CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ESAU RODRIGO COSTA MARQUES GESTÃO DE PESSOAS NO SERVIÇO PÚBLICO: proposição e análise de um modelo que integra valores, motivação, comprometimento, recompensas e desempenho. Belo Horizonte 2013 ESAU RODRIGO COSTA MARQUES GESTÃO DE PESSOAS NO SERVIÇO PÚBLICO: proposição e análise de um modelo que integra valores, motivação, comprometimento, recompensas e desempenho. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Administração Linha de Pesquisa: Dinâmica Organizacional, Inovação e Sociedade Orientador: Prof. Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva Belo Horizonte 2013 M357g Marques, Esaú Rodrigo Costa Gestão de pessoas no serviço público: proposição e análise de um modelo que integra valores, motivação, comprometimento, recompensas e desempenho /Esaú Rodrigo Costa Marques. –2013. 196f.: il. Orientador: Prof. Dr.Ricardo Viana Carvalho de Paiva Dissertação (Mestrado) – CentroUniversitário UNA, 2013. Programa de Mestrado Profissional em Administração. Bibliografia f.156-179. 1. Administração de pessoal. 2. Funcionário público. I.Paiva, Ricardo Viana Carvalho de. II. Centro Universitário UNA. III. Título. CDU: 338.486.3 Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus João Pinheiro AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus pela vida, pelo seu amor incondicional, pelo renovo a cada manhã, pelo refrigério, pelas graças recebidas e por permitir a realização desse sonho. À minha querida esposa, Luciana, que sempre esteve ao meu lado, demonstrando todo amor, compreensão e incentivo. Aos meus amados filhos, Laura e Isaque, fonte inesgotável de amor e carinho. Aos meus pais, José do Carmo e Regina, e aos meus irmãos, Angélica, Daniela e Felipe, pelo amor, apoio, confiança, compreensão e conselhos. Aos amigos, em especial, Guilherme, Marcos e Jessé por entenderem as minhas ausências durante o período de realização desse trabalho. Obrigado pela amizade e carinho ao longo desses anos. Aos demais familiares que, de alguma maneira, contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão desse trabalho. Ao Prof. Dr. Ricardo Viana Carvalho de Paiva, pela orientação e pelas palavras de motivação, que serviram de grande incentivo ao longo dessa caminhada. Em especial, ao Prof. Dr. Mario Teixeira Reis Neto, pela apresentação do tema, ideias e discussões, que contribuíram sobremaneira para a elaboração e conclusão desse estudo e todos os demais professores que ministraram aula durante o período de realização desse trabalho. Por fim, ao Centro Universitário UNA, por proporcionar o desenvolvimento desse estudo, que esteve vinculado ao projeto de iniciação científica, submetido e aprovado ao Edital do Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário UNA 2011/12 e desenvolvido com o apoio do PIBIC-FAPEMIG (Programa de Bolsas de Iniciação Científica). RESUMO A importância do objeto de pesquisa escolhido reside na necessidade de uma melhor compreensão de como as variáveis: valores, motivação, comprometimento e recompensas se relacionam nos funcionários públicos. A construção de um modelo que contemple tais variáveis é de importância capital para melhorar a gestão pública no Brasil. Este estudo também se justifica tendo em vista a complexidade das relações no serviço público. As organizações públicas não podem se descuidar da atração, desenvolvimento, motivação e retenção dos profissionais que se destacam, cujas capacidades e competências singulares os diferenciam dos demais. Tal demonstração de apreço ao patrimônio humano perpassa a questão das recompensas como forma de reconhecimento e retribuição às valiosas contribuições dos funcionários públicos. Para que uma organização pública sobressaia, é necessário que ela absorva profissionais motivados e comprometidos, capazes de executar suas tarefas demonstrando resultados superiores e de maior valor agregado. Essa demonstração de apreço ao patrimônio humano perpassa a questão das recompensas como forma de reconhecimento e retribuição às valiosas contribuições dos funcionários públicos. O estudo conclui que aqueles funcionários públicos que buscam desafios, crescimento pessoal, que são detalhistas, pensam de maneira lógica e racional, que estão satisfeitos com o salário e benefícios, com a autonomia para desenvolver o trabalho e com os relacionamentos profissionais possuem mais motivação no trabalho. Também, conclui que aqueles funcionários públicos que se sentem motivados, são mais ligados emocionalmente com a organização, se sentem obrigados a permanecer na organização e se dedicam mais à profissão. Já aqueles funcionários públicos que valorizam o alcance das metas estabelecidas e se importam com as tarefas para obtenção dos resultados, geralmente, estão mais satisfeitos com o salário e benefícios, com a autonomia para desenvolver o trabalho e com os relacionamentos profissionais estabelecidos. Já aqueles funcionários públicos que estão ligados emocionalmente com a organização percebem melhor a importância do alcance das metas estabelecidas e das tarefas para obtenção dos resultados. ABSTRACT The importance of the research object chosen is the need for a better understanding of how the variables values, motivation, commitment and rewards relate to public officials. The construction of a model that includes such variables is of paramount importance to improve public management in Brazil. This study is also justified in view of the complexity of relations in the public service. Public sector organizations can not overlook the attraction, development, motivation and retention of professionals that stand out, whose natural abilities and skills differentiate them from others. Such a show of appreciation to the human heritage permeates the question of rewards as a way to recognize and reward the valuable contributions of civil servants. For a public organization to stand out, it needs to absorb motivated and committed professionals, able to perform their tasks demonstrating superior results and higher added value. This show of appreciation to the human heritage permeates the question of rewards as a way to recognize and reward the valuable contributions of civil servants. The study concludes that those public officials who seek challenges, personal growth, who are detail, think logically and rationally, they are satisfied with the salary and benefits, with the autonomy to develop work and professional relationships have more motivation job. Also concludes that those public employees who are motivated, are more emotionally attached to the organization, they feel obliged to stay in the organization and are more dedicated to the job. Have those public employees who value achievement of established goals and care for the tasks to obtain the results generally are more satisfied with the salary and benefits, with the autonomy to develop work and professional relationships established. Have those public servants who are emotionally attached to the organization better realize the importance of the achievement of established goals and tasks to obtain the results. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01- Diagrama Integrativo entre os Construtos .............................................................. 61 Figura 02- Modelo Estrutural Proposto do Projeto (parte 1). ................................................... 65 Figura 03- Modelo Estrutural Proposto do Projeto (parte 2). ................................................... 65 Figura 04 – Modelo Proposto na pesquisa parte 1 – amostra total – validade nomológica..... 109 Figura 05 – Modelo Proposto na pesquisa parte 2 – amostra total – validade nomológica..... 110 Figura 07 – Modelo Proposto na pesquisa parte 1 – amostra estadual– análise multigrupos.. 192 Figura 08 – Modelo Proposto na pesquisa parte 2 – amostra estadual – análise multigrupos. 192 Figura 09 – Modelo Proposto na pesquisa parte 1 – amostra federal – análise multigrupos .. 193 Figura 10 – Modelo Proposto na pesquisa parte 2 – amostra federal – análise multigrupos... 193 Gráfico 01 – Esfera de trabalho. ............................................................................................... 77 Gráfico 02 – Tipo de vínculo empregatício. ............................................................................. 77 Gráfico 03 – Número de vezes que foi demitido nos últimos 12 meses. ................................. 77 Gráfico 04 – Número de vezes que recebeu aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses. ................................................................................................................................... 78 Gráfico 05 – Número de vezes que mudou de emprego nos últimos 12 meses. ...................... 78 Gráfico 06 – Motivos por ter mudado de emprego. ................................................................. 79 Gráfico 07 – Tipo de remuneração. .......................................................................................... 80 Gráfico 08 – Tempo que está na ocupação atual. ..................................................................... 80 Gráfico 09 – Ocupa cargo de chefia? ....................................................................................... 81 Gráfico 10 – Há quanto tempo cargo de chefia. ....................................................................... 81 Gráfico 11 – Gênero dos entrevistados. ................................................................................... 82 Gráfico 12 – Estado civil dos entrevistados. ............................................................................ 82 Gráfico 13 – Número de filhos. ................................................................................................ 83 Gráfico 14 – Nível de escolaridade. ......................................................................................... 84 Gráfico 15 – Renda familiar dos entrevistados. ....................................................................... 85 Gráfico 16 – Cluster criados com base nas variáveis de Valores pessoais............................. 132 Quadro 02 – Escala de Valores de Schwartz - Tipos Motivacionais de Valores ..................... 25 Quadro 03 – Principais contribuições das teorias sobre motivação ......................................... 32 Quadro 04 - Teorias Endógenas de Motivação Laboral ........................................................... 33 Quadro 05 - Teorias Exógenas de Motivação Laboral ............................................................. 33 Quadro 06 - Dimensões do Comprometimento Organizacional no Modelo Multidimensional .............................................................................................................................................. 43 Quadro 13: Formação dos Construtos de Valores .................................................................... 66 Quadro 14: Formação dos Construtos de Comprometimento .................................................. 66 Quadro 15: Formação dos Construtos de Desempenho ........................................................... 67 Quadro 16: Hipóteses formuladas ............................................................................................ 68 Quadro 17 – Critérios para adequação da solução fatorial e confiabilidade .......................... 93 Quadro 18 - Definição das variáveis ...................................................................................... 181 Quadro 19 - Construção do questionário e do modelo estrutural proposto ............................ 184 LISTA DE TABELAS Tabela 01 – Idade dos entrevistados ......................................................................................... 82 Tabela 02 – Estatística descritiva das variáveis que irão compor o modelo ............................ 85 Tabela 03 – Teste de aderência a normalidade de Kolmogorov-Sminorv ............................... 88 Tabela 04 – Solução fatorial dos sub-construtos do construto Valores pessoais ................... 93 Tabela 05 – Solução fatorial dos sub-construtos do construto Comprometimento ............... 95 Tabela 06 – Solução fatorial do construto Satisfação com a remuneração e recompensas ... 96 Tabela 07 – Solução fatorial do construto Desempenho ........................................................ 96 Tabela 08 – Avaliação da validade convergente dos do modelo parte 1 com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) – amostra total ....................................................................... 100 Tabela 09 – Avaliação da validade convergente dos do modelo parte 2 com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) – amostra total ....................................................................... 102 Tabela 10 – Avaliação da AVE dos construtos do modelo – amostra total .......................... 103 Tabela 11 – Avaliação da validade discriminante dos construtos do modelo parte 1 com base no método de Fornell e Larcker (1981) – amostra total .................................................... 104 Tabela 12 – Avaliação da validade discriminante dos construtos do modelo parte 2 com base no método de Fornell e Larcker (1981) – amostra total .................................................... 105 Tabela 13 – Avaliação da CC e do AC dos construtos do modelo – amostra total .............. 106 Tabela 14 - Resultado das hipóteses do Modelo Proposto – amostra total ............................. 110 Tabela 15 – Ajuste do modelo – amostra total........................................................................ 111 Tabela 16 – Correlação entre os construtos exógenos que impactam na Motivação ............. 112 Tabela 17 – Correlação entre os construtos exógenos que impactam na Percepção do próprio desempenho e no Feedback de terceiros............................................................................. 112 Tabela 18 – Teste de diferença de médias das variáveis do modelo – amostra estadual x federal ................................................................................................................................. 113 Tabela 19 – Avaliação da validade convergente dos do modelo parte 1 com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) – amostra estadual x federal................................................... 116 Tabela 20 – Avaliação da validade convergente dos do modelo parte 2 com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) – amostra estadual x federal................................................... 118 Tabela 21 – Avaliação da AVE dos construtos do modelo – amostra estadual x federal ..... 119 Tabela 22 – Avaliação da validade discriminante dos construtos do modelo parte 1 com base no método de Fornell e Larcker (1981) – amostra estadual x federal ................................ 120 Tabela 23 – Avaliação da validade discriminante dos construtos do modelo parte 2 com base no método de Fornell e Larcker (1981) – amostra estadual x federal ................................ 121 Tabela 24 – Avaliação da CC e do AC dos construtos do modelo – amostra estadual ........ 122 Tabela 25 – Comparação das pesos entre os construtos exógenos e endógenos – amostra estadual x federal ................................................................................................................ 125 Tabela 26 – Ajuste do modelo – amostra estadual x federal ................................................... 126 Tabela 27 – Correlação entre os construtos exógenos que impactam na Motivação – amostra estadual x federal ................................................................................................................ 127 Tabela 28 – Correlação entre os construtos exógenos que impactam na Percepção do próprio desempenho e no Feedback de terceiros – amostra estadual x federal ............................... 128 Tabela 29 - Estatística descritiva dos construtos transformados em variáveis ....................... 129 Tabela 30 – Teste de diferença de média com correção de Bonferroni das variáveis que mensuram os valores pessoais com base nos segmentos encontrados na análise de cluster ............................................................................................................................................ 132 Tabela 31 – Teste de diferença de média com correção de Bonferroni dos outros construtos do modelo com base nos segmentos encontrados na análise de cluster .................................. 133 Tabela 32 – Teste de diferença de média com correção de Bonferroni idade com base nos segmentos encontrados na análise de cluster ...................................................................... 134 Tabela 33 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e a esfera onde os funcionários públicos trabalham .................................................................................... 135 Tabela 34 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o tipo de vínculo empregatício .......................................................................................................... 136 Tabela 35 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e se recebeu aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses .................................................. 137 Tabela 36 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e se mudou de emprego nos últimos 12 meses ........................................................................................... 138 Tabela 37 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e se ocupa algum cargo de chefia .................................................................................................................... 139 Tabela 38 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster há quanto tempo ocupa algum cargo de chefia .............................................................................................. 140 Tabela 39 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o tipo de remuneração recebida ......................................................................................................... 141 Tabela 40 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o tempo que está na ocupação atual ........................................................................................................ 142 Tabela 41 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o gênero dos entrevistados ....................................................................................................................... 143 Tabela 42 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o estado civil ............................................................................................................................................ 144 Tabela 43 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e se possui filhos ............................................................................................................................................ 145 Tabela 44 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o nível de escolaridade ........................................................................................................................ 146 Tabela 45 – Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e a faixa salarial recebida............................................................................................................................... 147 Tabela 46 - Resultado das hipóteses do Modelo Proposto – amostra estadual x federal ........ 193 LISTA DE ABREVIATURAS ACAA - Dados Completamente Aleatórios ao Acaso AFC - Análise Fatorial Confirmatória AFE - Análise Fatorial Exploratória KMO - Kaiser-Meyer-Olkin TEB - Teste de Esfericidade de Bartlett VE - Variância Explicada COM - Comunalidade CF - Carga Fatorial MEE - Método de Equações Estruturais GLS - Generalized Least Square PLS - Partil Least Square AVE - Variância Média Extraída CC - Confiabilidade Composta AC - Alfa de Cronbach GOF - Goodness of Fit SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 14 2 O PROBLEMA E SUA JUSTIFICATIVA ....................................................................... 16 3 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 17 3.1 Objetivo geral .......................................................................................................................................17 3.2 Objetivos específicos .............................................................................................................................17 4 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 18 4.1 Valores Pessoais....................................................................................................................................18 4.1.1 Definição de valores ........................................................................................................................... 19 4.1.2 Modelo teórico de Rokeach ................................................................................................................ 21 4.1.3 Escala de valores de Schwartz ............................................................................................................ 22 4.1.4 Lista de valores - List Of Values (LOV) ............................................................................................. 23 4.1.5 Valores e estilos de vida - Values and Life Style (VALS) .................................................................. 25 4.2 Motivação .............................................................................................................................................26 4.2.1 Definição de motivação ...................................................................................................................... 27 4.2.2 Teorias da motivação .......................................................................................................................... 28 4.2.2.1 Teoria de Maslow .......................................................................................................................... 32 4.2.2.2 Teoria de McClelland .................................................................................................................... 33 4.2.2.3 Teoria de Herzberg ........................................................................................................................ 34 4.2.2.4 Teoria de McGregor ...................................................................................................................... 35 4.2.2.5 Teoria de Vroom............................................................................................................................ 36 4.2.2.6 Teoria de Locke ............................................................................................................................. 37 4.3 Comprometimento ...............................................................................................................................37 4.3.1 Comprometimento organizacional ..................................................................................................... 39 4.3.2 Antecedentes e consequentes do comprometimento .......................................................................... 41 4.3.3 Relevância do comprometimento ....................................................................................................... 45 4.4 Sistemas de recompensas em organizações públicas ............................................................................47 4.4.1 Dificuldades na mensuração de resultados no setor público .............................................................. 50 4.4.2 Efeitos das recompensas na motivação e desempenho dos empregados ............................................ 51 4.4.3 O efeito crowding-out ........................................................................................................................ 52 4.4.4 Primeiros passos na introdução de sistemas de PRP .......................................................................... 54 4.4.5 Definição dos indicadores de desempenho ......................................................................................... 55 4.4.6 O papel da dificuldade e do volume das metas no desempenho ......................................................... 56 4.4.7 A cultura brasileira e sua influência sobre os resultados do sistema de PRP ..................................... 57 4.5 Integrando valores, motivação, comprometimento, recompensas e desempenho. ..............................59 5 METODOLOGIA ................................................................................................................... 62 5.1 Modelo estrutural proposto ..................................................................................................................62 5.2 Métodos e técnicas ................................................................................................................................67 5.2.1 Classificação da pesquisa ................................................................................................................... 67 5.2.1.1 Natureza, forma de abordagem e objetivo da pesquisa. ................................................................. 67 5.2.1.2 Procedimento técnico da pesquisa ................................................................................................. 68 5.2.1.3 Instrumento de coleta dos dados e processo amostral.................................................................... 68 5.2.1.4 Caracterização da população e do campo de pesquisa ................................................................... 69 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .............................................................. 70 6.1 Análise exploratória dos dados ............................................................................................................71 6.1.1 Análise de Dados Ausentes ................................................................................................................ 71 6.1.2 Análise de outliers .............................................................................................................................. 73 6.1.3 Caracterização da amostra .................................................................................................................. 74 6.1.4 Análise descritiva dos dados .............................................................................................................. 83 6.1.5 Normalidade dos dados ...................................................................................................................... 86 6.1.6 Linearidade ......................................................................................................................................... 89 6.2 Dimensionalidade dos construtos da pesquisa .....................................................................................89 6.3 Método de equações estruturais – teste das hipóteses ..........................................................................96 6.3.1 Outer Model - validade convergente, discriminante e confiabilidade. ............................................... 98 6.3.2 Inner Path Model – validade nomológica e ajuste do modelo ......................................................... 106 6.4 Análise multigrupos: esfera estadual x esfera federal .......................................................................112 6.4.1 Outer model - esfera estadual x federal ............................................................................................ 114 6.4.2 Inner Path Model – validade nomológica e ajuste do modelo ......................................................... 122 6.5 Análise de cluster ................................................................................................................................127 6.5.1 Transformação dos construtos em variáveis ..................................................................................... 128 6.5.2 Formação dos clusters ...................................................................................................................... 129 6.5.3 Diferenças comportamentais nos perfis dos clusters ........................................................................ 132 6.5.4 Diferenças sócio-demográficas nos perfis dos clusters .................................................................... 133 7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................................................................. 147 8 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 153 REFERÊNCIAS............................................................................................................................. 155 1 INTRODUÇÃO De maneira global, o setor público é um importante fornecedor de serviços que abrange uma ampla variedade de segmentos, incluindo, entre outros, a educação, o transporte, a saúde, os serviços públicos, a segurança e outras atividades. Estes serviços são prestados aos cidadãos, bem como para organizações do setor privado e público (ROWLEY, 1998; WISNIEWSKI e STEWART, 2004). Ao setor público é confiada a responsabilidade de gerir os recursos públicos em nome de seus cidadãos. Como um guardião desses recursos, é esperado, do setor público, mostrar elevados níveis de responsabilidade e compromisso com seus clientes através da prestação de serviços de boa qualidade (WISNIEWSKI e STEWART, 2004; MCADAM, HAZLET e CASEY, 2005; SHARMA e WANNA, 2005). Os governos se submetem à pressão crescente de clientes do setor público para melhorar a qualidade de serviço (SKELCHER, 1992). Desta forma, os governos têm sido desafiados a substituir sua administração tradicional e chegar a uma estrutura que é mais relevante para a prestação de serviços de alta qualidade (JARRAR e SCHIUMA, 2007; MANOLOPOULOS, 2008). Há também um desejo de reorientar a prestação de serviços no setor público de tal forma que se torne mais sensível às necessidades dos clientes (WOOD, 1995; MANOLOPOULOS, 2008). Assim, muitos governos têm adotado uma abordagem mais orientada para a gestão dos resultados, focada no cliente e prestação de serviços (CHEUNG, 1996; PARKER e BRADLEY, 2000; JARRAR e SCHIUMA, 2007). Cheung (1996), por exemplo, relata sobre a introdução de práticas mais orientadas ao negócio e para o consumidor, no setor público de Hong Kong. Na Austrália, um programa de reforma do setor público foi colocado em prática no início dos anos 1980 (MARSHALL, 1998). Parker e Bradley (2000) também se referem a uma série de reformas gerenciais associadas à gestão pública, dentro do setor público brasileiro. A resposta dos governos foi o desenvolvimento de abordagens de gestão de desempenho, possibilitando a melhoria na qualidade dos serviços do setor público (BRYSLAND e CURRY, 2001; BEER e CANNON, 2004). As recompensas oferecidas pelas organizações nem sempre acompanham de maneira adequada e consistente as mudanças que estão ocorrendo no mundo empresarial. Jensen, Mcmullen e Stark (2007) enfatizam que qualquer elemento relativo à remuneração é uma questão interna delicada. Por bem ou por mal, a remuneração é a medida concreta mais importante do valor de uma pessoa na organização. Quando se trata de remuneração, a 14 maioria das pessoas vislumbra melhores recompensas e benefícios possíveis em retribuição às suas habilidades, aos seus esforços e ao tempo despendido. Pacheco (2009) afirma que, durante a década de 90, o governo federal generalizou a implementação de remuneração variável na forma de gratificações por desempenho acrescidas ao salário mensal na administração pública federal. Segundo a autora, tal iniciativa possibilita a concessão de aumentos diferenciados e permite separar a remuneração dos ativos em relação aos inativos e, assim, conceder aumentos maiores aos ativos. No governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), algumas gratificações foram estendidas aos inativos, por pressão legal. O governo Lula estendeu todas as gratificações aos inativos. No Brasil, a maior parte das gratificações variáveis remete a um simples aumento salarial, incorporadas ao salário, evidenciando um prognóstico sombrio para experiências de remuneração variável no setor público brasileiro (PACHECO, 2010). A experiência no governo federal brasileiro já traz um sinal adicional de alerta. O uso da remuneração variável como instrumento de legitimação de simples aumentos salariais ilustra, de forma contundente, o fato de que características culturais brasileiras parecem influenciar negativamente a implantação de sistemas de avaliação e incentivo, conforme argumento de Barbosa (1996). Diante da recente expansão da remuneração variável no Brasil, praticamente ainda não existem trabalhos acadêmicos que avaliam a implantação desses modelos. Assim, o pressuposto de que o estabelecimento de recompensas adequadas no serviço público alavanca os níveis de motivação, comprometimento organizacional e desempenho alicerça esta pesquisa sobre as possíveis relações entre tais variáveis. Foi considerada, ao longo da análise, a recorrência com que grupos de indivíduos com perfis distintos, baseados nos valores pessoais, produzem resultados divergentes. Este trabalho tem por objetivo avaliar o modo como as variáveis relacionadas se comportam segundo as associações propostas, além de buscar identificar a maneira como diferentes grupos de pessoas avaliam essas variáveis, ou seja, de que forma indivíduos dotados de valores distintos se comportam diante das variáveis. 15 2 O PROBLEMA E SUA JUSTIFICATIVA O presente estudo é norteado pela pergunta: como se associam as variáveis: valores, motivação, comprometimento, recompensas e desempenho, entre funcionários públicos? A importância do objeto de pesquisa escolhido reside na necessidade de uma melhor compreensão de como as variáveis: valores, motivação, comprometimento e recompensas se relacionam nos funcionários públicos. A construção de um modelo que contemple tais variáveis é de importância capital para melhorar a gestão pública no Brasil. Assim, espera-se que ele se torne relevante para a orientação de programas de remuneração. Este estudo também se justifica tendo em vista a complexidade das relações no serviço público. A participação integrada de todos os indivíduos envolvidos na organização contribui sobremaneira para a qualidade e a efetividade dos processos organizacionais. Para que determinada instituição pública se posicione de modo a sobressair, é necessário que ela absorva profissionais motivados e comprometidos, capazes de executar suas tarefas demonstrando resultados superiores e de maior valor agregado. As organizações públicas não podem se descuidar da atração, desenvolvimento, motivação e retenção dos profissionais que se destacam, cujas capacidades e competências singulares os diferenciam dos demais. Tal demonstração de apreço ao patrimônio humano perpassa a questão das recompensas como forma de reconhecimento e retribuição às valiosas contribuições dos funcionários públicos. Portanto, tem-se a expectativa de que os resultados deste estudo possam gerar contribuições para a gestão pública e para o meio acadêmico, possibilitando uma análise do modo como grupos de indivíduos dotados de valores distintos se comportam diante das relações entre as variáveis: motivação, comprometimento, desempenho e recompensas. Esta investigação também se justifica porque não se encontrou na literatura, até o presente, uma análise integrada das variáveis escolhidas, nem estudos desta natureza. Estes profissionais representam a grande parcela da força de trabalho no Brasil. Além disso, as contribuições almejadas envolvem a validação e a adequação do modelo estrutural proposto, permitindo importantes considerações sobre as variáveis que impactam significativamente no comportamento dos indivíduos dentro das organizações públicas. Sob o ponto de vista do método escolhido, há um desafio científico subjacente, pois o modelo escolhido é complexo devido a sua recursividade. Assim, ele será o ponto de partida, pois caso surjam restrições, 16 outras variações do modelo serão investigadas na busca das associações. Finalmente, como muitas das premissas aqui apresentadas foram estabelecidas a partir de contextos internacionais, é conveniente estudá-las em um cenário brasileiro específico. 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo geral Analisar como se associam os construtos de valores, motivação, comprometimento e recompensas, entre funcionários públicos, a partir de um modelo estrutural. 3.2 1. Objetivos específicos Verificar se os construtos de valores apresentam impacto positivo e estatisticamente significativo na motivação. 2. Verificar se os construtos de recompensas apresentam impacto positivo e estatisticamente significativo na motivação. 3. Verificar os construtos de recompensas apresentam impacto positivo e estatisticamente significativo no comprometimento. 4. Identificar grupos de indivíduos distintos com base nos valores pessoais. 5. Verificar o comportamento de cada grupo frente às variáveis propostas no modelo estrutural. 6. Verificar a validade e a adequação do modelo estrutural proposto. 17 4 REFERENCIAL TEÓRICO Os temas abordados no referencial teórico englobam os conceitos de valores, motivação, comprometimento e o conteúdo sobre sistemas de recompensas e remuneração. 4.1 Valores Pessoais No entender de Torres Triana (2009), o termo “valor” é empregado em diferentes ciências com significados muito específicos, entre elas: Matemática, Física, Economia, Psicologia, Filosofia, Sociologia e Artes. A autora afirma que, como substantivo, o termo “valor” é empregado no sentido de “importância”, “utilidade”, “significação”, “proveito”, “força”, “eficácia”, “poder”, “virtude” e outros, sempre trazendo uma conotação positiva. Os valores são comuns a todos os indivíduos, sem exceção. Todas as pessoas possuem necessidades, atitudes, crenças, sentimentos e perspectivas em relação à vida. Nesse sentido, os valores permeiam as escolhas que as pessoas fazem em diferentes situações de suas vidas (TINOCO et al., 2010). Eles influenciam todas as esferas da vida dos indivíduos e, por essa razão, são importantes para compreender as especificidades culturais e os seus comportamentos. Não obstante, os valores são hierarquizados ao longo da vida, formando um sistema que reúne os valores considerados mais importantes e, portanto, prioritários para o indivíduo (ALMEIDA e TAVARES, 2009). Os indivíduos são orientados a internalizar tais valores, por representarem um padrão instituído pela sociedade. No entanto, embora os fatores externos possam influenciar a constituição dos valores, o indivíduo também carrega necessidades e motivações internas que são continuamente moldadas no processo de socialização e podem convergir ou defrontar as exigências expressas pela sociedade. Dessa forma, o sistema de valores simboliza, ao mesmo tempo, as representações das exigências da sociedade e as representações das necessidades internas do indivíduo (ROKEACH e REGAN, 1980). Os valores representam os objetivos humanos básicos e, deste modo, podem representar as principais motivações para a vida humana. Os indivíduos se comportam de 18 acordo com os seus valores, devido à necessidade de consistência entre valores e ações praticadas, além de constituir insumo importante para o alcance daquilo que desejam (ROKEACH, 1973; BARDI e SCHWARTZ, 2003; SCHWARTZ, 2005). Para Sheth (2001), os valores estão vinculados à finalidade da vida, os objetivos, pelos quais, as pessoas vivem. Os valores expressam os desafios que motivam as pessoas e as maneiras apropriadas de atingir tais desafios (ENGEL et al., 1995). O conceito de valores tem uma forte tradição na pesquisa psicológica, bem como em estudos sobre gestão organizacional. Durante as duas últimas décadas o conceito tem assumido um papel cada vez mais central nas explicações de nível de atitude individual, intenções e comportamentos (SCHWARTZ, 1992; 1994; GUTTMAN, 1994; SAGIE e ELIZUR, 1996; ELIZUR e SAGIE, 1999; SAGIE et al., 2005). Nos próximos subitens serão retratadas as definições de valores instituídas por alguns dos maiores pesquisadores sobre o assunto. 