Resenha do Artigo: “Um estudo experimental do problema do Mundo Pequeno”. TRAVERS, J; MILGRAM, S. An experimental study of the small world problem. Sociometry, Vol. 32, Issue 4 (Dec. 1969), 425-443. I- Apresentação da Obra: O artigo trata da análise e descrição de um estudo experimental desenvolvido por MILGRAM e TRAVERS (1967), envolve a sociometria e em seu bojo o emprego do método denominado “mundo pequeno”. Os autores desenvolveram o estudo baseando-se na seleção e acompanhamento de indivíduos selecionados arbitrariamente nas cidades de Nebraska e Boston, os quais participaram do referido estudo. Foram constituídas sessenta e quatro cadeias de conhecimento para atingir a pessoa-alvo do estudo. O experimento objetivava constituir uma rede de contatos a partir de duas pessoas, selecionadas aleatoriamente, de modo a comprovar a possibilidade de contatos entre estes e na existência de um intermediário a ampliação dos contatos, a partir da existência de ”mútuo comum” entre os participantes do experimento, aqui denominados, para fins de entendimento de A, B e C. A aplicação do método “mundo pequeno” serve como suporte para estudos voltados a compreensão da estrutura social em grande escala, e a partir disto nos permite verificar o grau de vinculação entre os indivíduos de um grupo e a repercussão destes aspectos na análise de outras situações, que envolvem a dinâmica das redes sociais e sua expansão. Este estudo foi realizado por MILGRAM e TRAVERS na Universidade de Harward e financiado por doações do Fundo de Milton e do Laboratório de Haward. II- Estrutura: O artigo estrutura-se a partir da descrição do estudo experimental, dos sujeitos envolvidos na pesquisa, da metodologia e formulação do problema. Com a premissa: “A maneira mais simples de formular o problema do mundo pequeno é saber qual a probabilidade de que quaisquer duas pessoas, selecionadas arbitrariamente, a partir de uma grande parte da população, como os Estados Unidos, conhecer uns aos outros?” Os autores iniciam o artigo, descrevendo as etapas, procedimentos e as conclusões a que chegaram após a finalização do estudo. O problema foi pensado em termos da aplicação de um modelo matemático, no contexto da sociometria e na compreensão dos aspectos que envolvem a constituição das redes sociais. Está dividido em texto introdutório, onde os autores descrevem em poucas linhas o trabalho realizado. Abrange os tópicos Sociometria, Estudo do “mundo pequeno”, procedimentos, resultados e conclusões. Foi estruturado em dezoito páginas, onde se distribuem as seções citadas, descrevendo cada etapa do experimento e as conclusões a que chegaram os autores. III- Conteúdo: MILGRAM e TRAVERS (1967) empreenderam um estudo experimental sobre o método do “mundo pequeno”, com base na aplicação de um modelo matemático, onde a sociometria se constituiu como caminho para a compreensão de como se dá a vinculação de indivíduos dentro de um determinado grupo, considerando a formação das redes sociais e a conectividade entre esses indivíduos. Para responder ao questionamento proposto, inicialmente selecionaram duas pessoas, de modo aleatório, e aplicaram o método para averiguar a possibilidade destas se conhecerem e conhecer a outros, por meio de um ou mais intermediários. O relevante da questão é que dados os indivíduos A e B, que poderiam compartilhar com C, um ou mais conhecidos, ou seja, a possibilidade de existir um conjunto de indivíduos que conhecessem A e B, ligando-os um ao outro, e de estarem vinculados não só por uma única pessoa, mas por uma série de intermediários, que ao final constituiriam uma rede de contatos, a partir de A, B e C, deduzindo-se que A conhece B e este conhece C e este conhece D e assim sucessivamente, nos conduz a examinar a possibilidade da interconexão entre os grupos a partir da dupla selecionada inicialmente. Para explicar o problema do “mundo pequeno” os autores sugerem que “as redes sociais são em certo sentido, bem tecidas, cheias de vários fios, ligando indivíduos aparentemente distantes um do outro no espaço físico ou social.” O estudo se desdobrou no sentido de averiguar se esta interconexão poderia ser demonstrada por meio de um estudo experimental. O modelo matemático utilizado na compreensão do problema do “mundo pequeno” partiu das concepções teóricas de Ithiel Piscina e Manfred Kochen, buscou demonstrar a probabilidade de duas pessoas escolhidas aleatoriamente, a partir do grupo ser ligadas por um ou mais intermediários. Tal modelo configura-se a partir da forma de uma árvore ou da progressão geométrica. Os autores não consideram a estrutura