz conhecimento de um preconceito que muitas vezes não nos damos conta, preconceito este que nos rodeia o tempo todo ou que as vezes faz parte de nossas vidas mas que fechamos os olhos, fazemos de conta que não é conosco, não é problema nosso”. “O maior benefício que foi adquirido é o próprio aceitar-se, olhar suas diferenças e conhecer a si próprio”. “O projeto tem trazido muitas dúvidas... a impressão que tenho é que a medida em que vamos crescendo e amadurecendo, é “empacotado, enlatado” em nossas mentes, várias formas de preconceito. A medida e que vamos desmistificando alguns, vamos “procurando” novos preconceitos, ou seja, se tínhamos o preconceito com o Down, e desmistificamos, “criamos” o preconceito no relacionamento de uma mulher com um homem mais jovem, e assim por diante”. “Estou enxergando as coisas de uma maneira diferente, a sensibilidade com as pessoas que são diferentes. Só conseguimos entender os outros quando nos colocamos no lugar deles”. “Sim, em aceitar novas idéias e opiniões, e também a não “rotulação” de um ser humano na primeira vez que assim o ver. Entender que somos todos iguais, e com qualidades diferentes”. “Debater temas que leva a refletir sobre preconceito e inclusão social me torna mais humana e me possibilita passar pelo processo da empatia. Além disso, me mostra o caminho para entender melhor a legislação no que diz respeito aos direitos que os brasileiros possuem, mas que em muitos momentos não são respeitados. No que diz respeito aos direitos que a escola deve garantir, o olhar se torna mais aguçado e ampliado para que a permanência e o êxito possam realmente ser oportunidade para todos”. Muitos relatos demonstraram mais que a resposta ao questionário, mas um desabafo. Pode-se perceber que muitos sofrem com o preconceito em silêncio e lutam muito para que sejam aceitos e compreendidos. Esta fala, abaixo, resume de forma clara, a importância de profissionais da educação terem clareza sobre o tema preconceito: “São diversos os benefícios recebidos: ter a oportunidade de participar deste projeto; perceber o quanto é importante no colocarmos muitas vezes o lugar das pessoas que sofrem preconceito; identificar situações muitas vezes pelas quais quem sabe já praticamos ou sentimos em nossa vidas; priorizar e valorizar cada vez mais a prática dos bons princípios e valores morais (respeito, educação, 30 sensibilidade, dignidade humildade, paciência, etc.); prezar pela dignidade da vida, e reconhecer que existem preconceitos perceptíveis e ocultos, para tanto, faz-se necessário praticar atos de empatia e respeito, objetivando continuamente uma melhor qualidade de vida, no relacionamento interpessoal”. Os participantes afirmam a necessidade de continuidade do projeto, e de momentos de discussões relacionadas à inclusão e acessibilidade. Porém, muitos dos participantes questionaram a ausência da participação de professores no projeto, “Acho importante que tenhamos um ‘jeito’ de o projeto ser estendido aos professores”, diz uma participante. Professores estão em contato direto com alunos, e muitos desses alunos com diferenças perceptíveis. Realmente, a presença dos professores fez falta. Este profissional, se tratando de uma instituição de ensino, deve estar preparado para lidar com muitas diferenças em sala de aula. Quando falamos das diferenças esquecemos que não existem só deficientes visuais, surdos ou cadeirantes, mas há os com problemas de aprendizado, com problemas pessoais, enfim, diferentes mas com a necessidade da mesma atenção dada pelo professor. Pelos relatos podemos perceber que a formação continuada é de suma importância. Discutir temas atuais, que refletem no nosso dia a dia, nos auxiliam a ter mais conhecimento, e saber lidar melhor com o outro. Estudos de Freire (1996) mostram que ensinar exige segurança, competência profissional, generosidade, comprometimento, compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo, liberdade, autoridade, tomada consciente de decisões, saber executar, reconhecer que a educação é