4.1.1 Definição de valores A definição conceitual de valor traz cinco características principais: (1) os valores são crenças, (2) são pertencentes a modos de conduta, (3) transcendem situações específicas, (4) referem-se à avaliação do comportamento das pessoas, e (5) são ordenados por importância relativa a outros valores para formar um sistema de prioridades de valor (SCHWARTZ e BILSKY, 1990). Para Lambin (1998), os valores são as representações mentais das necessidades subjacentes, não só das necessidades individuais, mas também das necessidades sociais e institucionais. Os valores são como princípios ou crenças, organizados hierarquicamente, relativos a estados de existência ou a modelos de comportamento desejáveis, que orientam a vida na organização e estão ao serviço de interesses individuais, coletivos ou mistos. Nessa definição podem ser destacados vários aspectos: (1) o valor é cognitivo, pois são formas de conhecer a realidade organizacional, respostas cognitivas prontas e privilegiadas a problemas organizacionais; (2) o valor é motivacional, pois expressam interesses e desejos de alguém; (3) a função do valor é orientar a vida na empresa, guiar o comportamento dos indivíduos e; (4) as pessoas, as organizações e as culturas se diferenciam entre si, não tanto pelo fato de 19 possuir valores diferentes, mas pela organização hierárquica dos mesmos (TAMAYO e GONDIM, 1996). Segundo Rokeach e Regan (1980), os valores são aquilo que se refere aos comportamentos e cursos de ações desejáveis, empregados como normas e critérios que conduzem os indivíduos a determinadas ações. De acordo com Rokeach (1973): Um valor é a convicção duradoura de que um modo específico de conduta ou de existência é preferível, no plano pessoal e social, a modos de conduta ou existência opostos. Um “sistema de valores” é um conjunto organizado de convicções duradouras que dizem respeito a modos de conduta ou de existência. (ROKEACH, 1973, p. 5) Choo et al. (2009), separam os valores em duas categorias: (1) valores de vida, geralmente os principais orientadores centrais na vida de um indivíduo; (2) valores de trabalho, geralmente, mais estreitos, mais específicos e dizem respeito ao contexto de trabalho. Para Gahan e Abeysekera (2009), entre os valores de vida, destacam-se os valores de trabalho, e são muitas vezes vistos como um fator determinante para um indivíduo, no que diz respeito às atitudes e comportamentos. Os valores permeiam as escolhas que as pessoas fazem em diferentes situações de suas vidas. Essa assertiva desvenda uma importante área de oportunidade das organizações quando estudam os valores, identificando comportamentos previsíveis, definidores de sua sobrevivência. Acredita-se que a partir de um estruturado banco de informações, a gestão dos valores pode funcionar como forte elemento adicional nas definições de diretrizes estratégicas (TINOCO et al., 2010). Nos itens a seguir, serão apresentados alguns dos modelos teóricos desenvolvidos e aplicados na atualidade. 20 4.1.2 Modelo teórico de Rokeach O conceito de “valor” definido por Rokeach (1973) infere que grupos diferentes desenvolvem posicionamentos diferentes com relação aos comportamentos adotados diante das tomadas de decisão. Um sistema de valores estabelece, de maneira duradoura, comportamentos, ou modos de conduta, desejáveis nas diversas situações da existência do indivíduo. No passado, diversos estudos ligaram valores pessoais à escolha da marca, uso de um determinado produto ou segmentação de mercado. A escala de valores de Rokeach é usada com o objetivo de melhorar a descrição das diferenças entre segmentos definidos, de acordo com a demografia ou outras variáveis. Recentemente, os valores têm sido usados como critérios para segmentar as populações em grupos homogêneos de indivíduos que compartilham um sistema de valores comum (ENGEL et al. (1995). A Escala de Valores de Rokeach (1973) se propõe em constituir metas e maneiras do indivíduo ou grupos de indivíduos comportarem-se, classificadas por ordem de importância. As metas podem ser analisadas por sexo, idade, etnia ou qualquer variável que possa ser de interesse para a segmentação de mercado. O QUADRO 01 apresenta a escala de valores de Rokeach, relacionando os objetivos (estados finais desejáveis ou elemento terminal) e as formas de comportamento para alcançar os objetivos (componentes instrumentais). 21 QUADRO 01 Escala de Valores de Rokeach Escala de Valores de Rokeach Terminal (Estados Finais Desejáveis) Instrumental (Modos de Conduta) Uma vida confortável Ambicioso Uma vida excitante Mente aberta Um sentimento de realização Capaz O mundo em paz Alegre O mundo de beleza Limpo Igualdade Corajoso Segurança familiar Magnânimo Liberdade Honesto Felicidade Imaginativo Harmonia interior Independente Amor maduro Intelectual Segurança nacional Lógico Prazer Amoroso Salvação Obediente Respeito próprio Educado Reconhecimento social Responsável Amizade verdadeira Autocontrolado Sabedoria Fonte: Blackwell; Miniard; Engel, 2005, p. 224. A aplicação da escala de valores de Rokeach determina a importância de uma série de objetivos e formas de comportamento, priorizando-os de acordo com sua importância relativa (BLACKWELL et al., 2005). 4.1.3 Escala de valores de Schwartz Schwartz (1992) apresenta o que ele chama de necessidades universais, que estão consolidadas em dez tipos motivacionais básicos. Segundo o autor, cada tipo motivacional, expressa uma tendência motivacional própria e é, por conseguinte, constituído por valores que têm metas e interesses comuns ou altamente similares. Os tipos motivacionais de valores foram deduzidos a partir das exigências básicas do ser humano, a saber: (1) necessidades biológicas do organismo; (2) necessidades sociais relativas à regulação das interações interpessoais e; (3) necessidades sócio-institucionais referentes à sobrevivência e bem-estar dos grupos de indivíduos (TAMAYO, 2001). No QUADRO 02, são apresentados os tipos motivacionais de valores que, segundo Gouveia et al. (2001), dão origem a um grupo de valores que, por se correlacionarem 22 diretamente entre si, formam uma região em uma representação espacial ou propriamente um fator, no caso de uma análise fatorial. QUADRO 02 Escala de valores de Schwartz – tipos motivacionais de valores Escala de Valores de Schwartz - Tipos Motivacionais de Valores Tipos Metas Hedonismo Prazer e gratificação sensual para si mesmo (desfrutar da vida, prazer). O sucesso pessoal obtido através de uma demonstração de competência (ambicioso, Realização capaz, obter êxito). Poder Social Controle sobre pessoas e recursos, prestígio (autoridade, poder social, riqueza). Autodeterminação Independência de pensamento, ação e opção (criatividade, independente, liberdade). Excitação, novidade, mudança, desafio (ser atrevido, uma vida excitante, uma vida Estimulação variada). Controle de impulsos e ações que podem violar normas sociais ou prejudicar os outros. Conformidade (autodisciplina, bons modos, obediência). Respeito e aceitação dos ideais e costumes da sociedade (devoto, honra aos pais e mais Tradição velhos, humilde, respeito pela tradição, vida espiritual). Promoção do bem-estar das pessoas íntimas (ajudando, honesto, não rancoroso, ter Benevolência sentido na vida). Integridade pessoal, estabilidade da sociedade, do relacionamento e de si mesmo Segurança (ordem social, segurança familiar, segurança nacional). Tolerância, compreensão e promoção do bem-estar de todos e da natureza (aberto, Universalismo amizade verdadeira, igualdade, justiça social, protetor do meio ambiente, sabedoria, um mundo em paz, um mundo de beleza). Fonte: Tamayo, 2001 e Gouveia, Martinez, Meira e Milfont, 2001. Segundo Schwartz (1999), os valores são influenciados pela sociedade e experiências pessoais vividas, posicionando, constituindo diversas maneiras de posicionamento quanto aos aspectos da vivência, ordenando-os, de acordo com o grau relativo de importância, como princípios orientadores da vida. 4.1.4 Lista de valores - List Of Values (LOV) O desenvolvimento da Lista de Valores - LOV (List of Values) ocorreu nos anos 70, por pesquisadores da Universidade de Michigan. A escala de medidas LOV foi primeiramente utilizada em 1976, sendo que a primeira publicação sobre o assunto aconteceu em 1983, por Lynn Khale, um dos inventores do método, no livro Social Values and Social Change: Adaptation to life in America (TOMANARI, 2003, SHETH, 2001). A LOV nasceu da investigação teórica dos trabalhos sobre valores de Feather‟s (1975), Maslow (1954) e Rokeach (1973). A metodologia compreende uma lista de nove valores, discriminados como autoestima, segurança, relacionamento com outras pessoas, senso de 23 realização, autorrealização, sentimento de pertença, respeito, excitação e diversão e prazer na vida. Esses valores podem ser utilizados para classificar as pessoas segundo a hierarquia de Maslow e se relacionam mais estreitamente com os elementos que representam os grandes papéis da vida (casamento, relacionamento, trabalho, lazer, consumo diário) (KAHLE; BEATTY; HOMER, 1986). Tomanari (2003) apresenta a lista de valores, conforme abaixo: 1) Realização; 2) ser respeitado; 3) diversão, agitação; 4) excitação; 5) segurança; 6) satisfação pessoal; 7) amor próprio; 8) pertencimento; 9) relações amigáveis/afetuosas. Segundo Tomanari (2003), ocorreu uma redução do número de valores (oito valores) em decorrência da pequena quantidade de respondentes relacionada ao valor Excitement, que acabou sendo incorporado ao Fun and Enjoymeny (TOMANARI, 2009). Os nove valores podem ser medidos de diferentes formas, podendo ser uma delas a escala de nove ou dez pontos (muito insignificante a muito significante); outra seria a ordenação dos valores de acordo com a importância atribuída a cada um (do mais ao menos importante); e uma terceira possibilidade seria a combinação dos dois métodos, na qual cada valor é estimado na escala de pontos e, depois, são identificados aqueles (um ou dois) considerados mais importantes (BEARDEN; NETEMEYER, 1956). As afirmações de Bearden e Netemeyer (1956) permitem a compreensão mais ampla da metodologia LOV: a tipologia estabelece uma distinção entre os valores externos e internos e salienta a importância das relações interpessoais no cumprimento do valor, bem como dos fatores pessoais (por exemplo, autoestima, realização pessoal) e dos fatores não pessoais (por exemplo, diversão, segurança, excitação) no cumprimento do valor. Em essência, a metodologia LOV identifica os valores que são fundamentais para as pessoas viverem, 24 particularmente os que representam os principais objetivos da vida (por exemplo, casamento, relacionamentos, trabalho, lazer e consumos diários). 4.1.5 Valores e estilos de vida - Values and Life Style (VALS) Segundo Hansen (1998), a melhor escala de valores documentada se chama Valores e Estilos de Vida (VALS™). O autor afirma que o VALS foi desenvolvido pela Stanford Research Institute (SRI), se consolidando como uma das primeiras aplicações de classificação psicográficas relativa ao comportamento do consumidor e, se tornando em seguida, o sistema mais usado nos Estados Unidos. Finotti (2004) afirma que o primeiro modelo, VALS1, foi baseado mais particularmente na Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow. Segundo o autor, o modelo era formado, nos EUA, por: (1) Sobreviventes, que são os idosos pobres; (2) Sustentadores, representados pela juventude desempregada; (3) Pertencentes, americanos de meia-idade, classe média e orientados para o ambiente externo; (4) Realizadores, os mais ricos, profissionais e executivos de sucesso; (5) Emuladores, que tentam emular o estilo de vida dos Realizadores; (6) Eu-sou-eu, adolescentes que têm como mote a rebelião contra os modos de vida estabelecidos; (7) Experimentadores, que saboreiam todas as experiências sensoriais e recreativas que a vida tem a oferecer; (8) Socialmente Conscientes, que se preocupam com as questões sociais maiores como o ambiente, a paz e, finalmente; (9) Integrados, pequeno grupo que conquistou um bem estar material e sucesso no mundo, mas está ao mesmo tempo trabalhando causas maiores ou em atividades que ofereçam algum significado intrínseco à vida e não meramente a fama e a fortuna. No entanto, um estudo foi conduzido com o objetivo de comparar as metodologias VALS e LOV, chegando à conclusão de que as evidências mostram que o método LOV tem maior utilidade do que VALS nos estudos sobre o comportamento do consumidor, destacando a vantagem do LOV em relação a possibilidade de obter previsões demográficas, facilitando a identificação da fonte de influência (KAHLE et al., 1986) 25 4.2 Motivação Muitos autores formularam teorias, definiram conceitos e situações motivadoras, interpretaram comportamentos e atitudes, estabeleceram metas e objetivos no processo motivacional e propõem modelos e planos de ação, embora cada um apresente pontos de vista diferentes (PEREZ-RAMOS, 1990). Sampaio (2005), por sua vez, afirma que a motivação é uma força que se encontra no interior do ser humano e, portanto, não é possível motivar outra pessoa, mas estimulá-la de forma a encontrar a força motivacional. No entender de Alves Filho e Araujo (2001), o fator humano permeia todos os níveis da organização e sem ele os outros ativos praticamente tornam-se inoperantes. Para os autores, é preciso manter as pessoas motivadas dentro das organizações, assegurando-lhes condições para que possam satisfazer os anseios internos de crescimento psicológico e desenvolvimento profissional. Ecker e Appio (2007) atribuem, aos dias atuais, a necessidade de manter as pessoas motivadas para o alcance de bons resultados nas organizações. Para os autores, aquelas organizações que possuem boas equipes e bons índices de motivação, têm vantagens competitivas mediante aquelas organizações que não se preocupam com esses aspectos. Choo et al. (2009) afirmam que para manter a força de trabalho satisfeita, antes é necessário motivála. O indivíduo, quando entra numa organização para trabalhar, tem como interesse básico satisfazer suas necessidades pessoais, de ordem diversa. Cabe, portanto, à organização influenciar os indivíduos para que os objetivos e metas organizacionais sejam alcançados em sua máxima eficiência e eficácia. Um dos fatores críticos relacionados à prática de gestão de pessoas consiste na necessidade em compreender a motivação e sua contribuição para o desempenho da organização. Se o indivíduo encontra, no trabalho, meios de satisfazer suas expectativas e atingir as metas principais da sua existência, ele não se sente numa relação de troca, mas de exploração (TAMAYO e PASCHOAL, 2003). Uma pesquisa sobre metas no trabalho concluiu que os indivíduos com atividades complexas são mais satisfeitos e motivados internamente do que aqueles indivíduos que trabalham em atividades relativamente simples (FRIED e FERRIS, 1987). Portanto, os trabalhos complexos e que exigem maior autonomia produzem níveis mais elevados de 26 motivação intrínseca do que aqueles trabalhos rotineiros, relativamente simples de serem executados (HACKMAN e OLDHAM, 1980; OLDHAM e CUMMINGS, 1996). O construto sobre motivação tem sido referenciado, durante décadas, pelos jornais e periódicos do campo da administração, o que ilustra sua tamanha importância (STEERS; MOWDAY; SHAPIRO, 2004). As teorias motivacionais surgem na tentativa de se compreender a psicologia (estado mental) dos indivíduos e a maneira como fatores externos – características do trabalho, incentivos, cultura organizacional, etc. – podem repercutir nas suas ações (SULLIVAN, 1988). 4.2.1 Definição de motivação Tradicionalmente, a motivação tem sido estudada, a fim de responder a três tipos de questões: o que ativa o indivíduo, o que faz o indivíduo escolher um comportamento em detrimento de outro, e por que os indivíduos diferentes respondem de forma diferente aos mesmos estímulos motivacionais (CARSRUD e BRANNBACK, 2011). O indivíduo é descrito como intrinsecamente motivado se ele realiza uma atividade para seu próprio bem, e obtém prazer e satisfação de participar da atividade. Em contraste, um indivíduo é motivado extrinsecamente quando executa uma atividade como um meio para um fim (LEPPER et al., 1973; DECI, 1975; LEPPER e GRENNE, 1978; DECI e RYAN, 1985). O indivíduo não exerce a atividade para o prazer inerente, que pode ser experimentado durante a execução, mas ao invés disso, exerce a atividade para receber algo positivo ou para evitar algo negativo, quando da conclusão da atividade (DECI, 1975). Maslow (1996) afirma que a motivação é o resultado da interação entre o indivíduo e a situação que o envolve. Para Bergamini e Coda (1995), as pessoas diferem quanto ao seu impulso motivacional básico, e o mesmo indivíduo pode ter diferentes níveis de motivação que variam ao longo do tempo. Locke e Latham (2004) explicam que a motivação refere a fatores internos, que estimulam a ação e, a fatores externos, que podem agir como incentivos para a ação. A motivação pode afetar três aspectos: (1) direção (escolha); (2) intensidade (esforço) e, (3) duração (persistência). 27 Na concepção de Locke (2000), a motivação pode ser representada por: (1) as necessidades; (2) os valores; (3) as emoções e; (4) os objetivos e intenções. As necessidades dizem respeito aos requisitos essenciais à saúde física e psicológica dos indivíduos. Os valores são representados por aquilo que as pessoas consideram importante e benéfico. Os objetivos e intenções correlacionam com os valores, com um objeto específico e com a intenção de uma ação. As emoções estão relacionadas com a maneira como as pessoas experimentam e vivenciam seus valores. Ryan e Deci (2000) apresentam a motivação como o núcleo biológico, cognitivo e regulação social. Os autores afirmam que a motivação envolve a energia, direção e persistência de ativação e a intenção. Isso indica que a motivação desempenha um papel na previsão do comportamento humano, fazendo ligação entre as intenções, motivações e comportamento. Motivação pode ser a centelha que transforma uma intenção latente em ação real e, portanto, o elo perdido entre intenções e ações (CARSRUD e BRANNBACK, 2011). 4.2.2 Teorias da motivação Segundo Armstrong (2007), a Teoria da Motivação preocupa-se em identificar o que move as pessoas a tomarem determinadas atitudes, ou seja, o que direciona as pessoas a fazerem o que fazem, investigando os aspectos que influenciam seus comportamentos. Esse processo permite a definição dos fatores que afetam: o nível de esforço que os indivíduos empregam em seus trabalhos; os índices de comprometimento e contribuição dos empregados; os comportamentos voluntários dos empregados. Os estudos realizados sobre a motivação, sempre buscaram entender a influência da motivação e satisfação do indivíduo no trabalho. Eles podem ser classificados de acordo com as seguintes concepções: (1) dos teóricos clássicos, que buscam fazer uma correlação entre a motivação e as necessidades individuais das pessoas; (2) dos behavioristas, que entendem a motivação como sendo determinada unicamente por fatores externos, conduzindo o comportamento motivado do indivíduo, e; (3) dos cognitivistas, defendendo que o indivíduo tem consciência dos fatores que interferem na sua motivação (FREIRE e FREITAS, 2007). 28 Segundo Alves Filho e Araujo (2001), durante a década de 1950, três teorias específicas foram formuladas, se tornando referenciais para o tema motivação. Os autores destacam a Teoria da Hierarquia das Necessidades, as Teorias X e Y e a Teoria da Motivação–Higiene. Ainda de acordo com os autores, outros numerosos modelos foram construídos e testados, entre eles o modelo de Adelfer, McClelland, Adams e Vroom. O tema motivação começou a ser foco de investigação dos administradores, que se concentraram em questões mais pragmáticas, relacionadas às ações e práticas organizacionais. Frederick Taylor e seus colegas acrescentaram importantes contribuições à administração científica por providenciar soluções práticas, visando à eficiência dos fatores de produção, introduzindo novas abordagens de administração que incluíam a adoção de treinamento da mão de obra, sistemas de pagamento por desempenho, desenvolvimento das técnicas de seleção dos empregados e redesenho do trabalho (introdução da ergonomia, por exemplo). Em 1930, os cientistas sociais e os administradores identificaram a importância de considerar as influências sociais no comportamento dos indivíduos, partindo do pressuposto de que o empregado representa um organismo complexo com múltiplas influências motivacionais que repercutem no desempenho das organizações. Os trabalhos de Mayo, Roethlisberger e Dickson conduzem pesquisas nessa perspectiva. Por volta da década de 1950, muitos outros modelos de motivação surgiram, tais como as teorias de Maslow, McClelland, Alderfers, Herzberg, Hackman e Oldham, entre outros (STEERS; MOWDAY; SHAPIRO, 2004). O QUADRO 03, elaborado com base nos trabalhos de Locke e Latham (1990; 2004), permite uma visualização geral das principais contribuições propostas pelos teóricos da motivação. 29 QUADRO 03 Principais contribuições das teorias sobre motivação Principais contribuições das teorias sobre motivação Teórico Contribuição Foco principal Roethlisberger e Dickson Pesquisa Hawthorne: investigou os efeitos da Estudos sobre os efeitos das (1939) supervisão, dos incentivos e das condições de organizações no crescimento cognitivo trabalho. dos empregados. Argyris (1957) Estudou a relação existente entre as Estudos sobre os efeitos das necessidades dos empregados e as demandas organizações no crescimento cognitivo da organização. dos empregados. Herzberg, Mausner e Concentraram-se nas investigações sobre a Estudos sobre os efeitos das Snyderman (1959) satisfação no trabalho. organizações no crescimento cognitivo dos empregados. Adams (1963) Pesquisou os efeitos motivacionais da Estudos sobre os processos concepção de justiça do empregado quanto a psicológicos. suas contribuições e aos resultados. Vroom (1964) Teoria da Expectativa: propõe que o Estudos sobre os processos desempenho ocorre em função das psicológicos. expectativas, das recompensas e dos valores percebidos. Hackman e Oldham Desenvolveram um modelo que sugere as Estudos sobre os efeitos das (1980) características específicas de trabalho e os organizações no crescimento cognitivo processos psicológicos que aumentam a dos empregados. satisfação dos empregados e a motivação para se sobressaírem. Locke e Latham (1984) Teoria do Estabelecimento de Metas e Estudos sobre os processos Controle: concentrou-se nos efeitos das metas psicológicos. como aspectos motivadores no desempenho das atividades. Weiner (1986) Teoria da Atribuição: ênfase no entendimento Estudos sobre os processos da maneira como a atribuição que uma pessoa psicológicos. faz do próprio desempenho ou dos resultados dos outros afeta as escolhas e ações subsequentes. Fonte: Locke e Latham, 1990, 2004. Tamayo e Paschoal (2003) afirmam que as explicações da motivação no trabalho, inicialmente, eram relativamente simples, não levando em consideração as interações entre o empregado e o seu trabalho. De acordo com os autores, ao longo do tempo, muitas teorias foram elaboradas, considerando uma abordagem cada vez mais psico-sociocultural. Diante disso, os autores apresentam, de acordo com os QUADROS 04 e 05, uma síntese das principais categorias em que podem ser classificadas as teorias motivacionais. 30 QUADRO 04 Teorias endógenas de motivação laboral Teorias Endógenas de Motivação Laboral Teorias endógenas Pressuposto fundamental 1 - Arousal/atividade/energia Processos internos (estados fisiológicos e afetivos) mediatizam o impacto das condições de trabalho sobre o desempenho. 2 - Expectativas-valência As pessoas são motivadas a trabalhar quando acreditam que serão capazes de obter e realizar o que elas esperam do trabalho. 3 - Equidade As pessoas são motivadas pelas necessidades de receber um tratamento equitativo. 4 - Atitude Indivíduos com atitudes favoráveis ao seu trabalho e à sua organização serão mais motivados na execução das suas tarefas. 5 - Intenção/metas O desempenho individual é determinado pelas metas da pessoa. 6 - Atribuição e autoestima A motivação é maior quando as causas do desempenho são percebidas como sendo estáveis e internas e a autoestima do indivíduo é elevada. Fonte: TAMAYO; PASCHOAL, 2003 QUADRO 05 Teorias exógenas de motivação laboral Teorias Exógenas de Motivação Laboral Teorias exógenas Pressuposto fundamental 1 - Motivos/necessidades As pessoas possuem tendências inatas ou adquiridas a buscar certos estímulos e evitar outros. 2 - Incentivos/recompensas Características da situação do trabalho levam o trabalhador a associar determinadas formas de comportamento com a recompensa. 3 - Reforço As pessoas são motivadas a trabalhar bem quando o bom desempenho é seguido de consequências positivas. 4 - Metas/objetivos As pessoas apresentam melhor desempenho quando as metas são desafiadoras, específicas e atraentes. 5 - Recursos pessoais e materiais Condições de trabalho que facilitam a obtenção das metas são fontes de motivação. 6 - Grupo e fatores sociais As pessoas apresentam melhor desempenho quando a organização e os colegas facilitam a execução do trabalho e reconhecem o bom desempenho. 7 - Sistema socio-técnico A motivação aumenta quando no sistema de trabalho existe harmonia nas condições de funcionamento pessoal, social e técnico. Fonte: TAMAYO; PASCHOAL (2003) 31 4.2.2.1 Teoria de Maslow A Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow é um modelo de motivação que apresenta os níveis de necessidades dos seres humanos. Maslow define, de forma lógica, quais são as necessidades que os indivíduos apresentam e em quais níveis elas se encontram (ECKER e APPIO, 2007). De acordo com Steers et al. (2004), as necessidades dos indivíduos estão distribuídas segundo uma ordem de hierarquia e, à medida que satisfazem aquelas consideradas primárias, que se encontram na base da pirâmide, a superiores emergem. A Hierarquia das Necessidades de Maslow descreve a autorrealização, como sendo a maior necessidade, um potencial psíquico quando todas as outras necessidades sociais e fisiológicas são satisfeitas. O primeiro nível em sua teoria da motivação são as necessidades fisiológicas. Essas são essenciais para a sobrevivência e consistem de requisitos básicos, tais como alimentos, água, sono e sexo. Vencida esta etapa como satisfeita, Maslow descreve as necessidades de segurança como o segundo nível. Essas necessidades consistem de proteção e segurança de pessoas e bens. O desejo de ser livre de perigo físico e ter segurança no emprego, ou um salário mínimo é outra maneira de descrever essa fase. Uma vez que as necessidades fisiológicas e de segurança estão satisfeitas, evoluí-se para o nível de relacionamento. Nesse terceiro nível, as pessoas tentam construir uma família. Amizade e outras conexões sociais podem ser adicionadas ao cumprimento dessa etapa. No quarto nível, Maslow define as necessidades de autoestima. Os indivíduos procuram o reconhecimento e a valorização de outros para construir autoestima e autoconfiança (MOORE, 1989). O quinto e último nível trata da autorrealização. Nesse nível, as pessoas percebem o seu próprio potencial e tornam-se realizadas. Os indivíduos se entendem e se esforçam para realizar tudo aquilo de que eles são capazes. Essa fase ocorre quando os indivíduos são mais criativos e saudáveis, bem como mais satisfeitos (GROSS, 1989). Os críticos da teoria de Maslow questionam a confiabilidade e a validade de suas pesquisas, como tentativas para validar que têm produzido resultados mistos (BOLMAN e DEAL, 2008; NEHER, 1991). Locke (1976) critica a teoria de Maslow, afirmando que não há provas que demonstram a necessidade de autorrealização e que Maslow não define o sentido de autorrealização. Neher (1991) afirma que Maslow não conseguiu reconhecer a importância dos insumos culturais e ambientais para alcançar o nível mais alto das necessidades. 32 Apesar das críticas, a teoria de Maslow continua sendo popular entre os gestores, psicólogos e behavioristas. Para Bolman e Deal (2008), a visão de Maslow ainda é amplamente aceita e enormemente influente na prática gerencial. 4.2.2.2 Teoria de McClelland Segundo Steers et al. (2004), a qualquer momento, independentemente da hierarquia, o indivíduo possui diversas necessidades que competem entre si e servem para motivar o comportamento quando estimuladas. Assim, McClelland (1967) discutiu questões que envolvem perspectivas de gestão de incentivos financeiros que afetam positivamente o volume de negócios, quando os empregos eram particularmente monótonos e fatigantes. McClelland descobriu que a motivação depende do nível da necessidade de sucesso, afiliação e poder. Os indivíduos orientados para a necessidade de sucesso se preocupam com a qualidade do seu trabalho, saúdam a concorrência, mas rejeitam o dinheiro como seu objetivo principal. Aqueles que são orientados para a necessidade de poder tendem a gostar de exercêlo e, correspondentemente, tomar decisões. Aqueles orientados para a necessidade de afiliação buscam o afeto de outro indivíduo para interagir e fazer parte da equipe (MOORE, 2010). McClelland (1961) argumenta que as pessoas com alta necessidade de realização têm um desejo elevado de sucesso. Os indivíduos buscam a realização pessoal como recompensas e se concentram em fazer as coisas melhor do que foi feito anteriormente. O autor postula que os grandes realizadores têm melhor desempenho quando acreditam que existe uma chance igual para o sucesso ou fracasso. A necessidade de poder é pessoal ou institucional. O poder pessoal refere-se à necessidade de estar no comando dos outros. O poder institucional referese à necessidade de organizar e dirigir os outros em direção a um objetivo comum. Os indivíduos com poder institucional tendem a ser mais eficazes do que aqueles com o poder pessoal. Aqueles que têm uma alta necessidade de afiliação buscam relações harmoniosas com os outros e têm a necessidade de se sentir aceito por outros (HARELL e DAIM, 2009) 33 4.2.2.3 Teoria de Herzberg A Teoria da motivação-higiene de Herzberg, também conhecida como a teoria de dois fatores, tem recebido atenção generalizada por ter uma abordagem prática para motivar os indivíduos. Em 1959, Herzberg publicou um trabalho, que tinha por objetivo medir o nível de satisfação de 200 indivíduos com o trabalho em nove empresas dos Estados Unidos. Para aqueles indivíduos que responderam que se sentiam bem em relação ao trabalho, Herzberg chegou à conclusão de que a resposta estava relacionada ao conteúdo do trabalho (motivadores). Para aqueles indivíduos que responderam que se sentiam mal no trabalho, Herzberg associou a satisfação ao contexto do trabalho (fator de higiene). Os fatores motivadores surgiram incorporados no próprio trabalho, como realização, reconhecimento, responsabilidade e avanço. Os fatores de higiene estão relacionados a sentimentos de insatisfação internamente nos indivíduos e estão extrínsecos ao trabalho, tais como relações interpessoais, salário, supervisão e política da empresa (HERZBERG, 1966). Um ponto principal a ser observado a partir da pesquisa de Herzberg consiste na percepção da necessidade de separar os fatores motivacionais e de higiene em duas dimensões diferentes que afetam aspectos distintos de satisfação no trabalho. Essa crença era muito diferente da abordagem tradicional de satisfação e insatisfação no trabalho como extremos de um continuum (Herzberg, 1966). Fatores de higiene evitam a insatisfação, mas não conduzem à satisfação. Eles são necessários apenas para evitar mal-estar no trabalho. A teoria de Herzberg foi testada por muitos outros pesquisadores, mas, no entanto, mostraram resultados muito diferentes. Alguns dos fatores declarados por Herzberg (1966) como fatores de higiene são realmente motivadores em suas pesquisas. Os resultados da teoria de Herzberg podem ser diferentes se o teste é realizado em diferentes organizações. As diferenças são devido à intensidade da exigência no trabalho e da duração do emprego (NAVE, 1968). 34 4.2.2.4 Teoria de McGregor Outra importante teoria do campo motivacional é a Teoria X e Y, de McGregor, cujas pesquisas se concentram na investigação dos fatores relacionados ao comportamento humano que consolidam a ação gerencial. Os gestores da Teoria X acreditam que os indivíduos estão apenas interessados em mais dinheiro e que não querem aceitar a responsabilidade das suas obrigações no trabalho. Nesta visão, os gestores assumem uma abordagem mais autoritária ou autocrática, incluindo supervisão através de um sistema global de controle. Por outro lado, os gestores da Teoria Y acreditam que, dadas as condições adequadas, os indivíduos vão procurar e aceitar a responsabilidade, estarão automotivados e exercerão um autocontrole e autodireção para atingir os objetivos a que eles estão comprometidos. Os gerentes da Teoria Y assumem que a satisfação de fazer um bom trabalho é um forte motivador (MCGREGOR, 1960, 1961, 1967) Os gestores da teoria Y são mais propensos a desenvolverem um clima de confiança com os indivíduos, do que os gerentes da teoria X, através de uma comunicação mais aberta, minimizando a diferença entre o relacionamento superior e subordinado, e criando um ambiente confortável em que os indivíduos podem desenvolver e utilizar suas habilidades (Papa et al., 2008). A teoria de McGregor tem recebido o apoio de inúmeros pesquisadores. Likert (1967) indica que o tipo de supervisão exercida afeta a lealdade e atitudes do indivíduo, em relação a gestores, que por sua vez prejudicam os níveis de produção. 35 4.2.2.5 Teoria de Vroom A Teoria da Expectância é a mais utilizada para efeitos de compensação e motivação em relação ao trabalho (KANFER, 1990). A Teoria da Expectância pode ser expressa da seguinte forma: Ela estabelece que o desempenho é uma função multiplicativa da expectativa (a crença de que o esforço conduzirá ao desempenho), da recompensa (a crença de que o desempenho levará a recompensas) e dos valores (o valor percebido das recompensas ou resultados do desempenho) (LOCKE e LATHAM, 1990) Vroom (1964) argumenta que o desempenho de um indivíduo no emprego é determinado pelo grau em que as recompensas disponíveis são atraentes, assim como os esforços de levar a níveis mais elevados de desempenho (ou seja, de resultados de primeiro nível) que, por sua vez, levam para o resultado de segundo nível (por exemplo, amizade, salários, etc.). Além disso, a teoria da expectativa leva em consideração que os indivíduos estão pensando (afinal são seres racionais) e que têm crenças, isto é, os indivíduos antecipam eventos futuros em suas vidas. Assim, o comportamento de um indivíduo, neste caso, assume o comando interativo de suas características pessoais (aptidão, atitudes, necessidades) e seu meio ambiente percebido. Segundo Vroom (1964), as escolhas feitas por uma pessoa entre cursos alternativos de ação são legalmente relacionadas com os eventos psicológicos que ocorrem simultaneamente com o comportamento. O objetivo da teoria da expectância é entender a motivação nas organizações e como os indivíduos tomam decisões sobre várias alternativas comportamentais (MITCHELL e BIGLAN, 1971; NADLER e LAWLER, 1977; PORTER e LAWLER, 1968; VROOM, 1964). Como Nadler e Lawler (1977) apontam, a teoria da expectância se concentra em um número de hipóteses específicas sobre as causas do comportamento e desempenho nas organizações. Neste caso, são consideradas as seguintes premissas: (1) o comportamento é determinado por uma combinação de forças do individuo e forças do ambiente; (2) as pessoas tomam decisões sobre seu próprio comportamento nas organizações e, (3) diferentes pessoas têm diferentes tipos de necessidades, desejos e metas que podem influenciar o desempenho. 36 4.2.2.6 Teoria de Locke Muito do comportamento humano é o impulsionado por metas (FORD, 1992; LEWIN, 1952; LOCKE, 1991). Teoria de Estabelecimento de Metas é baseada na proposição de que as metas conscientes regulam o comportamento humano e fornecem uma ligação entre o indivíduo e as metas (LOCKE e LATHAM, 1984, 1990). A Teoria de Estabelecimento de Metas destaca a forma como objetivos motivam os indivíduos a atingirem níveis mais elevados de desempenho através de quatro mecanismos principais: (1) esforço; (2) direção; (3) persistência e; (4) estratégias de tarefas (LOCKE e LATHAM, 2002). Segundo Locke (1975), o conceito de Homem Econômico e a abordagem motivacional de Taylor foram criticados durante muitas décadas. Entretanto, o que essas críticas parecem ter negligenciado consiste no simples e importante fato de que os empregados continuam buscando uma recompensa satisfatória em relação ao trabalho. Para Thompson et al. (1997), o estabelecimento de metas pode ser um meio importante para proporcionar a motivação necessária para buscar ativamente e utilizar o conhecimento disponível para alcançar altos níveis de desempenho. Para o autor, definir metas muito difíceis, as vezes requer o uso de novas estratégias para identificar as informações anteriormente desconhecidas. 4.3 Comprometimento Comprometimento organizacional se refere a sentimentos de um indivíduo sobre uma organização como um todo. É o vínculo psicológico que o indivíduo tem com uma organização (MOWDAY et al., 1982). O impacto do comprometimento organizacional no desempenho individual e na eficácia organizacional tem atraído muita atenção dos pesquisadores (ALLEN e MEYER 1996; BECK e WILSON 2000; MOWDAY 1998). Diante disso, o comprometimento organizacional tem sido motivo de preocupação constante no campo do desenvolvimento dos recursos humanos. Um alto nível de comprometimento é caracterizado por sentimentos de pertencimento, lealdade e orgulho. Quando os indivíduos estão altamente comprometidos, eles tendem a se 37 identificar com sua organização e participar ativamente no local de trabalho (ALLEN e MEYER, 1990). O estudo realizado por Mathieu e Zajac (1990), concluiu que as características demográficas (por exemplo, idade, sexo, nível de educação), características do trabalho, relações entre grupo e líder, características organizacionais, motivação e satisfação no trabalho podem aumentar o comprometimento organizacional. Assim, entende-se que os antecedentes do comprometimento organizacional incluem características pessoais e características de trabalho, bem como características organizacionais. Meyer et al. (2002) mostram que a experiência no trabalho pode influenciar substancialmente o apego afetivo com a organização. De fato, de acordo com Allen e Meyer (1996), o comprometimento afetivo está correlacionado com a experiência do indivíduo no trabalho e, essa característica, faz o funcionário se sentir confortável psicologicamente e aumenta sua sensação de competência. Mowday et al. (1982) identificaram quatro categorias que influenciam o comprometimento organizacional: (1) características pessoais; (2) características da função; (3) características estruturais e; (4) experiência no trabalho. As características pessoais incluem variáveis demográficas como idade, raça, sexo, escolaridade e estado civil, bem como atributos individuais, tais como percepção de competência e capacidade. As características da função são definidas como variáveis relativas ao âmbito de trabalho ou desafio, autonomia, a sobrecarga, conflito e ambiguidade de função. As características estruturais incluem variáveis como tamanho da organização e reputação, bem como as políticas e cultura. Vários estudos têm demonstrado que as características estruturais da organização são um importante antecedente do comprometimento organizacional (BLAU, 1994; RHOADES e EISENBERGER, 2002; e UMBACH, 2007). Finalmente, muitos estudos têm investigado a experiência do indivíduo na função do trabalho como fatores que influenciam o comprometimento (KACMAR et al., 1999). Verificou-se que os funcionários que se sentem desafiados pelo seu trabalho, e que têm mais autonomia, parecem ter o maior comprometimento afetivo (FJORTOFT, 1993). Os funcionários também valorizam um sentido de fazer contribuições importantes para a organização (KOYS, 1988; e COOPERHAKIM e VISWESVARAN, 2005). 