CONJUNTURA DA SUINO CULTURA NO PRIMEIRO QUADRIMESTRE DE 2015. Celso Doliveira, Médico Veterinário do DTE/FAEP A relação de troca de kg de suínos por kg de milho é uma antiga referência de rentabilidade para a suinocultura. A alimentação dos animais é o maior componente do custo de produção na suinocultura, representando 70% do custo total. Dentro do componente alimentação o milho e o farelo de soja representam aproximadamente 80% desse custo. Portanto essa relação serve de termômetro para medir os resultados e as tendências de curto prazo da atividade. Daí a importância desses dois ingredientes na análise do produtor para avaliar a viabilidade da atividade. Tradicionalmente o suinocultor faz a relação de quantos quilogramas de milho e/ou de farelo de soja ele consegue comprar com o valor recebido por quilograma de suíno cevado. Gráfico 1: Distribuição da Relação de Troca de kg de Suíno por kg de Milho e de Farelo de Soja de Janeiro de 2012 a Abril de 2015 com Valores Deflacionados pelo IGP DI (FGV). 18,0 18,0 17,0 16,0 16,0 15,3 15,0 14,4 14,0 14,0 12,9 13,3 13,0 11,9 12,5 12,0 12,0 11,2 12,5 11,4 11,2 11,0 11,7 9,6 10,1 10,0 10,0 10,0 9,6 8,7 8,78,9 9,0 7,97,98,3 8,27,98,0 8,3 9,0 8,0 8,0 7,2 8,0 6,7 8,1 7,06,37,4 7,5 5,8 6,0 6,3 6,0 5,8 4,9 6,2 5,0 5,6 5,4 4,1 3,8 3,43,33,0 3,3 4,0 4,1 4,0 3,1 3,0 3,7 2,9 3,5 4,3 2,7 2,9 2,6 2,8 2,6 3,8 3,1 2,3 3,0 3,0 3,6 2,7 2,7 1,9 3,2 3,0 2,9 2,8 2,8 2,0 2,02,7 2,4 1,6 2,7 2,5 2,6 2,4 2,0 1,9 1,0 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1011 12 13 14 15 16 1718 19 20 21 22 23 24 2526 27 28 29 30 31 32 3334 35 36 37 38 3940 Relação de Troca (Milho x Suíno) Fonte: SEAB/DERAL Elab. DTE/FAEP Relação de Troca (Farelo de Soja x Suíno) O cenário da suinocultura nesse mês de abril mostra uma acentuada redução do preço pago por kg de suínos vivos que começa a preocupar os suinocultores em todo o estado (vide Gráfico 2). Os preços praticados por quilograma de suíno cevado nesse abril começa a colocar a relação de troca por quilograma de milho no sinal amarelo, pois, o patamar de 8kg de milho por kg de suíno cevado é o limite mínimo praticado nos dois últimos anos, abaixo do qual o valor recebido deixa de remunerar o custos total de produção. Portanto se essa tendência de queda persistir e ficar abaixo desse patamar dos 8kg de milho por kg suíno cevado que foi praticado no ano de 2012 e início de 2013 pode indicar o prenuncio de nova crise da suinocultura. Gráfico 2: Distribuição dos Custos de Alimentação, Variáveis e Total e Preço do Quilograma de Suíno Vivo de Unidade Produtora de Suínos em Ciclo Completo de Janeiro de 2014 a Março de 2015 no Paraná Defalcionados pelo IGP DI (FVG). 6,000 5,000 4,000 3,000 2,000 1,000 0,000 Custos Alimentação Custo Total de Produção Custos Variáveis Preço kg/vivo (LAPESUI) Fonte: EMBRAPA/LAPESUI Elab. DTE/FAEP Espera-se que com a entrada do milho safrinha nos próximos meses os preços do milho caiam mantendo a atividade com margens positivas no próximo quadrimestre. O gráfico 2 confirma claramente a razão da preocupação dos suinocultores paranaenses, que após 18 meses de resultados positivos em relação ao custo total de produção, podem entrar no vermelho em abril deste ano em função das fortes quedas do preço pago ao suíno vivo que registrou a cifra de R$ 2,75/kg suíno vivo na primeira semana de maio/2015 de acordo com a pesquisa semanal do Laboratório de Pesquisas Econômicas do UFPR - LAPESUI. Neste primeiro quadrimestre de 2015 observamos uma redução de aproximadamente 10% do preço pago apor kg de suíno vivo, em relação ao mesmo período do ano passado, o que reduz drasticamente as margens na atividade e consequentemente a capacidade de compra do produtor. Espera-se que este seja o pior período deste ano, pois a tendência de redução dos preços do farelo de soja sinalizado pela bolsa de Chicago em função dos surtos de Influenza aviária nos EUA cuja tendência podemos observar no Gráfico 1 , associada a entrada do milho safrinha e a tradicional melhora do preço da carne suína no segundo semestre deve fazer com que o cenário melhore para a suinocultura até o final do ano.