ideológica, disponibilidade para o dialogo e querer bem aos educandos. Poder mediar o conhecimento, ensinar algo que não se sabia, mostrar o novo, ver um aluno crescer é algo que não tem preço. Este profissional nunca deve esquecer que nem sempre ele é professor, muitas vezes ele é aluno, e deve saber se colocar no lugar do outro. Ainda nos relatos, as linhas livres deixadas para críticas e sugestões mostraram a grande aceitação dos participantes, e a vontade de continuidade do projeto: “Mobilizar e sensibilizar a comunidade escolar, inclusive alunos para que participem do projeto. Dar continuidade ao projeto. Ampliar a execução do projeto em momentos de capacitação para todos os servidores. Envolver a participação dos alunos. No cotidiano da escola, de forma explicita ou velada, vivemos o preconceito de forma muito forte, seja entre servidores, seja entre 31 servidores e alunos, seja entre alunos e alunos, seja de todos para com a sociedade em geral. A sensibilização é um dos melhores caminhos para que educadores e educandos possam conscientizarse que vivemos em uma sociedade com seres humanos que possuem diferenças e especificidades. Temos que quebrar com conceitos pré estabelecidos. Abrir os olhos para além daquilo que consideramos certo, verdadeiro compreendendo esta dinâmica, os projetos e planejamentos das aulas mudarão, a didática mudará, o relacionamento mudará, a sociedade mudará”. “Que possamos documentar esta nossa experiência de capacitação e compartilhar em algum momento com os demais servidores. Que nos comprometamos em promover melhorias sobre os assuntos trabalhados, principalmente em nosso ambiente interno de trabalho”. “Sugiro que as capacitações sejam contínuas e que possa envolver mais servidores do Campus. Quanto mais se disseminar esta idéia, mais pessoas estarão envolvidas por esta causa”. “A-DO-REI o projeto, principalmente a discussão promovida ao final, as várias formas de interpretar uma mesma cena, mostra o quanto, entre nós (os participantes), já existem diferenças”! São evidentes os pontos positivos, e o ânimo dos participantes do projeto: “Que o projeto tenha continuidade no 2º semestre e sugiro que mais pessoas se interessem pelo assunto, que é de tão grande importância e, faz parte da vida de todo mundo, independente da sua raça, cor ou classe social”. A continuidade de projetos como esse são necessários, para que possamos refletir, analisar e repensar nossas ações, pois “a formação de educadores na tendência reflexiva configura-se como uma política de valorização do desenvolvimento pessoal-profissional dos professores e das instituições escolares.” (PIMENTA, 1997 p. 58) 32 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Em função dos relatos apresentados, é possível perceber a urgência de mais capacitações que sensibilizem os profissionais da educação. Mais capacitações como palestras, cursos de curta duração, FIC’s para a comunidade interna e externa, entre outros. Em muitos momentos desta pesquisa enfocou-se a necessidade de buscar, de mudar, redimensionar, transformar, etc. é preciso perceber que não basta ficar somente no discurso e nas discussões em pequenos grupos, é preciso agir. Percebe-se a cada dia, que as pessoas estão cada vez mais voltadas ao seu próprio mundo, e mesmo assim querendo ser aceitas, sem ao menos aceitar o outro. Para que mudanças sejam feitas, o preconceito seja vencido, é necessário motivação. Fala-se muito do outro, da inclusão, da acessibilidade, mas o que falta é a ação! Neste aspecto, os profissionais da educação têm de estar preparados, pois são responsáveis pela formação inicial de todo e qualquer profissional. Então, para ter suporte e capacitação para interferir, formar, mediar, auxiliar e exercer efetivamente seu papel, deve-se ter uma sólida formação, através de uma base teórica consistente e uma prática reflexiva continuada, valorizando o diferente. “Estou convencido... não é a minha arrogância intelectual a que fala de minha rigorosidade científica. Nem a arrogância é sinal de competência nem a competência