38 4.3.1 Comprometimento organizacional De acordo com Tamayo (2001), nas últimas décadas, a psicologia organizacional mantém estudos constantes sobre o comprometimento dos indivíduos com o seu trabalho. Para o autor, o comprometimento dos indivíduos não está relacionado apenas com o trabalho, mas também com o emprego, com a equipe de trabalho, com a carreira ou ocupação, com o sindicato e com a organização na qual trabalha. Puente-Palacios et al. (2010), por sua vez, afirmam que nos últimos anos tem surgido um grande interesse das organizações em manter os indivíduos qualificados e comprometidos. Existem muitas definições de comprometimento organizacional, mas quase todas as descrevem um construto psicológico que caracteriza a relação do empregado com a sua organização, que implica na continuidade do empregado na organização (MOWDAY et al., 1982 ; ALLEN e MEYER, 1996; e MEYER e ALLEN, 1997). Porter et al. (1974) identificaram três fatores relacionados ao comprometimento organizacional: (1) uma forte crença nos objetivos e valores de uma organização, (2) disposição de exercer um esforço considerável para a organização, e (3) um forte desejo de manter a participação na organização. Meyer e Allen (1991) argumentaram que os estados psicológicos, refletidos em diferentes definições de comprometimento organizacional, não são mutuamente exclusivos. Os autores se referem a esses estados como componentes do comprometimento organizacional. Assim, Meyer e Allen (1997) propuseram um modelo de três componentes do comprometimento organizacional: (1) comprometimento afetivo, que se refere ao apego e envolvimento emocional dos indivíduos com a organização; (2) o comprometimento instrumental, que está relacionado com a percepção do indivíduo com os custos associados a um possível desligamento da organização e; (3) o comprometimento normativo, que é relativo a um sentimento de obrigação em se permanecer empregado da organização. A maioria dos pesquisadores de ciências comportamentais difere sobre a definição comum de comprometimento organizacional (BENKHOFF, 1997; MOWDAY, 1998). Scholl (1981) afirma que o comprometimento organizacional depende da abordagem do comprometimento que se está aderindo. De acordo com Suliman e Iles (2000), existem atualmente quatro abordagens principais para conceituar e explorar o comprometimento 39 organizacional: (1) a abordagem comportamental; (2) a abordagem atitudinal; (3) a abordagem normativa e; (4) a abordagem multidimensional. A abordagem mais popular para o comprometimento organizacional é o modelo multidimensional. Meyer e Allen (1984), baseado na teoria Side Bets (Becker, 1960), introduziu a dimensão do comprometimento instrumental com a dimensão já existente de comprometimento afetivo. Como resultado, o comprometimento organizacional foi considerado como um conceito bidimensional, que inclui o aspecto atitudinal, bem como o aspecto comportamental. Mais tarde, Allen e Meyer (1990) acrescentaram um terceiro fator em suas duas dimensões do comprometimento organizacional, o comprometimento normativo. Tradicionalmente, as pesquisas têm concentrado esforços no comprometimento com a organização como um todo (MOWDAY, STEERS e PORTER, 1979), e enfatizam a relação entre o comprometimento afetivo e volume de negócios. O comprometimento afetivo diz respeito à ligação emocional, a identificação, e o envolvimento do indivíduo com a organização. O comprometimento instrumental baseia-se nos custos associados em relação ao desligamento do indivíduo da organização. O comprometimento instrumental está enraizado na teoria Side Bets e propõe que os funcionários acumulem alguns benefícios (por exemplo, bônus, pensões, status), trabalhando para uma organização durante um período de tempo. Assim, os indivíduos, que mantêm o comprometimento instrumental forte, continuam a trabalhar na organização porque sentem que precisam (MEYER e ALLEN, 1991). O comprometimento normativo está relacionado com o sentimento do indivíduo em relação à obrigação de permanecer na organização. Os indivíduos, com nível alto de comprometimento normativo, acreditam que devem continuar trabalhando para a organização porque é a coisa certa a fazer (MEYER e ALLEN, 1991; MEYER e ALLEN, 1997; MEYER, STANLEY, HERSCOVITH e TOPOLNYTSKY, 2002; WIENNER, 1982). Vale ressaltar que a existência de contextos multidimensionais variados dificulta o desenvolvimento de um modelo geral sobre comprometimento organizacional (MEYER; HERSCOVITCH, 2001). Muitos autores exploraram conceitos distintos sobre o comprometimento organizacional e essa variedade de abordagens acaba gerando um problema na construção de uma conceituação geral do construto. O QUADRO 06 apresenta uma síntese das dimensões do comprometimento organizacional, considerando os diversos pontos de vista dos autores. 40 QUADRO 06 Dimensões do comprometimento organizacional no modelo multidimensional Dimensões do Comprometimento Organizacional no Modelo Multidimensional Autor Dimensões Angle e Perry (1981, p. 4) Valor do comprometimento: “comprometimento para sustentar os objetivos da organização”. Comprometimento para permanecer: “comprometimento para reter os membros da organização”. O‟Reilly e Chatman (1986, p. 493) Compliance: “comprometimento instrumental para específicos ganhos extrínsecos”. Identification: “ligação baseada no desejo de se permanecer membro da organização”. Internalization: “envolvimento baseado na congruência entre os valores do indivíduo e da organização”. Penley e Gould (1988) Moral: “aceitação e identificação com os objetivos da organização” (p. 46). Calculative: “um comprometimento com a organização que se baseia nos estímulos recebidos pelo empregado para igualar as contribuições” (p. 46). Alienative: “uma ligação com a organização que ocorre quando um empregado percebe que recompensas proporcionais aos investimentos, ainda que ele ou ela permaneça devido a pressões ambientais” (p. 48). Meyer e Allen (1991, p. 67) Affective: “ligação emocional, identificação e envolvimento do empregado com a organização”. Continuance: “uma consciência dos custos associados a um possível desligamento da organização”. Normative: “um sentimento de obrigação em se permanecer empregado da organização”. Mayer e Schoorman (1992, p. 673) Value: “uma crença e aceitação dos objetivos e valores da organização e uma vontade de exercer considerável esforço em prol da organização”. Continuance: “o desejo de permanecer membro da organização”. Jaros et al. (1993) Affective: “o grau em que um indivíduo está psicologicamente envolvido com a organização através de sentimentos como lealdade, carinho, entusiasmo, pertença, afeto, prazer, e assim por diante” (p. 954). Continuance: “o grau em que um indivíduo experimenta uma sensação de estar preso no local em decorrência dos altos custos de sua saída” (p. 953). Moral: “o grau em um indivíduo está psicologicamente ligado à organização mediante a internalização dos seus objetivos, valores e missões” (p. 955). Fonte: Meyer e Herscovith, 2001. Este tópico permite uma compreensão do que é cada componente do comprometimento. Tal entendimento faz-se necessário para o subsequente estudo dos antecedentes e consequentes do comprometimento. 4.3.2 Antecedentes e consequentes do comprometimento Observadas as diferenças conceituais de cada componente do comprometimento, pode-se considerar que cada um deles apresenta antecedentes distintos (ALLEN; MEYER, 1990). Isso significa que determinados fatores que reproduzem, por exemplo: o comprometimento instrumental, diferem daqueles cuja repercussão abarca o comprometimento afetivo. 41 Allen e Meyer (1990) sugerem que o comprometimento afetivo relaciona-se com os seguintes antecedentes: características pessoais, características do trabalho, experiências de trabalho e características organizacionais; enquanto que o comprometimento instrumental fundamenta-se na magnitude e/ou na quantidade de investimentos realizados e nas alternativas de trabalho/emprego disponível. Observadas as particularidades de cada componente do comprometimento, pode-se considerar que os comprometimentos afetivo, normativo e instrumental exibem características psicológicas distintas e, por este motivo, requerem a aplicação de metodologias próprias, com medidas específicas. Portanto, as medidas devem se relacionar com os fatores caracterizados como antecedentes de cada componente (ALLEN; MEYER, 1990). Diferentes metodologias foram desenvolvidas para a medição do comprometimento afetivo, instrumental e normativo. O Organizational Commitment Questionaire (OCQ), proposto por Mowday e colaboradores, compõe-se de uma escala de atitudes, em formato Likert, contendo 15 itens. Essa escala pode ser utilizada na determinação do comprometimento afetivo. O comprometimento instrumental pode ser avaliado por uma escala de mensuração, operacionalizada por Ritzer e Trice e por Alluto, Hrebiniak e Alonso, que estipula a probabilidade de o empregado deixar a organização, caso recebesse incentivos externos (por ex. salário melhor, maior status e mais liberdade) (BASTOS, 1993). A investigação dos consequentes do comprometimento inclui a análise de diversos tipos de comportamentos. Parte-se do pressuposto de que os componentes do comprometimento geram comportamentos distintos, cuja repercussão possa afetar consideravelmente uma organização. Basicamente, todo o estudo de comprometimento organizacional concentra-se na avaliação dos comportamentos dos empregados desejados pelas empresas, de modo a alavancar o desempenho e aprimorar os resultados organizacionais. O estudo posterior à delimitação das atitudes e dos comportamentos do comprometimento objetiva relacionar de que maneira as atitudes e os comportamentos desejados pela organização podem ser alcançados, analisando quais são as características e os perfis profissionais que contribuem para o desenvolvimento do comprometimento almejado. Portanto, o comprometimento induz o empregado a determinados comportamentos, denominados na literatura como consequentes. Estes, por sua vez, correspondem às mudanças que podem ocorrer na organização em detrimento da incorporação de um componente específico do comprometimento por parte dos empregados. 42 De acordo com Meyer e Herscovith (2001), as implicações do comprometimento no comportamento dos funcionários podem ser tanto específicas quanto amplas; tais divergências são inclusive encontradas nos diferentes componentes do comprometimento. Dessa forma, os empregados apresentam comportamentos distintos, dependendo do componente do comprometimento a que estão vinculados. O comprometimento afetivo, por exemplo, produzirá consequentes distintos, se comparado ao comprometimento instrumental. A principal consequência do comprometimento instrumental e normativo no comportamento dos empregados é a permanência no emprego, enquanto que as consequências do comprometimento afetivo são mais diversificadas, como, por exemplo, maior desempenho, menor taxa de absenteísmo, permanência no emprego, entre outras (MEYER; HERSCOVITH, 2001). Mas por que será que o comprometimento afetivo apresenta uma gama diversificada de correlações, se comparado aos comprometimentos normativo e instrumental? Segundo Meyer e Herscovith (2001), uma possível explicação permite esclarecer o motivo pelo qual o comprometimento afetivo apresenta quantidade maior de consequentes. O primeiro se deve ao fato de que um indivíduo possui uma percepção mais ampla das consequências do seu comportamento quando este é estimulado por um sentimento de desejo do que comparado àquele acompanhado por um sentimento de obrigação ou com custos associados (MEYER; HERSCOVITH, 2001). Isso significa que um indivíduo cujo comprometimento seja instrumental somente conseguirá perceber como consequentes do seu comprometimento os custos associados à realização da tarefa, ou seja, caso ele não execute suas obrigações, as consequências seriam possivelmente a perda do emprego, a perda de determinados benefícios, etc. Ao contrário, aquele indivíduo comprometido afetivamente perceberá uma gama maior de consequências produzidas pelo seu comportamento que beneficiam tanto a organização como a si próprio (alcance das metas da organização, sucesso da organização, realização pessoal, crescimento pessoal, perspectiva de crescer na organização, etc.). Todo comportamento vai depender da natureza do comprometimento a que o empregado está vinculado. A repercussão do comprometimento afetivo no comportamento do indivíduo será significativamente diferente da do comprometimento instrumental. Portanto, os empregados apresentarão comportamentos distintos para uma mesma atividade ou função, dependendo do componente de comprometimento a que estão vinculados. Faz-se necessária maior atenção quanto às implicações dos diferentes componentes do comprometimento no comportamento dos indivíduos (MEYER; HERSCOVITH, 2001). 43 A pesquisa do comprometimento tem se concentrado na análise de duas classes de comportamento, “a primeira inclui decisões relativas à permanência ou abandono do emprego; a segunda, o próprio desempenho no trabalho” (BASTOS, 1993, p. 62). A pesquisa relativa ao desempenho no trabalho baseia-se no pressuposto de que elevados níveis de comprometimento acarretam menor rotatividade, baixo absenteísmo e aprimoramento do próprio desempenho do trabalho (BASTOS, 1993). Reconhece-se a importância do estudo sobre os antecedentes e consequentes do comprometimento. No entanto, poucos estudos identificam o processo por meio do qual o comprometimento se desenvolve. Grande parte das pesquisas sobre comprometimento organizacional concentrou-se na exposição dos antecedentes e consequentes do comprometimento e suas possíveis implicações em diferentes contextos (MEYER; HERSCOVITH, 2001). Dessa forma, entender o processo sobre como o comprometimento se consolida constitui tarefa essencial na pesquisa sobre comprometimento organizacional. Os fatores que envolvem a configuração do comprometimento se distinguem para cada um dos seus componentes. O pensamento que caracteriza o comprometimento afetivo corresponde ao desejo. Os indivíduos que apresentam forte comprometimento afetivo realizam determinada tarefa porque assim o querem. O querer está intimamente ligado ao desejo de realizar. Esse forte sentimento de desejo pode originar-se de diversos fatores, tais como envolvimento, valores compartilhados e identificação. Acredita-se, portanto, que alguns fatores possam repercutir na formação do comprometimento afetivo. Dessa forma, quaisquer situações que permitam ampliar a probabilidade com que um indivíduo se sinta envolvido em determinada ação, reconheça a relevância de sua atuação em determinada tarefa ou promova/aumente sua identificação com a organização ou com a tarefa em si contribuirão para o desenvolvimento do comprometimento afetivo (MEYER; HERSCOVITH, 2001). O comprometimento instrumental, por sua vez, caracteriza-se pela percepção dos custos associados em decorrência de uma possível interrupção de tarefas. Diante de uma possível descontinuidade de determinada ação, o indivíduo inicia uma reflexão sobre as possíveis consequências que tal atitude poderia lhe acarretar em termos de custos. O desenvolvimento do comprometimento instrumental associa-se aos investimentos realizados pelo indivíduo que poderiam ser perdidos caso ocorresse desligamento entre as partes. Além disso, as alternativas disponíveis para o empregado, em termos de oportunidades de emprego e atividades, constitui importante determinante do comprometimento instrumental (MEYER; HERSCOVITH, 2001). 44 Quanto ao comprometimento normativo, o pensamento-base para o seu desenvolvimento é a obrigação de dar prosseguimento a determinada tarefa. O comprometimento normativo se estabelece quando um indivíduo internaliza uma série de normas apropriadas de conduta e/ou quando existe necessidade de reciprocidade com a organização (MEYER; HERSCOVITH, 2001). Meyer e Herscovith (2001) propõem um modelo geral que objetiva identificar o modo como os comprometimentos afetivo, instrumental e normativo se consolidam. De acordo com o modelo, o comprometimento afetivo se desenvolve quando um indivíduo se identifica com a organização, compartilha dos seus valores e se envolve internamente com seus objetivos. O comprometimento instrumental ocorre quando um indivíduo reconhece a possibilidade de perder os investimentos realizados, identifica os custos associados à realização (ou não) de uma tarefa ou quando não existem alternativas além de seguir um determinado curso de ação. O comprometimento normativo se desenvolve mediante a internalização das normas da organização, além do sentimento de reciprocidade e aceitação dos termos de um contrato psicológico (MEYER; HERSCOVITH, 2001). 4.3.3 Relevância do comprometimento Embora se percebam diversos aspectos que comprovam a importância do estudo do comprometimento organizacional, existe uma linha de pesquisa que discorda dessa afirmação, argumentando que a importância do comprometimento tem declinado no contexto atual das organizações. Segundo Baruch (1998), ficou comprovado, durante muito tempo, a relação do comprometimento com diversas variáveis associadas aos empregados e organizações; no entanto, o ambiente empresarial, nos dias de hoje, transformou consideravelmente a gestão das organizações, colocando os empregados, muitas vezes, em segundo plano, apesar do discurso das relações humanas. A gestão empresarial, caracterizada por processos de downsizing, reengenharia e mudanças substanciais no relacionamento com os empregados, gerou um ambiente representado por baixo comprometimento dos empregados com suas organizações. O conceito de comprometimento, nas relações atuais de trabalho, precisa ser reexaminado em detrimento das mudanças ocorridas no mundo empresarial. O pressuposto principal dessa argumentação 45 baseia-se na reciprocidade do comprometimento, ou seja, o comprometimento deve incorporar uma relação benéfica para ambos, empregados e organizações. As ações das empresas que tendem a abandonar o comprometimento com os empregados, considerando-os, muitas vezes, como peças descartáveis, criam um ambiente desfavorável à construção desse relacionamento (BARUCH, 1998). Os argumentos de Baruch (1998) revelam novas formas de se pensar o comprometimento num contexto em que se observa a desconsideração, por parte das organizações, das necessidades e expectativas dos empregados, em que os recursos humanos são vistos como custos que devem ser eliminados nos momentos de recessão. Segundo o autor, processos e desenvolvimentos na forma como as organizações tratam os empregados levantam dúvidas sobre se o conceito tradicional de comprometimento organizacional se encaixa na nova era da gestão empresarial e dos sistemas das relações industriais (BARUCH, 1998). Randall e Driscoll (1997) observam o enfraquecimento nos vínculos entre os empregados e as organizações em decorrência das mudanças, nas corporações, caracterizadas por extensos processos de downsizing. A relação com os empregados mudou consideravelmente, pois agora eles são requisitados quando necessário e descartados depois que alcançaram o que a organização almejava. Os autores fazem referência ao conceito de plug-in mentality, codificado por Cascio (1993), que mostra a condição de descartabilidade do empregado. A mentalidade do plug-in pode ser comparada a uma máquina que o indivíduo liga quando dela necessita e desliga, plug-out, quando não precisa mais. As organizações, sem intenções ou impossibilitadas de conceder a lealdade que os empregados desejam, quebram a relação de reciprocidade do comprometimento. Ao mesmo tempo em que diminui o comprometimento das organizações com os empregados, diminui também o comprometimento destes com as organizações (MOWDAY, 1998). Se o discurso das organizações privilegia o patrimônio humano, então as práticas disseminadas devem atender a esse requisito. É perceptível que muitas organizações visualizam os empregados somente como peças do processo e não como partes integrantes e participativas, desvalorizando-os ao oferecerem remunerações abaixo de suas expectativas e necessidades, além do tratamento inadequado. Ao mesmo tempo em que as organizações não desenvolvem comprometimento com os funcionários, o contrário também ocorre e os funcionários se tornam menos comprometidos do que elas gostariam ou, até mesmo, descomprometidos. Isso pode ser bastante prejudicial, 46 considerando que o capital intelectual dos funcionários é o grande tesouro das organizações e a perda de um profissional para o concorrente pode acarretar grandes prejuízos. O estudo do comprometimento organizacional não considera que a relação empregado/organização deve ser bilateral, ou seja, o comprometimento deve ocorrer entre ambas às partes. Observa-se que a maioria das pesquisas sobre comprometimento organizacional focaliza o desenvolvimento do comprometimento do empregado com a organização, negligenciando o fato de que as organizações também devem se comprometer com os funcionários (BARUCH, 1998). Nesse sentido, a recompensa pode ser concebida como uma forma de comprometimento por parte da organização, uma vez que está diretamente relacionada à valorização e ao reconhecimento do trabalho desenvolvido pelos empregados. Uma recompensa justa e adequada é uma maneira de revelar ao funcionário o quanto ele é importante e valioso para a empresa. 4.4 Sistemas de recompensas em organizações públicas Grande parte da literatura acadêmica sobre programas de remuneração variável (PRP) incide sobre o seu papel como um sistema de recompensas (MARSDEN, 2004). Nos últimos anos, há uma tendência perceptível para a vinculação de recompensas em relação ao desempenho do empregado, numa tentativa de alcançar os objetivos organizacionais (MULLINS, 2004). Em muitas economias há um ressurgimento do interesse em PRP, incentivado pelos governos (PERRY, ENGBERS e JUN, 2009; BOOTH e FRANK, 1999). Milkovich e Newman (1996) afirmam que a compensação pode ser vista de três perspectivas diferentes: (1) por parte da sociedade, (2) por parte dos empregados e, (3) por parte da organização. A sociedade considera que a compensação é uma medida de equidade ou de justiça, o que garante a repúdia contra qualquer tipo de discriminação na distribuição de recompensas. Os empregados consideram que a compensação é um retorno pelos serviços prestados, ou seja, é o reflexo do valor pessoal em termos de competências e habilidades. A organização enxerga a compensação como uma grande despesa e como uma possível influência sobre as atitudes e comportamentos dos empregados com base em estratégias de motivação. 47 Por outro lado, as organizações, em grande parte, dependem de recompensas monetárias para motivar os funcionários. A compensação monetária é motivadora (BUCKLIN e DICKINSON, 2001; LAWLER, 1971; LOCKE et al, 1980;. RYNES et al, 2004;. STAJKOVIC e LUTHANS, 2003). Por exemplo, Locke et al. (1980) argumentam que o dinheiro é um incentivo crucial e que nenhum outro incentivo ou técnica motivacional alcança o valor instrumental do dinheiro. No entanto, os funcionários públicos preferem colocar grande valor sobre as recompensas intrínsecas (Houston, 2000) e ajudar os outros a servir a sociedade, ao invés de receber recompensas monetárias (Perry, 1996). Desta forma, os governos têm sido desafiados a substituir sua administração tradicional e chegar a uma estrutura que é mais relevante para a prestação de serviços de alta qualidade (JARRAR e SCHIUMA, 2007; MANOLOPOULOS, 2008). Há também um desejo de reorientar a prestação de serviços no setor público de tal forma que se torne mais sensível às necessidades dos clientes (WOOD, 1995; MANOLOPOULOS, 2008). Assim, muitos governos têm adotado uma abordagem mais orientada para a gestão dos resultados, focada no cliente e prestação de serviços (CHEUNG, 1996; PARKER e BRADLEY, 2000; JARRAR e SCHIUMA, 2007). Cheung (1996), por exemplo, relata sobre a introdução de práticas mais orientadas ao negócio e para o consumidor, no setor público de Hong Kong. Na Austrália, um programa de reforma do setor público foi colocado em prática no início dos anos 1980 (MARSHALL, 1998). Parker e Bradley (2000) também se referem a uma série de reformas gerenciais associadas à gestão pública, dentro do setor público brasileiro. A resposta dos governos foi o desenvolvimento de abordagens de gestão de desempenho, possibilitando a melhoria na qualidade dos serviços do setor público (BRYSLAND e CURRY, 2001; BEER e CANNON, 2004). Alguns governos adotaram medidas de desempenho para avaliar o desempenho e analisar a produtividade dos empregados (JARRAR e SCHIUMA, 2007). Um dos programas sugeridos para melhorar o desempenho dos empregados foi o uso de PRP atrelado ao desempenho (BARRETT e TURBERVILLE, 2001; MANOLOPOULOS, 2008). Os defensores das recompensas baseadas no desempenho acreditam que o vínculo entre o desempenho dos empregados com as recompensas é um motivador para melhorar o desempenho e, finalmente, melhorar a qualidade dos serviços (TORNOW e WILEY, 1990; BARRETT e TURBERVILLE, 2001; MANOLOPOULOS, 2008). Diante disso, a adoção de incentivos de desempenho nos setores público e privado, suscitou o interesse de pesquisadores para explorarem a eficácia de tais sistemas (MEYER, 48 1975; INGRAHAM, 1993; KOHN, 1993, e DECI e RYAN, 1997; MANOLOPOULOS, 2008). Alguns pesquisadores têm examinado atitudes dos empregados em relação à política de incentivo de desempenho (MARSDEN e RICHARDSON, 1994; KELLOUGH e SELDEN, 1997; MAMMAN, 1998). O interesse principal dos pesquisadores se concentra em como estes sistemas afetam a motivação e desempenho dos empregados (KOHN, 1993; MARSDEN e RICHARDSON, 1994; MANOLOPOULOS, 2008). Kohn (1993) critica o uso de incentivos de desempenho, acreditando que os incentivos não têm efeito duradouro na melhoria de desempenho. Beer e Cannon (2004) sugerem que a vinculação das recompensas baseadas no desempenho pode incentivar o estabelecimento de metas menos realista e facilmente realizável. Marsden e Richardson (1993) defendem, no entanto, que a vinculação entre recompensas e desempenho dos empregados é fraca. Não há definição universalmente aceita para sistemas de recompensas. Um certo número de definições têm sido sugerido. Segundo Swabe (1989), é um sistema em que o aumento da remuneração de um indivíduo é exclusiva ou, principalmente, dependente de sua classificação na avaliação de desempenho. Para Harvey-Beavis (2003), é um sistema composto por três categorias, sendo recompensas baseadas no desempenho (remuneração por mérito), baseadas em salário e baseadas em habilidades. Por fim, Heneman e Werner (2005) afirmam que é um aumento da remuneração individual com base no desempenho nominal de cada funcionário em um período anterior. De acordo com Lee (2001), os sistemas de recompensa baseados no desempenho estão centrados em três pressupostos básicos, sendo: (1) o desempenho dos indivíduos deve ser precisamente ou razoavelmente medido utilizando critérios definidos; (2) o sistema deve ser capaz de influenciar a decisão de um empregado de permanecer ou não na organização. Também deve influenciar a vontade do empregado em trabalhar mais para a organização do que aqueles que não estão no sistema; (3) um empregado deve perceber ganho significativo, em relação às recompensas. De acordo com a Janssen (2001), aqueles empregados que consideram que existe justiça nas recompensas recebidas têm desempenho melhor do que aqueles empregados que consideram que são injustamente recompensados. Galbraith (1973) afirma que o sistema de recompensa deve estar devidamente alinhado com a estratégia da empresa, para motivar o desempenho dos trabalhadores, atrair e reter pessoas com o conhecimento, as habilidades e competências necessárias para alcançar os objetivos estratégicos da empresa. Para Brian (2005), o sistema de recompensa não confiável traz um "dano compensatório", que tem 49 efeitos extremamente nocivos para o desempenho financeiro da organização. Isso resulta em redução significativa da produtividade humana, aumenta o conflito entre as pessoas dentro da organização e aumenta as percepções de injustiça interna. 4.4.1 Dificuldades na mensuração de resultados no setor público A prática de recompensa pode ser considerada como incentivo motivador para alcançar o melhor desempenho da organização. Os empregados com desempenho superior esperam que suas contribuições excepcionais sejam devidamente reconhecidas pela alta administração. Como afirmado por Bowen (2000), num cenário de downsizing, a recompensa/reconhecimento é essencial para elevar a moral e criar boa vontade dos empregados da organização. Um sistema de remuneração deve ser transparente e requer uma comunicação clara de como as recompensas são distribuídas e oferecidas, bem como traduzir as metodologias, medidas e metas utilizadas. Os empregados precisam entender a ligação entre os objetivos de negócios da empresa, como eles contribuem, e como eles são recompensados. Incerteza percebida diminui a eficiência da remuneração de incentivo (GIBBONS, 1998). Alguns estudos mostram que remuneração por mérito resulta em resultados positivos, principalmente para o desempenho individual (HENEMAN e WERNER, 2005; MILKOVICH e WIGDOR, 1991). Porém, muitos outros estudos empíricos mostram que a avaliação de desempenho é ineficaz e que o impacto da avaliação de desempenho no salário é mínimo no setor público (PEARCE e PERRY, 1983; SMITH e RUPP, 2003). Para que os resultados da avaliação de desempenho sejam usados para definição da remuneração, devem-se refletir o desempenho do empregado com precisão para que todos possam confiar nos resultados. No entanto, o erro do avaliador é inevitável, especialmente no setor público, onde o desempenho não é facilmente medido. Não só pela medida em si, mas pelo comportamento dos avaliadores, o que trás reflexo no desempenho real do empregado (KLINGNER e NALBANDIAN, 1998; MURPHY, 2008; NIGRO et al, 2007;. RYNES et al, 2005). Em geral, a avaliação de desempenho se refere a um processo em que, por um determinado período de tempo, o desempenho no trabalho, os comportamentos ou traços dos 50 empregados são classificados, julgados, ou descritos por outra pessoa, que não o funcionário avaliado (COENS e JENKINS, 2000). Idealmente, os avaliadores devem avaliar os resultados do trabalho, mas devido à complexidade de medição do desempenho, especialmente no setor público (Montoya e Graham, 2007), a maioria das organizações avaliam os empregados com base em características, tais como confiabilidade, cooperativismo e comportamentos (KELLOUGH, 2002). 4.4.2 Efeitos das recompensas na motivação e desempenho dos empregados A relação entre o desempenho dos empregados e as recompensas pode ser explicada usando teorias de motivação, como a teoria da expectativa, a teoria Hertzberg de dois fatores, a teoria de definição de metas e teoria da equidade. De acordo com a teoria da expectativa, os empregados são motivados a melhorar seu desempenho se eles acreditam que, trabalhando duro eles vão aumentar os seus resultados de desempenho, e que a melhoria de desempenho resultante será devidamente recompensada (LOCKE e LATHAM, 1990; LAWLER, 1994). Isto implica que recompensar os empregados adequadamente poderá melhorar o desempenho organizacional. A teoria Hertzberg de dois fatores sugere que os empregados são motivados a melhorar seu desempenho, considerando os fatores motivadores e fatores de higiene. Os fatores motivadores são geralmente recompensas não financeiras, tais como sentimento de realização, reconhecimento, responsabilidade, trabalho real, avanço e crescimento (CHAMBERLIN, WRAGG, HAYNES, e WRAGG, 2002; USUGAMI e PARK, 2006). A existência desses fatores no local de trabalho é premissa para melhorar a satisfação no trabalho e levar ao aumento do nível de motivação dos empregados (SIEMENS, 2005). Fatores de higiene são recompensas e facetas do trabalho de outros que não aumentam significativamente a motivação dos funcionários, mas são necessárias para manter os níveis de motivação dos empregados, por exemplo, salário, segurança do trabalho a política da empresa, e outros (USUGAMI e PARK, 2006). A teoria que propõe o estabelecimento de metas diz que os empregados tendem a ser motivados a executar melhor desde que tenham objetivos específicos, realistas e exequíveis de 51 desempenho (LOCKE e LATHAM, 1990). Além disso, Locke e Latham (1990) sugerem que os empregados seriam motivados a melhorar o desempenho se suas metas de desempenho estivessem vinculadas a incentivos. Por fim, a teoria da equidade sugere que os funcionários comparem seus esforços no trabalho e as recompensas que recebem com o que os outros empregados que executam a mesma tarefa recebem (GOMEZ-MEJIA e BALKIN, 1992; LOWERY, PETTY, e THOMPSON, 1995; HENEMAN e WERNER, 2005). Assim, de acordo com esta teoria os empregados serão motivados a melhorar o desempenho, desde que acreditem que as suas recompensas são equitativas para seu desempenho no trabalho, quando comparadas a outros funcionários que executam o mesmo trabalho. As recompensas, especialmente, incentivos financeiros, podem ter um efeito negativo sobre a motivação intrínseca dos empregados, porque eles diminuem a autodeterminação dos indivíduos (DECI, 1972; KOHN, 1993; FIRESTONE e PENNELL, 1993; DEMING , 1993; GLASSER, 1997). 4.4.3 O efeito crowding-out Diversos autores têm buscado compreender o problema do efeito crowding-out. Osterloh e Frey (2002) sintetizam argumentos teóricos e resultados de pesquisas empíricas sobre o assunto. Duas visões existem a respeito desse efeito. Segundo a visão da teoria da avaliação cognitiva, o referido efeito faz com que a motivação intrínseca seja substituída pela intervenção externa, o que é percebido como uma restrição à autonomia do indivíduo. O indivíduo em questão não mais se sente responsável por determinada tarefa, já que a tarefa está sendo “controlada” e incentivada pelo dinheiro, pela premiação variável. A tarefa passa a ser orientada não mais pelo prazer, mas pelo dinheiro. O indivíduo passa, então, a atribuir a responsabilidade da tarefa para quem está pagando por ela, isentando a si próprio de investir energia em sua realização. A teoria dos contratos psicológicos diz que cada relação de trabalho inclui um aspecto extrinsecamente motivado (dinheiro) e um aspecto relacional entre as duas partes. Caso a parte relacional do contrato seja quebrada, a boa-fé recíproca é colocada em xeque. Evidências empíricas demonstram que, quando isso ocorre, as partes no contrato percebem 52 que a realização da tarefa foi transformada numa simples relação comercial. Por exemplo, quando um supervisor cumprimenta um empregado por um grande esforço com um presente simbólico (flores, por exemplo), a motivação intrínseca desse empregado tende a aumentar porque ele sente que seu esforço é valorizado. Entretanto, se por algum motivo, esse empregado percebe que o gesto do superior serve somente a um objetivo instrumental, sua motivação intrínseca é afetada negativamente. As flores passam a ser percebidas como controladoras e a relação é interpretada como comercial, reduzindo a motivação (OSTERLOH e FREY, 2002). O efeito crowding-out é importante em muitos estudos e contextos diferentes. Porém, é muitas vezes difícil encontrar um denominador comum a todos os estudos e uma única explicação para o comportamento observado. No entanto, um número limitado de pontoschave emerge da literatura. Um primeiro elemento importante, que sai da literatura sobre o efeito crowding-out é que, por definição, só pode ocorrer quando os indivíduos não são motivados apenas com relação a elementos monetários. Em particular, o efeito crowding-out pode ser muito significativo quando a motivação do indivíduo é altamente intrínseca ou conduzida por um sentido moral e/ou social do dever. Frey (1997) salienta que a ética moral e de trabalho dos indivíduos é levada mais em consideração quando o trabalho é interessante e não rotineiro, por exemplo: quando os indivíduos estão envolvidos na tomada de decisão (gestão participativa). Ariely et al. (2007) acrescentam que quando a tarefa é social ou de caridade, as motivações não monetários são mais elevadas (o efeito da imagem, a percepção dos outros ou do indivíduo da própria autoestima fornecem fortes incentivos). Um segundo elemento importante que emerge na literatura mostra que o efeito crowding-out é mais latente quando a quantidade de dinheiro introduzido é pequena. Quando o prêmio em dinheiro é baixo, o efeito crowding-out tende a dominar o efeito positivo, tornando, o aumento nos incentivos monetários, fraco. Em outras palavras, para aumentar os incentivos de um indivíduo, a recompensa deve ser substancial. Como dizem Gneezy e Rustichini (2000b): “Pagar o suficiente ou não pagar a todos". Este ponto essencial no caso de organizações públicas, pois estão sujeitas a restrições orçamentais importantes e, portanto, podem não ser capazes de corrigir recompensas significativas, sendo assim mais expostas ao efeito crowding-out (WEIBEL et al., 2010). A introdução do Sistema de Recompensas (PRP) pode comprometer a ética e moral dos indivíduos, mas, inversamente, também pode aumentar, se for visto como um incentivo 53 que reconhece os esforços dos trabalhadores. Em particular, Fehr e Gächter (2000b) enfatizam que as sanções e recompensas não são simétricas (a pena não é uma recompensa negativa) no sentido de que a introdução de sanções pode reduzir as outras fontes de motivação mais do que a introdução de uma recompensa pode fazer. Uma consequência importante é que a compensação deve ser sempre individualizada e não deve ser completamente uniforme sobre a população de indivíduos, a fim de ser entendido como justo. A introdução de uma recompensa monetária leva a um efeito irreversível sobre as outras fontes de motivação. A parte não monetária da motivação, que foi destruída pela introdução de PRP, é extremamente difícil para ser reconstruída no futuro, mesmo que a recompensa monetária é removida. As organizações devem, portanto, estar conscientes de que através da introdução de uma recompensa monetária será difícil reduzir ou removê-la no futuro, sem correr o risco de destruir completamente todas as fontes de motivação do agente. 4.4.4 Primeiros passos na introdução de sistemas de PRP Kerr (2004) afirma que para se ter uma gestão efetiva, o estabelecimento das recompensas deve ser a terceira coisa com o que se preocupar. Mensurar o desempenho deve vir em segundo lugar e tanto as recompensas quanto a mensuração devem estar subordinadas à definição clara e precisa sobre o que, de fato, deve ser feito. O primeiro passo, portanto deve ser a construção de um plano estratégico para a organização. Ele pode estar em uma folha de papel com as dez prioridades para o ano ou em um mapa estratégico elaborado com o apoio de uma boa consultoria. Ainda segundo o autor, o mais interessante desse princípio é que ele, por mais senso comum e autoevidente que seja, é violado sistematicamente. Kerr (2004) ensina que estabelecer indicadores de desempenho e metas para verificar o cumprimento (ou não) das prioridades definidas pela organização deve vir antes de se pensar na implantação de um sistema de PRP. A ausência de um plano estratégico com metas organizacionais anteriores à introdução de sistemas de incentivo pode levar a metas criadas de qualquer maneira, apenas para a implantação da PRP, desconectadas de um processo maior, estipuladas apenas para setores (ou carreiras) específicos da organização e direcionadas para objetivos nebulosos (já que não se discutiram as prioridades e a estratégia para a organização como um todo). Assim, 54 surgem, naturalmente, situações como a descrita por Kerr (1975), ou seja, a organização pode estar recompensando coisas erradas e, inclusive, aquilo que deseja evitar. 