social. Concebem a sociedade como divididas em grupos, cada um com populações hipoteticamente idênticas. Outros autores citados no artigo como Rapaport e Horvath (1961) realizaram o estudo das redes sociométricas em uma escola de ensino médio, com uma amostragem de 861 alunos. O interesse desses autores centrava-se na conectividade e no rastreamento da população conectada a partir da população inicial de nove indivíduos, no que tange ao envio de mensagens por essa população aos seus amigos. A centralidade do trabalho de MILGRAM e TRAVERS (1967) encontra-se na descoberta de algumas características próprias das cadeias, estabelecendo relações e comparações entre elas, levantando vários questionamentos ligados a conectividade, as características socioeconômicas das cadeias em estudo, objetivando compreender a dinâmica interna das redes e sua formação a partir de duas pessoas escolhidas aleatoriamente. IV- Análise Crítica: O estudo de MILGRAM e TRAVERS (1967) evidencia a importância de compreendermos a conectividade possibilitada pelas redes sociais, pela adoção de um modelo matemático para explicação de tais relações, tomando-se a experiência com os sujeitos pesquisados. Ele aponta dentro da sociometria como se organizam e distribuem os indivíduos dentro dos grupos e das redes sociais. Demonstra a partir do experimento as possibilidades de formação, constituição e funcionamento interno das redes sociais em questão. Aponta para o fenômeno do crescimento das redes sociais, sob o ponto de vista da conectividade e do avanço da internet, como meio e local onde é possível participar das redes sociais, ampliando-se as possibilidades de comunicação envolvendo pessoas em locais completamente distantes, que venham a se conhecer, naquele espaço virtual, por intermédio de uma outra pessoa, um “mútuo comum. Embora seja notório a expansão das redes sociais via internet, há que se pensar que a despeito da evolução tecnológica, as redes sociais existem e a possibilidade do “mútuo comum” pode ser comprovada, na medida em mensagens podem ser transmitidas de um emissor a um receptor utilizando-se outros meios e ou amparando-se nos conceitos apontados na teoria de Barabasi, cuja experiência é descrita no vídeo “Seis Graus de Separação” veiculado pela BBC. V- Recomendações: A leitura do artigo “Um estudo experimental do pequeno mundo” é imprescindível para as pessoas envolvidas com a pesquisa que trata sobre a formação de redes e conectividade. É importante para os educadores, mas que nunca envolvidos com essa realidade, a qual precisam apreender, interagir e compreender os aspectos positivos da inserção das redes de colaboração, pesquisa e conhecimento como caminhos a serem trilhados na concepção de uma nova forma de aprender e educar. É relevante para os psicólogos, cientistas sociais, administradores, analistas de sistemas, profissionais da área de tecnologia da informação, que podem através do método do “mundo pequeno”, compreender as diversas variáveis que compõem a complexa teia das redes sociais e seus desdobramentos na sociedade como um todo. VI- Autores: Stanley Milgram psicólogo americano nasceu em 15 de agosto de 1933, em Nova Iorque, no seio de uma família judia. Seu pai era húngaro e mãe romena. Realizou diversos estudos e artigos publicados durante sua vida, sendo o mais notável o seu estudo controverso sobre a obediência à autoridade, realizada na década de 1960 durante a sua cátedra na Yale. Milgram foi influenciado pelos acontecimentos do Holocausto, especificamente o julgamento de Adolf Eichmann, no desenvolvimento deste experimento. Sua dissertação em Harvard, experimento do mundo pequeno, viria a ajudar os pesquisadores a articular os mecanismos de redes sociais e explorar a relação matemática para o grau de conectividade, principalmente os seis graus de separação conceito. É considerado um dos psicólogos mais importantes do século XX. Stanley Milgram morreu em Nova York em 20 de dezembro de 1984, de um ataque cardíaco. Selma Maria Silva do Nascimento, discente do Curso de Doutorado em Educação, linha temática Educação a Distância, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul/Faculdade de Educação/POA, 2013. Referência: MILGRAM, S. (1967). The small world problem. Psychology Today. 1(1), (61‐67). TRAVERS, J; MILGRAM, S. An experimental study of the small world problem. Sociometry, Vol. 32, Issue 4 (Dec. 1969), 425-443. Slideshare, acessado em 26/08/2013, http://www.slideshare.net/megainfoin/resenhaacadmica-5148388 Biografia Stanley Milgram, http://en.wikipedia.org/wiki/Stanley_Milgram acessado em 26/08/2013,