é causa de arrogância. Não nego a competência, por outro lado, de certos arrogantes, mas lamento neles a ausência de simplicidade que, não diminuindo em nada seu saber, os faria gente melhor. Gente mais gente.” (FREIRE, 1996, p. 146) É preciso compreender, que uma base teórica sólida, constrói-se através do conhecimento das diferentes facetas produzidas no ambiente educacional. Mediante várias análises e pesquisas, surgem novos paradigmas com os quais o educador deve familiarizar-se, como agente de transformação que é. Antes das mudanças, é preciso a preparação. “É preciso antes que o professor seja educado, conscientizado desta necessidade de mudança. Uma nova formação para os professores é indispensável porque estará nas mãos deles a exigente formação do novo homem”. (LARA, 1999, p. 51) 33 Assim sendo, é preciso que o educador esteja capacitado, atualizado, tendo como preocupação primordial, a formação do ser humano. Quando sofremos o preconceito, percebemos a importância de conhecer melhor o outro antes de julgá-lo. Os profissionais da educação têm uma responsabilidade muito grande por serem darem início a formação de outros profissionais, e para isso, necessitam estar preparados, capacitados e sensibilizados ao tocante a inclusão e acessibilidade. Vencer o preconceito, aceitar o novo, ter empatia com o outro, isso fará com que nós, profissionais da educação, sejamos mais humanos. 34 6. BIBLIOGRAFIA Referências Bibliográficas ALLPORT, G. W. (1954). The nature of prejudice. 3ª ed. Wokingham: AddisonWesley. ARAÙJO, L.A. O. de.; et al. Psicologia: Fundamentos e Princípios. Caderno Pedagógico I, Florianópolis/SC, 2001. AUSUBEL, D.P., NOVAK, J.D. and HANESIAN, H. Educational psychology: a cognitive view. 2ª ed. Nova York, Holt, Rinehart and Winstons, 1978. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília/ DF: Senado Federal, 1988. BRASIL. Lei n. 11.892, de 24 de janeiro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF CARVALHO, Marlene Araújo. A prática pedagógica como fundamento para se repensar a formação do professor. São Paulo, 1998. Tese de doutorado. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. CHASSOT, Atiço. Alfabetização Científica: questões e desafios para a educação. Ijuí/RS: Unijui, 2000. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª ed. Botafogo; Nova Fronteira, 1986 35 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 10ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 38ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GATTI, Bernadete. Formação de professores e carreira: problemas e movimentos de renovação. Campinas: Autores Associados, 1997. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª Ed. São Paulo: Atlas, 1991. LARA, Eliana. Inteligências Múltiplas: uma nova concepção para o homem moderno.. Monografia Curso Especialização. Universidade Estadual Ponta Grossa, 1999. MOREIRA, M.A. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: EPU, 2004. NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema em sala de aula. 4ª Ed. Contexto. São Paulo, 2006. OLIVEIRA, M. Kohl. Vygtsky - Aprendizado e desenvolvimento: um processo sóciohistórico. São Paulo/SP: Scipione, 1997. PIMENTA, Selma Garrido. Formação de professores: saberes da docência e identidade do professor. In. Revista de Educação. O papel político social do professor. Ano 26, n. 104, jul/set – 1997. REGO, Tereza Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico cultural da educação. Petrópolis: Cortez, 1996. VYGOTSKY, L.S. A formação da Mente. 5ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994. 36 _____. Preconceito discriminação: Por que existem e como vencê-los?. Despertai!, v. 90, n. 8, p. 03-06, ago. 2009. Referências da Internet BARRETO, C.C. A relação professor-aluno. Texto disponível em: < http://www.cintiabarreto.com.br/artigos/relacaoprofessoraluno.shtml >. Acessado em: 02 de agosto de 2009. 