4.4.5 Definição dos indicadores de desempenho Segundo Pacheco (2009) diversos autores têm discutido a questão de mensurar os produtos/serviços ou impactos. Entende-se produtos/serviços como aqueles oferecidos ou prestados em nome do governo pelos ministérios/secretarias a indivíduos ou a organizações externas (TROSA, 2001). São conhecidos na literatura como outputs. Os produtos/serviços são diretamente vinculados às políticas públicas, como por exemplo: o número de atendimentos preventivos nos postos de saúde. Já os impactos – também chamados de outcomes – são as mudanças efetivas desejadas pela sociedade em decorrência das políticas públicas, como por exemplo: a redução da mortalidade infantil de determinada população. Os produtos/serviços são muito importantes para avaliar o resultado da política pública de forma mais específica e concreta, estabelecendo relação entre processos e resultados. Existem argumentos clássicos: os defensores dos produtos/serviços argumentam que eles são mais facilmente mensuráveis, são consequência direta da política pública e, portanto, mensuram melhor o desempenho. Os defensores dos impactos argumentam que são estes que medem, de fato, se a política está funcionando - embora apenas sejam observáveis em médio/longo prazo. Trosa (2001) apresenta uma solução pragmática: produtos/serviços e impactos são, ambos, importantes e respondem a perguntas distintas. Para a autora, a mensuração dos produtos/serviços permite conhecer o que é efetivamente produzido com os recursos públicos e os impactos permitem indagações sobre a eficácia e utilidade daquilo que é produzido. Os governos devem começar pelos produtos/serviços, cuja mensuração é mais fácil, e ir evoluindo em direção aos impactos, por meio da construção da cadeia lógica que liga as ações aos objetivos visados, relacionando impactos, resultados intermediários e ações. Para Behn (2003, 2004a), não basta discutir a medição de produtos/serviços ou impactos. Deve-se explicitar qual o propósito com a mensuração, pois diversos objetivos requerem diferentes medidas. Segundo o autor, para motivar as pessoas, a organização precisa de medidas praticamente em tempo real, pois só tem sentido a recompensa caso seja possível 55 monitorar os resultados a tempo de corrigir rumos. Behn defende enfaticamente a mensuração de produtos/serviços, especialmente quando o objetivo é motivar. Portanto, quando se fala em remuneração variável por desempenho, a literatura nos esclarece que o foco em medidas de produtos/serviços é mais eficaz, pois gera condições efetivas de corrigir rumos e também gera a percepção, nos servidores, de que basta modificar o comportamento para melhorar os resultados, já que esses resultados são consequência direta da ação da organização. Segundo Pacheco (2010), há, no Brasil, uma tendência a supervalorizar os impactos. Segundo a autora, fala-se cada vez mais em impactos, como se eles representassem a mais moderna face da gestão por resultados no serviço público. Entretanto, embora sejam medidas importantes, restringir-se aos impactos traz sérias limitações. Eles podem demorar muito tempo (às vezes muitos anos) para manifestar o resultado de ações. Os impactos também são influenciados por diversos fatores. Por exemplo, a melhoria das condições de saúde da população não depende somente do número de atendimentos preventivos. Há também influências do padrão de saneamento, do nível de educação e higiene e de uma série de outros fatores. Embora a mensuração desses impactos seja importante e necessária para uma série de objetivos, a utilização deles para sistemas de PRP deve ser bastante reduzida. 4.4.6 O papel da dificuldade e do volume das metas no desempenho Locke e Latham (2002) afirmam que metas difíceis levam a melhores resultados. Foi encontrada uma correlação positiva linear, fortemente significativa, de que as metas mais difíceis (na percepção de quem deve cumpri-las) levam a maiores níveis de esforço e desempenho. Segundo os autores, essa relação entre metas difíceis e desempenho foi comprovada por 35 anos de pesquisas e verificada em mais de 100 diferentes tarefas envolvendo 40 mil participantes em 8 países, tanto em laboratório quanto em estudos de campo. Os resultados são aplicáveis a indivíduos e grupos (LOCKE e LATHAM, 2002). Os autores também compararam os efeitos da definição de metas difíceis e específicas à simples utilização do incentivo moral “faça o seu melhor”. Os resultados mostram que metas difíceis, específicas e claramente definidas levam a um desempenho superior do que simples incentivo moral verbal. 56 Outro ponto importante é que metas em excesso levam a uma “sobrecarga cognitiva”. A não ser que a maior parte delas possa ser delegada, um gerente sozinho, provavelmente, tem condições de gerenciar algo entre três e sete metas, dependendo de sua complexidade e de quanto tempo elas demandam para sua consecução (LOCKE, 2004). Os autores também argumentam que, para que as metas sejam efetivas, as pessoas precisam de feedbacks periódicos para revelar a evolução do seu desempenho. Se elas não souberem de que forma estão desempenhando sua função, será praticamente impossível ajustar ou redirecionar o esforço e as estratégias em direção à meta. Este é mais um argumento a favor dos produtos/serviços, em detrimento dos impactos, para subsidiar sistemas de incentivo. 4.4.7 A cultura brasileira e sua influência sobre os resultados do sistema de PRP Barbosa (1996) mostrou que tentativas de implementar sistemas de avaliação individual por mérito no Brasil foram feitas diversas vezes em nossa história e pressões sociais sempre levaram os modelos ao fracasso. Embora todos apoiem a lógica meritocrática, a prática social não a legitima. A autora argumenta que o valor de igualdade no Brasil é diferente do existente nos Estados Unidos, que traduz a ideia de igualdade como sendo o tratamento igual perante a lei, não necessariamente significando a busca de um estado substancialmente igualitário. A existência da diferença entre os indivíduos é reconhecida, legitimada e percebida como o resultado do diferencial de talento – aptidão inata –, que permite a alguns indivíduos realizar e praticar certas ações com muito melhor desempenho do que outros, em função de sua capacidade e desejo de realização. As diferenças são, assim, percebidas como inevitáveis e desejadas. A sociedade americana está pronta para admitir a igualdade jurídica e a desigualdade de fato, em função das diferenças de desempenho individual. Nesse contexto, o desempenho funciona como um mecanismo socialmente legítimo, que permite à sociedade diferenciar, avaliar, hierarquizar e premiar os indivíduos entre si. A noção de igualdade no Brasil é diferente. Barbosa (1996) afirma que o desempenho é entendido mais como resultado do ambiente do que como esforço do indivíduo. A consequência disso é que produções individuais não são comparáveis, pois o produto de cada uma é visto como fruto de condições históricas subjetivas. Para a autora, os brasileiros 57 atribuem um desempenho ruim à falta de oportunidades na vida, não legitimando o mérito enquanto fonte natural de diferenciação social – em uma frase: “no Brasil, desempenho não se avalia, se justifica”. Assim, a síndrome da isonomia, as progressões automáticas para todos e o engessamento do serviço público, no qual diferentes categorias funcionais se encontram amarradas umas às outras, de forma que qualquer diferenciação, mesmo que baseada na diferença de funções, é vista como concessão de direitos que devem ser estendidos a todos, o que leva ao famoso efeito cascata. Na sociedade brasileira, o estabelecimento de gradações ou hierarquias é visto como a introdução de uma desigualdade que vai de encontro ao próprio objetivo do sistema. Em um universo como este, a luta pelo reconhecimento do mérito individual é extremamente difícil e polêmica. Especialmente quando essa avaliação tem impactos financeiros, o problema se radicaliza. Mesmo quando há avaliações objetivas sobre diferenciação de desempenhos, no momento de eventuais distribuições financeiras a distribuição acaba sendo igualitária. O argumento é que, normalmente, como o dinheiro disponível é muito pouco, é melhor “dar um pouquinho para cada um, para todos receberem alguma coisa”. Por isso é que ou todos são avaliados positivamente, ou ninguém é avaliado. (BARBOSA, 1996). As consequências dessa análise são impactantes para a modelagem e para a possibilidade de sucessos de sistemas de PRP no Brasil. Embora o argumento de Barbosa se volte especificamente à noção de avaliação de desempenho individual, qualquer modelo de incentivo vai se basear nessa parcela individual ou em uma avaliação coletiva para aferição da remuneração variável. A síndrome da isonomia e a busca de uma igualdade substantiva fazem com que, mesmo havendo diferença de desempenho, exista uma pressão social para que todos ganhem de forma igual. Isso leva a pressões adicionais no sistema de avaliação porque a cultura brasileira atribui a desigualdade de desempenho à falta de oportunidades na vida. Assim, não faz sentido dar uma nota diferente de 10, uma vez que cada um fez o que pôde. A implantação de sistemas de PRP no Brasil deve considerar esse aspecto cultural e, assim, prever mecanismos que possam tornar mais objetiva possível a diferenciação do desempenho. Modelos baseados em resultados mensurados de forma objetiva são, por esse motivo, mais adequados ao caso brasileiro do que modelos estruturados em avaliações subjetivas de desempenho. 58 4.5 Integrando valores, motivação, comprometimento, recompensas e desempenho. A base teórica apresenta integração entre os construtos de valores, motivação, comprometimento, recompensas e desempenho. A FIG. 01 mostra um diagrama integrativo entre esses construtos. Figura 01- Diagrama Integrativo entre os Construtos. ). Fonte: Elaborado pelos autores, com base nos trabalhos de Rokeach e Regan (1980); Armstrong (2007); Allen e Meyer (1990); Mullins (2004) e Locke e Latham (1990). Rokeach e Regan (1980) afirmam que os indivíduos são orientados a internalizar valores, por representarem um padrão instituído pela sociedade. Entretanto, embora os fatores externos possam influenciar a constituição dos valores, o indivíduo também carrega necessidades e motivações internas que são continuamente moldadas no processo de socialização e podem convergir ou defrontar as exigências expressas pela sociedade. Para Engel et al. (1995) os valores expressam os desafios que motivam as pessoas e as maneiras apropriadas de atingir tais desafios. Ecker e Appio (2007) atribuem aos dias atuais, a necessidade de manter as pessoas motivadas para o alcance de bons resultados nas organizações. Para os autores, aquelas organizações que possuem boas equipes e bons índices de motivação, têm vantagens competitivas mediante aquelas organizações que não se preocupam com esses aspectos. Choo et al. (2009) afirmam que para manter a força de trabalho satisfeita, antes é necessário motivá-la. Ryan e Deci (2000) apresentam a motivação como o núcleo biológico, cognitivo e regulação social. Os autores afirmam que a motivação envolve a energia, direção e persistência de ativação e a 59 intenção. Isso indica que a motivação desempenha um papel na previsão do comportamento humano, fazendo ligação entre as intenções, motivações e comportamento. Carsrud e Brannback (2011) afirmam que a motivação pode transformar uma intenção latente em ação real e, portanto, o elo perdido entre intenções e ações. Armstrong (2007) relata que a teoria da motivação preocupa-se em identificar o que move as pessoas a tomarem determinadas atitudes, ou seja, o que direciona as pessoas a fazerem o que fazem, investigando os aspectos que influenciam seus comportamentos, por exemplo: os índices de comprometimento e contribuição dos empregados. Allen e Meyer (1990) afirmam que um alto nível de comprometimento é caracterizado por sentimentos de pertencimento, lealdade e orgulho. Quando os indivíduos estão altamente comprometidos, eles tendem a se identificar com sua organização e participar ativamente no local de trabalho. Mowday et al. (1982) mostra que o comprometimento organizacional refere-se a sentimentos de um indivíduo sobre uma organização como um todo. É o vínculo psicológico que o indivíduo tem com uma organização. Allen e Meyer (1996) afirma que o comprometimento afetivo está correlacionado com a experiência do indivíduo no trabalho e, essa característica, o faz sentir confortável psicologicamente e aumenta sua sensação de competência. Mullins (2004) diz que há uma tendência perceptível para a vinculação de recompensas em relação ao desempenho do empregado, numa tentativa de alcançar os objetivos organizacionais. Barrett e Turberville (2001) e Manolopoulos (2008) afirmam que um dos programas sugeridos para melhorar o desempenho dos empregados é o uso de remuneração variável atrelada ao desempenho. Tornow e Wiley (1990), Barrett e Turberville (2001) e Manolopoulos (2008) afirmam que o vínculo entre o desempenho dos empregados com as recompensas é um motivador para melhorar o desempenho e, finalmente, melhorar a qualidade dos serviços. Para Lee (2001), os sistemas de recompensa baseados no desempenho estão centrados em três pressupostos básicos, sendo: (1) o desempenho dos indivíduos deve ser precisamente ou razoavelmente medido utilizando critérios definidos; (2) o sistema deve ser capaz de influenciar a decisão de um empregado de permanecer ou não na organização. Também deve influenciar a vontade do empregado em trabalhar mais para a organização do que aqueles que não estão no sistema; (3) um empregado deve perceber ganho significativo, em relação às recompensas. Locke e Latham (2004) explicam que a motivação refere-se a fatores internos, que estimulam a ação e, a fatores externos, que podem agir como incentivos para a ação. Na concepção de 60 Locke (2000), a motivação pode ser representada por: (1) as necessidades, que dizem respeito aos requisitos essenciais à saúde física e psicológica dos indivíduos; (2) os valores, que são representados por aquilo que as pessoas consideram importante e benéfico; (3) as emoções que estão relacionadas com a maneira como as pessoas experimentam e vivenciam seus valores, e; (4) os objetivos e intenções que correlacionam com os valores, com um objeto específico e com a intenção de uma ação. Bowen (2000) afirma que, em um cenário de downsizing, a recompensa é essencial para elevar a moral e criar boa vontade dos empregados da organização. Locke e Latham (1990) afirmam que os empregados seriam motivados a melhorar o desempenho se suas metas de desempenho estivessem vinculadas a incentivos. Os funcionários devem comparar seus esforços no trabalho e as recompensas que recebem com o que os outros empregados, que executam a mesma tarefa, recebem. Assim, os empregados serão motivados a melhorar o desempenho, desde que acreditem que as suas recompensas são equitativas para seu desempenho no trabalho, quando comparadas a outros funcionários que executam o mesmo trabalho (GOMEZ-MEJIA e BALKIN, 1992; LOWERY et al., 1995; HENEMAN e WERNER, 2005). Conforme os conceitos explicitados anteriormente, a análise integrada dos construtos permite importantes considerações sobre o impacto no comportamento dos indivíduos dentro das organizações públicas. Diante disso, faz-se necessário estabelecer a metodologia a ser adotada no presente trabalho. 61 5 METODOLOGIA Com base na revisão da literatura apresentada, foi construído o modelo estrutural e formuladas as hipóteses pertinentes às associações entre os construtos escolhidas para a presente investigação. 5.1 Modelo estrutural proposto As definições dos construtos e as associações, estabelecidas nas FIG. 02 e 03, foram construídas a partir do referencial teórico. O modelo estrutural proposto para o trabalho possui uma análise detalhada dos construtos/variáveis escolhidos e apresenta a dimensionalidade dos construtos e a recursividade apontada pela literatura, ou seja, não é possível definir nem o seu início, nem o seu fim. Entretanto, esse tipo de modelo não é passível de teste utilizando os softwares disponíveis. Dessa forma, optou-se por dividir o modelo em duas partes (parte 1 = FIG. 02; parte 2 = FIG. 03), de modo a lidar com a limitação das ferramentas estatísticas disponíveis. 62 Figura 02- Modelo Estrutural Proposto do Projeto (parte 1). Fonte: Rokeach e Regan (1980); Armstrong (2007); Allen e Meyer (1990); Mullins (2004) e Locke e Latham (1990). Figura 03- Modelo Estrutural Proposto do Projeto (parte 2). Fonte: Rokeach e Regan (1980); Armstrong (2007); Allen e Meyer (1990); Mullins (2004) e Locke e Latham (1990). 63 O QUADRO 13 apresenta a formação dos construtos de valores, ou seja, aqueles que apresentam coisas que são importantes na vida das pessoas (KAHLE et al., 1986; ROKEACH e REGAN, 1980; SCHWARTZ, 1992). QUADRO 13 Formação dos construtos de valores Formação dos Construtos de Valores Construto Afeição Definição Relaciona-se a valorizar as relações amorosas e os relacionamentos afetivos. Afiliação Refere-se à identificação com grupos sociais e ao pertencimento à sociedade. Apego familiar Refere-se à ligação com a família e à segurança percebida no seio familiar. Benevolência Relaciona-se à solicitude, à compreensão e à generosidade. Harmonia com o Mundo Interior Relacionam valores de autorrealização, paz interior e felicidade irrestrita. Hedonismo Relaciona-se ao prazer e desfrute da vida. Materialismo Relaciona-se com os valores direcionados ao luxo, posse de bens materiais e ambição. Desafio Relaciona-se com a busca pelo desafio, pelo crescimento pessoal e pela superação. Racionalidade Refere-se a critérios de sistematização, organização e lógica. Fonte: Rokeach e Regan (1980); Armstrong (2007); Allen e Meyer (1990); Mullins (2004) e Locke e Latham (1990). O QUADRO 14 apresenta a formação dos construtos de comprometimento, ou seja, aqueles que apresentam o compromisso com a organização ou a atividade que o indivíduo exerce (ALLEN e MEYER., 1990; BLAU, 2001). QUADRO 14 Formação dos construtos de comprometimento Formação dos Construtos de Comprometimento Construto Definição Comprometimento Afetivo Refere-se à ligação emocional, identificação e envolvimento do indivíduo com a organização. Comprometimento Instrumental Refere-se a uma consciência dos impactos associados a um possível desligamento da organização. Comprometimento Normativo Refere-se a um sentimento de obrigação em se permanecer empregado da organização. Comprometimento com a Profissão Refere-se ao comprometimento ou à dedicação que os indivíduos estabelecem com a carreira, a profissão, a ocupação e/ou o trabalho. Fonte: Rokeach e Regan (1980); Armstrong (2007); Allen e Meyer (1990); Mullins (2004) e Locke e Latham (1990). 64 O QUADRO 15 apresenta a formação dos construtos de desempenho, ou seja, aqueles que apresentam o rendimento de um indivíduo, quando comparados com metas previamente definidas (LOCKE e LATHAM; 1990; LAWLER, 1994). QUADRO 15 Formação dos construtos de desempenho Formação dos Construtos de Desempenho Construto Definição Percepção do Próprio Desempenho Refere-se à percepção do indivíduo em relação ao alcance das metas estabelecidas e importância das tarefas para obtenção dos resultados. Percepção do Feedback por parte de Terceiros Refere-se à percepção do indivíduo em relação ao recebimento de feedback pelo trabalho executado e conflitos profissionais. Fonte: elaborado pelo autor, conforme referencial teórico, consolidado nos apêndices A e B. O construto de recompensa apresenta a satisfação do indivíduo com a remuneração e recompensas recebidas pelo desempenho profissional (JENSEN et al., 2001). Já o construto de motivação refere-se à vontade e disposição do indivíduo em se esforçar no que faz no trabalho (VROOM, 1964; LAWLER, 1971; LOCKE e LATHAM, 1990; HERZBERG, 1996; STEERS et al., 2004). 65 As hipóteses levaram em consideração a dimensionalidade dos construtos. De acordo com o QUADRO 16, cada uma das hipóteses apresenta impacto positivo e estatisticamente significativo entre os construtos. Hipótese H1 H2 H3 H4 H5 H6 H7 H8 H9 H10 H11 H12 H13 QUADRO 16 Hipóteses formuladas Hipóteses Formuladas Teste da Hipótese apresenta o impacto positivo e estatisticamente significativo Construto Afeição Afiliação Apego Familiar Benevolência Harmonia com o Mundo Interior Hedonismo Materialismo Desafio Racionalidade Percepção do Próprio Desempenho Percepção do Feedback por parte de Terceiros Satisfação com a Remuneração e Recompensas Motivação apresenta o impacto positivo e estatisticamente significativo na Satisfação com a Remuneração e Recompensas apresenta o impacto positivo e estatisticamente significativo apresenta o impacto positivo e estatisticamente significativo na Motivação H14 H15 H16 H17 Comprometimento com a Profissão apresenta o impacto positivo e estatisticamente significativo Comprometimento Normativo apresenta o impacto positivo e estatisticamente significativo Comprometimento Afetivo apresenta o impacto positivo e estatisticamente significativo Comprometimento Instrumental apresenta o impacto positivo e estatisticamente significativo H18 H19 H20 H21 H22 H23 H24 Construto na Motivação no Comprometimento com a Profissão no Comprometimento Normativo no Comprometimento Afetivo no Comprometimento Instrumental na Percepção do Próprio Desempenho na Percepção do Feedback por parte de Terceiros na Percepção do Próprio Desempenho na Percepção do Feedback por parte de Terceiros na Percepção do Próprio Desempenho na Percepção do Feedback por parte de Terceiros na Percepção do Próprio Desempenho na Percepção do Feedback por parte de Terceiros Fonte: elaborado pelo autor do trabalho. 66 As vinte e quatro hipóteses representam uma decisão tomada para condução do presente trabalho, com o objetivo de comparar simultaneamente um conjunto maior de construtos num mesmo ambiente. 5.2 Métodos e técnicas Fonseca (2002) afirma que a pesquisa possibilita uma aproximação e um entendimento da realidade a investigar, como um processo permanentemente inacabado. Ela se processa através de aproximações sucessivas da realidade, fornecendo subsídios para uma intervenção no real. Segundo o autor, a pesquisa é o resultado de um inquérito ou exame minucioso, realizado com o objetivo de resolver um problema, recorrendo a procedimentos científicos. 5.2.1 Classificação da pesquisa A pesquisa, fruto desse trabalho, foi classificada, levando em conta a sua natureza, a forma de abordagem do problema, seus objetivos e procedimentos técnicos adotados. 5.2.1.1 Natureza, forma de abordagem e objetivo da pesquisa. A natureza da pesquisa, em questão, se concentra na pesquisa aplicada, que objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. De acordo com Gil (2007), a pesquisa exploratória, tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Para esse estudo, foi utilizada a pesquisa quantitativa que, conforme Sampieri et al (2006), utiliza a coleta e a análise de dados para responder às questões de pesquisa e testar as hipóteses estabelecidas previamente, e confia na medição numérica, na contagem e 67 frequentemente no uso de estatística para estabelecer com exatidão os padrões de comportamento de uma população. Fonseca (2002) afirma que os resultados da pesquisa quantitativa são quantificados e representam um retrato real de toda a população alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa é influenciada pelo positivismo e considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. 5.2.1.2 Procedimento técnico da pesquisa O objetivo desse tópico é apresentar o procedimento técnico utilizado na pesquisa. Nesse estudo, buscou-se investigar um grupo de pessoas (sujeito da investigação), abordando um aspecto da realidade (objeto da investigação), no sentido de explorar as hipóteses (investigação exploratória). Diante disso, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros e artigos científicos. Após o levantamento bibliográfico, foi realizada a pesquisa de campo, que, de acordo com Fonseca (2002), caracteriza-se pela realização da coleta de dados junto a indivíduos, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa. 5.2.1.3 Instrumento de coleta dos dados e processo amostral. O instrumento de coleta utilizado para a pesquisa é representado por um questionário estruturado, apresentado no Apêndice C, que apresenta as questões avaliadas segundo o grau de compreensão, clareza e objetividade. O objetivo desse instrumento de coleta propicia obter diferentes respostas à mesma pergunta, possibilitando a comparação entre elas. A amostra foi selecionada por conveniência junto aos entrevistados, ou seja, foi utilizada a forma mais conhecida de amostragem: a aleatória. Uma sondagem aleatória é uma sondagem na qual cada pessoa da população total tem a mesma probabilidade de ser interrogada. 68 5.2.1.4 Caracterização da população e do campo de pesquisa A pesquisa teve como respondentes funcionários públicos federais e estaduais. Foram aplicados 1090 questionários, por meio da seguinte estratégia: 646 questionários foram obtidos por meio de entrevistas pessoais (questionários da esfera estadual) e 444 questionários foram autopreenchidos pelos entrevistados por meio online (questionários da esfera federal). Na esfera estadual, a pesquisa foi realizada em uma instituição do Estado de Minas Gerais, autarquia do Poder Executivo Estadual, vinculada à Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG). A instituição conta com aproximadamente 3000 empregados. Na esfera federal, a pesquisa foi realizada em uma empresa vinculada ao Ministério da Fazenda e conta com aproximadamente 11 mil empregados, especializados nas áreas de suporte ao negócio da empresa e sustentados pela política de gestão de pessoas, que se pauta nos seguintes processos: Planejamento da força de trabalho: refere-se ao dimensionamento quantitativo e qualitativo da necessidade de profissionais para o cumprimento da missão e realização das estratégias da organização. Organização da força de trabalho: dar-se-á por meio da seleção de empregados com perfil profissional adequado para assumir determinado trabalho ou posição na carreira de forma competitiva. Captação de profissionais: refere-se à atração e à seleção de profissionais qualificados no mercado, com vistas a atender às necessidades da Empresa. Estruturação de cargos: é a organização de cargos conforme os requisitos estabelecidos e os níveis de complexidade das atribuições necessárias ao desenvolvimento das atividades. Encarreiramento profissional: possibilita a evolução funcional do empregado, por meio da identificação das oportunidades e das perspectivas de progressão. Sistema de remuneração: estabelece os componentes que integram a remuneração de cada cargo, de forma a oferecer retribuição compatível com as atribuições desenvolvidas pelo empregado e favorecer a captação e a retenção de profissionais qualificados, observadas a situação financeira da Empresa e as disposições normativas e legais aplicáveis. 69 Gerenciamento do desempenho profissional: orienta e acompanha a aplicação das competências e os resultados obtidos pelos empregados, de forma a viabilizar o cumprimento dos objetivos organizacionais. Desenvolvimento profissional: refere-se a elaboração de ações permanentes de capacitação e desenvolvimento dos empregados nas competências necessárias ao negócio da Empresa. Regime disciplinar: assegura ao empregado tratamento justo e criterioso e contribui para o desenvolvimento ordenado e permanente das atividades da Empresa. Benefícios: refere-se à concessão de benefícios, visando a retenção e a valorização dos profissionais, conforme disponibilidade financeira da Empresa, observadas as disposições normativas e legais aplicáveis. 6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Esse capítulo apresenta a análise dos dados da pesquisa, de forma a testar as hipóteses propostas e responder aos objetivos propostos. Para analisar os dados foram utilizados os softwares SPSS 13.0, Excel 2003 e SmartPLS. Os dados coletados foram tratados estatisticamente segundo as técnicas relacionadas a seguir: análise exploratória dos dados; dimensionalidade dos construtos da pesquisa; método de equações estruturais – teste das hipóteses; análise multigrupos análise de cluster. 70 6.1 Análise exploratória dos dados Antes de partir para o teste das hipóteses é importante num primeiro momento realizar uma análise exploratória dos dados. Isso porque caso existam problemas com o banco de dados, esses devem ser diagnosticados e corrigidos, de modo que não incorram em distorções nos resultados da análise (TABACHNICK e FIDEL, 2001). Nesse sentido, são verificados a existência de dados ausentes no banco de dados (missing values), a existência de outliers univariados e multivariados, a caracterização da amostra, a análise descritiva dos dados, a normalidade dos dados e a linearidade. 6.1.1 Análise de Dados Ausentes Dados ausentes são células no banco de dados que não apresentam resposta para determinada pergunta do questionário, sendo um problema muito recorrente em pesquisas de opinião (DAVIS, 2001). Hair et. al. (2009) revelam que eles podem ocorrer por diferentes motivos, e citam três exemplo mais comuns: a recusa do entrevistado em emitir sua opinião sobre determinada variável, erros na marcação do questionário ou erro na entrada dos dados na planilha. Dependendo da quantidade e da qualidade que ocorrem, os dados ausentes podem causar muitos problemas à análise. Dessa forma, o autor sugere que seja realizado um diagnóstico do problema e correção de forma a não distorcer os resultados ou impossibilitar determinadas análises. De acordo com os autores, a primeira parte do diagnóstico consiste em averiguar se os dados ausentes estavam previstos no planejamento da pesquisa. Na pesquisa em questão era esperado que todas as perguntas fossem respondidas, já que a opção "Não sei / Não se aplica" foi oferecida aos entrevistados. Isso porque, o Método de Equações Estruturais, que será utilizado mais a frente, não permite a existência de dados ausentes no banco de dados. Antes de prosseguir com o diagnóstico vale ressaltar que os dados foram coletados por meio de dois procedimentos diferentes: 646 questionários foram obtidos por meio de entrevistas pessoais (esfera estadual) e 444 questionários foram autopreenchidos pelos entrevistados por meio online (esfera federal). Essa diferença no método de coleta dos dados 71 pode apresentar diferenças na quantidade de dados ausentes, sendo que dessa forma optou-se por realizar a segunda parte do diagnóstico de forma separada (MALHOTRA, 2006). A segunda parte do diagnóstico consiste em verificar a quantidade de dados ausentes no banco de dados, considerando todas as células existentes, o total de células por variável e o total de células por respondente. Hair et. al. (2009) revelam que caso a quantidade de dados ausentes seja superior a 10% o problema se torna preocupante. Considerando o banco de dados coletado por meio de entrevistas pessoais (estadual) verificou-se que 526 células num total de 57.494 estavam em branco, o que corresponde a apenas 0,91%. Entretanto, ao avaliar a quantidade de dados ausentes por variável observou-se que 17 apresentaram células em branco, sendo que duas (“64. Estou satisfeito com os prêmios que recebi pelas metas que alcancei.” e “98. Recebeu tarefas especiais para realizar”) apresentaram mais de 10% dos dados ausentes e foram eliminadas da análise. Acredita-se que tais variáveis apresentaram essa percentual de dados ausentes elevados porque, na instituição estadual, grande parte dos respondentes não recebem remuneração variável por metas alcançadas e não recebem tarefas especiais para realizarem. Além disso, analisando o número de dados ausentes por respondentes verificou-se que 316 respondentes dos 646 deixaram alguma questão em branco, sendo que dois apresentaram mais de 10% de dados ausentes e foram eliminados da análise. Dessa forma, o banco de dados passou a contar com 644 respondentes ao invés de 646 e com 77 variáveis ao invés de 79. No banco de dados coletado por meio de autopreenchimento observou-se que 219 células num total de 39.516 foram deixadas em branco, o que corresponde a apenas 0,55%. Quanto aos respondentes que deixaram alguma questão em branco, foram encontrados 113 em 444, sendo que desses apenas um apresentou mais de 10% de dados ausentes, levando à sua exclusão. Assim, o banco de dados passou a contar com 443 entrevistados. Nenhuma variável apresentou mais de 10% de dados ausentes. Entretanto, as mesmas duas que foram excluídas no banco de dados da esfera estadual foram também excluídas na esfera federal, de modo a permitir comparabilidade. O terceiro passo do diagnóstico consiste em verificar a qualidade dos dados ausentes, ou seja, se eles apresentam algum padrão de ocorrência. Hair et. al. (2009) afirmam que o ideal é que nenhum padrão de ocorrência seja observado e quando isso ocorre eles são denominados de dados completamente aleatórios ao acaso (ACAA). Para avaliar tal padrão foi utilizado o teste denominado Little's MCar, conforme sugerem Hair et. al. (2009). Caso a significância do teste seja inferior a 1% não pode se atestar que os dados são ACAA. Para ambas as amostras o 72 resultado revelou que os dados não são ACAA, uma vez que a significância foi > 1% (Little's MCar test amostra estadual: Chi-Square = 3.510,81, DF = 3.077, significância = 0,000 e Little's MCar test amostra federal: Chi-Square = 3.886,94, DF = 3.549, significância = 0,000). Após realizar o diagnóstico e eliminar os casos problemáticos (variáveis e respondentes) Hair et. al. (2009) orientam a adotar algum método de substituição dos dados ausentes. Com as eliminações dos indivíduos e variáveis, os bancos de dados foram agrupados em um só, e este passou a apresentar menos de 1% de dados ausentes. Dessa forma, optou-se por substituí-los pela média, por ser considerado o método mais adequados à esse diagnóstico observado, ficando com um total de 1087 respondentes. 6.1.2 Análise de outliers Os outliers são entrevistados que apresentam um padrão de respostas muito distinto do restante (HAIR et. al., 2009). Eles podem advir de diversos motivos, como: erros na entrada dos dados, falhas na codificação, observações decorrentes de algum evento extraordinário, observações extraordinárias para as quais o pesquisador não tem uma explicação ou observações que estão no intervalo usual de valores para cada variável, mas são únicas em sua combinação de valores entre as variáveis. Hair et al. (2009) advertem que um diagnóstico inicial deve ser realizado de modo a compreender melhor os indivíduos que podem ser denominados de outliers, sendo que num, primeiro momento, eles não devem ser rotuladas como prejudiciais às análises. Diante disso, foi verificado a existência de dois tipos de outliers: univariados e multivariados. O primeiro método consiste em verificar se alguma resposta do entrevistado é muito diferente, tendo como base cada uma das variáveis do modelo. Já no segundo método é verificado se o entrevistado apresenta um padrão de resposta muito distinto, considerando todas as variáveis ao mesmo tempo. Para verificar a existência dos outliers univariado foi utilizado o método que consiste na padronização dos resultados, de forma que a média da variável seja 0 e o desvio padrão 1. Com base nesses novos valores, observações com escores padronizados fora do intervalo de |3,29| são consideradas outliers (HAIR et al, 2009), no caso de amostras maiores que 300 entrevistados, como é o caso desta pesquisa. Adotando este critério foram encontradas 313 observações com escores fora da faixa de -3,29 a 3,29, distribuídos em 176 casos. Desses 176 casos, apenas três se apresentaram como outliers em mais de 10% das variáveis analisadas. 73 Com o objetivo de verificar os outliers multivariadas, foi observada a medida D² de Mahalanobis, que verifica a posição de cada observação comparada com o centro de todas as observações em um conjunto de variáveis, conforme sugerem Hair et al (2009). Com base nesta medida é realizado um teste qui-quadrado, para cada entrevistado. Os indivíduos que apresentam uma significância da medida inferior a 0,001 são considerados outliers multivariados. Assim, foram encontrados 218 casos de observação atípica multivariada, dentre os quais constam também os três indivíduos da análise anterior. Dessa forma, ao final, optou-se por excluir somente os três indivíduos com excesso de valores atípicos na avaliação univariada e multivariada concomitantemente, ficando o banco de dados com 1084 entrevistados, sendo desses 643 da esfera estadual e 441 da esfera federal. Isto porque acredita-se que as outras observações sejam casos válidos da população e, caso fossem eliminadas, correr-se-ia o risco de melhorar a análise multivariada, mas limitar sua generalidade. (HAIR et. al.; 2009) 6.1.3 Caracterização da amostra Nesse tópico são apresentadas as características da amostra geral sobre o perfil sóciodemográfico e profissional dos respondentes. É importante entender o perfil da amostra no sentido de que, ao final, os resultados serão consistentes com esse perfil, por se tratar de uma amostra não probabilística. Ainda que tal amostra não tenha sido de natureza probabilística, é possível que extrapolações sejam realizadas com o cuidado de que ela não representa perfeitamente a população. Os GRAF. 01 e 02 exibem a esfera de atuação dos respondentes e o tipo de vínculo empregatício. Observa-se que 59% dos respondentes atuam na esfera estadual e 41% na esfera federal. No caso dos respondentes da esfera estadual, 53% dos respondentes são funcionários efetivos e 47% são funcionários terceirizados. No caso da esfera federal todos os respondentes são funcionários efetivos. 74 Federal 41% Terceirizad o 47% Efetivo 53% Estadual 59% GRÁFICO 01 – Esfera de trabalho. Amostra:1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa. GRÁFICO 02 – Tipo de vínculo empregatício. Amostra: 643 entrevistados (somente Estadual) Fonte: Dados da pesquisa. O GRAF. 03 exibe o número de vezes que os entrevistados foram demitidos nos últimos 12 meses, sendo que apenas 1% foi demitido. Nenhuma vez 99% Uma vez 1% GRÁFICO 03 – Número de vezes que foi demitido nos últimos 12 meses. Amostra:1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa. O GRAF. 04 apresenta o número de vezes que os entrevistados receberam aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses. Verifica-se que a maior parte não chegou a receber, o que corresponde a 71%. Dos outros, 26% chegaram a receber uma vez e 2% 75 receberam duas vezes. Além disso, menos que 1% dos entrevistados chegou a receber aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses três ou quatro vezes. 100% 90% 80% 70,8% 70% 60% 50% 40% 26,5% 30% 20% 10% 2,2% 0,4% 0,1% Duas vezes Três vezes Quatro vezes 0% Nenhuma vez Uma vez Gráfico 04 – Número de vezes que recebeu aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses. Amostra:1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa. O GRAF. 05 apresenta o número de vezes que o indivíduo mudou de emprego nos últimos 12 meses. Observa-se que 86% não mudaram de emprego e 14% mudaram uma vez e menos que 1% mudaram duas vezes. 100% 90% 85,9% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 13,8% 20% 10% 0,0% 0,3% Duas vezes Três vezes 0% Nenhuma vez Uma vez Gráfico 05 – Número de vezes que mudou de emprego nos últimos 12 meses. Amostra:1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa 76 O GRAF. 06 apresenta o motivo da mudança de emprego. Observa-se que o motivo mais frequente (50%) está relacionado com a mudança para um cargo com salário igual. Outros 33% mudaram para um salário melhor, em função diferente à anterior. Aqueles que mudaram para um salário melhor exercendo a mesma função foram 10% e para um salário pior foram 5%. Outros 2% mudaram por outros motivos. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 50% 33% 10% Mudança para um Mudança para um Mudança para um salário melhor, na salário melhor, em salário igual mesma função ou função diferente à equivalente anterior 5% 2% Mudança para um salário pior (Caso de recolocação após demissão) Outros Gráfico 06 – Motivos por ter mudado de emprego. Amostra:153 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa O GRAF. 07 apresenta o tipo de remuneração recebida pelos entrevistados. Observa-se que 44% recebem somente remuneração fixa e outros 44% recebem remuneração fixa e variável. Outros 9% recebem somente remuneração variável e 2% não responderam à questão. 