37 ANEXO (S) 38 ANEXO 1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina – IF-SC Campus Jaraguá do Sul PROJETO DE CAPACITAÇÃO PRECONCEITO EM CENA 1) JUSTIFICATIVA: Considerando o Artigo 7º da Lei 11.892/08 que coloca como finalidades: I - ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica; e V - estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional; e que cidadania se constrói a partir da quebra de preconceitos e construção de consciência crítica, o NAPNEE – Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais em parceria com o Grupo de Trabalho Capacitação para Servidores Técnicos Administrativos, está ofertando o Projeto: Preconceito em cena, que visa abordar temas tais como: pobreza, homossexualidade, deficiência física, auditiva, visual, mental, questões de gênero e etnia, entre outros. Entendemos que a formação continuada, concebida de forma articulada com o cotidiano escolar, é necessidade intrínseca para os profissionais da educação e faz parte de um processo permanente de desenvolvimento profissional, que deve ser assegurado a todos, a fim de aprimorar a sua prática. 2) OBJETIVOS 2.1) Propiciar, através dos filmes, uma possibilidade de sensibilização para iniciar e abrir uma discussão a respeito do preconceito. 2.2) Analisar e refletir as condições que levam o ser humano a construir o preconceito. 2.3) Desenvolver consciência crítica e solidária diante daquilo que é determinado como “diferente”. 3) PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS − − Assistir a um filme (anexo 1) Promover diálogo, análise e reflexão com base no tema do filme apresentado. Observação: a) os filmes serão selecionados pelo NAPNEE a partir das necessidades observadas (anexo sugestões). b) as discussões serão mediadas pelos integrantes do NAPNEE. 4) CARGA HORÁRIA: 03 horas semanais para cada período. Total no ano de 2009: 50 horas. 39 Observação: a soma da carga horária para cada participante será contabilizada pela presença. 5) PÚBLICO ALVO: Primeiro semestre: servidores Segundo semestre: servidores e acadêmicos do Curso de Licenciatura 6) PREVISÃO DE GASTOS Locação dos filmes – média de R$ 5,00 por filme Observação: a locação será paga com a contribuição espontânea dos cursistas. 7) CRONOGRAMA Início: 25 de maio de 2009 Término: 07 de dezembro de 2009 Observação: 1º semestre: de 25 de maio de 2009 até 07 de julho os encontros serão semanais, totalizando 20 horas; 2º semestre: de 03 de agosto de 2009 até 07 de dezembro os encontros serão quinzenais, totalizando 30 horas. Oferta para duas turmas: 2ª feira – 13h 30min às 16h30min 3ª feira – 9h às 12h Inscrições no Registro Acadêmico 8) CERTIFICAÇÃO 8.1) A certificação dos Técnicos Administrativos será feita pelo Departamento de Gestão de Pessoas. 8.2) A certificação dos demais participantes será feita pelo Registro Acadêmico do Campus Jaraguá do Sul. 9) AVALIAÇÃO 9.1 - A avaliação do projeto será feita no decorrer da apresentação e discussão dos filmes. Os envolvidos poderão e deverão analisar e propor alternativas para melhorar os encaminhamentos. 9.2 - A avaliação e auto-avaliação do envolvimento de cada participante será processual e continuada; 9.3 – O grupo produzirá por escrito uma reflexão sobre o tema e o filme, que será entregue para a articuladora do projeto. 10) COORDENAÇÃO NAPNEE Articuladora: Suely Maria Anderle – Técnica em Assuntos Educacionais Coordenadora: Professora Kelly Machado Pinho Alflen – Docente/ Intérprete de Libras 40 OBSERVAÇÃO: As estagiárias do Núcleo Pedagógico (Curso de Licenciatura) participarão do desenvolvimento do projeto. Jaraguá do Sul, 18 de maio de 2009. Anexo 1 do projeto SUGESTÕES DE FILMES 1) AMISTAD (1997) Costa de Cuba, 1839. Dezenas de escravos negros se libertam das correntes e assumem o comando do navio negreiro La Amistad. Eles sonham retornar para a África, mas desconhecem navegação e se vêem obrigados a confiar em dois tripulantes sobreviventes, que os enganam e fazem com que, após dois meses, sejam capturados por um navio americano, quando desordenadamente navegaram até a costa de Connecticut. Os africanos são inicialmente julgados pelo assassinato da tripulação, mas o caso toma vulto e o presidente americano Martin Van Buren (Nigel Hawthorn), que sonha ser reeleito, tenta a condenação dos escravos, pois agradaria aos estados do sul e também fortaleceria os laços com a Espanha, pois a jovem Rainha Isabella II (Anna Paquin) alega que tanto os escravos quanto o navio são seus e devem ser devolvidos. Mas os abolicionistas vencem, e no entanto o governo apela e a causa chega a Suprema Corte Americana. Este quadro faz o ex-presidente John Quincy Adams (Anthony Hopkins), um abolicionista não-assumido, sair da sua aposentadoria voluntária, para defender os africanos. 2) ESCRITORES DA LIBERDADE (2007) Há muitos filmes americanos sobre escola, mas não como "Escritores da Liberdade". (Freedom Writers, EUA, 2007). Porque é o único filme dessa categoria que incentiva os alunos a lerem literatura, ponto de partida para testar a vocação de cada um para escrever dede um diário sobre o cotidiano trágico de suas vidas até uma poesia hip hop ou um livro de ficção. O valor desse filme também está na ousadia da linguagem cinematográfica mostrando os problemas psico-sócio-culturais que atingem a escola contemporânea; também porque ele dá visibilidade à diversidade dos grupos, com seu rígido código de honra, cada um no seu território, o narcisismo da recusa e da intolerância para com “os outros”, o boicote às aulas, a prontidão para aumentar os índices de violência entre os jovens e transformar a escola no seu avesso, isto é, uma comunidade bem próxima da barbárie, o que de fato vai acontecer em 1992, em Los Angeles, EUA. O filme é baseado na história real de Erin (interpretada por Hilary Swank), uma professora novata interessada em lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de adolescentes resistentes ao ensino convencional; alguns estão ali cumprindo pena judicial, e todos são reféns das gangues avessas ao convívio pacífico com os diferentes. Como em outros filmes sobre turmas problemáticas, a professora Erin toma sua tarefa como um grande desafio: educar e civilizar aquela turma esquizofrênizada e estigmatizada como “os sem-futuro” pelos demais professores. Percebe que seu trabalho deve ir para além da sala de aula, por exemplo, visitando o museu do holocausto, possibilitando aos jovens saber os efeitos traumáticos da ideologia da “grande gangue” nazista, que provocou a 2ª. Guerra Mundial e o holocausto, e também reconhecer as semelhanças com suas “pequenas gangues” da escola. Nota: a palavra “holocausto”, referida no filme, é usada mais pelos judeus. E, “genocídio” é o termo cunhado pelo Direito Internacional do pós Guerra. Ambas significam o ato racional de eliminação de seres humanos em escala inimaginável. 41 3) AVAETÉ – Semente de Vingança (1985) Obra baseada em fatos reais que descreve um massacre criminoso que exterminou os índios Avaeté e transformou Avá, o único sobrevivente, num elo perdido entre o nativo e o civilizado. Avá vive um dramático enigma em busca de sua identidade, obcecado pelo desejo de vingança. 4) MEU NOME É RÁDIO (2003) Anderson, Carolina do Sul, 1976, na escola secundária T. L. Hanna. Harold Jones (Ed Harris) é o treinador local de futebol americano, que fica tão envolvido em preparar o time que raramente passa algum tempo com sua filha, Mary Helen (Sarah Drew), ou sua esposa, Linda (Debra Winger). Jones conhece um jovem "lento", James Robert Kennedy (Cuba Gooding Jr.), mas Jones nem ninguém sabia o nome dele, pois ele não falava e só perambulava em volta do campo de treinamento. Jones se preocupa com o jovem quando alguns dos jogadores da equipe fazem uma "brincadeira" de péssimo gosto, que deixou James apavorado. Tentando compensar o que tinham feito com o jovem, Jones o coloca sob sua proteção, além de lhe dar uma ocupação. Como ainda não sabia o nome dele e pelo fato dele gostar de rádios, passou a se chamá-lo de Radio. Mas ninguém sabia que, pelo menos em parte, a razão da preocupação de Jones é que tentava não repetir uma omissão que cometera, quando era um garoto 5) UMA LIÇÃO DE AMOR (2001) Ao ter a guarda de sua filha retirada, um homem com deficiência mental recebe a ajuda de uma advogada para provar que pode ser responsável por sua criação. Com Sean Penn, Michelle Pfeiffer, Dianne Wiest e Laura Dern. Recebeu uma indicação ao Oscar. 