77 100% 90% 80% 70% 60% 50% 44% 44% 40% 30% 20% 9% 10% 2% 0% Somente fixa Somente variável Fixa e variável NR Gráfico 07 – Tipo de remuneração. Amostra: 1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa O GRAF. 08 exibe o tempo que os entrevistados estão na ocupação atual. Observa-se que a maior parte (61%) estão na ocupação atual até 5 anos. Além disso, 8% estão há mais de 25 anos. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 29% 32% 30% 20% 14% 10% 13% 3% 8% 0% Menos de 1 ano De 2 a 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 25 anos Mais de 25 anos Gráfico 08 – Tempo que está na ocupação atual. Amostra: 1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa 78 O GRAF. 09 revela se os respondentes ocupam um cargo de chefia ou não, sendo que apenas 18% ocupam. Não ocupa cargo de chefia 82% Ocupa cargo de chefia 18% Gráfico 09 – Ocupa cargo de chefia? Amostra: 1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa O GRAF. 10 apresenta há quanto tempo os entrevistados ocupam tal cargo de chefia. Verifica-se que a maior parte (60%) ocupa há mais de 3 anos. 100% 90% 80% 70% 60% 60% 50% 40% 30% 20% 14% 13% 10% 10% 3% 0% Menos de 1 ano De 1 a 2 anos De 2 a 3 anos Mais de 3 anos NR Gráfico 10 – Há quanto tempo cargo de chefia. Amostra: 195 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa 79 O GRAF. 11 apresenta o sexo dos entrevistados. Verifica-se que 54% são do sexo feminino e 46% do sexo masculino. Masculino 46% Feminino 54% Gráfico 11 – Sexo dos entrevistados. Amostra: 1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa O GRAF. 12 apresenta o estado civil dos entrevistados. Observa-se que 37% dos entrevistados são solteiros, e que 49% são casados. Outros 12% são divorciados / separados e 2% são viúvos. 100% 90% 80% 70% 60% 49% 50% 40% 37% 30% 20% 12% 10% 2% 0% Solteiro Casado Separado / divorciado Viúvo Gráfico 12 – Estado civil dos entrevistados. Amostra: 1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa 80 O GRAF. 13 apresenta o número de filhos dos entrevistados. Observa-se que 43% não possuem filhos, 19% possuem um filho, 26% possuem dois filhos e 12% possuem três filhos ou mais. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 43% 30% 20% 19% 26% 9% 10% 0% Nenhum Um filho Dois filhos Três filhos 3% Quatro filhos ou mais Gráfico 13 – Número de filhos. Amostra: 1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa A TAB. 01 apresenta a idade dos entrevistados. O mínimo observado foi de 16 anos e o máximo de 71 anos. A média de idade foi de 41 anos e o desvio padrão de 12 anos. Além disso, é possível observar que 25% possuem entre 16 e 31 anos, outros 25% possuem entre 31 e 43 anos, outros 25% possuem entre 43 e 52 anos e os outros 25% possuem entre 52 e 71 anos. Tabela 01 Idade dos entrevistados Estatística Mínimo 1º quartil 2º quartil (mediana) 3º quartil Máximo Média Desvio padrão Fonte: Dados da pesquisa Idade 16 anos 31 anos 43 anos 52 anos 71 anos 41 anos 12 anos 81 Conforme GRAF. 14, no que tange ao nível de escolaridade dos entrevistados, observa-se que 5% cursaram até o ensino fundamental, 35% cursaram até o ensino médio, 32% cursaram até o ensino superior, 23% realizaram algum curso de pós-graduação lato sensu e 5% stricto sensu. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 35% 32% 23% 30% 20% 10% 0% 5% 5% E. Fundamental E. Médio E. Superior Pós-graduação Pós-graduação lato sensu stricto sensu 0% NR Gráfico 14 – Nível de escolaridade. Amostra: 1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa O GRAF. 15 exibe Renda familiar dos entrevistados. Observa-se uma boa distribuição nos diversos extratos de renda. Os extratos de maior percentual foram “Acima de 1 até 2 salários mínimos” com 25,0% e “Acima de 6 até 10 salários mínimos” com 21%. 82 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 25% 5% Até 1 salário mínimo 21% 12% 10% 10% 15% 2% Acima de 1 Acima de 2 Acima de 3 Acima de 4 Acima de 6 até 2 até 3 até 4 até 5 até 10 salários salários salários salários salários mínimos mínimos mínimos mínimos mínimos Acima de 10 até 20 salários mínimos Acima de 20 salários mínimos Gráfico 15 – Renda familiar dos entrevistados. Amostra: 1084 entrevistados Fonte: Dados da pesquisa. 6.1.4 Análise descritiva dos dados De modo a compreender melhor a estatística descritiva das variáveis que serão indicadores dos construtos do modelo, foram adotadas medidas de tendência central (a média, que é calculada somando todos os valores e dividindo pelo número de entrevistados, sendo que quanto maior o seu valor maior a concordância) e de dispersão ou variabilidade dos dados. Nesse caso foram adotadas duas medidas: a amplitude (que é calculada subtraindo o valor máximo pelo valor mínimo, sendo que quanto maior a amplitude maior a variabilidade) e o desvio padrão, que possui uma fórmula de cálculo mais complexa. Ele revela se a média reflete um consenso ou não do que os entrevistados responderam. Nesse sentido, um desvio padrão pequeno indica que os dados estão próximos da média e, portanto existe um consenso dos entrevistados e desvios padrões maiores indicam que os dados estão mais distantes da média, ou seja, que os entrevistados apresentam uma opinião mais divergente sobre o assunto. (ANDERSON, SWEENEY e WILLIAMS, 2009) 83 A TAB. 02 exibe o valor mínimo (mínimo), o valor máximo (máximo), a média e o desvio padrão para cada variável do modelo. Tabela 02 Estatística descritiva das variáveis que irão compor o modelo Variável VAL1. Tenho uma vida excitante VAL 2. Tenho uma vida de diversão e prazer VAL 3. Sinto-me livre VAL 4. Sou feliz VAL 5. Tenho uma vida confortável VAL 6. Estou em paz com o mundo VAL 7. Tenho harmonia interior VAL 8. Tenho uma religiosidade (busco a salvação na vida) VAL 9. Tenho auto-estima VAL 10. Sinto-me auto-realizado VAL 11. Sinto-me respeitado pelos outros VAL 12. Sinto-me seguro (proteção contra assaltos etc.) VAL 13. Sinto segurança em minha família VAL 14. Sou ligado a minha família VAL 15. Sou ligado a um grupo social VAL 16. Tenho amizades verdadeiras VAL 17. Sou recolhido socialmente VAL 18. Trato as pessoas com igualdade VAL 19. Sou educado com as pessoas VAL 20. Sou generoso VAL 21. Tenho um amor maduro (verdadeiro) VAL 22. Sou amoroso VAL 23. Busco conhecimento VAL 24. Sou capaz de fazer as coisas / de realizar coisas VAL 25. Sou responsável pelo que faço VAL 26. Sou corajoso VAL 27. Sou criativo (imaginativo) VAL 28. Penso de maneira lógica, racional VAL 29. Sou detalhista VAL 30. Sou rápido VAL 31. Minhas emoções afetam minha maneira de agir VAL 32. Tenho ambição VAL 33. Sou obediente VAL 34. Sou independente VAL 35. Sou focado em dinheiro VAL 36. Sou focado em bens materiais COM38. A instituição merece a minha lealdade. COM39. Eu me sinto emocionalmente envolvido com a Mínimo Máximo Média 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 6,37 6,66 7,31 8,15 7,72 8,01 8,02 7,76 8,06 7,22 7,68 5,52 8,31 8,84 7,37 7,72 7,41 8,85 8,81 8,40 8,13 8,37 8,47 8,70 9,06 8,21 7,93 8,32 8,07 7,88 7,21 7,46 7,80 8,14 5,99 5,65 8,12 7,51 Desvio padrão 2,07 2,12 2,18 1,71 1,73 1,90 1,86 2,56 1,87 1,96 1,89 2,61 1,98 1,67 2,29 2,24 2,34 1,46 1,40 1,63 2,22 1,73 1,61 1,34 1,27 1,62 1,77 1,45 1,81 1,68 2,08 2,00 1,76 1,78 2,18 2,10 2,12 2,24 84 Variável instituição. COM40. Eu me sinto como uma pessoa de casa na instituição. COM41. Eu realmente sinto os problemas da instituição como se fossem meus. COM42. Eu sinto um forte senso de integração com a instituição. COM43. Na situação atual, trabalhar na instituição é, na realidade, uma necessidade. COM44. Mesmo que eu quisesse seria muito difícil para eu deixar a instituição agora. COM45. Acho que eu teria poucas alternativas no mercado de trabalho se eu deixasse a instituição. COM46. Uma conseqüência negativa de deixar a instituição seria a falta de alternativas imediatas de emprego. COM47. Se eu deixasse a instituição agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. COM48. Eu seria muito feliz se dedicasse o resto da minha carreira à instituição COM49. Na situação atual, trabalhar na instituição é realmente um desejo pessoal. COM50. Eu devo muito à instituição para a qual trabalho. COM51. Se eu já não tivesse dado tanto de mim à instituição, eu poderia considerar a opção de trabalhar em outro lugar. COM52. A instituição tem um imenso significado pessoal para mim. COM53. Sinto que não seria certo eu deixar a instituição agora, mesmo se fosse vantagem para mim. COM54. Eu me sentiria culpado se deixasse a instituição agora. COM55. Se eu pudesse escolher uma profissão que me pagasse o mesmo que ganho, eu provavelmente escolheria uma diferente da minha. COM56. Eu desejo, definitivamente, manter minha carreira na profissão em que atuo. COM57. Se eu pudesse fazer tudo novamente, eu não escolheria trabalhar na minha profissão atual. COM58. Mesmo que eu tivesse todo o dinheiro de que necessito sem trabalhar, eu provavelmente continuaria trabalhando na vocação atual. COM59. Eu gosto demais da minha vocação para largá-la. COM60. Esta minha vocação é a ideal para trabalhar o resto da vida. COM61. Eu me sinto desapontado por nunca ter ingressado na profissão. REC62. Estou satisfeito com o meu salário atual. REC65. Estou satisfeito com o reconhecimento recebido pelo meu desempenho. REC66. Estou satisfeito com os elogios que recebi pelo meu desempenho. REC67. Estou satisfeito com a autonomia que tenho. REC68. Estou satisfeito com os meus relacionamentos profissionais. REC69. Estou satisfeito com meu crescimento profissional. REC70. Estou satisfeito com o aprendizado que meu trabalho Mínimo Máximo Média Desvio padrão 1 10 7,29 2,48 1 10 6,55 2,56 1 10 6,86 2,38 1 10 7,21 2,52 1 10 6,77 2,92 1 10 4,93 3,05 1 10 5,00 3,05 1 10 5,55 3,03 1 10 5,75 2,98 1 10 6,30 2,84 1 10 6,83 2,76 1 10 5,45 2,69 1 10 6,55 2,75 1 10 5,06 3,03 1 10 4,09 2,97 1 10 4,26 3,01 1 10 6,72 2,89 1 10 4,10 2,93 1 10 5,69 3,16 1 10 6,33 2,75 1 10 5,88 2,91 1 10 3,28 2,60 1 10 4,49 2,73 1 10 5,33 3,08 1 10 5,86 3,10 1 10 6,40 2,86 1 10 7,75 2,21 1 1 10 10 6,33 7,22 2,89 2,58 85 Variável Mínimo Máximo Média Desvio padrão REC71. Estou satisfeito com os benefícios que recebi. MOT83.De uma maneira geral, sempre tenho muita vontade e disposição para me esforçar no que estou fazendo no trabalho. DES94. Reconhece que seu trabalho contribuiu para o alcance dos objetivos da instituição DES95. Cumpriu as tarefas dentro dos prazos estabelecidos DES96. Alcançou as metas que lhe foram estabelecidas DES97. Reconhece que suas tarefas contribuíram para a obtenção dos resultados da instituição DES99. Recebeu reclamações pelo trabalho que executou DES100. Foi orientado pelo seu chefe a realizar tarefas de uma maneira diferente da que fez DES101.Teve conflitos profissionais no trabalho Fonte: Dados da pesquisa 1 10 5,75 2,66 1 10 7,76 2,24 1 10 8,65 1,45 3 2 10 10 8,86 8,88 1,11 1,02 0 10 8,67 1,32 1 10 2,70 2,11 1 10 3,11 2,37 1 10 2,56 2,37 me proporciona. A menor média foi de 2,56 e a maior de 9,06. Já o menor desvio-padrão foi de 1,02 e o maior de 3,16. Observa-se que as variáveis assumiram comportamentos bem diversos no que tange à média e ao desvio padrão. Algumas apresentaram médias altas e desvios padrões pequenos, enquanto outras apresentaram médias baixas ou regulares e desvios padrões superiores. 6.1.5 Normalidade dos dados A verificação da distribuição dos dados da pesquisa é algo necessário, uma vez que métodos de estimação diferentes são demandados na aplicação do Método de Equações Estruturais, caso elas sejam normais ou não (HAIR et al., 2009). De forma a realizar tal diagnóstico foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov, sendo que, caso o valor da significância do teste for superior a 1%, ela pode ser considerada normal. 86 A TAB. 03 apresenta o resultado do teste para as variáveis da pesquisa. Tabela 03 Teste de aderência a normalidade de Kolmogorov-Sminorv Variável VAL1. Tenho uma vida excitante VAL 2. Tenho uma vida de diversão e prazer VAL 3. Sinto-me livre VAL 4. Sou feliz VAL 5. Tenho uma vida confortável VAL 6. Estou em paz com o mundo VAL 7. Tenho harmonia interior VAL 8. Tenho uma religiosidade (busco a salvação na vida) VAL 9. Tenho auto-estima VAL 10. Sinto-me auto-realizado VAL 11. Sinto-me respeitado pelos outros VAL 12. Sinto-me seguro (proteção contra assaltos etc.) VAL 13. Sinto segurança em minha família VAL 14. Sou ligado a minha família VAL 15. Sou ligado a um grupo social VAL 16. Tenho amizades verdadeiras VAL 17. Sou recolhido socialmente VAL 18. Trato as pessoas com igualdade VAL 19. Sou educado com as pessoas VAL 20. Sou generoso VAL 21. Tenho um amor maduro (verdadeiro) VAL 22. Sou amoroso VAL 23. Busco conhecimento VAL 24. Sou capaz de fazer as coisas / de realizar coisas VAL 25. Sou responsável pelo que faço VAL 26. Sou corajoso VAL 27. Sou criativo (imaginativo) VAL 28. Penso de maneira lógica, racional VAL 29. Sou detalhista VAL 30. Sou rápido VAL 31. Minhas emoções afetam minha maneira de agir VAL 32. Tenho ambição VAL 33. Sou obediente VAL 34. Sou independente VAL 35. Sou focado em dinheiro VAL 36. Sou focado em bens materiais COM38. A instituição merece a minha lealdade. COM39. Eu me sinto emocionalmente envolvido com a instituição. COM40. Eu me sinto como uma pessoa de casa na instituição. COM41. Eu realmente sinto os problemas da instituição como se fossem meus. COM42. Eu sinto um forte senso de integração com a instituição. COM43. Na situação atual, trabalhar na instituição é, na realidade, uma necessidade. COM44. Mesmo que eu quisesse seria muito difícil para eu deixar a instituição agora. COM45. Acho que eu teria poucas alternativas no mercado de trabalho se eu deixasse a instituição. Est. 4,45 4,73 5,46 6,17 6,59 6,39 6,05 6,76 6,39 5,77 6,58 3,10 6,86 8,67 6,50 6,51 5,32 7,89 8,05 6,62 7,27 6,30 6,41 7,91 8,38 6,10 6,19 6,17 6,04 6,75 5,97 5,72 6,23 6,32 4,00 4,11 6,40 6,54 6,23 5,00 5,37 5,55 5,85 Sig. <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% 4,78 <1% 87 Variável COM46. Uma conseqüência negativa de deixar a instituição seria a falta de alternativas imediatas de emprego. COM47. Se eu deixasse a instituição agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. COM48. Eu seria muito feliz se dedicasse o resto da minha carreira à instituição COM49. Na situação atual, trabalhar na instituição é realmente um desejo pessoal. COM50. Eu devo muito à instituição para a qual trabalho. COM51. Se eu já não tivesse dado tanto de mim à instituição, eu poderia considerar a opção de trabalhar em outro lugar. COM52. A instituição tem um imenso significado pessoal para mim. COM53. Sinto que não seria certo eu deixar a instituição agora, mesmo se fosse vantagem para mim. COM54. Eu me sentiria culpado se deixasse a instituição agora. COM55. Se eu pudesse escolher uma profissão que me pagasse o mesmo que ganho, eu provavelmente escolheria uma diferente da minha. COM56. Eu desejo, definitivamente, manter minha carreira na profissão em que atuo. COM57. Se eu pudesse fazer tudo novamente, eu não escolheria trabalhar na minha profissão atual. COM58. Mesmo que eu tivesse todo o dinheiro de que necessito sem trabalhar, eu provavelmente continuaria trabalhando na vocação atual. COM59. Eu gosto demais da minha vocação para largá-la. COM60. Esta minha vocação é a ideal para trabalhar o resto da vida. COM61. Eu me sinto desapontado por nunca ter ingressado na profissão. REC62. Estou satisfeito com o meu salário atual. REC65. Estou satisfeito com o reconhecimento recebido pelo meu desempenho. REC66. Estou satisfeito com os elogios que recebi pelo meu desempenho. REC67. Estou satisfeito com a autonomia que tenho. REC68. Estou satisfeito com os meus relacionamentos profissionais. REC69. Estou satisfeito com meu crescimento profissional. REC70. Estou satisfeito com o aprendizado que meu trabalho me proporciona. REC71. Estou satisfeito com os benefícios que recebi. MOT83.De uma maneira geral, sempre tenho muita vontade e disposição para me esforçar no que estou fazendo no trabalho. DES94. Reconhece que seu trabalho contribuiu para o alcance dos objetivos da instituição DES95. Cumpriu as tarefas dentro dos prazos estabelecidos DES96. Alcançou as metas que lhe foram estabelecidas DES97. Reconhece que suas tarefas contribuíram para a obtenção dos resultados da instituição DES99. Recebeu reclamações pelo trabalho que executou DES100. Foi orientado pelo seu chefe a realizar tarefas de uma maneira diferente da que fez DES101.Teve conflitos profissionais no trabalho Fonte: Dados da pesquisa Est. Sig. 4,53 <1% 3,96 3,94 4,92 5,52 <1% <1% <1% <1% 3,42 <1% 5,13 <1% 3,92 <1% 6,06 <1% 5,81 <1% 6,55 <1% 6,53 <1% 5,07 <1% 5,14 4,31 7,75 4,50 4,43 5,38 5,64 7,65 5,59 6,68 4,14 <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% <1% 7,18 <1% 7,70 7,61 6,95 <1% <1% <1% 7,68 <1% 9,04 <1% 8,32 <1% 9,84 <1% Observa-se que todas as variáveis rejeitaram a hipótese nula de que estão distribuídas conforme a curva normal. Com base nesses resultados é possível atestar também a não existência da normalidade multivariada, uma vez que essa exige a distribuição normal univariada (TABACHNICK e FIDEL, 2001). 88 6.1.6 Linearidade O método a ser utilizado no teste das hipóteses do modelo é baseado em relações lineares para testar a existência de associações ou relações de causa/efeito estatísticas. Dessa forma, os dados devem apresentar uma parcela considerável de relações lineares para que a técnica seja adequada aos mesmos. Para tanto, de forma a avaliar a linearidade dos dados, foram verificadas as correlações par a par das variáveis utilizando o coeficiente de Pearson, com significância inferior a 5% (HAIR et al, 2009). Aplicando o teste observou-se que 2.046 das 2.926 relações possíveis são significativas ao nível de 5%, o que representa 70% das correlações possíveis. Dessa forma, foi dado prosseguimento às análises, uma vez que os dados são adequados ao tipo de técnica a ser aplicada posteriormente. 6.2 Dimensionalidade dos construtos da pesquisa Após diagnosticar e lidar com os potenciais problemas do banco de dados foi então verificado a dimensionalidade dos construtos da pesquisa. Construtos são conceitos abstratos, melhor mensurados por diversas variáveis, de forma a captar as diversas facetas do mesmo (NETEMEYER, BEARDEN e SHARMA, 2003). Vale ressaltar que, ao se trabalhar com construtos, deve-se garantir que os mesmos sejam medidas validas e confiáveis do conceito que pretendem mensurar, o que normalmente é feito por meio de uma Análise Fatorial Confirmatória (AFC). Entretanto, primeiramente, é importante verificar a dimensionalidade dos construtos, por meio de uma Análise Fatorial Exploratória (AFE). Isso porque, ao aplicar a AFC, caso o construto apresente mais de uma dimensão, essas devem ser delineadas de forma separada. Assim, foi verificada a dimensionalidade de cada um dos construtos abordados na pesquisa: valores, comprometimento, satisfação com a remuneração e recompensas e desempenho. Como a motivação foi mensurada por apenas uma variável, não foi necessária a aplicação de tal procedimento. No caso dos construtos valores e comprometimento foi rodada uma AFE para cada uma das suas dimensões. No caso da 89 remuneração e recompensas e desempenho foi rodada uma AFE para o conjunto de variáveis. De modo a realizar a AFE foi empregado como método de extração a análise de componentes principais e como método de rotação o direct oblimin, por serem os mais adequados à pesquisa. Caso a solução fatorial apresentasse mais de um fator, para definir o número de fatores, deveria ser utilizado o critério do Eigenvalue, ou seja, somente fatores que apresentassem eigenvalues (quantidade de variância explicada por um fator) maiores que 1, seriam considerados como significantes (HAIR et al, 2009). Após rodar a AFE, dois conjuntos de medidas devem ser avaliados, sendo o primeiro no sentido de verificar se a aplicação da AFE foi adequada ao conjunto de dados e a segunda tem como finalidade verificar a qualidade da solução fatorial encontrada. Para verificar se a AFE foi adequada, é avaliada a adequação da amostra de KaiserMeyer-Olkin (KMO) e o Teste de Esfericidade de Bartlett (TEB). O KMO indica a proporção da variância dos dados que pode ser considerada comum a todas as variáveis. Tal medida apresenta um valor entre 0,000 a 1,000, e quanto mais próximo de 1,000 (unidade), mais apropriada é a amostra à aplicação da análise fatorial. Além disso, ela deve ser de no mínimo 0,500, de modo a indicar que foi adequada a aplicação da AFE ao conjunto de dados. O TEB testa se a matriz de correlação populacional do conjunto de dados não é uma identidade, o que pode ser comprovado quando o resultado revela um valor significativo (p<1%). Isso porque este tipo de matriz de correlação não é adequada a aplicação da AFE. Na segunda finalidade são observadas três medidas: a variância explicada (VE), a comunalidade (Com) e a carga fatorial (CF). A VE indica o percentual que o fator consegue explicar do construto por meio da redução dos dados, sendo que um mínimo adequado é de 50%. As outras duas já são referentes às variáveis. A comunalidade mensura o quanto, determinada variável, compartilha de significado com as outras variáveis do construto, sendo que valores superiores a 0,400 são consideradas adequadas. E a CF representa o quanto cada variável compartilha de significado o seu respectivo fator, e neste caso também, o valor mínimo adequado é de 0,400. Além disso, caso a variável apresente uma CF muito semelhante em dois fatores ou mais ela deve ser eliminada sob o risco de causar falta de validade discriminante entre os mesmos. (HAIR et al, 2009) 90 O QUADRO 17 apresenta um resumo sobre os critérios para verificar a adequação da aplicação da AFE e da qualidade da solução fatorial encontrada: QUADRO 17 Critérios para adequação da solução fatorial e confiabilidade Critérios para adequação da solução fatorial e confiabilidade Medida Parâmetro de aceitação Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) > 0,500 (duas variáveis) ou >0,600 (três variáveis ou mais) Teste de Esfericidade de Bartlett (TEB) Valor significativo inferior a 1% Variância explicada (VE) > 50% Comunalidade (h²) > 0,400 Carga fatorial (CF) > 0,400 (para somente um fator) Fonte: MINGOTI (2005); MALHOTRA (2006); HAIR et. al. (2009). A TAB. 04 apresenta a solução fatorial para os subconstrutos do construto Valores pessoais, composto de 9 dimensões, denominados de: Hedonismo, Harmonia com o mundo interior, Afiliação, Benevolência, Afeição, Desafio, Racionalidade e Materialismo. Além disso, foi necessário eliminar as variáveis “VAL 8. Tenho uma religiosidade (busco a salvação na vida)”, “VAL 12. Sinto-me seguro (proteção contra assaltos etc.)”, “VAL 31. Minhas emoções afetam minha maneira de agir”, “VAL 33. Sou obediente” e “VAL 34. Sou independente”, por não terem apresentado comunalidade superior a 0,400. Observa-se primeiramente que todas as dimensões apresentaram um KMO superior a 0,500 e a sig. do TEB foi inferior a 1%. Além disso, todas as VE dos construtos foram superiores a 50%, bem como a comunalidade e a carga fatorial foram superiores a 0,400, conforme exibe TAB. 04. 91 Tabela 04 Solução fatorial dos sub-construtos do construto Valores pessoais Construto Variáveis KMO TEB VE Com. CF VAL1. Tenho uma vida excitante 0,821 0,906 572,63 Hedonismo 0,500 82,06% (<1%) VAL 2. Tenho uma vida de diversão e prazer 0,821 0,906 VAL 3. Sinto-me livre 0,482 0,694 VAL 4. Sou feliz 0,665 0,815 VAL 5. Tenho uma vida confortável 0,557 0,747 Harmonia com VAL 6. Estou em paz com o mundo 0,648 0,805 4.600,84 o mundo 0,913 59,98% (<1%) VAL 7. Tenho harmonia interior 0,671 0,819 interior VAL 9. Tenho auto-estima 0,639 0,799 VAL 10. Sinto-me auto-realizado 0,639 0,799 VAL 11. Sinto-me respeitado pelos outros 0,498 0,705 VAL 14. Sou ligado a minha família 0,798 0,893 473,92 Apego familiar 0,500 79,76% (<1%) VAL 13. Sinto segurança em minha família 0,798 0,893 VAL 15. Sou ligado a um grupo social 0,658 0,811 408,52 Afiliação VAL 16. Tenho amizades verdadeiras 0,604 56,73% 0,645 0,803 (<1%) VAL 17. Sou recolhido socialmente 0,399 0,632 VAL 18. Trato as pessoas com igualdade 0,775 0,881 1.360,38 Benevolência VAL 19. Sou educado com as pessoas 0,719 76,16% 0,794 0,891 (<1%) VAL 20. Sou generoso 0,715 0,846 VAL 21. Tenho um amor maduro (verdadeiro) 0,757 0,870 331,27 Afeição 0,500 75,69% (<1%) VAL 22. Sou amoroso 0,757 0,870 VAL 23. Busco conhecimento 0,625 0,791 VAL 24. Sou capaz de fazer as coisas / de 0,783 0,885 1.679,22 realizar coisas Desafio 0,776 66,42% (<1%) VAL 25. Sou responsável pelo que faço 0,631 0,794 VAL 26. Sou corajoso 0,618 0,786 VAL 27. Sou criativo (imaginativo) 0,616 0,785 VAL 28. Penso de maneira lógica, racional 0,587 0,766 990,73 Racionalidade 0,771 57,10% (<1%) VAL 29. Sou detalhista 0,521 0,722 VAL 30. Sou rápido 0,560 0,748 VAL 32. Tenho ambição 0,457 0,676 1.503,64 Materialismo VAL 35. Sou focado em dinheiro 0,600 71,28% 0,859 0,927 (<1%) VAL 36. Sou focado em bens materiais 0,823 0,907 Fonte: Dados da pesquisa Observação: Método de extração – componentes principais. Legenda: KMO – Medidas de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin; TEB – Teste de Esfericidade de Bartlett; VE – Variância explicada; Com. – Comunalidade; CF – Carga fatorial. A TAB. 05 apresenta a solução fatorial para os subconstrutos do construto Comprometimento, composto de 4 dimensões, denominados de: Comprometimento afetivo, instrumental, normativo e com a profissão. 92 Além disso, foi necessário eliminar as variáveis “COM43. Na situação atual, trabalhar na instituição é, na realidade, uma necessidade.”, “COM51. Se eu já não tivesse dado tanto de mim à instituição, eu poderia considerar a opção de trabalhar em outro lugar.”, “COM55. Se eu pudesse escolher uma profissão que me pagasse o mesmo que ganho, eu provavelmente escolheria uma diferente da minha”, “COM57. Se eu pudesse fazer tudo novamente, eu não escolheria trabalhar na minha profissão atual.” e “COM61. Eu me sinto desapontado por nunca ter ingressado na profissão”, por não terem apresentado comunalidade superior a 0,400. Neste caso também todas as dimensões apresentaram um KMO superior a 0,500 e a sig. do TEB foi inferior a 1%, VEs superiores a 50%, bem como a comunalidade e a carga fatorial foram superiores a 0,400, conforme exibe TAB. 05. 93 Tabela 05 Solução fatorial dos sub-construtos do construto Comprometimento Construto Variáveis KMO TEB VE Com. CF COM38. A instituição merece a minha lealdade. 0,539 0,734 COM39. Eu me sinto emocionalmente envolvido com 0,761 0,872 a instituição. COM40. Eu me sinto como uma pessoa de casa na Comp. 2.982,20 0,873 69,42% 0,727 0,853 instituição. Afetivo (<1%) COM41. Eu realmente sinto os problemas da 0,692 0,832 instituição como se fossem meus. COM42. Eu sinto um forte senso de integração com a 0,751 0,866 instituição. COM44. Mesmo que eu quisesse seria muito difícil 0,495 0,703 para eu deixar a instituição agora. COM45. Acho que eu teria poucas alternativas no 0,825 0,908 mercado de trabalho se eu deixasse a instituição. Comp. 2.842,08 COM46. Uma conseqüência negativa de deixar a 0,732 71,41% Instrumental (<1%) instituição seria a falta de alternativas imediatas de 0,851 0,923 emprego. COM47. Se eu deixasse a instituição agora, minha 0,685 0,828 vida ficaria bastante desestruturada. COM48. Eu seria muito feliz se dedicasse o resto da 0,600 0,775 minha carreira à instituição COM49. Na situação atual, trabalhar na instituição é 0,649 0,806 realmente um desejo pessoal. COM50. Eu devo muito à instituição para a qual 0,577 0,760 trabalho. Comp. 3.378,76 0,806 60,41% COM52. A instituição tem um imenso significado Normativo (<1%) 0,674 0,821 pessoal para mim. COM53. Sinto que não seria certo eu deixar a instituição agora, mesmo se fosse vantagem para 0,616 0,785 mim. COM54. Eu me sentiria culpado se deixasse a 0,508 0,713 instituição agora. COM56. Eu desejo, definitivamente, manter minha 0,657 0,811 carreira na profissão em que atuo. COM58. Mesmo que eu tivesse todo o dinheiro de que necessito sem trabalhar, eu provavelmente 0,627 0,792 Comp. 2.497,02 continuaria trabalhando na vocação atual. 0,808 73,61% Profissional (<1%) COM59. Eu gosto demais da minha vocação para 0,833 0,913 largá-la. COM60. Esta minha vocação é a ideal para trabalhar 0,827 0,909 o resto da vida. Fonte: Dados da pesquisa Observação: Método de extração – componentes principais. Legenda: KMO – Medidas de adequação da amostra de Kaiser-Meyer-Olkin; TEB – Teste de Esfericidade de Bartlett; VE – Variância explicada; Com. – Comunalidade; CF – Carga fatorial. A TAB. 06 apresenta a terceira solução fatorial encontrada, o construto Satisfação com a remuneração e recompensas, que apresentou um KMO de 0,877, o TEB foi de 4.706,23 (sig. < 1%) e a variância explicada foi de 57,48%. 94 Foi necessário eliminar a variável “REC63. Estou satisfeito com o último aumento salarial que tive.”, por não ter apresentado comunalidade superior a 0,400. A TAB. 06 exibe a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. Tabela 06 Solução fatorial do construto Satisfação com a remuneração e recompensas Variáveis REC62. Estou satisfeito com o meu salário atual. REC65. Estou satisfeito com o reconhecimento recebido pelo meu desempenho. REC66. Estou satisfeito com os elogios que recebi pelo meu desempenho. REC67. Estou satisfeito com a autonomia que tenho. REC68. Estou satisfeito com os meus relacionamentos profissionais. REC69. Estou satisfeito com meu crescimento profissional. REC70. Estou satisfeito com o aprendizado que meu trabalho me proporciona. REC71. Estou satisfeito com os benefícios que recebi. Fonte: Dados da pesquisa Observação: Método de extração – componentes principais. Legenda: Com. – Comunalidade; CF – Carga fatorial. Com. 0,439 0,660 0,696 0,629 0,400 0,615 0,547 0,612 CF 0,662 0,812 0,835 0,793 0,633 0,784 0,740 0,782 A TAB. 07 apresenta a quarta solução fatorial encontrada, o construto Desempenho, que apresentou a existência de dois fatores: Percepção do próprio desempenho e Feedback de terceiros. Ela apresentou um KMO de 0,682, o TEB foi de 2.224,56 (sig. < 1%) e a variância explicada foi de 62,37%. A TAB. 07 exibe a variância explicada dos dois fatores, bem como a carga fatorial e a comunalidade das variáveis. Tabela 07 Solução fatorial do construto Desempenho Fatores Variáveis VE Com. CF DES94. Reconhece que seu trabalho contribuiu para o 0,634 0,798 alcance dos objetivos da instituição Percepção do DES95. Cumpriu as tarefas dentro dos prazos estabelecidos 0,609 0,752 próprio 37,62% 0,617 0,784 desempenho DES96. Alcançou as metas que lhe foram estabelecidas DES97. Reconhece que suas tarefas contribuíram para a 0,677 0,831 obtenção dos resultados da instituição DES99. Recebeu reclamações pelo trabalho que executou 0,654 0,802 Feedback de DES100. Foi orientado pelo seu chefe a realizar tarefas de 24,74 0,648 0,807 terceiros uma maneira diferente da que fez DES101.Teve conflitos profissionais no trabalho 0,526 0,727 Fonte: Dados da pesquisa Observação: Método de extração – componentes principais; método de rotação: oblimin com normalização de Kaiser; Rotação convergiu em 3 interações. Legenda: VE – Variância explicada; Com. – Comunalidade; CF – Carga fatorial. 95 6.3 Método de equações estruturais – teste das hipóteses Após averiguar e definir as dimensões dos construtos da pesquisa por meio da AFE foi dado prosseguimento a análise com a utilização do Método de Equações Estruturais (MEE), de modo a validar a escala e testar as hipóteses. Isso porque, ela permite trabalhar com construtos (variáveis latentes não observáveis), leva em conta o erro de mensuração e permite testar múltiplas relações de dependência simultâneas (HAENLEIN, KAPLAN, 2004; MACKENZIE, 2001). Diante disso, vale esclarecer duas denominações utilizadas no MEE: construtos/variáveis exógenos x endógenos e construtos reflexivos x formativos. As técnicas estatísticas usuais, como a regressão linear, dentre outras, utilizam a denominação variáveis independentes (para aquelas que tentam explicar) e dependentes (para aquelas que são explicadas). No MEE as variáveis/construtos são denominados de exógenos (apresentam impacto hipotético em outro construto/variável) ou endógenos (hipoteticamente explicados por outras variáveis/construtos). Cabe ressaltar que um mesmo construto/variável pode ser exógeno e endógeno ao mesmo tempo, em equações diferentes. (BREI, LIBERALI NETO, 2006) A outra denominação que merece esclarecimento é relativa aos construtos reflexivos versus construtos formativos. No caso dos construtos reflexivos, as variações no construto causam variações nas variáveis que o compõem. Já no caso dos construtos formativos, são formados pelas múltiplas variáveis que o compõem, sendo que mudanças nos itens causam mudanças nos construtos (PETTER, STRAUB, RAI, 2007). Na pesquisa em questão todos os construtos se encaixam no conceito de reflexivos. O método mais tradicional para estimar os parâmetros no MEE é o baseado na matriz de covariância, como o método da máxima verossimilhança (HAENLEIN e KAPLAN, 2004). Entretanto, ele apresenta diversos problemas quando o conjunto de dados não é normal e o tamanho da amostra é menor do que o esperado para testar as hipóteses formuladas. Mesmo o método denominado Generalized least square (GLS), que pode ser utilizado na ausência de normalidade, demanda uma grande amostra para um adequado teste das hipóteses. No caso dessa pesquisa, para um adequado teste da primeira parte do modelo seriam necessários no 96 mínimo 3003 entrevistados, de acordo com o critério proposto por Tabachnick e Fidel (2001)1, o que se torna impossível diante do tamanho de amostra disponível. Dessa forma, optou-se por utilizar o Partil Least Square (PLS) como método de estimação dos parâmetros do modelo, por meio do software SmartPLS (RINGLE, WENDE, WILL, 2005). O PLS é baseado na variância e apresenta algumas vantagens em relação aos métodos baseados na covariância, como a não exigência da normalidade, não levar a problemas de mensuração ou a resultados impróprios ou não convergentes. Para verificar se a amostra disponível na pesquisa era suficiente para o teste do modelo utilizando o PLS utilizou-se o critério proposto por Chin (1998). De acordo com o autor, a amostra deve possuir de 5 a 10 vezes o número de indicadores do construto com maior número de indicadores. Dois construtos na pesquisa apresentam o maior número de indicadores: o VAL - Harmonia com o Mundo Interior e o de Satisfação com a remuneração e recompensas, com oito cada, o que levanta a necessidade de 40 a 80 respondentes. Como a amostra possui quase 14 vezes mais do necessário pode-se considerar adequada a aplicação do método de estimação PLS para os dados coletados. Ao aplicar o MEE dois modelos são testados: o Outer Model e Inner Path Model,. Vale ressaltar que o modelo proposto pela pesquisa é retroalimentado, ou seja, não é possível definir nem o seu início, nem o seu fim. Isso porque, em teoria o processo testado funciona dessa forma. Entretanto, esse tipo de modelo não é passível de teste utilizando os softwares disponíveis. Dessa forma, optou-se por dividir o modelo em duas partes, de modo a lidar com a limitação das ferramentas estatísticas disponíveis. O Outer Model pode ser também denominado de Análise Fatorial Confirmatória (AFC) e é empregado de modo a validar a escala, ou seja, garantir que os construtos reflexivos utilizados na pesquisa são medidas validades e confiáveis. Isso é confirmado por meio da validade convergente, validade discriminante e da confiabilidade dos construtos reflexivos da pesquisa. (HAIR et. al., 2009) Considerando a validade dos construtos, a convergente verifica se os indicadores de um construto estão suficientemente correlacionados com o construto (MALHOTRA, 2006) enquanto a discriminante testa se os construtos efetivamente medem aspectos diferentes do fenômeno de interesse (TABACHINICK, FIDEL, 2001). A confiabilidade, por outro lado, expõe a consistência das medidas em mensurar o que pretendem (HAIR et. al., 2009). 1 Fórmula para cálculo do número de observações necessária para usar um método de estimação baseado na matriz de covariância: ((número de variáveis do modelo)*(número de variáveis do modelo + 1) / 2) 97 Após validar a escala é então avaliado o Inner Path Model, utilizado para verificar a validade nomológica e o ajuste do modelo (HUNT, 2002; HAIR et. al., 2009). Ele é utilizado para testar as hipóteses do modelo e verificar o poder de predição do mesmo. 6.3.1 Outer Model - validade convergente, discriminante e confiabilidade. Nesse tópico é verificado o Outer Model, tanto da primeira parte do modelo quanto da segunda parte, que consiste em atestar a validade convergente, discriminante e confiabilidade dos construtos da pesquisa. Como a Motivação foi mensurada por apenas uma variável, tais testes não foram realizados. O Comprometimento Instrumental também após as eliminações necessárias passou a ter apenas uma variável, de forma que não existem tais resultados para o mesmo. A TAB. 08 apresenta o resultado da validade convergente com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) para as variáveis referentes aos construtos da primeira parte do modelo. De acordo com tal critério um construto apresenta validade convergente caso a significância das cargas padronizadas dos mesmos (loadings) seja inferior a 1% ou 5%, por meio de testes t unicaudais, onde o t crítico corresponde a 2,236 (=0,01) ou a 1,65 (=0,05),. Com base nesse critério foi necessário eliminar quatro variáveis que não apresentaram validade convergente: “COM46. Uma consequência negativa de deixar a instituição seria a falta de alternativas imediatas de emprego.”; “COM44. Mesmo que eu quisesse seria muito difícil para eu deixar a instituição agora.”; “COM45. Acho que eu teria poucas alternativas no mercado de trabalho se eu deixasse a instituição.” e “DES100. Foi orientado pelo seu chefe a realizar tarefas de uma maneira diferente da que fez.”. As outras variáveis apresentaram significância inferior a 5% confirmando a validade convergente. 98 Tabela 08 Avaliação da validade convergente dos do modelo parte 1 com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) – amostra total 0,02 Valor T 43,32 0,0% 0,02 0,02 58,64 0,0% 0,71 0,02 0,02 31,38 0,0% 0,81 0,02 0,02 46,37 0,0% 0,74 0,74 0,02 0,02 38,48 0,0% 0,80 0,80 0,02 0,02 43,09 0,0% 0,80 0,80 0,02 0,02 44,96 0,0% 0,78 0,78 0,02 0,02 38,68 0,0% VAL 10. Sinto-me auto-realizado 0,82 0,82 0,01 0,01 57,11 0,0% VAL 11. Sinto-me respeitado pelos outros 0,72 0,72 0,03 0,03 27,70 0,0% VAL 13. Sinto segurança em minha família 0,89 0,89 0,03 0,03 26,24 0,0% VAL 14. Sou ligado a minha família 0,89 0,90 0,03 0,03 28,01 0,0% VAL 15. Sou ligado a um grupo social 0,78 0,77 0,05 0,05 14,99 0,0% VAL 16. Tenho amizades verdadeiras 0,81 0,80 0,05 0,05 14,90 0,0% VAL 17. Sou recolhido socialmente 0,66 0,66 0,08 0,08 8,41 0,0% VAL 18. Trato as pessoas com igualdade 0,85 0,84 0,02 0,02 34,73 0,0% VAL 19. Sou educado com as pessoas 0,90 0,90 0,01 0,01 70,75 0,0% VAL 20. Sou generoso 0,87 0,87 0,02 0,02 45,35 0,0% VAL 21. Tenho um amor maduro (verdadeiro) 0,80 0,79 0,06 0,06 13,01 0,0% VAL 22. Sou amoroso 0,93 0,93 0,03 0,03 28,75 0,0% VAL 23. Busco conhecimento VAL 24. Sou capaz de fazer as coisas / de realizar coisas VAL 25. Sou responsável pelo que faço 0,80 0,79 0,03 0,03 28,17 0,0% 0,88 0,88 0,01 0,01 59,02 0,0% 0,82 0,82 0,02 0,02 34,95 0,0% VAL 26. Sou corajoso 0,75 0,75 0,03 0,03 24,52 0,0% VAL 27. Sou criativo (imaginativo) 0,81 0,80 0,03 0,03 28,17 0,0% VAL 28. Penso de maneira lógica, racional 0,75 0,75 0,03 0,03 22,66 0,0% VAL 29. Sou detalhista 0,69 0,68 0,04 0,04 16,34 0,0% VAL 30. Sou rápido 0,77 0,77 0,03 0,03 23,66 0,0% VAL 32. Tenho ambição 0,94 0,83 0,27 0,27 3,43 0,0% VAL 35. Sou focado em dinheiro 0,72 0,63 0,29 0,29 2,49 0,6% VAL 36. Sou focado em bens materiais MOT83.De uma maneira geral, sempre tenho muita vontade e disposição para me esforçar no que estou fazendo no trabalho. COM38. A instituição merece a minha lealdade. COM39. Eu me sinto emocionalmente envolvido com a instituição. COM40. Eu me sinto como uma pessoa de casa na instituição. COM41. Eu realmente sinto os problemas da instituição como se fossem meus. COM42. Eu sinto um forte senso de integração com a instituição. COM47. Se eu deixasse a instituição agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. 