6) REFLEXOS DE UMA AMIZADE (2004) Para se acertar com a esposa e o filho de 13 anos, o artista plástico Tom Warshaw (David Duchovny), que leva uma vida boêmia em Paris, volta aos seus 13 anos no Greenwich Village, em Nova York. Ele rememora a depressão da mãe (Téa Leoni), a amizade com o deficiente Pappas (Robin Williams), o primeiro amor e a tragédia que mudou sua vida. E lembra da misteriosa Lady Bernadette (a cantora Erikah Badu), presidiária da Casa de Detenção do bairro, que usava um espelho e muita sensibilidade para orientá-lo em suas decisões. 7) MEU PÉ ESQUERDO (1989) Christy Brown (Daniel Day-Lewis), o filho de uma humilde família irlandesa, nasce com uma paralisia cerebral que lhe tira todos os movimentos do corpo, com a exceção do pé esquerdo. Com apenas este movimento Christy consegue, no decorrer de sua vida, se tornar escritor e pintor. Numa pequena cidade da Nova Inglaterra, James Leeds é o novo professor de linguagem de uma escola para surdos. Idealista, é conhecido por usar métodos nada convencionais em suas aulas. Assim, logo ao chegar, é advertido pelo administrador da escola, Dr. Curtis Franklin, para que não utilize sua tão falada criatividade com os seus novos alunos. Não intimidado com a advertência recebida, Leeds põe em prática seus métodos, que incluem o uso do rock 'n' roll, em alto volume, a fim de ensinar aos alunos a sentirem as vibrações da música e a tentarem falar foneticamente. Mas um novo elemento entra em sua vida, quando conhece a bela e atraente Sarah Norman, uma excepcionalmente inteligente e extremamente amarga jovem mulher. Sarah, já graduada pela escola, decidiu permanecer lá, como empregada, a fim de se manter confinada em seu mundo de silêncio, que aparentemente lhe dá mais segurança. Ela logo se mostra interessada em Leeds, com quem se comunica através da linguagem dos sinais. Ele procura fazer com que ela passe a ler lábios e a falar um pouco. Através da Sra. Norman, mãe de Sarah, ele toma conhecimento que ela fora molestada sexualmente quando era adolescente, o que a tornou uma pessoa amarga. Tal fato explica porque ela é tão hesitante 42 nas tentativas em que ele procura estreitar um relacionamento. Passado algum tempo, Leeds consegue finalmente se aproximar mais de Sarah e os dois terminam se apaixonando, embora ambos tenham que aprender novas formas de melhor comunicarem seus sentimentos. 8) O PIANO (1993) Ada McGrath (Holly Hunter) é muda e usa o piano para extravasar seus sentimentos. No séc. 19, ela e sua filha Flora (Anna Paquin) são enviadas para a Nova Zelândia (ainda um tanto selvagem) para um casamento arranjado com o fazendeiro Stewart (Sam Neill). No desembarque, seu piano é deixado na praia, pois seria muito difícil carregá-lo e Stewart não compreende o quanto Ada precisa do instrumento. Já George Baines, um rústico vizinho, percebe porque o piano é tão importante quando, na praia, ouve Ada tocar. Atraído por Ada, Baines compra o piano com a intenção de conquistá-la. De maneira poética e intensa, as emoções dos personagens vão sendo reveladas: a sexualidade de Ada, a ternura de Baines, o ciúme de Stewart. Indicado a oito Oscars, O Piano ganhou os de Melhor Roteiro, Melhor Atriz (Holly Hunter) e Atriz Coadjuvante (Anna Paquin, então com 11 anos). Palma de Ouro em Cannes (1993). 9) PERFUME DE MULHER (1974) Jovem estudante resolve ganhar algum dinheiro no feriado de Ação de Graças e vai trabalhar para um cego e carrancudo tenente-coronel aposentado, Frank Slade, terrivelmente amargo. Mal sabe ele que está prestes a viver dias mais incrívies de sua vida, pois Frank o levará para os restaurantes mais caros e o melhor hotel de Nova York, onde, se tudo correr como planejado, o militar cometerá suicídio. 