0,66 0,58 0,30 0,30 2,16 1,6% - - - - - - 0,74 0,74 0,02 0,02 33,50 0,0% 0,87 0,87 0,01 0,01 86,01 0,0% 0,86 0,86 0,01 0,01 71,49 0,0% 0,83 0,82 0,01 0,01 57,48 0,0% 0,87 0,87 0,01 0,01 64,68 0,0% - - - - - - Construto Amostra Pop. Desv. Erro VAL1. Tenho uma vida excitante 0,89 0,89 0,02 VAL 2. Tenho uma vida de diversão e prazer 0,92 0,92 VAL 3. Sinto-me livre 0,71 VAL 4. Sou feliz 0,81 VAL 5. Tenho uma vida confortável 1.2. VAL VAL 6. Estou em paz com o mundo Harmonia com o mundo interior VAL 7. Tenho harmonia interior VAL 9. Tenho auto-estima 1.1. VAL Hedonismo 1.3. VAL Apego familiar 1.4. VAL Afiliação 1.5. VAL Benevolência 1.6. VAL Afeição 1.7. VAL Desafio 1.8. VAL Racionalidade 1.9. VAL Materialismo 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental Variável Sig. 99 Construto Variável COM48. Eu seria muito feliz se dedicasse o resto da minha carreira à instituição COM49. Na situação atual, trabalhar na instituição é realmente um desejo pessoal. COM50. Eu devo muito à instituição para a qual trabalho. 3.3. Comp COM52. A instituição tem um imenso significado Normativo pessoal para mim. COM53. Sinto que não seria certo eu deixar a instituição agora, mesmo se fosse vantagem para mim. COM54. Eu me sentiria culpado se deixasse a instituição agora. COM56. Eu desejo, definitivamente, manter minha carreira na profissão em que atuo. COM58. Mesmo que eu tivesse todo o dinheiro de que necessito sem trabalhar, eu provavelmente 3.4. Comp com continuaria trabalhando na vocação atual. a profissão COM59. Eu gosto demais da minha vocação para largá-la. COM60. Esta minha vocação é a ideal para trabalhar o resto da vida. DES94. Reconhece que seu trabalho contribuiu para o alcance dos objetivos da instituição DES95. Cumpriu as tarefas dentro dos prazos 4.1. Percepção estabelecidos do próprio DES96. Alcançou as metas que lhe foram desempenho estabelecidas DES97. Reconhece que suas tarefas contribuíram para a obtenção dos resultados da instituição DES99. Recebeu reclamações pelo trabalho que 4.2. Feedback de executou terceiros DES101.Teve conflitos profissionais no trabalho 5. Satisfação com a remuneração e recompensas REC62. Estou satisfeito com o meu salário atual. REC65. Estou satisfeito com o reconhecimento recebido pelo meu desempenho. REC66. Estou satisfeito com os elogios que recebi pelo meu desempenho. REC67. Estou satisfeito com a autonomia que tenho. REC68. Estou satisfeito com os meus relacionamentos profissionais. REC69. Estou satisfeito com meu crescimento profissional. REC70. Estou satisfeito com o aprendizado que meu trabalho me proporciona. REC71. Estou satisfeito com os benefícios que recebi. Amostra Pop. Desv. Erro Valor T Sig. 0,80 0,80 0,01 0,01 57,47 0,0% 0,84 0,84 0,01 0,01 73,84 0,0% 0,74 0,74 0,02 0,02 35,89 0,0% 0,83 0,83 0,01 0,01 61,42 0,0% 0,76 0,76 0,02 0,02 38,03 0,0% 0,68 0,68 0,02 0,02 28,30 0,0% 0,82 0,82 0,01 0,01 59,21 0,0% 0,78 0,78 0,02 0,02 44,88 0,0% 0,91 0,91 0,01 0,01 116,79 0,0% 0,91 0,91 0,01 0,01 138,36 0,0% 0,94 0,92 0,07 0,07 12,84 0,0% 0,50 0,48 0,14 0,14 3,67 0,0% 0,52 0,51 0,13 0,13 3,99 0,0% 0,89 0,88 0,07 0,07 12,41 0,0% 0,51 0,49 0,15 0,15 3,41 0,0% 0,99 0,98 0,07 0,07 13,53 0,0% 0,62 0,62 0,02 0,02 25,19 0,0% 0,79 0,79 0,02 0,02 50,87 0,0% 0,82 0,82 0,01 0,01 69,97 0,0% 0,79 0,79 0,01 0,01 52,84 0,0% 0,68 0,68 0,02 0,02 30,70 0,0% 0,80 0,80 0,01 0,01 53,72 0,0% 0,77 0,77 0,01 0,01 56,98 0,0% 0,76 0,75 0,02 0,02 42,62 0,0% Fonte: Dados da pesquisa Observações: a) Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) Valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão. A TAB. 09 apresenta o resultado da validade convergente com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) para as variáveis referentes aos construtos da segunda parte do modelo. Apesar de serem os mesmos construtos e variáveis utilizados na primeira parte, 100 alguns valores são minimamente diferentes uma vez que a cadeia nomológica, que liga os construtos entre si, é diferente. Entretanto, neste caso também, todas foi encontrada a validade convergente para as mesmas variáveis da primeira parte do modelo. Tabela 09 Avaliação da validade convergente dos do modelo parte 2 com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) – amostra total Construto Variável COM38. A instituição merece a minha lealdade. COM39. Eu me sinto emocionalmente envolvido com a instituição. COM40. Eu me sinto como uma pessoa de casa na 3.1. Comp instituição. Afetivo COM41. Eu realmente sinto os problemas da instituição como se fossem meus. COM42. Eu sinto um forte senso de integração com a instituição. 3.2. Comp COM47. Se eu deixasse a instituição agora, minha Instrumental vida ficaria bastante desestruturada. COM48. Eu seria muito feliz se dedicasse o resto da minha carreira à instituição COM49. Na situação atual, trabalhar na instituição é realmente um desejo pessoal. COM50. Eu devo muito à instituição para a qual trabalho. 3.3. Comp Normativo COM52. A instituição tem um imenso significado pessoal para mim. COM53. Sinto que não seria certo eu deixar a instituição agora, mesmo se fosse vantagem para mim. COM54. Eu me sentiria culpado se deixasse a instituição agora. COM56. Eu desejo, definitivamente, manter minha carreira na profissão em que atuo. COM58. Mesmo que eu tivesse todo o dinheiro de que necessito sem trabalhar, eu provavelmente continuaria 3.4. Comp com trabalhando na vocação atual. a profissão COM59. Eu gosto demais da minha vocação para largá-la. COM60. Esta minha vocação é a ideal para trabalhar o resto da vida. DES94. Reconhece que seu trabalho contribuiu para o alcance dos objetivos da instituição DES95. Cumpriu as tarefas dentro dos prazos 4.1. Percepção estabelecidos do próprio DES96. Alcançou as metas que lhe foram desempenho estabelecidas DES97. Reconhece que suas tarefas contribuíram para a obtenção dos resultados da instituição DES99. Recebeu reclamações pelo trabalho que 4.2. Feedback executou de terceiros DES101.Teve conflitos profissionais no trabalho 0,03 Valor T 28,04 0,0% 0,01 0,01 71,27 0,0% 0,87 0,01 0,01 75,36 0,0% 0,80 0,80 0,02 0,02 41,00 0,0% 0,86 0,86 0,01 0,01 60,33 0,0% - - - - - - 0,76 0,75 0,03 0,03 26,19 0,0% 0,80 0,80 0,03 0,03 28,66 0,0% 0,75 0,75 0,03 0,03 24,05 0,0% 0,83 0,83 0,02 0,02 41,93 0,0% 0,80 0,80 0,03 0,03 28,27 0,0% 0,72 0,72 0,04 0,04 19,59 0,0% 0,81 0,81 0,03 0,03 29,38 0,0% 0,76 0,76 0,03 0,03 22,11 0,0% 0,93 0,93 0,01 0,01 87,42 0,0% 0,92 0,92 0,01 0,01 84,50 0,0% 0,89 0,89 0,03 0,03 35,09 0,0% 0,64 0,65 0,06 0,06 10,22 0,0% 0,66 0,66 0,06 0,06 10,84 0,0% 0,88 0,87 0,03 0,03 30,50 0,0% 0,87 0,83 0,15 0,15 5,89 0,0% 0,79 0,77 0,17 0,17 4,54 0,0% Amostra Pop. Desv. Erro 0,75 0,74 0,03 0,87 0,87 0,87 Sig. Fonte: Dados da pesquisa Observações: a) Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) Valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão. 101 A TAB. 10 apresenta o teste da validade convergente dos construtos da primeira e segunda parte do modelo com base no critério de Fornell e Larcker (1981). Ele garante a validade caso a Variância Média Extraída (AVE), que indica o percentual médio de variância compartilhada entre o construto latente e seus indicadores, seja superior a 50% (TABACHINICK, FIDEL, 2001; HENSELER, RINGLE, SINKOVICS, 2009), ou 40% no caso de pesquisas exploratórias (NUNNALY e BERNSTEIN, 1994). Tal medida varia de 0% a 100%. Foi possível com base nesse critério também atestar a validade convergente dos mesmos, uma vez que todas as AVE foram superiores a 50%. Tabela 10 Avaliação da AVE dos construtos do modelo – amostra total Construtos 1.1. VAL - Hedonismo 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar 1.4. VAL - Afiliação 1.5. VAL - Benevolência 1.6. VAL - Afeição 1.7. VAL - Desafio 1.8. VAL - Racionalidade 1.9. VAL - Materialismo 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão 4.1. Percepção do próprio desempenho 4.2. Feedback de terceiros 5. Satisfação com a remuneração e recompensas Fonte: Dados da pesquisa AVE 1ª parte 82% 60% 80% 57% 76% 75% 66% 57% 61% 69% 60% 74% 55% 62% 57% 2ª parte 69% 60% 73% 60% 69% A TAB. 11 apresenta os resultados para avaliar a validade discriminante entre os construtos da primeira parte do modelo com base no critério de Fornell e Larcker (1981). De acordo com este critério, para que os construtos apresentem validade discriminante, a correlação elevada ao quadrado de todos os pares de construtos do modelo devem ser inferiores as AVE dos construtos comparados. 102 Tabela 11 Avaliação da validade discriminante dos construtos do modelo parte 1 com base no método de Fornell e Larcker (1981) – amostra total Construtos 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 3.1 3.2 3.3 3.4 4.1 4.2 5 1.1. VAL - Hedonismo 82% 1.2. VAL - Harmonia com o 35% 60% mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar 11% 32% 80% 1.4. VAL - Afiliação 15% 33% 28% 57% 1.5. VAL - Benevolência 11% 31% 26% 23% 76% 1.6. VAL - Afeição 15% 29% 22% 22% 45% 75% 1.7. VAL - Desafio 14% 37% 26% 23% 46% 36% 66% 1.8. VAL - Racionalidade 13% 26% 20% 18% 33% 26% 51% 57% 1.9. VAL - Materialismo 14% 9% 7% 12% 10% 9% 15% 14% 61% 2. Motivação 3% 7% 2% 2% 4% 2% 5% 4% 1% 3.1. Comp Afetivo 6% 12% 2% 5% 6% 4% 6% 3% 1% 27% 69% 3.2. Comp Instrumental 1% 2% 1% 1% 0% 1% 1% 1% 0% 0% 2% 3.3. Comp Normativo 5% 7% 1% 2% 4% 3% 3% 3% 0% 19% 46% 12% 60% 3.4. Comp com a profissão 3% 5% 1% 2% 1% 2% 2% 2% 0% 17% 18% 1% 31% 74% 4.1. Percepção do próprio 3% 5% 3% 4% 5% 3% 6% 7% 3% 7% 5% 0% 3% 1% 55% desempenho 4.2. Feedback de terceiros 0% 1% 1% 1% 2% 1% 0% 0% 1% 0% 1% 0% 0% 0% 1% 62% 5. Satisfação com a remuneração 6% 11% 2% 3% 2% 1% 1% 1% 1% 27% 34% 1% 25% 14% 2% 2% 57% e recompensas Fonte: Dados da pesquisa. OBS: Os valores na diagonal principal correspondem a variância média extraída dos construtos. Os valores abaixo da diagonal correspondem ao quadrado do coeficiente de correlação entre os valores fatoriais da amostra, estimados no PLS. 103 A validade discriminante foi observada para todos os pares de construtos do modelo, tendo como base o método de Fornell e Lacker (1981). A TAB. 12 exibe a validade discriminante para os construtos da segunda parte do modelo. Neste caso também, a validade discriminante foi atestada. Tabela 12 Avaliação da validade discriminante dos construtos do modelo parte 2 com base no método de Fornell e Larcker (1981) – amostra total Construtos 3.1 3.2 3.3 3.4 4.1 4.2 3.1. Comp Afetivo 69% 3.2. Comp Instrumental 2% 3.3. Comp Normativo 44% 12% 60% 3.4. Comp com a profissão 18% 1% 29% 73% 4.1. Percepção do próprio desempenho 4% 0% 3% 2% 60% 4.2. Feedback de terceiros 1% 0% 0% 0% 2% 69% Fonte: Dados da pesquisa. OBS: Os valores na diagonal principal correspondem a variância média extraída dos construtos. Os valores abaixo da diagonal correspondem ao quadrado do coeficiente de correlação entre os valores fatoriais da amostra, estimados no PLS. A TAB. 13 apresenta a confiabilidade dos construtos da primeira e segunda parte do modelo por meio da Confiabilidade Composta (CC) e do Alfa de Cronbach (AC). As duas medidas variam de 0% a 100% e quanto mais próximas de 100%, maior a confiabilidade da escala. Enquanto a CC verifica o quanto da variância dos construtos é livre de erros aleatórios (HAIR et. al., 2009) o AC representa a proporção da variância total da escala que é atribuída ao verdadeiro escore do construto latente que está sendo mensurado (NETEMEYER, BEARDEN e SHARMA, 2003). De acordo com Hair et. al. (2009) elas devem apresentar um valor superior a 70%, ou de 60% no caso de pesquisas exploratórias (TABACHINICK e FIDEL, 2001) para garantir a confiabilidade da escala. Vale ressaltar também que a CC é mais fidedigna do que o AC, pois considera que as variáveis possuem pesos diferentes (HENSELER, RINGLE e SINKOVICS, 2009). 104 Tabela 13 Avaliação da CC e do AC dos construtos do modelo – amostra total Confiabilidade composta Alfa de Cronbach Construtos 1ª parte 2ª parte 1ª parte 2ª parte 1.1. VAL - Hedonismo 0,90 0,78 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 0,92 0,90 1.3. VAL - Apego familiar 0,89 0,75 1.4. VAL - Afiliação 0,80 0,61 1.5. VAL - Benevolência 0,90 0,84 1.6. VAL - Afeição 0,85 0,68 1.7. VAL - Desafio 0,89 0,83 1.8. VAL - Racionalidade 0,84 0,75 1.9. VAL - Materialismo 0,82 0,79 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 0,92 0,92 0,89 0,89 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 0,90 0,90 0,87 0,87 3.4. Comp com a profissão 0,92 0,92 0,88 0,88 4.1. Percepção do próprio desempenho 0,82 0,86 0,80 0,80 4.2. Feedback de terceiros 0,75 0,82 0,55 0,55 5. Satisfação com a remuneração e recompensas 0,91 0,89 Fonte: Dados da pesquisa Os resultados obtidos mostram que todos os construtos apresentaram Confiabilidade Composta e Alfa de Cronbach acima dos limites aceitáveis (que são de 60%), com exceção apenas do construto 4.2. Feedback de terceiros que apresentou um alfa de 0,55. Entretanto, a Confiabilidade composta é uma medida mais fidedigna do que o Alfa de Cronbach, como foi ressaltado anteriormente. Dessa forma, foi possível considerar que todos os construtos de primeira ordem apresentaram confiabilidade adequada (HENSELER, RINGLE e SINKOVICS, 2009). 105 6.3.2 Inner Path Model – validade nomológica e ajuste do modelo Para avaliar a validade nomológica devem ser analisadas quatro medidas: o R² dos construtos endógenos e a significância, magnitude e sentido das cargas da regressão. O R² representa o percentual das variações dos construtos endógenos que são explicadas pelos construtos exógenos. Tal medida varia de 0% a 100% e quanto mais próximo de 100% maior o poder de explicação. Já as cargas variam de -1 a 1 e quanto mais próximas dos extremos, maior o impacto das mesmas. Para testar a significância das cargas é utilizado o procedimento bootstrapping. Henseler, Ringle, Sinkovics (2009) revelam que por meio deste procedimento cada relação testada apresenta um valor t que deve ter uma significância inferior a 2,36 (=0,01) para apresentar um impacto estatisticamente significativo (ANDERSON, SWEENEY e WILLIAMS, 2009). Por fim, deve-se avaliar se a carga foi positiva ou negativa. Henseler, Ringle, Sinkovics (2009) ressaltam que caminhos que possuem um sinal algébrico contrário ao esperado levam a rejeição da hipótese testada. Além de testar as hipóteses (validade nomológica) é importante também avaliar o ajuste do modelo, que pode ser feito por meio de duas medidas: o Goodness of fit (GoF), com base na fórmula proposta por Amato et. al. (2004) e o Stone–Geisser‟s (Q²). O GoF varia de 0% a 100%, não havendo ainda valores de corte para considerar um ajuste como bom ou ruim, mas quanto mais próximo de 100% melhor o ajuste. O Q² reflete se o modelo foi capaz de predizer adequadamente os construtos endógenos e deve ser superior a zero (HAIR, RINGLE, SARSTEDT, 2011). A FIG. 04 exibe a validade nomológica da primeira parte do Modelo Proposto pela pesquisa. O primeiro construto endógeno, Motivação, apresentou um R² de 30%, sendo explicado pelos nove construtos referentes aos valores pessoais e pela Satisfação com a remuneração e recompensas. Entretanto, destes, apenas o 1.7. VAL – Desafio (β de 0,11 ao nível de <5%), a 1.8. VAL – Racionalidade (β de 0,08 ao nível de <5%) e a Satisfação com a remuneração e recompensas (β de 0,50 ao nível de <1%) apresentaram impacto estatisticamente significativo. Já a motivação apresentou um impacto estatisticamente significativo no Comprometimento Afetivo (R² = 27%, β de 0,52 ao nível de <1%), no Comprometimento Normativo (R² = 19%, β de 0,43 ao nível de <1%) e no Comprometimento com a profissão 106 (R² = 17%, β de 0,41 ao nível de <1%). Entretanto, não apresentou impacto estatisticamente significativo no Comprometimento instrumental (R² = 0%, β de 0,01 ao nível de >10%). Por fim, a Satisfação com a remuneração e recompensas foi explicada em apenas 4% pela Percepção do próprio desempenho (β de 0,14 ao nível de <1%) e pelo Feedback de terceiros (β de -0,13 ao nível de <1%). O Feedback de terceiros foi o único construto que apresentou impacto negativo estatisticamente significativo, o que revela que quanto mais negativo o feedback de terceiros, menor a satisfação com a remuneração e as recompensas. No que tange ao ajuste do modelo, todos os construtos endógenos apresentaram um Q² superior a 0% indicando uma adequada mensuração dos mesmos. Já o GoF foi de 33%. Ainda que não exista um critério de avaliação esse valor pode ser considerado regular, o que significa que o modelo possui um ajuste mediano. Afeição Afiliação -0,02NS -0,02NS Percepção do próprio desempenho 0,14** Apego familiar -0,01NS Benevolência 0,07NS Harmonia com o mundo interior Satisfação com a remuneração e recompensas R² = 4% Percepção do feedback por parte de terceiros -0,13** 0,50** C. com a profissão R² = 17% 0,41** -0,02NS Motivação R² = 30% 0,01NS 0,43** C. Normativo R² = 19% 0,52** Hedonismo C. Afetivo R² = 27% -0,05NS 0,11* Materialismo 0,08* Ajuste GoF: 33% Desafio Racionalidade Q²: ≥0% 0,01NS C. Instrumental R² = 0% Figura 04 – Modelo Proposto na pesquisa parte 1 – amostra total – validade nomológica Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%; NS Significância >5%. 107 A FIG. 05 exibe o teste da segunda parte do Modelo Proposto pela pesquisa. O primeiro construto endógeno, Percepção do próprio desempenho, apresentou um R² de 5%, sendo explicado pelos quatro comprometimentos. Entretanto, deste apenas o Comprometimento Afetivo (β de 0,15 ao nível de <1%) apresentou impacto estatisticamente significativo. O mesmo foi também observado para o construto Feedback de terceiros que apresentou um R² de 4% e impacto estatisticamente significativo apenas do construto Comprometimento Afetivo (β de -0,11 ao nível de <1%), que neste caso foi negativo. No que tange ao ajuste do modelo, todos os construtos endógenos apresentaram um Q² superior a 0% indicando uma adequada mensuração dos mesmos. Já o GoF foi de 14%, menor do que o da primeira parte do modelo. Isso é resultado da baixa explicação das duas medidas de desempenho pelas medidas de comprometimento. C. com a profissão 0,03NS -0,07NS Percepção do próprio desempenho R² = 5% 0,07NS C. Normativo 0,09NS Ajuste GoF: 14% Q²: ≥0% 0,15** C. Afetivo -0,11* -0,05NS C. Instrumental Percepção do feedback por parte de terceiros R² = 1% 0,02NS Figura 05 – Modelo Proposto na pesquisa parte 2 – amostra total – validade nomológica Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%; NS Significância >5%. 108 A TAB. 14 apresenta o resultado das hipóteses do Modelo Proposto, considerando a primeira e a segunda parte. Tabela 14 Resultado das hipóteses do Modelo Proposto – amostra total Construto Valor Parte Construto exógeno Amostra Pop. Desv. Erro Sig. endógeno T 1.1. VAL - Hedonismo 0,01 0,01 0,04 0,04 0,32 37,4% 1.2. VAL - Harmonia com o -0,02 -0,02 0,05 0,05 0,33 36,9% mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar -0,01 -0,01 0,04 0,04 0,36 36,1% 1.4. VAL - Afiliação -0,02 -0,02 0,04 0,04 0,42 33,8% 1.5. VAL - Benevolência 0,07 0,07 0,04 0,04 1,62 5,3% 2. Motivação R² = 30% 1.6. VAL - Afeição -0,02 -0,02 0,04 0,04 0,55 29,2% 1.7. VAL - Desafio 0,11 0,10 0,05 0,05 2,24 1,2% 1.8. VAL - Racionalidade 0,08 0,08 0,04 0,04 2,09 1,9% 1.9. VAL - Materialismo -0,05 -0,03 0,04 0,04 1,16 12,3% 5. Satisfação com a 0,50 0,50 0,03 0,03 18,37 0,0% remuneração e recompensas 3.1. Comp Primeira 2. Motivação Afetivo 0,52 0,52 0,03 0,03 19,02 0,0% R² = 27% 3.2. Comp 2. Motivação Instrumental 0,01 0,01 0,03 0,03 0,29 38,5% R² = 0% 3.3. Comp 2. Motivação Normativo 0,43 0,43 0,03 0,03 16,57 0,0% R² = 19% 3.4. Comp com a 2. Motivação profissão 0,41 0,41 0,03 0,03 14,24 0,0% R² = 17% 4.1. Percepção do próprio 5. Satisfação com 0,14 0,14 0,03 0,03 4,52 0,0% desempenho a remuneração e recompensas 4.2. Feedback de terceiros -0,13 -0,14 0,03 0,03 4,06 0,0% R² = 4% 3.1. Comp Afetivo 0,15 0,16 0,05 0,05 3,20 0,1% 4.1. Percepção 3.2. Comp Instrumental -0,05 -0,05 0,03 0,03 1,54 6,2% do próprio desempenho 3.3. Comp Normativo 0,07 0,07 0,04 0,04 1,52 6,4% R² = 5% 3.4. Comp com a profissão 0,03 0,03 0,04 0,04 0,69 24,5% Segunda 3.1. Comp Afetivo -0,11 -0,11 0,05 0,05 2,16 1,5% 4.2. Feedback de 3.2. Comp Instrumental 0,02 0,03 0,04 0,04 0,68 24,7% terceiros 3.3. Comp Normativo 0,09 0,08 0,06 0,06 1,48 7,0% R² = 1% 3.4. Comp com a profissão -0,07 -0,07 0,05 0,05 1,47 7,1% Fonte: Dados da pesquisa Observações: a) Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) Valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão. 109 A TAB. 15 apresenta as medidas de ajuste da primeira e segunda parte do modelo. Verifica-se que o GoF da primeira parte foi superior ao da segunda, o que era de se esperar, uma vez que os R² da segunda parte foram bem menores. Verifica-se também que todos os Q² dos construtos endógenos da primeira e segunda parte do modelo são superiores a 0% indicando um adequado poder de previsão do modelo, com exceção apenas do Comprometimento Instrumental, que ficou igual a 0%. Além disso, Henseler, Ringle e Sinkovics (2009) agregam que um Q² de 0,02, 0,15 e 0,35 mostram uma relevância preditiva pequena, média ou grande respectivamente, bem como explicação da variável endógena, no caso de construtos reflexivos. Dessa forma, é possível verificar que a relevância preditiva dos construtos endógenos do modelo são de nível pequeno ou médio e no caso da Motivação a relevância fica bem próxima de um nível considerado elevado. Tabela 15 Ajuste do modelo – amostra total Parte Construtos endógenos 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental Primeira 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão 5. Satisfação com a remuneração e recompensas 4.1. Percepção do próprio desempenho Segunda 4.2. Feedback de terceiros Fonte: Dados da pesquisa Ajuste do modelo GoF Q² 29,5% 14,4% 0,0% 32,6% 8,6% 12,3% 2,0% 2,5% 14,0% 0,7% O construto endógeno Motivação, na primeira parte do modelo, foi impactado por outros 10 construtos exógenos. Dessa forma, é importante garantir que tais construtos exógenos não apresentem multicolinearidade, pois isso poderia levar a distorções nos impactos. Dessa forma, foi verificada a correlação entre tais construtos. De acordo com Hair et al. (2009), correlações superior a 0,80 são indícios de existência de multicolinearidade. Observando a TAB. 16 verifica-se que nenhum par de construto apresentou correlação superior a este valor, podendo eliminar a existência de multicolinearidade. 110 Tabela 16 Correlação entre os construtos exógenos que impactam na Motivação Construtos 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 5 1.1. VAL - Hedonismo 1,00 1.2. VAL - Harmonia com o 0,59** 1,00 mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar 0,34** 0,56** 1,00 1.4. VAL - Afiliação 0,38** 0,58** 0,53** 1,00 1.5. VAL - Benevolência 0,34** 0,56** 0,51** 0,48v 1,00 1.6. VAL - Afeição 0,39v 0,54** 0,47** 0,47** 0,67** 1,00 1.7. VAL - Desafio 0,38** 0,61** 0,51** 0,48** 0,68** 0,60** 1,00 1.8. VAL - Racionalidade 0,36** 0,51** 0,45** 0,42** 0,57** 0,51** 0,72** 1,00 1.9. VAL - Materialismo 0,37** 0,30** 0,26** 0,35** 0,31** 0,30** 0,38** 0,38** 1,00 5. Satisfação com a 0,25** 0,32** 0,13* 0,16* 0,11 0,10 0,11 0,08 0,07 1,00 remuneração e recompensas Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%. O mesmo foi realizado também no caso dos construtos exógenos da segunda parte do modelo, que impactavam na Percepção do próprio desempenho e no Feedback de terceiros. Na TAB. 17, verificou-se neste caso também que nenhuma correlação entre os pares de construto foi superior a 0,80. Tabela 17 Correlação entre os construtos exógenos que impactam na Percepção do próprio desempenho e no Feedback de terceiros Construtos 3.1 3.2 3.3 3.4 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%. 1,00 0,14* 0,67** 0,42** 1,00 0,35** 0,07 1,00 0,54** 1,00 111 6.4 Análise multigrupos: esfera estadual x esfera federal Como já foi mencionado anteriormente, a amostra da presente pesquisa foi composta por funcionários públicos da esfera estadual e da esfera federal. Por se tratarem de intuições diferentes, com modelos diferentes de gestão de pessoas considerou-se a possibilidade de que as duas amostras apresentassem diferentes relações no caso das hipóteses testadas. De forma a explorar tal possibilidade, foi realizado um teste t comparando as médias das variáveis do modelo entre a amostra estadual e federal. Caso a significância do teste seja inferior a 5% pode-se considerar que existe diferença entre os valores para a amostra estadual e federal. Conforme a TAB. 18, os resultados indicaram que, na maioria das variáveis, diferenças estatisticamente significativas foram encontradas entre as duas amostras. Tabela 18 Teste de diferença de médias das variáveis do modelo – amostra estadual x federal Variáveis da pesquisa Esfera de atuação Sig. dif. Estadual Federal VAL1. Tenho uma vida excitante 6,57 6,08 <5% VAL 2. Tenho uma vida de diversão e prazer 7,09 6,02 <5% VAL 3. Sinto-me livre 7,83 6,56 <5% VAL 4. Sou feliz 8,47 7,68 <5% VAL 5. Tenho uma vida confortável 7,98 7,35 <5% VAL 6. Estou em paz com o mundo 8,39 7,46 <5% VAL 7. Tenho harmonia interior 8,45 7,40 <5% VAL 9. Tenho auto-estima 8,42 7,54 <5% VAL 10. Sinto-me auto-realizado 7,52 6,78 <5% VAL 11. Sinto-me respeitado pelos outros 7,95 7,29 <5% VAL 13. Sinto segurança em minha família 8,75 7,67 <5% VAL 14. Sou ligado a minha família 9,27 8,22 <5% VAL 15. Sou ligado a um grupo social 7,97 6,49 <5% VAL 16. Tenho amizades verdadeiras 8,03 7,28 <5% VAL 17. Sou recolhido socialmente 8,22 6,23 <5% VAL 18. Trato as pessoas com igualdade 9,27 8,24 <5% VAL 19. Sou educado com as pessoas 9,12 8,36 <5% VAL 20. Sou generoso 8,91 7,66 <5% VAL 21. Tenho um amor maduro (verdadeiro) 8,51 7,56 <5% VAL 22. Sou amoroso 8,88 7,64 <5% VAL 23. Busco conhecimento 8,82 7,95 <5% VAL 24. Sou capaz de fazer as coisas / de realizar coisas 9,10 8,11 <5% VAL 25. Sou responsável pelo que faço 9,31 8,71 <5% 112 Variáveis da pesquisa Esfera de atuação Sig. dif. Estadual Federal VAL 26. Sou corajoso 8,63 7,61 <5% VAL 27. Sou criativo (imaginativo) 8,32 7,36 <5% VAL 28. Penso de maneira lógica, racional 8,47 8,11 <5% VAL 29. Sou detalhista 8,36 7,66 <5% VAL 30. Sou rápido 8,25 7,35 <5% VAL 32. Tenho ambição 7,82 6,93 <5% VAL 35. Sou focado em dinheiro 6,34 5,48 <5% VAL 36. Sou focado em bens materiais 5,95 5,21 <5% COM38. A instituição merece a minha lealdade. 8,19 8,02 >5% COM39. Eu me sinto emocionalmente envolvido com a instituição. 7,66 7,29 <5% COM40. Eu me sinto como uma pessoa de casa na instituição. 7,36 7,19 >5% COM41. Eu realmente sinto os problemas da instituição como se fossem meus. 6,49 6,63 >5% COM42. Eu sinto um forte senso de integração com a instituição. COM47. Se eu deixasse a instituição agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. COM48. Eu seria muito feliz se dedicasse o resto da minha carreira à instituição 7,01 6,63 <5% 5,15 6,13 <5% 5,59 5,98 <5% COM49. Na situação atual, trabalhar na instituição é realmente um desejo pessoal. 6,10 6,61 <5% COM50. Eu devo muito à instituição para a qual trabalho. 6,81 6,86 >5% COM52. A instituição tem um imenso significado pessoal para mim. COM53. Sinto que não seria certo eu deixar a instituição agora, mesmo se fosse vantagem para mim. COM54. Eu me sentiria culpado se deixasse a instituição agora. COM55. Se eu pudesse escolher uma profissão que me pagasse o mesmo que ganho, eu provavelmente escolheria uma diferente da minha. COM56. Eu desejo, definitivamente, manter minha carreira na profissão em que atuo. COM58. Mesmo que eu tivesse todo o dinheiro de que necessito sem trabalhar, eu provavelmente continuaria trabalhando na vocação atual. COM59. Eu gosto demais da minha vocação para largá-la. 6,51 6,62 >5% 5,56 4,33 <5% 4,60 3,36 <5% 4,35 4,13 >5% 6,56 6,95 <5% 5,71 5,65 >5% 6,62 5,92 <5% COM60. Esta minha vocação é a ideal para trabalhar o resto da vida. 5,91 5,85 >5% COM61. Eu me sinto desapontado por nunca ter ingressado na profissão. 3,63 2,77 <5% REC62. Estou satisfeito com o meu salário atual. 4,06 5,12 <5% REC65. Estou satisfeito com o reconhecimento recebido pelo meu desempenho. 5,32 5,36 >5% REC66. Estou satisfeito com os elogios que recebi pelo meu desempenho. 5,79 5,96 >5% REC67. Estou satisfeito com a autonomia que tenho. 6,28 6,59 >5% REC68. Estou satisfeito com os meus relacionamentos profissionais. 8,01 7,38 <5% REC69. Estou satisfeito com meu crescimento profissional. 6,16 6,58 <5% REC70. Estou satisfeito com o aprendizado que meu trabalho me proporciona. 7,38 6,99 <5% REC71. Estou satisfeito com os benefícios que recebi. MOT83.De uma maneira geral, sempre tenho muita vontade e disposição para me esforçar no que estou fazendo no trabalho. DES94. Reconhece que seu trabalho contribuiu para o alcance dos objetivos da instituição DES95. Cumpriu as tarefas dentro dos prazos estabelecidos 5,37 6,31 <5% 7,80 7,70 >5% 8,93 8,24 <5% 8,95 8,74 <5% DES96. Alcançou as metas que lhe foram estabelecidas DES97. Reconhece que suas tarefas contribuíram para a obtenção dos resultados da instituição DES99. Recebeu reclamações pelo trabalho que executou 8,87 8,90 >5% 8,80 8,47 <5% 2,57 2,89 <5% DES101.Teve conflitos profissionais no trabalho 2,04 3,33 <5% Fonte: Dados da pesquisa 113 Dessa forma, optou-se por realizar uma análise multigrupos comparando as duas amostras, pois os modelos poderiam ser diferentes. Para tanto, foi necessário primeiramente verificar o Outer model, e depois Inner Path Model, para então comparar os resultados. (SARSTEDT, HENSELER, RINGLE, 2011) 6.4.1 Outer model - esfera estadual x federal A TAB. 19 apresenta o resultado da validade convergente com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) para as variáveis referentes aos construtos da primeira parte do modelo, tanto para a esfera estadual, quanto para a esfera federal. Duas variáveis não apresentaram validade convergente com seus construtos e foram eliminadas da análise, que são: “VAL 32. Tenho ambição” e “DES101. Teve conflitos profissionais no trabalho”. Com a retirada das mesmas, a significância das cargas (loadings) de todas as variáveis foram inferiores a 1%, o que indica que elas apresentam validade convergente com seus respectivos construtos. 114 Tabela 19 Avaliação da validade convergente dos do modelo parte 1 com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) – amostra estadual x federal Estadual Construto Variável 1.1. VAL Hedonismo VAL1 0,81 0,80 0,07 VAL2 0,96 0,95 VAL3 0,62 0,63 VAL4 0,75 VAL5 1.2. VAL Harmonia com VAL6 o mundo VAL7 interior VAL9 Federal 0,07 Valor T 11,38 0,0% 0,94 0,94 0,01 Valor Sig. T 0,01 69,49 0,0% 0,02 0,02 43,29 0,0% 0,89 0,88 0,03 0,03 29,79 0,0% 0,04 0,04 15,13 0,0% 0,76 0,76 0,02 0,02 30,85 0,0% 0,75 0,03 0,03 23,36 0,0% 0,83 0,83 0,02 0,02 34,73 0,0% 0,73 0,73 0,03 0,03 24,46 0,0% 0,74 0,73 0,03 0,03 23,50 0,0% 0,74 0,74 0,03 0,03 22,68 0,0% 0,83 0,83 0,02 0,02 39,58 0,0% 0,73 0,73 0,04 0,04 19,60 0,0% 0,84 0,84 0,02 0,02 45,12 0,0% Amostra Pop. Desv. Erro Sig. Amostra Pop. Desv. Erro 0,71 0,71 0,04 0,04 19,25 0,0% 0,81 0,81 0,03 0,03 32,45 0,0% VAL10 0,79 0,79 0,02 0,02 32,76 0,0% 0,83 0,83 0,02 0,02 45,85 0,0% VAL11 0,67 0,67 0,04 0,04 15,40 0,0% 0,77 0,76 0,04 0,04 21,70 0,0% VAL13 0,88 0,88 0,06 0,06 15,56 0,0% 0,87 0,86 0,08 0,08 11,27 0,0% VAL14 0,88 0,87 0,06 0,06 15,26 0,0% 0,91 0,89 0,08 0,08 10,73 0,0% VAL15 0,67 0,64 0,13 0,13 5,12 0,0% 0,82 0,80 0,09 0,09 8,69 0,0% VAL16 0,83 0,81 0,08 0,08 10,36 0,0% 0,78 0,76 0,11 0,11 7,42 0,0% VAL17 0,51 0,50 0,16 0,16 3,27 0,1% 0,73 0,72 0,13 0,13 5,58 0,0% VAL18 0,67 0,67 0,07 0,07 9,90 0,0% 0,90 0,89 0,02 0,02 41,62 0,0% VAL19 0,86 0,85 0,03 0,03 28,39 0,0% 0,92 0,91 0,02 0,02 57,33 0,0% VAL20 0,87 0,87 0,03 0,03 28,67 0,0% 0,84 0,84 0,03 0,03 24,96 0,0% VAL21 0,88 0,86 0,10 0,10 9,14 0,0% 0,66 0,65 0,11 0,11 5,92 VAL22 0,86 0,85 0,09 0,09 9,98 0,0% 0,97 0,96 0,03 0,03 33,66 0,0% VAL23 0,72 0,71 0,07 0,07 10,60 0,0% 0,82 0,82 0,03 0,03 23,61 0,0% VAL24 0,71 0,71 0,07 0,07 10,59 0,0% 0,93 0,93 0,01 0,01 96,32 0,0% VAL25 0,75 0,74 0,06 0,06 13,57 0,0% 0,85 0,85 0,03 0,03 31,91 0,0% VAL26 0,68 0,67 0,07 0,07 9,48 0,0% 0,75 0,75 0,04 0,04 17,51 0,0% VAL27 0,79 0,78 0,05 0,05 16,10 0,0% 0,79 0,79 0,05 0,05 16,29 0,0% VAL28 1.8. VAL Racionalidade VAL29 0,76 0,76 0,05 0,05 14,93 0,0% 0,75 0,74 0,07 0,07 11,27 0,0% 0,60 0,58 0,08 0,08 7,07 0,0% 0,73 0,72 0,08 0,08 9,70 VAL30 0,73 0,72 0,07 0,07 11,27 0,0% 0,77 0,76 0,05 0,05 15,53 0,0% VAL35 0,98 0,91 0,18 0,18 5,43 0,0% 0,84 0,87 0,23 0,23 3,72 0,0% VAL36 0,92 0,88 0,18 0,18 5,21 0,0% 1,00 0,87 0,22 0,22 4,58 0,0% MOT83 - - - - - - - - - - - - COM38 0,73 0,72 0,03 0,03 24,71 0,0% 0,76 0,76 0,03 0,03 23,21 0,0% COM39 0,87 0,87 0,01 0,01 68,67 0,0% 0,88 0,88 0,02 0,02 55,49 0,0% COM40 0,84 0,84 0,02 0,02 49,73 0,0% 0,88 0,88 0,01 0,01 65,72 0,0% COM41 0,83 0,83 0,02 0,02 52,07 0,0% 0,82 0,82 0,03 0,03 30,70 0,0% COM42 0,89 0,89 0,01 0,01 62,53 0,0% 0,82 0,82 0,03 0,03 28,79 0,0% COM47 - - - - - - - - - - COM48 0,85 0,85 0,01 0,01 66,86 0,0% 0,69 0,68 0,04 0,04 17,21 0,0% COM49 0,86 0,86 0,01 0,01 70,05 0,0% 0,80 0,80 0,02 0,02 34,06 0,0% COM50 0,75 0,75 0,03 0,03 27,61 0,0% 0,74 0,74 0,03 0,03 25,24 0,0% 1.3. VAL Apego familiar 1.4. VAL Afiliação 1.5. VAL Benevolência 1.6. VAL Afeição 1.7. VAL Desafio 1.9. VAL Materialismo 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo - 0,0% 0,0% - 115 Estadual Construto Variável Federal COM52 0,85 0,85 0,01 0,01 Valor T 60,68 COM53 0,79 0,79 0,02 0,02 34,30 0,0% 0,73 0,73 0,04 0,04 20,72 0,0% COM54 0,71 0,71 0,03 0,03 27,68 0,0% 0,64 0,64 0,05 0,05 14,07 0,0% COM56 0,86 0,85 0,01 0,01 57,55 0,0% 0,80 0,80 0,03 0,03 26,44 0,0% COM58 0,77 0,77 0,02 0,02 38,89 0,0% 0,78 0,77 0,04 0,04 20,72 0,0% COM59 0,92 0,92 0,01 0,01 108,06 0,0% 0,89 0,89 0,02 0,02 37,40 0,0% COM60 0,92 0,91 0,01 0,01 106,47 0,0% 0,89 0,89 0,02 0,02 51,18 0,0% DES94 4.1. Percepção DES95 do próprio desempenho DES96 DES97 4.2. Feedback DES99 de terceiros REC62 0,87 0,76 0,25 0,25 3,46 0,0% 0,96 0,94 0,03 0,03 31,06 0,0% 0,64 0,60 0,25 0,25 2,58 0,5% 0,40 0,37 0,16 0,16 2,51 0,6% 0,80 0,71 0,21 0,21 3,73 0,0% 0,40 0,37 0,16 0,16 2,53 0,6% 0,80 0,71 0,22 0,22 3,64 0,0% 0,92 0,90 0,04 0,04 20,80 0,0% - - - - - - - - - - 0,65 0,65 0,03 0,03 25,24 0,0% 0,62 0,63 0,04 0,04 15,77 0,0% REC65 0,81 0,81 0,02 0,02 43,77 0,0% 0,75 0,75 0,03 0,03 29,30 0,0% REC66 5. Satisfação REC67 com a remuneração e REC68 recompensas REC69 0,83 0,83 0,02 0,02 52,66 0,0% 0,79 0,79 0,02 0,02 38,14 0,0% 0,80 0,80 0,02 0,02 42,63 0,0% 0,78 0,78 0,02 0,02 31,58 0,0% 0,60 0,60 0,03 0,03 17,31 0,0% 0,77 0,77 0,03 0,03 29,58 0,0% 0,76 0,76 0,02 0,02 34,65 0,0% 0,85 0,85 0,01 0,01 61,26 0,0% REC70 0,77 0,77 0,02 0,02 45,22 0,0% 0,78 0,78 0,02 0,02 37,91 0,0% REC71 0,78 0,78 0,02 0,02 46,60 0,0% 0,76 0,76 0,03 0,03 27,21 0,0% 3.4. Comp com a profissão Amostra Pop. Desv. Erro 0,0% 0,78 0,78 0,03 Valor Sig. T 0,03 29,97 0,0% Sig. Amostra Pop. Desv. Erro - - Fonte: Dados da pesquisa Observações: a) Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) Valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão. 116 A TAB. 20 apresenta o resultado da validade convergente com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) para as variáveis referentes aos construtos da segunda parte do modelo para ambas as amostras. Tabela 20 Avaliação da validade convergente dos do modelo parte 2 com base no método de Bagozzi, Yi e Philips (1991) – amostra estadual x federal Estadual Construto 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão Variável Federal Valor Amostra Pop. Desv. Erro T Sig. Amostra Pop. Desv. Erro COM38 0,70 0,70 0,05 0,05 14,73 0,0% 0,75 0,75 0,04 0,04 COM39 0,86 0,86 0,02 0,02 39,15 0,0% 0,88 0,88 0,02 0,02 0,88 0,88 0,02 0,02 Valor T Sig. 20,75 0,0% 52,86 0,0% COM40 0,88 0,87 0,02 0,02 41,57 0,0% COM41 0,81 0,81 0,03 0,03 26,46 0,0% 0,82 0,82 0,02 0,02 57,42 0,0% 33,07 0,0% COM42 0,88 0,88 0,02 0,02 41,91 0,0% 0,83 0,83 0,02 0,02 34,24 0,0% COM47 - - - - - - - - - - COM48 0,83 0,82 0,05 0,05 17,13 0,0% 0,65 0,64 0,06 0,06 COM49 0,85 0,85 0,05 0,05 15,56 0,0% 0,77 0,76 0,04 0,04 COM50 0,77 0,76 0,04 0,04 18,15 0,0% 0,78 0,78 0,03 0,03 COM52 0,90 0,89 0,06 0,06 15,62 0,0% 0,80 0,80 0,03 0,03 0,74 0,74 0,04 0,04 COM53 0,76 0,75 0,05 0,05 15,55 0,0% COM54 0,69 0,68 0,06 0,06 12,26 0,0% 0,62 0,62 0,05 0,05 COM56 0,87 0,87 0,02 0,02 47,13 0,0% 0,77 0,76 0,07 0,07 COM58 0,75 0,75 0,04 0,04 19,31 0,0% 0,75 0,74 0,10 0,10 COM59 0,93 0,93 0,01 0,01 87,87 0,0% 0,90 0,89 0,07 0,07 COM60 0,91 0,91 0,01 0,01 64,94 0,0% 0,93 0,91 0,06 0,06 0,93 0,92 0,02 0,02 DES94 4.1. Percepção do DES95 próprio DES96 desempenho DES97 4.2. Feedback DES99 de terceiros - - 11,15 0,0% 18,96 0,0% 27,17 0,0% 27,69 0,0% 17,77 0,0% 11,91 0,0% 10,78 0,0% 7,61 0,0% 13,76 0,0% 15,13 0,0% 0,81 0,80 0,07 0,07 10,98 0,0% 0,79 0,78 0,07 0,07 11,23 0,0% 0,54 0,54 0,11 0,11 42,34 0,0% 5,02 0,0% 0,84 0,84 0,04 0,04 21,17 0,0% 0,55 0,55 0,11 0,11 5,17 0,92 0,91 0,02 0,02 43,32 0,0% - - - - 0,76 0,75 0,09 0,09 8,15 0,0% - - - - - - - 0,0% - Fonte: Dados da pesquisa Observações: a) Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) Valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão. Neste caso também, todas as variáveis apresentaram validade convergente com os seus respectivos construtos, para ambas as amostras. A TAB. 21 apresenta o teste da validade convergente dos construtos com base no critério de Fornell e Larcker (1981). Foi possível com base nesse critério também atestar a 117 validade convergente dos mesmos, uma vez que todas as AVE são superiores a 50%, tanto para a amostra estadual, quanto para a federal e para a primeira e segunda parte do modelo. Apenas o construto 1.4. VAL – Afiliação apresentou uma AVE de 46% no caso da amostra Estadual, mas de acordo com Tabachinick e Fidel (2001), AVE superiores a 40% também podem ser consideradas adequadas. Tabela 21 Avaliação da AVE dos construtos do modelo – amostra estadual x federal AVE Construto Estadual Federal 1ª parte 2ª parte 1ª parte 2ª parte 1.1. VAL - Hedonismo 79% 84% 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 52% 64% 1.3. VAL - Apego familiar 77% 79% 1.4. VAL - Afiliação 46% 61% 1.5. VAL - Benevolência 65% 78% 1.6. VAL - Afeição 75% 69% 1.7. VAL - Desafio 51% 71% 1.8. VAL - Racionalidade 52% 58% 1.9. VAL - Materialismo 90% 85% 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 69% 69% 70% 70% 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 65% 64% 54% 53% 3.4. Comp com a profissão 76% 75% 71% 70% 4.1. Percepção do próprio desempenho 61% 64% 52% 57% 4.2. Feedback de terceiros 5. Satisfação com a remuneração e recompensas 57% 59% Fonte: Dados da pesquisa A TAB. 22 apresenta os resultados para avaliar a validade discriminante entre os construtos da primeira parte do modelo da amostra estadual e federal com base no critério de Fornell e Larcker (1981). 118 Tabela 22 Avaliação da validade discriminante dos construtos do modelo parte 1 com base no método de Fornell e Larcker (1981) – amostra estadual x federal Esfera Estadual Federal Construto 1.1. VAL - Hedonismo 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar 1.4. VAL - Afiliação 1.5. VAL - Benevolência 1.6. VAL - Afeição 1.7. VAL - Desafio 1.8. VAL - Racionalidade 1.9. VAL - Materialismo 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão 4.1. Percepção do próprio desempenho 4.2. Feedback de terceiros 5. Satisfação com a remuneração e recompensas 1.1. VAL - Hedonismo 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar 1.4. VAL - Afiliação 1.5. VAL - Benevolência 1.6. VAL - Afeição 1.7. VAL - Desafio 1.8. VAL - Racionalidade 1.9. VAL - Materialismo 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão 4.1. Percepção do próprio desempenho 4.2. Feedback de terceiros 5. Satisfação com a remuneração e recompensas 1.1 79% 26% 5% 6% 7% 8% 6% 9% 9% 3% 4% 0% 4% 2% 2% 0% 5% 84% 43% 15% 20% 11% 16% 19% 14% 3% 6% 10% 4% 8% 5% 2% 0% 12% 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 3.1 3.2 3.3 3.4 4.1 4.2 5 52% 14% 22% 18% 15% 20% 15% 1% 6% 12% 0% 8% 6% 2% 1% 12% 77% 15% 8% 5% 4% 6% 0% 3% 2% 0% 1% 1% 0% 0% 2% 46% 16% 11% 11% 8% 2% 3% 5% 0% 2% 2% 1% 0% 4% 65% 27% 21% 19% 1% 4% 7% 0% 5% 2% 4% 1% 4% 75% 14% 10% 0% 1% 4% 0% 2% 1% 1% 1% 1% 51% 34% 1% 4% 7% 0% 4% 3% 6% 1% 2% 52% 3% 4% 4% 0% 4% 3% 7% 0% 1% 90% 0% 0% 1% 0% 0% 2% 0% 1% 32% 0% 21% 23% 3% 0% 30% 69% 6% 48% 26% 1% 2% 39% 20% 3% 0% 0% 2% 65% 38% 2% 1% 27% 76% 1% 1% 18% 61% 1% 0% 1% 57% 64% 42% 33% 33% 32% 44% 29% 1% 8% 12% 3% 8% 5% 4% 0% 13% 79% 25% 31% 30% 39% 28% 2% 2% 2% 0% 1% 0% 2% 0% 3% 61% 14% 18% 19% 17% 2% 2% 6% 1% 4% 3% 2% 0% 3% 78% 48% 52% 36% 1% 5% 5% 0% 5% 1% 2% 0% 1% 69% 43% 32% 2% 4% 5% 1% 5% 3% 2% 0% 2% 71% 57% 0% 8% 6% 1% 3% 2% 3% 0% 3% 58% 2% 5% 2% 1% 2% 2% 4% 0% 1% 85% 0% 0% 0% 1% 0% 1% 1% 1% 21% 0% 15% 10% 14% 0% 22% 70% 0% 42% 7% 11% 1% 28% 4% 0% 0% 1% 0% 54% 19% 6% 3% 23% 71% 2% 0% 10% 52% 0% 7% 0% 59% Fonte: Dados da pesquisa. OBS: Os valores na diagonal principal correspondem a variância média extraída dos construtos. Os valores abaixo da diagonal correspondem ao quadrado do coeficiente de correlação entre os valores fatoriais da amostra, estimados no PLS. 119 A validade discriminante foi observada para todos os pares de construtos do modelo, uma vez que a correlação ao quadrado é menor que a AVE de ambos os construtos. A TAB. 23 apresenta a validade discriminante dos construtos da segunda parte do modelo. Nesse caso, pode-se também atestar a validade discriminante com base no método de Fornell e Larcker (1981). Tabela 23 Avaliação da validade discriminante dos construtos do modelo parte 2 com base no méto do de Fornell e Larcker (1981) – amostra estadual x federal Esfera Construto 3.1 3.2 3.3 3.4 4.1 4.2 3.1. Comp Afetivo 69% 3.2. Comp Instrumental 5% 3.3. Comp Normativo 50% 19% 64% Estadual 3.4. Comp com a profissão 26% 3% 37% 75% 4.1. Percepção do próprio desempenho 1% 0% 2% 2% 64% 4.2. Feedback de terceiros 2% 0% 1% 1% 2% 3.1. Comp Afetivo 70% 3.2. Comp Instrumental 0% 3.3. Comp Normativo 42% 4% 53% Federal 3.4. Comp com a profissão 7% 0% 17% 70% 4.1. Percepção do próprio desempenho 10% 0% 5% 2% 57% 4.2. Feedback de terceiros 1% 1% 4% 0% 1% Fonte: Dados da pesquisa. OBS: Os valores na diagonal principal correspondem a variância média extraída dos construtos. Os valores abaixo da diagonal correspondem ao quadrado do coeficiente de correlação entre os valores fatoriais da amostra, estimados no PLS. A TAB. 24 apresenta a confiabilidade dos construtos da primeira parte e da segunda parte do modelo para as amostras estadual e federal, com base na Confiabilidade composta e no Alfa de Cronbach. 120 Tabela 24 Avaliação da CC e do AC dos construtos do modelo – amostra estadual Confiabilidade composta Alfa de Cronbach Estadual Federal Estadual Federal Construto 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª parte parte parte parte parte parte parte parte 1.1. VAL - Hedonismo 0,88 0,91 0,76 0,81 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 0,90 0,94 0,87 0,92 1.3. VAL - Apego familiar 0,87 0,88 0,70 0,74 1.4. VAL - Afiliação 0,71 0,82 0,40 0,68 1.5. VAL - Benevolência 0,85 0,92 0,74 0,86 1.6. VAL - Afeição 0,86 0,81 0,67 0,63 1.7. VAL - Desafio 0,81 0,90 0,69 0,86 1.8. VAL - Racionalidade 0,81 0,85 0,70 0,76 1.9. VAL - Materialismo 0,95 0,92 0,90 0,91 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 0,92 0,92 0,92 0,92 0,89 0,89 0,89 0,89 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 0,92 0,91 0,87 0,87 0,89 0,89 0,83 0,83 3.4. Comp com a profissão 0,92 0,92 0,91 0,90 0,89 0,89 0,86 0,86 4.1. Percepção do próprio desempenho 0,86 0,88 0,79 0,83 0,81 0,81 0,80 0,80 4.2. Feedback de terceiros 5. Satisfação com a remuneração e recompensas 0,91 0,92 89 90 Fonte: Dados da pesquisa Os resultados obtidos mostram que todos os construtos apresentaram Confiabilidade Composta e Alfa de Cronbach acima dos limites aceitáveis (que são de 60%), com exceção apenas do construto 1.4. VAL - Afiliação que no caso da amostra estadual apresentou um alfa de 0,40. Entretanto, a Confiabilidade composta é uma medida mais fidedigna do que o Alfa de Cronbach, como já foi mencionado anteriormente. Dessa forma, foi possível considerar que todos os construtos de primeira ordem apresentaram confiabilidade adequada (HENSELER, RINGLE e SINKOVICS, 2009). 121 6.4.2 Inner Path Model – validade nomológica e ajuste do modelo Para comparar os parâmetros das duas amostras foi utilizado o procedimento proposto por Henseler (2007), que consiste em comparar cada um das cargas padronizadas disponíveis no output do bootstrapping para todas as amostras rodadas. No caso desta pesquisa trabalhouse com 341 amostras, para ambos os grupos. Ao final de tal comparação foi verificada o número de diferenças contrárias ao esperado (ou seja, se o resultado esperado é uma diferença negativa, são contadas as diferenças positivas) e divide-se tal valor pelo número total de amostras. O resultado da divisão equivale à significância do teste. Apesar de só permitir o teste de hipóteses unicaudais, o teste é mais robusto do que o teste paramétrico e é adequado quando da aplicação do PLS. (SARSTEDT, HENSELER, RINGLE, 2011) De forma a lidar com a limitação do teste ser unicaudal, foram propostas hipóteses de acordo com o resultado encontrado a priori, de modo que se para a amostra aparentemente a diferença era negativa, tal hipótese era testada. Se a diferença da amostra era positivo, o contrário foi realizado. A TAB. 25 apresenta o resultado das hipóteses do Modelo Proposto (primeira e segunda parte) comparativas entre a amostra estadual e federal. Optou-se por apresentar no corpo da análise somente a tabela por ser mais facilmente visível as comparações. As figuras dos modelos e a tabela completa comparando os resultados para ambas as amostras se encontram nos apêndices D e E. A motivação apresentou um maior R² no caso da amostra estadual, de 33%, comparado aos 28% da amostra federal. Isso foi decorrente de uma diferença observada nas relações testadas. O construto 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior apresentou um peso maior, estatisticamente significativo ao nível de 1% no caso da amostra federal, comparado à amostra estadual, em que tal construto não apresentou impacto estatisticamente significativo. Vale ressaltar que o peso deste construto na Motivação foi negativo, o que revela que no caso da amostra federal quanto menor o apego familiar, maior a motivação. Além disso, é importante entender que ainda que tal peso seja estatisticamente significativo sua magnitude não é tão elevada, o que indica que tem uma influência significativa, mas pequena na motivação. 122 Outro construto endógeno que apresentou um R² bem diferente foi o Comprometimento Afetivo, que no caso da amostra estadual foi de 32% e na amostra federal foi de 21%. Tal diferença foi resultado do maior impacto observado da motivação neste construto, que no caso da primeira amostra foi de 0,56 e na segunda de 0,45. Apesar de ambos terem sido estatisticamente significativo, o primeiro apresentou uma magnitude maior. Tal diferença foi também observada no caso do Comprometimento com a profissão, que no caso da amostra estadual foi de 21% e na amostra federal foi de 10%. Tal diferença foi resultado do maior impacto observado da motivação neste construto, que no caso da primeira amostra foi de 0,32 e na segunda de 0,46. Neste caso também, apesar de ambos terem sido estatisticamente significativo, o segundo apresentou uma magnitude maior. Já no caso do construto endógeno Satisfação com a remuneração e recompensas foram observadas duas diferenças no que tange aos antecedentes. O impacto da Percepção do próprio desempenho não foi significativo na amostra estadual, enquanto o foi na amostra federal, fazendo com que a diferença fosse estatisticamente significativa. No caso da segunda amostra a magnitude do impacto foi bem maior, de 0,27 para a amostra federal e de 0,05 para a amostra estadual. Por outro lado, o impacto do Feedback de terceiros foi significativo no caso da amostra estadual e não significativo no caso da amostra federal. Tal diferença foi estatisticamente significativa entre as duas amostras, sendo que a primeira apresentou uma carga de -0,09 e a segunda de 0,07. Considerando as diferenças encontradas na segunda parte do modelo, pode-se citar primeiramente um R² maior da Percepção do próprio desempenho no caso da amostra federal (10%), comparado a amostra estadual (2%). Tal diferença foi decorrente do fato do Comprometimento Afetivo não ter apresentado impacto estatisticamente significativo no caso da amostra estadual (β de 0,00 e >10%) e ter apresentado impacto estatisticamente significativo e de magnitude bem maior na segunda amostra (β de 0,28 e <1%). O R² do Feedback de terceiros foi também maior no caso da amostra federal (5%), comparado a amostra estadual (2%). Tal diferença decorreu do fato do Comprometimento normativo não ter apresentado impacto estatisticamente significativo no caso da amostra estadual (β de 0,04 e >10%) e ter apresentado impacto estatisticamente significativo e de magnitude bem maior na segunda amostra (β de 0,23 e <1%). 123 Segunda Primeira Parte Tabela 25 Comparação das pesos entre os construtos exógenos e endógenos – amostra estadual x federal Dif. entre Relações entre os construtos Estadual Federal Federal e estadual Exógenos Endógenos β Sig. β Sig. Dif. β Sig. 1.1. VAL - Hedonismo → 2. Motivação 0,02 34,8% 0,02 37,5% 0,00 47,1% 1.2. VAL - Harmonia com o → 2. Motivação -0,03 27,4% 0,00 49,6% 0,03 43,4% mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar → 2. Motivação 0,06 7,1% -0,14 1,4% -0,21 0,4% 1.4. VAL - Afiliação → 2. Motivação 0,00 48,5% -0,01 44,9% -0,01 44,6% 1.5. VAL - Benevolência → 2. Motivação 0,03 22,2% 0,09 7,8% 0,06 23,1% 1.6. VAL - Afeição → 2. Motivação -0,02 29,8% 0,03 33,0% 0,05 31,0% 1.7. VAL - Desafio → 2. Motivação 0,09 1,5% 0,16 2,1% 0,07 24,4% 1.8. VAL - Racionalidade → 2. Motivação 0,08 4,2% 0,06 19,8% -0,02 47,5% 1.9. VAL - Materialismo → 2. Motivação -0,06 7,3% -0,06 11,8% 0,00 40,5% 2. Motivação → 3.1. Comp Afetivo 0,56 0,0% 0,45 0,0% -0,11 3,3% 2. Motivação → 3.2. Comp Instrumental 0,06 9,0% -0,06 11,1% -0,12 6,2% 2. Motivação → 3.3. Comp Normativo 0,46 0,0% 0,38 0,0% -0,08 6,2% 2. Motivação → 3.4. Comp com a profissão 0,48 0,0% 0,32 0,0% -0,16 0,0% 4.1. Percepção do próprio 5. Satisfação com a remuneração e → 0,05 19,1% 0,27 0,0% 0,22 0,0% desempenho recompensas 5. Satisfação com a remuneração e 4.2. Feedback de terceiros → -0,09 1,2% 0,07 5,5% 0,16 0,4% recompensas 5. Satisfação com a → 2. Motivação 0,53 0,0% 0,45 0,0% -0,07 13,6% remuneração e recompensas 4.1. Percepção do próprio 3.1. Comp Afetivo → 0,00 49,4% 0,28 0,0% 0,28 0,0% desempenho 3.1. Comp Afetivo → 4.2. Feedback de terceiros -0,15 0,8% -0,01 41,4% 0,14 6,2% 4.1. Percepção do próprio 3.2. Comp Instrumental → 0,00 48,6% -0,01 44,7% -0,01 48,3% desempenho 3.2. Comp Instrumental → 4.2. Feedback de terceiros 0,01 40,6% 0,03 26,8% 0,02 42,6% 4.1. Percepção do próprio 3.3. Comp Normativo → 0,10 6,0% 0,02 37,9% -0,08 20,2% desempenho 3.3. Comp Normativo → 4.2. Feedback de terceiros 0,04 29,1% 0,23 0,0% 0,19 2,1% 4.1. Percepção do próprio 3.4. Comp com a profissão → 0,07 10,9% 0,06 12,8% 0,00 49,6% desempenho 3.4. Comp com a profissão → 4.2. Feedback de terceiros -0,06 14,1% -0,10 4,8% -0,04 30,2% Fonte: Dados da pesquisa A TAB. 26 apresenta as medidas de ajuste da primeira e segunda parte do modelo para as amostras estadual e federal. Verifica-se que, no caso da primeira parte do modelo, o GoF da amostra estadual foi superior ao da amostra federal. Já no caso da segunda parte do modelo ocorreu o contrário. O GoF da amostra estadual foi inferior ao da amostra federal. Verifica-se também que todos os Q² dos construtos endógenos da primeira e segunda parte do modelo de ambas as amostras são superiores a 0% indicando um adequado poder de previsão do modelo. 124 No geral, a relevância preditiva dos construtos endógenos dos modelos de ambas as amostras foram pequenas ou médias e no caso da Motivação a relevância fica bem próxima de elevada, na esfera federal, e se confirmou elevada, na esfera estadual. Tabela 26 Ajuste do modelo – amostra estadual x federal Ajuste do modelo Parte Construtos endógenos Estadual Estadual GoF Q² GoF Q² 2. Motivação 32,6% 26,6% 3.1. Comp Afetivo 16,9% 11,7% 3.2. Comp Instrumental 0,1% 0,0% Primeira 3.3. Comp Normativo 35,0% 30,0% 10,6% 7,4% 3.4. Comp com a profissão 17,1% 6,5% 5. Satisfação com a remuneração e 0,6% 4,3% recompensas 4.1. Percepção do próprio 1,5% 3,4% Segunda desempenho 13,0% 22,0% 4.2. Feedback de terceiros 2,8% 2,7% Fonte: Dados da pesquisa 125 Na TAB. 27, verifica-se as correlações entre os construtos exógenos que impactam na motivação tanto no caso da amostra estadual, quanto no caso da amostra federal. Nesse caso, não foram observadas correlações superiores a 0,80, não havendo, portanto, multicolinearidade entre os construtos. Tabela 27 Correlação entre os construtos exógenos que impactam na Motivação – amostra estadual x federal Esfera Construtos 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 5 1.1. VAL 1,00 Hedonismo 1.2. VAL - Harmonia 0,51** 1,00 com o mundo interior 1.3. VAL - Apego 0,22** 0,37** 1,00 familiar 1.4. VAL - Afiliação 0,24** 0,47** 0,39** 1,00 1.5. VAL 0,27** 0,43** 0,29** 0,40** 1,00 Benevolência Estadual 1.6. VAL - Afeição 0,29** 0,39** 0,22** 0,33** 0,52** 1,00 1.7. VAL - Desafio 0,25** 0,44** 0,20** 0,34** 0,45** 0,37** 1,00 1.8. VAL 0,29v 0,39** 0,24** 0,28** 0,44** 0,31** 0,59** 1,00 Racionalidade 1.9. VAL 0,30** 0,10* 0,06 0,13* 0,09 0,03 0,10* 0,16* 1,00 Materialismo 5. Satisfação com a remuneração e 0,22** 0,35** 0,15* 0,20** 0,19** 0,12* 0,13* 0,10* 0,12* 1,00 recompensas 1.1. VAL 1,00 Hedonismo 1.2. VAL - Harmonia 0,65** 1,00 com o mundo interior 1.3. VAL - Apego 0,39** 0,65** 1,00 familiar 1.4. VAL -Afiliação 0,44** 0,57** 0,50** 1,00 1.5. VAL 0,33** 0,57** 0,56** 0,37** 1,00 Benevolência Federal 1.6. VAL - Afeição 0,40** 0,57** 0,55** 0,42** 0,70** 1,00 1.7. VAL - Desafio 0,43** 0,66** 0,62** 0,43** 0,72** 0,66** 1,00 1.8. VAL 0,38** 0,53** 0,53** 0,41** 0,60** 0,56** 0,76** 1,00 Racionalidade 1.9. VAL 0,17* 0,12* 0,15* 0,15* 0,09 0,13* 0,06 0,13* 1,00 Materialismo 5. Satisfação com a remuneração e 0,35** 0,37** 0,17* 0,17* 0,11** 0,14* 0,16* 0,10* 0,12* 1,00 recompensas Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%. 126 O mesmo foi realizado também no caso dos construtos exógenos da segunda parte do modelo para a amostra estadual e federal, que impactavam na Percepção do próprio desempenho e no Feedback de terceiros. A TAB. 28 demonstra que nesse caso também nenhuma correlação entre os pares de construto foi superior a 0,80. Tabela 28 Correlação entre os construtos exógenos que impactam na Percepção do próprio desempenho e no Feedback de terceiros – amostra estadual x federal Esfera Construtos 3.1 3.2 3.3 3.4 3.1. Comp Afetivo 1,00 3.2. Comp Instrumental 0,23** 1,00 Estadual 3.3. Comp Normativo 0,70** 0,44** 1,00 3.4. Comp com a profissão 0,51** 0,16* 0,61** 1,00 3.1. Comp Afetivo 1,00 3.2. Comp Instrumental 0,02 1,00 Federal 3.3. Comp Normativo 0,65** 0,21** 1,00 3.4. Comp com a profissão 0,27** -0,04 0,41** 1,00 Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%. 6.5 Análise de cluster A importância dos valores, em menor ou maior escala pode levar os indivíduos a apresentarem avaliações diferentes com relação aos outros construtos, bem como podem apresentar perfis sócio-demográfico ou profissional distinto. Dessa forma, optou-se por realizar uma análise de cluster com base nas variáveis (construtos) que mensuram os valores. Malhotra (2006) afirma que a análise de cluster é empregada de modo a classificar objetos ou casos em grupos relativamente homogêneos chamados de clusters ou conglomerados, sendo que são formados grupos homogêneos internamente e altamente heterogêneos entre si (MINGOTI, 2005). 127 6.5.1 Transformação dos construtos em variáveis Num primeiro momento, entretanto, todos os construtos do modelo foram transformados em variáveis, por meio de médias ponderadas, conforme procedimento descrito na fórmula abaixo (WILSON, HENSELER, 2007): X X Construto X = (Σ (L * E)) / ((Σ L)) i=1 i=1 L = Carga estrutural padronizada da variável no construto E = Nota de concordância / discordância atribuída pelo entrevistado X = Número de variáveis que irão compor o índice Para tanto, foram considerados os pesos encontrados no Outer Model de cada variável referente ao seu construto, para proceder com a média ponderada. A TAB. 29 exibe a estatística descritiva das novas variáveis criadas. Tabela 29 Estatística descritiva dos construtos transformados em variáveis Variável 1.1. VAL - Hedonismo 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar 1.4. VAL - Afiliação 1.5. VAL - Benevolência 1.6. VAL - Afeição 1.7. VAL - Desafio 1.8. VAL - Racionalidade 1.9. VAL - Materialismo 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão 4.1. Percepção do próprio desempenho 4.2. Feedback de terceiros 5. Satisfação com a remuneração e recompensas Fonte: Dados da pesquisa Mínimo Máximo Média 1,00 2,46 0,99 1,00 2,71 1,01 3,27 2,81 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 3,22 1,00 10,00 10,00 9,94 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,00 10,02 10,00 9,97 10,00 6,51 7,78 8,53 7,51 8,72 8,31 8,62 8,08 6,52 7,26 5,55 5,82 6,16 8,70 2,61 Desvio padrão 1,90 1,46 1,62 1,73 1,31 1,71 1,18 1,27 1,74 1,98 3,03 2,25 2,50 1,03 1,96 1,00 10,02 6,17 2,13 128 Verifica-se que após a transformação todas as variáveis apresentaram valores dentro dos extremos da escala e variabilidades medianas. Além disso, as médias foram bem diversas, como era de se esperar. Com base nessas novas variáveis foi dado prosseguimento à análise. Como a motivação foi mensurada por apenas uma variável, tal procedimento não foi necessário. 6.5.2 Formação dos clusters Existe uma série de passos que devem ser seguidos de forma a realizar uma análise de cluster conforme descreve a FIG. 06: Formule o problema Selecione uma medida de distância Escolha um procedimento de aglomeração Decida-se quanto ao número de cluster Interprete e perfile os clusters Avalie a validade do processo de aglomeração Figura 06 – Como fazer uma análise de cluster Fonte: Malhotra (2006; p. 575) Na seguinte pesquisa o problema já está definido: segmentar os indivíduos em relação à importância das nove dimensões de valores pessoais. Para realização dos cluster foram adotadas algumas medidas: - distância para a formação dos clusters e padronização Z das variáveis de modo a eliminar efeitos de diferenças na variabilidade inerente das medições (MALHOTRA, 2006); 129 - cluster aglomerativo e método de Ward, ser hábil em reduzir a variabilidade dentro dos grupos de forma mais eficaz (HAIR et al., 2005), sendo por tal motivo conhecido como método de “mínima variância” (MINGOTI, 2005). Quanto ao número de cluster num primeiro momento foram testadas as opções de 2 a 5 grupos. Observando a diferença do número de indivíduos em cada grupo e a diferença com relação às notas médias nos valores pessoas optou-se trabalhar com os clusters de três grupos. O GRAF. 16 apresenta os percentuais para os três segmentos. Verifica-se que o primeiro grupo tende a Importar com os valores muito mais do que gostaria, comparados as outras pessoas e corresponde a 30%. Já o segundo grupo tende a importar com os valores mais do que gostaria, comparados as outras pessoas e corresponde a 55% dos entrevistados. Por fim, o terceiro grupo é composto dos indivíduos que tendem a importar com os valores menos do que gostariam e corresponde a 15% dos indivíduos. 100% 90% 80% 70% 55% 60% 50% 40% 30% 30% 15% 20% 10% 0% Muito mais do que eu gostaria Mais do que eu gostaria Menos do que eu gostaria Gráfico 16 – Cluster criados com base nas variáveis de Valores pessoais Fonte: Dados da pesquisa De modo a testar a diferença de média entre os três grupos para as variáveis que mensuram os valores pessoais foi utilizado um testes t para amostras independentes, com correção de Bonferroni, uma vez que a comparação foi realizada com base em três grupos e o teste é geralmente utilizado para comparar duas amostras. Cada grupo foi caracterizado por uma letra diferente na TAB. 30 em que são exibidos os resultados do teste. Com base nessa legenda caso o grupo apresente uma média superior à de outro grupo, a letra referente ao grupo de menor média é exibida ao lado da média 130 referente ao grupo que possui um valor superior. Vale ressaltar que para considerar que pelo menos um dos grupos possui média diferente foi considerado um nível de significância de 5%. Tabela 30 Teste de diferença de média com correção de Bonferroni das variáveis que mensuram os valores pessoais com base nos segmentos encontrados na análise de cluster Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Muito mais do que Mais do que eu Menos do que eu Valores eu gostaria gostaria gostaria 30% 55% 15% A B C B,C C 1.1. VAL - Hedonismo 8,00 6,19 4,70 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 8,95B,C 7,69C 5,73 B,C C 1.3. VAL - Apego familiar 9,39 8,71 6,16 1.4. VAL - Afiliação 8,81B,C 7,43C 5,19 B,C C 1.5. VAL - Benevolência 9,56 8,77 6,85 B,C C 1.6. VAL - Afeição 9,41 8,32 6,05 1.7. VAL - Desafio 9,44B,C 8,65C 6,89 B,C C 1.8. VAL - Racionalidade 9,03 7,99 6,46 1.9. VAL - Materialismo 7,37B,C 6,49C 4,92 Fonte: Dados da pesquisa Verifica-se que os três extratos apresentam médias diferentes para todas as variáveis que mensuram os valores pessoais com base no teste, sendo que o primeiro apresenta a maior média e o terceiro a menor média. 131 6.5.3 Diferenças comportamentais nos perfis dos clusters O Teste t com correção de Bonferroni foi utilizado também para comparar a nota média atribuída pelos três clusters às referentes à Motivação, aos Comprometimentos, ao Desempenho e a Satisfação com a remuneração e recompensas. A TAB. 31 apresenta os resultados do teste. Tabela 31 Teste de diferença de média com correção de Bonferroni dos outros construtos do modelo com base nos segmentos encontrados na análise de cluster Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Muito mais do que Mais do que eu Menos do que eu Outros construtos eu gostaria gostaria gostaria 30% 55% 15% A B C B,C 2. Motivação 8,50 7,54 7,08 3.1. Comp Afetivo 7,97B,C 7,11C 6,40 A 3.2. Comp Instrumental 5,10 5,65 6,10A B,C C 3.3. Comp Normativo 6,53 5,63 5,11 B,C 3.4. Comp com a profissão 6,90 5,92 5,53 4.1. Percepção do próprio desempenho 9,02B,C 8,66C 8,22 A 4.2. Feedback de terceiros 2,33 2,66 2,99A 5. Satisfação com a remuneração e 6,72B,C 6,03C 5,56 recompensas Fonte: Dados da pesquisa A Motivação e o Comprometimento com a profissão apresentaram uma média superior no caso do primeiro cluster comparados aos outros dois que não apresentaram diferença entre si. Já no caso das variáveis Comprometimento Afetivo, Comprometimento Normativo, Percepção do próprio desempenho e Satisfação com a remuneração e recompensas o primeiro cluster apresentou uma média superior aos outros dois e o segundo apresentou uma média superior ao terceiro. No caso das variáveis Comprometimento Instrumental e Feedback de terceiros o segundo e o terceiro cluster não apresentaram médias diferentes entre si, mas apresentaram uma média superior ao primeiro cluster. 132 Por fim, com base na TAB. 32 observa-se que não foram encontradas médias de idade diferentes entre os três clusters, uma vez que a significância do teste foi superior a 5%. Tabela 32 Teste de diferença de média com correção de Bonferroni idade com base nos segmentos encontrados na análise de cluster Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Menos do Muito mais do que eu Mais do que eu Outras variáveis Sig. que eu gostaria gostaria gostaria (A) (B) (C) DAP108. Qual a sua idade 41 anos 41 anos 42 anos >5% Fonte: Dados da pesquisa 6.5.4 Diferenças sócio-demográficas nos perfis dos clusters No caso das variáveis sócio-demográficos, que podem ser consideradas categóricas ou ordinais foi utilizado o método de tabulação cruzada por serem mais adequadas ao cruzamento das variáveis envolvidas, que refletem a distribuição conjunta da frequência das categorias de duas ou mais variáveis (MALHOTRA, 2006). Para testar a significância estatística da associação observada entre duas variáveis na tabulação cruzada utiliza-se a estatística qui-quadrado, que deve apresentar uma significância inferior a 5%. Entretanto, tal estatística reflete apenas se existe associação entre duas variáveis nominais ou categorias. Já para verificar a associação entre as categorias de ambas as variáveis deve-se utilizar também a medida “resíduo padronizado ajustado”. Agresti (2002) revela que sob a hipótese nula de que duas variáveis são independentes (não são associadas), o resíduo ajustado terá uma distribuição normal, com média 0 e desvio-padrão 1. Assim, um resíduo ajustado superior a 1,96 ou inferior a -1,96 indicam que o número de casos em determinada célula é significativamente maior (primeiro caso) ou menor (segundo caso) do que seria esperado se a hipótese nula fosse verdadeira, com um nível de significância de 5%. Malhotra (2006) ressalva também que para que as estatísticas calculadas sejam confiáveis deve haver pelo menos cinco observações em cada célula. 133 A TAB. 33 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e a esfera onde os funcionários públicos trabalham. A estatística qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 1% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na esfera estadual e uma associação menor do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na esfera federal. O contrário também foi observado, ou seja, uma maior associação entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na esfera federal e uma associação menor do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na esfera estadual. Não foram observadas concentrações fora do esperado entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas. Tabela 33 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e a esfera onde os funcionários públicos trabalham Esfera onde os Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas funcionários Total Muito mais do que eu Menos do que eu Mais do que eu gostaria públicos trabalham gostaria gostaria 265 345 33 643 n Estadual % coluna 81,040 58,081 20,245 59,317 -0,912 9,569 -11,017 AR. 62 249 130 441 n Federal % coluna 18,960 41,919 79,755 40,683 0,912 -9,569 11,017 AR. n 327 594 163 1084 Total % coluna 100 100 100 100 Teste qui-quadrado - valor 167,43; gl. 2; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa 134 A TAB. 34 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e o tipo de vínculo empregatício. A estatística qui-quadrado apresentou uma significância superior a 10% indicando não haver associação entre essas duas variáveis. Tabela 34 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o tipo de vínculo empregatício Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Tipo de vínculo Total Muito mais do que eu Mais do que eu Menos do que eu empregatício gostaria gostaria gostaria n 144 180 19 343 % Efetivo 54,340 52,174 57,576 53,344 coluna AR. 0,424 -0,640 0,500 n 121 165 14 300 % Terceirizado 45,660 47,826 42,424 46,656 coluna AR. -0,424 0,640 -0,500 n 265 345 33 643 Total % 100 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 0,53; gl. 2; sig. >10% Fonte: Dados da pesquisa A TAB. 35 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e se recebeu aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses. A estatística quiquadrado apresentou uma significância inferior a 1% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e não ter recebido aumento de salário nos últimos 12 meses por merecimento. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ter recebido aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses. Não foram observadas concentrações fora do esperado entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas. 135 Tabela 35 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e se recebeu aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses Recebeu aumento Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas salarial por Total Muito mais do que eu Mais do que eu Menos do que eu merecimento nos gostaria gostaria gostaria últimos 12 meses n 251 419 89 759 % Não recebeu 76,758 70,539 54,601 70,018 coluna AR. 0,412 3,183 -4,661 n 76 175 74 325 % Recebeu 23,242 29,461 45,399 29,982 coluna AR. -0,412 -3,183 4,661 n 327 594 163 1084 Total % 100 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 25,61; gl. 2; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa A TAB. 36 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e se mudou de emprego nos últimos 12 meses. A estatística qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 1% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e não ter mudado de emprego nos últimos 12 meses. Por outro lado, observou-se uma concentração maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ter mudado de emprego nos últimos 12 meses. Não foram observadas concentrações fora do esperado entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas. 136 Tabela 36 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e se mudou de emprego nos últimos 12 meses Mudou de Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas emprego nos Total Muito mais do que eu Menos do que eu Mais do que eu gostaria últimos 12 meses gostaria gostaria n 267 514 150 931 Não % 81,651 86,532 92,025 85,886 mudou coluna AR. 0,673 -2,632 2,442 n 60 80 13 153 Já % 18,349 13,468 7,975 14,114 mudou coluna AR. -0,673 2,632 -2,442 n 327 594 163 1084 Total % 100 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 0,64; gl. 2; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa A TAB. 37 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e se ocupa algum cargo de chefia. A estatística qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 5% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e não ocupar cargo de chefia. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ocupar cargo de chefia. Não foram observadas concentrações fora do esperado entre o cluster que dá menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas. 137 Tabela 37 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e se ocupa algum cargo de chefia Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Ocupa algum Total Muito mais do que eu Menos do que eu cargo de chefia Mais do que eu gostaria gostaria gostaria n 43 122 30 195 % Sim 13,150 20,539 18,405 17,989 coluna AR. 0,150 -2,726 2,406 n 284 472 133 889 % Não 86,850 79,461 81,595 82,011 coluna AR. -0,150 2,726 -2,406 n 327 594 163 1084 Total % 100 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 7,83; gl. 2; sig. <5% Fonte: Dados da pesquisa 138 A TAB. 38 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e há quanto tempo ocupa algum cargo de chefia. A estatística qui-quadrado apresentou uma significância superior a 10% indicando não haver associação entre essas duas variáveis. Tabela 38 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster há quanto tempo ocupa algum cargo de chefia Há quanto tempo Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas ocupa algum Total Muito mais do que eu Menos do que eu Mais do que eu gostaria cargo de chefia gostaria gostaria n 8 17 2 27 Menos % 19,512 14,167 6,897 14,211 de 1 ano coluna AR. 1,098 -0,023 -1,225 n 4 17 5 26 De 1 a 2 % 9,756 14,167 17,241 13,684 anos coluna AR. -0,826 0,253 0,605 n 4 12 4 20 De 2 a 3 % 9,756 10,000 13,793 10,526 anos coluna AR. -0,181 -0,310 0,623 n 25 74 18 117 Mais de % 60,976 61,667 62,069 61,579 3 anos coluna AR. -0,090 0,033 0,059 n 41 120 29 190 Total % 100 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 3,00; gl. 6; sig. >10% Fonte: Dados da pesquisa A TAB. 39 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e o tipo de remuneração recebida. A estatística qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 5% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber remuneração somente fixa. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber remuneração fixa e variável. Além disso, verificou-se uma associação 139 menor do que a esperada entre o cluster que dá menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber remuneração somente variável. Não foram observadas concentrações fora do esperado entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas. Tabela 39 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o tipo de remuneração recebida Tipo de Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas remuneração Total Muito mais do que eu Menos do que eu Mais do que eu gostaria recebida gostaria gostaria n 202 251 25 478 Somente % 64,127 43,053 15,625 45,180 fixa coluna AR. -1,540 8,063 -8,154 n 36 59 5 100 Somente % 11,429 10,120 3,125 9,452 variável coluna AR. 1,431 0,823 -2,969 n 77 273 130 480 Fixa e % 24,444 46,827 81,250 45,369 variável coluna AR. 1,055 -8,901 9,895 n 315 583 160 1058 Total % 100 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 140,98; gl. 4; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa A TAB. 40 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e a área do curso que os entrevistados estudam. Neste caso foi necessário agrupar as “De 20 a 25 anos” e “Mais de 25 anos” por terem um n muito pequeno o que levou a apresentar células com valor esperado menor que 5. Considerando a nova variável verificou-se que estatística qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 1% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na ocupação atual há menos de 1 ano. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na ocupação atual de 2 a 10 anos. Além disso, verificou-se uma associação menor do que a esperada entre o cluster que dá menos importância aos valores 140 pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na ocupação atual há menos de 1 ano ou há mais de 20 anos. Não foram observadas concentrações fora do esperado entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas. Tabela 40 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o tempo que está na ocupação atual Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Tempo que está na Total Muito mais do que eu Menos do que eu ocupação atual Mais do que eu gostaria gostaria gostaria n 111 173 34 318 Menos % 33,945 29,125 20,859 29,336 de 1 ano coluna AR. -0,168 2,191 -2,579 n 92 192 67 351 De 2 a 5 % 28,135 32,323 41,104 32,380 anos coluna AR. -0,044 -1,963 2,582 n 34 81 39 154 De 6 a % 10,398 13,636 23,926 14,207 10 anos coluna AR. -0,592 -2,361 3,856 n 50 78 14 142 De 11 a % 15,291 13,131 8,589 13,100 20 anos coluna AR. 1,405 0,034 -1,852 n 40 70 9 119 Mais de % 12,232 11,785 5,521 10,978 20 anos coluna AR. 0,868 0,935 -2,418 n 327 594 163 1084 Total % 100 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 35,31; gl. 8; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa 141 A TAB. 41 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e o sexo dos entrevistados. A estatística qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 1% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ser do sexo feminino. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ser do sexo masculino. Não foram observadas concentrações fora do esperado entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas. Tabela 41 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o sexo dos entrevistados Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Sexo dos Muito mais do que eu Mais do que eu Menos do que eu entrevistados gostaria gostaria gostaria n 208 311 68 % Feminino 63,609 52,357 41,718 coluna AR. -1,305 4,107 -3,456 n 119 283 95 % Masculino 36,391 47,643 58,282 coluna AR. 1,305 -4,107 3,456 n 327 594 163 Total % 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 22,70; gl. 2; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa Total 587 54,151 497 45,849 1084 100 A TAB. 42 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e o estado civil dos entrevistados. Foi necessário desconsiderar a parcela de viúvos por serem muito poucos, o que levou com que alguma célula apresentasse uma frequência menor do que 5. A estatística qui-quadrado com base na variável com três categorias apresentou uma significância superior a 10% indicando não haver associação entre essas duas variáveis. 142 Tabela 42 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o estado civil Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Estado civil Muito mais do que eu Mais do que eu Menos do que eu gostaria gostaria gostaria n 129 214 60 % Solteiro 40,313 36,581 37,736 coluna AR. 1,075 -0,962 -0,039 n 154 297 78 % Casado 48,125 50,769 49,057 coluna AR. -0,682 0,758 -0,181 n 37 74 21 Separado / % 11,563 12,650 13,208 divorciado coluna AR. -0,547 0,266 0,332 n 320 585 159 Total % 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 1,36; gl. 4; sig. >10% Fonte: Dados da pesquisa Total 403 37,876 529 49,718 132 12,406 1064 100 A TAB. 43 apresenta o resultado dos testes para associação entre as três categorias de cluster e se possui filhos. Neste caso também foi necessário reagrupar as categorias em duas, por alguma delas apresentarem um n muito pequeno o que levou a apresentar células com valor esperado menor que 5. Considerando a nova variável verificou-se que a estatística quiquadrado apresentou uma significância superior a 10% indicando não haver associação entre essas duas variáveis. 143 Tabela 43 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e se possui filhos Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Possui filhos Muito mais do que eu Menos do que eu Mais do que eu gostaria gostaria gostaria n 142 253 72 Não tem % 43,425 42,593 44,172 filhos coluna AR. 0,150 -0,358 0,305 n 185 341 91 Tem % 56,575 57,407 55,828 filhos coluna AR. -0,150 0,358 -0,305 n 327 594 163 Total % 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 0,15; gl. 2; sig. >10% Fonte: Dados da pesquisa Total 467 43,081 617 56,919 1084 100 A TAB. 44 apresenta os resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e o nível de escolaridade. Neste caso também foi necessário reagrupar as categorias pós-graduação lato sensu e stricto sensu, por alguma delas apresentarem um n muito pequeno o que levou a apresentar células com valor esperado menor que 5. Considerando a nova variável verificou-se que a estatística qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 1% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ter cursado Ensino fundamental ou médio. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ter feito pós-graduação. Não foram observadas concentrações fora do esperado entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas. 144 Tabela 44 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e o nível de escolaridade Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Nível de escolaridade Muito mais do que eu Mais do que eu Menos do que eu gostaria gostaria gostaria n 26 25 1 Ensino % 7,951 4,209 0,613 Fundamental coluna AR. -0,998 3,194 -2,712 n 133 211 32 Ensino % 40,673 35,522 19,632 Médio coluna AR. 0,636 2,722 -4,381 n 106 188 49 Ensino % 32,416 31,650 30,061 Superior coluna AR. 0,360 0,006 -0,471 n 62 170 81 Pós% 18,960 28,620 49,693 graduação coluna AR. -0,204 -4,734 6,363 n 327 594 163 Total % 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 63,11; gl. 6; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa Total 52 4,797 376 34,686 343 31,642 313 28,875 1084 100 A TAB. 45 apresenta o resultados dos testes para associação entre as três categorias de cluster e a faixa salarial recebida. A estatística qui-quadrado apresentou uma significância inferior a 1% indicando associação entre as variáveis. Além disso, pode-se observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber “Até 1 salário” ou “Acima de 4 até 5 salários mínimos”. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber “Acima de 6 até 20 salários mínimos”. Além disso, verificou-se uma associação menor do que a esperada entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber “Acima de 3 até 4 salários mínimos”. 