10) O CARTEIRO E O POETA (1994) O filme O carteiro e o Poeta (Il postino, 1994), de Michael Radford, narra a história (fictícia) da amizade entre o poeta chileno Pablo Neruda (Philippe Noiret) e Mario Ruppuolo (Massimo Troisi), carteiro incumbido de entregar a sua abundante correspondência. A princípio distante, o poeta acaba cativado pela candura do carteiro, o qual, por sua vez, fica encantado com essa aproximação. Apaixonado pela filha da proprietária da taverna local, a bela Beatrice Russo (Maria Grazia Cucinotta), Mario tem a esperança de que "Don Pablo" o ajude a conquistar o coração da sua amada. A história se passa numa ilha de pescadores no sul da Itália, começo da década de 1950, onde Neruda se encontrava exilado.O maior trunfo de O Carteiro e o Poeta é a irresistível interpretação de Massimo Troisi. O ator constrói seu personagem na medida certa, quase minimalista, em delicados meios-tons: contido, hesitante, tímido, deixando a emoção fluir com um misto de recato e humor. Para contrabalançar, o Neruda de Philippe Noiret (o grande ator francês de Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore, entre muitos outros) é um indivíduo em plena maturidade artística e emocional, autoconfiante e ciente do próprio charme e da admiração que sua figura pública provoca. Foi um filme recebido com grande emoção pelo público na época do lançamento. Foi candidato ao Oscar de Melhor Filme de 1996 - desde 1973, ano em que Gritos e Sussurros, obra-prima de Ingmar Bergman, foi um dos indicados, um filme de língua não inglesa não era escolhido para ser um dos cinco finalistas do prêmio - e também concorreu aos prêmios de direção, ator (Massimo Troisi), roteiro adaptado e música (Luis Henrique Bacalov), mas ganhou apenas nessa última categoria. O ator e roteirista Massimo Troisi, 41 anos, que sofria de uma cardiopatia, morreu no dia seguinte ao término das filmagens. 11) A MISSÃO (1986) No final do século XVIII Mendoza (Robert De Niro), um mercador de escravos, fica com crise de consciência por ter matado Felipe (Aidan Quinn), seu irmão, num duelo, pois Felipe se envolveu com Carlotta (Cherie Lunghi). Ela havia se apaixonado por Felipe e Mendoza não aceitou isto, pois ela tinha um relacionamento com ele. Para tentar se 43 penitenciar Mendoza se torna um padre e se une a Gabriel (Jeremy Irons), um jesuíta bem intencionado que luta para defender os índios, mas se depara com interesses econômicos. 12) A GAIOLA DAS LOUCAS (1996) O dono de um cabaret gay entra em apuros quando o filho dele, noivo da filha de um senador moralista, tem de apresentar a família ao futuro sogro. Para escapar da roubada ele vai contar com a ajuda do namorado, mas muita confusão será criada. Filme baseado na versão de 1978, de Edouard Molinaro. 13) O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN Dois caubóis se conhecem no interior do Wyoming, onde cuidam de um rebanho de ovelhas. Lá surge um amor mútuo que será compartilhado durante os 20 anos seguintes, em intervalos irregulares, mesmo depois de casados, cada um com sua mulher e filhos. Indicado a oito Oscar 2006. SEMINÁRIO PROJETO DE CAPACITAÇÃO PRECONCEITO EM CENA Assinatura dos presentes no verso. DATA: ___/___/09 FILME: __________________________________________________ 1) Elaborar uma sinopse do filme. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ ________________________________________________________________ 2) Refletir e relacionar o conteúdo do filme com o tema Preconceito Destacar as formas de preconceito que vivenciamos e percebemos no nosso cotidiano e até mesmo os possíveis preconceitos que estão dentro de nós.. __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 44 ASSINATURA DOS PRESENTES DATA: ____/____/09 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 45 ANEXO 2 Projeto Preconceito em Cena Pesquisa realizada para produção de artigo científico Nome (sua identidade será preservada): ____________________________________________ 1. Qual avaliação você faz do projeto “Preconceito em Cena”? 2. Na sua vida, pessoal e profissional, o projeto tem trazido benefícios? Quais? 3. Linhas livres para sugestões, críticas...