145 Tabela 45 Teste de associação qui-quadrado entre os segmentos do cluster e a faixa salarial recebida Importância dos valores de vida comparativamente às outras pessoas Faixa salarial Muito mais do que eu Menos do que eu recebida Mais do que eu gostaria gostaria gostaria n 29 27 3 Até 1 % salário 8,869 4,545 1,840 coluna mínimo AR. -1,434 3,268 -2,199 Acima n 95 164 15 de 1 até % 29,052 27,609 9,202 2 coluna salários 1,880 1,946 -5,123 mínimos AR. Acima n 47 76 11 de 2 até % 14,373 12,795 6,748 3 coluna salários 1,322 0,477 -2,362 mínimos AR. Acima n 35 47 21 de 3 até % 10,703 7,912 12,883 4 coluna salários 0,887 1,597 -1,965 mínimos AR. Acima n 41 48 14 de 4 até % 12,538 8,081 8,589 5 coluna salários -1,757 -0,431 2,241 mínimos AR. Acima n 51 128 45 de 6 até % 15,596 21,549 27,607 10 coluna salários 0,792 -2,708 2,375 mínimos AR. Acima n 25 91 50 de 10 até % 7,645 15,320 30,675 20 coluna salários 0,006 -4,608 5,908 mínimos AR. 4 13 4 Acima n de 20 % 1,223 2,189 2,454 salários coluna mínimos AR. -1,121 0,661 0,519 n 327 594 163 Total % 100 100 100 coluna Teste qui-quadrado - valor 92,57; gl. 14; sig. <1% Fonte: Dados da pesquisa Total 59 5,443 274 25,277 134 12,362 103 9,502 103 9,502 224 20,664 166 15,314 21 1,937 1084 100 146 7 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS O modelo proposto pela pesquisa apresenta recursividade e, dessa forma, apresenta limitação por parte dos softwares disponíveis no mercado. Isso não prejudicou o andamento do trabalho, visto que o modelo foi dividido em duas partes, de modo a lidar com essa limitação estatística. Num primeiro momento, foi proposto reunir todos os dados, tanto àqueles provenientes da pesquisa no âmbito federal, quanto os provenientes da pesquisa no âmbito estadual. A análise estatística, referente à primeira parte do modelo, mostra que o construto Motivação é explicado pelos nove construtos referentes aos valores pessoais, a saber: afeição, afiliação, apego familiar, benevolência, harmonia com o mundo interior, hedonismo, materialismo, desafio e racionalidade. No entanto, desses, apenas os construtos desafio e racionalidade apresentaram impacto estatisticamente significativo. Isso quer dizer que, de maneira geral, os funcionários públicos que buscam desafios, crescimento pessoal, que são detalhistas, pensam de maneira lógica e racional apresentam nível de motivação estatisticamente significativo. O construto motivação é explicado pelo construto de satisfação com a remuneração e recompensas e na análise estatística demonstrou impacto estatisticamente significativo. Isso quer dizer que os funcionários públicos abordados, em geral, que estão satisfeitos com o salário e benefícios, com a autonomia para desenvolver o trabalho e com os relacionamentos profissionais apresentam nível de motivação estatisticamente significativo. Os testes estatísticos também demonstraram que o construto de motivação traz impacto estatisticamente significativo nos construtos de comprometimento afetivo, normativo e com a profissão. Isso quer dizer que aqueles funcionários públicos que, de maneira geral, se sentem 147 motivados, são mais ligados emocionalmente com a organização, se sentem obrigados a permanecer na organização e se dedicam mais à profissão. Em contrapartida, os funcionários públicos, de maneira geral, não se preocupam com os impactos associados a um possível desligamento da organização. Por fim, os testes estatísticos da primeira parte do modelo mostram que aqueles funcionários públicos que, de forma geral, valorizam o alcance das metas estabelecidas, importância das tarefas para obtenção dos resultados, geralmente, estão mais satisfeitos com o salário e benefícios, com a autonomia para desenvolver o trabalho e com os relacionamentos profissionais estabelecidos. Por outro lado, quanto menos percebem o recebimento de feedback pelo trabalho executado, menor a satisfação com a remuneração e as recompensas recebidas. Na segunda parte do modelo, o construto percepção do próprio desempenho e feedback por parte de terceiros, sofreram impacto estatisticamente significativo pelo construto comprometimento afetivo. Isso quer dizer que aqueles funcionários públicos que, em geral, estão ligados emocionalmente com a organização percebem a importância do alcance das metas estabelecidas e das tarefas para obtenção dos resultados. Porém, esses mesmos funcionários mostraram que quanto mais envolvidos emocionalmente com a organização, menor a percepção em relação ao recebimento de feedback pelo trabalho executado e em relação aos conflitos profissionais. Num segundo momento, foi realizada a análise multigrupos dos dados, a fim de comparar os resultados da pesquisa no âmbito federal com o resultado da pesquisa no âmbito estadual. No caso do âmbito estadual, conforme apêndices D e E, o construto motivação foi impactado de forma estatisticamente significativo pelos construtos de valores, a saber: desafio e racionalidade. Isso quer dizer quanto mais o indivíduo busca desafio, crescimento pessoal, 148 ser criativo, pensar de maneira lógica e racional, mais motivados estarão. Além disso, os testes estatísticos demonstraram que quanto mais motivados os indivíduos, mais comprometidos emocionalmente com a organização, mais comprometidos com o sentimento de obrigação em permanecerem empregados da organização e mais comprometidos com a profissão. Os testes, também, revelaram que quanto menos os empregados recebem feedback pelo trabalho executado, maior é o nível de satisfação com a remuneração e recompensas. Não obstante, quanto mais satisfeitos com a remuneração e recompensas, maior o nível de motivação e quanto menos envolvidos emocionalmente com o organização, maior o nível de percepção do feedback em relação ao trabalho executado. No âmbito federal, conforme apêndices D e E, a análise estatística revela que quanto menor o apego familiar, ou seja, ligação com a família e à segurança percebida no seio familiar, maior a motivação dos indivíduos e quanto maior a busca por desafio e crescimento pessoal, maior a motivação. Além disso, os testes estatísticos demonstraram que quanto maior a motivação, os indivíduos ficam mais comprometidos emocionalmente com a organização, mais comprometidos com o sentimento de obrigação em permanecerem empregados da organização e mais comprometidos com a profissão. Além disso, a pesquisa revelou que quanto mais os indivíduos percebem o alcance das metas estabelecidas e importância das tarefas para obtenção dos resultados, mais eles ficam satisfeitos com a remuneração e recompensas oferecidas pela organização. Os testes, também, revelaram que quanto maior a satisfação com a remuneração e recompensas recebidas, maior a motivação dos indivíduos. Não obstante, quanto menos os indivíduos estão comprometimento com a profissão, mais eles recebem feedback pelo trabalho executado e quanto mais estão comprometidos com o sentimento de obrigação em permanecerem empregados da organização, mais percebem o recebimento de feedback pelo trabalho executado. Além disso, quanto mais envolvidos 149 emocionalmente com a organização, mais os indivíduos percebem o alcance das metas estabelecidas e importância das tarefas para obtenção dos resultados. A análise de cluster apresentou importantes contribuições para o trabalho. Segundo os testes estatísticos, é possível observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na esfera estadual e uma associação menor do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na esfera federal. O contrário também foi observado, ou seja, uma maior associação entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na esfera federal e uma associação menor do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na esfera estadual. Os testes, também, revelaram que uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e não ter recebido aumento de salário nos últimos 12 meses por merecimento. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ter recebido aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses. Além disso, uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e não ter mudado de emprego nos últimos 12 meses. Por outro lado, observou-se uma concentração maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ter mudado de emprego nos últimos 12 meses. 150 Também, uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e não ocupar cargo de chefia. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ocupar cargo de chefia. A análise revelou uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber remuneração somente fixa. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber remuneração fixa e variável. Além disso, verificou-se uma associação menor do que a esperada entre o cluster que dá menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber remuneração somente variável. Não obstante, observou-se uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na ocupação atual há menos de 1 ano. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na ocupação atual de 2 a 10 anos. Além disso, verificou-se uma associação menor do que a esperada entre o cluster que dá menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e trabalhar na ocupação atual há menos de 1 ano ou há mais de 20 anos. O teste demonstrou uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ser do sexo feminino. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada 151 entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ser do sexo masculino. Foi possível observar uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ter cursado Ensino fundamental ou médio. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e ter feito pós-graduação. Por fim, observa-se uma associação maior do que a esperada entre dar muito mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber “Até 1 salário” ou “Acima de 4 até 5 salários mínimos”. Por outro lado, observou-se também uma associação maior do que a esperada entre dar menos importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber “Acima de 6 até 20 salários mínimos”. Além disso, verificou-se uma associação menor do que a esperada entre o cluster que dá mais importância aos valores pessoais do que gostaria comparativamente as outras pessoas e receber “Acima de 3 até 4 salários mínimos”. 152 8 CONCLUSÕES Importantes considerações podem ser realizadas, com base nos resultados obtidos nessa pesquisa. A primeira delas envolve o modelo proposto. Constatou-se que o diagrama esquemático, elaborado inicialmente, desconsiderava a dimensionalidade dos construtos e, por isso, demandava alterações estruturais importantes. O modelo proposto pela pesquisa é retroalimentado, ou seja, não é possível definir nem o seu início, nem o seu fim. Entretanto, esse tipo de modelo não é passível de teste utilizando os softwares disponíveis. Dessa forma, optou-se por dividir o modelo em duas partes, de modo a lidar com a limitação das ferramentas estatísticas disponíveis. Vale dizer que a quantidade de hipóteses propostas demonstra a preocupação em dar maior amplitude à análise. O mérito do trabalho está em comparar simultaneamente o conjunto maior de construtos no mesmo ambiente. Trata-se de uma vantagem em relação aos estudos que utilizam um número menor de construtos/variáveis e, por conseguinte, hipóteses. O modelo proposto foi redesenhado para considerar a dimensionalidade dos construtos, dentre eles: nove construtos de valores, quatro construtos de comprometimento e dois construtos de desempenho. Além disso, o modelo conta com o construto motivação e o construto comprometimento instrumental. Na metodologia utilizada, realizou-se uma pesquisa quantitativa em duas instituições públicas (uma do âmbito estadual e outra no âmbito federal), envolvendo 1090 funcionários públicos (646 na estadual e 444 na federal). Vale destacar que a pesquisa apresentou resultados importantes para o meio acadêmico e para o funcionalismo público. Com o resultado da pesquisa, pode-se concluir que os funcionários públicos que buscam desafios, crescimento pessoal, que são detalhistas, pensam de maneira lógica e racional, que estão satisfeitos com o salário e benefícios, com a autonomia para desenvolver o trabalho e com os relacionamentos profissionais possuem mais motivação no trabalho. Tais argumentos corroboram com os estudos de Rokeach e Regan (1980), Schwartz (1992) e Kahle et al. (1986). A pesquisa demonstra, também, que aqueles funcionários públicos que, de maneira geral, se sentem motivados, são mais ligados emocionalmente com a organização, se sentem 153 obrigados a permanecer na organização e se dedicam mais à profissão. Tais argumentos corroboram com os estudos de Meyer e Allen (1997) e Tamayo (2001). Vale destacar que a pesquisa aponta que os funcionários públicos que, de forma geral, valorizam o alcance das metas estabelecidas, se importam com as tarefas para obtenção dos resultados, geralmente, estão mais satisfeitos com o salário e benefícios, com a autonomia para desenvolver o trabalho e com os relacionamentos profissionais estabelecidos. Tais argumentos corroboram com os estudos de Locke e Latham (1990) e Lawler (1994). Não obstante, quando se trata de remuneração, a maioria das pessoas vislumbra melhores recompensas e benefícios possíveis em retribuição às suas habilidades, aos seus esforços e ao tempo despendido. A pesquisa, também, contribui, no sentido de mostrar que aqueles funcionários públicos que, em geral, estão ligados emocionalmente com a organização percebem melhor a importância do alcance das metas estabelecidas e das tarefas para obtenção dos resultados. Tais argumentos corroboram com os estudos de Meyer e Allen (1997) e Meyer e Herscovith (2001). Assim, o pressuposto de que pessoas com valores distintos, submetidas ao estabelecimento de recompensas adequadas no serviço público, alavanca os níveis de motivação, comprometimento organizacional e desempenho foi devidamente demonstrado na pesquisa em questão. Portanto, acredita-se que o objetivo do trabalho foi alcançado, já que ele avaliou o modo como os construtos relacionados se comportaram segundo as associações propostas. Também, apresentou a maneira como diferentes grupos de pessoas avaliam esses construtos, ou seja, de que forma indivíduos dotados de valores distintos se comportaram diante dos construtos estabelecidos. As limitações desta pesquisa envolvem o tamanho e o perfil da amostra, as características do tipo de pesquisa realizada e o modelo proposto. Sugere-se, para pesquisas futuras, a utilização de amostra maior, envolvendo quantidade superior de respondentes e organizações. 154 REFERÊNCIAS ADAMS, J. S. Inequity in Social Exchange. In: BERKOWITZ, L. 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Valores são mais estáveis e ocupam posição mais central do que atitudes no sistema cognitivo de uma pessoa. Portanto, os valores são determinantes das atitudes e dos comportamentos Rokeach e Regan (1980) Os valores podem ser interpretados como aquilo que se refere aos comportamentos e cursos de ações desejáveis, empregados como normas e critérios que conduzem os indivíduos a determinadas ações. Bastos (1993) Altos níveis de comprometimento do indivíduo com a organização produzem resultados que são consideravelmente positivos e benéficos para ambos. Randall (1987) Allen e Meyer (1990) Lahiry (1994) Randall e Driscoll (1997) Driscoll e Randall (1999) Mowday (1998) Somers e Birbaum (2000) Rego e Souto (2002) Fedor, Caldwell e Herold (2006) Mohamed, Taylor e Hassan (2006) Liou (2008) Os resultados oriundos do comprometimento organizacional são importantes para a eficácia organizacional. Mowday (1998) Os empregados comprometidos podem beneficiar a performance da empresa, incrementando os índices de desempenho e reduzindo o índice de rotatividade e absenteísmo. Allen e Meyer (1990) Os antecedentes do comprometimento constituem os fatores que permitem caracterizá-lo. Para cada componente do comprometimento – afetivo, instrumental e normativo – é provável que exista um antecedente distinto. Allen e Meyer (1990) É importante que os administradores examinem esses antecedentes, a fim de conduzirem com mais propriedade o processo de comprometimento dos empregados nas organizações, além de estimular o desenvolvimento do perfil de comprometimento desejado. 179 VARIÁVEIS AUTORES DEFINIÇÃO / AFIRMAÇÃO Remuneração e Recompensas Camara (2006) Um sistema de recompensas permite que a organização atraia e retenha talentos, sirva como fonte de motivação, aprimore a produtividade, contribua para a cultura ou o clima da empresa, auxilie na definição do estatuto e da hierarquia e faça uma análise custo/benefício mais profunda. Jensen, McMullen e Stark (2007) A condução bem-sucedida dos programas de compensação oferecidos aos empregados servirá como ferramenta-chave para o aprimoramento dos resultados organizacionais. Os empresários precisam incorporar uma abordagem flexível aos seus programas de remuneração, a fim de favorecer o entrosamento e o comprometimento dos empregados às equipes de trabalho e à organização. O‟Driscoll e Randall (1999) As recompensas extrínsecas caracterizadas como recompensas financeiras apresentam forte relação com a satisfação no trabalho e com o comprometimento organizacional, embora cada componente do comprometimento seja influenciado de forma distinta. Steers, Mowday e Shapiro (2004) A motivação é importante propulsor do desempenho organizacional. Armstrong (2007) A Teoria da Motivação se preocupa em identificar o que move as pessoas a cometerem determinadas atitudes, ou seja, o que as direciona a fazerem o que fazem, investigando os aspectos que influenciam seus comportamentos. Locke (2000) A motivação direciona as ações, ou seja, orienta a atenção dos indivíduos às ações que deverão ser adotadas frente a diversas situações vivenciadas, afetando a escolha dos aspectos em que o indivíduo deverá tomar decisões em dados momentos. Steel, Konic (2006) Os comportamentos são guiados, em parte, pelas nossas necessidades, ou seja, por ações que representam nossas necessidades, que se relacionam com os valores cultivados pelos indivíduos, gerando, portanto, um processo de harmonização entre os valores e as necessidades. Camara (2006, p. 88) “Recompensas que são importantes e valorizadas pelos indivíduos têm impacto na motivação para atuarem de determinada forma ou em determinado sentido. As pessoas, como referimos, atuarão da forma que entendam que as levarão a receber recompensas a que atribuem valor”. Motivação 180 VARIÁVEIS AUTORES DEFINIÇÃO / AFIRMAÇÃO Armstrong (2007, p. 127) “O dinheiro motiva porque está diretamente ou indiretamente ligado à satisfação de diversas necessidades”. Steers, Mowday e Shapiro (2004) O interesse de se envolver em determinada tarefa, bem como o esforço investido nela, dependerá sobremaneira do quanto o empregado acredita que sua realização conduzirá a resultados significativos (valiosos). Meyer, Becker e Vandenberghe (2004) O comprometimento é um dos componentes da motivação. Jensen, McMullen e Stark (2007) Fonte: Elaborado pelo autor do trabalho As recompensas desempenham impacto significativo na motivação dos empregados. 181 APÊNDICE B- CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO E DO MODELO ESTRUTURAL PROPOSTO O questionário utiliza conjuntos de perguntas oriundos de autores consagrados na literatura internacional que foram validados no Brasil. As perguntas foram agrupadas segundo o construto que se propõem a medir. O QUADRO 19 ilustra as relações entre cada pergunta do questionário com os respectivos construtos. Pode-se dizer que o instrumento de coleta de dados se apoia em uma base teórica aceita pela comunidade internacional sobre as questões pesquisadas. O grande desafio da pesquisa é associar estudos paralelos de tal forma a alcançar os objetivos estabelecidos. Quadro 19 - Construção do questionário e do modelo estrutural proposto CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO E DO MODELO ESTRUTURAL PROPOSTO QUESTÃO CONSTRUTO FINAL SUSTENTAÇÃO TEÓRICA VAL1 Hedonismo Kahle et al. (1986) – Modelo LOV Rokeach e Regan (1980) – Escala de Rokeach Schwartz (1992) – Escala de Schwartz VAL2 Hedonismo Kahle et al. (1986) – Modelo LOV Rokeach e Regan (1980) – Escala de Rokeach Schwartz (1992) – Escala de Schwartz VAL3 Harmonia com o mundo interior Kahle et al. (1986) – Modelo LOV Rokeach e Regan (1980) – Escala de Rokeach Schwartz (1992) – Escala de Schwartz VAL 4 Harmonia com o mundo interior Kahle et al. (1986) – Modelo LOV Rokeach e Regan (1980) – Escala de Rokeach Schwartz (1992) – Escala de Schwartz VAL 5 Harmonia com o mundo interior Kahle et al. (1986) – Modelo LOV Rokeach e Regan (1980) – Escala de Rokeach Schwartz (1992) – Escala de Schwartz VAL 6 Harmonia com o mundo interior Kahle et al. (1986) – Modelo LOV Rokeach e Regan (1980) – Escala de Rokeach Schwartz (1992) – Escala de Schwartz VAL 7 Harmonia com o mundo interior Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 8 Excluída, pois apresentou comunalidade superior Kahle et al. (1986) a 0,400. Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 9 Harmonia com o mundo interior Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 10 Harmonia com o mundo interior Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 11 Harmonia com o mundo interior Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 12 Excluída, pois apresentou comunalidade superior Kahle et al. (1986) 182 CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO E DO MODELO ESTRUTURAL PROPOSTO QUESTÃO CONSTRUTO FINAL SUSTENTAÇÃO TEÓRICA a 0,400. Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 13 Apego familiar Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 14 Apego familiar Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 15 Afiliação Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 16 Afiliação Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 17 Afiliação Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 18 Benevolência Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 19 Benevolência Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 20 Benevolência Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 21 Afeição Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 22 Afeição Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 23 Desafio Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 24 Desafio Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 25 Desafio Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 26 Desafio Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 27 Racionalidade Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 28 Racionalidade Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 29 Racionalidade Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 30 Racionalidade Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 31 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Kahle et al. (1986) 183 CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO E DO MODELO ESTRUTURAL PROPOSTO QUESTÃO CONSTRUTO FINAL SUSTENTAÇÃO TEÓRICA 0,400. Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 32 Materialismo Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 33 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Kahle et al. (1986) 0,400. Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 34 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Kahle et al. (1986) 0,400. Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 35 Materialismo Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) VAL 36 Materialismo Kahle et al. (1986) Rokeach e Regan (1980) Schwartz (1992) COM38 Comprometimento Afetivo Allen e Meyer(1990) COM 39 Comprometimento Afetivo Allen e Meyer(1990) COM 40 Comprometimento Afetivo Allen e Meyer(1990) COM 41 Comprometimento Afetivo Allen e Meyer(1990) COM 42 Comprometimento Afetivo Allen e Meyer(1990) COM 43 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Allen e Meyer(1990) 0,400. COM 44 Comprometimento Instrumental Allen e Meyer(1990) COM 45 Comprometimento Instrumental Allen e Meyer(1990) COM 46 Comprometimento Instrumental Allen e Meyer(1990) COM 47 Comprometimento Instrumental Allen e Meyer(1990) COM 48 Comprometimento Normativo Allen e Meyer(1990) COM 49 Comprometimento Normativo Allen e Meyer(1990) COM 50 Comprometimento Normativo Allen e Meyer(1990) COM 51 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Allen e Meyer(1990) 0,400. COM 52 Comprometimento Normativo Allen e Meyer(1990) COM 53 Comprometimento Normativo Allen e Meyer(1990) COM 54 Comprometimento Normativo Allen e Meyer(1990) COM 55 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Blau (2001) 0,400. COM 56 Comprometimento com a Profissão (Carreira) Blau (2001) COM 57 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Blau (2001) 0,400. COM 58 Comprometimento com a Profissão (Carreira) Blau (2001) COM 59 Comprometimento com a Profissão (Carreira) Blau (2001) COM 60 Comprometimento com a Profissão (Carreira) Blau (2001) COM 61 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Blau (2001) 0,400. REC62 Satisfação com a Remuneração e Recompensas Jensen et al. (2007) REC 63 Excluída, pois apresentou comunalidade inferior a Jensen et al. (2007) 0,400. REC 64 Excluído pela quantidade de dados ausentes Jensen et al. (2007) apresentar valor superior a 10% REC 65 Satisfação com a Remuneração e Recompensas Jensen et al. (2007) REC 66 Satisfação com a Remuneração e Recompensas Jensen et al. (2007) REC 67 Satisfação com a Remuneração e Recompensas Jensen et al. (2007) REC 68 Satisfação com a Remuneração e Recompensas Jensen et al. (2007) 184 CONSTRUÇÃO DO QUESTIONÁRIO E DO MODELO ESTRUTURAL PROPOSTO QUESTÃO CONSTRUTO FINAL SUSTENTAÇÃO TEÓRICA REC 69 Satisfação com a Remuneração e Recompensas Jensen et al. (2007) REC 70 Satisfação com a Remuneração e Recompensas Jensen et al. (2007) REC 71 Satisfação com a Remuneração e Recompensas Jensen et al. (2007) MOT83 Motivação Vroom (1964), Lawler (1971) e outros. DES94 Percepção do Próprio Desempenho Locke e Latham (1990) Lawler (1994) DES 95 Percepção do Próprio Desempenho Locke e Latham (1990) Lawler (1994) DES 96 Percepção do Próprio Desempenho Locke e Latham (1990) Lawler (1994) DES 97 Percepção do Próprio Desempenho Locke e Latham (1990) Lawler (1994) DES 98 Excluído pela quantidade de dados ausentes Locke e Latham (1990) apresentar valor superior a 10% Lawler (1994) DES 99 Feedback de Terceiros Locke e Latham (1990) Lawler (1994) DES 100 Feedback de Terceiros Locke e Latham (1990) Lawler (1994) DES 101 Feedback de Terceiros Locke e Latham (1990) Lawler (1994) Fonte: elaborado pelo autor do trabalho As perguntas do questionário, relativas ao Desempenho (103, 104, 105 e 106) e aos Dados Pessoais (107 a 116) foram usadas para caracterização da amostra. As questões 37, 72 a 82, 84 a 93 e 102 não foram analisadas estatisticamente. 185 APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DE PESQUISA QUESTIONÁRIO DE PESQUISA Nº ________ Esta pesquisa se destina a um estudo acadêmico sobre o tema comprometimento no trabalho e satisfação com a remuneração e está sendo conduzida no âmbito do Curso de Mestrado Profissional em Administração do Centro Universitário UNA, Belo Horizonte, MG. A seguir iremos apresentar algumas frases que expressam coisas que são importantes na vida das pessoas. Comparativamente às outras pessoas, como você se avalia nos seguintes atributos: Muito menos do que eu gostaria → 1 2 3 4 Atributos (Valores de vida) 1- Tenho uma vida excitante 2- Tenho uma vida de diversão e prazer 3- Sinto-me livre 4- Sou feliz 5- Tenho uma vida confortável 6- Estou em paz com o mundo 7- Tenho harmonia interior 8- Tenho uma religiosidade (busco a salvação na vida) 9- Tenho auto-estima 10- Sinto-me auto-realizado 11- Sinto-me respeitado pelos outros 12- Sinto-me seguro (proteção contra assaltos etc.) 13- Sinto segurança em minha família 14- Sou ligado a minha família 15- Sou ligado a um grupo social 16- Tenho amizades verdadeiras 17- Sou recolhido socialmente 18- Trato as pessoas com igualdade 19- Sou educado com as pessoas 20- Sou generoso 21- Tenho um amor maduro (verdadeiro) 22- Sou amoroso 23- Busco conhecimento 24- Sou capaz de fazer as coisas / de realizar coisas 25- Sou responsável pelo que faço 26- Sou corajoso 27- Sou criativo (imaginativo) 28- Penso de maneira lógica, racional 29- Sou detalhista 30- Sou rápido 31- Minhas emoções afetam minha maneira de agir 32- Tenho ambição 33- Sou obediente 34- Sou independente 35- Sou focado em dinheiro 36- Sou focado em bens materiais 5 6 7 8 9 10 1 ← Muito mais do que eu gostaria 2 3 4 5 6 7 8 9 10 186 Por favor, entenda o comprometimento no trabalho como o seu compromisso com a organização / instituição ou a atividade que você exerce. Cada um de nós se compromete com o trabalho segundo razões e propósitos particulares. Avalie as afirmações abaixo usando a escala: Discordo plenamente→ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ← Concordo plenamente Comprometimento 38- A instituição merece a minha lealdade. 39- Eu me sinto emocionalmente envolvido com a instituição. 40- Eu me sinto como uma pessoa de casa na instituição. 41- Eu realmente sinto os problemas da instituição como se fossem meus. 42- Eu sinto um forte senso de integração com a instituição. 43- Na situação atual, trabalhar na instituição é, na realidade, uma necessidade. 44- Mesmo que eu quisesse seria muito difícil para eu deixar a instituição agora. 45- Acho que eu teria poucas alternativas no mercado de trabalho se eu deixasse a instituição. 46- Uma conseqüência negativa de deixar a instituição seria a falta de alternativas imediatas de emprego. 47- Se eu deixasse a instituição agora, minha vida ficaria bastante desestruturada. 48- Eu seria muito feliz se dedicasse o resto da minha carreira à instituição 49- Na situação atual, trabalhar na instituição é realmente um desejo pessoal. 50- Eu devo muito à instituição para a qual trabalho. 51- Se eu já não tivesse dado tanto de mim à instituição, eu poderia considerar a opção de trabalhar em outro lugar. 52- A instituição tem um imenso significado pessoal para mim. 53- Sinto que não seria certo eu deixar a instituição agora, mesmo se fosse vantagem para mim. 54- Eu me sentiria culpado se deixasse a instituição agora. 55- Se eu pudesse escolher uma profissão que me pagasse o mesmo que ganho, eu provavelmente escolheria uma diferente da minha. 56- Eu desejo, definitivamente, manter minha carreira na profissão em que atuo. 57- Se eu pudesse fazer tudo novamente, eu não escolheria trabalhar na minha profissão atual. 58- Mesmo que eu tivesse todo o dinheiro de que necessito sem trabalhar, eu provavelmente continuaria trabalhando na vocação atual. 59- Eu gosto demais da minha vocação para largá-la. 60- Esta minha vocação é a ideal para trabalhar o resto da vida. 61- Eu me sinto desapontado por nunca ter ingressado na profissão. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Por favor, avalie as afirmações abaixo usando a seguinte escala. Marque a opção „não sei ou não se aplica‟ caso a situação não corresponda com a sua realidade. Discordo plenamente→ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ← Concordo plenamente Satisfação com a remuneração e as recompensas recebidas no trabalho 62- Estou satisfeito com o meu salário atual. 63- Estou satisfeito com o último aumento salarial que tive. 64- Estou satisfeito com os prêmios que recebi pelas metas que 1 2 3 4 Não sei ou não se aplica ↓ 5 6 7 8 9 10 187 alcancei. 65- Estou satisfeito com o reconhecimento recebido pelo meu desempenho. 66- Estou satisfeito com os elogios que recebi pelo meu desempenho. 67- Estou satisfeito com a autonomia que tenho. 68- Estou satisfeito com os meus relacionamentos profissionais. 69- Estou satisfeito com meu crescimento profissional. 70- Estou satisfeito com o aprendizado que meu trabalho me proporciona. 71- Estou satisfeito com os benefícios que recebi. Por favor, avalie a afirmativa abaixo com a seguinte escala: Discordo plenamente→ 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ← Concordo plenamente Motivação no trabalho 83- De uma maneira geral, sempre tenho muita vontade e disposição para me esforçar no que estou fazendo no trabalho. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Por favor, informe com que freqüência as afirmações abaixo ocorreu com você nos últimos 12 meses. Use a escala a seguir. Marque a opção „não sei ou não se aplica‟ caso a situação não corresponda com a sua realidade. Nunca → 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ← Sempre Com que freqüência você ... 94- Reconhece que seu trabalho contribuiu para o alcance dos objetivos da instituição 95- Cumpriu as tarefas dentro dos prazos estabelecidos 96- Alcançou as metas que lhe foram estabelecidas 97- Reconhece que suas tarefas contribuíram para a obtenção dos resultados da instituição 98- Recebeu tarefas especiais para realizar 99- Recebeu reclamações pelo trabalho que executou 100- Foi orientado pelo seu chefe a realizar tarefas de uma maneira diferente da que fez 101- Teve conflitos profissionais no trabalho 1 2 3 4 5 Não sei ou não se aplica ↓ 6 7 8 9 10 103- Qual o seu vínculo empregatício? (se efetivo, favor pular para a questão 107): ( ) efetivo ( ) terceirizado 104- Quantas vezes você foi demitido nos últimos 12 meses: _____ 105- Quantas vezes você recebeu aumento salarial por merecimento nos últimos 12 meses:______ 106- Quantas vezes você mudou de emprego nos últimos 12 meses:____ Caso tenha mudado de emprego nos últimos 12 meses, marque uma das opções abaixo que melhor ilustre a situação vivenciada: a. Mudança para um salário melhor, na mesma função ou equivalente b. Mudança para um salário melhor, em função diferente à anterior c. Mudança para um salário igual d. Mudança para um salário pior (Caso de recolocação após demissão) e. Outras (especifique): Dados Pessoais: 107- Sexo: ____ 1 – Feminino 2 – Masculino 108- Qual a sua idade? ____ anos 109- Qual é o seu estado Civil? _____ 1 – Solteiro 2 – Casado 3 – Separado/divorciado 4 – Viúvo 188 110- Quantos filhos você tem? (Atenção: colocar 0 (zero), caso não tenha filhos) _____ 111- Qual o seu grau de escolaridade? _____ 1 – Ensino Fundamental 2 – Ensino Médio 3 – Ensino Superior 4 – Especialização Lato-Sensu 5 – Mestrado 6 – Doutorado 7 – Pós-Doutorado Dados Ocupacionais: 112- Você ocupa algum cargo de chefia? _____ 1 – Sim 2 – Não 113- Há quanto tempo? _____ 1 – Menos de 1 ano 2 – De 1 a 2 anos 3 – Acima de 2 a 3 anos 4 – Mais de 3 anos 114- Qual o seu tipo de remuneração? _____ 1 – Somente Fixa 2 – Somente Variável 3 – Fixa e Variável 115- Qual é a sua faixa salarial? _____ 1 – Até 1 salário mínimo 2 – Acima de 1 até 2 salários mínimos 3 – Acima de 2 até 3 salários mínimos 4 – Acima de 3 até 4 salários mínimos 5 – Acima de 4 até 5 salários mínimos 6 – Acima de 6 até 10 salários mínimos 7 – Acima de 10 até 20 salários mínimos 8 – Acima de 20 salários mínimos 116- Há quanto tempo você está na ocupação atual? _____ 1 – Há menos de 1 ano 2 – De 2 a 5 anos 3 – De 6 a 10 4 – De 11 a 20 anos 5 – de 21 a 25 anos 6 – Mais de 25 anos 189 APÊNDICE D – Figuras dos modelos multigrupos Afeição Afiliação Percepção do próprio desempenho -0,02NS 0,00NS 0,05NS Apego familiar Benevolência Harmonia com o mundo interior 0,06NS Satisfação com a remuneração e recompensas R² = 1% Percepção do feedback por parte de terceiros -0,09* 0,03NS 0,53** C. com a profissão R² = 21% 0,46** -0,03NS Motivação R² = 33% 0,02NS 0,48** C. Normativo R² = 23% 0,56** Hedonismo C. Afetivo R² = 32% -0,06NS 0,09* Materialismo 0,08* 0,06NS Ajuste C. Instrumental R² = 0% GoF: 35% Desafio Racionalidade Q²: ≥0% Figura 07 – Modelo Proposto na pesquisa parte 1 – amostra estadual Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%; NS Significância >5%. C. com a profissão 0,07NS -0,06NS Percepção do próprio desempenho R² = 2% 0,10NS C. Normativo 0,04NS Ajuste GoF: 13% Q²: ≥0% 0,00NS C. Afetivo -0,15** 0,00NS C. Instrumental Percepção do feedback por parte de terceiros R² = 2% 0,01NS Figura 08 – Modelo Proposto na pesquisa parte 2 – amostra estadual Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%; NS Significância >5%. 190 Afeição Afiliação -0,01NS Percepção do próprio desempenho 0,03NS 0,27** Apego familiar Benevolência Harmonia com o mundo interior -0,14* Satisfação com a remuneração e recompensas R² = 8% Percepção do feedback por parte de terceiros 0,07NS 0,09NS 0,45** C. com a profissão R² = 10% 0,32** 0,00NS Motivação R² = 28% 0,02NS 0,38** C. Normativo R² = 15% 0,45** Hedonismo C. Afetivo R² = 21% -0,06NS 0,16* Materialismo 0,06NS -0,06NS Ajuste C. Instrumental R² = 0% GoF: 30% Desafio Racionalidade Q²: ≥0% Figura 09 – Modelo Proposto na pesquisa parte 1 – amostra federal Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%; NS Significância >5%. 0,06NS C. com a profissão -0,10* Percepção do próprio desempenho R² = 10% 0,02NS C. Normativo Ajuste 0,23** GoF: 22% Q²: ≥0% 0,28** C. Afetivo -0,01NS -0,01NS C. Instrumental Percepção do feedback por parte de terceiros R² = 5% 0,03NS Figura 10 – Modelo Proposto na pesquisa parte 2 – amostra federal Fonte: Dados da pesquisa Observação: ** Significância <1%; *Significância <5%; NS Significância >5%. 191 APÊNDICE E – Resultado das hipóteses do Modelo Proposto – amostra estadual x federal Tabela 46 Resultado das hipóteses do Modelo Proposto – amostra estadual x federal Estadual Parte 1ª parte Construto exógeno 1.1. VAL - Hedonismo 1.2. VAL - Harmonia com o mundo interior 1.3. VAL - Apego familiar 1.4. VAL - Afiliação 1.5. VAL - Benevolência 1.6. VAL - Afeição 1.7. VAL - Desafio 1.8. VAL - Racionalidade 1.9. VAL - Materialismo 5. Satisfação com a remuneração e recompensas 2. Motivação 2. Motivação 2. Motivação 2. Motivação 2ª parte 4.1. Percepção do próprio desempenho 4.2. Feedback de terceiros 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão Construto endógeno 2. Motivação 3.1. Comp Afetivo 3.2. Comp Instrumental 3.3. Comp Normativo 3.4. Comp com a profissão 5. Satisfação com a remuneração e recompensas Federal Amostra Pop. Desv. Erro 0,02 0,02 0,05 0,05 Valor T 0,39 -0,03 -0,02 0,05 0,05 0,06 0,00 0,03 -0,02 0,09 0,08 -0,06 0,06 0,01 0,03 -0,02 0,10 0,08 -0,05 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,53 0,52 32% 0,56 0% R² 0,06 Valor T 0,32 37,5% 0,08 0,08 0,01 49,6% -0,14 0,00 0,09 0,02 0,15 0,07 -0,06 0,07 0,06 0,06 0,06 0,08 0,07 0,05 0,07 0,06 0,06 0,06 0,08 0,07 0,05 2,20 0,13 1,42 0,44 2,04 0,85 1,19 1,4% 44,9% 7,8% 33,0% 2,1% 19,8% 11,8% 0,45 0,45 0,05 0,05 9,35 0,0% 21% 0,45 0,45 0,04 0,04 10,40 0,0% 9,0% 0% -0,06 -0,06 0,05 0,05 1,22 11,1% 14,44 0,0% 15% 0,38 0,38 0,04 0,04 9,54 0,0% 0,03 14,42 0,0% 10% 0,32 0,32 0,05 0,05 6,62 0,0% 0,06 0,06 0,87 19,1% 0,27 0,28 0,04 0,04 6,40 0,0% 0,04 0,06 0,05 0,06 0,06 0,06 0,04 0,08 0,05 0,04 0,06 0,05 0,06 0,06 0,06 0,04 0,08 0,05 2,25 0,01 0,03 1,56 1,23 2,40 0,24 0,55 1,08 1,2% 49,4% 48,6% 6,0% 10,9% 0,8% 40,6% 29,1% 14,1% 0,07 0,28 -0,01 0,02 0,06 -0,01 0,03 0,23 -0,10 0,07 0,28 -0,01 0,02 0,07 -0,02 0,03 0,24 -0,10 0,05 0,07 0,05 0,07 0,06 0,06 0,05 0,07 0,06 0,05 0,07 0,05 0,07 0,06 0,06 0,05 0,07 0,06 1,60 4,11 0,13 0,31 1,14 0,22 0,62 3,57 1,67 5,5% 0,0% 44,7% 37,9% 12,8% 41,4% 26,8% 0,0% 4,8% Amostra Pop. Desv. Erro 34,8% 0,02 0,02 0,06 0,60 27,4% 0,00 0,00 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 1,47 0,04 0,77 0,53 2,17 1,73 1,45 7,1% 48,5% 22,2% 29,8% 1,5% 4,2% 7,3% -0,14 -0,01 0,09 0,03 0,16 0,06 -0,06 0,04 0,04 14,62 0,0% 0,56 0,04 0,04 15,76 0,0% 0,06 0,06 0,04 0,04 1,34 21% 0,46 0,46 0,03 0,03 23% 0,48 0,48 0,03 0,05 0,06 -0,09 0,00 0,00 0,10 0,07 -0,15 0,01 0,04 -0,06 -0,09 0,00 -0,01 0,10 0,07 -0,15 0,02 0,03 -0,06 33% 1% 4.1. Percepção do próprio desempenho 2% 4.2. Feedback de terceiros 2% Sig. R² 28% 8% 10% 5% Sig. Fonte: Dados da pesquisa Observações: a) Amostra: é o peso padronizado obtido para amostra completa; b) Pop.: é o peso médio obtido na população; c) Desv.: é o desvio padrão da estimativa; d) Erro: é o erro estimado da estimativa; e) Valor T: é a razão entre o peso não padronizado pelo seu erro padrão 192 193